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MEIOS DE PROVA
INTRODUÇÃO
Lei processual no tempo
➪ As inovações do CPC/2015 sobre direito probatório só são aplicadas às provas que tenham sido REQUERIDAS ou DETERMINADAS DE OFÍCIO a partir da DATA DE INÍCIO da vigência do Código. Não importa que o processo tenha começado antes da entrada em vigor do CPC/2015, ou que a fase instrutória já tenha ocorrido e tenha sido reaberta. O que importa é que a ATIVIDADE PROBATÓRIA tenha início sob a égide do CPC/2015. 
CONCEITO
PROVA é tudo o que puder influenciar na formação da convicção do magistrado para decidir sobre os fatos que lhe são narrados desde a P.I. Então pode tratar de questões processuais (como a legitimidade) ou materiais (como que tipo de contrato foi celebrado entre as partes). 
➥ Já quanto aos MEIOS DE PROVA, eles são técnicas TÍPICAS (ou seja, que a lei processual civil reconhece como hábeis) para a formação do convencimento do magistrado. 
· E assim coaduna HUMBERTO THEODORO JR: A convicção do juiz deve ser estabelecida segundo meios ou instrumentos reconhecidos pelo direito como idôneos, conforme provas juridicamente admissíveis. 
CARACTERÍSTICAS DA PROVA - HUMBERTO THEODORO JR divide conceitua os objetos, fontes e meios de prova. Para ele:
· Objeto: fatos relevantes para o julgamento da causa, acontecimentos que podem revelar o conflito a ser solucionado.
· Fonte: é aquilo que se utiliza para comprovar o fato (como testemunha, documento, uma confissão ou a perícia). 
· Meio de prova: os modos admitidos em lei para a realização da prova 
➥ então quando se diz que um fato é prova de outro, trata-se da fonte, quando se diz que a confissão ou os testemunhos são provas de certo fato, trata-se dos meios”. 
CLASSIFICAÇÕES (DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES divide as provas quanto aos fatos em:
→ Quanto ao fato:
a) provas diretas: comprovam a alegação que se procura demonstrar como verdadeira; então se referem ao próprio fato probando. ex, a testemunha que narra o acidente que assistiu
b) provas indiretas: Quando não há relação imediata com o fato probando, elas permitem ao juiz, por um raciocínio dedutivo, presumir como verdadeiro o fato principal. São conhecidas como indícios. Ex: o perito descreve a posição em que encontrou os veículos após o acidente, fazendo presumir como poderia ter ocorrido.
→ Quanto ao sujeito:
a) prova pessoal: decorre de uma declaração feita por uma pessoa 
b) prova real: constituída por meio de objetos e coisas, que representam fatos
→ Quanto ao objeto: 
a) Testemunhais 
b) Documentais 
c) Periciais 
DIREITO À PROVA 
Para (ELPÍDIO DONIZETTI) as partes têm o direito de demonstrar a veracidade dos fatos alegados, produzindo provas no processo, e de ter as provas produzidas analisadas pelo magistrado. O direito à prova é conteúdo do direito fundamental ao contraditório.
→ Entretanto, pontua DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES que o direito à prova não é um direito absoluto: então, apesar de estar no patamar constitucional, como qualquer outro direito, ele encontra limitações:
· Afirma ainda que a exclusão de uma prova no processo sempre é prejudicial, então só será justificada quando o prejuízo da exclusão for menor que as garantias que seriam maculadas para a aceitação da prova. 
➥ Nesse ponto, pontua HUMBERTO THEODORO JR: que a inadmissão SÓ será legítima diante do DESCABIMENTO ou INUTILIDADE da prova, fora disso, configura cerceamento do direito à ampla defesa, e a consequência refletirá sobre a decisão que resolver o mérito da causa, acarretando nulidade. 
VALORAÇÃO DA PROVA (HUMBERTO THEODORO JR)
Em relação a valoração da prova, o juiz, ao manipular os meios de prova para formar seu convencimento, não pode agir arbitrariamente; ele deve observar um sistema.
→ HUMBERTO THEODORO JR traz 3 sistemas conhecidos na história do direito processual: 
1. critério legal: foi totalmente superado. Nele, o juiz apenas afere as provas seguindo uma hierarquia legal e o resultado surge automaticamente. Representa a supremacia do formalismo sobre o ideal da verdadeira justiça. Era o sistema do direito romano primitivo e do medieval. O processo produzia só uma verdade formal, que, comumente, não tinha vínculo com a realidade.
2. da livre convicção: o 2º critério trazido por HUMBERTO THEODORO JR é o da livre convicção, que é oposto ao critério legal. Aqui prevalece a íntima convicção do juiz, sem regra que condicione essa pesquisa, tanto quanto aos meios de prova como ao método de avaliação. Por isso tem excessos conflitantes com o princípio do contraditório.
3. Por fim, o sistema da persuasão racional: é a compreensão mais atualizada. Enquanto no livre convencimento o juiz pode julgar recorrendo à métodos que escapam ao controle das partes, no sistema da persuasão racional, o julgamento deve ser fruto de uma operação lógica, baseada nos elementos de convicção existentes no processo. A convicção do juiz fica condicionada, segundo Amaral Santos: aos fatos em que se funda a relação jurídica controvertida; às provas desses fatos, que foram colhidas no processo e às regras de experiência; além disso, o julgamento deve ser motivado.
COGNIÇÃO JUDICIAL/Poder de instrução do juiz 
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício OU a requerimento da parte, DETERMINAR as provas necessárias ao julgamento do mérito.
➥ Cognição judicial: Para CASSIO SCARPINELLA BUENO, o destinatário da prova é o magistrado, que dirige o processo na perspectiva de julgar, e não às partes ou terceiros intervenientes. 
➥ Partes: As partes, por outro lado, têm o direito de conhecer a prova produzida pelos demais e sobre ela se manifestar, e de produzir a prova que entende ser necessária, em respeito ao contraditório e ampla defesa. 
· Por isso, o magistrado, deve consultar as partes sobre as provas que elas pretendem produzir, porque se não fizer violaria o contraditório → então essa é a importância do magistrado ouvir as partes para decidir, como se vê no art. 9º do CPC, que consagra o contraditório como direito de influência. 
♟ Contudo, MISAEL MONTENEGRO FILHO destaca o Enunciado nº 50 do FPPC: os destinatários da prova são aqueles que dela poderão fazer uso, sejam juízes, partes ou demais interessados, não sendo a única função influir eficazmente na convicção do juiz.
➥ Ele entende ser uma busca por efetivar o modelo processual cooperativo, uma CRÍTICA AO ATIVISMO JUDICIAL
Iniciativa do juiz: (HUMBERTO THEODORO JR) Afirma que persistem na doutrina vozes hostis à liberdade judicial de perseguição da verdade real, porque isso quebraria a imparcialidade do julgador (que é indispensável ao devido processo legal). Para essa corrente, o melhor seria tratar a prova como matéria de controle e ampla disponibilidade das partes, longe da interferência do juiz. MAS, segundo o autor, quando a lei confia ao juiz a iniciativa da prova está pensando no bom juiz, que dirige o processo cumprindo as técnicas e poderes próprios do justo processo. Então, não há motivo para vê-lo como parcial e incapaz de valorar honestamente as provas, apenas por ter partido dele a ordem de produção. Os poderes conferidos ao juiz engendram a figura do juiz ativo, não do juiz autoritário. Por isso cabe ao juiz usar dos poderes de iniciativa sempre que algum meio de prova a seu alcance possa ser empregado para o melhor conhecimento dos fatos, mesmo que os litigantes não o requeiram.
➥O que é Grave é a falta cometida pelo juiz que usa seu poder para forçar a prova de forma imparcial, beneficiando ou prejudicando uma das partes. 
Otimização processual
Art. 370. (...) Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
➥ (CASSIO SCARPINELLA BUENO) aponta que o parágrafo único permite que o magistrado indefira as diligências inúteis ou protelatórias, em decisão fundamentada, para viabilizar, a otimização da fase instrutória. 
· Nesse sentido, a legitimidade da recusa da produção da prova pelo magistrado, pressupõe o exame de cada caso concreto. O que importa é que o magistrado, ao decidir, fundamente a decisão, em conformidade com o princípio do livre convencimentomotivado.
PRINCÍPIOS
Princípio da atipicidade 
Art. 369 - As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz” 
➥ Segundo (CASSIO SCARPINELLA BUENO),o CC consagra, no plano infraconstitucional, o princípio da atipicidade da prova, de estatura constitucional (o art. 5º, LVI da CF, determina como "inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos"). Assim, os meios “moralmente legítimos” remontam a tal dispositivo constitucional, que veda o uso de provas ilícitas (ilegítimas).
