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Conteudista: Prof.ª M.ª Thaís Brienza Revisão Textual: Esp. Laís Otero Fugaitti Objetivo da Unidade: Conhecer sobre a bioquímica da pele, suas funções e sua correlação com os processos bioquímicos associados ao envelhecimento. 📄 Material Teórico 📄 Material Complementar 📄 Referências Sistema Tegumentar e a Bioquímica da Pele Sistema Tegumentar A pele é o órgão mais extenso do corpo humano, representando 16% do peso corporal. O tegumento ou pele cobre a superfície do corpo, protegendo-o das influências ambientais danosas, além de estar envolvido no controle de temperatura corporal, na absorção e eliminação de substâncias, na síntese de vitamina D, e ter função sensorial e estética. A pele propicia: A pele é composta por duas camadas, epiderme e derme, e apresenta células com diferentes funções, como os queratinócitos, os melanócitos e os fibroblastos, entre outras. São encontrados também os anexos cutâneos, como folículos pilosos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas, vasos sanguíneos e nervos (Figura 1). A hipoderme, antes considerada camada da pele, atualmente é denominada de tecido subcutâneo, tela subcutânea ou tecido adiposo, e serve de suporte e sustentação para as outras camadas da pele (RIBEIRO, 2010). 1 / 3 📄 Material Teórico Proteção do corpo contra o meio ambiente, abrasões, perda de líquido, substâncias nocivas e microrganismos invasores; Regulação do calor por meio das glândulas sudoríparas e dos vasos sanguíneos; Sensibilidade por meio dos nervos superficiais e suas terminações sensitivas. Figura 1 – Sistema tegumentar: camadas da pele e seus anexos Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons #ParaTodosVerem: ilustração do sistema tegumentar. Sobre fundo branco está a representação das camadas da pele, de cima para baixo: epiderme; derme com seus anexos: folículo piloso, glândula sebácea e glândula sudorípara; e tecido adiposo. Fim da descrição. Epiderme A epiderme caracteriza-se por um epitélio estratificado queratinizado e é a camada mais superficial da pele, com estrutura complexa formada por diferentes subcamadas de queratinócitos em diferentes graus de diferenciação. A epiderme é uma camada avascular, ou seja, não é vascularizada, não possui capilares sanguíneos e molda-se perfeitamente sobre a camada papilar da derme, sendo nutrida e irrigada por ela. Em alguns lugares, como na palma da mão e na planta dos pés, ela é espessa, dura e de textura córnea. Tem como funções a proteção mecânica da superfície corporal, barreira à permeabilidade, ação imunológica, proteção à radiação ultravioleta, manutenção da temperatura corporal e função sensorial. O epitélio estratificado da epiderme compõe-se de várias camadas, denominadas de acordo com o aspecto das células, textura, composição extracelular e posição. As camadas ou estratos que formam a epiderme, de cima para baixo, são (Figura 2): Falando sobre as células, além dos queratinócitos, células em maior proporção na epiderme, também temos as células de Langerhans (função imunológica) e as de Merkel (função sensitiva). Os queratinócitos sofrem diferenciação conforme migram da camada basal para o estrato córneo, e esse processo também é denominado queratinização. O estrato córneo é remanescente das células que contêm a queratina, principal proteína fibrosa da epiderme, rica em aminoácidos sulfurados, como a cisteína (RIBEIRO, 2010; SILVA; PENNA, 2012). De acordo com seus aminoácidos, as queratinas são classificadas em ácidas ou básicas, denominadas tipo I e tipo II, respectivamente. Os diferentes tipos de queratina geram proteínas moles, presentes nos corneócitos, responsáveis pela descamação, e proteínas duras, presentes nos pelos e unhas (SILVA; PENNA, 2012). Estrato córneo; Estrato lúcido (palma das mãos e planta dos pés); Estrato granuloso; Estrato