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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA Instituto de Ciências Humanas Curso de Psicologia MARIA FERNANDA SANTOS SILVA – T0824C4 PSICOLOGIA DO COTIDIANO Relatórios de Observação – 15 horas Chácara Santo Antônio II São Paulo – 2023 SUMÁRIO 1. Registro de observação (1) ...........................................................................03 2. Registro de observação (2) ...........................................................................05 3. Registro de observação (3) ...........................................................................06 4. Registro de observação (4) ...........................................................................08 5. Registro de observação (5) ...........................................................................10 6. Registro de observação (6) ...........................................................................12 7. Registro de observação (7) ...........................................................................14 8. Registro de observação (8) ...........................................................................17 9. Registro de observação (9) ...........................................................................20 10.Registro de observação (10) .........................................................................22 11. Registro de observação (11) .........................................................................25 12.Registro de observação (12) .........................................................................27 Registro de Observação (1) Data: 05/03/2023 Horário de Início: 13h Horário de Término: 14h Duração: 01 hora. Local da observação: Restaurante Beija Flor, localizado na área rural da cidade de Embu-Guaçu. Registro de Observação: No dia 05 de março, um domingo ensolarado, iniciei a primeira atividade de observação da disciplina de psicologia do cotidiano em um restaurante da minha cidade. O restaurante está localizado na parte rural de Embu-Guaçu e é um ambiente ao ar livre, arborizado e muito fresco. Cheguei ao restaurante para almoçar com meus pais e irmão por volta das 13h, quando chegamos já havia algumas mesas cheias, duas mesas com o que era aparentemente um casal de idosos. Não se passou muito tempo quando um grupo de 6 pessoas chegou, nesse grupo havia um casal, o rapaz aparentava ter até 26 anos, a moça parecia ser mais nova, por volta de 20 a 23, os dois estavam com a filha de aparentemente 2 anos, percebi o parentesco pois a menina chamava os mesmos de “pai e mãe”, junto ao casal havia uma mulher um pouco mais velha, cerca de 45 anos, que acredito ser mãe de um dos dois do casal pois a criança a chamava de vó. Além dos 4 havia um rapaz de aproximadamente 25 anos e um menino que tinha entre 5 e 6 anos. Eles chegaram, realizaram o pedido e ficaram aguardando, até que uma situação chamou muito a minha atenção, o menino estava impaciente e perguntava muitas coisas para o pai, o pai parecia muito irritado, foi quando ele fechou a mão e bateu na cabeça do menino, foi uma situação péssima, as mesas estavam muito perto, fiquei extremamente desconfortável com a situação e a vontade era afrontar o mesmo e perguntar o por que ele tinha feito aquilo com o menino, já que o mesmo não havia feito mal algum a ele, só estava impaciente como qualquer criança. A mulher que estava junto a eles questionou o porquê ele havia batido no menino e ele disse que ele tinha “pedido”, passaram cerca de 5 minutos e o almoço deles chegou, 3 o rapaz se serviu e eu momento algum pensou em servir o menino, ele ficou olhando o pai comer e não comeu. Na mesma mesa observei que o casal que estava com a menina estava totalmente disperso, dentro de um mundo particular dos dois, a menina estava no cadeirão e se pendurava de diversas maneiras, correndo risco de cair e se machucar a qualquer momento e a única pessoa que prestava atenção nisso era a mulher mais velha que eu acredito que seja a avó da criança. Finalizando atividade de observação cheguei à conclusão de que a violência ainda é muito comum como forma de punição aos filhos e acho que deveríamos falar mais sobre os malefícios que isso irá gerar na vida de uma criança, o pai ao menos conversou com ele ou tentou entreter o mesmo. 