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MOR
FOS
SIN
TÁ
TI
COS
ESTUDOS
MORFOSSINTÁTICOS
VERÔNICA DANIEL KOBSSob o título de Estudos morfossintáticos, este livro trata 
de duas áreas fundamentais da Gramática: a Morfologia e 
a Sintaxe. Desse modo, os primeiros capítulos abrangem 
a estrutura, formação e classificação dos nomes e dos 
verbos, ao passo que os capítulos finais apresentam as 
funções sintáticas nos diferentes tipos de períodos e os 
casos essenciais de regência e concordância dos nomes 
e dos verbos.
Esta obra foi idealizada não apenas para estimular o 
debate acerca dos aspectos gramatical e linguístico, 
mas também para facilitar o uso da língua como 
instrumento fundamental na comunicação diária – oral 
ou escrita; formal ou informal.
Cada capítulo busca privilegiar tanto a teoria quanto 
a prática, oferecendo aos leitores: apresentação de 
conceitos gramaticais; análise de exemplos; discussões 
sobre estilo e registros, em uma perspectiva que associa 
a gramática à linguística; dicas de materiais extras, que 
permitem maior aprofundamento dos conteúdos; e 
exercícios variados, com respostas comentadas.
www.iesde.com.br
facebook.com/iesdebrasil
Código Logístico
58561
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6481-6
9 788538 764816
Estudos 
Morfossintáticos
IESDE BRASIL S/A
2019
Verônica Daniel Kobs
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
K79e Kobs, Verônica Daniel
Estudos morfossintáticos / Verônica Daniel Kobs. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 
96 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6481-6
1. Língua portuguesa - Morfologia. 2. Língua portuguesa - 
Sintaxe. I. Título.
19-57059
CDD: 469.59
CDU: 811.134.3’366/.’367
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Woters/iStockphoto
Verônica Daniel Kobs
Pós-Doutorado na área de Intermidialidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
Doutora em Estudos Literários (UFPR). Mestre em Literatura Brasileira (UFPR). Licenciada em 
Letras Português-Latim (UFPR). Autora de materiais didáticos e instrucionais de Língua Portuguesa, 
na modalidade EAD. Professora de Língua Portuguesa, Metodologia de Ensino e Revisão de Texto 
em cursos de especialização. Revisora de texto e consultora de Língua Portuguesa e Linguagens 
em emissoras de televisão, no estado do Paraná. Editora e revisora de revista científica indexada 
de Literatura. Pesquisadora credenciada, atuante em grupos de pesquisa de literatura e intermídia. 
Autora de livros sobre língua portuguesa, linguagens e argumentação. Criadora do site Interartes: 
Blog de Artes & Mídias. Atualmente, é professora do curso de mestrado em Teoria Literária e do 
curso de graduação em Letras.
Sumário
Apresentação 7
1 Tipos e classificações dos morfemas 9
1.1 Palavra e morfema 9
1.2 Principais elementos mórficos 11
1.3 Morfemas nominais 13
1.4 Morfemas verbais 14
2 Morfologia nominal e verbal 19
2.1 Análise morfológica do substantivo 19
2.2 Análise morfológica do adjetivo 21
2.3 Análise morfológica do verbo 23
2.4 Neologismos 25
3 Principais processos de formação de palavras 29
3.1 Processos derivativos 29
3.2 Processos composicionais 31
3.3 Processos de base lexical 32
3.4 Processos de base estrutural 35
4 Da Morfologia à Sintaxe 39
4.1 Funções sintáticas substantivas 39
4.2 Funções sintáticas adjetivas 41
4.3 Mudanças estruturais nos casos de colocação pronominal 43
4.4 Funções sintáticas na colocação pronominal 47
5 Funções sintáticas no período simples 51
5.1 Tipos de sujeito 51
5.2 Tipos de predicado 54
5.3 Complementos do verbo 55
5.4 Complementos do nome 55
6 Funções sintáticas no período composto 59
6.1 Tipos de períodos compostos 59
6.2 Sintaxe do período composto por coordenação 60
6. 3 Sintaxe do período composto por subordinação 61
6.4 Sujeito e predicativo nas orações subordinadas substantivas 61
6.5 Objeto direto e objeto indireto nas orações subordinadas substantivas 62
6.6 Objeto indireto e complemento nominal nas orações subordinadas 
substantivas 63
7 Os verbos e os nomes nas regras de concordância 67
7.1 Sintaxe e registro formal 67
7.2 Substantivos e verbos 67
7.3 Verbos e adjetivos 70
7.4 Substantivos e adjetivos 71
7.5 Adjetivos e advérbios 73
8 Forma e função da preposição nos casos de regência 77
8.1 Preposição e sentido 77
8.2 Regência nominal 78
8.3 Regência verbal 79
8.4 Casos de regência e uso do acento grave 81
Gabarito 87
Apresentação
Sob o título de Estudos morfossintáticos, este livro trata de duas áreas fundamentais 
da Gramática: a Morfologia e a Sintaxe. Desse modo, os primeiros capítulos abrangem a 
estrutura, formação e classificação dos nomes e dos verbos, ao passo que os capítulos finais 
apresentam as funções sintáticas nos diferentes tipos de períodos e os casos essenciais de 
regência e concordância dos nomes e dos verbos. Esses conteúdos foram divididos em oito 
capítulos:
1. Tipos e classificações dos morfemas.
2. Morfologias nominal e verbal.
3. Principais processos de formação de palavras.
4. Da morfologia à sintaxe.
5. Funções sintáticas no período simples.
6. Funções sintáticas no período composto.
7. Os verbos e os nomes nas regras de concordância.
8. Forma e função da preposição nos casos de regência.
Cada um deles irá privilegiar tanto a teoria quanto a prática, oferecendo aos leitores: 
apresentação de conceitos gramaticais; análise de exemplos; discussões sobre estilo e registros, em 
uma perspectiva que associa a Gramática à Linguística; dicas de materiais extras, que permitem 
maior aprofundamento dos conteúdos; e exercícios variados, com respostas comentadas.
O primeiro capítulo estabelece a distinção entre palavra e morfema, ao mesmo tempo em 
que apresenta a divisão mórfica de alguns nomes e verbos. Esse assunto é aprofundado no capítulo 
dois, que exemplifica e diferencia as desinências nominais e verbais, além de conceituar radical, 
infixos e afixos. Completando a parte referente à Morfologia, o capítulo três fornece os principais 
casos de formação de palavras, com ênfase aos processos tradicionais de derivação e composição, 
mas sem deixar de mencionar outros tipos de procedimento, como empréstimo, braquissemia etc.
O capítulo quatro, de transição, demonstra a relação múltipla e complexa entre classes 
de palavras e funções sintáticas. A partir disso, nos capítulos cinco e seis, os diversos elementos 
sintáticos são exemplificados e analisados, em períodos simples e em períodos compostos, com o 
objetivo de estabelecer uma ordem progressiva e geral, a fim de facilitar a aplicação dos conceitos 
e das regras gramaticais, em contextos associados aos níveis básico, intermediário e avançado do 
ensino-aprendizagem de nossa língua.
Nos capítulos sete e oito, são comentadas as principais normas de concordância e regência, 
respectivamente. Focalizando os aspectos nominal e verbal dos dois conteúdos, as discussões 
incluem comentários e orientações sobre os registros formal e informal, as situações de uso e os 
perfis de diferentes públicos-alvo.
Esperamos que esta obra auxilie os leitores na retomada e no aprimoramento de questões 
de base da língua portuguesa. Idealizamos este livro não apenas para estimular o debate acerca dos 
aspectos gramatical e linguístico, mas também para facilitar o uso da língua como instrumento 
fundamental, na comunicação diária – oral ou escrita; formal ou informal. 
Boa leitura e bons estudos a todos!
1
Tipos e classificações dos morfemas
Neste capítulo, vamos começar a tratar da Morfologia, parte da gramática que nos ajuda a 
entender como são formadas as palavras de nossa língua. Geralmente, em um texto escrito, pensamos 
que as palavras são as unidades mínimas.Porém, há partículas muito menores, chamadas morfemas. 
São elas que originam as palavras usadas em todos os processos comunicativos. Conhecendo mais 
sobre os morfemas, saberemos mais sobre o sentido das palavras e sobre a evolução linguística 
do português. Atualmente, nossa língua tem passado por inúmeras transformações. Com certeza, 
analisando com mais atenção as palavras e os elementos que as formam, poderemos compreender 
e avaliar melhor essas mudanças.
A Morfologia estuda a formação das palavras, dividindo-as e analisando-as principalmente no 
aspecto estrutural. Entretanto, o sentido estabelecido por muitos morfemas também é fundamental 
nessa área da Gramática. A partir da desmontagem de algumas palavras, vamos conhecer os vários 
tipos de morfemas usados na constituição dos nomes e dos verbos.
1.1 Palavra e morfema
A palavra e o morfema são indissociáveis, pois são os morfemas que, isoladamente ou em 
conjunto, dão forma à palavra. Por essa razão, a maioria dos morfemas não tem sentido completo. 
Entretanto, há exceções, porque existem termos que equivalem a um elemento mórfico único. 
Exemplos: “sol” e “mar”. Nesse caso, então, os conceitos de palavra e de morfema são correspondentes. 
As diferenças ficam mais claras quando analisamos palavras compostas de dois morfemas ou mais. 
Vejamos alguns exemplos:
leal
radical
des
prefixo
dade
sufixo
deslealdade:
 
sapat
radical
inho
sufixo
sapatinho:
No primeiro exemplo, havia a palavra “deslealdade”. Porém, quando ela foi decomposta 
e dividida em morfemas, verificamos três partes fundamentais ou três morfemas: prefixo, 
radical e sufixo. No termo seguinte, “sapatinho”, também há apenas uma palavra, mas que 
foi dividida em dois morfemas principais: radical e sufixo. Além disso, observe que o sufixo 
“inho”, que indica diminutivo, termina com a vogal “o”, considerado pela gramática como 
desinência que caracteriza o gênero masculino e o número singular. Sendo assim, uma divisão 
mais detalhada é possível, resultando em três morfemas na mesma palavra:
sapat
radical
inh o
sufixo desinência de gênero
sapatinho:
Analisando com mais atenção nossa prática diária da língua portuguesa, considerando o que 
ouvimos, lemos, falamos e escrevemos, podemos perceber que há morfemas que nos auxiliam a 
Estudos Morfossintáticos10
compreender o sentido das palavras. Isso ficou claro nos exemplos anteriores, principalmente pelos 
usos do prefixo “des-” e do sufixo “-inho”. Tais elementos são bastante recorrentes e já sabemos 
que eles significam, respectivamente: falta ou ausência de (“deslealdade” = “falta de lealdade”) e 
tamanho pequeno (“sapatinho” = “sapato pequeno”). Quando isso ocorre, estamos tratando de 
morfemas lexicais.