espinhoso; Estrato basal. Figura 2 – Estratos da epiderme Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons #ParaTodosVerem: ilustração dos estratos da epiderme. Sobre o fundo branco, está a representação dos estratos da epiderme, de cima para baixo: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal. No estrato basal, em azul, está a célula de Merkel, e em cinza, o melanócito. Abaixo do estrato basal, está a derme. Fim da descrição. O estrato basal é também denominado camada germinativa, pois nele encontramos queratinócitos atuando como células-tronco, ou seja, em intenso processo de divisão celular, responsável pela substituição das células das demais camadas (RIBEIRO, 2010; SILVA et al., 2008). As células que não estão em processo de divisão conferem sustentação e proteção à epiderme. Esse estrato apresenta uma fileira de células cúbicas ou prismáticas com citoplasma denso, rico em ribossomos (SILVA et al., 2008). É a camada mais profunda, separada da derme subjacente pela membrana basal ou lâmina basal, unida aos queratinócitos pelos hemidesmossomos (Figura 3). A zona de membrana basal ou junção dermoepidérmica é uma região em que a epiderme e a derme têm sido objetos frequentes de estudo. Sobressaem-se suas funções de ancoragem e adesão, bem como seu importante papel na nutrição da epiderme, visto que esta não tem vasos e depende da passagem de nutrientes e de água através da membrana basal. A junção dermoepidérmica engloba desde a membrana inferior do queratinócito basal até a derme superficial. A membrana basal apresenta três regiões distintas: lâmina lúcida, lâmina densa e sublâmina densa. Além da ligação pelos hemidesmossomos, as células vizinhas, os queratinócitos, são unidas por uma outra junção de adesão, os desmossomos e filamentos de ancoragem, que conferem rigidez, força e impermeabilidade ao epitélio. Figura 3 – Hemidesmossomos unindo o estrato basal à lâmina basal Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons #ParaTodosVerem: ilustração dos hemidesmossomos unindo o estrato basal à lâmina basal. Representação dos queratinócitos está em amarelo no centro da imagem. Abaixo, está a lâmina basal, em verde, com os hemidesmossomos unindo o estrato basal à lâmina basal. Fim da descrição. A coloração da pele se deve aos pigmentos nas células da epiderme. Esse pigmento é mais distinto nas células da camada basal. Na camada basal, encontramos também os melanócitos (Figura 4), células responsáveis pela produção de melanina, pigmento de cor acastanhada que confere cor à pele, cabelos e olhos e protege contra a radiação ultravioleta. O pigmento (melanina) consiste em grânulos muito pequenos, marrom-escuros ou pretos, intimamente agrupados, dentro das células. A melanina é produzida por meio da cascata da melanogênese que, após a ativação e produção da enzima tirosinase, numa reação de oxidação, converte o aminoácido tirosina em 3,4 diidroxifenilalanina (DOPA) e, posteriormente, em dopaquinona, que dará origem à melanina. Existem dois tipos de melanina, a eumelanina, de alto peso molecular e de cor marrom a negra, e a feomelanina, de cor amarela ou vermelha (MONTEIRO, 2010). Figura 4 – Representação do melanócito e do pigmento por ele produzido, a melanina Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons #ParaTodosVerem: ilustração do melanócito e do pigmento por ele produzido, a melanina, sobre o fundo branco. À esquerda, tem uma representação de uma pele com o tom mais escuro e à direita a representação de uma pele em tom mais claro. Entre as imagens tem as indicações de alguns elementos: superfície, queratinócitos superiores, melanossomas, queratinócitos basais, melanócitos. Fim da descrição. A camada espinhosa é formada por uma fileira de dez ou mais células com “espinhos”, denominados desmossomos (SILVA et al., 2008). É a camada na qual se inicia a queratinização