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Relatório 2 - Cegueira Moral - Relações socioafetivas num contexto de invisibilidade social - 2022

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CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA 
 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
Campus Jundiaí 
 
RELATÓRIO PARCIAL DE ESTÁGIO DA DISCIPLINA 
PRÁTICAS SOCIAIS E SUBJETIVIDADE 
Nº 02/2022 
 
1. IDENTIFICAÇÃO 
1.1 RELATORAS: 
DANIELE DOS SANTOS OLIVEIRA – RA: T592IC5 
ISABELLA NAZARÉ SILVA – RA: N586923 
RAFAELLA COLAGROSSI RUSSI – RA: T976650 
VITÓRIA DUSHKIN BALDI – RA: F226DJ6 
 
1.2 INTERESSADO: 
Centro de Psicologia Aplicada (CPA), representado pela Professora orientadora deste 
estágio curricular obrigatório: Profa. Ma. Ana Maria Jesuina Barbieri Vassoler CRP 
06/50223 referente a disciplina de Práticas Sociais e Subjetividade. 
 
1.3 ASSUNTO/FINALIDADE: 
Registro documental do processo de observação, registro e descrição referente ao tema 
escolhido pelo grupo: “Cegueira Moral - Relações socioafetivas num contexto de 
invisibilidade social”, norteado pelo levantamento bibliográfico realizado no primeiro 
relatório, contabilizando assim 5 horas de estágio em cada um dos relatórios parciais 
realizados. Totalizando até o presente relatório, 10 horas. 
 
Dias e horários em que as observações foram realizadas: 
- 16/09/2022 (Sexta-feira) das 13:00 às 14:00 – Duração de 1 (uma) hora; 
- 17/09/2022 (Sábado) das 10:00 às 12:00 – Duração de 2 (duas) horas; 
- 20/09/2022 (Terça-feira) das 14:00 às 15:00 – Duração de 1 (uma) hora; 
- 22/09/2022 (Quinta-feira) das 15:20 às 16:20 – Duração de 1 (uma) hora. 
 
 
 
2. DESCRIÇÃO DA DEMANDA 
 
A partir do texto Cegueira Moral – A perda da sensibilidade na modernidade líquida 
(2014), onde, segundo Zygmunt Bauman e Leonidas Donskis, apresentam o conceito de 
“invisibilidade moral” e ilustra seu significado - quando empregamos o conceito de 
“insensibilidade moral” para denotar um tipo de comportamento empedernido, desumano e 
implacável, ou apenas uma postura imperturbável e indiferente, assumida e manifestada em 
relação aos problemas e atribulações de outras pessoas. 
 
3. PROCEDIMENTO 
 
O tema das observações foram as relações sócio afetivas num contexto de invisibilidade 
social, composto por 5 horas de observações, sendo três de uma hora e apenas uma observação 
que contempla duas horas. As pessoas em foco dessas observações foram homens, mulheres, 
crianças e adolescentes, com o olhar em como se comportavam diante de pessoas em situação 
de rua e de vulnerabilidade, vendedores ambulantes e catadores de latinha. 
Os lugares onde as observações foram realizadas são diversificados (assim como os 
horários) e todos estão localizados na cidade de Jundiaí, sendo eles: 
Observação I (01 hora) e II (02 horas) – praça pública cercada pelo movimento das ruas 
centrais, frequentada pela mais diversa faixa etária e suas diversidades de classe social e gênero; 
Observação III (01 hora) – semáforos de duas avenidas bastante frequentadas na cidade 
local; 
Observação IV (01 hora) – lanchonete frequentada pelo mais variado público de classe 
social distinta, assim como idade e gênero. 
 
4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE 
 
OBSERVAÇÃO I – SEXTA-FEIRA 16/09/2022 DAS 13:00 ÀS 14:00 
A primeira observação aconteceu em uma praça pública da cidade, era um sexta feira 
no período da tarde, a praça estava tranquila e sem movimentação. No local havia uma banca 
de jornal pequena, que também vende os mais variados tipos de coisas, além dos próprios 
jornais e revistas. Após alguns minutos observando o ambiente, chegou nesta banca um homem 
adulto vestindo seu traje casual, sendo ele uma calça jeans, camisa polo e tênis. Esse rapaz 
comprou uma lata de refrigerante, o qual se é feito com cola, abriu e tomou a bebida enquanto 
olhava o celular que estava portando. 
 