No que diz respeito ao principal morfema, o radical, pode-se afirmar que ele assegura que as 
palavras da mesma família (e, portanto, com o mesmo radical) tenham o mesmo sentido essencial. 
Por isso, os radicais também são morfemas lexicais. Exemplos:
amor, amado, amante, amável,...
amora, amorinha, amoreira,...
Nas duas famílias de palavras dadas como exemplo, percebemos que o radical é o que se 
mantém. Na lista iniciada pelo termo “amor”, o radical é “am-”. Já na segunda lista, cujo primeiro 
termo é “amora”, conclui-se que o radical é “amor-”. A escolha de famílias de palavras tão semelhantes 
serve para destacarmos que o radical deve ser analisado com cuidado, por meio da comparação 
de várias palavras do mesmo grupo. Embora sejam parecidos e nos induzam ao erro, verificamos 
facilmente que os radicais são diferentes e essa característica garante que “amora” e “amor” tenham 
significados ou sentidos distintos, justamente porque o radical não é o mesmo.
Com base na estrutura dos termos que integram as duas famílias de palavras, chegamos a dois 
conceitos fundamentais na Gramática: palavras primitivas e palavras derivadas. As primitivas são o 
ponto zero, originando os demais termos da lista. Consequentemente, as derivadas desenvolvem- 
-se a partir da palavra primitiva. Exemplos:
amor
palavra primitiva
amado, amante, amável,...
palavras derivadas
amora
palavra primitiva
amorinha, amoreira,...
palavras derivadas
Também no que se refere à estrutura, observe que todas as palavras aqui analisadas têm 
apenas um radical. Isso significa que elas são simples. Contudo, tanto “amora” quanto “amor” 
podem se tornar palavras compostas. Basta que, para isso, acrescentemos mais uma palavra 
(e, portanto, mais um radical). Exemplos:
amor-do-campo: amor 
radical 1
do
preposição
campo
radical 2
amora-da-mata: amora 
radical 1
da
preposição
mata
radical 2
Com o acréscimo de um novo radical, as palavras simples “amor” e “amora” tornaram-se 
compostas: “amor-do-campo” e “amora-da-mata”.
Tipos e classificações dos morfemas 11
Aprofundando a diferença entre palavra e morfema, é preciso conhecer os conceitos de 
forma livre e forma presa. A primeira delas é uma palavra e, portanto, pode ser usada isoladamente 
no discurso, como demonstra este diálogo:
— Que tipo de presente você irá comprar?
— Chocolate.
As formas presas são os morfemas, pois não têm sentido completo. Elas precisam se associar 
a outros morfemas para completar a significação. Exemplos: “geo-” e “pneumo-”. Isolados, esses 
radicais de origem grega nos remetem, respectivamente, às ideias de “terra” e “pulmão”, mas 
ambos não podem ser usados sozinhos. Eles precisam integrar uma palavra (pois estão presos a 
outros morfemas), como ocorre em “geografia” e “pneumonia”. As formas presas são dependentes. 
Sendo assim, além do exemplo anterior, há um segundo tipo de forma dependente, composto por 
algumas palavras, geralmente usadas como elos em nossa língua, porque conectam um termo a 
outro. Vejamos dois exemplos:
Preciso de ajuda para consertar tudo.
Nesse período, há quatro palavras: “preciso”, “ajuda”, “consertar” e “tudo”, interligadas 
por dois termos dependentes, “de” e “para”. De acordo com a gramática tradicional, as formas 
dependentes não são palavras propriamente ditas, pois servem apenas de “instrumento” para 
encadear as ideias. Desse modo, os termos dependentes ou instrumentos não gozam do mesmo 
status da palavra que serve como forma livre: “Toda palavra é vocábulo, mas nem todo vocábulo é 
palavra” (MONTEIRO, 2002, p. 12). Há, portanto, vocábulos, tais como preposições, conjunções, 
entre outros, que não são palavras, são apenas instrumentos gramaticais, cujo significado – que é 
meramente gramatical – só é possível perceber na relação com outros vocábulos.
O uso de morfemas para formar palavras é chamado de “lexicalização” (ROCHA, 2003, p. 86). 
Entretanto, vale ressaltar que não há uma regra que se destaque na Morfologia. Embora existam palavras 
com formação semelhante a outras, sempre há exceções. Isso pode ser percebido na comparação a seguir:
revisar > revisor dirigir > diretor (e não dirigidor)
Os casos em análise são distintos, pois o primeiro segue o paradigma e mantém a identidade 
mórfica. Porém, no segundo exemplo, ocorre a “lexicalização estrutural” (ROCHA, 2003, p. 89), porque 
a formação do substantivo “diretor” altera significativamente o morfema-base, recusando o padrão.
1.2 Principais elementos mórficos
Quando analisamos a diferença entre palavra e morfema, apresentamos o conceito de radical 
com base em famílias de palavras. Agora, a fim de aprofundar esse conhecimento, veremos os 
radicais de outras palavras:
cortador – radical: “cort-”, considerando também “corte”, “cortadeira”,...
arranhão – radical: “arranh-”, considerando também “arranhador”, “arranhadura”,...
Estudos Morfossintáticos12
Desde o início deste capítulo, estamos usando o hífen na indicação dos morfemas. Isso ocorre 
para sinalizar como um elemento mórfico associa-se a outros. Nos exemplos anteriores, como em 
“arranh-ão”, o hífen vem depois do radical, para indicar que em seguida está outro morfema: o 
sufixo “-ão”. Analisando agora a colocação do hífen antes do sufixo, concluímos que isso ocorre 
porque antes desse morfemahá outro, o radical.
Além do radical, que alguns gramáticos denominam “semantema” (TERRA, 2011, p. 50), 
existe a raiz, que depende da origem da palavra. Dessa forma, o radical está associado à Morfologia, 
enquanto a raiz relaciona-se à Etimologia. 
Na palavra “livro”, por exemplo, o radical é “livr-”, considerando também “livraria”, “livrinho”, 
etc., mas a raiz é “libr-”, pois, de acordo com o dicionário Novo Aurélio século XXI, a palavra “livro” 
originou-se do latim libru.
Muitas palavras de nossa língua são de origem latina, como também é o caso de “paz”, que 
se originou do latim pace, segundo o Novo Aurélio século XXI (HOLANDA, s/d). Portanto, esse 
é outro exemplo de lexicalização estrutural, como vimos anteriormente, afinal “paz” e “pazes” 
obedecem a um paradigma, enquanto “pacífico” e “pacificador” apresentam um radical distinto, 
que se identifica mais com a raiz “pac-”.
A distinção entre radical e raiz é importante para definir o que são derivados e cognatos. 
De acordo com Napoleão Mendes de Almeida, as palavras derivadas têm o mesmo radical, como 
“cândid-o” e “candid-a-mente” (ALMEIDA, 2009, p. 194). Já as palavras cognatas têm a mesma 
raiz: “cand-ura”, “când-ido” e “in-cand-escência” (ALMEIDA, 2009, p. 194).
Associados aos radicais, estão os afixos, que podem ser de dois tipos: prefixos e sufixos. 
Quando são usados, eles auxiliam a flexibilidade linguística, ampliando a palavra primitiva, porque 
criam inúmeros termos derivados dela. Anteriormente, já vimos um exemplo de prefixo e outro de 
sufixo. Porém, vejamos agora diferentes tipos de cada um deles:
ferimento oleoso fielmente antigamente
inalterado hipermercado contradizer superdivertido
Na primeira lista temos apenas sufixos, afixos que são colocados depois do radical. Em 
“ferimento”, o sufixo é responsável por transformar o verbo “ferir” em substantivo. Em “oleoso”, o 
sufixo “-oso” indica abundância e é usado para transformar o substantivo “óleo” em adjetivo. Por 
fim, temos o sufixo “-mente”, muito relacionado aos advérbios de modo. Contudo, há exceções: em 
“fielmente” temos, de fato, um advérbio de modo; mas, em “antigamente”, temos uma circunstância 
de tempo (Quando? Antigamente).
Na lista número dois, há exemplos de prefixos. Por isso, eles vêm sempre antes do radical. 
Nos exemplos dados, quase todos os prefixos são de origem latina, apenas “hiper-” tem origem 
grega. Como se vê, os prefixos são quase sempre morfemas lexicais, pelo fato de nos darem pistas 
importantes sobre o sentido da palavra: “in-” indica negação; “hiper-” e “super-” indicam tamanho 
grande; e “contra-” caracteriza oposição.
Tipos e classificações dos morfemas 13
O uso dos prefixos em nossa língua sofreu inúmeras alterações em razão do novo acordo 
ortográfico. As regras são muitas e a consulta é necessária para evitar erros. Veja, por exemplo, o 
caso de “superdivertido”, que agora se escreve junto e sem hífen.
1.3 Morfemas nominais
Os morfemas nominais servem especificamente para as classes de palavras que a gramática 
denomina “nomes” (adjetivos e substantivos). Com exceção do radical, as desinências são 
consideradas morfemas gramaticais, porque não estabelecem exatamente um sentido. Ao contrário, 
as desinências permitem que as palavras sejam flexionadas, variando em número – singular ou 
plural – e em gênero – masculino ou feminino.
Para aprofundar o exemplo já visto anteriormente (“sapatinho”), observe alguns termos 
distintos:
Adjetivos
interessado: interess-ad-o; radical + sufixo “-ado”, usado para transformar 
substantivos em adjetivos + desinência de gênero masculino, incluída no 
final do sufixo; a ausência do “-s” indica número singular. Dessa forma, 
nesse exemplo, há uma palavra e três morfemas.
interessadas: interess-ad-a-s; radical + sufixo “-ada”, usado para transformar 
substantivos em adjetivos + desinência de gênero feminino, incluída no final 
do sufixo + desinência de número plural. Sendo assim, trata-se de uma palavra 
e quatro morfemas.
Substantivos
moço: moç-o – radical + desinência de gênero masculino; a ausência do “-s” 
indica número singular. Portanto, temos uma palavra e dois morfemas.
moças: moç-a-s – radical + desinência de gênero feminino + desinência de 
número plural. Nesse caso, temos uma palavra e três morfemas.
