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SEGURANÇA DO TRABALHO Curso Técnico em Segurança do Trabalho Disciplina: Higiene Ocupacional Aula 8 – Agentes biológicos Autor: Joeldes Damasceno Matias Professor: Marcílio Lima Você verá por aqui... Em nossa oitava aula, será abordado um tema de grande importância dentro de um contexto relativo à segurança do trabalho, mas que na verdade faz parte do cotidiano de nossas vidas, e ao qual não damos a devida importância. Estamos falando dos agentes biológicos. Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Por se tratar de agentes de difícil visualização, por isso são chamados microorganismos, faz-se necessário um bom conhecimento da matéria para se buscar ações verdadeiramente preventivas. Bons estudos! Objetivos Conhecer os agentes biológicos e suas fontes geradoras (vetores). Compreender as vias de entrada dos agentes biológicos no organismo humano. Entender as medidas de proteção a serem adotadas contra esses agentes. Para começo de conversa... Para a segurança do trabalho, consideram-se três alternativas básicas de controle dos agentes nos ambientes de trabalho. Vamos abordar, neste momento, a mais simples, porém de grande importância, “a sinalização”. Figura 1 - Identificação de risco biológico SEGURANÇA DO TRABALHO Conhecendo os agentes biológicos Quando se trata de agentes biológicos, devemos tomar cuidados para não distorcermos os conceitos que os grandes estudiosos da biologia levaram séculos para descobrir. Faz-se necessário saber que dos agentes biológicos mais comuns, como os vírus, as bactérias, os protozoários, os parasitas, precisam de um hospedeiro (humano, animal ou vegetal) para conduzi-los ou ambientes propícios para a sua existência ou sua proliferação. Esses ambientes podem ser encontrados em esgotos, curtumes, matadouros, laboratórios, hospitais e etc. No quadro a seguir, estão discriminadas as doenças infecciosas e parasitas relacionados com o trabalho. Doenças Agentes etiológicos Fatores de risco de natureza ocupacional Tuberculose Exposição ocupacional ao Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch) ou Mycobacterium bovis. Em atividades em laboratórios de biologia e atividades realizadas por pessoal de saúde, que propiciam contato direto com produtos contaminados ou com doentes cujos exames bacteriológicos são positivos. Carbúnculo Zoonose causada pela exposição ocupacional ao Bacillus anthracis. Em atividades suscetíveis de colocar os trabalhadores em contato direto com animais infectados ou com cadáveres desses animais; trabalhos artesanais ou industriais com pelos, pele, couro ou lã. Brucelose Zoonose causada pela exposição ocupacional a Brucella melitensis, B. abortus, B. suis, B. canis, etc. Em atividades em abatedouros, frigoríficos, manipulação de produtos de carne; ordenha e fabricação de laticínios e atividades assemelhadas. Leptospirose Exposição ocupacional a Leptospira icterohaemorrhagiae (e outras espécies). Em trabalhos nos quais há exposição ao contato direto com águas sujas ou em locais suscetíveis de serem sujos por dejetos de animais portadores de germes; trabalhos efetuados dentro de minas, túneis, galerias, esgotos em locais subterrâneos; trabalhos em cursos d'água; trabalhos de drenagem; contato com roedores; trabalhos com animais domésticos e com gado; preparação de alimentos de origem animal, de peixes, de laticínios, etc. Tétano Exposição ao Clostridium tetani. Em circunstâncias de acidentes do trabalho na agricultura, na construção civil, na indústria ou em acidentes de trajeto. SEGURANÇA DO TRABALHO Psitacose, Ornitose, doença dos tratadores de aves. Zoonoses causadas pela exposição ocupacional a Chlamydia psittaci ou Chlamydia pneumoniae Em trabalhos em criadouros de aves ou pássaros, atividades de veterinária, em zoológicos e em laboratórios biológicos, etc. Dengue [Dengue Clássico] Exposição ocupacional ao mosquito (Aedes aegypti) transmissor do arbovírus da Dengue Principalmente em atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública e em trabalhos de laboratórios de pesquisa, entre