 
Minutos depois, na mesma praça, chega um adulto de aproximadamente meia idade, 
com uma aparência abatida, com barba grande e a fazer, seu traje era simples, usava uma calça, 
chinelo nos pés, uma camiseta e um boné. Ele segurava um saco grande, transparente e estava 
cheio de latinhas vazias das mais variadas marcas. Esse senhor parou em frente à um cesto de 
lixo verde com símbolo da prefeitura de Jundiaí e começou a procurar mais latinhas, quando 
encontrava, o mesmo as colocava dentro do saco plástico que segurava, a procura foi breve, 
mas parecia interminável. 
O primeiro homem, que a princípio foi citado, terminou a bebida de cola que estava 
tomando e foi jogar a lata no lixo, no mesmo lixo em que o homem de meia idade estava 
coletando as latinhas que haviam sido descartadas por outras pessoas. Esse rapaz jogou no lixo 
a lata que já havia consumido e saiu andando, ainda concentrado no celular. O senhor que ali 
estava, se abaixou e pegou o material de metal descartado pelo homem mencionado e, a colocou 
em seu saco plástico. 
O catador ainda olhou aos arredores da praça, aparentemente procurando por mais 
alguma latinha que estivesse fora do lixo. Após um tempo da procura ele sentou-se no banco 
de cimento que havia na praça, em baixo das árvores, visto que estava sol neste dia e qualquer 
sombra parecia um lugar agradável para ficar, e então lá ele permaneceu por alguns minutos, 
depois levantou-se e continuou andando. 
 
OBSERVAÇÃO II – SÁBADO 17/09/2022 DAS 10:00 AO 12:00 
A segunda observação aconteceu em um sábado de manhã, na praça central da cidade, 
cercada pela movimentação das pessoas. Nesta praça, haviam três homens em situação de rua, 
onde estavam dormindo no chão, cobertos com um cobertor. Próximo a eles, havia dois sacos 
pretos com coisas, não identificadas, dentro. Um dos homens estava com a cabeça apoiada em 
uma mochila surrada. 
Nos arredores da praça, havia ainda um homem portador de deficiência física. Ele estava 
sentado (da forma que conseguia) em cima de um pano no chão, que estava entre duas lojas. 
Foi observado que o homem era negro, de cabelos enrolados e compridos, seu traje era simples, 
onde usava uma bermuda rasgada, uma camiseta também rasgada e sandálias de couro. Ao 
observar, notei que havia também um homem em frente a uma instituição dedicada a buscar, 
conservar, estudar e expor objetos de valor histórico e artístico da cidade, localizado próximo a 
praça; esse rapaz estava tocando flauta e seu traje era casual – calça jeans, camiseta e tênis. Em 
frente dele, havia um pedestal que era suporte para as folhas que ele usava para ler e tocar o 
instrumento, junto com uma caixa de sapato no chão, onde as pessoas podiam depositar uma 
 