Em nossa língua, há palavras que não possuem um termo específico para cada gênero. 
Alguns exemplos são: “caderno”, “leite” e “carta”. Nos dicionários, essas palavras são classificadas, 
respectivamente, nos seguintes gêneros: masculino, masculino e feminino. Entretanto, temos 
“caderno”, mas não “caderna”. Quando isso ocorre, ou seja, quando não existe flexão de gênero, a 
palavra não apresenta uma desinência de gênero. Sendo assim, as vogais destacadas nos exemplos 
dados aqui são denominadas “vogais temáticas nominais”. A fim de fixar a diferença entre desinência 
de gênero e vogal temática, vejamos a seguinte comparação:
cadeir a
vogal temática nominal
o “-a” é vogal temá-
tica nominal, pois 
não existe “cadeiro”.
Estudos Morfossintáticos14
estagiári o
desinência nominal de gênero
o “-o” é desinência nominal de gênero, 
pois existe a forma oposta: “estagiária”, 
que corresponde ao gênero feminino.
Muitos substantivos precisam utilizar vogais ou consoantes de ligação para permitir a 
conexão adequada entre os morfemas, facilitando, inclusive, a pronúncia. Exemplos:
eletricidade – radical + vogal de ligação “-i-” + sufixo “-dade”
paulada – radical + consoante de ligação “-l-” + sufixo “-ada”
chaleira – radical + consoante de ligação “-l-” + sufixo “-eira”
Para verificar como as letras de ligação influenciam positivamente a pronúncia das palavras, 
basta tentarmos pronunciar em voz alta os três termos de nossa lista, eliminando as letras de ligação. 
Dessa forma, teríamos: “eletricdade”, “pauada” e “chaeira”. A pronúncia não é impossível, mas com 
certeza é dificultada e alongada. O aparelho fonador (em especial os lábios, os dentes e a língua) 
tem muito mais trabalho quando não pode contar com a valiosa ajuda das vogais e consoantes de 
ligação. Quando elas aparecem, criam-se pontes que facilitam a dicção.
1.4 Morfemas verbais
Como qualquer palavra, o verbo precisa de um radical. Entretanto, a formação verbal 
tem um elemento específico: o tema, resultante da soma do radical com a vogal temática. Para 
compreender esses elementos mórficos, vejamos a estrutura a seguir:
tema = soma-
somar
som
radical
a
vogal temática
r
desinência de infinitivo
Observe que a vogal temática vem imediatamente antes da desinência de infinitivo. Além 
disso, é a vogal temática que determina a qual conjugação o verbo pertence (letra “a”: 1ª conjugação 
/ letras “e” ou “o”1: 2ª conjugação / letra “i”: 3ª conjugação). Outra conclusão importante é que o 
tema também pode ser obtido com a eliminação do “-r”. Estes exemplos podem esclarecer melhor 
tais constatações: 
1 O verbo “pôr” e seus derivados pertencem à 2ª conjugação verbal, por causa da origem latina. Historicamente, o 
verbo passou por quatro principais estágios: ponere, poner, poer e “pôr”.
Tipos e classificações dos morfemas 15
tema = possui-
possuir
possu
radical
i
vogal temática
r
desinência de infinitivo
3ª conjugação
tema = (re)po-
repor
pre
radicalprefixo
o
vogal temática
r
desinência de infinitivo
2ª conjugação
tema = corre-
correr
corr
radical
e
vogal temática
r
desinência de infinitivo
2ª conjugação
tema = para-
parar
par
radical
a
vogal temática
r
desinência de infinitivo
1ª conjugação
Assim como os nomes, os verbos também têm desinências. Há dois tipos de desinências 
verbais: número-pessoal (NP) e modo-temporal (MT)2. Dessa forma, cada uma dessas partes, 
como o nome já anuncia, indica, respectivamente: o número e a pessoa do verbo (1ª, 2ª ou 3ª 
pessoa do singular / 1ª, 2ª ou 3ª pessoa do plural); o modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e 
o tempo verbal. Veja alguns exemplos de como a Morfologia indica tais características dos verbos:
á
VT
am
R
sse
MT
mosNP
amássemos
2 Junto com as abreviaturas NP e MT, serão usadas aqui: “VT” para “vogal temática” e “R” para “radical”.
Estudos Morfossintáticos16
A desinência “-sse-” sinaliza que o verbo está conjugado no tempo pretérito imperfeito do 
modo subjuntivo. Já a desinência “-mos” indica que o verbo está flexionado na 1ª pessoa do plural. 
Outros exemplos são:
e
VT
dev
R
ria
MT (futuro do pretérito do indicativo)
m
NP (3ª pessoa do plural)
deveriam
a
VT
est
R
va
MT (pretérito imperfeito do indicativo)
Ø
NP (1ª/3ª pessoa do singular)
estava
As formas nominais de verbos (infinitivo, particípio3 e gerúndio) apresentam especificidades. 
Nelas não existem desinências de modo e tempo, nem de número e pessoa. Isso fica claro nas divisões 
que se seguem:
a
VT
sonh
R
r
desinência de infinitivo
sonhar
e
VT
viv
R
ndo
desinência de gerúndio
vivendo
Considerações finais
A partir dos temas abordados neste capítulo, percebemos a importância de pensarmos 
sobre as partes que compõem as palavras que usamos, diariamente, em nossa língua. Existe uma 
coerência interna nos nomes e nos verbos, pois toda língua é um sistema organizado. Dessa forma, 
se aplicarmos a Morfologia mental e rapidamente, nos termos mais recorrentes de nossos textos, 
o resultado será imediato: nosso vocabulário será ampliado. Além disso, o domínio dos morfemas 
lexicais irá possibilitar não apenas um conhecimento maior da estrutura linguística, mas também 
do significado de muitas palavras, sem a necessidade de consultas frequentes a dicionários ou a 
outros materiais de apoio. Usamos a língua portuguesa no dia a dia, em qualquer situação. Portanto, 
se optarmos pelo uso mais consciente, com certeza nosso conhecimento e nossa aprendizagem 
serão aprimorados.
3 O particípio quase sempre equivale a um adjetivo. Para ver essa forma nominal de verbo dividida em morfemas, 
retome a análise dos adjetivos, na seção 1.3 deste capítulo.
Tipos e classificações dos morfemas 17
Ampliando seus conhecimentos
Para saber mais sobre os principais assuntos deste capítulo, algumas dicas podem ser de 
grande ajuda:
• ROCHA, L. C. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
Nesse livro, o Capítulo 4, intitulado O surgimento de um novo vocábulo, põe em prática o 
conteúdo de Morfologia ao apresentar os diferentes modos de formação das palavras em 
nossa língua.
• ROCHA, R. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999.
O conto Marcelo, marmelo, martelo geralmente é classificado como literatura infantil, 
mas é uma experiência de leitura muito interessante e divertida para qualquer idade. 
Discutindo a arbitrariedade dos signos e conteúdos da Morfologia, a escritora Ruth Rocha 
apresenta como protagonista da história uma criança curiosa e questionadora, que não 
entende por que o cachorro não se chama “latildo”; por que a língua canina não é o latim 
(afinal, todo cachorro late o tempo todo); por que “cadeira” não se chama “sentador”; e 
por que usamos a palavra “travesseiro”, em vez de “cabeceiro”.
• SLIDE SERVE. Verbo. Disponível em: https://www.slideserve.com/peyton/verbo. Acesso 
em: 21 jan. 2019.
O site https://www.slideserve.com/peyton/verbo oferece um material resumido sobre 
verbos, incluindo dois eslaides com as tabelas das desinências verbais (modo-temporais e 
número-pessoais). Os quadros são muito úteis na hora de tirarmos dúvidas sobre as divisões 
dos verbos e seus inúmeros morfemas. Na língua portuguesa, temos vários tempos, modos 
verbais e diversas pessoas conjugam os verbos. Portanto, para dar conta de um conteúdo tão 
extenso, as tabelas oferecidas pelo Slide Serve são indispensáveis.
Atividades
1. Em: “O sapateiro reformou a sapatilha e deu a uma menininha”, selecione apenas as palavras que 
têm afixos, identificando-os e explicando a função semântica que eles desempenham na palavra.
2. Nas orações a seguir, analise com atenção os nomes, marcando as desinências de gênero e 
número. Depois, reescreva cada item, invertendo todas as desinências nominais.
a) A dona da pensão estava aflita.
b) O amigo das minhas primas era rico.
Estudos Morfossintáticos18
Modelo:
A boneca era nova. (As desinências nominais marcadas indicam feminino singular)
Os bonecos eram novos. (Na inversão, as desinências passaram a indicar masculino e plural)
3. Separe os elementos dos verbos a seguir, identificando radical, vogal temática, tema, 
desinências modo-temporais e desinências número-pessoais. Em cada caso, defina a 
conjugação, o tempo, o modo, a pessoa e o número dos verbos flexionados:
a) Cantávamos
b) Partíssemos
Referências
ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2009.
HOLANDA, A. B. Livro. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 1 
CD ROM.
HOLANDA, A. B. Paz. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 
1 CD ROM.
HOLANDA, A. B. Pedra. In: HOLANDA, A. B. (org). Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s. n.] 1 
CD ROM.
MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. São Paulo: Pontes, 2002.
ROCHA, L. C. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011.
2
Morfologia nominal e verbal
Pelo fato de a Morfologia constituir uma parte da gramática, é fundamental identificar 
e compreender as formas fixas e tradicionais que compõem cada grupo de palavras. Em nossa 
língua, há dois conjuntos: o dos nomes e o dos verbos. Para estudarmos detalhadamente essas 
estruturas e aprofundarmos o que vimos no capítulo anterior, vamos analisar outros exemplos 
de nomes, que compreendem duas classes de palavras: substantivos e adjetivos. Além disso, os 
elementos mórficos dos verbos serão reforçados e ampliados, nos diferentes tempos e modos 
verbais. Por fim, trabalharemos com alguns exemplos de neologismo, processo necessário para a 
renovação contínua do vocabulário da língua. Em essência, cada novo termo retoma os principais 
elementos mórficos da língua, aliando inovação e tradição.