· MISAEL MONTENEGRO FILHO apresenta uma diferenciação entre as provas ilícitas e provas ilegítimas : 
· Provas ilícitas: aquelas obtidas com infringência ao direito material
· Provas ilegítimas: obtidas com desrespeito ao direito processual. 
· Provas ilegais: representam o GÊNERO do qual as provas ilícitas e ilegítimas são espécie, provas obtidas com violação de natureza material ou processual ao ordenamento jurídico 
Provas atípicas: Os meios de prova típicos são aqueles que possuem expressa previsão legal (perícia, depoimento pessoal, confissão etc) e os atípicos são aqueles que mesmo não previstos em lei são meios lícitos e moralmente legítimos de obtenção de prova.
➥ a jurisprudência se vale, frequentemente, de provas atípicas, como escritos provenientes de terceiros, declarações extrajudiciais, o comportamento extraprocessual das partes, as perícias particulares etc.
→ As provas atípicas ajudam a garantir a efetividade do processo: acima do formalismo, prevalece o anseio da justiça ideal, lastreada na busca da verdade material.
Curiosidade: FREDIE DIDIER JR. escreveu um artigo sobre a carta psicografada como fonte de prova no processo, tendo em vista o direito fundamental à liberdade religiosa e de expressão, a igualdade, a laicidade do Estado, o contraditório e o dever de fundamentar as decisões judiciais: 
→ Vêm se desenvolvendo, no Brasil, estudos e aprofundados sobre a liberdade religiosa e a laicidade do Estado, devido a uma judicialização da religião nos tribunais, temas que estão sendo objeto de decisões judiciais, dentre eles, à possibilidade de o juiz valer-se, em sua fundamentação, de argumentos de fundo religioso, situação em que esse problema se revela: o uso de carta psicografada como fonte de prova em um processo.
→ O autor afirma que fica claro que a preservação do contraditório e da exigência de fundamentação racional das decisões judiciais impõe se reconheça a ilicitude da carta psicografada como fonte de prova.
Mas a carta psicografada, como fonte de prova, já foi admitida, em processos penais, no Brasil, para beneficiar o acusado, é um precedente de direito penal e um caso isolado, mas ainda um precedente: 
Apelação criminal n. 70016184012, julgada em 11.11.2009 e publicada no DJ de 25/11/2009, a Primeira Câmara Criminal do TJRS decidiu ser juridicamente admissível que o Tribunal do Júri se valha da carta psicografada no veredicto absolutório, por prevalecer, nesse contexto, o sistema da íntima convicção –ainda mais quando não é consistente a prova carreada pela acusação em torno da materialidade e autoria do crime. 
➥ Ressalvou-se que a prova seria valorada “de acordo com a convicção religiosa ou mesmo científica de cada um”, sendo que sequer se saberia se a carta psicografada teria sido, de fato, considerada como elemento de prova determinante na absolvição –embora enfatizada pela defesa – ou se o resultado teria sido o mesmo em sua ausência. É válido acompanhar o caso, pois a eventual admissão ou inadmissão, pelo STJ, da carta psicografada como fonte de prova (lícita) será importante precedente sobre a matéria
Princípio do convencimento motivado do juiz 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
➥ Inovação processual; 
(CPC/109730) Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.
➥ (CASSIO SCARPINELLA BUENO) Comenta sobre a antiga redação legal, uma vez que o art. 131 do CPC/1973 empregava a palavra LIVRE e o art. 371 do CPC/2015 a suprimiu. Para ele, a alteração é pertinente, pois não há, propriamente, liberdade para o magistrado do Estado Constitucional. O exercício de sua função é REGRADO por elementos do “modelo constitucional do direito processual civil”, entre eles, o dever de fundamentação. Por isso, o art. 371 impõe ao magistrado que indique “na decisão as razões da formação de seu convencimento”, a exemplo do que já o fazia o art. 131. 
· JÁ PARA ELPÍDIO DONIZZETI O princípio da persuasão racional, ou livre convencimento motivado é o que vigora no nosso sistema, mesmo que não esteja expressamente positivado. Então,apesar da supressão da palavra “livremente” esse princípio não foi alterado. O juiz ainda tem liberdade para escolher entre este ou aquele fundamento, esta ou aquela prova. O autor se refere a opinião de alguns no sentido de que a supressão pretendeu evitar ou controlar o protagonismo judicial, E argumenta que se esse foi o objetivo, não funcionou, porque em um sistema em que as decisões dos tribunais possuem regras dotadas de generalidade, a simples supressão de uma palavrinha não tem o condão de alterar o sistema criado pelo próprio legislador. 
Livre convencimento motivado: sob esse ponto, HUMBERTO THEODORO JR ressalta alguns pontos
· Aduz que o convencimento do juiz não é livre, não pode ser arbitrário, porque fica condicionado às alegações das partes e às provas dos autos; 
· a observância de critérios legais sobre provas e a validade delas também não pode ser desprezada pelo juiz; 
· Como consequência, as sentenças devem ser fundamentadas e tratar sobre todos os pontos levantados pelas partes, impede julgamentos arbitrários ou divorciados da prova dos autos (congruência)
Recurso: conforme MISAEL MONTENEGRO: Em respeito ao princípio da motivação, abrigado pelo inciso IX do art. 93 da CF (IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade) e pelo art. 11 do CPC, a deficiência ou a ausência de fundamentação retrata uma nulidade absoluta, e por isso pode (e deve) ser reconhecida pela instância que analisa o recurso interposto pelo prejudicado. 
JURISPRUDÊNCIA: 
O processo civil brasileiro adotou como sistema de valoração das provas o da persuasão racional, também chamado sistema do livre convencimento motivado, segundo o qual o magistrado é livre para formar seu convencimento, exigindo-se apenas que apresente os fundamentos de fato e de direito. Ademais, o Juiz é o destinatário da instrução probatória e o dirigente do processo, sendo de sua incumbência determinar as providências e as diligências imprescindíveis à instrução do processo, bem como decidir sobre os termos e os atos processuais, desde que não atue em contrariedade à disposição legal, poderes que lhes são garantidos pelos artigos 370 e 371 do CPC. “(Acórdão 1406285, 07054497120208070018, Relator: FABRÍCIO FONTOURA BEZERRA, Sétima Turma Cível, data de julgamento: 16/3/2022, publicado no PJe: 4/4/2022).
A conclusão do laudo pericial não vincula o magistrado – princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional
“1. (...) 2. Na forma do artigo 479 do Código de Processo Civil, o juiz não está adstrito à conclusão do laudo pericial, podendo, com base no princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional, formar sua convicção mediante ponderação dos demais elementos probatórios coligidos aos autos.” (Acórdão 1438548, 07009951420218070018,Relator: SANDOVAL OLIVEIRA, Segunda Turma Cível, data de julgamento: 13/7/2022, publicado no DJE: 28/7/2022.)
Liberdade de valoração das provas pelo magistrado – princípio do livre convencimento motivado
“1. É desnecessária a produção de prova técnica, quando dos autos emergir sólido conjunto probatório formado por provas documentais, nos termos do art. 464, § 1º, II, do CPC; podendo o juiz indeferir o requerimento de perícia, enquanto destinatário final da prova, nos termos do art. 370, parágrafo único, deste Código. (...).” (Acórdão 1607776, 07134987320218070016, Relator: Roberto Freitas Filho, Terceira Turma Cível, data de julgamento: 18/8/2022, publicado no PJe: 31/8/2022).
Mediação ou imediatidade (CASSIO SCARPINELLA BUENO) aponta que 
· O juiz colhe diretamente a prova 
· Mitigado pelo CPC/2015: O código preserva essa posição do magistrado como condutor do processo e da colheita da prova, inclusive na AIJ, mas o juiz deixa de colher diretamente o depoimento das testemunhas. 
➥ Os procuradores das partes que as devem inquirir diretamente, reservado ao juiz o dever-poder de evitar perguntas impertinentes, capciosas ou vexatórias. 
Conclui-se que O princípio é preservado pelo CPC/2015. Mas mitigado em prol de maior eficiência na colheita da prova testemunhal.
Procedimento probatório: 
1. Prova emprestada
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. 
