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UNISATE 1 FASE OAB - APOSTILA - 1 FASE DA OAB (2)

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CURSO ALEXANDRE TEIXEIRA – Avenida Santos Dumont, 2626 – Loja 30 – Fortaleza/CE – Fone: (85) 9.9681.5000 
www.unisate.com.br 
1 
 
XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil 02 
Direito Processual Civil 76 
Direito Penal 128 
Direito Processual Penal 172 
Direito Constitucional 224 
Direito Administrativo 259 
Direito do Trabalho 298 
Processo do Trabalho 343 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
 
XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
 
Direito Civil 
 
 
I - BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
Quanto a essa primeira classificação os bens se 
dividem em: móveis ou imóveis; infungíveis ou fungíveis; 
inconsumíveis ou consumíveis; indivisíveis ou divisíveis e 
singulares ou coletivos. Vamos à primeira delas: 
1 - BENS QUANTO À MOBILIDADE 
Segundo essa classificação os bens se dividem em 
móveis e imóveis. 
 
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81 CC) 
São aqueles que não podem ser removidos, 
transportados, de um lugar para o outro, sem a sua 
destruição. Podem ser divididos em: 
• por natureza -o solo e tudo quando se lhe 
incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes), mais 
adjacências (espaço aéreo, subsolo). Lembramos que a 
propriedade do solo abrange o espaço aéreo e o subsolo. 
Pergunto: o dono do solo será, também, o dono do subsolo? 
Resposta para o Direito Civil: SIM. O dono do solo é também 
o dono do subsolo, especialmente para construção de 
passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas etc. No 
entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. Pelo 
artigo 176 da Constituição Federal as jazidas, os recursos 
minerais e hídricos constituirão propriedade distinta da do 
solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando 
sob o domínio da União. Mas, convenhamos, é difícil 
qualquer um de nós comprar um terreno e nele “achar” 
uma mina de ouro ou de diamantes ou um lençol 
petrolífero. No entanto, se isso ocorrer, você não será dono 
deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos 
minerais e o aproveitamento dos potenciais somente 
poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão 
da União. Todavia a própria Constituição garante ao dono 
do solo a participação nos resultados da lavra. 
• por acessão física, industrial ou artificial 
(acessão quer dizer aumento, acréscimo de uma coisa a 
outra) -tudo quanto o homem incorporar permanentemente 
ao solo, não podendo removê-lo sem destruição, 
modificação ou dano (ex.: sementes plantadas, edifícios, 
construções – pontes, viadutos, etc.). É bom que nós 
acrescentemos: não perdem o caráter de imóvel (ou seja, 
continuam sendo imóveis): 
a) edificações que, separadas do solo, mas 
conservando a sua unidade, forem removidas para outro 
local. 
b) materiais provisoriamente separados de um 
prédio, para nele se reempregarem. 
• por acessão intelectual -o que foi empregado 
intencionalmente para a exploração industrial, 
aformoseamento e comodidade. São bens móveis que 
foram imobilizados pelo proprietário. É uma ficção jurídica 
(ex.: máquinas, tratores, veículos, animais, etc.). 
Obs: O enunciado 11 da 1ª jornada de Direito Civil 
preceitua haver desaparecido a categoria de imóvel por 
acessão intelectual. No entanto, alguns autores, como Flavio 
Tartuce e Pablo Stolze, discordam. Entendem estes 
professores, é bom frisar, de forma minoritária, que nada 
impede que um bem seja visto por mais de um prisma de 
classificação. 
Majoritariamente, entretanto, o Código Civil atual 
não acolhe mais essa divisão. Seguindo a doutrina moderna 
sobre o tema, outros autores preferem qualificar os bens 
imóveis por acessão intelectual como pertença, onde a 
coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, 
constituindo, portanto, a categoria de bem acessório. A 
pertença pode ocorrer na hipoteca, que abrange os bens 
móveis dentro de um imóvel (ex.: hipotecar uma fazenda 
juntamente com os bois). 
Vejam que a imobilização não é definitiva neste 
caso; o bem poderá voltar a ser móvel, por mera declaração 
de vontade. 
• por disposição legal -tais bens são considerados 
como imóveis, para que possam receber melhor proteção 
jurídica. São eles: 
* os direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de 
propriedade, de usufruto, uso, a habitação, a servidão, a 
enfiteuse). 
* o penhor agrícola e as ações que o asseguram. 
* o direito a sucessão aberta, ainda que a herança 
seja formada apenas por bens móveis. É considerada aberta 
a sucessão no instante da morte do de cujus; a partir de 
então, seus herdeiros poderão ceder seus direitos 
hereditários, considerados como imóveis. 
 
 Atenção!!! 
As jazidas e as quedas d’água com 
aproveitamento para energia hidráulica são considerados 
bens distintos do solo onde se encontram (artigos 20, inciso 
IX e 176 da Constituição Federal), conforme vimos no item 
anterior. 
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84 CC) 
São aqueles que podem ser removidos, 
transportados, de um lugar para outro, por força própria ou 
estranha, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social. Podemos classificá-los em: 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
• por natureza -coisas corpóreas são aquelas que 
podem ser transportadas sem a sua destruição, por força 
própria ou alheia. 
Força alheia – móveis propriamente ditos - carro, 
cadeira, livro, jóias, etc. 
Força própria – semoventes – bois, cavalos, 
carneiros, animais em geral. 
Observações: 
- Os materiais de construção enquanto não forem 
nela empregados são bens móveis. 
As árvores enquanto ligadas ao solo são bens 
imóveis por natureza exceto se se destinam ao corte 
(convertem-se, neste caso, em móveis por antecipação). 
• por antecipação -a vontade humana mobiliza 
bens imóveis em função da finalidade econômica (ex.: 
árvores, frutos, pedras e metais aderentes ao imóvel, são 
imóveis; separados para fins humanos, tornam-se móveis). 
• por determinação legal -direitos reais sobre 
bens móveis e as ações correspondentes (ex.: propriedade, 
usufruto, etc.). 
- direitos e obrigações e as ações respectivas. 
- energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico (prevista também no artigo 155, § 3º do 
Código Penal). Da mesma forma o gás canalizado. 
- direitos autorais (é um dos exemplos mais 
importantes, por ser considerado um bem incorpóreo 
também). 
- propriedade industrial – direitos oriundos do 
poder de criação e invenção (patentes de invenção, marcas 
de indústria, etc.). 
- quotas e ações de sociedades. 
Vale lembrar que o art. 83, I, CC considera móvel, 
por força de lei, as energias que tenham valor econômico. 
Ex: natureza jurídica do sêmen do boi – é bem 
móvel, pois é energia biológica que tem valor econômico. 
Observação Importante: Os navios e aeronaves 
são bens móveis ou imóveis? A doutrina diz que eles são 
bens móveis sui generis. Sempre que doutrina não consegue 
definir algo com exatidão, utiliza essa expressão em latim: 
sui generis. No caso dos navios (e também das aeronaves) 
realmente não há uma resposta objetiva para eles. Apesar 
de serem fisicamente bens móveis (pois podem ser 
transportados de um local para outro; encaixam, portanto, 
no conceito de bens móveis), são tratados pela lei como 
imóveis, necessitando de registro especial e admitindo 
hipoteca. O navio tem nome e o avião marca. Ambos têm 
nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar 
(território ficto). Alguns autores os consideram como quase 
pessoa jurídica, no sentido de se constituírem num centro 
de relações e interesses, como se fossem sujeitos de 
direitos, embora não tenham personalidade jurídica. 
E vocês podem estar pensando... muito bem... e 
se cair no concurso o que eucoloco?? Em tese a questão 
não pode cair assim, de forma direta: “o navio é um bem 
móvel ou imóvel”. Aliás, já vi essa questão cair algumas 
vezes, mas nunca desta forma direta. Sempre tem algo que 
deve ser analisado com maior profundidade, como por 
exemplo, o fato de recair hipoteca (que é um instituto típico 
de imóveis). O conselho que dou é analisar todas as 
alternativas com muito cuidado. Dentre as alternativas 
haverá uma que melhor se adapte ao que eu estou dizendo. 
Em resumo os navios e as aeronaves, fisicamente são bens 
móveis, mas eles têm uma disciplina jurídica como se 
imóveis fossem. 
Consequência prática da distinção: Imóveis ≠ 
Móveis. – A classificação dos bens em imóveis ou móveis 
tem uma razão de ser. E essa classificação é de suma 
relevância, principalmente em relação à Parte Especial do 
Código (veremos mais adiante no Direito das Coisas). 
Assim, os bens imóveis se distinguem dos móveis 
pela: forma de aquisição, necessidade de outorga, prazos de 
usucapião e os direitos reais. Todos estes temas são muito 
importantes. Portanto, vejamos item por item: 
a) Formas de aquisição da propriedade – a 
principal forma de adquirir a propriedade dos bens móveis é 
com a tradição (essa palavra vem do latim tradere, que 
significa entregar; traditio = entrega do bem), ou seja, 
somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade 
de bens móveis. Outras modalidades: usucapião, achado de 
tesouro, ocupação (assenhoramento do bem: caça, pesca, 
invenção) etc. Já os bens imóveis são adquiridos com o 
Registro ou transcrição do título da escritura pública no 
Registro de Imóveis. Lembrem-se que a alienação de 
imóveis com valor superior a 30 salários mínimos exigem 
escritura pública (vejam o que diz o art. 108 CC). 
b) Outorga 
Os bens imóveis não podem ser alienados, 
hipotecados etc. por pessoa casada sem a outorga (uma 
espécie de autorização ou anuência ou mesmo ciência) do 
outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. Os 
bens móveis não necessitam de outorga. Assim, mulher 
pode vender seu carro, jóias, ações de uma sociedade 
anônima sem autorização do marido. 
Vou dar um exemplo que pode causar surpresa 
em alguns alunos. E este exemplo costuma cair muito. 
Digamos que uma mulher tenha comprado e registrado um 
imóvel em seu próprio nome. Lógico, este imóvel é só 
dela!!! Posteriormente ela se casa pelo regime da 
comunhão parcial de bens. O imóvel continua sendo só 
dela!!! Passado um ano do casamento ela deseja vender 
esse imóvel. 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
Pergunto: Ela precisa da autorização do marido 
(apesar do imóvel ser somente dela)? Resposta= SIM!!! Ela 
precisa da chamada..... outorga marital. A lei obriga essa 
outorga (que somente é dispensável no regime da 
separação total). 
Continuo a perguntar: E se o marido não quiser 
fornecer a outorga? Resposta= Simples. O imóvel é somente 
dela e continua sendo dela. Mas ela precisa da outorga e o 
marido não fornece. Portanto a mulher pode pedir ao Juiz, 
em uma petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz 
então dará uma ordem para a escritura ser lavrada (e 
também o registro posterior), sem a sua anuência. É o que 
chamamos de “suprimento da outorga”. Se a situação fosse 
invertida (o imóvel é do marido e ele precisa vender), o fato 
seria o mesmo, ou seja, o marido necessitaria da outorga. 
Porém em cada caso a outorga recebe um nome diferente. 
Assim, a outorga pode ser: 
• marital -marido concede à mulher, ou seja, o 
bem é da mulher e o marido assina também os documentos 
de venda do imóvel. 
• uxória -mulher concede ao homem; a mulher 
assina a documentação (uxor – em latim quer dizer mulher 
casada). 
2 - BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85 CC) 
Essa classificação resulta da individualização do 
bem, ou seja, de sua quantidade e da sua qualidade. A 
pergunta é: um bem pode ser substituído por outro? Se eu 
tomar um bem emprestado posso devolver outro? Resposta 
– Depende. Por isso classificamos os bens em infungíveis ou 
fungíveis. Vejamos: 
A) INFUNGÍVEIS 
São os que não podem ser substituídos por outros 
do mesmo gênero, qualidade e quantidade. São bens 
personalizados, individualizados (ex.: imóveis; carro; um 
quadro famoso etc.). 
B) FUNGÍVEIS 
São os que podem ser substituídos por outros do 
mesmo gênero, qualidade e quantidade (ex.: uma saca de 
arroz, uma resma de papel, dinheiro etc.). 
Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo 
sempre deixar bem claro: 
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou 
infungíveis. 
Todos os bens imóveis são personalizados (pois 
há uma escritura, um número, possuem um registro etc.), 
daí serem todos infungíveis, pois estão totalmente 
individualizados. Porém é possível que sejam tratados como 
fungíveis (ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por 
meio de três lotes de terreno, sem que haja a precisa 
individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o 
negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico). 
Já os bens móveis são, em regra, bens fungíveis, 
mas podem também ser infungíveis (ex.: o cavalo de corrida 
Furacão ou o cavalo de passeio Sossego; um quadro pintado 
por Renoir; os veículos automotores pois possuem número 
de chassis, de motor etc. que os personalizam e os 
diferenciam dos demais). 
A fungibilidade pode ser da natureza ou da 
vontade das partes. Uma moeda ou um selo, como regra 
são bens fungíveis. Podem, no entanto, se tornar infungíveis 
para um colecionador. Uma cesta de frutas é fungível, mas 
pode se tornar infungível se ela for emprestada apenas para 
ornamento de uma festa (chamamos neste caso: 
comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser 
devolvida posteriormente. 
A obrigação de fazer pode ser infungível (Ex.: 
contrato “Z”, pintor famoso, para pintar um quadro; a 
atuação de “Z” é personalíssima – no caso de recusa, 
transforma-se em perdas e danos) ou fungível (pode ser 
realizada por qualquer pessoa; ex.: engraxar sapato, pintar 
uma parede). 
Consequências práticas 
• A locação, o comodato e a locação são 
contratos de empréstimo (conforme veremos na aula sobre 
contratos). No entanto: O mútuo é um contrato que se 
refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, ou seja, o 
devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual. Já 
o comodato é um contrato de empréstimo gratuito de 
coisas infungíveis. 
E a locação é um empréstimo oneroso de bens 
infungíveis. Nestes dois últimos contratos a pessoa deve 
devolver o mesmo bem. Mas, conforme já disse, veremos 
isso de forma mais minuciosa na aula sobre contratos. 
• O credor de coisa infungível não pode ser 
obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 
313 do CC); ou seja, ele tem o direito de receber a mesma 
coisa que emprestou. 
 