2.1 Análise morfológica do substantivo
O substantivo é a principal classe de palavras de qualquer língua. Junto com os verbos, 
são os substantivos que garantem uma comunicação básica. Exemplo: “meninos correm”. A rigor, 
os substantivos podem designar objetos e seres (genéricos ou específicos). Isso nos auxilia na 
diferenciação entre substantivo comum e substantivo próprio, como se vê a seguir:
mesa: subst. comum (objeto) 
meninos: subst. comum (seres genéricos / todos os meninos) 
Lucas: subst. próprio (ser específico / um menino apenas: Lucas) 
Retomando os exemplo dados, observe que a letra inicial também serve para estabelecer 
a diferença entre os dois tipos de substantivos. Os comuns iniciam-se com letra minúscula e os 
próprios, com maiúscula. 
De acordo com Ernani Terra, há diversos tipos de sufixos nominais. Vejamos alguns deles, 
nestes exemplos citados pelo autor: “de valor aumentativo: [...] vozeirão” (TERRA, 2011, p. 59); 
“de valor diminutivo: [...] lugarejo” (TERRA, 2011, p. 59); “que formam substantivos a partir de 
adjetivos: [...] velhice [de velho]” (TERRA, 2011, p. 60); e “que formam substantivos a partir de 
verbos: [...] exportação [de exportar]” (TERRA, 2011, p. 60). Nessa breve lista, temos apenas 
substantivos comuns e palavras derivadas, pois surgiram a partir de outra (palavra primitiva), por 
meio do acréscimo de um sufixo. 
O prefixo desempenha a mesma função, na derivação. Alguns exemplos são: 
recalibragem [re + calibr + agem]
descuido [des + cuido]
Estudos Morfossintáticos20
No primeiro exemplo, o prefixo “re-” indica ação repetida, mas há também um sufixo 
(“-agem”). No segundo termo, o prefixo “des-” significa negação (descuido = falta de cuidado).
É importante verificarmos que, nos sufixos, aparecem as desinências nominais de gênero e 
de número. Isso ocorre em: 
confeiteiro lutadoras
Em “confeiteiro”, o sufixo “-eiro” indicaofício ou profissão. Acoplada a ele está a desinência 
nominal “-o”, que indica gênero masculino e número singular (pela ausência do “s”). No caso da 
palavra “lutadoras”, há algumas diferenças, porque o sufixo é outro (“-dor”), apesar de também 
indicar ofício ou profissão. Quanto às desinências nominais, nesse caso elas não modificam o sufixo 
“-dor”; apenas são acrescentadas a ele. Dessa forma, verificamos que a letra “-a-”, que encerra a 
palavra, marca o gênero feminino e a consoante “-s” estabelece o número: plural. 
Até aqui, vimos exemplos de substantivos simples, porque apresentam apenas um radical. 
Porém, quanto ao critério da estrutura, existem também os substantivos compostos, formados por 
mais de um radical. Exemplos:
agricultura [agri + cultura] couve-flor [couve + -flor]
No primeiro exemplo (“agricultura”), foram somados dois radicais latinos (agri + cultura), 
sem o auxílio do hífen, o que torna mais difícil sabermos que se trata, de fato, de um substantivo 
composto. Nesse caso, é importante consultar uma gramática, buscando as tabelas de radicais e 
prefixos (gregos e latinos), para evitar erros e classificações apressadas. Já o termo “couve-flor” 
utiliza o hífen para justapor duas palavras, cada uma com seu radical (“couve” + “flor”).
Distinguir o radical de outros elementos mórficos torna-se fundamental na classificação dos 
substantivos. Na língua portuguesa, existem inúmeros prefixos que se ligam ao radical com hífen. 
Entetanto, o uso do hífen não basta para podermos classificar o substantivo como composto, afinal, 
estamos somando prefixo e radical, e não dois radicais. A seguir, em conformidade com o novo 
acordo ortográfico, em vigor desde 2016, exemplificamos substantivos que podem utilizar o hífen 
em sua grafia, mas que não são compostos:
contrarregra arqui-inimigo
Em ambos os casos, há apenas uma palavra-base – “regra” e “inimigo” – e, portanto, um 
só radical. Os afixos “contra-” e “arqui-”, pelo fato de estarem antes do radical, são prefixos. De 
acordo com as normas ortográficas vigentes, devemos levar em conta a vogal final dos prefixos e 
a letra inicial da palavra primitiva. Sendo assim, quando o prefixo termina com vogal e o termo-
base inicia-se com “r”, essa consoante deve ser dobrada, para que a pronúncia da primeira sílaba 
da palavra primitiva (“regra”, no exemplo dado) seja preservada. Se escrevêssemos “contraregra”, 
leríamos em voz alta usando apenas um “r”, e não dois, o que descaracterizaria a palavra original e 
primitiva (“regra”). Outra norma do novo acordo aparece aplicada em “arqui-inimigo”, que separa 
com hífen as duas vogais idênticas (o “i” final do prefixo e o “i” inicial da palavra primitiva). Nos 
Morfologia nominal e verbal 21
dois casos, houve mudança total na grafia, pois, antes do novo acordo de 2016, escrevíamos assim: 
“contra-regra” e “arquiinimigo”.
2.2 Análise morfológica do adjetivo
Junto com os substantivos, os adjetivos integram o conjunto dos nomes. Geralmente, os 
adjetivos têm função secundária, pois são usados em função de algo ou alguém que é caracterizado 
(ou adjetivado). Exemplo:
amigo jovem
Aqui, temos um substantivo, “amigo”, que é especificado pelo adjetivo “jovem”. Evidentemente, 
há ocasiões em que o adjetivo eleva seu status, podendo assumir a função de um substantivo. Basta 
que, para isso, ele seja antecedido por um artigo, como, por exemplo – O jovem trabalha / Um 
jovem está desaparecido –, ou simplesmente assuma a função substantiva, sem artigo antes, como 
ocorre na linguagem jornalística: – Jovem é encontrado depois de uma semana.
Voltando à função adjetiva de “jovem”, perceba que esse nome não varia, independentemente 
do gênero do substantivo a que ele se refere. Exemplos:
amiga jovem amigo jovem
No que se refere à função, tipicamente o adjetivo é atributo, seja ele positivo ou negativo. 
Conforme Faraco e Moura: “Adjetivo é a palavra variável que expressa característica, qualidade, 
aparência ou estado [...]” (FARACO; MOURA, 2003, p. 132). Exemplificando esse conceito, temos:
filme ruim flor bonita palestra interessante
No que se refere à estrutura, a exemplo dos substantivos, os adjetivos também podem ser 
simples ou compostos. Exemplos:
diretor inglês seriado norte-americano
O adjetivo simples (“inglês”) é formado apenas por uma palavra e, portanto, tem um só 
radical. Já em “norte-americano”, há duas palavras e dois radicais. Além disso, o hífen é utilizado 
para indicar a justaposição dos termos. Retomando um dos exemplos anteriores – diretor inglês –, 
constatamos que o adjetivo caracteriza o substantivo, assim como ocorreu nos exemplos anteriores 
(“filme ruim”, “flor bonita” e “palestra interessante”). Porém, a palavra “inglês” apresenta uma 
peculiaridade, pois indica a nacionalidade de alguém. Tais adjetivos são denominados “pátrios” ou 
“gentílicos”. Observe outros exemplos:
acordo nipo-brasileiro atleta holandês
Analisando mais detidamente os adjetivos “brasileiro” e “ holandês”, verifica-se o uso dos 
sufixos “-eiro” e “-ês”, que indicam a formação de adjetivos a partir de substantivos próprios: “Brasil” 
e “Holanda”, respectivamente. Além disso, perceba que o adjetivo pátrio composto que define o termo 
“acordo” utiliza a forma “nipo”, em vez de “japonês”. Isso sempre caracteriza o primeiro termo do 
Estudos Morfossintáticos22
composto pátrio ou gentílico. A gramática chama essa forma diferenciada de “reduzida” ou “erudita”. 
Segue mais um exemplo desse tipo de adjetivo:
subst.
cinema franco-brasileiro
adjetivo pátrio composto
forma reduzida + forma normal 
Como mencionado na parte dos substantivos, algumas palavras podem gerar dúvida 
quanto à estrutura, pela confusão que existe entre prefixos e radicais. Nos adjetivos “extrasseco” 
e “socioeconômico” isso fica evidente, mas atenção: a) “extra” é um prefixo, o que faz de 
“extrasseco” um adjetivo simples, derivado de “seco”; b) “socioeconômico”, por outro lado, é um 
adjetivo composto, pois associa duas palavras (e dois radicais)1. 
Outro tipo de adjetivo corresponde ao particípio, que é uma forma nominal de verbo. 
A princípio, verbos e nomes pertencem a grupos distintos, mas é preciso considerar a classificação 
do particípio (forma nominal de verbo). Essa condição torna possível a correspondência do 
particípio com o adjetivo. Inclusive, tal como já visto no Capítulo 1, o particípio também apresenta 
desinências nominais. Observe:
assinado:
Em "assinado", o radical "assin-" soma-se ao sufixo “-ado”, usado para 
transformar o verbo “assinar” em adjetivo e que, por isso, já inclui 
as desinências "-o", de gênero masculino, e de número singular, pela 
ausência do “s”.
assin
radical
ado
sufixo
decretadas:
Na palavra "decretadas", há o radical "decret-", também somado ao sufixo 
"-adas", que transforma o substantivo “decreto” e o verbo “decretar” em 
adjetivo, incluindo as desinências "-a-", de gênero feminino, e "-s", de 
número plural.
decret
radical
aad s
sufixo desinência de número plural
desinência de gênero feminino
1 As formas usadas seguem o novo Acordo Ortográfico de 2009. Na grafia antiga, usávamos “extra-seco” e “sócio- 
-econômico”. A falta do hífen na grafia atual tornou necessárias a duplicação do “s” em “extrasseco” e a queda do acento 
agudo, em “sócio”.
Morfologia nominal e verbal 23
2.3 Análise morfológica do verbo
Nesta seção do capítulo, vamos retomar os verbos, para analisarmos outras estruturas, 
destacando os elementos mórficos de tempos e modos verbais diferentes daqueles exemplificados 
no Capítulo 1. Na língua portuguesa, há três modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo. 
Entre eles, o imperativo é bastante específico, pois não apresenta tempos verbais. Em vez disso, ele 
se conjuga em duas formas: afirmativa e negativa. Como o nome já anuncia, esse modo dá uma 
ordem. Exemplos: 2
faça:
faç
R
a
DM2
(você)
não parem:
não par
R
e
DM
m
DNP
(vocês)
No primeiro exemplo: “faça”, o modo imperativo está na forma afirmativa. Entre parênteses,lemos “você”, que indica o interlocutor, ou seja, aquele a quem damos a ordem. No segundo 
exemplo, há duas diferenças: a forma negativa, marcada pelo advérbio “não” na frente do verbo; e a 
presença da desinência número-pessoal, afinal, agora, o interlocutor é representado pela 3ª pessoa 
do plural (“vocês”).
