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A CONSTRUÇÃO DE UM PENSAMENTO DECOLONIAL SOBRE A HISTÓRIA E CULTURA DA POPULAÇÃO NEGRA (1)

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HISTÓRIA - LICENCIATURA
MATHEUS ANTONINO DA SILVA SOUSA
A CONSTRUÇÃO DE UM PENSAMENTO DECOLONIAL SOBRE A HISTÓRIA E CULTURAL DA POPULAÇÃO NEGRA
João Pessoa
2022
matheus antonino da silva sousa
A CONSTRUÇÃO DE UM PENSAMENTO DECOLONIAL SOBRE A HISTÓRIA E CULTURAL DA POPULAÇÃO NEGRA
Trabalho apresentado à Universidade Pitágoras, como requisito parcial à aprovação no 6º semestre do curso de HISTÓRIA (LICENCIATURA).
Orientador: Prof. Silvio José de Oliveira.
João Pessoa
2022
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	3
2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................4
2.1 FORMAÇÃO DOS IMPÉRIOS AFRICANOS, FORTALECIMENTO COMERCIAL A PARTIR DO SINCRETISMO RELIGIOSO E OS PRIMEIROS CONTATOS COM OS LUSITANOS...................................................................................................................6
2.2 IMPERIALISMO E O PENSAMENTO EUROCÊNTRICO SOBRE AS POPULAÇÕES AFRICANAS............................................................................................................8
2.3 CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO DECOLONIAL ATRAVÉS DA DISCUSSÃO EM SALA DE AULA E IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NOS CURRÍCULOS PRIORITARIOS DE ENSINO DOS MUNICÍPIOS..............................................................................................................10
4 CONCLUSÃO	12
REFERÊNCIAS	13
1 INTRODUÇÃO
	A principal função do historiador é buscar clareza aos fatos que precisam ser debatidos e o entendimento das mudanças sociais ocorridas em seu espaço de vivência. Analisar a história da formação cultural, política, econômica e social do Brasil ou qualquer sociedade vivente podemos perceber a influência de diversos povos para sua construção, a invasão pelos holandeses e espanhóis, chegada dos portugueses a costa do litoral liderada pelo navegador Pedro Álvares, os indígenas que aqui habitavam e os diversos africanos que foram transportados de seu continente para aqui serem escravizados.
	Neste presente trabalho discutiremos as relações de alguns impérios africanos localizados no norte africano, que realizavam entre si a comercialização de ouro, sal, cavalos e escravos através do Sehal, que através desta interação chamou a atenção portuguesa a explorar as terras existentes no Atlântico. Ao analisar os primeiros contatos dos "homens brancos”, “homens santos” e “homens desenvolvidos” que traziam a ideia de que as populações negras eram condenadas a escrvidão pela mera cor de sua pele. 
	Alegavam aos africanos que em troca de todo o minério eles apresentariam a eles o desenvolvimento, já que os mesmos estavam atrasados para seu século criando assim o pensamento “fardo do homem branco”, que após alguns séculos seria desconstruído na antropologia moderna que esclareceu que independente dos diferentes modos de produção, cada cultura estava se desenvolvendo a sua maneira e que todas seguiam o mesmo patamar de importância social. Uma prova disto é o pensamento do antropólogo Lewis Henry Morgan, que trás em uma de suas obras a ideia de que o ser humano surgiu de um mesmo ponto inicial passando por três estágios até a sua ideia de civilização:
As mais recentes investigações a respeito das condições primitivas da raça humana estão tendendo à conclusão de que a humanidade começou sua carreira na base da escala e seguiu um caminho ascendente, desde a selvageria até a civilização, através de lentas acumulações de conhecimento experimental [...] (MORGAN, 2005, p. 49).
	Através de seu texto Lewis nos leva a compreender que para a possível formação de todas famílias (primeira e principal instituição que compõe o estado, pois através dela o indivíduo tem seus primeiros contatos e formações sociais) hoje presente, todas surgiram de um mesmo ponto de evolução tomando rumos de desenvolvimento culturais diferentes.