através dos filamentos de citoqueratina que, ao se ligarem com os desmossomos, estabilizam as células, tornando a epiderme estável contra pressões mecânicas (RIBEIRO, 2010). Os queratinócitos mais basais desse estrato espinhoso também podem passar pelo processo de divisão celular e, junto com o estrato basal, formamo estrato de Malpighi. Nessa camada, encontramos uma concentração maior de células de Langerhans, com função imunológica, pois são células que apresentam antígenos (SILVA et al., 2008). A camada granulosa apresenta de três a cinco camadas de queratinócitos achatados que contêm grânulos de querato-hialina no seu citoplasma, que darão origem às placas de queratina (RIBEIRO, 2010; SILVA et al., 2008). Os grânulos de querato-hialina apresentam aminoácidos ricos em enxofre e são precursores da filagrina, uma proteína importante para o processo de queratinização e na produção do Fator de Hidratação Natural (NMF, do inglês Natural Moisturizing Factor) (SILVA et al., 2008). As células do estrato granuloso também são responsáveis pela produção dos corpos lamelares, grânulos citoplasmáticos constituídos de uma mistura de lipídeos, também conhecidos como lipídeos intercelulares ou lipídeos epidérmicos (ceramidas, colesterol, ácidos graxos e éster de colesterol), e enzimas hidrolíticas (fosfatases ácidas, proteases, lipases e glicosídeos) (RIBEIRO, 2010; SILVA et al., 2008). Esses grânulos são liberados por exocitose para o espaço extracelular da camada granulosa e, principalmente, da camada córnea, formando uma bicamada lipídica entre as fileiras de células com a função de reter água e nutrientes provenientes da derme, além de oferecer resistência à absorção percutânea e barreira impermeável ao ambiente. Atuam como “cimento”, chamado de matriz lipídica intercelular, fixando as células e impedindo o seu desprendimento (SILVA et al., 2008). A função de barreira só é efetiva na presença de um ambiente ácido, pois a presença de H+ (hidrogênio) no estrato córneo ativa enzimas hidrolíticas envolvidas na estabilidade dessa camada (SILVA, 2009). A camada córnea é a mais externa formada por 25 a 30 fileiras de queratinócitos, também conhecidos como corneócitos, anucleados e achatados, envoltos pelos lipídeos produzidos na camada granulosa e com o citoplasma repleto de queratina (RIBEIRO, 2010; SILVA et al., 2008). A parte mais superficial é composta por células escamosas que perdem os desmossomos e estão em contínuo processo de descamação, e as camadas mais profundas apresentam as células córneas, mais compactadas, com intensa atividade enzimática e unidas pelos desmossomos (SILVA et al., 2008). Manto Hidrolipídico No estrato córneo, mais superficialmente, encontraremos o manto hidrolipídico, produzido pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, que é uma emulsão natural que mistura água e NMF do suor com lipídeos produzidos pelas glândulas sebáceas, que conferem pH ácido entre 4,5 e 5,5 à pele, com a função de hidratação da camada córnea, manutenção da flexibilidade da pele e formação de barreira de proteção ácida, evitando a penetração de agentes externos. Localiza-se sobre o estrato córneo, lubrificando-o, prevenindo seu ressecamento e garantindo, assim, sua integridade. O manto hidrolipídico e as substâncias higroscópicas do estrato córneo atuam funcionalmente em harmonia. Quando esses NMF são dissolvidos ou removidos, a pele se torna esbranquiçada, descamativa, perde sua flexibilidade e fica mais vulnerável aos agravos do meio ambiente. Como já mencionado, é uma emulsão natural (associação de uma fase oleosa e uma fase aquosa) constituída de suor (água e sais minerais, como cloreto de sódio, cálcio e cloro), lipídeos epidérmicos (colesterol, ceramidas e ácidos graxos), NMF e sebo (triglicerídeos, colesterol e ácidos graxos) (SILVA, 2009; STRESSER, 2018). O NMF, além de constituir