➥ Comforme (HUMBERTO THEODORO JR) O CPC/2015 adota, expressamente, a possibilidade do uso da prova emprestada (produzida em outro processo e que também afeta a causa em questão), ao contrário do código anterior, que era omisso, mas apesar dessa omissão, a doutrina e jurisprudência já admitiam a utilização da prova emprestada, por força dos princípios da economia processual e celeridade nos julgamentos, e considerando que a lei permitia o emprego de “todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos” 
VINCULAÇÃO
· (HUMBERTO THEODORO JR) pontua que o importante é a prova, não a valoração que o juiz da causa primitiva deu, porque ela não vincula o juiz do novo processo, em outras palavras, “não é o convencimento do juiz originário que se transporta: apenas a prova fisicamente concretizada”
· Complementa (SCARPINELLA BUENO): ao informar que Incide o princípio do convencimento motivado do juiz na apreciação da prova, o juiz vai avaliar a prova emprestada independentemente da análise ocorrida no processo em que foi produzida, deve ponderando sobre os interesses em conflito em decisão fundamentada. 
Otimização do processo → (HUMBERTO THEODORO JR) pontua que produção repetida de uma prova que já existe em outro processo posterga, de forma desnecessária, a prestação jurisdicional. Nesse sentido, a prova emprestada evita o desperdício de tempo e de despesas processuais, sendo útil quando as fontes de prova não estiverem mais disponíveis, ex: o falecimento de testemunha, o perecimento de um bem que é objeto de prova pericial”.
· Requisitos para utilização da prova emprestada: 
(HUMBERTO THEODORO JR) afirma que a utilização da prova emprestada se sujeitava, na opinião majoritária, à certos requisitos, principalmente, ao da observância do contraditório: 
a) identidade de partes: era essencial que as partes do processo em que fora produzida fossem as mesmas da ação que a aproveitaria ou, pelo menos, que a parte contra a qual a prova iria atuar tivesse participado da sua produção. 
b) identidade ou semelhança do objeto da prova: deveria haver coerência entre o objeto da prova produzida originariamente e os fatos a serem provados no outro processo. 
c) a prova emprestada deveria ter sido produzida na presença de um juiz natural: o juiz não precisava ser o mesmo, mas competente para atuar naquela ação. 
➥ Todavia (HUMBERTO THEODORO JR), ressalta que NCPC não inseriu no art. 372 nenhuma das antigas exigências, desde que respeitado o contraditório. As antigas exigências serão consideradas somente para aferir a valoração da prova emprestada no novo processo, porque caberá ao juiz atribuir à prova emprestada “o valor que considerar adequado”. → O que importa é que a prova tenha sido colhida em processo regular, e que o fato nela revelado seja relevante para o julgamento da nova demanda
· Essa orientação do NCPC corresponde ao posicionamento mais recente do STJ: “em vista das reconhecidas vantagens da prova emprestada no processo civil, é recomendável que essa seja utilizada sempre que possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório. (...) a prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade, sem justificativa razoável para tanto”.
→ MISAEL MONTENEGRO complemente os requisitos afirmando que a prova deve ter sido produzida:
a) de forma lícita; 
b) de forma moralmente legítima; 
c) em processo no qual o contraditório foi respeitado, conforme enunciado nº 52 do FPPC:
Enunciado nº 52 do III FPPC-Rio: Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a observância do contraditório no processo de origem, assim como no processo de destino, considerando-se que, neste último, a prova mantenha a sua natureza originária. 
ÔNUS DA PROVA
Conceito (HUMBERTO THEODORO JR): conduta processual exigida da parte para que a verdade dos fatos por ela arrolados seja admitida pelo juiz. 
→ O autor afirma que Não há um dever de provar, nem à parte contrária assiste o direito de exigir a prova do adversário. 
➥ O que existe é um ônus, o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados dos quais depende a existência do direito que pretende resguardar (fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente)
➤ Conforme CASSIO SCARPINELLA BUENO, O Ônus da prova deve ser compreendido em dois aspectos: 
a. regra de PROCEDIMENTO dirigida às partes, estabelecendo a elas como devem se comportar no processo acerca da produção da prova . 
b. regra de JULGAMENTO dirigida ao magistrado, permitindo a ele verificar em que medida as partes desincumbiram-se de seu ônus quando ainda não tenha se convencido das alegações relevantes para a prática daquele ato. 
➥ Segundo DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES, o ônus afasta a possibilidade do juiz declarar o non liquet ("não está claro") diante de dúvidas a respeito das alegações em razão da insuficiência ou inexistência de provas. 
OU SEJA, Obrigado a julgar e não estando convencido das alegações, aplica a regra do ônus da prova, para as situações em que, ao final da demanda, persistem fatos controvertidos não devidamente comprovados durante a instrução probatória.
(MISAEL MONTENEGRO) Histórico da inversão do ônus da prova 
→ A distribuição do ônus era técnica exclusiva das ações sobre relação de consumo, por força do inciso VIII do art. 6º do CDC, (possibilidade do magistrado inverter o ônus da prova em favor do consumidor, quando, a seu critério, for verossímil a alegação ou quando constatar que o consumidor é hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências). A hipossuficiência do consumidor justifica a inversão do ônus da prova, pode ser técnica e/ou financeira, apurada caso a caso pelo magistrado. 
➥ O legislador infraconstitucional se inspirou na norma consumerista, para permitir a redistribuição do ônus da prova em todas as ações, mesmo nas que não versem sobre relação de consumo. 
· Utilizou expressão diferente do CDC: a atribuição do ônus da prova de modo diverso (que corresponde à inversão do ônus da prova) pode ser realizada quando o magistrado verificar a impossibilidade ou a excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou a maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. 
➥ Reforça a ideia de que o magistrado não é mero expectador do processo, deve ser imparcial, sob pena de infringir o princípio da isonomia processual, mas também deve exercer função proativa no processo, pois é dele o encargo de prestar a jurisdição, 
Regra
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - aoAUTOR, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (matéria fática que traz em sua petição inicial)
➥ Regra geral: cabe ao autor cabe provar os fatos constitutivos de seu direito
Obs (DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES) afirma que o ônus probatório do réu não concerne aos fatos constitutivos do direito do autor, mas poderá tentar demonstrar a inverdade de fato feitas pelo autor por meio de produção probatória, mas, caso não o faça, não será colocado em situação de desvantagem, a não ser que o AUTOR COMPROVE a veracidade de tais fatos. A situação prejudicial NÃO se dará em consequência da ausência de produção de prova pelo réu, mas da produção de prova pelo autor 
 
II - ao RÉU, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (DEFESA INDIRETA DE MÉRITO)
➥ (DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES) Nesse ponto, o autor afirma que o ônus da prova só é exigido se o autor tiver se desincumbido do ônus probatório, o juiz só passa a ter interesse na existência ou não fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, APÓS SE CONVENCER da existência do fato constitutivo desse direito do autor. Significa dizer que: se nenhuma das partes se desincumbe de seus ônus no caso concreto e o juiz tiver que decidir com fundamento na regra do ônus da prova, o pedido do autor será julgado improcedente. 
Reconvenção (CASSIO SCARPINELLA BUENO): O réu passa a ser autor e ele, como reconvinte, terá o ônus da prova do fato constitutivo, e o autor, na qualidade de reconvindo (réu na reconvenção), do fato modificativo, impeditivo e extintivo, naquilo que sejam novos em relação ao pedido do autor e ao seu respectivo fundamento. 
Dinamização do ônus da prova → Inovação processual 
Segundo (DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES) Consagra-se a ideia de que deve ter o ônus da prova a parte que apresentar maior facilidade em produzir a prova e se livrar do encargo. Como a situação depende do caso concreto, cabe ao juiz fazer a análise e determinar qual o ônus de cada parte no processo.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
· Decisão prévia (CASSIO SCARPINELLA BUENO): O § 1º deixa claro que deve haver decisão judicial prévia (na fase saneadora) que determine a modificação e que crie condições para que a parte se desincumba do ônus, com as condicionantes do § 2º, que VEDA o que usualmente é conhecido como “prova diabólica”. 
Prova diabólica: A prova diabólica é a prova excessivamente difícil ou impossível de ser produzida. Atualmente se entende que quem alega o que não aconteceu terá o ônus da prova se o fato negativo for determinado. Exemplo: não trabalhei ontem. O problema está na prova do fato negativo indeterminado, isto é, a prova diabólica, pois não há como provar, por exemplo, que alguém nunca trabalhou.
· Vedação a prova diabólica: DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES afirma ser elogiável a vedação a essa inversão, porque a técnica de distribuição dinâmica da prova não se presta a tornar partes vitoriosa por onerar a parte contrária com encargo do qual ela não terá como se desincumbir, mas para facilitar a produção da prova.
Jursprudência: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE DEDUÇÕES E PRESUNÇÕES NA APURAÇÃO DE LUCROS CESSANTES.
