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2 período Fundamentos da Educação Introdução Os elementos que fundamentam a existência de um sistema educacional alinhado às dinâmicas sociais, produtiva, cultural e política, ao movimento histórico, ao processo formativo existente na sociedade – relacionado ao perfil de indivíduo almejado pela sociedade – caracteriza uma época e sustenta a consolidação de um conceito de Educação. A partir da elaboração de um conceito de Educação, se faz necessário fundamentar os elementos constitutivos do conceito elaborado, visando dar sentido e criar raízes concretas com o meio social a ele vinculado. Portanto, cada modelo de sociedade fomenta o desenvolvimento dos fundamentos elementares do modelo educacional desenvolvido e implementado no âmbito desta sociedade. Na sociedade moderna, a existência da Educação é vinculada a diversos elementos, sendo que os principais são: Criação de condições favoráveis para o desenvolvimento do processo de socialização Formação crítica que proporcione autonomia e independência Desenvolvimento de métodos de ensino que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem Percebemos que, na sociedade moderna a educação possui uma função dialética, pois ao mesmo tempo ela é responsável por parte do processo de socialização, pela formação crítica dos alunos, pela criação de condições para o desenvolvimento da autonomia e da independência intelectual, precisando se reinventar a todo momento para desenvolver novos métodos de ensino, que, por sua vez, permitam que os alunos desenvolvam a aprendizagem. Assim, percebe-se que a educação possui múltiplas funções na sociedade moderna, sendo necessário o desenvolvimento de múltiplos fundamentos e elementos estruturais, necessários para a eficiência e a eficácia do processo educacional. De um ponto de vista histórico, na sociedade moderna, a educação possui uma relação de grande proximidade com o desenvolvimento científico, criando uma relação de simbiose e de interdependência, e a escola se tornou um espaço de multiplicação social e difusão dos conhecimentos científicos. No decorrer das aulas desta disciplina, será debatido de maneira aprofundada todos os elos existentes entre o desenvolvimento científico e a sua relação com a consolidação do conceito de educação elaborado pela sociedade vigente, sendo necessário, também, aprofundar os estudos no processo de construção do contexto social. Educação e o Contexto Social Contexto Social – O contexto em que vivemos é marcado por características sociais, culturais, econômicas, políticas, geográficas e históricas, e tais características possuem elementos que são compartilhados com diferentes povos e países, mas também possuem elementos que são fruto de um processo histórico determinado e apresentam bases de diferenciação. Como a Educação pode se desenvolver em sintonia com o Contexto Social? No decorrer desta disciplina, buscaremos apresentar todos os elementos necessários para a construção de potenciais respostas e soluções para o questionamento apresentado. Educação, Política e Economia Desde os primórdios da humanidade, as relações existentes entre Política, Economia e Educação sempre foram uma relação de conflitos e de interdependência, mas na sociedade moderna este processo desenvolveu complexidades que possuem precedentes na história. O sistema político- econômico da sociedade moderna (capitalista), desde o seu surgimento, sempre buscou “moldar” o sistema educacional da sociedade para satisfazer os seus interesses e objetivos, fazendo com que a educação se transformasse em um ambiente de reprodução dos interesses dos grupos dominantes economicamente, se utilizando de todas as características do sistema político do Estado contemporâneo para implementar seus ideais por meio do desenvolvimento de políticas públicas que estruturam o sistema educacional atual. Atividade extra Assistir o vídeo “Pensadores na Educação: Paulo Freire e a educação para mudar o mundo Link da Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=4M69rga5ENo Referência Bibliográfica https://www.youtube.com/watch?v=4M69rga5ENo HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. Filosofia da Educação Fundamentos Básicos da Filosofia da Educação A filosofia é uma ciência que se constitui no estudo de problemáticas primordiais referentes à existência humana, tratando da causa, dos efeitos e das propriedades dos seres. Etimologicamente, a palavra filosofia advém da unidade de duas sentenças gregas: philos (amor) e sophia (sabedoria). Nesse viés, se traduz filosofia como o amor ao conhecimento. Na cultura ocidental, os antigos gregos foram os primeiros a se preocupar com os métodos de conhecimento e a fazer a distinção entre opinião pública – senso comum - e a ciência. O conhecimento é construído de maneira rigorosa, por meio da especulação, da argumentação examinando e analisando cuidadosamente um determinado assunto/problema proposto para evitar ambiguidade. Fazer ciência supõe a adoção de uma postura crítica diante das informações coletadas e a sua interpretação, não pode estar relacionada aos juízos pessoais que envolvam as emoções e valores do pesquisador. As conclusões serão aceitas, porém não devem ser vistas como uma verdade única, não podendo ter modificações, pois novas explicações podem ser encontradas. Cada ciência é particular por delimitar uma área de pesquisa e adotar procedimentos metodológicos próprios. A Filosofia, trata de refletir, interrogar e problematizar a existência, as verdades, os valores morais e estéticos, as crenças e o próprio conhecimento científico. Através dessa reflexão o indivíduo compreende melhor o mundo e a própria realidade a qual está inserido, possibilitando ter atitudes críticas em relação aos problemas da sociedade, com o objetivo de termos um mundo cada vez melhor para todos. A estudo filosófico é abrangente, são muitas as impressões sensíveis ao mundo para estabelecer conclusões, assim essa ciência divide-se em áreas como a metafísica: é uma das áreas mais antigas da Filosofia busca- se interpretações sobre o mundo, a natureza e tudo aquilo que constitui a realidade; ética: é a área que estuda o conjunto de valores morais de um indivíduo ou de um grupo de pessoas, busca-se encontrar a melhor forma de viver em sociedade; lógica: volta-se ao estudo dos argumentos, a busca pelo pensamento sem contradições, puramente racional; epistemologia: conhecida como a teoria do conhecimento, busca-se desenvolver estudos em torno da “verdade” e da “crença”; estética: voltada para estudar a beleza, a arte e as ideias de obra e criação artística e o impacto da arte na sociedade; política: dedicada a compreender as relações entre a vida em sociedade e a ordem política estabelecida; educação: consiste em analisar o processo educacional como um problema filosófico. Educação em Foco – Filosofia A Filosofia da Educação A Filosofia da Educação possui como objetivo primordial esclarecer o conhecimento educacional, priorizando as teorias pedagógicas e a relação com o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem do aluno. Busca acompanhar as ações e o planejamento educacional de forma a explicitar os seus fundamentos, esclarecer a função e a contribuição das diversas disciplinas e avaliar o significado das soluções escolhidas. Esses elementos argumentativos devem ser examinados com o objetivo de se obter a compreensão e o desenvolvimento de teoriasreferentes ao campo educacional. Pensamentos Filosóficos Clássicos Sócrates (469-399 a.C.), concebia o homem como um composto de dois princípios, alma (ou espírito) e corpo. Defendia uma educação que buscasse o raciocínio e identificasse as razões para justificar as crenças, julgamentos e ações humanas. Platão (427-347 a.C.), aluno e seguidor de Sócrates, ao distinguir o mundo concreto do mundo das ideias, deu a estes status de realidade. Apoiou a ideia de que a tarefa fundamental da educação é ajudar os alunos a valorizar a razão. Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que submeteu as ideias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real. Para o filósofo, a educação fornece unidade orgânica ao Estado; ela deve ocupar toda a vida do cidadão, desde a sua concepção. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defendia também que a educação permitisse o desenvolvimento natural e livre das crianças, uma visão que levou ao movimento moderno conhecido como “educação aberta”. Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que procurou determinar os limites da razão humana. O sistema filosófico Kantiano foi concebido como uma síntese e superação das duas grandes correntes da filosofia da época: o “racionalismo” que enfatizava a preponderância da razão como forma de conhecer a realidade, e o “empirismo”, que dava primazia à experiência. John Dewey (1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano, sustentou a afirmação de que a educação deveria ser adaptada a cada criança de forma individual. Pensamentos Filosóficos Contemporâneos Jean Piaget (1896-1980), biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Lev Vygotsky (1896-1934), o aprendizado decorre da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade externa. A formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Emilia Ferreiro (1937), psicóloga e pedagoga argentina, se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo. Para Ferreiro, as crianças têm um papel ativo no aprendizado, elas constroem o próprio conhecimento - daí a palavra construtivismo. Edgar Morin (1921), antropólogo, sociólogo e filósofo francês, defende a transdisciplinaridade: tudo se liga a tudo e de que é urgente aprender a aprender, a prática pedagógica libertadora. Paulo Freire (1921-1997), pedagogo e filósofo brasileiro, propôs um método onde professores e alunos dialogavam e o aprendizado se fazia com base nas necessidades diárias reais dos alunos. Dermeval Saviani (1943), professor, filósofo e pedagogo brasileiro, idealizador da Pedagogia por ele denominada Histórico-crítica, Saviani defende que uma das funções da escola é possibilitar o acesso aos conhecimentos previamente produzidos e sistematizados. Antonio Nóvoa (1954), historiador português da Educação, defende que manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador. Atividade extra O curta-metragem de Faúston da Silva, Meu amigo Nietzsche, de 2002, conta a história do jovem menino Lucas, um migrante nordestino que vive com sua família na periferia de Brasília e apresenta dificuldades em seu aprendizado. A trama tem início com o diálogo entre Lucas e sua professora, a qual o alerta sobre a possibilidade de o garoto reprovar de ano e indica a ele ler tudo à sua volta, já que a fonte de suas notas baixas seria, segundo ela, sua dificuldade em leitura. YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=13rxjV1u5nM https://www.youtube.com/watch?v=13rxjV1u5nM Referência Bibliográfica MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. Sociologia da Educação Apartir do século XIX, a ciência moderna passou a ter um papel de relativa importância na sociedade moderna, tendo em vista que a superação das explicações metafísicas (sem base racional) abriu caminho para o desenvolvimento de novas formas de pensamento além do conhecimento religioso. As Ciências Sociais surgiram como disciplina científica para buscar explicações para os diversos fenômenos sociais que atingiam esse novo modelo de sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que de maneira geral o objetivo dessa nova disciplina é auxiliar na busca pela compreensão, de maneira lógica, crítica e científica, das estruturas de funcionamento da sociedade e da transformação em todas as suas esferas (política, cultural, social e econômica). A Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política, que constituem as Ciências Sociais, estudam os elementos sociais, culturais e políticos que permearam o desenvolvimento da humanidade ao longo da história. Nesta aula, abordaremos a relação direta entre a sociologia e a educação, assim, se faz necessária a compreensão dos principais objetivos da sociologia como disciplina científica. A sociologia surgiu para auxiliar no processo de reconhecimento das estruturas desta nova sociedade, compreendendo os seus avanços (aspectos positivos) e os seus atrasos (aspectos negativos), sendo denominada como a ciência da sociedade. Destaca-se que o papel da sociologia se tornou de grande relevância com as rápidas transformações que atingiram, e ainda atingem, a sociedade moderna, necessitando de novos instrumentos e novas pesquisas para explicar os fenômenos que circulam na sociedade. Já a educação, em grande parte das civilizações humanas, é concebida como forma de preparação das gerações mais jovens pelas gerações mais experientes, visando enfrentar todas as demandas existenciais. Assim, podemos visualizar que a sociologia, ao estudar o desenvolvimento das sociedades, também estuda os seus sistemas educacionais, tendo em vista que eles são constitutivos do processo de socialização existente em cada sociedade. O surgimento da sociedade moderna industrial foi sustentado por um conjunto de transformações sociais que ocorreram ao longo dos últimos séculos. Podemos destacar três grandes revoluções que abalaram completamente o modelo de sociedade que vigorava até o século XVIII, proporcionando o surgimento da sociedade moderna industrial: revolução industrial, revolução francesa e revolução científica. Transformações sociais que impactaram a sociedade e a educação: Revoluções Burguesas (Industrial, Francesa e Científica) Produção Industrial em larga escala Aceleração do processo de Urbanização – surgimento das Cidades Desenvolvimento de um sistema educacional que atenda às novas necessidades sociais Revolução Francesa A Revolução Francesa ocorreu no ano de 1789 na França e gerou uma grande ruptura do modelo político que vigorava até então, a monarquia absolutista. Esse acontecimento proporcionou alguns questionamentos às ideias que sustentavam o regime monárquico e um modelo educacional ancorado em bases religiosas. Foi o ponto de partida para o surgimento de uma proposta de sistema educacional laico, público e gratuito. Revolução Científica A partir do século XIX, a ciência moderna passou a ter um papel de relativa importância na sociedade moderna, tendo em vista que a superação das explicações metafísicas (sem base racional) abriu caminho para o desenvolvimento de novas formas de pensamento além do conhecimento religioso. A escola passou a ser a instituição responsável pela propagação dos conhecimentos científicos.Revolução Industrial Entre os séculos XVII e XIX, a sociedade passou por diversas transformações sociais rápidas e intensas, que foram originadas por diversos acontecimentos de ordem produtiva e econômica, sendo classificados posteriormente como fruto da Revolução Industrial. Tais mudanças edificaram o surgimento de um ideal de escola vinculado a preparação dos indivíduos para o desempenho de atividades profissionais, em detrimento de propostas que vinculavam os ideais da escola contemporânea ao processo de formação crítica dos estudantes. Pensamento Sociológico Clássico Auguste Comte (1798 – 1857) – foi o responsável pela criação da sociologia como disciplina científica e um dos principais precursores do positivismo. Karl Marx (1818 – 1883) foi responsável pelo desenvolvimento de uma forma de sociologia crítica à sociedade moderna industrial, apresentando elementos que apontavam a existência de diversos impactos sociais causados aos indivíduos, neste modelo de sociedade, pela separação da sociedade em classes sociais. Max Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo alemão que teve um papel importante na consolidação das Ciências Sociais como disciplina científica. O pensador alemão destaca que a sociologia deveria centrar os seus esforços na construção de um modelo científico (tipo ideal) que permitisse a compreensão da sociedade a partir dos indivíduos. Émile Durkheim (1858 – 1917) foi um importante sociólogo francês e o principal expoente da corrente sociológica e filosófica do positivismo. Durkheim sustenta que a sociedade deveria ser analisada a partir de fenômenos que possuíssem amplitude coletiva, ou seja, a sociedade deveria ser investigada levando em conta fenômenos conceituados como fatos sociais, e os fatos sociais, segundo Durkheim, também poderiam ser observados no sistema escolar. Pensadores da Sociologia Contemporânea Zygmunt Bauman (1925 – 2017) Pierre Bourdieu (1930 – 2002) Theodor Adorno (1903 – 1969) Herbert Marcuse (1898 -1979) Pensadores da Sociologia Brasileira Darcy Ribeiro (1922 – 1997) Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982) Gilberto Freyre (1900 – 1987) Florestan Fernandes (1920 – 1995) Atividade extra Assistir o vídeo Marx e a Educação: Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=i6HZ8xvA118 Referência Bibliográfica HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. História da Educação https://www.youtube.com/watch?v=i6HZ8xvA118 História da Educação Fundamentos Básicos da História da Educação Será que podemos dizer que o homem só fez história a partir da escrita? Achamos que não, pois, se acreditamos que o sujeito da História é o homem então ele fez história desde o momento em que surgiu no planeta, há cerca de 5 milhões de anos. Ao longo dessa história evolutiva, para superar suas deficiências físicas, se adaptar ao ambiente e garantir e ampliar suas condições de sobrevivência, o homem foi levado a desenvolver o raciocínio e a produzir recursos materiais que aperfeiçoaram cada vez mais seu estilo de vida. Conhecer a história humana, as transformações aceleradas nas relações entre o homem e a natureza, as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um modelo de pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações, constituem o estudo da História. Através das fontes históricas: documentos, relatórios, fotografias, iconografias, arquitetura, pintura, escultura, lendas, narrativas, diários pessoais, literatura, os pesquisadores conseguem compreender os acontecimentos sociais e as relações estabelecidas entre os homens nos diferentes períodos históricos. História da Educação As pesquisas na área da História da Educação possibilitam o pesquisador compreender as ações de educação contidas nas diferentes sociedades humanas, reconhecendo o tratamento dado à educação, as especificidades da formação e desenvolvimento da instituição escolar, observando