Um detalhe importante, no aspecto morfológico do primeiro verbo mencionado, é o radical 
“faç-”, considerando-se que o infinitivo do verbo é “fazer”. Isso ocorre porque se trata de um verbo 
irregular. Na flexão verbal a seguir, fica demonstrada essa característica, que nos permite identificar 
se um verbo é regular ou irregular:
Presente do indicativo
Eu escrevo
Tu escreves
Ele escreve
Nós escrevemos
Vós escreveis
Eles escrevem
Escrever
Tu fazes
Ele faz
Nós fazemos
Vós fazeis
Eles fazem
Fazer
oEu faç
Como se vê, o verbo regular – “escrever” – mantém o radical em todas as pessoas. O mesmo 
não ocorre com o verbo irregular – “fazer” –, que apresenta a forma da 1ª pessoa do singular com 
radical distinto das outras pessoas. 
2 Porque o modo imperativo não tem tempos verbais, não usamos DMT; usamos apenas DM (desinência de modo).
Estudos Morfossintáticos24
Voltemos agora ao imperativo afirmativo exemplificado anteriormente, pois ele tem muita 
semelhança com a flexão que aparece no modo subjuntivo, composto por três tempos verbais: 
Presente:
que eu faça
faç
R
a
DMT
Presente:
que ele faça
faç
R
a3
DMT
Pretérito imperfeito:
se eu partisse
i
VT
part
R
sse
DMT
r
DMT
a
VT
fal
R
em
DNP
Futuro:
quando eles falarem
O presente do indicativo utiliza o verbo “faça” para a 1ª e a 3ª pessoas do singular. A diferença é 
que esse tempo do modo subjuntivo faz uso do “que” para auxiliar a conjugação do verbo, enquanto 
no imperativo há apenas a ordem afirmativa ou negativa e a indicação da pessoa que recebe o 
pedido. Outra coincidência está no fato de o modo imperativo e o presente do modo subjuntivo 
não apresentarem a vogal temática. Esse detalhe pode ser facilmente percebido, comparando-se as 
flexões apresentadas anteriormente, que exemplificam os três tempos do modo subjuntivo.
Os prefixos, afixos que sempre antecedem o radical, são frequentes também nos verbos. 
Exemplos:
recriar
a
VT
re
prefixo
cri
R desinência de infinitivo
r
antepor
o
VT
ante
prefixo
p
R desinência de infinitivo
r
Nas divisões citadas, temos, respectivamente: prefixo, radical, vogal temática e, por fim, 
a desinência do infinitivo. Pois bem, vamos agora utilizar o verbo “recriar” para analisarmos as 
partes mórficas de alguns tempos verbais do modo indicativo4 (diferentes daqueles que vimos no 
capítulo anterior): 
3 O verbo “fazer” foi conjugado na primeira e na terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo, para 
demonstrar que ambas têm a mesma morfologia. Isso ocorre também em outros tempos e modos. Utilizando como 
exemplo o verbo “andar”, verificamos essa semelhança: no pretérito imperfeito do indicativo (eu andava / ele andava); 
no pretérito mais-que-perfeito do indicativo (eu andara / ele andara); no futuro do pretérito do indicativo (eu andaria / 
ele andaria); no pretérito imperfeito do subjuntivo (se eu andasse / se ele andasse); e no futuro do subjuntivo (quando eu 
andar / quando ele andar).
4 O modo indicativo apresenta os seguintes tempos: presente, pretérito imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais- 
-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Morfologia nominal e verbal 25
Pretérito perfeito5:
eles recriaram
a
VT
re
prefixo
cri
R DMT
ra m
DNP (3ª pessoa do plural)
5
Pretérito mais-que-perfeito:
nós recriáramos
á
VT
re
prefixo
cri
R DMT
ra mos
DNP (1ª pessoa do plural)
2.4 Neologismos
O neologismo é um processo que resulta na formação de novas palavras. Atuando diariamente 
sobre a língua, os indivíduos, ao realizarem os atos de fala e escrita, de modo consciente ou 
inconsciente, buscam meios de se comunicar, adaptando a língua ao contexto social de cada época. 
Dessa forma, a sociedade e a língua evoluem juntas. Além disso, a criação de novas palavras revela 
necessidade e certo grau de amadurecimento linguístico. Segundo Antônio Sandmann:
a competência lexical do usuário de uma língua se compõe de dois momentos: 
o da análise e interpretação das unidades estabelecidas no léxico, isto é, já 
formadas, e o da formação ou entendimento de novas palavras de acordo com 
modelos ou regras que a gramática da língua põe à disposição. (SANDMANN, 
1998, p. 23) 
Podemos relacionar o primeiro momento descrito pelo autor à Morfologia de um modo geral. 
Depois, no segundo estágio, após conhecer e classificar os elementos mórficos de diferentes classes de 
palavras, o indivíduo torna-se capaz de usar os padrões apreendidos de modo criativo, com variações. 
Isso resume e define o processo de neologismo.
Considerando nossa sociedade atual, podemos enumerar alguns termos novos, surgidos a 
partir da necessidade de nomear coisas, pessoas e verbos circunscritos em situações que caracterizam 
nosso comportamento e nosso modo de vida, em pleno século XXI. São eles:
5 Observe que o verbo “recriar”, na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito e do pretérito-mais que-perfeito do modo 
indicativo, tem a mesma divisão morfológica: 
Pretérito mais-que-perfeito: 
eles
prefixo
re
R
cri a
VT DMT
ra m
DNP
1) dvdoteca
2) gatil
3) piscitariano
4) ecojoia
5) chocólatra
6) invitar
7) empoderar
8) navegar (na Internet)
Estudos Morfossintáticos26
Aplicando os conceitos básicos da Morfologia nos exemplos de neologismo listados, é 
possível fazermos as seguintes análises:
1. Dvdoteca: Substantivo comum que nomeia o lugar onde se guardam DVDs. A palavra 
primitiva é “DVD”, que se associa ao falso sufixo “-teca”, por analogia com outras 
palavras comuns em nossa língua (brinquedoteca, biblioteca, videoteca...).
2. Gatil: Novamente temos um substantivo comum que designa lugar. Porém, nesse caso, 
significa o local projetado especificamente para os gatos. Sendo assim, a palavra de origem 
é “gato”, que, somada ao sufixo “-il” (a exemplo de “canil”), resulta no neologismo “gatil”.
3. Piscitariano: Esse substantivo, também comum, nomeia a pessoa que se alimenta de 
peixe, recusando, portanto, outros tipos de carne. A palavra em questão funde elementos 
que aparecem em outros termos da língua portuguesa. A forma “pisci-”, de “piscicultura”, 
une-se ao final “-tariano”, de “vegetariano”6.
4. Ecojoia: Aqui temos mais um substantivo comum. Nesse caso específico, a junção de 
“eco-”, – de “ecologia”, – e “joia” atende às práticas da sustentabilidade e do respeito à 
natureza. Portanto, a inclusão do elemento mórfico “eco-”, um falso prefixo, indica a 
diferença em relação às joias tradicionais, afinal uma ecojoia é feita de materiais inusitados, 
como plástico, alumínio e até mesmo papel, todos eles reciclados (garrafa PET, lata de 
refrigerante e jornal, respectivamente).
5. Chocólatra: Essa forma funde um elemento mórfico da palavra “chocolate” com o falso 
sufixo “-latra”, que indica mania, culto excessivo ou vício. O mesmo morfema está presente 
em outras palavras de nossa língua, como “autólatra”, “idólatra” e “alcoólatra”.
6. Invitar: O verbo é a forma aportuguesada do inglês to invite, que significa “convidar”. 
Ao mesmo tempo em que se manteve o radical da palavra estrangeira, acrescentou-se a 
terminação “-ar”, típica de nossa língua e que, por sua vez, caracteriza a 1ª conjugação 
verbal e a forma nominal chamada “infinitivo”. O uso de “invitar” surgiu no universo 
on-line, mais especificamente na modalidade RPG (Role-playing game).
7. Empoderar: Esse é outro verbo muito comum atualmente. Ele foi criado a partir da 
palavra “poder”, à qual foram acrescentados, simultaneamente: a desinência verbal 
“-ar” (responsável por transformar o substantivo comum “poder” em verbo: “poderar”); 
e o prefixo “em-”, que indica “colocar dentro” ou “encher de”. Outros verbos da língua 
portuguesa que utilizam o afixo “em-”são: “embarcar”, “emparedar” e “empedrar”.
8. Navegar (na Internet): Nesse exemplo de neologismo, o que importa não é a forma (afinal, 
o verbo “navegar” não é novo em nossa língua), mas o sentido. Antigamente, “navegar” 
restringia-se à navegação por mar ou por rio, fazendo uso de embarcações adequadas. 
Porém, hoje, quando dizemos que “navegamos” em um site, estamos utilizando o sentido 
figurado, a partir das analogias mar/tela do computador e barco/cursor do mouse. 
6 Etimologicamente, o morfema “-teca” é um radical grego. Contudo, como veremos no Capítulo 3, existe o processo 
de recomposição, no qual novas palavras surgem, a partir do uso de radicais, como se esses fossem prefixos ou sufixos. 
O mesmo processo ocorre em palavras que a seguir serão analisadas aqui: “ecojoia” e “chocólatra”.
Morfologia nominal e verbal 27
Com base nas análises feitas aqui, podemos constatar que o neologismo diz respeito à 
identidade social de um povo e ao contexto histórico. Nesse sentido, as palavras de Aderlande Ferraz 
resumem essa ideia, enfatizando a renovação da língua: “léxico é o conjunto aberto, organizado 
por regras produtivas, das unidades lexicais que compõem a língua de uma comunidade [...]” 
(FERRAZ, 2008, p. 146). Sendo assim, com o uso contínuo da língua, nas comunicações escrita e 
oral, fazemos inovações e adaptações, as quais refletem as características gerais da sociedade.
Considerações finais 
Considerando as análises morfológicas desenvolvidas neste capítulo, abrangemos os aspectos 
nominal e verbal, os quais, por sua vez, correspondem a três classes de palavras distintas: substantivos, 
adjetivos e verbos. Essa divisão serviu para dar destaque aos elementos mórficos característicos de 
cada classe. No último item, sobre neologismos, a reflexão acerca dos novos termos nos auxiliou 
a retomar as especificidades estruturais das palavras que compõem a nossa língua, propiciando a 
atualização de nosso vocabulário e uma revisão geral dos conceitos da Morfologia.