 
quantia para ajudá-lo. 
Foi observado que grandes quantidades de pessoas passaram por essa praça e pelas 
pessoas (citadas acima) que ali estavam. Muitos desviavam dos rapazes em situação de rua que 
estavam dormindo, além disso, foi observado ainda que algumas pessoas pularam sobre eles 
para não precisar sair de seu caminho, outras pessoas chegaram a resmungar com quem estava 
ao seu lado. 
O homem portador de deficiência que pedia dinheiro perto da praça, não foi nem notado 
por muitos que por ali passaram, algumas pessoas não olhavam, foi observado ainda que outros 
trocavam de calçada e poucos (pela quantidade de pessoas que passaram por ele) responderam 
educadamente “desculpe, eu não tenho nada” (sic), onde se referiram ao dinheiro. Durante este 
momento, passou então uma mulher adulta que vestia um traje despojado, onde usava um 
vestido longo e estava com uma criança que vestia calça, camiseta, uma jaqueta e estava de 
tênis. As duas passaram pelo portador de deficiência e disse: “não tenho nada senhor” (sic), 
alguns passos mais a frente, foi observado que a criança começou a chorar e dizer alto: “por 
favor, vovó, dá pra ele uma moedinha” (sic). A criança parou de andar e olhou para o homem 
portador de deficiência, então a avó abriu a bolsa, pegou uma moeda (valor não observado) e 
deu na mão da criança, que voltou correndo para o rapaz, entregou a moeda e correu de volta 
para a avó. 
Foi observado que algumas pessoas também paravam para ver o homem que tocava a 
flauta, mas desde que a relatora permaneceu no local,nenhuma delas colocou dinheiro ou 
alguma colaboração na caixa de sapato. Um dos homens em situação de rua que estava 
dormindo na praça acordou, então o mesmo pegou um saco preto que continha suas coisas, 
colocou sua coberta que estava usando anteriormente e saiu andando. 
 
Os marginalizados e excluídos da sociedade não movem a economia, não tem poder 
de compra e não são indivíduos com força de trabalho e por isso são invisíveis aos 
olhos da sociedade, não tem poder de escolha ou força de questionamento 
(BAUMAN; DONSKIS, 2014, p. 74). 
 
OBSERVAÇÃO III – TERÇA-FEIRA (20/09/2022) DAS 14:00 ÀS 15:00 
A terceira observação foi realizada em um semáforo de uma avenida da cidade local. 
Neste semáforo há uma grande movimentação de carros e como é um cruzamento, os carros 
que ali param ficam por aproximadamente um minuto e meio até que o sinal verde sinalize para 
que os motoristas possam seguir. 
Quando o sinal ficava vermelho e os carros paravam e havia um homem, vestido de 
 
 
roupas coloridas, que ia até a faixa de pedestre e fazia um espetáculo (dentro do tempo) de 
malabarismo. Após apresentar seu número de malabar, o mesmo passava de carro em carro com 
a mão estendida, esperado receber algum “trocado” (dito pelo mesmo) como uma forma de 
ajuda. A relatora permaneceu neste semáforo em questão por meia hora, e a mesma pôde 
observar que algumas pessoas nem olhavam para o artista de rua, não abaixavam o vidro ou 
simplesmente ignoravam quando ele passava, foi passível de observação que outros faziam um 
sinal negativo com a cabeça ou com as mãos e também não abaixavam o vidro, mas poucos 
elogiavam o espetáculo e contribuíam com uma quantia de dinheiro. 
A relatora foi então para outro semáforo da cidade. Neste, havia um homem adulto, que 
vestia um traje básico – calça jeans, uma camiseta e tênis preto e o mesmo vendia panos brancos. 
O rapaz segurava uma placa na mão que nela estava especificado o valor dos panos e quando o 
sial fechava, ele passava pelos carros mostrando a placa e ofertando seu produto. Foi observado 
que grande parte dos motoristas o ignorava, não respondia o “boa tarde” (sic) do vendedor, 
outros fechavam o vidro do automóvel, foi notado também que algumas pessoas balançavam a 
cabeça como sinal de repreensão. A relatora permaneceu meia hora neste semáforo e até o 
momento da mesma ir embora, ninguém adquiriu o pano que o rapaz estava vendendo. 
 
Nós nos acostumamos a encarar um ser humano como mera unidade 
estatística. Não é um choque para nós vermos indivíduos humanos como 
força de trabalho. O poder de compra da sociedade e a capacidade de 
consumo tornaram-se critérios cruciais para se avaliar o grau de adequação 
de um país ao clube do poder – ao qual aplicamos vários títulos grandiosos 
de organizações internacionais (BAUMAN; DONSKIS, 2014, p. 62). 
 