como este modelo se articula com a esfera pública/política e cultural do país e podendo comparar as realidades educacionais encontradas entre diferentes países. O estudo da História da Educação é de suma importância para ajudar a compreender o modelo educacional que possuímos hoje, entender os possíveis erros que ocorreram de forma que possamos preveni-los e evitá- los. Para compreender o presente e planejar o futuro é necessário entender o passado, que neste caso é a história da educação. No desenvolvimento da educação muitos são os elementos, atores e situações envolvidas. Desde a elaboração de uma proposta nacional, passando pelos pensadores de educação e finalizando no fazer do profissional na sala de aula, onde se materializa toda a teoria. No decorrer da história, as relações sociais estão interligadas a História da Educação. Ao pensar sobre a história da educação escolar, entende-se que a escola surgiu a partir de uma necessidade social. No surgimento da escola a partir dessa necessidade social, alguns conteúdos, alguns currículos em algumas áreas dos conhecimentos foram sendo pensados para serem trabalhados dentro desse universo escolar. Educação Primitiva - o conhecimento era passado de geração para geração, mas não através da escrita e sim através da oralidade e também pela imitação. Educação Oriental - trabalhada pela transição entre a sociedade primitiva, ou seja, iniciou-se a civilização. Surgimento da escrita com o domínio da linguagem na literatura, surgiram também cidades, estado e organização política. Educação Grega – trata-se da reflexão, do espírito especulativo do conhecimento sobre si e a natureza, em que se abandonou a explicação mítica e a interferência das forças sobrenaturais nos destinos dos homens. Educação medieval – período de hegemonia da Igreja Católica no Ocidente, a racionalidade passou a ser considerada como mero instrumento auxiliar da fé. Educação no Renascimento – o homem ocidental redescobre os textos antigos e o prazer de investigar o mundo – uma atividade válida por si mesma, livre de suas implicações religiosas e metafísicas. Educação Iluminista – a compreensão da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de pensamento que permitisse a observação, a crença no poder da razão humana em alcançar a verdade. Educação no Brasil – Inicialmente a educação cristã trazida pelo colonizador europeu e pelos jesuítas; com a vinda e permanência da família imperial no Brasil, século XIX, inicia o conhecimento período imperial, a educação, assim com outros setores da sociedade se viu sob um novo conceito, uma nova maneira de conceber o processo educacional; na década de 1930 inicia-se um processo político-social denominado populismo, com ele a esperança no progresso, na educação, havia uma forte tendência à industrialização; e hoje a educação volta-se para preparar o aluno para se colocar no mundo globalizado. Pensamentos Clássicos da História da Educação Confúcio: o mais célebre filósofo chinês, priorizava a ética nas relações pessoais e políticas. A educação consistia em comunicar a cada indivíduo, o conjunto de usos e costumes, de conhecimentos e artes, consagrados pela milenar tradição. Santo Agostinho e Educação Cristã: seguiu o modelo da inteligência cristã, faz a ligação entre os conceitos herdados dos filósofos gregos e as crenças da fé cristã. Tomás de Aquino – como Agostinho, admite que Deus é o verdadeiro mestre que ensina dentro de nossa alma, porémsublinha a necessidade da ajuda exterior, exemplo, Deus é o mestre e o professor funciona com o agente exterior. Martinho Lutero – considerava a educação universal de fundamental importância, deveria chegar a todo o povo. Jean-Jacques Rousseau – representou uma total transformação na concepção da Pedagogia. Centralizou sua abordagem na criança, considerada não apenas um ser em construção, mas simplesmente uma criança, isto é, como um ser perfeito. Augusto Comte – criador do positivismo, para ele a educação é responsável pela manutenção e pela reforma social. Pensamentos Contemporâneos da História da Educação Nísia Floresta – foi pioneira tanto em suas propostas de renovação educacional, apregoando a superação de métodos autoritários ultrapassados e o fim de castigos físicos, quanto na defesa dos direitos da mulher, em especial o direito à educação, praticamente vedado às meninas. Fundou um colégio voltado exclusivamente para a educação feminina, e sua proposta pedagógica inovadora permitia às meninas o aprendizado de ciências, até então reservado apenas aos meninos. Maria Montessori – Educação Científica - ela se fundamenta em informações científicas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo tais informações, a evolução mental da criança acompanha o seu crescimento biológico. John Dewey – Educação Nova – os estudantes e educadores desenvolveriam na escola uma relação comunitária centrada na formação das crianças para a autonomia. Anton Makarenko – Educação Socialista – centrar a educação do coletivo, a escola é um local de democratização do saber. Julius Kambarage Nyerere – Educação Africana – a educação africana deve propiciar ao educando a orientação para as respostas aos desafios socioeconômicos do continente, através da promoção de conhecimentos, competências e qualificações necessárias para um desenvolvimento sustentável da África. Paulo Freire – Educação Popular – a adequação do processo educativo às características do meio. Era o próprio aluno que se educava, orientado pelo coordenador de debates (o professor), mediante a discussão de suas experiências de vida com outros indivíduos que participavam das mesmas experiências. Darcy Ribeiro - profundamente influenciada pelo movimento da Escola Nova, que procurava renovar a educação opondo-se aos métodos tradicionais de ensino e tornando a escola instrumento de combate às desigualdades sociais. Atividade extra Assistir ao filme: Mbyá Reko Pyguá, a luz das palavras YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Ciz_cAdTWRI https://www.youtube.com/watch?v=Ciz_cAdTWRI A sensibilidade do povo Guarani em educar as crianças permanece viva apesar das influências da sociedade contemporânea. Mas os caminhos e esforços dos líderes espirituais e professores indígenas são marcados por dilemas, encontros e desencontros. Referência Bibliográfica MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. Epistemologia da Educação Opensamento científico moderno foi um dos elementos que sustentaram o processo de transformação social que edificou a sociedade moderna industrial. O desenvolvimento da ciência moderna rompeu as amarras criadas no decorrer do período medieval e proporcionou o desenvolvimento de novos saberes e de novos conhecimentos, necessários para a compreensão da natureza e de todos os fenômenos que circulam a existência humana. De um ponto de vista histórico, a ciência moderna começou a ser edificada a partir do século XVI, com o desenvolvimento de métodos de observação e de experimentação, principalmente do seu alinhamento com o processo de construção de conhecimento por meio do desenvolvimento de métodos de observação e experimentação direcionados a resolução de problemas e ao entendimento de todos os elementos que circulam a existência humana. O rompimento com os elementos arcaicos que sustentavam a construção de saberes no decorrer do período medieval, marcado pela forte religiosidade, pela ausência de contato com pessoas que viviam em feudos diferentes e pela ausência de letramento de grande parte da população, foi um dos fatores que impulsionaram o desenvolvimento de um novo linear político-econômico na sociedade que estava se formando naquele momento: sociedade moderna. O alinhamento das práticas que eram abordadas isoladamente, por exemplo observação e experimentação, com a busca de explicações racionais para os fenômenos que circulavam a existência humana foram essenciais para o desenvolvimento de novos métodos que possibilitaram que, gradativamente, os obstáculos encontrados no período medieval fossem superados, neste sentido, podemos destacar o racionalismo de René Descartes e o empirismo britânico. Ciência da Educação Levando em consideração que a Educação pode ser concebida como uma prática humana e social, que visa transformar os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, “moldando” a existência humana individual e coletiva, ela passou a ser um dos alvos do processo de desenvolvimento de novas técnicas, metodologias e experimentos que estavam revolucionando a sociedade. Entretanto, foi somente a partir do século XIX que a educação passou a ser objeto de estudos sistematizados das diversas vertentes científicas existentes, ganhando uma importância maior do que já possuía naquele momento histórico, sendo que Herbart iniciou o desenvolvimento de metodologias científicas aplicadas à Educação a Educação, sendo que para ele defendia que a doutrina pedagógica, para ser realmente científica, precisa comprovar-se experimentalmente. Com o desenvolvimento da ciência moderna diversas áreas se constituíram como áreas de construção de saber científico, sendo possível destacar que no final do século XIX já existiam diversas ramificações científicas influenciando no desenvolvimento de novas perspectivas para