Ampliando seus conhecimentos
A fim de aprofundar os assuntos aqui apresentados, outros materiais podem ser consultados 
por você:
• SLIDE SHARE. Hífen. Disponível em: https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-
acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao. Acesso em: 6 fev. 2019.
No link acima, você pode acessar uma tabela feita pela editora Abril e atualmente divulgada 
no site Slide Share. O material é essencial para quem precisa tirar dúvidas de grafia, sobretudo 
quando se trata do uso do hífen, item que mais sofreu alteração no novo acordo ortográfico. 
• HOLANDA, A. B. de. Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s.n.]. 1 CD-ROM.
Na versão eletrônica do Novo Aurélio século XXI, é possível digitar qualquer verbo e depois 
acionar a tecla de conjugação. Dessa forma, aparece um quadro com a flexão completa do 
verbo pesquisado, em todos os tempos e modos, incluindo as formas nominais.
• ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 2007.
Esse livro, de Ieda Maria Alves, é referência na língua portuguesa, desde a década de 1990. 
Na obra, a autora analisa diferentes exemplos e processos de neologismos, ilustrando o 
aspecto linguístico da diacronia7, que possibilita a evolução constante de nosso vocabulário.
7 A diacronia (Cf. SAUSSURE, 2012) analisa a transformação das línguas, comparando diversos estágios ou períodos 
de tempo. Esse conceito foi difundido pelo linguista Ferdinand de Saussure, no livro Curso de linguística geral.
https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao
https://pt.slideshare.net/Crispaixaolopes/novo-acordo-ortogrfico-tabela-hifenizao
Estudos Morfossintáticos28
Atividades
1. Diferencie os termos a seguir, classificando-os como: substantivos ou adjetivos; simples ou 
compostos. Além disso, defina o tipo de substantivo ou adjetivo, quanto à natureza ou função:
a) quarta-feira
b) norte-americano
c) cadeira
d) alegre
2. Divida os nomes a seguir, indicando e nomeando todos os elementos mórficos que os compõem:
a) desligado
b) nervoso
c) cozinheiras
3. Faça a análise morfológica completa dos verbos a seguir, dividindo e classificando os 
elementos que os formam. Indique também conjugação, modo e tempo verbais de cada item:
a) comprarás
b) (que eles) estudem
c) (não) bata
Referências
FARACO, C. E.; MOURA, F. M. de. Gramática nova. São Paulo: Ática, 2003.
FERRAZ, A. P. Os neologismos no desenvolvimento da competência lexical. In: HENRIQUES, C. C.; 
SIMÕES, D. Língua portuguesa, educação e mudança. Rio de Janeiro: Europa, 2008. p. 146-162.
SANDMANN, A. J. Competência lexical: produtividade, restrições e bloqueio. Curitiba: UFPR, 1998.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2011. 
3
Principais processos de formação de palavras
Agora que conhecemos os morfemas básicos de nossa língua, incluindo os nominais e os 
verbais, é fundamental verificarmos os principais modos de criação das palavras. Relacionando léxico 
e estrutura, este capítulo irá apresentar todos os processos derivativos e composicionais. Além disso, 
serão abordados outros processos formadores de palavras, a fim de propiciar a aplicação consciente 
dos conteúdos que vimos até aqui.
Neste livro, os processos tradicionais de formação de palavras (de derivação e de composição) 
vão retomar a importância dos afixos: prefixos e sufixos. Os demais procedimentos, bastante 
comuns no uso diário da língua portuguesa, serão exemplificados com palavras formadas a partir 
de duas perspectivas, uma de base lexical e outra de base estrutural, envolvendo, respectivamente: 
recomposição, empréstimo e onionimia, no primeiro grupo; além de braquissemia, acrossemia e 
hipocorismo, no segundo conjunto.
3.1 Processos derivativos
Os processos de formação de palavras baseados na derivação sempre partem de um termo 
primitivo. Sendo assim, dependendo do tipo de afixo acrescentado à palavra-base ou da mudança 
de classe, eles compreendem seis tipos:
a) derivação prefixal: um prefixo é acrescentado ao radical da palavra primitiva. Exemplos: 
superamigo
pré-escola
inter-relação
Os prefixos em destaque transformam não apenas a estrutura das palavras originais, “amigo”, 
“escola” e “relação”, mas também o significado delas. O prefixo “super-” indica superioridade ou 
intensidade1. “Pré-” indica anterioridade. E o afixo “inter-” sinaliza posição intermediária. Nos 
exemplos dados é imprescindível observarmos a ortografia, que obedece ao padrão estabelecido 
pelo novo acordo, de 2016. O “r” de “super-” une-se ao “a” de “amigo”, com o qual forma uma sílaba 
(“su-pe-ra-mi-go”). Nos dois termos restantes, os prefixos “pré-” e “inter-” unem-se à palavra 
primitiva por meio do hífen, que serve de intervalo, separando os dois “e” de “pré-escola” e os dois 
“r” de “inter-relação”2.
1 Apesar de o senso comum diferenciar os prefixos “super-” e “hiper-”, afirmando que o segundo amplia o significado 
do primeiro, essa distinção não existe. Para a Gramática, ambos significam a mesma coisa. A única diferença está na 
origem dos afixos: “super-” veio do latim; e “hiper-”, do grego.
2 O prefixo “inter-” é latino. Por significar “entre”, é incorreto usar “inter-relação entre os países...”. Tal exemplo 
apresenta redundância, problema que pode ser corrigido desta forma: “inter-relação dos países...”.
Estudos Morfossintáticos30
b) derivação sufixal: ocorre quando um sufixo é acrescentado ao radical da forma primitiva. 
Exemplos:
ferroso [ferr + oso] ferrinho [ferr + inho} ferraria [ferr + aria]
As palavras sugeridas aqui variam os sufixos, que modificam o sentido da palavra, quando 
se unem ao radical (“ferr-”, nos exemplos em análise). Desse modo, embora todos os termos sejam 
relacionados a “ferro”, por terem o mesmo radical, em “ferroso” o sufixo indica abundância, em 
“ferrinho” o sufixo forma um diminutivo e em “ferraria” o afixo indica que se trata do local em que 
o ferro é trabalhado ou vendido.c) derivação prefixal e sufixal: esse processo ocorre quando o radical recebe um prefixo e um 
sufixo, em diferentes momentos. Exemplos:
deslealdade
infelizmente
inoportunamente
Para nos certificarmos de que temos um caso de derivação dupla (prefixal e sufixal), é preciso 
avaliar se a palavra tem sentido apenas com o prefixo e apenas com o sufixo. Nos três casos em 
análise existe possibilidade de dupla leitura. Observe: “desleal” e “lealdade” / “infeliz” e “felizmente” 
/ “inoportuna” e “oportunamente”.
d) derivação parassintética: é um processo similar ao de derivação prefixal e sufixal. 
A única diferença é que, na parassíntese, os dois afixos (ou seja: o prefixo e o sufixo) são 
acrescentados à forma-base ao mesmo tempo. Isso significa que, se tentarmos suprimir o 
prefixo ou o sufixo, a palavra perderá sua integridade semântica. Exemplos:
ensolarado
envenenamento
inoportunamente
Em todos os exemplos apresentados, não faz sentido se utilizarmos apenas um dos afixos. 
Para comprovar isso, veja esta separação: “apartid” e “partidário” (somente uma forma apresentou-
-se de modo coerente). Entretanto, é preciso que ambas sejam coerentes e compreensíveis. Como 
isso não ocorreu, sem dúvida estamos tratando de um processo típico de parassíntese.
e) derivação regressiva: como o nome desse processo indica, ocorre uma regressão. Há perda 
de letras e fonemas, o que resulta no encurtamento da palavra. Geralmente, isso se dá na 
transição de um verbo para um substantivo. Exemplos:
mesclar > mescla caçar > caça jantar > janta
f) derivação imprópria: a estrutura da palavra é mantida, entretanto o termo é 
recontextualizado, o que provoca mudança na classe de palavra. Exemplos:
O barato daquele jogo é a interatividade.
Principais processos de formação de palavras 31
Ninguém pode prever o amanhã.
O jantar está pronto.
No primeiro exemplo, o termo “barato” é usado como substantivo comum, invertendo o uso 
tradicional, em que aparece como advérbio (“O livro custou barato”). O segundo período faz o 
mesmo tipo de alteração, porque usa “amanhã” como substantivo também, ao passo que, geralmente, 
esse termo tem valor adverbial de tempo (“Amanhã, farei todas as compras”). Já o terceiro exemplo 
faz uso do verbo “jantar”, como se ele fosse um substantivo. Tradicionalmente, o mesmo termo 
aparece em locuções verbais (“Vou jantar com meus pais”).
3.2 Processos composicionais
Nos processos de composição, deve haver a união de dois radicais ou mais. Nesse caso, é 
importante diferenciar os termos “palavra” e “radical”. É certo que todas as palavras de nossa língua 
têm um radical, mas nem todos os radicais, tais como os usamos hoje, constituem palavras. Exemplos:
vale-gás agricultura
Em “vale-gás”, temos duas palavras (e dois radicais) que formam um termo novo. Entretanto, 
o mesmo não ocorre em “agricultura”, que contém dois radicais, embora apenas “cultura” seja uma 
palavra autônoma em nossa língua.
Nos exemplos vistos acima, uma questão gráfica é facilmente notada: o uso do hífen. Alguns 
processos composicionais utilizam-no, ao passo que outros não apresentam esse sinal diacrítico, 
dificultando a identificação da palavra como composta.
Existem dois processos de composição e ambos podem ser assim explicados e exemplificados:
a) composição por justaposição: união de dois ou mais radicais, sem que haja perda gráfica 
e fonética. Exemplos:
ator-mirim
flor-de-lis
girassol
Nos primeiros dois termos da lista dada, o hífen é utilizado. Segundo o gramático Evanildo 
Bechara, isso assegura a individualidade dos termos envolvidos na composição (BECHARA, 2009, 
p. 340). “Ator-mirim” compreende duas palavras e dois radicais. Segundo o novo acordo ortográfico, o 
hífen é necessário, pela origem tupi do segundo radical, “mirim”. Em “flor-de-lis” temos duas palavras 
e também dois radicais. O “de”, como vimos no Capítulo 1, não é uma palavra, mas um vocábulo 
(MONTEIRO, 2002). No exemplo final: “girassol”, percebe-se o acréscimo de um “s”. Isso ocorre para 
garantir que “sol” tenha sua pronúncia preservada na composição. Como sabemos, entre vogais o “s” 
é pronunciado com som de “z”. Portanto, a duplicação do “s” em “girassol” é necessária.