FATOS E ATOS JURÍDICOS 
Já estudamos que existem os sujeitos de Direito 
(que são as pessoas). Existem, também, os objetos do 
Direito (que são os bens). 
Veremos o elemento que estabelece a ligação; o 
vínculo entre as pessoas tendo como objeto os bens. Esse 
elemento é o que chamamos de relação jurídica. As 
relações jurídicas têm como fonte geradora os fatos 
jurídicos. Há sempre um fato que antecede o surgimento de 
um direito subjetivo. Fato, portanto, é um evento, um 
acontecimento. 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
O tema “Fatos e Atos Jurídicos” deve ser visto 
devagar. Por isso, desmembramos esse tema em duas 
partes. Esta primeira é uma aula introdutória. Os alunos 
costumam achar essa primeira parte “meio chata”. Mas ela 
é imprescindível. Vou tentar torná-la mais agradável... Hoje, 
o que veremos é baseda matéria, que será importantíssima 
no futuro, quandoanalisaremos o Direito das Obrigações, os 
Contratos etc. Os Fatos, Atos e Negócios Jurídicos são 
pontos fundamentais para entender as próximas aulas. 
Leiam e releiam com todo amor e carinho este início. Depois 
daremos a segunda parte da aula. Vocês verão como ficará 
mais fácil entender. Falaremos agora de alguns conceitos, 
classificações, e, principalmente, na teoria do fato jurídico. 
Depois, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde 
veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, 
além da ineficácia do Negócio Jurídico. 
Comecemos, então. Inicialmente, temos que 
diferenciar um fato comum de um fato jurídico. Há fatos 
que não interessam ao Direito. 
Exemplo: quando uma pessoa passeia por um 
jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a 
incidência do Direito. Se essa pessoa,porém, andar sobre 
um gramado proibido, causando danos, o fato que era 
comum passará a interessar ao Direito. Assim, observem a 
seguinte classificação: 
• Fato Comum -ação humana ou fato da natureza 
que não interessa ao Direito. Não estudaremos isso, pois, 
como disse, não interessa ao Direito. 
• Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu) -
acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos. Ex.: no 
contrato de locação, locador e locatário ficam vinculados 
um ao outro. Desse vínculo surgem direitos e deveres para 
ambas as partes. Assim, por enquanto, o que nos interessa 
estudar é o Fato Jurídico. Este sim causará reflexos no 
campo do Direito. 
Baseado no foi dito acima, podemos conceituar os 
fatos jurídicos como sendo os acontecimentos, previstos em 
norma de direito, em razão dos quais nascem, modificam-
se, subsistem e extinguem-se as relações jurídicas. Para 
efeito de memorização dos elementos do Fato Jurídico que 
veremos, costumo usar em sala de aula a expressão 
A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de 
Direitos. 
Aquisição de Direitos - é a conjunção dos direitos 
com seu titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o 
bem se subordina a seu titular. (ex: quando eu acho uma 
coisa abandonada ou quando eu compro um determinado 
objeto de um amigo etc.). Os direitos podem ser adquiridos 
de forma originária ou derivada: 
a) Originária -o direito nasce no momento em que 
o titular se apropria do bem de maneira direta, sem a 
participação de outra pessoa (ex.: pescar um peixe em alto-
mar, ocupar coisa abandonada etc.). 
b) Derivada -se houver transmissão do direito de 
propriedade, existindo uma relação jurídica entre o anterior 
e o atual titular (ex.: vender um carro ou um imóvel a outra 
pessoa). 
A aquisição ainda pode ser gratuita (não há 
contraprestação – ex.: doação) ou onerosa (há uma 
contraprestação – ex.: compra e venda, troca). 
Resguardo (proteção ou defesa) de Direitos - para 
resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos 
conservatórios como: protesto; retenção -possuidor de boa-
fé que fez benfeitorias necessárias e úteis na coisa alheia 
(art. 1.219 CC); arresto -apreensão judicial de coisa litigiosa 
ou de bens para a segurança da dívida; sequestro -depósito 
judicial da coisa litigiosa para garantia do direito. Há 
também a defesa preventiva: 
a) extrajudicial -a cláusula penal em um contrato 
(trata-se da multa contratual); o sinal (que também é 
chamado de arras, ou seja, um adiantamento); a fiança etc., 
são medidas que servem para proteger meus direitos. 
b) judicial -são as ações judiciais para proteção de 
direitos: Mandado de Segurança (protege direito líquido e 
certo); Interdito Proibitório (é uma ação possessória, 
conforme veremos no Direito das Coisas). 
Ação é o meio que o titular do direito tem para 
obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de 
solucionar litígios relativos a interesses jurídicos (art. 3º do 
C.P.C. - “Para propor ou contestar uma ação é necessário ter 
legítimo interesse econômico ou moral”). 
Nós sabemos que no Brasil não podemos fazer 
“justiça pelas próprias mãos”, sob pena de cometermos um 
crime (exercício arbitrário das próprias razões). Se uma 
pessoa me deve seis meses de aluguel eu não posso ir até a 
casa dele e “dar uns tapas” no devedor. Não! Eu devo entrar 
com uma ação de despejo por falta de pagamento. No 
entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou 
autotutela no caso de legítima defesa da posse (art. 1.210, 
§1º do CC), penhor legal etc. Veremos isso em outras aulas 
mais para frente. 
Modificação (ou transformação) de Direitos - os 
direitos podem sofrer modificações em seu conteúdo, seu 
objeto e em seus titulares, sem que haja alteração em sua 
substância. A modificação do direito pode ser objetiva ou 
subjetiva: 
a) Objetiva - atinge a qualidade ou quantidade do 
objeto ou o conteúdo da relação jurídica (ex.: o credor de 
uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro). 
b) Subjetiva - substituição do sujeito ativo ou 
passivo, podendo ser inter vivos ou causa mortis (ex.: morre 
o titular de um direito e este se transmite aos seus 
sucessores). No entanto, há direitos que não comportam 
modificação em seu sujeito por serem personalíssimos. 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
Extinção de Direitos – observem, com atenção, as 
hipóteses de extinção de direitos: 
• perecimento do objeto (anel que cai em um rio 
profundo e é levado pela correnteza) ou perda de suas 
qualidades essenciais (campo de plantação invadido pelo 
mar). 
• renúncia - quando o titular de um direito, dele se 
despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre 
mão de um direito que teria (ex: renúncia à herança). 
• abandono – intenção do titular de se desfazer da 
coisa não querendo ser mais seu dono. 
• alienação – que é o ato de transferir o objeto de 
um patrimônio a outro, de forma onerosa ou gratuita. 
• falecimento do titular, sendo direito 
personalíssimo, e por isso, intransferível. 
• confusão – numa só pessoa se reúnem as 
qualidades de credor e devedor. 
• prescrição ou decadência -analisaremos mais 
adiante, ainda na aula de hoje. 
Bem, com isso encerramos esta parte bem 
introdutória sobre o Fato Jurídico e seus elementos 
(A.R.M.E.). Vejamos agora uma Classificação dos Fatos 
Jurídicos. Podemos dizer que o Fato Jurídico se divide em 
Natural (fato da natureza) e Humano (praticado por nós, os 
seres humanos). Cada um destes possui uma subdivisão. 
Observe o esquema abaixo. Este esquema é de extrema 
importância. Daqui para frente (inclusive na próxima aula) 
vamos analisar cada item deste esquema. Portanto, sempre 
que estiver em dúvida sobre o assunto tratado, retorne a 
este esqueminha. 
Fato Jurídico Natural (ou Fato Jurídico em Sentido 
Estrito) 
• Ordinário – normalmente ocorre 
• Extraordinário – caso fortuito ou força maior 
Fato Jurídico Humano (ou simplesmente ATO) 
Veremos estes temas abaixo na próxima aula. Por 
enquanto, é importante que se saiba: 
• Ato Jurídico em Sentido Amplo (ou Voluntário): 
- Ato Jurídico em Sentido Estrito – os efeitos são os 
impostos pela lei (ex; reconhecimento de filho); não há 
regulamentação da autonomia privada. 
- Negócio Jurídico – os efeitos são os desejados 
pelas partes (ex: contratos); há autonomia privada. 
• Ato Ilícito (ou Involuntário): 
- Civil 
- Penal 
- Administrativo 
Caros alunos. Muito cuidado aqui. Algumas 
questões costumam cair sobre o gráfico acima. E isso causa 
certa confusão ao aluno. 
Querem um exemplo? Duas indagações (responda 
sem olhar o esqueminha): 
O Ato Ilícito é um Ato Jurídico? O Ato Ilícito é um 
Fato Jurídico? 
Resposta: basta analisar o esquema com atenção 
(agora dê uma olhada) que iremos concluir que o Ato Ilícito 
é um Fato Jurídico (humano), porém não é um Ato 
Jurídico!!! 
Continuemos. O primeiro item do quadro que 
iremos analisar na aula de hoje é o Fato Jurídico em Sentido 
Estrito, que a doutrina também chama de Fato Jurídico 
Stricto Sensu ou Fato Natural (sãotodas expressões 
sinônimas). 
Pois bem. Fato Natural é o acontecimento que 
ocorre independente da vontade humana e que produz 
efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo 
direitos. Podem ser classificados em: 
Ordinário -O que há de mais certo em nossa vida?? 
A morte. Ela ocorrerá independente de nossa vontade. 
Portanto é um fato natural. Lógico que estou falando da 
morte por causas naturais (costumo brincar – a morte 
morrida). Pois um homicídio (brincando ainda – a morte 
matada) é um ato ilícito. Da mesma forma são Fatos 
Jurídicos Naturais Ordinários: o nascimento, a maioridade, o 
decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a 
forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (essa 
matéria é vista no Direito das Coisas, quando o edital exigir 
esse item), a prescrição e a decadência etc. Estes últimos 
temas são importantíssimos e serão analisados de forma 
autônoma, ainda nesta aula. 
Extraordinário -são causas ligadas ao caso fortuito 
(causa desconhecida - ex.: explosão de uma caldeira em 
uma usina) ou à força maior (conhece-se a causa, fato da 
natureza - ex.: raio que provoca incêndio). Há uma 
imprevisibilidade. Em ambos o caso se configura uma 
inevitabilidade do evento e ausência de culpa pelo 
ocorrido. 
A partir deste ponto vamos nos ater ao Fato 
Jurídico Humano, que é o acontecimento que depende da 
vontade humana (há quem diga que o termo ‘vontade 
humana’ seria uma redundância, pois somente o homem 
teria ‘vontade’; no entanto o termo tem sido aceito 
normalmente), abrangendo tanto os atos lícitos como os 
ilícitos. 
Eu diria que a aula de hoje é mais “light” do que a 
anterior; esta é menos teórica. Portanto, antes de começar 
a aula propriamente dita eu sempre relembro meus alunos 
que este é um curso para Concursos Públicos. Assim, não se 
perca em detalhes em episódios que podem ocorrer em sua 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
vida e em casos particulares, mas que não trazem 
repercussão para uma prova de um concurso. O importante 
é conhecer os institutos. Por outro lado, apesar de mais 
dinâmica, esta é uma aula mais longa... 
Vamos ao que interessa: Como vimos, o Fato 
Jurídico Humano pode ser subdividido. Vamos analisar as 
particularidades desta subdivisão: 
1 - ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (também 
chamado pela doutrina de voluntário). Pode ser classificado 
em: 
• Ato Jurídico em Sentido Estrito (ou meramente 
lícitos) -se objetivar a mera realização da vontade do agente 
(perdão, reconhecimento de filho, confissão etc.). A 
vontade é importante para a realização do ato, mas não o é 
quanto à produção dos efeitos, que decorre da lei. 
• Negócio Jurídico -se procura criar normas para 
regular interesses das partes, harmonizando vontades que, 
na aparência, parecem antagônicas (testamento, contrato, 
adoção etc.) e que se subordinam às disposições comuns. A 
ação humana visa alcançar um fim determinado. 
2 – ATO ILÍCITO (também chamado de ato jurídico 
involuntário) -se acarretar consequências jurídicas alheias à 
vontade do agente. O ato ilícito, embora seja um fato 
jurídico (pois causa repercussão no direito) não é ato 
jurídico, pois a característica essencial do ato jurídico é que 
este tem de ser lícito. 
Não esqueça!!! 
ATO JURÍDICO ≠ ATO ILÍCITO 
O ato ilícito não é espécie de atos jurídicos. O 
legislador os colocou a parte, o ato ilícito foi tratado como 
categoria própria, razão porque se emprega a expressão ato 
jurídico somente para ações lícitas. 
Autores como Silvio Venosa e Machado Neto têm 
visão própria da matéria. Sucede que Flavio Tartuce, 
Fernando Simão, Pablo Stolze, Vicente Rao e Zeno Veloso 
entendem que o ato lícito é categoria separada da do ato 
jurídico. Particularmente também concordo, entendo que a 
ação humana lícita é o ato jurídico, e a ação humana ilícita é 