(...) Com efeito, pretender-se chegar a uma conta exata do quanto se deixou de lucrar com uma atividade que não foi realizada por culpa do devedor, é o mesmo que se exigir a prova de fatos não ocorridos - prova diabólica e impossível. Essa exigência resulta assim, por via transversa, na negativa de reparação integral do dano judicialmente reconhecido em fase de cumprimento de sentença. Nesse contexto, a utilização de presunções não pode ser afastada de plano, uma vez que sua observância no direito processual nacional é exigida como forma de facilitação de provas difíceis. REsp 1.549.467-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016, DJe 19/9/2016.
Recurso cabível: A recorribilidade imediata dessa decisão se dá por por agravo de instrumento
➥ única decisão saneadora passível de interposição de recurso
Decisão PRÉVIA/Momento da inversão: O inciso III do art. 357, que trata do saneamento do processo, é expresso quanto à alteração ocorrer naquele instante (saneamento) por decisão que antecede o início da fase instrutória e a produção daquela prova. 
➥ Segundo (DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES) O STJ consolidou o entendimento de que, sendo o ônus da prova uma regra de instrução, sua inversão deve, preferencialmente, preceder a fase probatória, no saneamento do processo ou, quando excepcionalmente é reaberta a instrução 
Distribuição convencional
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
➥ O § 3º do art. 373 trata da distribuição convencional do ônus da prova, permitida desde que: 
a. a convenção não recaia sobre direito indisponível da parte, sobre o qual as partes não podem transigir
b. não torne excessivamente difícil a sua produção: diante da alegação de fato negativo indeterminado, cuja prova é chamada doutrina de "prova diabólica
➥ O § 4º esclarece que a convenção das partes sobre o ônus da prova pode se dar antes ou durante o processo, o que se harmoniza com o disposto no art. 190
Inversão LEGAL do ônus da prova:(DANIEL AMORIM ASSUNÇÃO NEVES)
Prevista expressamente em lei, não exigindo o cumprimento de requisitos legais no caso concreto. Os exemplos dessa espécie de inversão do ônus probatório são encontrados no CDC:
a) é ônus do fornecedor provar que não colocou o produto no mercado, que ele não é defeituoso ou que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros pelos danos gerados {art. 12, § 3P, do CDC); 
b) é ônus do fornecedor provar que o serviço não é defeituoso ou que há culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro nos danos gerados (art. 14, § 3.0, do CDC); 
c) é ônus do fornecedor provar a veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária que patrocina (art. 38 do CDC).
➥ OBS: Para o autor, nesses casos, nem é correto falar-se em inversão, porque o que se tem é uma regra legal específica em sentido contrário à regra genérica de distribuição do ônus da prova. 
FATOS QUE NÃO DEPENDEM DA PRODUÇÃO DE PROVAS
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: 
→ Conforme (ELPÍDIO DONIZETTI), existem fatos que não dependem de prova, pois sobre eles não paira qualquer controvérsia. Essa é a regra que abrange todos os incisos do art. 374. Em outras palavras, só haverá necessidade de prova em relação aos fatos controvertidos. 
→ (MISAEL MONTENEGRO FILHO) A norma trata de situações em que a produção da prova é desnecessária, devendo ser evitada pelo magistrado, em respeito ao princípio da razoável duração do processo, sendo o juiz autorizado a julgar antecipadamente o mérito ou com fundamento em outras provas produzidas pelas partes
Fatos notórios (MISAEL MONTENEGRO FILHO):
I - notórios; 
➥ Segundo a doutrina é aquele relacionado à acontecimento ou situação de conhecimento geral, Ex: datas, atos de gestão política etc. 
→ Em tais situações, sendo de conhecimento comum a veracidade da afirmação, não há que se exigir prova por se tornar inócua essa providência. Ressalve-se, contudo, a hipótese em que a notoriedade é que é objeto de prova, o que se dá na ação que tenta elidir a transferência onerosa de bens, quando a insolvência dovendedor é notória.
Confessados (MISAEL MONTENEGRO FILHO)
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; 
➥ a confissão consiste na manifestação ou na inação da parte, admitindo ou permitindo que sejam considerados verdadeiros os fatos afirmados pelo seu adversário processual. A confissão pode ser expressa (manifestada em documento, por petição ou por ocasião da audiência) ou ficta, decorrendo da fluência de prazo concedido à parte, sem que combata alegação exposta pela outra parte do processo. 
Em qualquer dos casos, além de o magistrado ser dispensado de investigar o fato, pode utilizar a confissão na formação do seu convencimento. 
Incontroversos (MISAEL MONTENEGRO FILHO)
II - admitidos no processo como incontroversos; 
➥ O fato é admitido como incontroverso quando é alegado por uma das partes e não rebatido expressamente pela outra. Ex: em ação de indenização por perdas e danos decorrente de atropelamento, se o autor afirmar que o réu se encontrava embriagado no momento do acidente e o réu não contestar a ação nessa parte, a alegação exposta pelo autor é considerada verdadeira, não justificando a produção de provas para esclarecê-la.
Presunção legal (MISAEL MONTENEGRO FILHO)
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
➥ Remissão a regras do direito material: O art. 334 do CC estabelece que a entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Na mesma linha de raciocínio, o art. 574 da lei material prevê que, se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado. Essas presunções são meramente relativas (juris tantum), admitindo a produção de prova em contrário. 
APLICAÇÃO DE REGRAS DE EXPERIÊNCIA 
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. 
Conceito (HUMBERTO THEODORO JR): as máximas de experiência não se confundem com o conhecimento pessoal do juiz sobre algum fato concreto.
As máximas de experiência podem formar-se a partir da experiência comum (empírica, p. ex: em determinado local da cidade, a partir de determinado horário, há engarrafamentos constantes)) como da experiência técnica (científica, que são conhecimentos técnicos de acesso generalizado ("vulgarizados"), como, por exemplo, o período de gestação da mulher e a lei da gravidade.
Em qualquer caso, deverão cair no domínio público. Quando se trata de experiência técnica, não é lícito ao julgador valer-se de conhecimento científico próprio acerca da matéria em jogo no processo para a análise dos fatos relevantes da causa.
(ELPÍDIO DONIZETTI) A redação é semelhante à do art. 335 do CPC/1973 mas com uma diferença: 
· o CPC/1973 mencionava que as regras de experiência só deveriam ser aplicadas na falta de normas jurídicas particulares.O juiz deveria verificar se existia uma norma jurídica sobre a prova produzida. Se houvesse, seria ela aplicada. Na falta, julgaria segundo o livre convencimento, mas com observância das suas regras de experiência. 
· O novo CPC excluiu a parte inicial do art. 335 (CPC/1973), provocando um verdadeiro retrocesso na legislação: abriu espaço para o julgador proferir suas decisões utilizando-se das regras de experiência em caráter não subsidiário, o julgamento pode não advir da lei se as regras de experiência – noções que a sociedade em geral detenha a respeito de assuntos corriqueiros e recorrentes – forem mais convincentes do que o texto legal. 
➥ O autor acredita que como o legislador pretendeu reformular o princípio do livre convencimento, para afastar julgados subjetivos, a interpretação meramente gramatical do dispositivo deve ser afastada. Assim, NA FALTA de normas jurídicas particulares, poderá o juiz utilizar-se subsidiariamente das regras de exeriência
➥ Ressalte que, embora ter conhecimentos técnicos (de engenharia, por exemplo), o magistrado jamais poderá substituir o perito na produção de determinada prova. 
Funções da regra da experiência: As regras da experiência exercem as seguintes funções no processo: 
a) apuração dos fatos, a partir dos indícios, autorizando que o juiz elabore as presunções judiciais- assunto que será examinado nos próximos itens; 
b) valoração da prova, servindo para que o magistrado possa confrontar as provas já produzidas (dar mais valor a um testemunho do que a outro, por exemplo); 
c) aplicação dos enunciados normativos, auxiliando no preenchimento do conteúdo dos chamados conceitos jurídicos indeterminados (perigo de dano, por exemplo).
d) limite ao convencimento do juiz: o magistrado não pode apreciar as provas em desconformidade com as regras da experiência.
* PROVA DE VIGÊNCIA EM ALEGAÇÃO DE DIREITOS
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar
(MISAEL MONTENEGRO FILHO): Mesmo que o magistrado não possa se escusar de aplicar a lei alegando que não a conhece (art. 3º da LICC) e que o processo civil seja orientado pela máxima da mihi factum, dabo tibi jus (dai-me o fato que eu te darei o direito, em tradução livre), o autor percebe que o juiz muitas vezes depara com a citação de normas de uso menos frequente, inseridas em legislações municipais, estaduais, estrangeiras, dificultando o acesso do julgador ao seu texto, 
(OBS: embora a Internet seja importante ferramenta de pesquisa, bastando a indicação do número da lei para que o magistrado conheça do seu teor). 