	Diante deste pequeno relato relacionado a exploração das civilizações africanas, pelos povos europeus trabalharemos a construção de um pensamento decolonial para enfrentamento e desconstrução de teorias, conceitos e teses que surgiram com a intenção de justificar todo o sofrimento e trabalho escravo sofrido pelos povos africanos nos períodos coloniais. 	
	
	 
2 DESENVOLVIMENTO
2.1. FORMAÇÃO DOS IMPÉRIOS AFRICANOS, FORTALECIMENTO COMERCIAL A PARTIR DO SINCRETISMO RELIGIOSO E OS PRIMEIROS CONTATOS COM OS LUSITANOS.
			Antes dos primeiros contatos entre os portugueses e africanos, já existia no continente uma estrutura comercial que centralizava principalmente através do Sahel (separação do deserto Saara e a savana do Sudão) que por mas que apresentasse difíceis e cansativas as condições de viagem há indícios de que existiam maiores centros comerciais do que na própria Europa da Idade Média. Está forte comercialização ocorria da mas simples negociação entre pastores nômades e agricultores sedentários que buscavam estercos para fertilização e pastos para alimentação dos animais, até os produtos mais cobiçados como o ouro, sal, cavalo (visto como um dos importantes apoios militares) e escravos, importante entendermos que essa servidão encontrada entre os povos africanos era obtida através dos confrontos entre si e que esses servos não cresciam socialmente mais suas funções eram herança para suas gerações futuras.
			O acesso às salinas, as minerações de ouro e o controle dos cruzamentos estabeleceram afluência ao poder e a formação de impérios que levantando-se outras aldeias adquiriram para si servos, utilizados como moedas de troca com os comerciantes do deserto (esses reféns serviam principalmente para a troca por cavalos, que como explicado eram considerados importantes forças militares. O império de Gana iniciou seu crescimento a partir do século VIII, que se beneficiou de sua localização às margens do Rio Níger e Senegal para crescer politicamente e economicamente, porém por não firma totalmente seu império, Gana passará pelo processo de declínio que irá fortalecer a entrada do Império do Mali como também um dos importantes reinos na comercialização africana. O surgimento do Mali pode ser associado aos caçadores que protegiam as minas de Buré, os quais impunham tributos para os que optarem por explorar o metal amarelo, essa proteção originou grupos que se organizaram politicamente e deram início ao então império do Mali. O controle do acesso às minas, os portos das caravanas e seus caminhos interligados, as conquistas das cidades de Gao, Walata, Tombactu (considerada umas das cidades principais do esquema político e centros dos estudos das sociedades africanas) e Djene, só colaboraram para o fortalecimento do Mali, porém seu declínio virá pelo mesmo deslize que o Império de Gana, que em sua expansão não irá firma territórios visando apenas a multidão de súditos, o que levava a ter em cada aldeia seu líder local que possuía poderes, o que possibilitou o declínio do império do Mali. O Mali através do Mansa (termo usado para se referir ao líder do império) Mussa em sua peregrinação a Meca para fortalecimento religioso entre o império e a religião islâmica, passou pelo Egito com tanto ouro que desvalorizou o metal usado no território chamando a atenção dos povos lusitanos que faziam parte da rota comercial do ocidente, o que trouxe os portugueses a embarcarem em jornadas marítimas pelo oceano atlântico. O sincretismo religioso é um dos pontos importantes quando falamos da formação comercial na África, pois podemos perceber que estudando a fundo teremos uma tolerância religiosa pois mesmo quando o islamismo estava instalado na África muitas comunidades não abandonaram os cultos aos seus ancestrais, podemos concluir que a união entre alguns reinos africanos como o Mali apenas estabeleciam o islamismo como religião oficial do império para manter firme as relações econômicas com as sociedades do oriente, que tinham grande influência nas trilhas comerciais africanas. 