o ato ilícito. Tanto que são trazidas separadamente no 
Código. 
Obs.: Gera confusão chamar o ato ilícito de ato 
jurídico, apesar de gerar efeito jurídico. Portanto, ao tratar 
do nome ato jurídico, refira-se apenas aos atos lícitos, 
enquanto que os atos ilícitos são englobados como ações 
humanas lícitas. 
Em uma brilhante analogia, o Professor Zeno 
Veloso, fala da Andorinha. Diz o grande civilista: “só porque 
duas aves tem asas não significa que ambas são 
andorinhas; da mesma forma, só porque os dois atos 
produzem efeitos jurídicos, não significa que atos lícitos e 
ilícitos sejam jurídicos.” 
Vamos, então, analisar o ato jurídico em sentido 
estrito e o negócio jurídico, que são espécies do gênero ato 
jurídico em sentido amplo. Lembrando que Negócio Jurídico 
é o tema mais importante, conforme veremos. 
ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO 
No Ato Jurídico em Sentido Estrito há uma 
realização de vontade do agente, mas suas consequências 
são as previstas em lei e não as que porventura queiram as 
partes. O ato jurídico em sentido estrito gera consequências 
jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas. 
Ex: reconhecimento de filho. Digamos que uma pessoa teve 
um filho fora do casamento. O pai quer apenas reconhecer o 
filho. Mas com o reconhecimento surgem efeitos legais, 
obrigatórios, mesmo que não desejados pelo agente, como 
direito ao nome, poder familiar, obrigação de prestar 
alimentos, direitos sucessórios etc. 
Assim, reconhecido um filho, os efeitos 
decorrentes do ato não dependem da vontade da pessoa 
que fez o reconhecimento, mas da lei. 
Assim, o ato jurídico em sentido estrito é o que 
gera consequências jurídicas previstas em lei, independente 
da vontade das partes interessadas, não havendo 
regulamentação da autonomia privada. 
O ato jurídico em sentido estrito, referido no 
sucinto e solitário artigo 185 do CC, traduz: 
Ato jurídico realizado voluntária e 
conscientemente, cujo efeito está previsto 
unicamente na lei e só nela pode se basear. 
O ato jurídico em sentido estrito, também 
chamado de ato não-negocial traduz um simples 
comportamento humano, voluntário e consciente, cujos 
efeitos estão predeterminados na lei. 
 Não existe liberdade ou autonomia 
privada para a escolha dos efeitos jurídicos (não há 
liberdade negocial, nem liberdade volitiva), uma vez 
que estão preestabelecidos na própria lei. São 
desprovidos de carga negocial. 
EFEITOS 
Não há autonomia privada ou liberdade nos atos 
jurídicos no que tange a escolha dos efeitos do ato realizado 
(não há liberdade negocial, nem liberdade volitiva). A lei diz 
qual é o efeito. Sendo, portanto, desprovidos de carga 
negocial. 
Importante!!! 
Pontes de Miranda, baseado no direito alemão, e 
Marcos Bernardes de Melo perceberam que o sistema do 
fato jurídico faltava uma categoria, que ficaria entre o fato 
da natureza e as ações do homem. Essa categoria é o ato-
fato jurídico. 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
O ato-fato jurídico, categoria não explicitamente 
prevista no CC, consiste em um comportamento que, 
embora derive da atuação humana, é desprovido de 
vontade consciente em direção ao resultado que se 
pretenda atingir. 
Nomenclatura do ato-fato jurídico: 
 ATO porque proveniente do homem. 
 FATO porque desprovido de consciência. 
 JURÍDICO porque produz efeitos jurídicos. 
Daí, ato-fato jurídico. 
Para que seja ação humana, deve ter carga de 
voluntariedade. Se o comportamento é humano, mas é 
desprovido de vontade e consciência, sendo instintivo ou 
reflexo, não se encaixa como ação humana, mas se encaixa 
no conceito de ato-fato. 
EXEMPLOS 
- O descobrimento de um tesouro; 
- A especificação (transformação da matéria-prima em obra 
final) realizada por um enfermo mental. Um incapaz cria 
uma obra de arte em escultura ao manusear a argila paracomer. Ele, apesar de não realizar um ato consciente, 
realizou um ato humano que tem efeitos na esfera jurídica. 
Assim é ato-fato. 
Qual é a natureza jurídica da venda de um doce a uma 
criança de 5 anos de idade? 
Entendimento 1: É um contrato de compra e venda. É um 
contrato nulo (pela incapacidade do agente), mas 
socialmente aceito. Para um menor de 16 anos, faz mais 
sentido, pois o jovem já tem carga negocial. 
Entendimento 2: Para Jorge Cesar Ferreira, com base em 
Pontes de Miranda, a venda de um doce a uma criança 
enquadra-se melhor na noção de ato-fato (não há 
necessidade de consciência para prática do ato). A criança 
não tem consciência nem vontade, mas gera efeitos 
jurídicos, por isso há ato-fato. 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
Conceito 
Negócio Jurídico é uma espécie do gênero ato 
jurídico em sentido amplo. É o ato destinado à produção de 
efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei. 
É toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o 
particular regula por si os próprios interesses, há uma 
composição de interesses. 
Objeto 
O negócio jurídico típico é o contrato. Num 
contrato as partes contratantes acordam que devem 
conduzir-se de determinado modo, uma em face da outra 
(ex.: contrato de locação, de compra e venda etc.). O 
negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas 
têm para realizar seus interesses. Lembrem-se que o 
contrato é um Negócio Jurídico Bilateral. Nos entanto, o 
Negócio Jurídico pode ser também Unilateral, como no caso 
do Testamento. 
Distinção – Negócio Jurídico e Ato Jurídico em Sentido 
Estrito 
Vamos reforçar a idéia: não devemos confundir 
negócio jurídico com o ato jurídico em sentido estrito. Este 
não é exercício de autonomia privada. Logo, o interesse 
objetivado não pode ser regulado pelo particular e a sua 
satisfação se concretiza no modo determinado pela lei. Já no 
negócio jurídico, o fim procurado pelas partes baseia-se na 
autonomia da vontade privada. O negócio leva em 
consideração o fim procurado pela parte ou partes e a esse 
fim a ordem jurídica adapta os efeitos. 
Classificação dos Negócios Jurídicos 
Segundo a melhor doutrina, os Negócios Jurídicos 
podem ser classificados em: 
1 - Quanto à manifestação de vontade: 
• Unilaterais - quando a declaração de vontade 
emana de uma ou mais pessoas, mas na mesma direção 
colimando um único objetivo; o ato se aperfeiçoa com uma 
única manifestação de vontade (ex.: testamento, renúncia, 
desistência, promessa de recompensa etc.). Subdividem-se 
em receptícios (a declaração tem de se tornar conhecida do 
destinatário para produzir efeitos - Ex.: revogação de 
mandato, ou seja, de uma procuração; se eu revogo uma 
procuração eu devo comunicar às pessoas a quem eu 
outorguei poderes. Portanto é um ato unilateral – só 
depende da minha vontade – mas eu devo comunicar a 
outra parte a minha decisão. Outro exemplo:escolha nas 
obrigações alternativas) ou não receptícios (o 
conhecimento por parte de outrem é irrelevante – Ex.: 
testamento – quando eu faço o meu testamento, nada mais 
precisa ser feito; não preciso comunicar ninguém desse fato, 
renúncia de herança). 
• Bilaterais – quando a declaração de vontade 
emana de duas manifestações de vontade, em sentido 
oposto, mas coincidentes sobre o objeto Ex: perdão, 
contratos (compra e venda – comprador e vendedor; 
locação – locador e locatário etc.). Podem ser simples 
(benefício a uma das partes e encargo à outra – ex.: doação) 
ou sinalagmáticos (vantagens e ônus a ambas as partes – 
ex.: locação, compra e venda). Veremos melhor esse item na 
aula sobre contratos. 
• Plurilaterais - contratos que envolvem mais de 
duas partes (ex.: contrato de sociedade com mais de dois 
sócios). 
2 - Quanto às vantagens: 
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• Gratuito - só uma das partes aufere vantagem, 
não havendo contraprestação; são atos de liberalidade (ex.: 
doação simples, comodato). 
• Oneroso - ambos os contratantes possuem ônus 
e vantagens recíprocas (ex.: locação, compra e venda etc.). 
3 - Quanto ao tempo em que devam produzir efeitos: 
• Inter vivos - destinados a produzir efeitos durante 
a vida dos interessados (ex.: locação, compra e venda, 
mandato, casamento etc.). 
• Causa mortis - emitida para a criação do direito 
após a morte do declarante (ex.: testamento, codicilo, 
legado etc.). 
4 – Quanto a seus efeitos: 
• Constitutivos – se sua eficácia se opera ex nunc 
(se efetiva a partir do momento da conclusão – ex.: compra 
e venda). 
• Declarativos – se sua eficácia é ex tunc (só se 
efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que 
se vincula a declaração de vontade – ex.: divisão de 
condomínio, reconhecimento de filho etc.). 
5 - Quanto à subordinação: 
• Principais - têm existência própria e não 
dependem de qualquer outro (ex.: compra e venda, 
locação). 
• Acessórios - têm a sua existência subordinada à 
do contrato principal (ex.: fiança, cláusula penal etc.); não 
têm existência jurídica autônoma (“o acessório segue o 
principal”). 
6 - Quanto às formalidades: 
• Solenes (formais) - obedecem a uma forma 
prescrita em lei para se aperfeiçoarem (ex.: casamento, 
testamento etc.). 
• Não solenes (forma livre) - a lei não reclama 
formalidades para seu aperfeiçoamento (ex.: locação, 
compra e venda de bens móveis etc.). 
7 – Quanto às pessoas: 
• Impessoais – independe de quem sejam as partes 
(ex: contrato uma pessoa para pintar um muro; qualquer 
pessoa pode fazer isso; não há uma habilidade especial para 
isso). 
• Intuitu personae – o ato se realiza em função das 
qualidades especiais de uma pessoa (ex.: outorgo mandato 
à pessoa de minha confiança; desejo ser operado por 
cirurgião de minha confiança etc.). 
8 – Quanto à causa: 
• Causais – estão vinculados a uma causa (ex.: o 
registro da escritura de um imóvel está sempre ligado à 
existência da escritura de compra e venda deste imóvel; se a 
compra e venda for defeituosa, o registro também o será). 
• Abstratos – estão desvinculados de qualquer 
outro negócio (ex.: compro uma casa pagando com um 
cheque; a emissão deste é desvinculada; se a compra e 
venda for considerada nula, o cheque continuará valendo, 
principalmente se estiver nas mãos de terceiros). 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Alguns elementos do negócio jurídico são 
chamados de essenciais porque constituem elementos de 
existência e validade. 
Outros são chamados de acidentais, pois são 
requisitos de eficácia do negócio. Vamos apresentar um 
esquema para melhor classificar os elementos constitutivos. 
Depois vamos analisá-los um a um. 
Porém, antes falaremos dos planos de existência, 
validade e eficácia do negócio jurídico. 
Subdivisões do negócio jurídico em Planos de Análise 
(Existência, Validade e Eficácia). 
Foram estudados por Pontes de Miranda e Marcos 
Bernardes de Melo. 
PLANO DE EXISTÊNCIA 
- É plano substantivo do negócio. 
- Estuda os elementos constitutivos ou requisites 
de existência do negócio jurídico. 
- Vários autores têm resistência a esse plano de 
existência. 
- O Código Civil não o prevê, mas isso não significa 
que ele deve ser negado. 
Requisitos de existência sem os quais o negócio 
jurídico não é nada. Elementos que compõe a estrutura do 
negócio jurídico. Se faltar qualquer requisito ele será 
inexistente. O legislador não tratou na parte geral sobre 
esse plano, no entanto a doutrina o reconhece. O juiz pode 
reconhecer a inexistência de ofício. 
* Os autores que não defendem a existência desse 
plano, entendem que nesses casos o negócio é nulo. 
Requisitos existenciais do negócio: 
1. A manifestação de VONTADE (vontade interna + 
vontade externa): faltando a manifestação de vontade 
o negócio é inexistente (não é nulo e sim inexistente). 
Se a vontade consciente estiver neutralizada, ou 
seja, se faltarvontade, não há negócio. 
Exemplo: coação física. 
OBSERVAÇÃO: 
No que tange a manifestação de vontade, o silêncio 
pode como tal ser compreendido? “Quem cala consente”, 
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esse ditado popular tem respaldo no Direito Civil? Ou seja, o 
silêncio, ausência da manifestação de vontade, gera efeitos 
jurídicos? 
Resposta: Em linha de princípio, lembra-nos Caio 
Mario, que em regra, o silêncio é a ausência de 
manifestação de vontade. No entanto, excepcionalmente, 
nos termos do art. 111, seguindo os sistemas como o 
alemão e o inglês, em situações especiais admite que o 
silêncio possa traduzir vontade. 
“Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as 
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for 
necessária a declaração de vontade expressa”. 
Exemplo: O art. 539 do CC estabelece que na 
doação pura o silêncio traduz aceitação. 
 