4 Registro de Observação (2) Data: 06/03/2023 Horário de Início: 16h40 Horário de Término: 17h10 Duração: 30 minutos. Local da observação: Linha EMTU, Embu-Guaçu/ metrô Capão Redondo. Registro de Observação: No dia 06 de março, uma segunda-feira, iniciei uma breve atividade de observação durante um trajeto que faço de ônibus em direção a faculdade. Normalmente o ônibus costuma passar no ponto pontualmente às 16h40, nesse dia em específico acredito que ele tenha se adiantado e veio a passar no ponto às 16h33, entrei no ônibus e ele ainda estava vazio, estava bem abafado e ameaçava chover, escolhi meu lugar em um banco alto e na janela, sentei-me no banco e comecei a atividade. Quando eu acabo de me acomodar o motorista para no segundo ponto, poucas pessoas entram e ele segue viagem, até que escuto um grito, uma mulher desesperada pois estava prestes a perder o ônibus, os passageiros alertam o motorista, mas ele ignora e segue viagem, diante disso foi visível o descontentamento dos outros passageiros, os passageiros falavam alto, era fácil notar que todos queriam que o motorista percebesse o descontentamento. Ao chegar no terceiro ponto temos uma surpresa, a mulher que o motorista abandonou aos berros entra no ônibus e com ironia agradece o mesmo, os passageiros que estavam descontentes minutos atrás mudaram de feição ao perceber a entrada da mulher, comemoram como se fosse uma grande vitória de algo muitíssimo especial. Cheguei à conclusão de que as pessoas se mostram empáticas na maioria das vezes no transporte público, se colocam no lugar da mulher pois sabem das dificuldades que enfrentamos diariamente, minutos são preciosos para quem depende do transporte público para trabalhar ou estudar. 5 Registro de Observação (3) Data:08/03/2023 Horário de Início: 17h15 Horário de Término: 17h55 Duração: 40 minutos. Local da observação: Linha EMTU, Embu-Guaçu/ metrô Capão Redondo. Registro de Observação: Dia 08 de março, uma quarta-feira, iniciei mais uma atividade de observação no ônibus que costumo pegar para ir para a faculdade, nesse dia a observação foi mais breve pois era um dia em que estava muito calor e eu não estava me sentindo tão atenta, o ônibus estava cheio, algo considerável normal nesse horário, muitas pessoas aparentavam estar voltando do trabalho e alguns jovens pareciam ir para a faculdade. Costumo pegar o ônibus no ponto de partida, consequentemente estava sentada e muito confortável, estava em um banco alto e minha visão era muito boa, a feição da maioria das pessoas demonstrava cansaço, já era quarta feira, metade da semana já havia passado. A maior parte estava mexendo no celular, com fone de ouvido, alguns só estavam encostados com a cabeça no vidro e outros dormiam. Estava sentada do lado direito do ônibus, no assento da janela, no outro lado do corredor se encontrava um casal composto por dois rapazes, pude perceber isso pois ambos estavam de mãos dadas. Um dos rapazes aparentava ser mais velho, estava usando uma roupa que a meu ver é comum, calça jeans e camiseta de algum anime que não me lembro ao certo qual era, o outro estava vestido de forma diferente, chamava mais atenção, estava com uma calça quadriculada vermelha e preta, uma regata branca, muitos acessórios e tinha várias tatuagens. Passado um tempo os dois começaram a se beijar de forma incessante, eu logo fiquei em alerta e confesso que achei estranho por não observar nenhum sinal de rejeição ou insatisfação dos demais, acredito que por ser um casal homossexual esperava algum sinal de desconforto das pessoas, mas isso não aconteceu e 6 acabou me surpreendendo positivamente, diante disso pude perceber como estamos condicionados a esperar reaçõesnegativas das pessoas e também como o meu olhar estava propenso a pensar que a única reposta seria essa. Encerrei a atividade e continue o percurso em direção a faculdade. 7 Registro de Observação (4) Data:09/03/2023 Horário de Início: 22h05 Horário de Término: 22h55 Duração: 50 minutos. Local da observação: Linha lilás, Borba gato sentido Capão redondo. Registro de Observação: No dia 09 de março, uma quinta-feira, estava voltando da faculdade na linha lilás do metrô sentido capão redondo, quando iniciei mais uma atividade de observação, estava acompanhada de uma prima, o dia estava muito abafado, eu estava cansada e não via a hora de chegar em casa. Ao entrar no trem não conseguimos nenhum lugar para sentar-se, era por volta de 22h da noite, muitas pessoas voltavam da faculdade e trabalho, consequentemente o metrô já estava cheio. Dentro do vagão fiquei encostada do lado da porta, na minha frente tinha uma mulher que se mostrava muito irritada, o mal humor estava estampado em seu rosto, ela estava em pé aparentava ter cerca de 35 anos, não conseguia ficar quieto sequer um minuto, estava muito agitada. Chegamos à estação Santo Amaro quando um rapaz de mais ou menos 23 anos entrou no vagão acompanhado de uma moça da mesma faixa etária, o rapaz estava vestindo roupa social e a menina uma calça jeans e camiseta rapaz levava em mãos uma maleta plástica preta, pude escutar os dois conversando e eles mostravam entusiasmo pois estavam no primeiro semestre de arquitetura, com isso a presença da pasta já fora desvendada. Apesar de parecerem cansados, os dois colegas estavam felizes, conversavam e riam o tempo