outros. Febre amarela Exposição ocupacional ao mosquito (Aedes aegypti) transmissor do arbovírus da Febre amarela Principalmente em atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública e em trabalhos de laboratórios de pesquisa, entre outros. Hepatites virais Exposição ocupacional ao vírus da Hepatite A (HAV); Vírus da Hepatite B (HBV); Vírus da Hepatite C (HCV); Vírus da Hepatite D (HDV); Vírus da Hepatite E (HEV). Em trabalhos envolvendo manipulação, acondicionamento ou emprego de sangue humano ou de seus derivados; trabalho com "águas usadas" e esgotos; trabalhos em contato com materiais provenientes de doentes ou objetos contaminados por eles. Doença pelo Vírus da Imunodeficiên- cia Humana (HIV) Exposição ocupacional ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Principalmente em trabalhadores da saúde, em decorrência de acidentes perfurocortantes com agulhas ou material cirúrgico contaminado, na manipulação, acondicionamento ou emprego de sangue ou de seus derivados e contato com materiais provenientes de pacientes infectados. Dermatofitose e outras micoses superficiais. Exposição ocupacional a fungos do gênero Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. Em trabalhos em condições de temperatura elevada e umidade (cozinhas, ginásios, piscinas) e outras situações específicas de exposição ocupacional. Candidíase Exposição ocupacional a Candida albicans, Candida glabrata, etc. Em trabalhos que requerem longas imersões das mãos em água e irritação mecânica das mãos, tais como trabalhadores de limpeza, lavadeiras, cozinheiras, entre outros. Paracoccidioi- domicose (Blastomicose Sul Americana, Blastomicose Brasileira, Doença de Lutz). Exposição ocupacional ao Paracoccidioides brasiliensis. Principalmente em trabalhos agrícolas ou florestais e em zonas endêmicas. Malária Exposição ocupacional Principalmente em atividades de mineração, construção SEGURANÇA DO TRABALHO ao Plasmodium malariae; Plasmodium vivax; Plasmodium falciparum ou outros protozoários de barragens ou rodovias, em extração de petróleo e outras atividades que obrigam a entrada dos trabalhadores em zonas endêmicas. Leishmaniose cutânea ou Leishmaniose cutânea Principalmente em trabalhos agrícolas ou florestais e em Leishmaniose ou Leishmaniose zonas endêmicas e outras situações específicas de cutâneo- cutâneo-mucosa exposição ocupacional. mucosa Quadro 1 - Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho Atividade 1 1 – Com base nas informações do quadro explicativo, cite pelo menos 3 (três) atividades de risco para a contaminação de Hepatites Virais. Vias de entrada no organismo Apesar de nosso organismo ser dotado de sistemas de defesa, faz-se necessário conhecer os processos de trabalho com o objetivo de detectar possíveis acontecimentos que possam transpor estas defesas, causando a contaminação do trabalhador pelos agentes biológicos. A seguir, veja algumas formas de contaminação: Membranas e pele lesionadas Os ferimentos serão portas de entrada para os microorganismos. Lesão por material perfurocortante contaminado O perfurocortante lesiona a pele, ocasionando a contaminação. SEGURANÇA DO TRABALHO Contato com olhos e boca As mucosas dos olhos e da boca, mesmo íntegras, podem servir como portasde entrada para microorganismos. Vias respiratórias Alguns microorganismos, tipo Bacilo de Koch, têm acesso ao organismo humano através das vias respiratórias. Atividade 2 1 – Quais as vias de penetração dos agentes biológicos no organismo humano? Atitudes facilitadoras para a contaminação A transposição das defesas do nosso organismo, na maioria das vezes, ocorre não somente pela agressividade dos processos produtivos, mas sim por atitudes inerentes a cada trabalhador que facilitam a contaminação pelos agentes biológicos. Fique atento às seguintes ações: Não lavagem das mãos após a realização de procedimentos com material contaminado As mãos são as principais ferramentas do corpo humano, logo, também as que mais proliferam as contaminações. Uso inadequado ou não uso dos EPÍ´s Os EPI´s não evitam acidentes, porém protegem