De qualquer modo, requerida a aplicação da norma de uso não frequente, o magistrado pode determinar que a parte junte cópia da lei ao processo, provando a vigência, sob pena de a legislação não ser utilizada
Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento.
(MISAEL MONTENEGRO FILHO): As cartas precatórias e rogatórias como regra não suspendem o processo, em respeito ao princípio da razoável duração do processo. Excepcionalmente, o suspendem quando: 
(a) a prova de produção solicitada a outro juízo for imprescindível para a formação do convencimento do magistrado; 
(b) a expedição tenha sido requerida antes da decisão de saneamento do processo, proferida com fundamento no art. 357. 
(ELPÍDIO DONIZETTI) As cartas precatória e rogatória só suspendem o processo quando requeridas antes da decisão de saneamento e desde que a prova se mostre imprescindível. O caput do art. 377 inclui o pedido de auxílio direto como motivo para suspensão do processo. 
O auxílio direto pode compreender a cooperação jurisdicional do art. 69, I, ou a cooperação jurídica internacional do art. 28, ambos do CPC/2015. Diferentemente do CPC/1973, que permitia a juntada da carta precatória aos autos até o julgamento final (art. 338, parágrafo único), a nova legislação (art. 377, parágrafo único) estabelece que as cartas podem ser juntadas a qualquer momento, desde que seja aberta vista dos autos às partes, em homenagem ao contraditório. 
COLABORAÇÃO 
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade
(ELPÍDIO DONIZETTI) O dispositivo – cuja redação é idêntica à do art. 339 do CPC/1973 – prevê o dever de todos em colaborar com o Poder Judiciário para a apuração da verdade. Tal dever é exigido não apenas das partes, mas de todos, inclusive terceiros, cujo conhecimento seja relevante para a solução da lide (art. 380 do CPC/2015). 
· trata-se de um reflexo da regra geral inserida no art. 6º do CPC , segundo o qual “todos os sujeitos do processo devem cooperar entresi para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva
· (MISAEL MONTENEGRO FILHO) Considerando a natureza da função jurisdicional, não apenas as partes, como também as pessoas físicas e as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado estão obrigadas a colaborar para que o processo seja encerrado. Esse dever geral pode ser ilustrado na contribuição: 
a) da pessoa da família ou do vizinho do réu no aperfeiçoamento da citação por hora certa; 
b) do estabelecimento bancário em receber o depósito de dinheiro na consignação extrajudicial; 
c) do Banco Central do Brasil e das instituições financeiras, fundamental para o aperfeiçoamento da penhora on line. 
PROTEÇÃO 
(MISAEL MONTENEGRO FILHO): Direito de não produzir prova contra si
Inicialmente, o princípio consagrado no inciso LXIII do art. 5º da CF foi entendido como uma prerrogativa exclusiva do direito processual penal, assegurando ao acusado a prerrogativa de ficar calado, para não se autoincriminar. 
· Posteriormente, foi entendido como sendo uma prerrogativa geral, extensivo a outras áreas do direito, com destaque para o direito processual civil. 
→ Essa prerrogativa foi assegurada pela alínea g do § 2º do art. 8º do Pacto de San José da Costa Rica, prevendo que toda pessoa tem o direito de “não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada”. 
Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte: 
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado; 
(MISAEL MONTENEGRO FILHO) Direito de não produzir prova contra si versus confissão ficta: Ao mesmo tempo em que o CPC confere à parte o direito de não produzir prova contra si, estabelece, no § 1º do art. 385, que se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena . 
➥ Esse conflito entre normas não é exclusivo do processo civil. No processo penal, embora o art. 186 garanta que o silêncio do réu não será interpretado em seu prejuízo, o art. 198 estabelece que o silêncio poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. 
♟ (MISAEL MONTENEGRO FILHO) No entendimento do autor, o § 1º do art. 385 não deveria ter constado do CPC/2015, é norma infraconstitucional, não se aplicando, quando confrontada com norma constitucional, o que permite a conclusão de que o silêncio da parte (tecnicamente) caracteriza a confissão ficta, mas não pode ser utilizado pelo magistrado na formação do seu convencimento. 
Enunciado nº 51 do III FPPC-Rio: A compatibilização do disposto nestes dispositivos com o art. 5º, LXIII, da CF/1988, assegura à parte, exclusivamente, o direito de não produzir prova contra si em razão de reflexos no ambiente penal.
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária; 
➥ (MISAEL MONTENEGRO FILHO) Se a parte não se submeter à inspeção judicial, modalidade de prova típica ou nominada, sendo seu o ônus da prova do fato controvertido, o magistrado pode considerar o fato como não provado. 
III - praticar o ato que lhe for determinado.
➥ (MISAEL MONTENEGRO FILHO)Se a parte não praticar determinado ato no processo, pode sofrer consequências, a depender da natureza do ato e da omissão, como, por exemplo, o ato ser considerado atentatório à dignidade da justiça, na forma disposta no inciso V do art. 774, pelo fato de o devedor, intimado, não indicar ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. 
DEVERES DE TERCEIRO 
Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: 
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; 
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. 
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
➥ (ELPÍDIO DONIZETTI) O dispositivo reitera o dever de colaboração contido no art. 378. A regra, no entanto, dirige-se àqueles que não têm ligação direta com a causa, mas que, apesar disso, podem possuir algum registro de dados ou fatos que interessem ao processo. 
→ (ELPÍDIO DONIZETTI) O CPC/2015 traz a possibilidade de o magistrado aplicar medidas com caráter sancionador ao terceiro que descumprir as incumbências que lhe foram determinadas, inclusive com a aplicação de multa. Se, ainda assim, o terceiro não realizar sua obrigação, poderá o magistrado determinar a aplicação de medidas indutivas, coercitivas mandamentais ou sub-rogatórias, que forcem o terceiro a cumprir a determinação. 
A inovação vem como meio de efetivação da produção probatória, em busca da verdade real no processo. No entanto, já se verificava sua aplicação no CPC/1973, sobretudo em cumulação com o art. 14, V
Limitação na aplicação da norma:: TODAVIA - (MISAEL MONTENEGRO FILHO) Afitmaa que contribuição esperada do terceiro, estimulada pela norma, não é irrestrita. Ex:, a testemunha não é obrigada a depor sobre fatos que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou na colateral, até o terceiro grau , e sobre fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo (incisos I e II do art. 448). 
PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA
Introdução: (CASSIO SCARPINELLA BUENO) O Capítulo é dividido em 11 seções. A 2ª trata da “produção antecipada da prova”, que substitui, pertinentemente e com vantagens, a “cautelar de produção antecipada de provas”, e a “justificação”, que no CPC/1973 eram “procedimentos cautelares específicos”. 
➥ Então no CPC/2015, a produção antecipada de provas não tem, como no CPC de 1973, natureza de ação cautelar, que era ajuizada sempre em razão de risco de a prova perecer. O risco é uma das justificativas da antecipação da prova, mas não a única, o CPC aponta 3 situações em que será aplicada. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
· A todos deve ser assegurada a produção de prova, ainda que seja interesse da parte propor qualquer ação. (JAYLTON LOPES JR.)
· curiosidade: A posição jurídica do autor na ação de produção antecipada de prova é irrelevante e não lhe confere qualquer benefício específico, pois, uma vez produzida, é possível que a prova interesse mais ao réu do que propriamente o autor. O réu da ação de produção antecipada pode ser autor de um eventual ação ajuizada no futuro (JAYLTON LOPES J)
Tipos de provas que podem ser antecipadas
➥ Inovação: Diferentemente do CPC/1973, que previa a produção antecipada de prova oral ou pericial, o CPC/2015 não faz essa restrição: é possível pedir a produção antecipada de qualquer prova. (FREDIE DIDIER JUNIOR/PAULA SARNO BRAGA/RAFAEL ALEXANDRIA DE OLIVEIRA). 
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: 
→ Há três razões para antecipação das provas:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; 
➥ O temor de que se percam certos fatos (afastar um risco) - a causa mais comum de antecipação. (ELPÍDIO DONIZETTE), tem nítido caráter cautelar e é cabível antes da propositura da ação principal, quando, em razão da natural demora em se chegar à fase probatória, houver receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de determinados fatos no curso da ação. O deferimento da produção antecipada, nesse caso, se subordina à comprovação do perigo de impossibilidade de produzir a prova no momento oportuno. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
→ Teme-se, por exemplo, que uma testemunha não possa ser ouvida no momento oportuno, seja porque vai se mudar para um local distante, porque está muito doente ou muito idosa. 