o manto hidrolipídico, é também encontrado no interior dos corneócitos e desempenha função importante na hidratação e manutenção das propriedades físicas do estrato córneo. É produzido pelos corneócitos a partir da degradação da filagrina, uma proteína epidérmica, e constituído de Ácido Pirrolidônico Carboxílico (PCA, do inglês Pyrrolidone Carboxylic Acid), aminoácidos, lactato, ureia, cloreto, sódio, potássio, amônia, creatinina, cálcio, magnésio, fosfato, citrato, açúcar, ácidos orgânicos, peptídeos e outra substâncias (Tabela 1). Essas substâncias, quimicamente, são definidas como higroscópicas, pela capacidade de atrair e fazer ligações químicas com a molécula de água, e têm ação umectante, pois “prendem” a água da atmosfera, favorecendo a hidratação (SILVA, 2009; STRESSER, 2018). Tabela 1 – Composição química do NMF Constituintes Concentração (%) Aminoácidos 40,0 PCA 40,0 Lactato 12,0 Ureia 7,0 Cloro 6,0 Constituintes Concentração (%) Sódio 5,0 Sódio 4,0 Amônia, ácido úrico, glicosamina, creatina e citrato 1,5 Cálcio 1,5 Magnésio 1,5 Fosfato 0,5 Açúcares, ácidos orgânicos, peptídeos e outra substâncias indefinidas 8,5 Fonte: COSTA, 2009; SILVA, 2009 Derme A derme está localizada logo após a epiderme, é flexível e elástica. É mais espessa na superfície dorsal do corpo que na ventral, e na parte lateral, mais que na medial dos membros. Nas pálpebras e regiões íntimas masculinas, é excessivamente fina e delicada. Tem função de promover resistência física e fornecer nutrientes para a epiderme. É dividida em derme papilar, em contato direto com a epiderme, e logo abaixo a derme reticular (RIBEIRO, 2010). Sua constituição é de um tecido conjuntivo com quantidade variável de fibras elásticas e numerosos nervos, vasos sanguíneos e linfáticos, diversas células e uma matriz extracelular, folículos pilosos e órgãos sensoriais, e glândulas sebáceas e sudoríparas. A quantidade de terminações nervosas na derme varia conforme a região do corpo, por isso, algumas áreas são mais sensíveis do que outras. Estruturalmente, a derme é formada por fibras de colágeno e elastina e por uma matriz extracelular. A fibra de colágeno pode chegar a corresponder até 70% do peso seco da derme. A principal célula presente na derme é o fibroblasto, que tem a função de produzir o colágeno e a elastina, que associados à substância fundamental amorfa compõem a matriz extracelular (SILVA, 2009). A camada papilar é a camada superior da derme, sendo formada por tecido conjuntivo frouxo. Ela recebe esse nome por apresentar regiões parecidas com dedos ou papilas em suas extremidades, as quais fazem a comunicação com a epiderme. As papilas são pequenas eminências cônicas de extremidades arredondadas ou dilatadas. Nessa camada, encontram-se numerosas células, principalmente os fibroblastos. A camada reticular é a camada mais profunda da derme, formada por tecido conjuntivo denso não modelado. Nela encontramos capilares sanguíneos, fibras elásticas e de colágeno, fibroblastos, vasos linfáticos e terminações nervosas. Nas camadas mais profundas da porção reticular encontram-se glândulas sudoríparas, sebáceas e folículos pilossebáceos. Tecido Conjuntivo São funções do tecido conjuntivo: Estabelecimento e manutenção da forma corporal; Conecta células e órgãos, dando suporte ao corpo; Defesa e resposta imunológica; O tecido conjuntivo apresenta: células, fibras e sua substância fundamental amorfa. Colágeno Sabe-se que 80% do peso seco da pele é composto por colágeno e 30% do colágeno da pele é perdido após a menopausa. O colágeno é uma proteína constituída por três polipeptídeos helicoidais associados em uma tripla-hélice. Essa proteína forma fibras que ficam embebidas em uma rede de proteoglicanos (moléculas constituídas por uma proteína central e cadeias de carbono). Tais fibras são bastante resistentes, o que configura a sua função