das exposições indesejadas. SEGURANÇA DO TRABALHO Manuseio e descarte inadequado de perfurocortante Em serviços de assistência à saúde, é um dos maiores causadores de acidentes com material biológico contaminado. Descumprimento das normas de segurança A conscientização dos trabalhadores quanto ao cumprimento das Normas de Segurança é fator primordial para a prevenção de acidentes. Falta de Planejamento prévio em situações de mergência/urgência Os planejamentos dos procedimentos e de materiais a serem utilizados, associados ao conhecimento reduzem as possibilidades de acidentes nas emergências/urgências. Higienização inadequada O acúmulo de resíduos só serve para a proliferação de vetores1, como ratos, baratas, formigas e etc. Ato de comer, beber e aplicar cosméticos e utilizar adornos em áreas de trabalho Alimentar-se em local adequado e na hora certa só traz benefícios. Uso de adornos fica para os momentos de descontração ou em atividades que não ponham em riscos a saúde. Atividade 3 1 – A higienização correta dos ambientes de trabalho é uma atitude necessária para evitar a proliferação de vetores que transmitam os agentes biológicos. Segundo o exposto na aula, cite alguns exemplos. 1 Vetores – O agente veiculador da doença. SEGURANÇA DO TRABALHO Biossegurança: É a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente. Coletor de material perfurocortante Medidas preventivas a serem adotadas A segurança do trabalho, dentro de suas atribuições, deverá buscar a implantação de medidas de controle de acidentes, de acordo com os riscos existentes nas atividades realizadas. Nesta aula, estamos tratando dos agentes biológicos, portanto seguem algumas medidas voltadas para a prevenção de acidentes com tais agentes: Lavagem das mãos de forma correta antes e após a realização de procedimento envolvendo agentes biológicos. Proibição dos atos de comer, beber, aplicar cosméticos, manipular lentes de contato e uso de adorno em áreas de trabalho. De acordo com o subitem 32.2.4.5 da NR-32, o empregador deve vedar. Atenção quanto ao manuseio e procedimentos adequados para descarte de perfurocortante. De acordo com os subitens 32.2.4.14 e 32.2.4.15, da NR- 32. SEGURANÇA DO TRABALHO Manutenção da organização e higienização das áreas de trabalho. Elaboração dos mapas de riscos. Os Mapas de Risco têm por finalidade alertar aos funcionários do setor todos os riscos existentes, como também as medidas de controle existentes. Programas de Vigilância em Saúde. De acordo com a NR-07 e a critério do médico coordenador do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO, deverão ser realizadas campanhas de vacinação. Controle de Artrópodes e Roedores. Equipamentos de proteção individual e coletiva. Plano de ação de treinamento e desenvolvimento A ferramenta de prevenção de acidentes, chamada de TREINAMENTO, é de baixo SEGURANÇA DO TRABALHO custo, porém de grande eficácia quando aplicada de forma correta. Atividade 4: 1 – Cite três proteções individuais para os agentes biológicos. Procedimentos adotados em acidentes com material biológico O principal objetivo da segurança do trabalho é a prevenção dos acidentes. Porém, em algumas vezes, as condições que levaram à ocorrência do acidente fogem do nosso controle. Quando os acidentes de trabalho acontecem e envolvem os agentes biológicos, faz-se necessária a adoção de medidas não somente visando ao tratamento da lesão, mas também à minimização ou eliminação dos efeitos dos agentes biológicos no organismo humano. Diante desse quadro de risco, citaremos alguns procedimentos a serem aplicados, logo após uma exposição: • se houver exposição percutânea2 ou contato de pele com material biológico, lavar o local exaustivamente c/ água e sabão, após aplicar um anti-séptico; • se houver exposição de mucosas, lavar exaustivamente com água ou soro fisiológico a 0,9%; • nunca utilizar soluções irritantes; • evitar manipulação excessiva da área lesada; • comunicar imediatamente o ocorrido ao coordenador do setor, à CCIH3, à CIPA4 e à Seção de Segurança no Trabalho; 2 Percutânea – Lesão superficial da pele. 3 C.C.I.H. – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. 