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; 
➥ Prova suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio de solução de conflito: - o CPC estimulaa autocomposição e outras formas alternativas de solução do conflito, a ponto de tratar delas entre as suas normas fundamentais (art. 3º, § 3º). Pode ocorrer que, somente com uma determinada prova, as partes possam tentar conciliar-se, só por meio dela poderão ter mais conhecimento do que de fato ocorreu, ou das consequências desse fato. Assim, a prova pode servir para definir de forma mais evidente e precisa os contornos do conflito, viabilizando a autocomposição. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
· Além de fornecer mais elementos ao conciliador e ao mediador para tentarem sugerir uma solução consensual, ou conduzir as partes a que a encontrem;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
➥ O prévio conhecimento dos fatos que possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação : Há casos em que a antecipação servirá para colheita de elementos necessários ao ajuizamento da demanda. Sem ela, o autor terá dificuldade para ajuizar a ação. Ex: pretende postular indenização porque houve um vazamento, que trouxe danos para o seu apartamento. Mas não sabe ainda qual foi a causa, nem onde se originou, se na coluna central do prédio, caso em que a responsabilidade será do condomínio, ou se no encanamento do imóvel superior (a ação deverá ser dirigida contra o seu titular). A antecipação da prova servirá para que colha elementos necessários para uma eventual ação, fornecendo informações ao interessado para que decida se deve ou não ajuizá-la. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
➥ O arrolamento de bens tem como objetivo a certificação dos bens que compõem determinado acervo patrimonial, quando tiver por finalidade apenas a documentação e não a prática de atos de apreensão, também pode ser deferido como antecipação de prova. Mas havendo necessidade de apreensão Deverá a parte interessada requerer uma tutela cautelar em caráter antecedentes e, após eventual deferimento e efetivação, formular o pedido principal em 30 dias (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES /JAYLTON LOPES JR) 
Competência 
§ 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
➥ Existem duas interpretações quanto a esse parágrafo. Primeiro uma ideia de subsidiariedade em que se procure o juiz do furo onde a prova será produzida e, somente em caso negativo, será de domicílio do réu. mas o entendimento predominante é de que se trata de uma relação alternativa, ou seja, cabe ao autor optar entre os dois (JAYLTON LOPES JR.)
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta.
➥ O art. 381, § 3º, afasta a controvérsia que havia na vigência do CPC anterior a respeito da aptidão da ação de produção antecipada de provas para prevenir o juízo. O dispositivo acolhe a lição da Súmula 263 do extinto Tribunal Federal de Recursos: “A produção antecipada de provas, por si só, não previne a competência para a ação principal”. Como a medida não exige ação principal, nem mesmo a indicação da lide e seus fundamentos, não haveria razão para que seu ajuizamento prevenisse a competência. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
§ 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal.
➥ estabelece a competência subsidiária da Justiça Estadual para colheita antecipada de provas em processos dos quais participem a União, suas entidades autárquicas ou empresa pública federal, se na localidade não houver vara federal. 
OBS: Mas isso não significa que a mesma autorização se estenda para a ação principal, para a qual a Justiça Estadual só terá competência subsidiária nos casos expressamente previstos na CF. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
➥ (ELPÍDIO DONIZETTE) Permitir que este procedimento se instaure diretamente no juízo estadual não ofende regras de competência absoluta, vez que o mérito será julgado em juízo de competência federal. Além disso, a regra facilita a produção probatória, tornando desnecessários eventuais atos de comunicação entre os juízos. 
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Natureza jurídica
O processo autônomo de produção antecipada de prova é de jurisdição voluntária (pois não há necessidade de afirmação do conflito em torno da produção da prova). e não é processo cautelar - não há necessidade de alegar urgência. (FREDIE DIDIER JUNIOR/PAULA SARNO BRAGA/RAFAEL ALEXANDRIA DE OLIVEIRA)
Justificativa: 
 Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
➥ A petição inicial em que o interessado requer a antecipação da prova deve indicar a justificativa para que ela seja deferida. O juiz tem certa liberalidade na avaliação da justificativa, já que a antecipação da prova não traz prejuízos ou coerção para a parte contrária. 
→ Isso não significa que ele pode deferir sem razão; mas que deve ser tolerante no exame dos requisitos.
➥ Além da justificativa, o requerente mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova. Sem isso, o juiz não teria, por exemplo, como questionar a testemunha ou a parte, porque não saberia quais os fatos relevantes para a causa. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
Procedimento
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso.
➥ Ao receber a petição inicial, o juiz, se a entender justificada, determinará a antecipação da prova e a citação dos interessados para acompanhá-la. A citação deve se aperfeiçoar antes que a produção da prova tenha início. 
· Serão citados todos que, de qualquer forma, possam ter interesse, seja porque venham a participar de futura ação como partes ou intervenientes, seja porque figurem já no processo principal, seja porque a prova possa ser útil para uma autocomposição da qual eles participem. 
· Sem a citação para participação, a prova não pode ser usada contra eles por causa do princípio do contraditório. 
Obs: Se uma das partes pretende valer-se da denunciação da lide no processo principal, convém que a informe na antecipação preventiva, para que o futuro denunciado seja incluído e possa participar da prova, que só assim poderá ser eficaz em relação a ele. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES)
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
➥ Sentença: A sentença que o juiz profere nas ações de antecipação de prova é apenas homologatória, refere-se somente ao reconhecimento da eficácia dos elementos coligidos, para produzir efeitos inerentes à condição de prova judicial. O juiz não se pronunciará acerca da ocorrência ou da inocorrência do fato, bem como sobre as respectivas consequências jurídicas (art. 382, § 2º). 
→ Não são ações declaratórias e não fazem coisa julgada material. 
· (ELPÍDIO DONIZETTE) A sentença produzida neste procedimento permanece com a mesma natureza assecuratória, uma vez que não há julgamento de mérito (art. 382, § 2º).
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora.
➥ O procedimento é de natureza administrativa, não estando restrito ao pedido inicialmente manifestado. Podem os interessados, por isso, requerer a produção de qualquer outra prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato. Contudo, isso não será admitido se a produçãoconjunta acarretar excessiva demora (art. 382, § 3º). (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR)
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário.
➥ Neste procedimento não se admitirá defesa ou recurso, uma vez que a medida limita-se à realização da prova e nada mais. Entretanto, caberá apelação contra a decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário (art. 382, § 4º). (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR) 
Recurso cabível: Quanto ao recurso, se a decisão rejeitar totalmente a produção da prova, o caso é de sentença apelável. Se, porém, o requerente cumular pedidos - produção de mais de uma prova - e o juiz não admitir, por decisão interlocutória, a produção de apenas uma delas, o caso é de agravo de instrumento - está-se diante de uma decisão interlocutória de mérito (art. 1.015, 11, CPC). (FREDIE DIDIER JUNIOR/PAULA SARNO BRAGA/RAFAEL ALEXANDRIA DE OLIVEIRA)
ATA NOTARIAL
 Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Conceito (ELPÍDIO DONIZETTE): Trata-se de instrumento público produzido pelo tabelião para constatar, de forma objetiva e imparcial, a realidade de um fato que presenciou ou tomou conhecimento. Esse instrumento, que é dotado de fé pública, pode servir de prova em processo judicial, porquanto materializa fatos com o objetivo de resguardar direitos. 
➥ goza de presunção relativa de veracidade: A ata, portanto, não se constitui em prova legal absoluta que, uma vez presente no processo, não possa ser ignorada e que se imponha com supremacia no juízo de valoração da prova dos autos. (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR)
→ O tabelião não atesta veracidade ou não do fato, apenas descreve o que lhe foi apresentado (JAYLTON LOPES JR.)
→ O tabelião deve saber a finalidade do documento?
 Discussão doutrinária. o entendimento majoritário é de que a finalidade da atalatarial deve ser demonstrada, até porque o tabelião possa redigir de acordo com a vontade/interesse da parte que requereu ou presenciou. (JAYLTON LOPES JR.)
Natureza jurídica: não é produzida em juízo, mas extrajudicialmente, com a atuação de um tabelião. (MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES) 
Necessidade de requerimento da parte interessada: Dispõe o NCPC, em seu art. 384, que o tabelião lavre a ata a requerimento do interessado. Ou seja, sua atividade não pode ser exercida de ofício. É o denominado princípio da instância, vigente no sistema de registros públicos. (HUMBERTO THEODORO JÚNIOR)
Inovação (ELPÍDIO DONIZETTE): O CPC/1973 restringiu-se em afirmar que os documentos públicos – dos quais a ata notarial é espécie – fazem prova de sua formação e dos fatos que neles estiverem declarados. 