todo, acredito que estavam entusiasmados com o início das aulas. Algumas estações depois a mulher que havia citado a cima, que parecia de mal humor se prepara para descer, na estação Campo Limpo, as portas se abriram e ela saiu sem nem olhar para trás, saiu empurrando as pessoas, sem ao menos pedir 8 licença ou desculpa, com isso a mesma acabou esbarrando no rapaz com a pasta e quase levando a pasta contigo, imediatamente o rapaz ficou em choque, foi visível em seu rosto a expressão de indignação, ele olhou para mim como quem diz "não acredito nisso”, assim que a mulher saiu ele disse em voz alta “Como as pessoas são educadas nesse horário né" de forma irônica, as pessoas em volta do rapaz ficaram bem incomodadas com a situação, inclusive eu, a mulher não teve cautela nenhuma ao sair do metrô. Encerrei a atividade pensativa, coloquei muitas coisas na balança para tentar entender o porquê da atitude daquela mulher, talvez poderia ter tido um dia ruim ou só estava cansada e mal-humorada, mas além de tudo isso percebi que mesmo com essa situação desconfortável o rapaz não levou o sentimento de descontentamento a frente, ele só comentou na hora do ocorrido seguiu viagem conversando com a colega com o mesmo entusiasmo de antes. 9 Registro de Observação (5) Data:11/03/2023 Horário de Início: 23h35 Horário de Término: 00h35 Duração: 01 hora. Local da observação: Deck Bar São Paulo, Avenida Atlântica. Registro de Observação: No dia 11 de março, um sábado, fui com alguns amigos comemorar o aniversário de um deles em um bar na avenida atlântica, não é um lugar que costumo frequentar, mas a noite estava muito agradável e eu fiquei muito feliz e entusiasmada de estar ali. Estava sentada em uma mesa, e na nossa frente havia um grupo de amigos, 3 meninas e 5 meninos, as meninas aparentavam ser mais novas, entre 18 e 19 anos e os meninos aparentavam ter entre 21 e 24 anos. Todos estavam bem arrumados, alguns bebiam e outros fumavam, entre o grupo, um rapaz e uma menina formavam um casal, pude perceber por que se beijavam a todo momento e usavam aliança de compromisso também. A noite foi passando e o casal que antes se mostrava muito feliz, aparentava começar a ter alguns desentendimentos, o rapaz parecia alterado e a menina não, eles discutiam tão alto que era impossível não ouvir e não prestar atenção, o rapaz gritava para a moça que não queria mais namorar com ela, tentava tirar a aliança e ela não deixava, a discussão foi tomando proporções maiores, e foi então quando um dos meninos que estava junto com eles se colocou no meio dos dois e apartou a briga. Assim a noite seguiu, eles não ficaram perto como estavam antes, mas também não estavam distantes um do outro, o menino que fazia parte do casal continuava a beber e no rosto da moça era visível a expressão de descontentamento. Após uns 10 minutos da primeira briga ter sido encerrada eles iniciaram outra discussão, o 10 rapaz voltava a ideia que não queria estar namorando-a, a menina de forma exaltava apontava o dedo indicador para ele e ele abaixava o dedo dela. O rapaz que separou os dois na primeira discussão se aproxima de novo e tenta conversar com ele, ele se revolta e sai falando que não estavam mais namorando e que ele ia atrás de outra pessoa para se relacionar ali no mesmo bar, ela muito brava vai atrás dele, não demora muito para eles retornarem à mesa, os dois estavam muito bravos e ele muito exaltado, o único que demonstra preocupação do grupo era o rapaz que separou as duas brigas, cerca de 20 vinte minutos depois eles decidem ir embora. A situação como um todo me deixou muito incomodada, a menina me parecia muito frágil aquilo tudo, ao mesmo tempo que ela discutia com ele, ela se mostrava acatar o que ele falava e não expor completamente o que estava pensando, outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de só uma pessoa do grupo intervir, tinham outras mulheres junto e nenhuma se sensibilizou com a discussão e quis intervir, somente o rapaz, nas duas vezes. Conclui a observação muito chateada e pensativa, quantas pessoas devem manter relacionamentos danosos só por conta da comodidade ou dependência emocional. 