 CUIDADO!! No dolo, o silêncio pode significar o negócio 
viciado. Veremos depois que o silêncio pode também 
significar quebra de boa-fé objetiva por dolo negativo (art. 
147 do CC). 
 
2. AGENTE (EMISSOR DA VONTADE): todo negócio 
jurídico para existir pressupõe um agente emissor da 
vontade. Faltando o agente não há negócio. 
3. OBJETO: sem o objeto o negócio não existe. 
Ex: Contrato de mútuo de dinheiro  mútuo 
feneratício. 
4. FORMA: sem uma forma o negócio também não 
existe. Forma significa, segundo Vicente Ráo, o meio 
pelo qual a vontade se exterioriza, ou seja, o 
revestimento exterior da vontade. A forma não se 
confunde com a vontade externa. A forma é um meio 
pelo qual se declara a vontade. 
 A forma integra o negócio como 
revestimento exterior da vontade, ou seja, é um meio pelo 
qual a vontade se manifesta. 
Pode ser manifestada pela forma escrita, pela 
forma oral, pela mímica etc. Admitem-se formas variadas. 
IMPORTÂNCIA DA FORMA: 
Se o negócio existe, analisamos agora o Plano de 
Validade do negócio. 
PLANO DE VALIDADE 
- É analisado no art. 104, CC, que para alguns 
autores é artigo incompleto, como Marcos Bernardes de 
Melo. 
Plano qualificativo do negócio. Esse plano de 
validade não estuda a estrutura. Estudam-se os 
pressupostos de validade, que dão aptidão para gerar 
efeitos no negócio jurídico. Faltando pressuposto de 
validade o negócio é inválido (nulo ou anulável). 
OBS: os vícios do negócio jurídico atuam no plano 
da validade. 
 O Plano de existência integra os elementos 
subjetivos do negócio. O plano de validade estuda os 
pressupostos que qualificam o negocio para que ele possa 
gerar efeitos, ou seja, basta que se conheça os elementos de 
existência e os qualifique. 
SÃO PRESSUPOSTOS DE VALIDADE: 
1. VONTADE + livre e de boa-fé 
A vontade deve ser totalmente livre e de boa-
fé. Observe que estou qualificando o negócio. 
2. AGENTE + capaz e legitimado 
3. OBJETO + lícito + possível + determinado / 
determinável. 
Em geral, na doutrina civilista, licitude significa 
legalidade e adequação ao padrão médio de moralidade. 
4. FORMA + livre ou prescrita em lei 
No direito brasileiro, a regra é o Princípio da 
liberdade da forma nos negócios jurídicos (art. 107 do CC). 
 A forma, de per si, é elemento de existência. 
A lei tanto pode exigir a forma para efeito de prova 
do negócio jurídico (art. 227, CC – negócio Ad probationem), 
como também poderá exigir a forma como elemento de 
validade do próprio negócio (art. 108, CC – negócio solene 
ou Ad solemnitatem). 
Há situações em que o legislador exige 
determinada forma, especialmente a pública. Se faltar a 
forma prescrita em lei, o negócio não é valido. 
Art. 108, CC. Se a venda, a hipoteca, a doação ou 
qualquer negócio for superior a 30 salários mínimos, deverá 
ser feita escritura no tabelionato. 
Sendo que o valor base para isso é o valor que as 
partes declarem no contrato, não o valor usado pela 
Prefeitura para calculo de IPTU (conforme enunciado 289, 
4ª Jornada de Direito Civil). 
QUESTÃO DE CONCURSO: Se o objeto do negócio 
for ilícito. O negócio é invalido, pois apesar de ter objeto, ele 
não tem a qualificação da licitude. 
IMPORTANTE: São defeitos do negócio jurídico: 
erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, simulação. Esses 
efeitos interferem no plano de validade e não no plano de 
existência. A vontade existe, mas é prejudicada. 
Na coação física, o negócio é inexistente, pois não 
há vontade. 
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Na coação moral, o negócio é existente, porém 
inválido, pois ela não é livre. 
É captada de má-fé a vontade, não sendo válido o 
negócio, no caso do vendedor enganar o comprador 
dizendo que se trata de carne bovina enquanto se trata de 
carne de gato. 
Obs.: Alguns autores na linha de Orlando Gomes, 
afirmam que a licitude pressupõe, também, subsunção a um 
padrão médio de moralidade. (Se a banca for mais 
conservadora, em princípio, é bom defender isso) Se o 
objeto for considerado ilícito, o negócio existe, mas é 
inválido. Ex: “negócio jurídico ” na contratação de serviços 
de prostituta, pois não se adéqua a um padrão médio de 
moralidade. Se a banca for mais progressista, admite-se a 
licitude do objeto. 
 