a educação na sociedade moderna. Podemos destacar as seguintes áreas científicas que influenciaram o desenvolvimento da educação nos últimos séculos: Filosofia Sociologia Psicologia Biologia Medicina Assim, no século XX, diversos pensadores de grandes áreas científicas influenciaram o desenvolvimento de diversos sistemas educacionais, dentre eles: Sigmund Freud – Fundador da Psicanálise Jean Piaget – Biólogo Lev Semenovich Vygotsky - Psicólogo Maria Montessori – Médica John Dewey – Filósofo Paulo Freire – Educador, Filósofo e Bacharel em Direito O desenvolvimento da ciência da educação só foi possível com os movimentos de aproximação e distanciamento das diversas áreas do conhecimento científico ao longo dos últimos séculos. Assim, é perceptível que a área da educação incorporou metodologias, conceitos, formas de abordagem e sistemas de classificação, que foram, originalmente, desenvolvidos por pensadores que tinham a sua matriz formativa nas diversas áreas científicas. A ciência da educação é fruto do desenvolvimento da ciência moderna, alinhada com o desenvolvimento das relações sociais que permeiam a sociedade moderna desde o seu surgimento. Atividade extra Leitura do texto Ciência, tecnologia e inovação no Brasil - UNESCO Link da Atividade: https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/science- technology-innovation https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/science-technology-innovation https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/science-technology-innovation Referência Bibliográfica HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia noBrasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. O homem e suas relações com o mundo OHomem e a Sociedade O homem, como uma dentre as várias espécies animais existentes, também desenvolveu processos de convivência, vivendo em grupos e travando com o mundo ao seu redor uma relação dotada de significado e sentido. O conhecimento do mundo transformou-se em um legado cumulativo fundamental para que possa interpretar a realidade e agir sobre ela. O homem necessita do aprendizado para que possa desenvolver o seu comportamento. E o meio social a qual está inserido possibilita essa construção do seu conhecimento. Podemos usar as lendas e mitos, como exemplo, sobre essa relação entre meio social e comportamento. O cineasta alemão Werner Herzog tratou desse tema em seu filme O enigma de Kaspar Hauser, de 1974. Baseado no livro do austríaco Jacob Wassermann, ele mostra a criação de um homem criado longe de outros seres de sua espécie e como o meio influenciou seu modo de viver. O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980), influente nome na área da educação durante a segunda metade do século 20, dedicou a vida à observação científica sobre a aquisição de conhecimento pelo ser humano e sua interação com o meio social, particularmente a criança. Piaget, defendeu a ideia da interação sujeito/meio e, que o desenvolvimento das estruturas mentais se inicia no nascimento, quando o indivíduo começa o processo de troca com o universo ao seu redor. A educação em Foco - Socialização Essa capacidade de pensar o mundo, de atribuir significado à realidade e de transmiti-lo aos seus descendentes assegurou ao homem o conhecimento e suas visões de mundo. Sobre essa interação entre indivíduo e sociedade tornam-se questões metodológicas dentro do processo de ensino aprendizagem. Para a professora, mestre em Educação e doutora em Ciências Humanas Maria da Graça Nicoletti Mizukami, o fenômeno educativo é humano, histórico e multidimensional. Esse conhecimento na ação educativa pode ser compreendido pelas práticas pedagógicas: Pedagogia Tradicional: conhecimento sistematizado e acumulado ao longo dos anos; o indivíduo é inserido num mundo que irá conhecer através de informações que lhe serão fornecidas, selecionadas como sendo as mais importantes. O mundo é estático, pronto e acabado. Pedagogia Nova: o mundo é um fenômeno subjetivo, interpretado pelo homem que reconstrói em si mesmo e o configura a partir de significados que lhe atribui. O mundo tem o papel de criar condições de expressão para o indivíduo, cuja tarefa vital consiste no pleno desenvolvimento do seu potencial interior. Pedagogia Tecnicista: a realidade contém em si mesma suas próprias verdades, bastando os homens descobri-las e segui-las. O mundo já está construído. Pedagogia Libertadora: através de uma aproximação com a realidade e do pensamento crítico, o indivíduo elabora e constrói o mundo que ele percebe. O Homem e a Sociedade Contemporânea Octavio Ianni foi um dos sociólogos brasileiros que mais escreveu sobre globalização, o novo estágio que atinge o capitalismo. Nota-se com o avanço do capitalismo financeiro uma disparidade em relação às desigualdades sociais. A competição entre países e regiões se torna mais acirrada; as relações se mercantilizam; as mudanças são abruptas e geram sentimento de insegurança; as crises se sucedem; os preços sobem; a renda dos mais pobres diminuem; os salários perdem valor; as organizações que protegem trabalhadores enfraquecem; valores consagrados são abandonados, serviços públicos se deterioram e as minorias se insurgem (COSTA, 2005, p. 240). No Jornal Folha de S. Paulo de 24 de junho de 2021: Desigualdade cresce e 1% no topo da pirâmide do Brasil concentra metade da riqueza “O relatório – Credit Suisse - também recorda que a desigualdade de riqueza é alta na América Latina, especialmente no Brasil, que possui um dos maiores níveis de desigualdade no mundo”. O papel da educação nas relações do homem com o mundo Em um mundo cada vez mais marcado pelos conflitos armados, perseguições relacionadas às questões de raça, religião, gênero e de ideologias políticas, desemprego e a instabilidade das situações de trabalho, miséria e pobreza, deslocamento de pessoas, a educação é um estímulo à reflexão sobre essas e outras questões na relação entre homem e sociedade. A educação/conhecimento permite desenvolver: . Cognição: o pensamento crítico a capacidade de resolver problemas, razão e argumentação, o poder de análise, a criatividade. . Interpressoal: a comunicação assertiva, confiança, liderança, resolução de conflitos, valorização da diversidade, adaptação, trabalho em equipe, empatia, responsabilidade. . Intrapessoal: cidadania, profissionalismo e ética, valorização da arte e cultura, flexibilidade, orientação para carreira profissional, interesse à pesquisa, determinação, incentivo ao diálogo. Um dos fundamentos principais do processo ensino aprendizagem é a reflexão e análise das situações reais das diferentes sociedades e a busca pelas variadas possibilidades para a melhoria do acesso à igualdade de oportunidades para todos e o acesso aos direitos sociais estabelecidos nas leis: educação de qualidade, sistema de saúde eficiente, direitos trabalhistas permanentes, terra para trabalhar, habitação digna e reconhecimento da pluralidade cultural. Atividade extra Documentário - Ilha das Flores (Brasil, 1989. Dirigido por Jorge Furtado) – Filme, diversas vezes premiado, no qual o autor busca mostrar a trajetória de um tomate desde quando é plantado até o momento em que é jogado em um lixão, tornando-se alimento para os que lá buscam sua comida. YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=eUEfBLRT37k Referência Bibliográfica COSTA, M. C. C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005. KUPPER, A. Sociologia: Diálogos compartilhados. Editora FTD, 1ª ed., 2014. Práxis Educativa Contemporânea Segundo Paulo Freire, a práxis remete à ideia de um conjunto de práticas visando à transformação da realidade objetiva dos indivíduos e à produção da história. Ou seja, para Paulo Freire, a práxis significa que, ao mesmo tempo, o sujeito age/reflete e ao refletir age, assim, a práxis é um movimento dialético. O sujeito da teoria vai para a prática e da sua prática https://www.youtube.com/watch?v=eUEfBLRT37k chega à nova teoria, sendo assim, teoria e prática se fazem juntas, perpetuam-se na práxis educativa. Relação teoria-práxis Segundo Paulo Freire, a teoria e a prática precisam dialogar permanentemente, fugindo da ideia tradicional de que o saber está somente na teoria, construído distante ou separado da ação/prática. Para que o ensino e a aprendizagem aconteçam de forma efetiva, teoria e prática precisam ser conduzidas concomitantemente, ou atingiremos um processo de formação inadequada, que não proporcione a aprendizagem e leve a um aprisionamento dos indivíduos, sendo este processo um reflexo da cisão entre teoria e prática imposta pela sociedade do capitalismo tardio. A práxis pedagógica, segundo Paulo Freire, se sustenta na condição humana, no diálogo e na transformação da realidade por meio da libertação dos indivíduos. Como resultado, a práxis pedagógica gera a capacidade de compreensão e intervenção do mundo. Paulo Freire destaca que os sujeitos devem se colocar frente ao outro, com propósito de modificar a realidade e o contexto opressor/oprimido. Segundo Paulo Freire, a educação exige ao professor(a) e educando(a) um posicionamento de reconhecimento e emancipação humana, para isso, “o seu quefazer, ação e reflexão, não pode dar-se sem a ação e a reflexão dos outros, se seu compromisso é o da