11 Registro de Observação (6) Data:12/03/2023 Horário de Início: 10h Horário de Término: 11h Duração: 01 hora. Local da observação: Capela São José, localizado no bairro Mombaça- Itapecerica da Serra. Registro de Observação: No dia 19 de março, domingo, participei de uma missa pela manhã em uma capela em que eu não tenho hábito de frequentar, estava sol, e a missa acontecia no ambiente externo da capela. Me acomodei em uma cadeira do lado de uma menina que aparentava ter seus 14 anos e de um casal de idosos. Todas as pessoas estavam com o semblante muito bom, transmitiam felicidade e alegria de estar naquele ambiente. A menina se mostrava mais acuada, parecia estar ali por obrigação, e o casal de idosos que mais tarde percebia que poderia se tratar dos avós dela, se mostravam preocupados e atentos com ela. Ela estava sentada do meu lado e quanto mais passava o tempo mais ela se mostrava incomodada e ansiosa com a situação, pude perceber pois ela balançava as pernas de forma incansável, depois de olhar para ela por conta da movimentação das pernas reparei que havia muitas cicatrizes nos pulsos dela, algo que parecia muito com cicatrizes de automutilação, imediatamente consegui ter entendimento do que poderia estar acontecendo ali. Ela não parava um só minuto, quando não estava balançando as pernas, estava roendo as unhas ou se arranhando em cima dos cortes. O avô se mostrava preocupado, tentava conter ela, segurava sua mão de forma carinhosa, era quando ela esboçava um sorriso curto, como quem dizia obrigada, a 12 avó era mais distante, não notei preocupação alguma nela, estava prestando atenção na cerimônia a todo momento, não desviava o olhar para a neta um minuto sequer. Com o término da missa o avô se levantou e ela continuou ali parada, o avô voltou e pediu para que ela o acompanhasse, ela foi, mas não demonstrava entusiasmo algum Encerrei a atividade e tive como conclusão de que a menina poderia estar passando por um processo delicado, como um processo de luto, ausência dos pais ou um processo de depressão. Achei muito bonita a atitude do avô em tentar acalmá-la e contê-la, acredito que esse gestodo avô tornava as coisas um pouco mais tranquilas e mostravam a menina que ela tinha com quem contar.na avó. A falta de cuidado da avó com a menina me despertou curiosidade, será que as duas tinham dificuldades na relação familiar, será que a avó entendia os processos que a neta estava passando, acredito que deveríamos tratar esses assuntos com mais naturalidade e tentar informar cada dia mais sobre a gravidade disso aos mais velhos. 13 Registro de Observação (7) Data: 17/03/2023 Horário de Início: 23h Horário de Término: 01h Duração: 02 horas. Local da observação: PH Adega e Lounge, localizado no centro da cidade de Embu- Guaçu. Registro de Observação: No dia 17 de março, sexta-feira, iniciei uma atividade de observação em um bar localizado em Embu-Guaçu, cidade onde resido. Estava muito cansada pois tinha chegado da faculdade, mas fui até lá porque já havia combinado com alguns colegas. Era uma sexta tranquila e quente, o lugar não estava cheio, no ambiente interno, onde eu estava, tinha em torno de umas 15 pessoas e no externo que era integrado umas 5 pessoas. Estava sentada do lado da minha colega, junta da gente tínhamos mais dois, ao todo éramos em 4. Na mesa ao lado acontecia uma comemoração, era um grupo grande de pessoas, eles variavam de 23 a 27 anos, eram 4 mulheres e 5 rapazes, no meio disso tudo havia um bebê de aparentemente 01 ano, era uma menina. A bebê dormia no colo de uma das moças, que aparentava ser a mais nova do grupo, a criança estava de calça e camiseta, não era frio, mas para uma criança daquele tamanho não era o suficiente as roupas que ela estava usando. A maioria das pessoas do grupo bebiam e estavam bem alterados, a única pessoa que não bebeu em momento algum foi a moça que estava com a criança no colo. Passado alguns minutos que me questionei comigo mesma sobre a roupa da bebê, 14 a moça que carregava ela, que até esse momento eu tinha concepção de ser a mãe, chamou uma das outras moças e perguntou se ela não teria trago nenhum agasalho e nem coberta, essa moça em questão que era a mãe da criança, ela se mostrava muito alterada. Ao ser questionada ela pediu para o rapaz que estava ao seu lado, que era seu esposo ou namorado e pai da criança, ir buscar a blusa no carro, pude notar isso porque eles estavam abraçados e de mão dada a todo momento e ao pedir ela disse algo parecido com “Busca a blusa da sua filha no carro por favor”. Em outra mesa havia duas moças, aparentavam ter entre 20 e 21 anos, uma usava um vestido curto preto e a outra calça jeans e camiseta, elas conversavam e pareciam estar se divertindo muito, foi quando um rapaz que apresentava ser mais velho, entre 26 e 29 anos, se sentou do lado da moça que estava de calça, elas esboçaram uma reação de surpresa, aparentemente não conheciam o rapaz, e ele sequer pediu licença para se sentar. Ela não o expulsou, mas começou a questionado do porquê ele havia sentido que teria direito de fazer isso, o mesmo a ignorou e começou a elogiar a moça de forma incessante, enquanto se aproximava mais dela. Era visível que ambas estavam desconfortáveis com a situação, foi quando um rapaz se aproximou e começou a conversar com o que estava na mesa, com alguns minutos de conversa o homem se desculpou e saiu da mesa acompanhado do aparentemente amigo. Nesse dia acredito que a minha observação foi com um