	Por seguir as mesmas linhas de construção imperial do Império deGana o Mali terá seu processo de declínio dando início a formação de mais um império o reino Songai, que assumirá no século XIV o controle da região de Gao, que se tornou a sua capital importante, sua expansão militar ocorreu no reinado de Sonni Ali, que abandonou as práticas de pilhagem (tal prática colaborou para o declínio de Gana e Mali) e adotou a conquista de território centralizando o poder, cobrando impostos e sempre enviando servos para fiscalização do funcionamento de suas terras. Com uma organização bem articulada Songai teve sucesso a mas que os impérios que o antecederam, porém, tal destaque comercial e político levou os songaneses a uma guerra com os marroquinos, sociedade com a qual disputava o controle das salinas do Saara Ocidental, no confronto os marroquinos lutaram com armas de fogo, onde saíram vitoriosos invadindo e destruindo o estado de Songai em 1591.
Com a tomada de Ceuta em 1415 pelos portugueses, os lusitanos passaram a ter acesso ao continente africano e participar das comercializações existentes no território, sabiam que Ceuta era uma das principais passagens do ouro, porém apesar de ser uma cultura que possuísse um desenvolvimento marítimo forte ainda não havia aventurado no oceano atlântico. Com a chegada dos portugueses a Ceuta os marroquinos passaram a destinar o ouro sudanês a outros centros de comercialização africanos, porém, com a passagem da comitiva de Mansa Mussa até Meca para fortalecimento e oficialização do islamismo como religião oficial do império chamou a atenção do lusos que os levou a se aventurarem nas costas ocidentais da África, chegando ao rio do Gai e iniciando as suas comercializações com os impérios formados, é preciso destacar que diferente da religião islâmica que buscava o fortalecimento comercial entre o continente africano e as comunidades orientais, as comitivas portuguesas através do cristianismo tinham o anseio da colonização, visualizamos tal tentativa na sua chegada a Guiné que se encontrava politicamente dividida entre a população que habitava no campo e as aldeias praieiras, e que mantinham suas tradições culturais e tinham um forte laço religioso através da crença de que a família seria considerado um “místico-espiritual”. Ao se aventurarem no continente africano sem conhecerem e compreenderem as formações dos povos originários se deu inicio ao processo de colonização forçado para que os guineenses aceitassem ao cristianismo e possibilitasse a comercialização entre os dois mundos, a partir deste choque entre duas culturas podemos considerar a religião como principal ponto para o fortalecimento da colonização europeia.
Porém mesmo com muitas tentativas a população do Guiné que se localizava no interior do país não cederam facilmente as iniciativas de colonização e comercialização com os portugueses, segundo as análises de Claude Lepine (1999), as sociedades rurais africanas organizavam-se em clãs e em linhagens patrilineares, configurando o chamado modo de produção de linhagens, eram conjuntos de pessoas que acreditavam ser descendentes de antepassados místicos espirituais comum, o que os levava a ter uma organização política e social, entre eles não havia estabelecimentos de leis pois tinham em seu líder como um descente espiritual maior. Sua economia está ligada a agricultura e pastoreio, que também são influenciados pela caça e pesca. Essas comunidades africanas possuíam um trabalho comunitário forte sendo todos subordinados a um líder geral, sofreram com a colonização e visualização de ver sua cultura cada vez mais sendo assimilada ao do colonizador. 
	Os primeiros navegadores portugueses estabeleceram contato com guineenses a partir de 1446-1447, fundarem em 1588 na costa, Cacheu que irá abrigar os primeiros contingentes portugueses, criada como sede para os capitães portugueses. Em 1630 criaram a capitania-mor de Cacheu que foi núcleo da futura província da coroa portuguesa, dando inicio ao processo de colonização no território, após 60 anos é criado a capitania-mor em Bissau com o objetivo de sediar a nova sede administrativa e amenizar os conflitos contra a colonização existentes no território. 
2.2. IMPERIALISMO E O PENSAMENTO EUROCÊNTRICO SOBRE AS POPULAÇÕES AFRICANAS.
	O contato entre portugueses e africanos geraram consequências que podem ser notadas até os dias atuais, o desenvolvimento do capitalismo, a partir da primeira expansão europeia, na fase quinhentista, levou a incorporação progressiva dos demais continentes ao sistema, de forma subordinada e dependente. As sucessivas hegemonias navais e comerciais – ibérica, holandesa e inglesa – marcaram a presença europeia na América, África e Ásia.