liberdade” (Paulo Freire - Pedagogiado Oprimido). Neste sentido, a educação na sociedade contemporânea é a única possibilidade de transformação da sociedade na medida em que supera a contradição existente na educação bancária. A redução do processo formativo a uma operacionalização da teoria, uma espécie de melhores práticas para se ter de atingir o "desenvolvimento produtivo" almejado por esta sociedade, tem como objetivo a conversão do processo educativo em treinos direcionados a operacionalização de determinadas técnicas escolhidas para tal finalidade. A cisão da teoria e da prática foi acompanhada do desenvolvimento de um operacionalismo que impediu o desenvolvimento de propostas educacionais que permitissem a superação da condição opressor- oprimido, tendo em vista que impediu o reconhecimento por parte do sujeito da sua condição de oprimido, e a inibição da consciência da sua condição impediu a superação desta condição. Segundo Paulo Freire, na escola da sociedade moderna os objetos de aprendizagem são retalhos de uma realidade distante da realidade social, não permitindo que os educandos tenham condições de compreender a realidade social na sua totalidade. No campo de atuação dos professores, a práxis educativa poderia permitir que os docentes desenvolvem condições para a criação de mecanismos formativos efetivos, rompendo com um ciclo de redução da sua atuação a mera reprodução dos conteúdos detalhados em livros didáticos, meramente teóricos e sem relação com a realidade objetiva dos educandos. A práxis educativa pressupõe a rearticulação da teoria e da prática, sem a redução desta a um processo de gerador de operacionalismo, mas com foco na construção de mecanismos geradores de liberdade, autonomia e independência de pensamento para todos os envolvidos no processo. Por fim, a práxis educativa deve ser: crítica – deve possuir criticidade para potencializar a formação crítica dos educandos. problematizadora – deve permitir a problematização do mundo e a contextualização dos problemas vivenciados pelos educandos. respeitadora - deve respeitar as individualidades e as potencialidades de todos os educandos. humanizadora - deve romper com um sistema educacional tecnicista e deve introduzir um processo formativo sustentado na humanização dos processos. transformadora – deve produzir as condições objetivas para a transformação social por meio da formação. E, ao mesmo tempo, a práxis educativa deve proporcionar o desenvolvimento de(a): cidadania democracia transformação social Conclui-se que a práxis educativa, para Paulo Freire, pressupõe a rearticulação da teoria e da prática, visando criar as condições necessárias para o desenvolvimento da cidadania (espírito de solidariedade), da democracia (criação de condições de acesso e de permanência de todos no sistema educacional) e visa em todas as suas propostas e ações a transformação das condições sociais de igualdade na sociedade moderna. Atividade extra Assistir o vídeo Ensinar Exige Reflexão Crítica Sobre a Prática - Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire Link da Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=GYCJt7VTnKc Referência Bibliográfica HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. Abordagem Comportamentalista https://www.youtube.com/watch?v=GYCJt7VTnKc Conceito da abordagem comportamentalista O conteúdo sobre Abordagens na Educação tem por finalidade oferecer múltiplas e variadas possibilidades para a ação dos professores em geral, que estão atuando junto às escolas. Oferecendo também aos alunos do curso superior de Pedagogia subsídios para reconhecerem as diferentes abordagens do processo de ensino-aprendizagem e refletirem sobre a intencionalidade de toda ação educativa. Para os comportamentalistas ou behavioristas, representantes desta abordagem, a experiência ou a experimentação é a base do conhecimento. Trata-se, a sua origem empirista, ou seja, a considera-se que o conhecimento é o resultado direto da experiência. O conhecimento é uma “descoberta” para o indivíduo. E o que foi descoberto, já se encontrava presente na realidade exterior. Nesse modelo o comportamento humano é modelado e reforçado. Implicam recompensa e controle, assim como o planejamento da aprendizagem, das sequências de atividades e aprendizagem e a modelagem do comportamento humano, a partir da manipulação de reforços. Características da Abordagem Comportamentalista Em sua obra Ensino: As Abordagens do Processo (1986), a professora e pesquisadora Maria da Graça Nicoletti Mizukami, deu amplo espaço para as diferentes abordagens e ações do processo de ensino aprendizagem. Mizukami que realiza pesquisas nos temas: base de conhecimento para o ensino, desenvolvimento profissional da docência, aprendizagem profissional da docência e práticas pedagógicas e casos de ensino, traz como características da abordagem comportamentalista: Conhecimento: resultado direto da experiência planejada, a ciência e comportamento são formas de conhecer os eventos, o que torna possível a sua utilização e o seu controle. Educação: responsável pela transmissão de conhecimento e cultura, tem o poder de controlar e promover mudanças aceitáveis nos alunos, promovendo maior responsabilidade e liberdade com o autocontrole. Sociedade: o modelo ideal é aquele regido pelas leis da engenharia comportamental: qualquer ambiente físico ou social, age sobre a natureza humana. O controle e o diretivismo do comportamento humano são considerados como inquestionáveis. O indivíduo tem, contudo, seu papel nesse planejamento sócio-cultural, que é ser passivo e respondente ao que dele é esperado. É ele uma peça numa máquina planejada e controlada, realizando a função que se espera seja realizada de maneira eficiente (MIZUKAMI, 1986, p. 25). Escola: espaço de controle dos comportamentos que pretende instalar e manter. Relaciona-se com agências controladoras da sociedade (governo, política, economia) para a manutenção de todos, inclusive da própria escola. Ensino-aprendizagem: o ensino consiste no conteúdo programado, no reforço e condicionamento; enquanto a aprendizagem é percebida a partir da mudança de comportamento. Professor-aluno: cabe ao professor a responsabilidade de planejar e desenvolver o processo de ensino-aprendizagem: planejando e dando sequência às atividades e reforçando positivamente às respostas desejadas com os alunos. Metodologia: planejamento e estratégias de ensino são fundamentais, necessário a especificação dos objetivos a serem alcançados, observa-se o envolvimento do aluno e os feedbacks são constantes. Avaliação: parte do pressuposto de que o aluno progride em seu ritmo próprio, sem cometer erros, assim a avaliação consiste, em se constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos no planejamento das atividades. Pensadores da Abordagem Comportamentalista O psicólogo behaviorista norte-americano, Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), considerado um dos mais importantes pensadores da crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano. O behaviorismo restringe seu estudo no comportamento humano tomado por reações dos organismos aos estímulos externos. Seu princípio é que só é possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável. Portanto, descartam-se conceitos e categorias centrais para os estados mentais subjetivos: consciência, vontade, inteligência, emoção e memória. O conceitoprincipal do pensamento de Skinner é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulado pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão ligados à fisiologia do organismo. A diferença entre o condicionamento operante e o reflexo condicionado é que o primeiro é um hábito gerado por uma ação do indivíduo; e o segundo é uma resposta a um estímulo puramente externo. Para Pavlov, o estímulo segue uma resposta; enquanto para Skinner, o ambiente é modificado e produz consequências que agem de novo sobre ele, alterando a possibilidade de ocorrência futura semelhante. Biografia Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) foi um psicólogo norte-americano, seguidor do Behaviorismo de J. B. Watson, mas na década de 40, criou o Behaviorismo Radical com uma proposta filosófica sobre o comportamento humano. Ingressou no Hamilton College em Nova Iorque, com o objetivo de se tornar escritor. Em 1926 concluiu o bacharelado em Literatura Inglesa e Línguas Românicas. Em 1928, Skinner inscreveu-se no curso de pós- graduação em Psicologia pela Universidade de Harvard, embora nunca tenha estudado psicologia antes. Concluiu o mestrado em 1930 e o doutorado em 1931, permanecendo na Universidade, como pesquisador, até 1936. Entre 1945 e 1947 lecionou na Universidade de Indiana, onde se tornou presidente do Departamento de Psicologia. Em 1948 retornou para Harvard como professor titular. Influenciado pela teoria dos reflexos condicionados de Pavlov e pelo estudo do comportamento de John B. Watson, Skinner acreditou que era possível explicar a conduta dos indivíduos como um conjunto de respostas fisiológicas condicionadas. Suas principais obras são: O Comportamento dos Organismos (1938), Walden II (1948), Ciência e Comportamento Humano (1953), Comportamento Verbal (1957) e Além da Liberdade e da Dignidade (1971). A abordagem comportamentalista na educação A educação está relacionada à transmissão cultural, o conhecimento está intimamente relacionado com comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, social). É necessário mencionar que, na fixação de critérios de desempenhos adequados, são consideradas igualmente: as exigências da agência educacional; às exigências de outras agências a ela ligadas, tais como: família, grupos etc., as exigências da própria sociedade. Dessa forma, os cenários decisórios, em sua maioria, encontram-se fora de cada situação particular de ensino-aprendizagem (MIZUKAMI, 1986, p. 27). Atividade extra Wendel dos Santos é morador da Cidade Tiradentes (SP) e dança desde os oito anos. Depois de ganhar diversos prêmios, sonha em viajar para um concurso de ballet em Nova York. A história de Wendel pode ser analisada como o meio social pode influenciar e como o homem pode transformar o meio. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=rLqQciINyNc Referência Bibliográfica MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. Abordagem Cognitivista Conceito da abordagem cognitivista O conteúdo sobre Abordagens na Educação tem por finalidade oferecer múltiplas e variadas possibilidades para a ação dos professores em geral, que estão atuando junto às escolas. Oferecendo também aos alunos do https://www.youtube.com/watch?v=rLqQciINyNc curso superior de Pedagogia subsídios para reconhecerem as diferentes abordagens do processo de ensino-aprendizagem e refletirem sobre a intencionalidade de toda ação educativa. A abordagem cognitivista implica, estudar cientificamente a aprendizagem / criatividade a partir de fatores externos ao aluno. As emoções são consideradas em suas articulações com o conhecimento. Consideram-se aqui formas pelas quais as pessoas lidam com os estímulos ambientais: organizam dados, sentem e resolvem problemas, adquirem conceitos e empregam símbolos verbais. Embora se note preocupação com relações sociais, a ênfase dada é na capacidade do aluno de integrar informações e processá-las (MIZUKAMI, 1986, p. 56). Características da Abordagem Humanista Em sua obra Ensino: As Abordagens do Processo (1986), a professora e pesquisadora Maria da Graça Nicoletti Mizukami, deu amplo espaço para as diferentes abordagens e ações do processo de ensino aprendizagem. Mizukami que realiza pesquisas nos temas: base de conhecimento para o ensino, desenvolvimento profissional da docência, aprendizagem profissional da docência e práticas pedagógicas e casos de ensino, traz como características da abordagem cognitivista: Conhecimento: é o produto da interação entre homem e mundo; o desenvolvimento do ser humano e do seu conhecimento ocorre por fases que se inter-relacionam; o indivíduo é considerado como um sistema aberto, em reestruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado por completo; o desenvolvimento está ainda em considerá-lo com um processo de adaptação de assimilação versus acomodação (no sentido piagetiano); todo o indivíduo tem um grau de operacionalidade em suas atividades – motora, verbal e mental – de acordo com o nível de desenvolvimento alcançado e de organização do mundo. Educação: na medida em que a criança reinventa o mundo criando meios de adaptação às suas necessidades, desenvolve a sua inteligência; o mundo e o meio social estão a serviço do ser humano, modificando-o; Sociedade: deve caminhar no sentido da democracia, que não é um produto final, mas uma tentativa constante de conciliação, garantindo a liberdade do grupo na participação ativa da elaboração de regras comuns para todos, uma espécie de contrato social. Escola: deve começar ensinando a criança a observar (ação real e material, investigação individual, tentativas), dando ao aluno a possibilidade de aprender por si próprio; levar ao aluno o desenvolvimento de suas possibilidades de ação motora, verbal e mental; propor atividades num processo de equilíbrio e desequilíbrio, os conceitos ensinados não podem ser dirigidos, a solução das atividades deverá ser apresentada pelo próprio aluno. As diretrizes que norteiam uma escola piagetiana: trabalho em grupo, diretividade sequencial – criar situações onde possam ser operacionalizados os conteúdos. Ensino-aprendizagem: prioriza desenvolver as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social, oferecendo liberdade de ação e propor trabalhos com conceitos; a relação ensino aprendizagem é baseada no ensaio e erro, na pesquisa e solução de problemas. Professor-aluno: prioriza a relação de cooperação dos alunos entre si e não apenas entre professor e aluno; o professor é responsável por provocar desequilíbrios e fazer desafios, orientando o aluno para que tenha autocontrole e autonomia. Metodologia: não é um modelo pedagógico e sim uma teoria do conhecimento; A inteligência se constrói a partir da interação e das ações do indivíduo com o mundo; a didática baseia-se na investigação, o ambiente desafiador e problematizador, um método ativo. Avaliação: o controle do aproveitamento deve ser apoiado em múltiplos critérios, considerando a assimilação e a aplicação do conhecimento. Pensadores da Abordagem Cognitivista O biólogo suíço, Jean Piaget (1896-1980), considerado um dos mais importantes pensadores e influentes no campo da educação durante a segunda metade do século XX. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Dedicou-se à observação rigorosa sobre o processo de aquisição de conhecimento da criança. Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimentocentrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de aprender. Para Piaget as crianças passam pelos processos de assimilação e acomodação. O primeiro consiste em incorporar símbolos do mundo exterior existentes. Como exemplo: a criança tem uma ideia mental de bola, ao observar o objeto irá assimilar a imagem conhecida por ela. Enquanto a acomodação consiste nas modificações das formas de assimilação através do mundo externo. Representantes da abordagem cognitivista: Jean Piaget e o norte americano Jerome Bruner. Biografia Jean Willian Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Formou-se em biologia na Universidade de Neuchâtel. Aos 23 anos de idade mudou-se para Zurique, onde passou a dedicar os seus estudos sobre o raciocínio da criança sob a ótica da psicologia experimental. Entre suas principais obras destacam-se os livros “Biologia e Conhecimento” e “A Formação do Símbolo na Criança”. Recebeu títulos honorários de algumas das principais Universidades europeias e norte-americanas. Morreu em 1980 em Genebra, Suíça. A abordagem cognitivista na educação A educação não implica na transmissão de verdades, informações e demonstrações, o aluno aprende por si próprio, conquista as verdades. A autonomia intelectual é assegurada pelo desenvolvimento da personalidade e pela aquisição de instrumentos lógico-racionais. A educação deve garantir autonomia intelectual. O conhecimento adquirido no processo educacional, tem um papel importante, ao provocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que se encontram de forma que seja possível a construção progressiva das noções e operações, ao mesmo tempo em que a criança vive intensamente (intelectual e afetivamente) cada etapa de seu desenvolvimento (MIZUKAMI, 1986, p. 70). Atividade extra Documentário completo sobre a epistemologia genética de Jean Piaget. O psicopedagogo suíço Piaget é valorizado como um dos mais originais e fecundos psicólogos do século XX. Na sua dilatada e completíssima obra trata de averiguar como se constrói o conhecimento e de explicar o desenvolvimento da inteligência humana. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=eKjI6Dx6PhU Referência Bibliográfica MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. Abordagem Humanista Conceito da abordagem humanista O conteúdo sobre Abordagens na Educação tem por finalidade oferecer múltiplas e variadas possibilidades para a ação dos professores em geral, que estão atuando junto às escolas. Oferecendo também aos alunos do curso superior de Pedagogia subsídios para reconhecerem as diferentes abordagens do processo de ensino-aprendizagem e refletirem sobre a intencionalidade de toda ação educativa. Características da Abordagem Humanista Em sua obra Ensino: As Abordagens do Processo (1986), a professora e pesquisadora Maria da Graça Nicoletti Mizukami, deu amplo espaço para as diferentes abordagens e ações do processo de ensino aprendizagem. https://www.youtube.com/watch?v=eKjI6Dx6PhU Mizukami que realiza pesquisas nos temas: base de conhecimento para o ensino, desenvolvimento profissional da docência, aprendizagem profissional da docência e práticas pedagógicas e casos de ensino, traz como características da abordagem humanista: Gerais: Enfoque no sujeito: principal elaborador do conhecimento humano; ênfase às relações interpessoais, à vida psicológica e emocional, a personalidade do indivíduo em seus processos de construção pessoal da realidade – pessoa integrada. Conhecimento: é construído no decorrer do processo de ensino- aprendizagem; o papel central e primordial na elaboração e criação do conhecimento. Ao experienciar o homem conhece; não é acabado, possui uma característica dinâmica e é inerente à atividade humana. “O único homem