olhar mais julgador, estava naquele lugar, trade da noite e já estava incomodada com o barulho e o cansaço, então me coloquei no lugar daquela criança que estava dormindo no colo de uma pessoa que nem era sua mãe, que não estava agasalhada da forma correta e nem confortável do jeito que deveria. Acredito que devemos respeitar a rotina e a idade das crianças, alguns ambientes não cabem a elas, em uma sexta feira próximo das da meia noite já era hora de um bebê estar de banho tomado e confortável para descansar, não imagino qual seja a realidade desses pais, mas se eles queriam tanto estar ali, poderiam ter procurado uma alternativa para que a bebê não precisasse acompanhar eles. Eles também não estavam sóbrios e aparentemente o pai da menina era o que dirigia. Acredito que devemos dar mais espaço para a conscientização do assédio também, o rapaz foi extremamente inconveniente ao se sentar com as moças, não questionou elas em momento algum e quando ela pedia para sair ele a ignorava, precisou de 15 uma outra figura masculina para que ele saísse dali sem hesitar, isso só reafirma o quanto a cultura machista de que mulheres não devem ser ouvidas ainda esta enraizada no nosso cotidiano. Encerrei a atividade pensativa sobre esses dois tópicos que presencie, não imagino como a criança estava se sentindo, mas consigo me colocar no lugar da moça que esta presente na outra situação, pois ao decorrer da minha vida já me senti invalidada por simplesmente ser uma mulher. 16 Registro de Observação (8) Data: 18/03/2023 Horário de Início: 19h Horário de Término: 21h Duração: 02 horas. Local da observação: Restaurante Outback, shopping Granja Viana Registro de Observação: No dia 18 de março, sábado, iniciei mais uma atividade de observação em um restaurante que costumo ir esporadicamente, vale ressaltar que não costumo frequentar essa unidade do restaurante que é localizado no último piso o Shopping Granja Viana que é localizado na cidade de Cotia. Em geral o restaurante estava bem ocupado, não tinha fila de espera, mas a maioria das mesas estavam ocupadas, era uma noite muito tranquila, o dia tinha sido bem quente, mas quando começou a anoitecer começou a ventar um pouco, estava acompanhada de três amigos, estávamos em uma despedida de um do integrante do grupo, me sentia feliz por estar em um lugar que eu gosto de frequentar com eles, mas também chateada por se tratar de uma despedida. Nos acomodamos em uma mesa do meio do salão, tinha uma ótima visão para várias mesas, foi quando observei um casal e uma criança, que estavam sentados em uma mesa na minha direita, aparentemente eram pais da criança, a mulher tinha em torno de 35 anos e o homem aparentava ser mais velho, talvez entre 45 anos, o menino que acompanhava o casal beirava os 09 anos. O casal estava sentado no mesmo sofá e o menino sentado no outro sofá do outro lado da mesa. 17 O casal comia um pão e tomavam suco e o menino bebia refrigerante enquanto assistia um desenho que não consegui identificar em um tablet. Os dois conversavam e davam risada e o menino não desviava o olhar da tela nem por um segundo, para o casal aquela situação estava confortável, não mostraram incômodo em momento algum. A comida não demorou muito para chegar, o menino comia um hambúrguer, algo parecido como um combo infantil e o casal um prato maior que os dois dividiram, junto ao prato chegaram algumas porções. Do meu lado esquerdo havia um casal, ambos estavam com capacete na mão quando chegaram, a moça aparentava ter entre 22 a 25 anos e rapaz por volta de 25 anos, eles se acomodaram e sentaram um do lado do outro, não demorou muito quando o garçom trouxe para eles duas canecas de chopp, estranhei a situação, até por que a presença do capacete me deu certeza de que eles estavam motorizados, o meu julgamento foi instantâneo, já tenho uma concepção de que moto e um veículo mais perigoso, com o motorista alcoolizado isso potencializa. Minutos depois a comida começou a chegar, estranhei novamente porque a meu ver era um exagero da parte deles, porque só estavam os dois, junto com a comida o garçom trouxe em uma estrutura de metal três drinks, a minha reação que já não era positiva se tornou pior, a única coisa que conseguia pensar era como aquelas duas pessoas iriam embora sendo que estavam ambos alcoolizados. Voltando ao olhar para a mesa da direita pude perceber que o menino já tinha encerrado a sua refeição e que continuava a assistir no tablet, o casal se mostrava satisfeito também mas ainda tinha uma quantidade considerável de comida na mesa, eles chamaram o garçom para pagara conta e pude perceber que o mesmo questionou se gostariam de levar as sobras, os dois concordaram que não levariam, garçom se mostrou surpreso mas encerrou o atendimento normalmente, os dois levantaram e o menino foi atrás, pegou