estrutural, dando sustentação, resistência e elasticidade aos locais em que se encontram, como tecidos conjuntivos e ósseos, músculo liso e tendões, entre outros locais. Ajuda na reparação e cicatrização; Faz troca de nutrientes entre sangue e célula; Produz fatores de crescimento, que controlam a proliferação e diferenciação celular. Fibras: colágena, elástica e reticular; Substância fundamental amorfa: é viscosa e muito hidrofílica, formada por Glicosaminoglicanos (GAGs), proteoglicanos e glicoproteínas que se ligam a proteínasreceptoras presentes na superfície celular (integrinas), fornecendo força tênsil e rigidez à matriz; Células: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células adiposas e leucócitos. O termo colágeno refere-se a uma família de 27 isoformas de proteínas encontradas no tecido conjuntivo, é quimicamente inerte e possui propriedades mecânicas importantes. São proteínas fibrosas, que conferem resistência e elasticidade à pele, além de manter a integridade da matriz extracelular. Os diferentes tipos de colágeno estão distribuídos por todo o organismo, com ações e estruturas diferentes. Os mais abundantes são: As cadeias polipeptídicas são formadas basicamente pelos aminoácidos glicina, prolina, lisina, hidroxilisina, hidroxiprolina e alanina, que estão organizados em unidades tripeptídicas de glicina-X-prolina ou glicina-X-hidroxiprolina, em que X pode ser qualquer um dos vinte aminoácidos. Os aminoácidos hidroxiprolina e hidroxilisina não são sintetizados, são produzidos por meio de uma reação de hidroxilação da prolina e da lisina durante a tradução dos RNA mensageiros (RNAm) do colágeno nos ribossomos (SILVA; PENNA, 2012). A hidroxilação ocorre por ação de duas principais enzimas, a lisil e a prolil hidroxilases, que têm o ácido ascórbico (vitamina C) como cofator essencial para essa biossíntese e é de extrema importância para a formação e estabilização da estrutura tripla-hélice do colágeno (MANELA- AZULAY, 2003; ZANETI, 2023). Os filamentos proteicos de colágeno se unem e também se ligam com outras matrizes extracelulares, formando fibrilas, filamentos ou redes. A molécula de colágeno pode ter até três diferentes tipos de cadeias polipeptídicas, denominadas cadeias alfa, unidas por pontes de hidrogênio na forma de tripla-hélice, que formam o procolágeno (Figura 5) (SILVA, 2012). A produção de colágeno inicia-se no interior dos fibroblastos, mais precisamente nos ribossomos, com a tradução do RNAm e reações químicas no retículo endoplasmático, Tipo I: presente na derme, é o mais comum, forma fibras e feixes e tem a função de conferir resistência a tensões; Tipo III: presente no tecido conjuntivo frouxo, encontrado na artéria aorta, fígado e útero, entre outros. formando o procolágeno solúvel. Essa molécula é secretada pelo complexo de Golgi para a matriz extracelular e a ação de peptidases ou colagenases inicia o processo de formação fibrilogênese (produção de colágeno). As peptidades clivam o procolágeno, transformando-o em tropocolágeno, que se liga a outras moléculas de tropocolágeno por meio de ligações covalentes intermoleculares, formando as fibrilas. As fibras de colágenos se organizam em feixes e são formadas pela união das fibrilas. O colágeno formado é insolúvel em água, pois apresenta uma grande quantidade de aminoácidos hidrofóbicos e sua estabilidade estrutural se dá pelas ligações covalentes entre os tropocolágenos (SILVA, 2012). Figura 5 – Estrutura química do colágeno Fonte: SANTOS, 2020 #ParaTodosVerem: ilustração da estrutura química do colágeno. Sobre o fundo branco, na imagem de cima, três fitas nas cores vermelha, verde e azul, enroladas, simbolizando a molécula de tropocolágeno. Na imagem de baixo, uma sequência de aminoácidos, simbolizados por bolas verdes, amarelas e vermelhas ligadas entre si, representando a molécula de colágeno. Fim da descrição. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Elastina A elastina é a principal proteína estrutural das fibras elásticas, uma proteína fibrosa, hidrofóbica e insolúvel, ou seja, é insolúvel em água, graças a extensivas ligações cruzadas entre resíduos de lisina. A elastina tem a função de ser muito resistente, mais ainda que o colágeno. É capaz de suportar grandes trações. Essa resistência é obtida pelo arranjo desordenado dos polipeptídeos, isso é fundamental para a elastina exercer a sua função, que age como uma mola, permitindo uma extensa deformação da pele e retorno ao estado original. É sintetizado a partir de um precursor, a tropoelastina (que é um polipeptídeo linear composto por cerca de setecentos aminoácidos), secretada pela célula no espaço extracelular. A estrutura da elastina é composta por resíduos de aminoácidos como glicina, alanina, valina e prolina (grande quantidade), que são aminoácidos pequenos e apolares, lisina e pouca quantidade de hidroxiprolina e nenhuma hidroxilisina, e produzida pelos fibroblastos na forma de protoelastina. As moléculas de protoelastina são secretadas para a matriz extracelular e se Leitura Colágeno: Características Químicas e Propriedades Funcionais Que tal dar uma lida neste artigo incrível sobre as características químicas e propriedades funcionais do colágeno? https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/122273/ISSN0073-9855-2012-71-03-530-539.pdf;sequence=1 unem por ligações covalentes, posteriormente envoltas por microfibrilas, filamentos proteicos, formando as fibras elásticas (RIBEIRO, 2010; MITHIEUX, 2013). Substância Fundamental Amorfa O espaço entre as células e fibras presentes no tecido conjuntivo é preenchido por um gel hidrofílico, incolor e viscoso, constituído de polissacarídeos, às vezes, ligados às proteínas, denominado Substância Fundamental Amorfa (SFA). A sua função é lubrificar e fazer uma barreira à penetração de microrganismos invasores. A SFA é produzida e secretada pelos fibroblastos e os polissacarídeos presentes são GAGs, proteoglicanos e glicoproteínas, e tem a função de manter a estrutura do tecido conjuntivo (RIBEIRO, 2010). Os GAGs mais abundantes são polissacarídeos aniônicos em virtude de seus numerosos radicais carboxila e sulfato, formados por unidades repetidas de dissacarídeos. São substâncias carregadas negativamente que atraem o íon sódio (Na+) e, consequentemente, a água, formando um gel viscoso que confere à derme elasticidade e alto grau de hidratação, além de preencher os espaços e absorver impactos (RIBEIRO, 2010). Os mais comuns são ácido hialurônico, sulfato de condroitina, sulfato de dermatana, sulfato de queratana, sulfato de heparana e heparina. O ácido hialurônico é a principal glicosaminoglicana da SFA da derme, sendo formado por unidades de dissacarídeos compostos por ácido D- glicurônico e N-acetilglicosamina, unidos por ligações glicosídicas β1,3 e β1,4 (MORAES et al., 2017); além das funções já descritas, também parecem ter influência na proliferação e diferenciação celular e no reparo de tecido (PEREIRA, 2018). As glicosaminoglicanas que se ligam às proteínas são denominadas proteoglicanas e têm importante capacidade de retenção de água, por serem altamente hidrofílicas (RIBEIRO, 2010). O Envelhecimento O envelhecimento da pele é um processo natural, causado por fatores inevitáveis (como o tempo) e evitáveis (como poluição, fumo, álcool, estresse e alta exposição ao sol). O nosso organismo sofre muitas alterações bioquímicas ao longo da vida. Muitas dessas transformações resultarão em perdas e danos. Diversos pesquisadores em todo o mundo tentam postergar o processo de envelhecimento cutâneo. Um dos únicos consensos é que o envelhecimento é resultado dessas alterações, sejam elas provocadas por fatores naturais do próprio organismo ou por fatores