que se educa é aquele que aprendeu a aprender” (Rogers). Educação: centrada na pessoa, no aluno; educação democrática; finalidade: criar condições que facilitem a aprendizagem. Objetivo básico: liberar no aluno a capacidade de autoaprendizagem (desenvolvimento intelectual e emocional); tornar os alunos pessoas de iniciativa, de responsabilidade, de autodeterminação, com espírito livre e criativo. Ação pedagógica crítica e consciente. Escola: Respeita a criança e oferece condições para que ela se desenvolva. Se governa pelo princípio da autonomia democrática; estabelece um clima de aprendizagem, compromisso e liberdade para aprender. Ensino-aprendizagem: centrado na pessoa; método não diretivo: contribuir com a pessoa à sua própria experiência, para que ela possa estruturar-se e agir. A aprendizagem deve fazer sentido sobre o comportamento (autodescoberta, autodirigida e auto apropriada). Professor-aluno: - o professor é uma personalidade única que assume a função de facilitador da aprendizagem. - O relacionamento entre professor e aluno é sempre pessoal e único. Deve haver uma compreensão empática e o apreço (aceitação e confiança). - O aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes à aprendizagem. Metodologia: - incentivo a curiosidade e o interesse dos alunos, que escolhe o que quer aprender; os conteúdos devem ser significativos pesquisados pelos alunos, que devem ser capazes de analisar criticamente os mesmos. Avaliação: encontra-se uma rejeição por qualquer padronização de produtos de aprendizagem e competências. Crianças e adultos aprendem o que desejam aprender. Autoavaliação (com critérios, só o indivíduo pode conhecer a sua experiência). Pensadores da Abordagem Humanista Carl Rogers A proposta do norte-americano Carl Rogers (1902-1987) para a educação é identificada como representativa da psicologia humanista. O “ensino centrado no aluno” é derivado da teoria rogeriana sobre personalidade e conduta. Rogers atuou nos dois campos da educação e da psicologia. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa do professor é facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo e possa viver novas experiências, confiar nos próprios desejos e intuições, liberdade e responsabilidade de agir e disponibilidade para criar. Uma marca da teoria de Carl Rogers é o termo “não-diretivo”. Ou seja, o professor para exercer sua função três qualidades são requeridas: congruência - ser autêntico com o cliente/aluno; empatia - compreender seus sentimentos; e respeito - "consideração positiva incondicional", na fala rogeriana. Biografia Carl Ransom Rogers nasceu em Oak Park, perto de Chicago, em 1902. Teve uma infância isolada e uma educação fortemente marcada pela religião. Tornou-se pastor e encaminhou os estudos para a teologia, quando começou a se interessar por psicologia. Na nova carreira, o primeiro foco de trabalho foram crianças submetidas a abusos e maus- tratos. Por essa época começou, por observação, a desenvolver suas teorias sobre personalidade e prática terapêutica. Aos 40 anos publicou o primeiro livro. Seguiram-se mais de 100 publicações destinadas a divulgar suas ideias, que ganharam seguidores em todo o mundo. Rogers quis provocar uma ruptura na psicologia, dando a condução do tratamento ao cliente, e não temeu acusar de autoritários a maioria dos métodos hegemônicos na área. O pilar da terapia rogeriana são os "grupos de encontro", em que vários clientes interagem. Rogers foi um dos primeiros a gravar e filmar as sessões de terapia. Morreu de um ataque cardíaco em1987, em San Diego, Califórnia. A abordagem Humanista na Educação O mais importante é a relação aluno-professor No campo da educação, Carl Rogers pouco se preocupou em definir práticas. Chegou a afirmar que "os resultados do ensino ou não têm importância ou são perniciosos". Acreditava ser impossível comunicar diretamente a outra pessoa o conhecimento que realmente importa é que ele definiu como "a verdade que foi captada e assimilada pela experiência pessoal". Além disso, Rogers estava convencido de que as pessoas só aprendem aquilo de que necessitam ou o que querem aprender. Sua atenção recaiu sobre a relação aluno-professor, que deve ser impregnada de confiança e destituída de noções de hierarquia. Instituições como avaliação, recompensa e punição estão completamente excluídas, exceto na forma de autoavaliação. Embora anticonvencional, a pedagogia rogeriana não significa abandonar os alunos a si mesmos, mas dar apoio para que caminhem sozinhos. Atividade extra Filme: O Substituto Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SRvJrxsrtsE&t=585 O filme traz a história de Henry Barthes (Adrien Brody), professor de liceu e com um talento nato para criar empatia com jovens. Porém, decidido a não criar vínculos com jovem mais, optou por uma carreira de substituição, orientando por períodos curtos, turmas que ficariam sem o docente. Até ao dia em que é colocado numa problemática escola pública, onde o corpo de professores debatem com jovens desmotivados. https://www.youtube.com/watch?v=SRvJrxsrtsE&t=585 https://www.youtube.com/watch?v=SRvJrxsrtsE&t=585 Referência Bibliográfica MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. Educação no Contexto das Sociedades Aescola possui diversos papéis de grande relevância na sociedade moderna, sendo possível destacar que os principais estão vinculados aos processos geradores de Socialização, Coesão social e Reprodução Social. A escola se transformou de maneira cristalina nos últimos séculos, principalmente a partir do século XIX, assumindo papéis que não estavam no seu escopo de atuação nos séculos anteriores. No final XIX, Émile Durkheim apresentou elementos concretos para a compreensão do papel assumido pela escola em uma sociedade complexa e marcada por um elevado grau de solidariedade orgânica. Destaca-se que o elevado grau de solidariedade orgânica, apontado por Durkheim, resultou em um elevado nível de especialização do trabalho, colocando no escopo de atuação da escola um papel que ela não possuía antes: formação de profissionais especialistas para na sociedade moderna. O modelo de solidariedade existente na sociedade moderna impulsionou a conversão da escola moderna em uma instituição formadora de mão-de- obra qualificada, ressaltando que os modelos de solidaridades descritos por Émile Durkheim foram: Solidariedade Mecânica – modelo de solidariedade das sociedades pré- capitalistas, com baixo nível de transformação social e baixa especialização do trabalho humano. Solidariedade Orgânica – modelo de solidariedade adotado pela sociedade capitalista, que sustenta em um elevado nível de transformação e no crescente nível de especialização do trabalho humano. No sentido da transformação social apresentada, percebemos que a escola assumiu um papel de grande relevância na aproximação de indivíduos com características diferentes, ou seja, a escola assumiu um papel de aproximar pessoas com diferentes características culturais, gerando experiências a partir de contato com a diversidade (cultural, política, social e demais diversidades existentes na sociedade). A socialização sempre foi um dos principais elementos históricos da escola, entretanto em uma sociedade marcada pelo elevado grau de diversidade e de solidariedade orgânica na sociedade moderna é sustentada basicamente na assimilação de hábitos, costumes, valores sociais e culturais adotados pelas sociedades ou por determinados grupos sociais. O segundo elemento apresentado por Émile Durkheim como essencial para definir o papel da escola na sociedade moderna é a coesão social. Levando em consideração que a coesão social está diretamente vinculada ao mecanismo de geração de unidade no grupo social, permitindo o pleno funcionamento de todas as esferas da sociedade. O caráter de unicidade da sociedade moderna é fruto de um forte processo de coesão social, da qual a escola é um dos principais pilares, tendo em vista que em uma sociedade marcada pela diversidade em todos os estágios sociais, assim, a coesão social deriva diretamente do processo de organização da escola, nas esferas política, econômica, social e cultural. Neste sentido, a coesão social não deve ser confundida com planificação de saberes, mas de elementos norteadores de perpetuação da convivência social de maneira pacífica e sem conflitos que coloquem em risco o processo de socialização. Émile Durkheim afirma que o processo de coesão social deriva diretamente do processo de construção de solidariedade nas sociedades, sendo que a sociedade moderna é marcada pela solidariedade orgânica e as sociedades pré-capitalistas são marcadas pela solidariedade mecânica. O processo de reprodução social por meio da escola foi identificado e aprofundado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, que apresentou a perspectiva de que a escola, nesta sociedade, teria a função de reprodução dos saberes, interesses e objetivos da classe dominante, levando em conta que a classe dominada é obrigada a adotar padrões culturais, sociais, econômicos que não fazem parte da sua natureza, e são derivados de elementos produzidos pela classe dominante. Neste cenário, o sistema escolar passou a assumir um papel de fomentador de reprodução de ideologias e de