	Com a perda de uma de suas principais coloniais o Brasil, que proclamou sua independência em 1822 a coroa portuguesa enfrentou dificuldades principalmente com o pensamento da nova filosofia liberal. Em 1835 os portugueses decretaram através do liberalismo a divisão de todo o território nacional do Guiné em províncias chefiadas por um prefeito e destas em comarcas eram formadas por conselhos. Para Sonia e Eduardo Homem (1997, p. 138) os portugueses tentaram seguir os caminhos de organização das suas metrópoles, porém seu poder econômico era inferior em comparação ao da França, Inglaterra e Bélgica o que os levou a alternativa de exploração do negro africano enviando homens para trabalhar nas minas sul africanas.
	Segundo Hedges e Rocha uma das principais discussões da conferência de Berlim foi a imposição de que o país colonizador só teria direito ao território tivesse ocupação sobre o local, o que levou aos portugueses a começar a transportação de civis portugueses para a oficialização da terra como sua. Após muitas operações de ocupação, a “pacificação” ocorreu, levando Guiné a como foi administrada, porém os portugueses não consideravam a perda das províncias africanas, Guiné viveu uma exploração econômica sem precedentes, durante séculos foi um dos principais pontos para o tráfico de escravos, sendo oprimida até mesmo a cultivar apenas o que seus colonizadores mandassem. Paulo Freire em sua obra intitulada de “Cartas a Guiné-Bissau”, destacava que a ideologia colonialista procurava incutir nas crianças e jovens as justificativas para situação vivida pelo seu povo, o discurso era formado pela ideia de que por ter uma cor diferenciada os mesmos nasceram para a subordinação a outros povos e a única maneira de se desprender desta exploração seria se tornando brancos ou negros de almas brancas, o que nos leve a analisar a teoria do fardo do homem brando que através de sua implantação colonizadora traz a justificação de que através das trocas comerciais entre eles os mesmo os apresentariam o desenvolvimento cultural os considerando como selvagens.
	Segundo a autora Elane Tomic o processo de colonização de um povo sobre outro, além dominação concreta, política e econômica também destrói seus símbolos culturais. Destruir os símbolos de uma sociedade quase sempre significa destituir suas instituições sociais, o aniquilamento da língua materna que resulta destruição total da identidade cultural, a implementação da religião um dos primeiros contatos sociais humanos sendo substituídos pelo do colonizador para obter a dominação e exploração do território. Porém, quando uma população é colocada em situação de exploração a mesma irá buscar uma negação crítica que irá gerar força para a destruição da subordinação a outro povo dominante.
	Segundo Sônia e Eduardo Homem, enquanto a Europa colonialista comemorava a derrota do nazismo, o IV Congresso Pan-Africanismo (1945) que aconteceu em Manchester recebeu de seus países africanos militares, que figuradamente gritaram em alto e bom som, que não aceitariam, mas as dominações europeias e que se os mesmos insistissem em utilizar a força eles também não hesitaram em lutar pela sua liberdade. Mais que uma ameaça foram palavras trazidas com intenções e que mais tarde poderiam se cumprir na Argélia e nas colônias portuguesas. Com o passar dos tempos muitas colônias passaram a conquistas suas independênciasde forma pacífica, principalmente as que faziam parte das colônias inglesas e francesas, porém, Portugal um país pequeno e pobre se agarrou com garras e dentes a suas colônias, no Guinê causou um atraso econômico e social impossibilitando a formação educacional para escapar de implantações liberais evitando conflitos no território pela busca da independência. 
	Porém mesmo na obscuridade já havia em Guinê grupos de oposição ao regime colonial, que se escondia atrás das faixadas do clubes de associações desportivas, seus grupos sempre foram reprimidos e consideras rebeldia pelos colonizadores portugueses, mas mantiveram firmes as formações ocultas de associações, em 1956 Amíl Cabral e mais cinco patriotas da Guinê foram o Partido Africano da Guinê e de Cabo Verde (PAIGC), cujo objetivo era a conquista imediata da independência e a construção da paz e bem-estar da população do Guinê e Cabo Verde. Infelizmente, em 20 de janeiro de 1973, morre Amil Cabral assassinado por agente da polícia Internacional da Defesa do Estado (PIDE), porém o anseio pela conquista de liberdade não foi derrubada e em 24 de setembro de 1973 aconteceu a Assembleia Nacional Popular que declarava a existência de um estado soberano, a República da Guinê-Bissau, rapidamente reconhecida por 63 países da comunidade internacional. 