Estudos Morfossintáticos32
b) composição por aglutinação: processo em que há união de dois ou mais radicais, com 
perda gráfica e fonética. Exemplos:
pernilongo
vinagre
fidalgo
O termo “pernilongo”, originado da junção de “perna” e “longa”, apresentou mudanças 
gráficas e fonéticas nas vogais finais de cada palavra. O segundo item, resultante da soma de “vinho” 
e “acre”, também traz alterações significativas. Considerando a forma latina vino ou a portuguesa 
“vinho”, verificamos que houve perda da(s) letra(s) e do(s) fonema(s) que encerram a palavra. 
De modo semelhante, “agre” adaptou a consoante, levando-se em conta que o termo original era 
“acre”. Finalmente, em “fidalgo” temos a associação de duas palavras e um vocábulo (“filho” + “de” 
+ “algo”). Isso demonstra que as perdas foram maiores nesse caso: a palavra “filho” perdeu a última 
sílaba; e a preposição “de” perdeu a última letra. Apenas o termo “algo” manteve sua integridade 
ortográfica e fonética.
3.3 Processos de base lexical
Nos processos de base lexical, os significados dos elementos mórficos são postos à prova. Há 
uma reformulação de sentido e de status, como ocorre na recomposição, ou o próprio significado 
estimula e motiva a formação das palavras, como exemplificam os processos denominados 
empréstimo e onionimia. Vejamos agora as definições e alguns exemplos de três processos específicos:
a) recomposição: nesse tipo de procedimento, utilizam-se radicais que são convencionalmente 
usados e classificados como prefixos ou sufixos. A gramática tradicional chama esses 
morfemas de falsos prefixos e falsos sufixos3, por terem “uma significação mais ou menos 
delimitada e presente à consciência dos falantes, de tal modo que o significado do todo a que 
pertencem se aproxima de um conceito complexo, e, portanto, de um sintagma” (CUNHA; 
3 Embora, na recomposição, o uso de um radical como prefixo seja mais comum, há casos em que o radical é 
tomado como sufixo. Isso ocorreu nos termos “dvdoteca” e “chocólatra” (ver Capítulo 2) e ocorre também na palavra 
“websitegrafia”, que analisaremos aqui. “Websitegrafia” abrange vários conceitos vistos no Capítulo 2 e, principalmente, 
no Capítulo 3. Além de ser um neologismo, pois é um termo recente em nossa língua, é um empréstimo, por causa das 
origens estrangeiras (os termos web e site, da língua inglesa, fundem-se ao radical grego grafia — que hoje constitui um 
falso sufixo). Como se vê, a palavra em questão é um híbrido e também pode exemplificar o processo da recomposição 
(pelo uso de um radical como sufixo). Entretanto, a complexidade desse termo ainda guarda outras classificações. 
Web é uma braquissemia de world wide web, cujo significado é “rede de alcance mundial” (LEÃO, 2019), e, quando 
somada à palavra site, constitui exemplo de composição por justaposição (website). Na breve existência desse termo 
composto, houve rápida transformação e ocorreu novamente uma braquissemia: website passou a ser apenas site. 
Semanticamente, a nova redução foi pertinente, porque evita redundância (antes, dizíamos ou escrevíamos, por exemplo: 
“Acesse o website www.iesde.com.br”, sem atentarmos para o fato de que o “www” já estava representado em web, 
termo resultante da braquissemia de world wide web). Finalmente, no último estágio, o de aportuguesamento, criou-se o 
termo “websitegrafia”, cuja análise, nesta nota, resumiu boa parte dos processos de formação de palavras.
Principais processos de formação de palavras 33
CINTRA, 2001, p. 114). Por essa razão, frequentemente empregam-se radicais que, na 
composição, assumem a posição inicial ou final na estrutura da palavra. Exemplos:
autobiografia4 aeromoça agroindústria5
Nos três termos apresentados aqui, um radical grego é utilizado como se fosse prefixo. 
O primeiro tem valor reflexivo,o segundo remete ao ar e o último, ao campo. Na explicação a seguir, 
parte-se da palavra “automóvel” para classificar “autódromo” como recomposição. Conforme o 
autor, o primeiro termo abrange “dois elementos, o primeiro dos quais pode ser empregado sozinho 
com o mesmo valor do conjunto, ou seja, auto em vez de automóvel. Acrescentando-se outra base, 
teremos autódromo, que constitui um caso de recomposição” (MONTEIRO, 2002, p. 170, grifos 
no original). Portanto, verificamos que a recomposição apresenta um desgaste na função do radical 
e a prova disso é que, na nova palavra (ou seja, em “autódromo”), não é mais possível a utilização 
apenas do radical para representar o termo todo. Em função dessa impossibilidade, o morfema 
“auto-” passa a ser entendido como prefixo, que tem função secundária na Morfologia. 
Em nossa língua, há inúmeros casos de radicais que são usados como prefixos. De filiação 
latina, temos como exemplos “multi-”, “mini-” e “pluri-”, que podem ser aplicados em palavras 
como: “multimodalidade”, “mini-isqueiro” e “plurilinguismo”. Do mesmo modo, alguns dos radicais 
de origem grega privilegiados no processo de recomposição são “mega-”, “micro-”, “neo-” e “poli-”, 
que contam com as seguintes exemplificações, respectivamente: “megapromoção”, “microssaia”, 
“neomodernismo” e “policromático”. 
b) empréstimo: compreende o uso de palavras estrangeiras em nossa língua, seja na forma 
da grafia original ou de aportuguesamento. Exemplos:
site uísque bandeide
O termo site deve ser grafado em itálico porque mantém a grafia da língua inglesa. Pela 
gramática tradicional, sempre que é criada a forma aportuguesada, esta deve prevalecer em relação 
à grafia estrangeira. Entretanto, site constitui uma exceção. Já existe a palavra “sítio”, mas ela não é 
usada com frequência, pela confusão que pode provocar, afinal, em nossa língua, “sítio” também 
significa uma pequena propriedade rural. Por essa razão, consagrou-se o uso de site. No segundo 
item (“uísque”), temos um exemplo de empréstimo e aportuguesamento, simultaneamente. 
O dicionário Novo Aurélio século XXI apresenta a origem do termo: 
uísque
[Do ingl. whisky ou whiskey.]
S. m. 
1. Aguardente feita de grãos fermentados de centeio, milho ou cevada, e que 
contém 40 a 50% de álcool. (HOLANDA, [20-], n. p., grifo no original)
4 Observe que a palavra “autobiografia” é composta, originalmente, por três radicais gregos: auto-, -bio- e -grafia. No 
entanto, com o passar do tempo, auto- tornou-se um falso prefixo.
5 Embora sejam parecidos na grafia, os radicais agro- e agri- têm etimologias distintas. Ambos significam “campo”, 
mas o primeiro é de origem grega, enquanto o segundo é latino.
Estudos Morfossintáticos34
No caso de “bandeide”, há a mesma duplicidade, porque se trata de um empréstimo e 
também de um aportuguesamento. Entretanto, essa forma ortográfica é bastante recente na língua 
portuguesa, razão pela qual ainda é desconhecida por muitas pessoas.
bandeide
(ban.dei.de)
S. m. 
Curativo adesivo pequeno, us. para proteger pequenos ferimentos.
[F.: Da marca registrada Band-Aid.]. (AULETE, 2019, grifo no original) 
Outro aspecto de “bandeide” é informado por Caldas Aulete, no verbete transcrito anteriormente. 
O dicionarista menciona que a palavra resulta da “marca registrada Band-Aid” (AULETE, 2019). Isso é 
fundamental para a conceituação do processo que será apresentado a seguir: a onionimia. 
c) onionimia: processo que utiliza a forma original ou aportuguesada/adaptada de uma 
marca ou do nome de um produto. Exemplos:
— No nosso aniversário de casamento, a gente comprou um fogão, né?
— Foi. Não é assim nenhum Brastemp, mas é um fogão. (BRASTEMP, 
2019, grifo nosso)
Comprei uma bic nova.
Costumo tomar nescau todas as manhãs.
O primeiro exemplo é um diálogo entre um casal. Trata-se de um comercial veiculado na 
década de 1980, na TV, em rede nacional. Sem dúvida, a campanha publicitária da época colaborou 
para a instituição do termo “brastemp” como exemplo de onionimia. Pelo texto transcrito, percebe-
-se que a marca é usada como sinônimo de “fogão muito bom”. 
Outro detalhe que ocorre em todos os oniônimos é a variação na letra inicial da palavra. 
Embora alguns ainda utilizem a inicial maiúscula, a onionimia permite a grafia com letra minúscula 
no início, pois o processo em questão indica que a marca, antes um substantivo próprio, tornou-se 
tão famosa que passou a ser um nome comum, sinônimo não apenas dos produtos daquela marca, 
mas de outros, similares, das marcas concorrentes. Isso fica mais claro nos outros dois exemplos 
apresentados anteriormente. A marca Bic resultou na formação do substantivo comum “bic”, que 
não apenas qualifica o tipo de caneta, mas que também é usado como sinônimo da palavra “caneta” 
de modo geral, como demonstra o exemplo acima. Dessa forma, “bic” não designa somente as 
canetas da marca Bic, mas qualquer caneta. 
Quanto ao último exemplo, percebe-se que o mesmo procedimento é desencadeado. Sendo 
assim, “nescau” é um nome comum, que veio da marca registrada Nescau. Contudo, atualmente, a 
palavra já está desvinculada da marca que a originou, razão pela qual o termo nescau abrange todos 
os tipos de achocolatado, independente da marca.