IMPORTANTE: REGRA - Princípio da liberdade da forma 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não 
dependerá de forma especial, senão quando a lei 
expressamente a exigir. 
 Há situações que a lei exige a forma escrita para 
efeito de prova do negócio (art. 227). 
Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova 
exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios 
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior 
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram 
celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do 
negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como 
subsidiária ou complementar da prova por escrito. 
Apesar da regra, a lei pode prescrever a forma como 
requisito de validade (art. 108). 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura 
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que 
visem à constituição, transferência, modificação ou 
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior 
a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Ex: Compra e venda: instrumento público acima de 30 
salários mínimos. 
** Promessa de compra e venda: pode ser instrumento 
privado. 
Sendo que o valor base para isso é o valor que as partes 
declarem no contrato, não o valor usado pela Prefeitura para 
calculo de IPTU (conforme enunciado 289, 4ª Jornada de 
Direito Civil). Obs.: A promessa de compra e venda, pode ser 
feita por instrumento particular, não importa o valor. 
 
PLANO DE EFICÁCIA 
Estuda os elementos que interferem nos 
efeitos jurídicos do negócio, ou seja, na eficácia do 
negócio. Estuda-se: 
1. Condição 
2. Termo 
3. Modo ou encargo 
Nessa tripartição (Existência, Validade e Eficácia), 
tem-se a teoria do negócio jurídico. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
I – Essenciais – dizem respeito à validade do negócio 
A) Gerais 
1 – Capacidade das Partes 
2 – Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável 
3 – Consentimento 
B) Especiais – forma prescrita ou não defesa em lei 
II – Naturais – efeitos decorrentes do negócio jurídico 
III – Acidentais – dizem respeito à eficácia do negócio 
1 – Condição 
2 – Termo 
3 – Modo ou Encargo 
I - ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS 
Como vimos acima, os requisitos de validade do 
negócio jurídico são: capacidade das partes (elemento 
subjetivo), objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável (elemento objetivo), consentimento e forma 
prescrita ou não defesa em lei (artigo 104 do C.C.). Os três 
primeiros são gerais, comuns a todos os Negócios Jurídicos.Já o último (forma) é especial, diz respeito à apenas alguns 
contratos. Por isso será analisado em item autônomo. 
Vamos nos ater agora aos Elementos Essenciais Gerais. 
A) CAPACIDADE DO AGENTE 
Se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração 
de vontade, a capacidade do agente é indispensável. Os 
artigos 3º e 4º do Código Civil nos apresentam o rol das 
pessoas absoluta ou relativamente incapazes. Já analisamos 
quem são essas pessoas. É imprescindível o conhecimento 
dessa matéria para a compreensão do que falaremos a 
seguir. 
Enquanto os absolutamente incapazes são 
representados em seus interesses por seus pais, tutores e 
curadores, os relativamente incapazes (embora possam 
participar pessoalmente dos negócios jurídicos) devem ser 
assistidos pelas pessoas a quem a lei determinar. 
O ato praticado pelo absolutamente incapaz sem 
representação é nulo. 
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Já o ato realizado pelo relativamente incapaz sem 
assistência é anulável. 
Lembrando que o vício da incapacidade é um 
instrumento a favor do incapaz. 
Incapacidade 
• Absoluta → falta de representação – ato nulo 
• Relativa → falta de assistência – ato anulável 
Recordando, também que as pessoas jurídicas são 
representadas, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente, por seus órgãos (pessoas naturais que 
exprimem a sua vontade). Trata-se de uma representação 
imprópria. 
Espécies de Representantes: 
a) Legais – a norma jurídica confere poderes para 
administrar bens alheios (ex.: pais, tutores e curadores, em 
relação aos bens dos filhos, pupilos e curatelados). 
b) Judiciais – nomeados pelo Juiz para exercer 
certo cargo no foro ou no processo (ex.: síndico, 
inventariante etc.). 
c) Convencionais – através de mandato, expresso 
ou tácito, verbal ou escrito. 
B) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU 
DETERMINÁVEL 
Para que o negócio jurídico se repute perfeito e 
válido, deverá versar sobre objeto lícito, conforme a lei, não 
sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à 
moral (ex.: na locação de um imóvel, este é o objeto do 
contrato). Se ilícito o objeto, nulo será o negócio jurídico 
(ex.: compra e venda de objeto roubado). 
Além disso, deve ser possível, realizável. Se o 
negócio implicar prestações impossíveis, também será 
anulado; a impossibilidade pode ser jurídica ou física (ex.: 
venda de herança de pessoa viva; ir à lua e voltar em 2 horas 
etc.). Finalmente deve ser o mesmo determinado ou, ao 
menos, determinável, ou seja, deve ser previamente 
conhecido e individualizado ou devem existir critérios que 
permitam sua futura individualização (indicação de gênero e 
quantidade, ainda que não seja mencionada a qualidade). 
Falta de objeto lícito e possível -negócio nulo. 
C) CONSENTIMENTO 
A manifestação de vontade exerce papel 
importante no negócio jurídico, sendo um elemento básico. 
É necessário que esta vontade seja espontânea, livre de 
qualquer vício. O consentimento pode ser expresso (se 
declarado por escrito ou verbalmente, mas de maneira 
explícita) ou tácito (se resultar de um comportamento do 
agente que demonstre, implicitamente, sua anuência), 
desde que o negócio, por sua natureza ou por disposição 
legal, não exija forma expressa. Assim, o silêncio pode 
importar em anuência, se as circunstâncias e os usos o 
autorizarem e não for necessária a declaração de vontade 
expressa (art. 111 CC). É o que acontece com a doação pura, 
onde o silêncio do beneficiário é considerado como 
aceitação. 
Outro princípio básico relativo às declarações de 
vontade é de que se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem (art. 
112). Além disso, os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração (art. 113). Trata-se de referência à boa fé 
objetiva que representa um dever de conduta das partes, de 
acordo com a lealdade, honestidade, confiança etc. 
Finalmente o artigo 114 estabelece que os negócios 
jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se 
estritamente. 
DEFEITOS 
Defeito é todo vício que macula o ato jurídico, 
tornando-o passível de anulação. Pode ser grave (vicia o ato 
de forma definitiva) ou leve(pode ser remediado pelo 
interessado). Podemos dizer que um ato é válido, quanto ao 
consentimento, se “eu faço algo que eu queria fazer e isto 
não prejudica ninguém”. Às vezes eu posso fazer algo que 
eu não queria fazer (e quantas vezes isso ocorre conosco ...); 
quero comprar algo e me engano... ou sou enganado. 
Outras vezes quero fazer algo e faço exatamente aquilo que 
eu queria fazer. Mas o que fiz afeta a terceiros, 
prejudicando essas pessoas, que não foram partes do 
negócio principal, mas que foram lesados com a minha 
conduta. Em qualquer uma das duas situações surgem os 
defeitos relativos à vontade. 
Assim: Se existe uma vontade, porém sem a 
correspondência com aquela que o agente quer exteriorizar, 
o negócio jurídico será viciado ou deturpado, tornando-se 
anulável, se no prazo decadencial de 04 anos for movida 
ação de anulação. São os chamados vícios de 
consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e 
lesão). Nestes casos há uma desavença entre a vontade real 
e a vontade declarada. 
Existem outras hipóteses em que se tem uma 
vontade funcionando normalmente, havendo até 
correspondência entre a vontade interna e a manifestação, 
mas, no entanto, ela desvia-se da lei ou da boa-fé 
infringindo a lei e prejudicando terceiros; também são 
passíveis de anulabilidade. São os vícios sociais (simulação e 
fraude contra credores). 
Vamos mais uma vez, apresentar um esquema para 
melhor classificar os defeitos relativos à vontade. Depois 
vamos analisá-los um a um. 
DEFEITOS 
1 - Ausência de Vontade -Negócio Nulo 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
2 - Vícios de Consentimento - Erro ou Ignorância, 
Dolo, Coação, Lesão e Estado de Perigo. 
3 - Vícios Sociais -Simulação e Fraude contra 
Credores 
ERRO OU IGNORÂNCIA (arts. 138 a 144 CC) 
Erro é a noção falsa que se tem de um objeto ou de 
uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato 
baseando-se em falso juízo ou engano. A ignorância é o 
completo desconhecimento acerca do objeto. 
Só é anulável se o erro ou a ignorância for 
essencial, conforme veremos. 
O erro é um registro falso. A pessoa se engana 
sozinha. Ninguém a induz a erro. Pode ser cometido por 
conta própria. O Código Civil equipara o erro à ignorância 
quanto aos efeitos; as consequências são idênticas no 
campo do direito. O erro pode ser classificado em: 
A) ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL (escusável e real) -
quando se refere à natureza do próprio ato; recai sobre 
circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio. 
Pode ser classificada: 
• no próprio negócio (ex.: dou como empréstimo e 
a pessoa recebe como doação; quero vender, mas acabo 
doando). 
• sobre o objeto principal da declaração de 
vontade ou sobre alguma qualidade a ele essencial (ex.: 
pensa-se comprar ouro e compra-se liga de cobre, compro 
cavalo de carga pensando se tratar de “puro-sangue” etc.). 
 • sobre a qualidade essencial da pessoa: 
1- Casamento: 
a) identidade do outro cônjuge sobre a sua honra, 
boa fama etc. 
(ex.: casar-se com pessoa e descobrir depois se 
tratar de criminoso procurado, viciado em tóxicos etc.). 
b) ignorância de defeito físico irremediável ou 
moléstia grave, transmissível. 
2 - Testamento: 
- deixo uma joia para X, que salvou minha vida. 
Descobre-se que foi Z e não X quem salvou minha vida (o 
erro quanto ao fim colimado ou por falsa causa só vicia a 
declaração de vontade, quando expresso como razão 
determinante). 
• erro de direito– O erro de direito é o engano 
quanto à existência ou interpretação da norma jurídica. 
Como regra ele não admite escusa, não pode ser alegado. 
No entanto admite-se o erro de direito (e anula-se o ato 
jurídico) se o ato não implica em recusa à aplicação da lei e 
for o motivo único ou principal do Negócio Jurídico (art. 139, 
III, CC). Isto é, não pode o ato recair sobre a norma cogente 
(impositiva, de ordem pública), mas tão-somente sobre 
normas dispositivas. 
“Ninguém pode se escusar de cumprir a lei 
alegando que não a conhece” - Princípio da Obrigatoriedade 
- O erro, como regra, recai sobre uma situação de fato (o 
contrato, o objeto, a pessoa etc.). É o erro de fato sobre 
uma situação concreta. 
Já o erro de direito é aquele que diz respeito à 
existência de uma norma jurídica, supondo-se que a lei não 
existe ou que não esteja em vigor. Ex: firmar um contrato de 
locação com base na lei antiga, pensando que ainda está 
vigorando. 
Importante - Só o erro substancial, essencial, 
escusável, real, anula o negócio jurídico. 
O erro deve ser de tal forma que, caso a verdade 
fosse conhecida, o ato não seria realizado. Mas o 
contratante que se achou em erro e promove a invalidade 
do contrato pode ser condenado a ressarcir os danos que 
causar à outra parte por não ter procedido com a diligência 
necessária ao prestar o seu consentimento. 
B) ACIDENTAL -concernente às qualidades 
secundárias ou acessórias da pessoa ou do objeto. Não vicia 
o ato; este continua válido, produzindo efeitos, por não 
incidir sobre a declaração de vontade. Ex: compro um carro 
de número de série diferente; compro uma casa pensando 
que tem quatro janelas, mas só tem três; doei um relógio a 
uma pessoa pensando ser ela solteira, mas é casada etc. 
Também o chamado erro de cálculo (inexatidão material) 
não é causa de anulação do negócio, mas de retificação (art. 
143 CC). 
Erro X Vício Redibitório 
Essa é uma distinção muito importante. Já vi cair 
esta distinção em diversas ocasiões em concursos e, de fato, 
confunde um pouco o candidato. O vício redibitório, como 
veremos em aula posterior (contratos), é o defeito oculto na 
coisa, que a torne imprópria para o uso a que se destina ou 
lhe diminua o valor. Não há qualquer erro no momento da 
celebração do negócio; o que há é um defeito no objeto (e 