	Com a queda do governo fascista em Portugal, em 25 de abril de 1974, levou após anos de submissão a conscientização do militares portugueses que especulavam aproximação do principio do fim do colonial, punham em marcha a “revolução dos cravos” e retiravam suas forças de ocupação de Guiné-Bissal, tornando-se a primeira colônia portuguesa africana a conhecer a independência.
2.3. A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO DECOLONIAL EM SALA DE AULA A PARTIR DA IMPLANTAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE DO ESTUDO DAS CULTURAS AFRICANAS NOS CURRÍCULOS MUNICIPAIS.
	A construção de um pensamento decolonial permite-nos rever conceitos que foram criados para justificação da submissão forçada de povos africanos à colonização das sociedades europeias. Percebe-se que nos dias atuais encontramos uma vasta facilidade de comunicação entre todas as fronteiras do mundo, podemos nos comunicar em questões de segundos com outras pessoas por mais que estejam a quilômetros longe de nós, porém a colonialidade levou as pessoas a pensarem que todo a exploração, humilhação e subordinação enfrentada pelas populações africanas contra os europeus, foi uma consequência de sua lenta “evolução” cultural, ideia total ressignificada com o surgimento da antropologia moderna. O comercial de escravos entre portugueses e africanos resultou na vinda de muitos desses servos para as terras americanas, principalmente no Brasil, onde foram escravizados e enraizaram suas culturas, lutando sempre por sua liberdade, criando e se efetivando como um dos principais povos contribuintes para a formação do País brasileiro.
	Segundo o sociólogo Émile Durkheim existem duas formas de coesão social, a solidariedade mecânica e a orgânica, iremos focar na organização orgânica que divide a sociedade em vários grupos sendo um exemplo das comunidades capitalistas. Para Durkheim, as instituições sociais são uma forma de garantir a ordem da sociedade, sendo elos de uma formação social, para o sociólogo, existem duas formas de socialização que separem as instituições sociais, a primeira socialização que é provida pelas primeiras instituições com a qual o indivíduo tem contato, ou seja, a família e a socialização secundária que coloca o indivíduo em contato com diferentes formas de socialização podendo ser a escola, trabalho, igreja e estado. Em sala de aula o indivíduo esta para desenvolver conhecimentos e construir seu protagonismo juvenil que contribuíram para sua formação social e trabalhista.
	Ao longo dos tempos muitos historiadores estudaram a escreveram sobre a trajetória da população africana, porém, levaram seus ideias para um pensamento eurocêntrico esmagando toda a força cultural expressa na história das populações do continente africano, a aula de história, os cursos de graduação e extensão no ensino superior são meios importantes para a desconstrução da superioridade eurocêntrica e a construção de um pensamento decolonial sobre as culturas africanas. A implantação das universidades no Brasil, em 1920, surgiu causando disputas entre a elite e a classe média brasileira, em todo o século XX a instalação da universidade era vista como um “projeto de interesse” desses grupos que baseiam-se nas ideias europeias e norte-americanas. Na década de 1930, as práticas para a formação dos docentes no Brasil começaram a ser alimentados por uma imagem da identidade única brasileira, fazendo parte desse projeto que abandonou símbolos de tudo o que não representasse a “realidade branca do colonizador” (NUNES, 2017, p. 3), por conta desses acontecimentos que no Brasil o conhecimento sobre os povos subalternos quase não possui espaço na produção científica brasileira.