OBSERVAÇÃO IV – QUINTA-FEIRA 22/09/2022 DAS 15:20 ÀS 16:20 
A quarta observação aconteceu dentro de uma lanchonete localizada no centro da 
cidade. A lanchonete foi escolhida propositalmente, visto que é comum muitas pessoas em 
situação de vulnerabilidade entrarem lá para pedir para aqueles que estão consumindo na 
lanchonete (pedir tanto dinheiro, como algo para comer). 
Foi observado que durante alguns minutos não entrou ninguém pedindo, mas após um 
tempo, entrou uma mulher, magra, com cabelo comprido amarrado num rabo de cavalo, a 
mesma usava um vestido logo azul marinho, e estava grávida (a relatora identificou devido a 
uma conversa com outra pessoa que lá estava). A mulher parou ao lado da mesa de uma jovem 
e perguntou: “você pode me paga um lanche e um refri?” (sic), a jovem de bom grado respondeu 
dizendo que a mulher poderia pegar o que quisesse e marcar na sua ficha. Entregando a ficha 
nas mão dela, a mulher grávida, foi até o balcão e pegou um salgado e um refrigerante, então 
 
 
devolveu a ficha para a jovem que estava sentada, agradeceu e sentou em uma outra mesa. 
A jovem que ajudou a mulher grávida, após um tempo foi embora, então a relatora 
observou que após a mulher grávida terminar de comer, a mesma levantou-se e foi até outra 
mesa, onde estavam sentadas uma mulher e uma criança. A mulher que estava grávida 
perguntou se a mulher da mesa poderia lhe pagar um pedaço de bolo, já que a jovem havia lhe 
pagado um salgado e um refrigerante. A mulher que estava com a criança olhava em volta da 
lanchonete e para os funcionários e então respondeu: “pega lá, depois eu pago” (sic), a mulher 
que havia pedido agradeceu, foi ao balcão, pegou um pedaço de bolo e saiu da lanchonete com 
o bolo na mão. 
Tempos depois entrou um rapaz que segurava uma mochila azul rasgada em algumas 
partes, ele usava também uma roupa surrada. Ele parou logo na primeira mesa da lanchonete e 
falou para uma mulher que estava sentada fazendo sua refeição: “Ô moça, paga um lanche aí 
pra mim” (sic), a moça olhou para a funcionária do caixa, apontou para o pedinte e disse: “Por 
favor, ele está me incomodando” (sic). Neste momento, saiu de trás do balcão um funcionário 
do sexo masculino, vestindo uniforme da lanchonete, com uma touca na cabeça e crachá, o 
mesmo conduziu o pedinte até a porta e pediu para que ele se retirasse. 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
A partir dessas cinco horas de observação, conclui-se que as pessoas não consideram os 
problemas da sociedade periférica e vulnerável um problema que também diz respeito a elas. Nada 
podem fazer para mudar a situação dessa sociedade excluída e marginalizada, e tem atitudes rudes, uma 
postura imperturbável e é indiferente aos problemas e tribulações dessas pessoas, onde acabam se 
tornando cegos moralmente, uma “Insensibilidade moral” que mantém esses indivíduos que vivem à 
margem da sociedade “invisíveis”, e são incapazes de ver a maldade e a falta de sensibilidade dentro de 
si mesmo. 
Segundo Bauman (2014), para nós parece que o mal vive em outro local, pensamos que 
ele não está em nós, essa ilusão e esse tipo de pensamento ingênuo e equivocado estão presentes 
no mundo de hoje e também já estiverem presentes em nos nossos antepassados, é mais fácil 
nos eximirmos dessa culpa do que procurar o mal dentro de nós. 
 
 
 
 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
BAUMAN, Z; DONSKIS, L. A perda da sensibilidade na modernidade líquida, tradução 
de Carlos Alberto Medeiros, 1ª edição, Rio de Janeiro: Zahar, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jundiaí, 04 de Outubro de 2022. 
 
 
 
Relator (as/es) e estagiário (as/os): 
 
Daniele dos Santos Oliveira 
Isabella Nazaré Silva 
Rafaella Colagrossi Russi 
Vitória Dushkin Baldi 
 
 
 
Supervisora de estágio: Profa. Ma. Ana Maria J. B. Vassoler CRP:06/50223 
 
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