o tablet da mesa e saiu assistindo, quase esbarrando nas outras mesas. Visto isso conclui a observação pensativa, não entendi o porquê de eles não trocarem sequer uma palavra com o menino, a situação parecia muito confortável, o tablet parecia fazer o papel de uma "babá". O exagerado desperdício de comida também me chateou, quantas pessoas dariam valor aquele prato de comida, para eles não significava nada, não hesitaram em deixar todos os restos lá. 18 Já o outro casal, que estava com os capacetes não pararam de beber durante um minuto do jantar, sai de lá preocupada em como ambos chegariam em casa, acredito que devemos dar mais importância em causas como essa, não devemos em hipótese alguma dirigir quando ingerimos bebida alcoólica, visando poupar a nossa vida e a do próximo que também se encontra nas estradas. 19 Registro de Observação (9) Data: 20/03/2023 Horário de Início: 09h30 Horário de Término: 11h Duração: 01h30 minutos. Local da observação: Linha EMTU, Embu-Guaçu/ metrô Capão Redondo. Registro de Observação: No dia 20 de março, uma segunda-feira iniciei mais uma atividade de observação, peguei o ônibus no ponto de partida, consequentemente ele estava vazio, era um dia ensolarado, as janelas do ônibus estavam abertas e o ambiente estava fresco. O ônibus continuou o percurso e dois pontos depois todos os bancos já estavam ocupados, inclusive os preferenciais com pessoas que aparentemente não preenchiam os requisitos para estarem sentados ali. Era um grupo de 6 jovens, eles tinham entre 17 e 18 anos, 2 meninas, uma vestida com um vestido preto curto e a outra com um short e camiseta, os outros 4 eram meninos, todos estavam vestidos de forma semelhante, bermuda ou calça e camiseta. Alguns ocupavam bancos preferenciais, eles estavam todos sentados perto, conversavam e se mostraram muito animados, não pareciam nem um pouco sonolentos e nem cansados. Era visível no rosto das pessoas o descontentamento, pois eles falavam muito alto, chegando a gritar em alguns momentos, além deles, havia alguns idosos e um grupo diversificado de adultos entre 25 e 30 anos, todos pareciam ir em direção a seus 20 trabalhos, pude identificar pois usavam uniformes e crachás. Já os jovens pareciam sair em lazer, a roupa era muito informal para um trabalho. Chegando em quase metade do trajeto pude observar que uma senhora deu sinal em um ponto e o motorista parou, os adolescentes que se mostravam enérgicos desde que entraram no veículo se acanham, alguns fingiram até estarem dormindo, a mulher que deveria ter entre 60 e 65 anos procurava um lugar para sentar e nenhum deles cedeu a ela, foi quando estava me preparando para levantar para oferecer o lugar para a mulher, a mesma cutucou um dos jovens que estava no banco preferencial e disse “Com licença, o banco e preferencial e eu preciso me sentar, já sou uma idosa e estou a caminho de uma consulta médica" o menino se espanta e fica paralisado por alguns segundos, começa a gaguejar e ela apressa ele mais uma vez, com tom irônico diz “Vamos querido, estou cansada e sou velha, diferente de você", ele levanta sem hesitar e os colegas ficam paralisados e se mostram envergonhados. O menino fica em pé do lado do banco dos colegas e o motorista segue viagem , acredito que uns dois pontos depois o motorista para novamente e um senhor entra no ônibus, o menino que teria sido expulso pela senhora o banco preferencial olha com um olhar desesperado para o colega como quem diz “Levante, para não passar pela mesma coisa que eu”, o colega levanta sem nem hesitar e oferece o lugar para o senhor que aceita com sorriso no rosto, a senhora que já estava sentada olhou para os dois com um olhar de aprovação e deu um sorriso tímido. Com isso pude concluir que a “bronca” da senhora teve efeito imediato, nos pontos seguintes ninguém precisou nem olhar para eles para que eles se comportassem da forma que deveria, cedendo o lugar para quem realmente precisava, depois de toda essa situação até a conversa que era muito alta entre eles diminuiu, acredito que eles devem ter ficado envergonhados com a situação em um todo. 21 Registro de Observação (10) Data: 23/03/2023 Horário de Início: 14h Horário de Término: 16h Duração: 2 horas. Local da observação: Parque Ecológico Várzea, Embu-Guaçu. Registro de Observação: No dia 23 de março, quinta-feira, iniciei mais uma atividade de observação em um local que não tenho hábito de frequentar, fui até o parque ecológico da minha cidade, local que frequentava quando era criança. O parque não é um lugar tão amplo, conta com uma pequena biblioteca, com um parquinho, três quadras e alguns espaços para realização de piqueniques. O parque conta com uma estufa e uma pequena exposição de bichos empalhados e alguns vivos. Era uma terça feira ensolarada de muito calor, cheguei no parque estava