	A colonialidade do saber se mantém no Brasil pela reprodução das narrativas eurocêntricas, que ainda são predominantes nas salas de aulas, seja do ensino superior ou do ensino básico. O currículo da disciplina de História ministrada no ensino fundamental e no médio reflete relações de poder que são historicamente construídas no processo de aprendizagem. Costard (2017, p. 172) fala da importância da prática da pedagogia decolonial, considerando-se necessária para “viabilizar os dispositivos do poder”, bem como para se questionar por que alguns grupos sociais não possuem voz nas narrativas sobre a ‘História da humanidade’. O marco para a construção do pensamento de decolonial se deu a partir da aprovação da lei 10.639/03, que estabeleceu diretrizes e bases da educação nacional, essa lei diferencia dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que traz apenas uma listagem dos conteúdos que devem ser ministrados, porém, a lei criada pela câmara dos deputados carrega a intenção de introduzir em sala de aula e nos currículos municipais a obrigatoriedade do ensino da história afro-brasileira, ressignificando a ideia de que os “brancos” são produtores do conhecimento e os “negros” objetos de estudo, mas todos sem excessões em sala de aula possuem um papel importante na transformação do espaço social em que vivem.
3. CONCLUSÃO 
	Estamos vivendo no século XXI várias mudanças sejam elas nos âmbitos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos ou culturais, porém, mesmo com uma facilidade de comunicação gigante nunca estivemos diante de uma sociedade tão desinformada como a atual, a pesquisa e investigação dos conceitos verdadeiros deixaram de ser prioridade sendo substituídos pela facilidade de noticiais entregues pelas mídias digitais diariamente. Muitos ainda pensam que o contato entre portugueses e africanos foi gerado a partir de uma mera coincidência e que por haver diferenças culturais entre os mesmos se justifica toda a história descrita por historiadores ao longo dos séculos.
	Neste documento estudamos a CONSTRUÇÃO DE UM PENSAMENTO DECOLONIAL SOBRE A HISTÓRIA E CULTURA DA POPULAÇÃO NEGRA, que apresentou inicialmente a FORMAÇÃO DOS IMPÉRIOS AFRICANOS, FORTALECIMENTO COMERCIAL A PARTIR DO SINCRETISMO RELIGIOSO E OS PRIMEIROS CONTATOS COM OS PORTUGUÊS, tal abordagem trouxe a formação dos Impérios de Gana, Mali e Songai e suas influências sobre as rotas comerciais existentes no Sahel, a importância da oficialização da religião islâmica para o fortalecimento comercial e os primeiros contatos com os lusos europeus que iniciaram sua entrada no continente africano em sua conquista a Ceuta e logo após se aventuraram pelo oceano atlântico explorando a costa litorânea e comercializando o ouro, sal, cavalo e principalmente escravos. Logo após vimos os efeitos do IMPERIALISMO E O PENSAMENTO EUROCÊNTRICO SOBRE AS POPULAÇÕES AFRICANAS, que marcaram até os dias atuais a população africana que mesmo após adquirir sua independência continuou arcando com a herança deixada pelo países colonizadores que dividiram o continente africano deacordo com os seus ideias, destituindo instituições e símbolos da cultura africana como a oralidade pois de acordo com alguns estudiosos em países africanos a língua falada não é a de origem mais a do país colonizador. Porém, a escola uma das instituições secundárias da formação social do indivíduo pode e deve ser utilizada para efetivar a construção do pensamento decolonial trazendo desmistificação sobre o continente africano e esclarecendo a importância da cultura e da população para a construção do território brasileiro, e tal ação só tem o apoio da lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da cultura e história dos povos afro-brasileiros, fortalecendo A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO DECOLONIAL EM SALA DE AULA E IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NOS CURRÍCULOS PRIORITÁRIOS DE ENSINO DOS MUNICÍPIOS.
	Diante de tudo que foi dito nesse documento, apesar das persistências na construção de justificativas para todo o sofrimento, humilhação e exploração dos povos africanos, possuímos um importante meio para a construção do pensamento decolonial a educação, que através da Constituição Federal de 1988 o direito de acesso à educação gratuita a todos, para que sejam desmistificados todos as ideias, conceitos e pensamentos errôneos criados ao longo do tempo sobre as populações africanas.
REFERÊNCIAS
DJALÓ, Mamadu. Processo de ocupação de Guinê-Bissau: um olhar sociológico sobre a dominação. REVISTA MOSAICO SOCIAL,2006.
MACEDO, José Rivair. Desvendando a história da África. Porto Alegre, UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), 2008.
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. São Paulo, Saraiva, 2005.

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