não na vontade do adquirente), que não foi notado, já que 
era oculto. 
No erro há um engano por parte do adquirente; é 
um vício de ordem subjetiva, pois foi a vontade que foi 
viciada pela falsa percepção da realidade, não havendo vício 
no objeto. 
DOLO (arts. 145 a 150 CC) 
Dolo é o artifício empregado para enganar alguém. 
O dolo, o agente emprega artifícios manobras ardilosas ou 
maliciosas, para levar alguém à prática de um ato que o 
prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. Requer 
a vontade de enganar alguém (a doutrina chama isso de 
animus decipiendi). 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
O dolo pode ser classificado em: 
• Dolo Principal, essencial ou substancial (dolus causam) -é 
aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele 
não se teria concluído, acarretando, então, a 
anulabilidade do negócio jurídico. É preciso que haja uma 
relação de causa e efeito entre a indução do erro e a 
prática do negócio 
• Dolo Acidental (dolus incidens) - leva a vítima a realizar o 
negócio, porém em condições mais onerosas, não 
afetando sua declaração de vontade. O negócio teria sido 
praticado de qualquer forma, embora de outra maneira. 
Não anula o negócio, apenas obriga a satisfação de 
perdas e danos ou uma redução da prestação acordada. 
O dolo ainda pode ser classificado em: 
• Dolus Bonus (dolo bom) - é um comportamento tolerado 
nos meios comerciais. Consiste em reticências, exageros 
nas boas qualidades da mercadoria ou dissimulações de 
defeitos. É o artifício que não tem a finalidade de 
prejudicar ninguém. Não é anulável, desde que não venha 
a enganar o consumidor, mediante propaganda abusiva. 
• Dolus Malus (dolo mau) -consiste em manobras astuciosas 
para enganar alguém e lhe causar prejuízo. É anulável. O 
dolo mau pressupõe: 
- prejuízo para o autor do ato; 
- benefício para o autor do dolo ou terceiro. 
O dolo ainda pode ser: 
• Positivo (ou comissivo) -ação dolosa, artifícios 
positivos (ex.: falsas afirmações sobre a qualidade da coisa). 
• Negativo -omissão dolosa, ocultação de algo que 
a parte contratante deveria saber (ex.: seguro de vida 
omitindo doença grave e vem a falecer dias depois) assim, 
mesmo o silêncio pode ser mecanismo de atuação dolosa. 
Observações: 
• Dolo x Erro - o erro deriva de um equívoco da 
própria vítima, sem que a outra parte tenha concorrido para 
isso; o dolo é intencionalmente provocado na vítima pelo 
autor do dolo. 
• Dolo recíproco -quando ambas as partes agem 
com dolo, configurando-se torpeza bilateral, ocorre a 
neutralização do delito. 
Não haverá a anulação. O ato é válido. 
• Não se admite invocação do dolo para se anular 
casamento. 
COAÇÃO (arts. 151 a 155 CC) 
Coação é a pressão física ou moral exercida sobre 
alguém para obrigá-lo a praticar determinado ato. Na 
coação o agente sofre intimidação, oferecendo-se ao 
paciente duas alternativas: emitir declaração de vontade 
que não pretendia originalmente ou não o fazer e sofrer as 
conseqüências decorrentes da concretização de uma 
ameaça ou de uma chantagem. 
Espécies: 
• coação física (vis absoluta) -é o constrangimento 
corporal que retira toda capacidade de querer, implicando 
ausência total de consentimento, acarretando nulidade do 
ato (ex.: amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-la assinar 
contrato). 
• coação moral (vis compulsiva) -atua sobre a 
vontade, sem aniquilar-lhe o consentimento, pois conserva 
ela uma relativa liberdade, podendo optar entre a realização 
do negócio que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada 
(ex.: se não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vou 
estuprar sua mulher, vou mostrar uma foto sua em uma 
situação constrangedor etc.). 
COAÇÃO 
a) Física – não há consentimento algum – ausência 
de vontade – ato inexistente. 
b) Moral – há um consentimento viciado – ato 
anulável 
Requisitos para anulação 
• causa determinante do negócio jurídico 
- nexo causal entre o meio intimidativo e o ato 
realizado pela vítima. 
• temor justificado 
- como a morte, cárcere privado, desonra, 
mutilação. O grau de ameaça deve ser apreciado pelo Juiz. 
• dano iminente 
- suscetível de atingir a pessoa da vítima, sua 
família, seus bens etc. 
• dano grave e sério 
- ameaça deve ser grave (se a ameaça for 
indeterminada ou impossível não é capaz de anular o ato) e 
séria, capaz de assustar a vítima (ou paciente). 
Observação – O dano pode atingir pessoa não 
pertencente à família da vítima, hipótese em que o Juiz 
decidirá com equidade, se houve ou não a coação. A coação 
exercida por terceiro, ainda que dela não tenha ciência o 
contratante, vicia o negócio (anulável). Se a coação exercida 
por terceiro for previamente conhecida pela parte a quem 
aproveitar, esta responderá solidariamente com aquele por 
todas as perdas e danos (art. 154 CC). 
Excluem a coação 
• ameaça do exercício normal de um direito (ex.: se 
você não pagar a dívida, vou protestar o título e requerer 
sua falência; a pessoa que casa para extinguir ação penal, 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
por ter mantido relações sexuais com menor de 16 anos, não 
poderá alegar coação etc.). 
• simples temor reverencial -o receio de desgostar 
os pais, ou pessoas a quem se deve respeito e obediência é 
incapaz de viciar o negócio. 
ESTADO DE PERIGO (art. 156 CC) 
Configura-se o estado de perigo quandoalguém, 
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua 
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa (art. 156 do CC). A 
vítima não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas 
pelas circunstâncias de um caso concreto, foi compelida a 
celebrar um negócio extremamente desfavorável. 
Tratando-se de pessoa não pertencente à família 
do contratante o Juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
A pessoa temerosa de grave dano moral ou 
material (situação equiparada ao estado de necessidade, 
mas que com ele não se confunde), acaba assinando 
contrato, mediante prestação exorbitante (ex.: pai que 
tendo filho sequestrado, vende suas jóias por valor muito 
inferior ao mercado; vítima de acidente automobilístico que 
assume obrigação exagerada para ser salva de imediato; É 
necessário que a outra parte tenha conhecimento da 
situação de desespero do primeiro e se aproveite dessa 
situação. 
A sanção é a anulação – arts. 171, II e 178, II do CC 
(prazo de 04 anos). A anulação se dá pela ofensa ao senso 
de justiça que deve estar presente nos contratos em razão 
da sua função social; a parte agiu contra o princípio da boa 
fé objetiva, pois se aproveitou da situação de necessidade 
para tirar vantagem do negócio. 
LESÃO (art. 157 CC) 
Este instituto visa proteger o contratante em 
posição de inferioridade ante o prejuízo por ele sofrido na 
conclusão do contrato, devido a desproporção existente 
entre as prestações. Decorre do abuso praticado em 
situação de desigualdade, punindo a chamada “cláusula 
leonina” e o aproveitamento indevido na realização do 
contrato (ex.: pessoa está em vias de ser despejado e, 
premido pela necessidade de abrigar sua família e não ver 
seus bens deixados ao relento, acaba realizando outro 
contrato por valor muito acima do mercado, negócio esse 
que, se tivesse condição de meditar, jamais faria). 
O art. 157 do CC prescreve que ocorre a lesão 
quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. Aprecia-se a 
desproporção das prestações segundo os valores vigentes 
ao tempo em que o contrato foi celebrado. Requisitos: 
• Objetivo – manifesta desproporção entre as 
prestações recíprocas. 
• Subjetivo – dolo de aproveitamento, de 
necessidade, de inexperiência alheia ou premente 
necessidade, levando-a a realizar negócio prejudicial. 
A sanção é a anulação – arts. 171,II e 178, II do CC 
(prazo de 04 anos). 
Não se decretará a anulação do negócio se for 
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito (lesão especial ou 
qualificada). 
Estado de Perigo x Lesão – diferença básica 
Enquanto no estado de perigo o contratante, entre 
as consequências do grave dano que o ameaça e o 
pagamento de uma quantia exorbitante, opta pelo último 
(com a intenção de minimizar ou sanar o mal), na lesão o 
contratante, devido a uma necessidade econômica, realiza 
negócio desproporcional; há uma situação 
dehipossuficiência de uma das partes e aproveitamento 
desta circunstância pela outra. 
SIMULAÇÃO (art. 167 CC) 
Simulação é a declaração enganosa da vontade, 
visando a obter resultado diverso do que aparece, com o fim 
de criar uma aparência de direito, para iludir terceiros ou 
burlar a lei (ex.: faço contrato de compra e venda 
objetivando, na verdade, fazer uma verdadeira doação). O 
novo Código Civil não trata mais a simulação como um 
defeito social; atualmente a colocou em outro capítulo, 
referente à invalidade do negócio jurídico, que acarreta a 
nulidade do ato. No entanto a doutrina ainda a classifica 
como vício social. 
Na simulação há um desacordo entre a vontade 
declarada e a vontade interna e não manifestada. As partes 
fingem, criando uma aparência, uma ilusão externa, que 
oculta a real intenção dos contratantes. Na simulação as 
duas partes contratantes estão combinadas e destina-se a 
iludir terceiros. Só vicia o ato quando houver intenção de 
prejudicar terceiros ou violar disposição de lei. A despeito 
do novo Código, a doutrina continua classificando a 
simulação da seguinte forma: 
1) Absoluta -a declaração enganosa de vontade 
exprime um negócio jurídico, mas não há intenção de 
realizar negócio jurídico algum (ex.: proprietário de uma 
casa alugada que, com a intenção de facilitar o despejo 
contra seu inquilino, finge vendê-la a terceiro; emissão de 
título de crédito que não representa qualquer negócio feito 
por um dos cônjuges para prejudicar outro na partilha numa 
separação). 
2) Relativa -uma pessoa, sob a aparência de um 
negócio fictício, pretende realizar outro, que é o verdadeiro 
e diverso, no todo ou em parte, do primeiro. Há dois 
contratos: a) o simulado (aquele que se declara, mas não se 
quer); b) o dissimulado (aquele que traduz a vontade real 
das partes). 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
O que a lei determina é que o negócio dissimulado 
será mantido, desde que válido na forma e na substância. 
Ex.: pai deseja doar um imóvel a um de seus filhos, mas não 
quer que este bem seja trazido à colação quando de sua 
morte. Simula, então, uma compra e venda. 
Neste caso, se forem obedecidos os requisitos 
legais da doação (negócio dissimulado, pois esta era a real 
intenção do pai desde oinício), ela será mantida. Note que 
neste caso o bem doado deve sair da parte disponível do 
patrimônio do pai. Ou seja, ao contrário do que se pensa, 
um pai pode favorecer mais um filho em detrimento de 
outro. Mas isso deve ser feito por meio de um testamento e 
dentro da chamada “parte disponível” do pai. 
Pelo artigo 167, §2º a simulação ainda pode ser: 
a) subjetiva (por interposta pessoa ou ad 
personam) -se a parte contratante não for o indivíduo que 
tira proveito do negócio. É o testa-de-ferro ou o homem de 
palha (ex.: pessoa vende objeto à outra, para que esta 
transmita a terceiro, sendo que a intenção era transferir 
para o terceiro desde o início). 
b) objetiva (ou simulação de conteúdo) -relativa à 
natureza do negócio pretendido, ao objeto ou a um dos 
elementos contratuais (ex.: doação de homem casado à 
amante, dando-se a aparência de compra e venda; passar 
escritura por preço inferior ao do negócio real para burlar o 
fisco; colocar data diversa no documento etc.). 
c) inocente – quando não existir intenção de violar 
a lei ou de lesar outrem, devendo ser tolerada (ex.: pai que 
simula venda a filho único, mas na verdade doou o bem; 
pessoa sem herdeiros necessários que simula venda a 
terceiro, a quem se pretende deixar um legado etc.). 
d) maliciosa – envolve o propósito de prejudicar 
terceiros ou de burlar o comando legal, viciando o ato que 
perderá a validade, sendo nulo. 
A doutrina vem entendendo que o Código Civil não 
mais distingue a simulação inocente da maliciosa, pois 
ambas produzem o mesmo resultado: nulidade do negócio 
simulado. 
Observações Importantes 
1 – Estabelece o artigo 168 e parágrafo único do CC 
que as nulidades do artigo 167 podem ser alegadas por 
qualquer interessado ou pelo Ministério Público. Devem ser 
pronunciadas pelo Juiz, não lhe sendo permitido supri-las, 
ainda que a requerimento das partes. 
2 – A nulidade do ato simulado não pode 
prejudicar terceiros de boa fé que tenham negociado com 
um dos simuladores (art. 167, §2º CC). 
 