lá somente para a realização da atividade, sentei-me num quiosque e observei uma movimentação grande dos funcionários, parecia que eles estavam se preparando para receber alguém. Minutos depois uma van estaciona e a porta se abre, em torno de 10 crianças descem da van, não me lembro ao certo quantos eram meninos e quantos eram meninas, mas me lembro de não ser discrepante a diferença. Eles estavam acompanhados de 5 mulheres adultas e 1 homem, o motorista. As crianças tinham 22 entre 4 e 5 anos, se tratava de um passeio escolar de um colégio particular, pude perceber pois estavam todos uniformizados. Uma das moças que acompanhava eles, no qual eu deduzi ser a professora porque estava usando avental, auxiliou as crianças a descerem e uma outra moça formou uma fila com eles, eles foram orientados a escolherem um amiguinho para ficar de mão dada e “cuidar” durante o passeio. Era perceptível o quanto eles estavam felizes de estar ali, por mais simples que fosse, eles olhavam para o espaço inteiro, cutucavam os colegas para mostrar o que estavam observando e não paravam de falar nem por um minuto. Eles se dirigiram a exposição dos bichos, que era um local mais próximo do quiosque que eu estava, com isso consegui observar parte da explicação da guia para eles, eles se sentaram no chão com as perninhas cruzadas e com o olhar atento ficaram em silêncio, respeitando a fala da guia, a moça apresentou a eles o bicho de pau, explicou a importância do inseto, o que ele comia e onde vivia. Por fim ela perguntou se alguém gostaria de pegar o animalzinho, e eles nem hesitaram na hora de dizer não, estavam curiosos, mas o medo ainda era presente, um menino do grupo fazia muitas perguntas e se mostrava o mais curioso e mais corajoso entre eles, ele era o único que havia ficado de pé e mais próximo da guia com o bicho. Foi quando a professora aceitou pegar o bichinho que eles foram deixando o medo de lado, a professora era figura de mais autoridade e confiança ali, e quem convive com eles diariamente, acredito que por conta disso eles foram encorajados a chegar mais perto e em até passar a mão o bicho pau. A monitoria da guia encerrou e então eles partiram para fora do espaço, para realizar um piquenique, a professora estendeu a toalha no chão e as outras mulheres que acompanhavam começaram a organizar os lanches que eles haviam levado. Poucos minutos depois todos já estavam comendo, eles demonstravam ser muito independentes e tinham muita facilidade em se comunicar entre eles e com as professoras também, era notório o quanto elas estavam preocupadas com o bem-estar das crianças. Com o encerramento do piquenique eles começaram a questionar sobre o parque, foi o único momento que percebi que as crianças demonstraram um pouco de 23 impaciência. A dúvida era se poderiam brincar nos brinquedos, entre eles tinha uma balança com dois balanços,duas gangorras, um escorregador e uma casinha. As professoras autorizaram e lá foram eles, brincavam em pequenos grupos de mais ou menos três crianças, pude observar que a imaginação era extremamente presente, a casinha por exemplo já havia se tornado um castelo, os galhos das árvores, espadas e varinhas de condão. Encerrei a atividade e tive como conclusão a importância do estudo em campo, o quão especial será para o crescimento delas a visita no parque que eu não frequentava desde os meus 10 ou 11 anos. 24 Registro de Observação (11) Data: 24/03/2023 Horário de Início: 16h40 Horário de Término: 17h40 Duração: 01 hora. Local da observação: Linha EMTU, Embu-Guaçu/ metrô Capão Redondo. Registro de Observação: No dia 24 de março, sexta-feira, iniciei mais uma atividade de observação, estava a caminho da faculdade para a aula de teoria psicanalítica, me encontrava sentada no ônibus e animada para a aula. Era um dia ensolarado de muito calor, já havia percebido que as sextas os ônibus são um pouco mais vazios, acredito que muitas pessoas não devem ter aula ou até mesmo faltam, por ser sexta-feira. A maioria das pessoas no ônibus se mostravam cansadas, o desanimo era estampado no rosto, a maioria mexia no celular, alguns dormiam e outros só olhavam pela janela para que acredito eu que o tempo passasse mais rápido. Eu estava sentada no banco da janela, na minha frente observei duas meninas, de aparentemente 18 e 19 anos, eles estavam com mochilas e conversavam sobre a faculdade, por estar muito próxima consegui observar o que elas estavam discutindo. Ambas falavam sobre a dificuldade de depender do transporte público, tanto para ir para a faculdade quanto para o trabalho. Uma das meninas mencionou que a na época que seu irmão frequentava a faculdade a cidade disponibilizava um ônibus fretado para as faculdades para os estudantes. As meninas começaram a discutir sobre o quanto isso seria vantajoso 25 aos estudantes, visto