Principais processos de formação de palavras 35
3.4 Processos de base estrutural
Nesta parte, os processos de formação provocam alterações significativas na forma, ou seja, 
na estrutura da palavra. Vejamos três tipos de processos que se caracterizam dessa maneira:
a) braquissemia: também chamado de “abreviação”, esse procedimento trabalha com 
a redução da palavra6. Altera-se a forma, mas o significado se mantém. Entretanto, 
linguisticamente, cria-se um diferencial que diz respeito ao estilo. As formas originais 
(que apresentam a palavra integralmente) são mais usadas no registro formal, enquanto 
os novos termos, resultantes da braquissemia, constituem um modo mais informal de 
fala e de escrita. Exemplos:
moto odonto biju
Analisando as palavras listadas, concluímos que todas sintetizam um termo mais longo: 
“motocicleta”, “odontologia” e “bijuteria”, respectivamente. No primeiro caso, há algumas décadas, 
era usado outro tipo de braquissemia: “motoca”. Entretanto, essa palavra caiu em desuso, dando 
lugar ao termo “moto”. Quanto a “odonto”, destaca-se a coincidência entre esse exemplo de 
braquissemia e o radical grego odonto-. Isso nos permite afirmar que, ao longo dos anos, embora o 
radical tenha conservado seu significado, elevou seu status. 
A consequência natural dessa transformação é que o morfema deixou de ser o principal 
formador de palavras para ser um termo autônomo. Apesar disso, a braquissemia que se percebe 
em “odonto” ainda não é unanimidade nos principais dicionários da língua portuguesa. “Biju”, a 
exemplo de “odonto”, também é uma palavra usada como gíria, sendo privilegiada, portanto, em 
contextos informais de fala e de escrita.
b) acrossemia: compreende palavras formadas a partir de letras, as quais, na maioria das 
vezes, correspondem às iniciais de um nome maior, quase sempre resultante de um 
conjunto de termos. Exemplos: 
Enem Detran Sisu
Os acrônimos citados reduzem nomes complexos, usando somente uma ou várias 
letras iniciais de cada palavra. Sendo assim, na ordem em que aparecem, os exemplos da lista 
anterior correspondem a: “Exame Nacional do Ensino Médio”, “Departamento de Trânsito” e 
“Sistema de Seleção Unificada”. Verificamos que a acrossemia diferencia-se da sigla pelo modo 
de organização e pela pronúncia. Enquanto os acrônimos são escritos e lidos como palavras 
normais, pois as letras que os compõem formam sílabas, em razão da alternância entre vogais 
e consoantes, a sigla compreende um conjunto de letras sem conexão e que devem ser lidas 
isoladamente. Exemplificando essa distinção, temos:
INSS Bope
6 A braquissemia ou abreviação constitui processo completamente diverso da abreviatura. Embora esta também reduza a 
estrutura da palavra, não tem a mesma autonomia das palavras geradaspor meio da braquissemia. A título de exemplificação, 
seguem algumas abreviaturas bastante usadas em nosso dia a dia: “etc.” (et cetera), “R.” (“rua”) e “Av.” (“avenida”).
Estudos Morfossintáticos36
“INSS” (“Instituto Nacional do Seguro Social”) é uma sigla, porque as letras não formam 
sílabas. Por essa razão, para acentuar a individualidade das letras, a grafia utiliza maiúsculas. Em 
contrapartida, “Bope” (“Batalhão de Operações Policiais Especiais”), por ser acrônimo, apresenta 
apenas a primeira letra maiúscula. Há, ainda, veículos de comunicação de massa que escrevem essa 
palavra toda em caixa alta (“BOPE”). Porém, essa grafia é considerada ultrapassada, dando lugar à 
forma “Bope”, que vai ao encontro da rapidez na digitação, critério fundamental hoje em dia. 
c) hipocorismo: processo que modifica uma palavra para gerar um novo termo, como 
indicativo de carinho ou proximidade. Exemplos:
Carlinhos Lulu mamãe
No primeiro caso, o nome “Carlos” recebe um sufixo típico de diminutivo. No segundo 
nome, uma sílaba é duplicada (“Lulu” serve de apelido para “Luciano” ou para outro nome iniciado 
com “Lu”). Como último exemplo, não temos um nome próprio, mas um substantivo comum. 
Entretanto, há diferença bastante expressiva entre as formas “mãe” e “mamãe”. Sem dúvida, a 
segunda forma, oriunda do hipocorismo, reflete um tratamento especial, menos formal e mais 
carinhoso. Segundo Cristina Brito: “Hipocorístico é a palavra que traduz a intenção de carinho e 
[...] designa [...] a pessoa na intimidade, estendendo-se a animais de estimação. [...] por exemplo 
maninho, benzinho, ‘mozinho’ [...] ou, ainda, palavras da linguagem infantil: papai, teteia, [...]” 
(BRITO, 2019).
Considerações finais 
Os tipos de processos vistos neste capítulo ilustram a conexão entre Gramática e Linguística, 
abrangendo diversas áreas da Língua Portuguesa. Questões de estilo, que exemplificam variações 
do português formal e informal, estão implícitas na onionomia, no empréstimo e em todos os 
processos de base estrutural. Do mesmo modo, o aspecto ortográfico se sobressai nos processos 
composicionais. Até mesmo a Fonética tem grande importância na aglutinação e na derivação 
regressiva. Na perspectiva semântica, destacam-se os processos de base lexical e os modelos 
de derivação que se caracterizam pelo acréscimo de afixos. No que se refere à Morfologia, os 
elementos mórficos associam-se às classes de palavras, como demonstram, de modo específico, 
as derivações regressiva e imprópria. Essa integração reforça a ideia de que a língua é um sistema, 
complexo, múltiplo e extremamente flexível.
Ampliando seus conhecimentos
• GALVÃO, W. N. Hipocorísticos e suarabáctis. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.
br/materia/hipocoristicos-e-suarabactis/. Acesso em: 17 fev. 2019.
No texto indicado, a autora Walnice Galvão apresenta o hipocorismo como característica 
tipicamente brasileira. Além disso, ela também discute e apresenta o processo linguístico 
denominado suarabácti, que faz uso de vogais de apoio, a fim de facilitar a pronúncia de 
algumas palavras (“pineu” ou “peneu”).
Principais processos de formação de palavras 37
• ANDRADE, K. E.; RONDININI, R. B. Cruzamento vocabular: um subtipo da composição. 
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/delta/article/view/27231/22228. Acesso em: 17 
fev. 2019.
Os autores do artigo apresentado neste item, publicado na revista D.E.L.T.A. de 2016, 
relativizam as fronteiras que a gramática tradicional estabelece entre cada processo de 
formação das palavras. Desse modo, o que eles chamam de “cruzamento vocabular” 
(ANDRADE; RONDININI, 2019) e que outros estudiosos da língua portuguesa classificam 
como palavra-valise é associado aos procedimentos derivacionais e de composição.
• CORREIA, P. et al. A folha: boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. 
Disponível em: http://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha48_
pt.pdf. Acesso em: 17 fev. 2019.
Nessa dica, você pode acessar um documento oficial, que regulamenta e diferencia os 
usos de abreviaturas, siglas e acrônimos. Embora os dois primeiros não tenham sido 
aprofundados aqui, eles complementam os exemplos e as explicações relativos ao processo 
da acrossemia. Além disso, pelo fato de apresentar algumas abreviaturas, o material 
reforça a distinção natural que existe entre elas e as abreviações, conforme comentamos 
no processo de braquissemia.
Atividades
1. Para cada uma das formas primitivas listadas a seguir, sugira uma palavra derivada, 
classificando o processo de formação que a define:
a) pedra
b) ferro
c) fazer
2. Classifique os processos composicionais dos itens a seguir, explicando a diferença entre eles:
a) samba-enredo
b) doravante
3. Enumere os termos da segunda coluna, a partir da correspondência das palavras com os 
processos que as classificam corretamente: 
(1) recomposição ( ) shorte
(2) empréstimo ( ) gilete
(3) onionimia ( ) CEP
(4) braquissemia ( ) Dudu
(5) acrossemia ( ) autoestima
(6) hipocorismo ( ) fone
Estudos Morfossintáticos38
Referências
AULETE, C. Bandeide. Disponível em: http://www.aulete.com.br/bandeide. Acesso em: 26 fev. 2019.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. 
BRASTEMP. Anos 80 – Brastemp. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eKKJjNaQSgc. Acesso 
em: 26 fev. 2019.
BRITO, C. Hipocorístico: um identificador ou apenas um tratamento carinhoso? Disponível em: http://www.
filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno06-09.html. Acesso em: 27 fev. 2019.
CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2001. 
HOLANDA, A. B. Uísque. In: HOLANDA, A. B. de. Novo Aurélio século XXI. Nova Fronteira, [s. l.: s.n.]. 
1 CD-ROM.
LEÃO, T. O que é a World Wide Web? Disponível em: http://www.estrategiadigital.pt/o-que-e-world-wide-
web/. Acesso em: 28 fev. 2019.
MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. São Paulo: Pontes, 2002.
4
Da Morfologia à Sintaxe
Com o objetivo de estabelecer as diversas relações entre Morfologia e Sintaxe, associação que 
caracteriza o título deste livro e deste capítulo, apresentamos aqui as diferentes funções sintáticas 
que as classes de palavras podem desempenhar no texto.
No presente capítulo, vamos constatar que uma mesma classe de palavra pode assumir funções 
sintáticas variadas. Com base nisso, faremos uso de uma divisão: funções sintáticas substantivas e 
funções sintáticas adjetivas. No primeiro grupo, de importância primária, serão apresentados termos 
classificados como sujeito ou como predicado. Já o segundo conjunto, de aspecto secundário, vai 
abranger os termos integrantes e acessórios da oração (complemento nominal, objetos, agente da 
passiva e adjunto adnominal). Por fim, relembraremos as normas gramaticais que dizem respeito 
às especificidades morfológicas e sintáticas dos pronomes pessoais do caso oblíquo, com ênfase aos 
átonos, que se ligam ao verbo no processo denominado “colocação pronominal”.
4.1 Funções sintáticas substantivas
O sujeito e o predicado são as duas funções básicas na Sintaxe. De acordo com a gramática 
tradicional, o sujeito é aquele que pratica a ação, além de também poder ser definido como a pessoa 
ou o objeto de que se fala.
Na área da Morfossintaxe, analisam-se as diversas classes de palavras e as funções sintáticas 
que elas podem desempenhar, dependendo do contexto. Em razão disso, veremos a seguir exemplos 
dessa variação, demonstrando que, independentemente do nível de hierarquia, diferentes classes 
podem assumir a posição de sujeito:1
A empresa | decretou falência1.
O inigualável | deve ser o principal critério.
No primeiro caso, temos como sujeito um substantivo comum, “empresa”. No exemplo 
seguinte, embora também tenha sido usado um substantivo (como demonstra o artigo definido 
“o”, que antecede a palavra “inigualável”), é importante ressaltarmos que, originalmente, o termo 
em questão é um adjetivo. Sendo assim, o uso corrente dessa palavra pode

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