→ O parágrafo único do novo art. 384 prevê a possibilidade de se fazer constar em ata notarial informação representada por imagens ou sons gravados em arquivos eletrônicos, o que demonstra a intenção de modernizar o instituto. 
Atualmente já é possível utilizar a ata notarial como prova evidente da existência de certa informação no ambiente eletrônico, cabendo ao tabelião descrever os fatos e, na hipótese de o conteúdo a ser materializado estar em sítio na Internet, imprimir as páginas acessadas, fazendo-as compor o instrumento notarial. Ao ampliar a sua adequação às imagens e aos sons gravados em arquivos eletrônicos, o legislador evita o esvaziamento do instituto.
→ A ata notarial também tem sido bastante utilizada em licitações públicas, a permitir que o tabelião coloque em ata tudo o que viu e/ou ouviu a respeito da abertura das propostas e do comportamento de todos os licitantes. (CASSIO SCARPINELLA BUENO)
DO DEPOIMENTO PESSOAL
 Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
Conceito(HUMBERTO THEODORO JR): É o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte, no curso do processo. Aplica-se tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz A iniciativa da diligência processual pode ser da parte contrária ou do próprio juiz.
· Espécie de prova oral. É importante colocar as partes diretamente diante do juiz, sem o filtro criado pelos advogados quando elaboram suas razões. O depoimento pessoal pode mostrar que as coisas não se deram exatamente como narrado pelo advogado na petição inicial ou contestação (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES)
Requerimento:
a) Requerimento pelas partes: (ELPÍDIO DONIZETTE): Não cabe à parte requerer o próprio depoimento pessoal, o que tinha a dizer deveria ter sido dito na inicial ou na contestação. 
· Será requerido pela parte adversa na inicial, na contestação, ou após o despacho saneador, semelhante ao que ocorre na indicação das testemunhas
· Pelo mesmo motivo,o advogado da parte interrogada não pode fazer perguntas. 
b) Requerimento de ofício pelo juiz (ELPÍDIO DONIZETTE): Nesse caso, a doutrina utiliza o termo “interrogatório”, a ausência da parte que deveria depor não acarreta consequência alguma. Durante o interrogatório, pode sobrevir a confissão da parte, mas esta não é da essência do interrogatório. 
➥ Interrogatório livre: Entre os poderes do juiz há um outro expediente determinado a ouvir a parte, que não se confunde com o depoimento pessoal. Trata-se da determinação do “comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa”, se dará sem a cominação da “pena de confesso” e poderá ocorrer “a qualquer tempo”, durante o curso do processo (art. 139, VIII). É chamada de “interrogatório livre” e utilizada pelo juiz para esclarecimentos sobre a matéria fática do litígio, dentro do poder de “direção material do processo”.
♟Nesse ponto, DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES CRITICA o CPC/1973 por não distinguir com exatidão dois meios de provas diferentes. No CPC/2015, o art. 385, caput, consagra a possibilidade de o juiz determinar de ofício o depoimento pessoal, não existe mais o interrogatório, que deixou de ser meio de prova, transformando-se em forma de produção do depoimento pessoal. Acredita que a medida tenha sido benéfica, considerando ser prática quase inexistente a realização de interrogatório no processo civil.
c) Requerimento pelo MP (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES): O MP tem atuação no processo como parte ou como fiscal da lei. A lei fala em requerimento pela parte contrária, mas quando o MP atua como fiscal da lei, não é possível falar em parte contrária, mas ainda assim o pode requerer o depoimento pessoal de ambas as partes, ainda que OMISSA a lei nesse sentido.
Depoimento pessoal e prova testemunhal: Apesar de constituir-se em testemunho da parte, o depoimento pessoal não se confunde com a prova testemunhal, em razão dos sujeitos que prestam as declarações em juízo. Somente poderão prestar depoimento pessoal os sujeitos que figurem na relação jurídica processual como partes na demanda. 
➥ será sempre prestado por sujeito diretamente interessado no resultado do processo (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES)
Finalidade (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES): O depoimento pessoal era visto como meio de prova que tinha como único e exclusivo objetivo a confissão. Isso se justifica na circunstância de que os sujeitos que produziam essa espécie de prova eram sempre os interessados na solução da demanda, não havia imparcialidade e compromisso com a verdade que dão credibilidade à prova oral. 
	♟ O depoimento pessoal não poderia servir para favorecer a parte que o prestava, quando a parte afirmasse fatos que lhe favorecessem, deveria o depoimento ser encarado com reservas, diante do interesse da parte envolvida no litígio. Entretanto, o contato pessoal do juizcom as partes pode esclarecer alguns fatos que não tenham chegado ao seu conhecimento somente após as peças processuais. Não seria absurdo imaginar uma situação em que o depoimento pessoal favoreça a parte que o prestou, devendo o juiz, levar em consideração o interesse direto da parte em se sagrar vitoriosa na demanda. 
➥ TODAVIA, esclarece HUMBERTO THEODORO JR que: o depoimento pessoal, quando útil, destina-se a criar prova para o adversário do depoente, nunca para a própria parte que o presta. A razão é óbvia: ninguém produz, com suas próprias palavras, prova para si mesmo. 
→ A finalidade é dupla: provocar a confissão da parte e esclarecer fatos discutidos na causa.
 Código Civil (ELPÍDIO DONIZETTE): O art. 229 do Código Civil dispunha sobre essa matéria. Contudo, o legislador houve por bem revogar esse dispositivo (art. 1.072) concentrando as normas processuais sobre a desnecessidade de depor no CPC atual, no intuito de concentrar as normas processuais sobre a desobrigação de depor apenas na lei processual. 
➥ Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: 
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo;
Legitimação para o depoimento (HUMBERTO THEODORO JR): O depoimento pessoal é personalíssimo. A parte deve comparecer em juízo e prestar pessoalmente o depoimento. Nem procurador com poderes expressos pode prestá-lo em nome da parte . Os terceiros intervenientes – como o denunciado à lide, o chamado ao processo – também se sujeitam a prestar depoimento pessoal.
➥ DANIEL AMORIM afirma que a possibilidade de procuradores deporem no lugar da parte abriria a possibilidade de sujeitos imbuídos de má-fé indicarem para seu lugar pessoas com maior poder de persuasão, não para dizer necessariamente a verdade, mas sim na tentativa de ludibriar o juiz a respeito da matéria fática da demanda.
· Pessoa jurídica (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES): O sujeito responsável será sempre pessoa física, inclusive no caso de ser parte no processo pessoa jurídica, quando o depoimento pessoal será tomado de seu representante legal ou de preposto devidamente constituído com poderes para confessar.
➥ Ciente da enorme dificuldade que ocasionaria a grandes empresas, frequentemente clientes do Poder Judiciário, no sentido de que se tivessem que enviar seus representantes legais para todas as audiências em que fosse requerido seu depoimento pessoal, jamais teria número suficiente de representantes para todos os processos, abre-se a possibilidade da representação por meio de preposto com poderes especiais para confessar e com conhecimento da matéria fática do processo. O preposto não precisa manter vínculo empregatício com a pessoa jurídica, conforme expressamente o art. 9.°, § 4.°, da Lei 12.137/2009.
· Incapaz (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES): Tal regranão se aplica às situações em que a pessoa física for incapaz, sendo nesse caso o depoimento pessoal colhido por meio de seu representante legal. (DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES)
Momento processual: Não sendo o caso de depoimento por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens, a inquirição será feita na audiência. 
· Na audiência, o depoimento das partes será tomado antes da ouvida das testemunhas, primeiro o do autor e depois o do réu (art. 361, II). Poderá, naquele ato ou em petição anterior, a parte pedir dispensa do ônus de depor, alegando motivo justo. O juiz decidirá de plano e aplicará a pena de confesso, caso haja indeferimento do pedido e recusa de depor (art. 385, § 1º). 
➥ Se o depoente residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo, o seu depoimento poderá ser colhido por meio de videoconferência, em tempo real, inclusive durante a realização da audiência de instrução (art. 385, § 3º). Inovação processual. 
➥ § 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
➥ Aplicação da confissão (ELPÍDIO DONIZETTE) Requerido o depoimento, procede-se à intimação da parte. Se a determinação para prestar depoimento decorre de requerimento da parte adversa, sendo a parte intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso, injustificadamente, não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão. 
· Não pode ser imposta a pena de confesso se não constou do mandado que se presumirão confessados os fatos alegados contra o depoente.