externos, como o estilo de vida. Os maiores sinais de envelhecimento que observamos na pele são causados principalmente pelas alterações que ocorrem no colágeno, uma das proteínas que constituem a pele (Figura 6). Figura 6 – Estrutura da pele lisa comparada com a pele com rugas Fonte: Adaptada de Getty Images #ParaTodosVerem: ilustração da estrutura da pele lisa comparada com a pele com rugas. Sobre o fundo branco, há duas imagens da pele. À esquerda está a pele lisa, com setas indicando a epiderme, derme e tecido subcutâneo. À direita, a pele com rugas, demonstrando as irregularidades da pele e a diminuição das fibras colágenas e elásticas na derme. Fim da descrição. Uma deficiência de colágeno pode ser observada em indivíduos que apresentam uma má alimentação,bem como em indivíduos com idade mais avançada, já que apenas a alimentação, nesse caso, não é suficiente para suprir a demanda de alguns nutrientes. Diante disso, a suplementação de colágeno pode ser essencial. Uma das formas de suplementação pode ser feita por meio do colágeno hidrolisado. O colágeno hidrolisado é um nutracêutico, substância que pode atuar na prevenção ou tratamento de doenças sem causar efeitos adversos, sendo considerado de baixo efeito colateral e rico em glicina e prolina, aminoácidos essenciais para a estabilidade e a regeneração das cartilagens. Estudos mostram que o colágeno hidrolisado tem apresentado bons resultados no aumento da densidade dérmica; principalmente os peptídeos específicos do colágeno VERISOL® são reconhecidos pelas células dos fibroblastos na camada dérmica da pele como fragmentos de colágeno, assim como os que são obtidos por meio das atividades catabólicas. Dessa forma, eles estimulam o aumento do metabolismo do colágeno para neutralizar a falsa degradação dessa proteína na derme. O resultado é uma alta produção de colágeno na derme e matriz extracelular, substituindo o que foi perdido em decorrência da idade e das influências do meio ambiente. (GELITÁ, 2023). Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Colágeno – A Proteína do Corpo Quer maiores informações sobre esse tal de VERISOL®? Acesse o folder explicativo da empresa Gelitá. https://www.gelita.com/sites/default/files/documents/2017-06/FOLDER%20VERISOL_PT%20WEB%20%288p%29_1.pdf Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos A Estrutura da Pele 2 / 3 📄 Material Complementar A estrutura de pele: a epidermeA estrutura de pele: a epiderme https://www.youtube.com/watch?v=jwJ-A4HcnKM Epiderme em 3D Anatomia: Pele Epiderme em 3DEpiderme em 3D https://www.youtube.com/watch?v=BlQJdf-fBjI Leitura Tudo o que Você Precisa Saber Sobre o Ácido Hialurônico Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Para que Serve o Ácido Hialurônico? Quais os Benefícios para a Pele? Como Usar? Clique no botão para conferir o conteúdo. anatomia peleanatomia pele https://www.lucianapepino.com.br/blog/beleza/procedimentos-esteticos/tudo-sobre-acido-hialuronico/ https://www.youtube.com/watch?v=rR069wvPYLw ACESSE https://www.mantecorpskincare.com.br/blog/hidratacao/para-que-serve-o-acido-hialurunico-quais-os-beneficios-para-a-pele-como-usar?gclid=Cj0KCQiAtbqdBhDvARIsAGYnXBNtAg8sLSlb5j4FJvwyXVINm3Y3lemolmH8Ywv_aJX1Hpj0A5OJ8_saAt58EALw_wcB BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M.; ETO, Y. Formulário médico farmacêutico. São Paulo: Pharmabooks, 2015. COSTA, A. Hidratação cutânea. RBM Rev. Bras Med. 2009; 66:15-21. COSTA, A. D. Tratado internacional de cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. GELITÁ. Folder Explicativo: VERISOL – A verdadeira beleza vem de dentro. Disponível em: < https://www.gelita.com/sites/default/files/documents/2017- 06/FOLDER%20VERISOL_PT%20WEB%20%288p%29_1.pdf >. Acesso em: 31 de janeiro de 2023. HARRIS, M. I. N. C. Pele: do nascimento à maturidade. 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