pensamentos da classe dominante, descartando os saberes, as experiências e os valores culturais da classe social dominada, edificando um sistema educacional que tenha como propósito manter a coesão social e a reprodução social por meio de um processo de socialização controlado e sem possibilidades de superação das condições existentes na sociedade, ou seja, um controle de todas as forças transformadoras da sociedade em prol dos objetivos da classe dominante. Assim, na sociedade moderna, a educação tradicional prega que a escola seja reprodutora dos elementos estruturais da sociedade, descartando o papel revolucionário da escola. Educação Crítica Educação Crítica – corrente pedagógica que defende que a Educação assuma o papel de formar pessoas críticas, autônomas e independentes no pensamento e nas suas decisões. Defende a ruptura com o papel da escola de mera reprodutora dos valores, ideais, saberes e interesses da classe social dominante, em detrimento dos saberes e das experiências da classe social dominada (classe popular). Atividade extra Assistir o vídeo Bourdieu e a Educação – Parte 01 Link da Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=nBImhAMslqU Referência Bibliográfica HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. Educação na Sociedade do Capital https://www.youtube.com/watch?v=nBImhAMslqU Sociedade Moderna, Escola e Capitalismo A sociedade moderna industrial se constituiu a partir de um conjunto de transformações sociais e políticas que foram iniciadas a partir do século XVII, sendo que tais transformações criaram um linear de mudanças profundas nas formas de vida social dos indivíduos, na organização política doEstado e no cotidiano da sociedade. As transformações ocorridas foram marcadas historicamente por alguns acontecimentos, sendo os principais a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a Revolução Científica. Neste novo modelo de sociedade, alguns elementos se tornaram estruturais e passaram a direcionar todas as ações dos indivíduos na sua vida social (vida em sociedade). O tipo de trabalhado desempenhado passou a ser o trabalhador assalariado e a conquista dos meios de sobrevivência foi edificada por este tipo de trabalho, destacando que os excedentes do valor derivado da remuneração recebida pelos trabalhadores resultaram na constituição de em um princípio importante para este modelo de sociedade: acumulação de capital. A sociedade sustentada na acumulação de capital ficou conhecida como sociedade capitalista. Se o trabalho passou a impulsionar a busca pela acumulação de capital nesta sociedade, podemos destacar que todas as instituições sociais (escola, família etc.) passaram a ser organizadas para a realização deste princípio básico. A escola passou a ter um novo papel, além de ser responsável pela preparação dos indivíduos para a sua vida cotidiana e para a socialização, a escola também assumiu o papel de preparar os indivíduos para o desempenho de atividades profissionais que proporcionem o desempenho de atividades geradoras dos meios sociais de sobrevivência e de acumulação de capital. De um ponto de vista prático, a valorização da acumulação de capital na sociedade moderna deriva de três elementos básicos que geram diferenciação social entre os indivíduos: Consumo de Mercadorias – o consumo de mercadorias é derivado diretamente das condições sociais e econômicas que os indivíduos possuem, ou seja, a acumulação de capital determina o consumo de mercadorias dos indivíduos na sociedade moderna. Melhores condições de Vida – as condições de vida também são determinadas pela acumulação de capital na sociedade moderna, assim, os indivíduos que venham atingir níveis elevados de acumulação de capital possuem as melhores condições de vida (acesso a sistemas de saúde, educação, saneamento básico e potencial de consumo de mercadorias). Acesso ao Capital Cultural – segundo Pierre Bourdieu, outro elemento gerado pelo processo de acumulação de capital nesta sociedade é a possibilidade de acesso ao Capital Cultural. O Capital Cultural é um elemento gerador de diferenciação entre os indivíduos e está sustentado no acesso às condições de geração de experiências culturais (visita a museus, viagens para contato com culturas diferentes, acesso aos conhecimentos derivados de diversos idiomas e a domínio da linguagem geradora de status social) Na sociedade capitalista, a escola assumiu um papel importante na geração das condições econômicas geradoras de possibilidade de consumo de mercadorias, melhores condições de vida e de acesso ao capital cultural. Entretanto, destaca-se, que tal processo foi mediado pela criação de sistemas planificados e padronizados de ensino, que, consequentemente, inibiram a possibilidade de formação crítica, autônoma e independente dos indivíduos, tendo em vista que o sistema educacional passou a impor normas rígidas de comportamento, padrões de ensino sustentados na repetição e na reprodução de conhecimentos e na criação de um modelo na qual o aluno assumiu um papel de passividade no sistema educacional. Modelos Educacionais na Sociedade do Capital Educação Tradicional – modelo sustentado na reprodução dos conhecimentos e na assimilação com base na repetição dos conhecimentos, sem a possibilidade de posicionamento dos alunos frente aos conhecimentos reproduzidos. Educação Bancária – concepção educacional que percebe o aluno como um ser passivo e como um “vaso vazio”, os alunos recebem os saberem como forma de depósitos neste vaso, sem a possibilidade de reflexões dos alunos sobre os conteúdos depositados. Educação Utilitarista – modelo utilizado para a utilização dos conhecimentos nas atividades profissionais existentes na sociedade, sem a possibilidade de desenvolvimento crítico dos alunos. Características da Escola na Sociedade do Capital Na sociedade moderna, a escola assumiu um papel de instituição opressora, e tal papel é derivado do processo de dominação imposto pela sociedade capitalista aos indivíduos. O controle é um instrumento fundamental para a consolidação da opressão e da dominação, assim, a escola passa a ter um alinhamento com as características da própria sociedade capitalista. Pensadores Brasileiros Críticos a este modelo de escola Paulo Freire Florestan Fernandes Darcy Ribeiro Dermeval Saviani Atividade extra Assistir o vídeo “As contradições da educação na sociedade capitalista” Link de acesso a atividade extra (Link https://www.youtube.com/watch?v=Tq69p7la8kQ) Referência Bibliográfica HEIN, Ana Catarina A. (org). Fundamentos da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAVIANI, Dermeval. A Pedagogia no Brasil: História e Teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2020. https://www.youtube.com/watch?v=Tq69p7la8kQ Educação na Sociedade do Capital Sociedade Moderna, Escola e Capitalismo A sociedade moderna industrial se constituiu a partir de um conjunto de transformações sociais e políticas que foram iniciadas a partir do século XVII, sendo que tais transformações criaram um linear de mudanças profundas nas formas de vida social dos indivíduos, na organização política do Estado e no cotidiano da sociedade. As transformações ocorridas foram marcadas historicamente por alguns acontecimentos, sendo os principais a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a Revolução Científica. Neste novo modelo de sociedade, alguns elementos se tornaram estruturais e passaram a direcionar todas as ações dos indivíduos na sua vida social (vida em sociedade). O tipo de trabalhado desempenhado passou a ser o trabalhador assalariado e a conquista dos meios de sobrevivência foi edificada por este tipo de trabalho, destacando que os excedentes do valor derivado da remuneração recebida pelos trabalhadores resultaram na constituição de em um princípio importante para este modelo de sociedade: acumulação de capital. A sociedade sustentada na acumulação de capital ficou conhecida como sociedade capitalista. Se o trabalho passou a impulsionar a busca pela acumulação de capital nesta sociedade, podemos destacar que todas as instituições sociais (escola, família etc.) passaram a ser organizadas para a realização deste princípio básico. A escola passou a ter um novo papel, além de ser responsável pela preparação dos indivíduos para a sua vida cotidiana e para a socialização, a escola também assumiu o papel de preparar os indivíduos para o desempenho de atividades profissionais que proporcionem o desempenho de atividades geradoras dos meios sociais de sobrevivência e de acumulação de capital. De um ponto de vista prático, a valorização da acumulação de capital na sociedade moderna deriva de três elementos básicos que geram diferenciação social entre os indivíduos: Consumo de Mercadorias – o consumo de mercadorias é derivado diretamente das condições sociais e econômicas que os indivíduos possuem, ou seja, a acumulação de capital determina o consumo de mercadorias dos indivíduos na sociedade moderna. Melhores condições de Vida – as condições de vida também são determinadas pela acumulação de capital na sociedade moderna, assim, os indivíduos que venham atingir níveis elevados de acumulação de capital possuem as melhores condições de vida (acesso a sistemas
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