Simulação X Reserva mental 
Na reserva mental há a emissão de uma declaração 
unilateral de vontade não desejada nem em seu conteúdo 
nem em seu resultado; o agente quer algo e o declara, 
conscientemente, coisa diferente. Ex.: uma pessoa que 
empresta dinheiro a alguém que está desesperado. Na 
verdade ela não quer fazer um contrato de mútuo 
(empréstimo), e sim ajudar a pessoa, enganando-a. Na 
verdade ela quer ajudar a pessoa doando o dinheiro. Assim, 
finge que está emprestando,mas ela sabe que o devedor não 
terá condições de lhe pagar o empréstimo. Portanto o 
“empréstimo”, na verdade foi “a fundo perdido”. Outro 
exemplo: pessoa se casa, não com o intuito de contrair 
matrimônio, mas sim para não ser expulsa do País etc.). O art. 
110 do CC prescreve: “a manifestação de vontade subsiste 
ainda que o seu autor haja feito reserva mental de não querer 
o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha 
conhecimento”. A reserva mental pode ser fraudulenta ou 
inocente, se houver ou não intenção de prejudicar. 
Lembrando que na simulação há consenso entre os 
simuladores. 
Observação: Nos termos do enunciado 294 da 4ª 
Jornada de Direito Civil, sendo a simulação causa de 
nulidade do negócio jurídico, pode uma das partes alegá-la 
contra a outra. Apesar de sabermos que não é dado alegar a 
própria torpeza em juízo, a nulidade é tão grave que pode 
até ser reconhecida de ofício. Ou seja, como a simulação 
gera a nulidade absoluta do negócio, considerando-se que o 
negócio nulo pode ser inclusive reconhecido de ofício pelo 
juiz, qualquer dos simuladores poderá impugnar o negócio 
em juízo. 
Ver enunciado 294 da 4º jornada: “Sendo a 
simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, pode 
ser alegada por uma das partes contra a outra”. 
Ou seja, negócio nulo pode ser arguido por 
qualquer pessoa, e inclusive de ofício pelo juiz. 
O que é contrato de vaca-papel? 
Conceito: trata-se de um contrato agrário (de parceria 
pecuária) que, em verdade, mascara (dissimula) um 
empréstimo a juros extorsivos. É um contrato simulado. 
O STJ já pronunciou que o contrato de vaca-papel é 
simulado (RESP 441903 – SP). 
O que é reserva mental? 
A reserva mental se configura quando o agente emite 
declaração de vontade resguardando o íntimo propósito de 
não cumprir o efeito jurídico pretendido. 
Qual é a consequência jurídica que decorre da manifestação 
da reserva, ou seja, o que se dá quando a outra parte toma 
conhecimento da reserva? 
1ª corrente doutrinária – defendida pelo Ministro Moreira 
Alves e adotada no art. 110 do CC: sustenta que tomando 
ciência da reserva a outra parte o negócio se torna 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
inexistente. 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o 
seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que 
manifestou, salvose dela o destinatário tinha 
conhecimento. 
2ª corrente doutrinária: afirma que manifestada a reserva e 
dela tomando conhecimento a outra parte o negócio torna-
se inválido (por dolo ou simulação). 
 