4 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 10 SEGURANÇA DO TRABALHO • o funcionário deverá ser encaminhado para o laboratório para fazer exames, bem como é necessário fazer exame no paciente; • quando não for identificado o paciente a qual foi utilizado o perfurocortante ou o mesmo se recusar a fazer os exames, o funcionário será encaminhado imediatamente ao Hospital de Referência; • Após os exames, sendo o resultado positivo, do funcionário ou do paciente, o funcionário será encaminhado para o Hospital de Referência; • Depois de realizados todos os exames, o funcionário deverá procurar a Seção de Segurança para registro do acidente de trabalho e envio da CAT5 ao INSS6. Observação: Caso o coordenador não esteja, procurar imediatamente a CCIH, CIPA e/ou a Seção de Segurança. Atividade 5 1 – É aconselhável utilizar substâncias irritantes para lavagem de ferimentos por perfuro- cortante contaminado? Por quê? Leitura Complementar Pesquisar no site do Ministério do Trabalho e Emprego, <www.mte.org>, a Portaria do MTE Nº 485, de 11 de novembro de 2005 – NR 32. O estudo deve ser direcionado para o item 32.2 e estender-se até o subitem 32.2.4.17, onde são tratados pela norma os riscos biológicos. A NR-32 está voltada para as atividades de assistência à saúde. Apesar de abranger outros riscos ambientais existentes nessas atividades, os riscos biológicos são 5 CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho. 6 I.N.S.S. – Instituto Nacional de Seguridade Social. http://www.mte.org/ 11 SEGURANÇA DO TRABALHO vistos por essa norma regulamentadora como fatores ambientais merecedores de uma atenção especial, quando se trata da implantação de medidas preventivas. Resumo Nesta aula, buscamos conhecer os agentes biológicos e seus efeitos no organismo humano. Foram apresentadas as vias de penetração no organismo, fatores facilitadores da contaminação, como também medidas preventivas a serem adotadas. Abordamos ainda as medidas a serem adotadas em caso de acidente com material biológico. Tais conhecimentos apresentados se fazem necessários para uma busca constante da aplicação da prevenção quando há risco de contaminação. Auto-avaliaçãoApresente resumidamente um comparativo em as situações geradoras de acidentes e suas correspondentes medidas preventivas, abordadas na aula. Exemplo: SITUAÇÃO GERADORA DE ACIDENTES MEDIDA PREVENTIVA - Descarte de material perfurocortante. - Uso do coletor para perfurocortante. 12 SEGURANÇA DO TRABALHO Referências BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria do MTE Nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1978/p_19780608_3214.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2009. . Portaria da SSST Nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Brasília, 1994. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1994/p_19941229_25.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2009. . Portaria do MTE Nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora n.º 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde). Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2005/p_20051111_485.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com material biológico. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. . Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Anexo II do Decreto nº 3.048 – de 6 de maio de 1999. Brasília, 1999. DOU de 7/5/99, alterado pelo Decreto nº 6.042 – de 12 de fevereiro de 2007 – DOU de 12/2/2007: Previdência Social. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/decretos/ant2001/1999/decreto3048/anexoii.ht m>. Acesso em: 17 mar. 2009. http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1978/p_19780608_3214.pdf http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/1994/p_19941229_25.pdf http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2005/p_20051111_485.pdf http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/decretos/ant2001/1999/decreto3048/anexoii.ht
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