que temos que nos que residimos em Embu-Guaçu temos que praticamente embarcar em uma viagem para ter acesso a uma universidade. No meu lado esquerdo do outro lado do corredor, tinha um casal de idosos sentados, a senhora apresentava ter entre 60 e 65 anos e o senhor uns 67 anos, eles não tiveram nenhuma dificuldade de locomoção ao entrar e se mostravam bem-dispostos, coincidentemente os dois também conversando sobre a dificuldade na dependência do transporte publico e comentavam também sobre a neta que pegara aquele ônibus diariamente para frequentar a faculdade. Com essa observação pude concluir sobre como seria vantajoso se a prefeitura da cidade reservasse uma verba para algo parecido com o antigo fretado para as faculdades, os estudantes com certeza seriam gratos pois isso faria economizar tempo, visar mais segurança e conforto a quem precisa se locomover para outra cidade para a conclusão de um curso superior, levando em conta também que seria vantajoso na questão financeira também, pois normalmente quem está em período de formação não conta com uma remuneração tão alta. 26 Registro de Observação (12) Data: 28/03/2023 Horário de Início: 18h40 Horário de Término: 20h10 Duração: 01h40 minutos. Local da observação: Show em comemoração ao aniversario da cidade de Embu-Guaçu, Praça Ivan Braga de Oliveira. Registro de Observação: No dia 28 de março, terça-feira, iniciei a minha ultima atividade de observação, realizei a mesma em um show de comemoração do aniversario da minha cidade, em Embu-Guaçu, o dia 28 de março é feriado. O publico era tomado por moradores da cidade, o show em questão era da banda “Sampa Crew”, grupo que era bem popular nos anos 90. Sendo assim o publico era a maioria de pessoas entre 35 e 50 anos, alguns jovens e muitas crianças. A noite era agradável, não estava calor, mas era um clima fresco, a praça contava com várias barracas de comidas e bebidas. A praça contava com alguma s grades, as pessoas não tinham acesso por todos os lados, estava sentada em um banco observando o movimento quando reparei que havia uma moça entrando com algo que parecia um carrinho de bebida, na festa já haviam comentado que seria ilegal a venda de produtos fora das barracas, ao se deparar com a mulher entrando com o carrinho que obviamente não seria para consumo próprio, um dos barraqueiros se espantou e se mostrou muito bravo no mesmo minuto. O rapaz saiu da barraca e voltou em minutos com a fiscalização do evento, o fiscal abordou a moça de forma educada, eu estava perto e consegui observar o diálogo, ele a questionou se as bebidas alcoólicas que se encontravam no carrinho era para 27 consumo próprio, pergunta que foi feita sem necessidade, visto que a quantia que a mulher tinha era exorbitante, era impossível ela estar com aquela quantia toda para consumir no local, visto que a festa tinha previsão de encerramento aos 21h. A moça respondeu que não e então o fiscal pediu para que ela o acompanhasse, eles se colocaram atras de mim, ele colocou todas as bebidas em um banco e começou a fotografar o conteúdo, a moça o questionou e ele disse que era o procedimento que ele deveria seguir ao aprender mercadorias que estava ali de forma ilegal. A mulher aceitou todo o procedimento e assistiu toda a ação do fiscal, o rapaz que havia denunciado olhava de longe, se mostrava muito irritado e falava alto que havia pago para estar ali, que era injusto os donos das barracas arcarem com os custos e os ambulantes venderem de forma ilegal. A mulher não o questionou e nem discutiu em nenhum momento, acredito que ela sabia dos riscos que tinha e aceitou o acontecido. O show estava previsto para iniciar as 19h30, e assim foi, pontualmente os participantes da banda iniciaram a apresentação, as pessoas se mostravam muito entusiasmadas, assistiam o show, cantavam as músicas, comiam e conversavam com os amigos. A apresentação estava acontecendo, as pessoas gostando, quando um apagão no palco aconteceu, um coro de vaia tomou conta da praça, o grupo pediu paciência, enquanto a manutenção era feita as pessoas continuaram por ali, como se nada houvesse acontecido. Na cidade não é comum eventos como esse, a população é muito carente em relação a cultura e lazer, a cidade é pequena e a tempos não havia algo parecido com isso. O evento ficou parado durante uns 40 minutos, e o publico não abandonou o local, a apresentação voltou e todos continuaram ali, visto isso pude concluir o quão benéfico seria se a cidade investisse mais em relação a cultura, muitas vezes temos que se deslocar para vivenciar um resquício de lazer, a cultura é extremamente importante para a formação do ser humano, todos devemos ter acesso a isso, de uma forma acessível, pois a realidade das pessoas é totalmente diferente. 28
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