FRAUDE CONTRA CREDORES (arts. 158 a 165 CC) 
Constitui fraude contra credores a prática 
maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam seu 
patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução 
por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. 
Ressalvadas as hipóteses de credores com garantia real 
(conforme veremos na aula sobre Direito das Coisas, mas já 
adiantando alguns exemplos: penhor, hipoteca e anticrese) 
os demais credores estão em idênticas condições no 
recebimento de seus créditos. 
Se o patrimônio do devedor não for suficiente para 
o pagamento de todos os credores haverá um rateio 
(chamado pela doutrina, especialmente no D. Comercial, de 
par conditio creditoris). E, no caso do devedor praticar atos 
com a finalidade de frustrar o pagamento devido, ou 
tendentes a violar a igualdade entre os credores, ocorrerá a 
fraude contra credores. Observe que não é a vontade que se 
encontra viciada; o vício reside na finalidade ilícita do ato 
(portanto é um vício social). 
Elementos: 
• objetivo (eventus damni) -ato prejudicial ao 
credor, por tornar o devedor insolvente. 
• subjetivo (consilium fraudis) -má-fé -intuito 
deliberado de prejudicar, com a consciência de que de seu 
ato advirão prejuízos. 
São suscetíveis de fraude: 
• a título gratuito -doação de bens, perdão 
(remissão) de dívidas. Ex: estou devendo uma determinada 
importância e não desejo pagá-la. Tenho bens para saldar 
minha dívida. Então começo a “doar” meus bens. Basta a 
prática de um desses atos em estado de insolvência, para se 
presumir a fraude. Não se exige má-fé. O ato pode ser 
anulado pelos credores quirografários. 
• a título oneroso -se oneroso, sai um valor do 
patrimônio do devedor (ex.: imóveis) mas entra outro 
(dinheiro). Desde que insolvente ou for notória a insolvência 
(ex.: já havia protestos contra o devedor), ou há presunção 
(juris tantum – admite prova em contrário) de que irá 
dissipar o que recebeu (ex.: venda do único imóvel além do 
bem de família em data próxima do vencimento das 
obrigações e não há outros bens para solver o débito; 
parentesco próximo, amizade íntima, o preço vil, etc.). Será 
reputada uma venda fraudulenta se não houver dinheiro 
suficiente para pagar o credor. Se houver sobra patrimonial 
que permita honrar seus débitos, não haverá fraude contra 
credores. 
Se o comprador não tinha como saber o estado de 
insolvência do vendedor (estava de boa fé) não se anula o 
negócio (protege-se o comprador). 
• pagamento antecipado das dívidas -por si só não 
é fraude. Mas se o devedor insolvente paga dívida ainda não 
vencida em detrimento de outras que já se venceram, 
frustrando a igualdade entre os credores, há fraude contra 
credores, sendo o primeiro pagamento anulado. 
Conceitos – Algumas palavras que falamos acima 
são importante para o entendimento da matéria: 
• Credor quirografário (do grego chirografo – chiro 
– mão; grafo - grafia - escrito = escrito à mão, assinado) -é o 
credor sem garantias especiais. Ele conta apenas com a 
garantia comum a todos os credores: o patrimônio do 
devedor. 
• Insolvência -é um estado de fato e ocorre 
quando a soma do patrimônio ativo do devedor é inferior à 
do passivo; o valor das dívidas excede o valor dos bens. 
Ação Pauliana (ou revocatória) 
• os atos eivados de fraude contra credores são 
anuláveis através de ação própria, chamada de pauliana; é 
uma ação declaratória de ineficácia do negócio. Deve ser 
proposta pelos credores quirografários (e que já o eram ao 
tempo da alienação fraudulenta) contra o devedor 
insolvente e também contra a pessoa que celebrou negócio 
jurídico com o fraudador ou contraterceiros adquirentes 
que hajam procedido de má fé (há um litisconsórcio passivo 
necessário). 
• O principal efeito desta ação é revogar o negócio 
lesivo aos interesses dos credores, repondo o bem no 
acervo sobre o qual se efetuará o concurso de credores. O 
prazo decadencial para o ajuizamento da ação é de 04 anos 
a contar da celebração do negócio. 
Portanto, a ação judicial que visa impugnar o 
negócio fraudulento pelo credor preexistente é a Ação 
Pauliana ou Ação Revocatória. Trata-se de uma ação 
pessoal (por isso que não há exigência de outorga uxória) e 
o prazo decadencial para se propor essa ação é de 4 anos. 
A legitimidade ativa para propor a Ação Pauliana é 
do credor preexiste (ele é o prejudicado). 
Obs.: Em geral, é o credor preexistente sem 
garantia (quirografário) que tem interesse e legitimidade 
ativa na Ação Pauliana. Sucede que, nos termos do 
parágrafo 1º do art. 158, fica claro que também o credor 
preexistente com garantia pode manejar a Ação Pauliana, se 
a garantia se tornou insuficiente. 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de 
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XXXI EXAME/1ª FASE/2019 OAB 
bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já 
insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando 
o ignore, poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus direitos. 
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia 
se tornar insuficiente. 
O réu é o devedor insolvente, aquele que realizou

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