Sanção decorrente do ônus de prestar depoimento pessoal (HUMBERTO THEODORO JR): Incumbe à parte intimada: (i) comparecer em juízo; e (ii) prestar o depoimento pessoal,
➥ Se a parte não comparecer, ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão. Essa pena consiste em admitir o juiz como verdadeiros os fatos contrários ao interesse da parte faltosa e favoráveis ao adversário
· se tais fatos forem suficientes para o acolhimento do pedido do autor, o juiz poderá dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa
♟ Nesse ponto, DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES critica o art. 385, § l.°, do CPC, como fazia o art. 343, § 2.°, do CPC/1973, por remeter a confissão tácita gerada pela postura de ausência ou silêncio do depoente à ideia de pena, como se um meio de prova pudesse ter natureza de sanção processual. A presença da parte em audiência não é um dever processual, sendo inadmissível a aplicação de qualquer espécie de sanção pelo seu não comparecimento. O depoimento pessoal é um ônus da parte, que, não se desincumbindo dele, se colocará numa situação processual de desvantagem. Diferente da testemunha devidamente intimada, não deverá ser conduzida coercitivamente à presença do juiz e inconcebível a tipificação de crime de desobediência. O que ocorre é a confissão tácita, dando-se por verdadeiros os fatos alegados pela outra parte e contrários ao interesse da parte ausente.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
 Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
➥ Omissão e perguntas evasivas (HUMBERTO THEODORO JR): O ônus da parte não é apenas o de depor, mas de responder a todas as perguntas formuladas pelo juiz, com clareza e lealdade. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, que houve recusa de depor. Isto quer dizer que o juiz pode, conforme as circunstâncias, considerar como recusa de depoimento pessoal o depoimento prestado com omissões ou evasivas. E a consequência será a a aplicação da pena de confesso.
 Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
 Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
➥ Recusa justificada (HUMBERTO THEODORO JR): Há casos, porém, em que se considera liberta a parte do ônus de depor. Sua recusa será feita com “motivo justificado”, como diz a ressalva do art. 386, e não terá aplicação a pena de confesso:
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
Direito ao silêncio: (HUMBERTO THEODORO JR): A exigência do processo civil de que a parte não se recuse a depor sobre os fatos relevantes da causa nãoofende a garantia constitucional do direito ao silêncio (CF, art. 5º, LXIII), visto que este se refere apenas aos reflexos negativos que possam ocorrer no âmbito da persecução criminal, hipótese que já se acha contemplada nas escusativas do art. 388. O direito de escusa, todavia, não se aplica a ações de estado e de família (art. 388, parágrafo único)
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível;
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III.
➥ Inovação processual: A disposição repete o art. 347 do CPC/1973, e prevê duas novas hipóteses de admissão do silêncio do depoente: os incisos III e IV, entretanto, é apenas a inclusão adaptada dos incisos II e III do art. 229 do CC, que, inclusive, foi revogado expressamente pelo art. 1.072 II, do CPC
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família.
DA CONFISSÃO
Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Conceito (HUMBERTO THEODORO JR): Definição extraída dos clássicos ensinamentos de João Monteiro e Lessona: confissão é a declaração, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea, em que um dos litigantes, capaz e com ânimo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, dos fatos alegados pela parte contrária, como fundamentais da ação ou da defesa.
➥ Não se trata de reconhecer a justiça ou injustiça da pretensão da parte contrária, mas de reconhecer a veracidade do fato por ela arrolado
➥ A confissão é um meio de prova, forma a convicção do julgador em torno dos fatos controvertidos na causa. Pode ocorrer confissão e a ação ser julgada em favor do confitente. Basta que o fato confessado não seja causa suficiente para justificar o acolhimento do pedido. 
· A confissão tem valor de prova legal que obriga o juiz a submeter-se a seus termos para o julgamento. Seus efeitos são análogos aos da revelia e do ônus da impugnação especificada dos fatos: as alegações da parte contrária são tidas como verídicas
Elementos da confissão (HUMBERTO THEODORO JR): 
a) o reconhecimento de um fato alegado pela outra parte; 
➥ Elemento objetivo: fato litigioso reconhecido em detrimento do confitente
b) a voluntariedade desse reconhecimento;
➥ Elemento subjetivo: ânimo de confessar, intenção de reconhecer voluntariamente um fato alegado pela outra parte.
· Ninguém está obrigado a confessar e a fazer prova em favor do adversário. Sendo a parte intimada a depor, não pode se recusar a fazê-lo. A “sanção” para a recusa é uma quebra no mecanismo do ônus da prova. Aquele que requereu o depoimento ficará exonerado de provar o fato do qual deriva sua pretensão material. 
· 
c) um prejuízo para o confitente, em decorrência do reconhecimento. 
Confissão e procedência do pedido (ELPÍDIO DONIZETTE): Não se confundem. Na confissão há mero reconhecimento de fatos contrários ao interesse do confitente; não há declaração de vontade. Enquanto a confissão se refere aos fatos, o reconhecimento da procedência do pedido volta-se para o próprio direito discutido em juízo. Levando-se em conta a confissão, o juiz, após a análise do conjunto probatório, no qual se inclui a confissão, profere sentença com base no art. 487, I. Quando o réu reconhece a procedência do pedido, há antecipação da solução do litígio, uma vez que dispensa a prova de qualquer fato em discussão, dá-se o julgamento conforme o estado do processo (art. 354 c/c o art. 487, III, “a”). 
Judicial e extrajudicial (ELPÍDIO DONIZETTE): 
a) Judicial: feita nos autos, que pode ser espontânea ou provocada. 
 Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por representante com poder especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento pessoal.
i) espontânea quando, por iniciativa própria, a parte comparece em juízo e confessa, hipótese em que se lavrará o respectivo termo nos autos. 
ii) provocada: requerida pela parte adversa, caso em que a confissão consta do termo do depoimento prestado pelo confitente (art. 390, § 2º). 
b) Extrajudicial: feita fora do processo, de forma escrita ou oral, perante a parte contrária ou terceiros. 
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
♟ DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES aponta que o art. 353, caput, do CPC/1973 distinguia a confissão extrajudicial escrita e oral, prevendo que a primeira teria a mesma carga de convencimento da confissão judicial e a segunda seria livremente apreciada pelo juiz, o dispositivo desprezava “o princípio do livre convencimento motivado do juiz, porque, independentemente de como a confissão extrajudicial é realizada, caberá ao juiz no caso concreto a valoração de sua carga de convencimento”. Mas a confissão judicial também será apreciada livremente, o dispositivo é inútil porque no sistema de livre valoração motivada das provas todas as provas são livremente apreciadas pelo juiz, salvo exceções em o juiz está vinculado por imposição legal derivadas do sistema das provas tarifadas. Independentemente da espécie de confissão, e ainda que algumas delas tenham uma força probatória maior do que outras (a confissão extrajudicial a escrita tem em tese maior força que a oral; que a confissão real tenha, em tese, maior força que a confissão ficta), é importante ressaltar que, qualquer que seja a espécie de confissão, nenhuma delas é prova plena, sendo meramente histórico o tratamento da confissão como a “rainha das provas”, o juiz não está adstrito à confissão na formação de seu convencimento, podendo se valer de outros meios de prova para afastar a carga de convencimento da confissão
Requisitos (ELPÍDIO DONIZETTE): 
 Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
a) capacidade do confitente (art. 392, § 1º); 
➥ (HUMBERTO THEODORO JR) Como a confissão pode importar, reflexamente, renúncia de direitos (envolvidos na relação litigiosa), só as pessoas maiores e capazes têm legitimidade para confessar)
· obs: Aduz DANIEL ASSUMÇÃO AMORIM NEVES que a declaração de admissibilidade de um fato não gera o efeito de confissão se a parte não pode dispor dos direitos que foram o objeto da confissão. Mas a declaração continua a ser valorada pelo juiz, como prova atípica. Será ineficaz como confissão, mas não inválida como prova, sendo por esse motivo permitido ao juiz levar em conta o ato praticado pela parte na formação de seu convencimento
b) inexigibilidade da forma para o ato confessado. De nada adianta confessar que alienou um imóvel, visto que é da substância do ato o instrumento público referido no Registro Imobiliário;
c) disponibilidade do direito com o qual o fato confessado se relaciona (art. 392 do CPC). Na anulação de casamento, por exemplo, é irrelevante confessar o fato sobre que se funda o pedido de anulação (art. 1.548 do CC). 
Legitimidade: (HUMBERTO THEODORO JR) A confissão pode ser feita pessoalmente ou por procurador, mas este necessita de poderes especiais (art. 390, § 1º). 41 Além disso, a confissão feita pelo representante somente é eficaz nos limites em que este possa vincular o representado (art. 392, § 2º)
➥ § 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado.
 Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens.

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