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AULA 11 - APELAÇÃO RITO ORDINÁRIO

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PRATICA SIMULADA III
AULA 11 – APELAÇÃO RITO ORDINÁRIO
Fundamento: artigos 593 do CPP e 82 da Lei 9.099/95 (JECRIM).
Conceito: com base no artigo 593 do CPP, podemos dizer que é o recurso cabível contra as seguintes decisões: 
a) definitivas de absolvição ou condenação, proferidas por juiz singular (de primeira instância); 
b) do Tribunal do Júri[1], nas hipóteses previstas no artigo 593, III, do CPP; 
c) definitivas, quando não for o caso de rese (portanto, residual) [2]; 
d) com força de definitivas ou interlocutórias mistas, salvo na hipótese de ?rese?. 
[1] Decisões em plenário, por Conselho de Sentença (jurados).
[2] Para não confundir as hipóteses de rese com as de apelação, entenda: o recurso em sentido estrito é cabível somente naquelas situações elencadas no artigo 581 do CPP (exceção: há um rese no CTB). Caso o problema não se encaixe em nenhum dos incisos, a peça cabível será a apelação, que funciona de forma residual.
Prazo: para a interposição, 05 (cinco) dias; para as razões, 08 (oito) salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de 03 (três) dias. As razões podem ser oferecidas diretamente ao Tribunal (artigo 600, § 4º, CPP). Se o processo for de competência do JECRIM, o prazo será de 10 (dez) dias (artigo 82, § 1º, da Lei 9.099/95).
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Como identificá-la: o problema certamente dirá que o acusado foi intimado da sentença condenatória.
Dica: se a peça for a apelação, haverá, sem dúvida alguma, teses preliminares a serem alegadas (nulidades, por exemplo).
Atenção: ao contrário da sentença de pronúncia, em que a peça cabível é o RESE (artigo 581, IV, CPP), contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária a peça adequada é a apelação (artigo 416 do CPP).
Apelação, recurso previsto no art. 593 e seus incisos do CPP, além do art. 416 do mesmo diploma. Também existe previsão de apelação na Lei 9.099/95, em seu art. 82. O prazo para sua interposição é de 05 dias, a contar da intimação da sentença ou decisão. Devem ser intimados tanto o réu quanto o seu defensor, iniciando-se o prazo a partir da última intimação.
Lembre-se que o réu revel não será intimado dos atos do processo enquanto não se fizer presente nos autos.
As razões podem ser apresentadas em até 08 dias. Devem ser observados o art. 798, p. 1º e 5º do CPP, bem com o verbete da Súmula do STF 310 e 710. 
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Preliminar: inobservância do procedimento reconhecimento de pessoas, artigo 226, II, CPP, e a consequente nulidade ? art. 564, IV do CPP
Mérito: Autoria não comprovada; Prova ilícita. Alternativamente, arma não apreendida e, por conseguinte, não periciada. Desclassificação de roubo majorado para roubo/furto. Absolvição, artigo 386, V do CPP.
Peça: Apelação, artigo 593, I do CPP (interposição e razões).
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA ______________(Item 01: Endereçamento correto)
Processo nº xxxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx
BRAD NORONHA, já qualificado nos autos do Processo número xxxx, que lhe move o Ministério Público, por seu procurador abaixo assinado vem à presença de Vossa Excelência para, inconformado com a sentença condenatória proferida, interpor 
APELAÇÃO 
	
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o que faz tempestivamente, com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal.
Requer, assim, que após recebida, com as razões anexas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do xxxx, onde deverá ser processado o presente recurso e, ao final, provido.
Nesses Termos,
Pede deferimento.
Loca e data.
_________________________________________
ADVOGADO 
OAB 
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR ____________ DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO ________ (Endereçamento correto - Atento à competência, já que as razões são apresentadas em sede de Tribunal.)
RAZÕES DE APELAÇÃO (impresso em folha separada)
APELANTE: Nome do recorrente
APELADO: Justiça Pública
Autos do processo nº xxxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara Criminal,
Douto Procurador de Justiça,
Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", impõe-se a reforma de respeitável sentença que condenou o Recorrente, pelas seguintes razões de fato e fundamentos a seguir expostas:
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I - DOS FATOS: (Item 03 - a exposição dos fatos)
O Apelante foi condenado como incurso nas sanções do artigo 157, parágrafo segundo, inciso I do Código Penal Brasileiro ? roubo majorado pelo emprego de arma ? à pena de reclusão de oito anos e seis meses, a ser cumprida, inicialmente, no regime fechado.
Conforme o descrito nos autos, o Apelante, durante o Inquérito Policial teria sido reconhecido pela vítima, através de um procedimento de reconhecimento consubstanciado pela visão, através de um pequeno orifício, da sala onde se encontrava o Apelante. Durante a instrução criminal, a vítima não confirmou ter escutado disparos de arma de fogo, tampouco as testemunhas ouvidas confirmaram os tiros, muito embora todos tenha afirmado que o autor do fato portava uma arma.
Não houve apreensão de qualquer arma e, também por isso, não houve qualquer perícia. Os policiais ouvidos em juízo, afirmaram que após ouvirem gritos de ?pega ladrão?, saíram ao encalço do acusado. Também disseram que durante a perseguição o acusado era apontado por pessoas que passavam próximas, e que perceberam quando este jogou algo no córrego que existe ali perto, imaginando que fosse uma arma.
No interrogatório, o acusado, ora Apelante, exerceu o seu direito de ficar em silêncio, tendo o juízo ?a quo? considerado, para a condenação e fixação da pena, os depoimentos das testemunhas e o reconhecimento feito pela vítima em sede policial.
A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos.
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III – DO DIREITO (Item 04 – apresentação das questões de direito e jurisprudenciais)
III.1. Preliminarmente:
Destaque-se, inicialmente, a desobediência do disposto no artigo 226, II, do Código de Processo Penal, que impõe condições para o procedimento de reconhecimento de pessoas e, por isso mesmo, impõe se reconheça a nulidade processual, nos termos do artigo 564, IV do CPP.
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III.2 – DO MÉRITO
Evidentemente, pelo que consta dos autos, merece o Apelante ser absolvido da imputação que lhe é feita através da denúncia. Não há qualquer prova de ter o acusado, ora Apelante, concorrido para a prática do crime de roubo, eis que não comprovada a autoria.
Concretamente o que existe nos autos não serve para apontar autoria. A vítima reconheceu o acusado, ora Apelante, em procedimento totalmente impróprio e inadequado, já que ‘espiou’ por um pequeno orifício de porta em direção a sala onde se encontrava o réu. 
Assim procedendo, não observou a autoridade as condições impostas pela legislação penal para o reconhecimento de pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal. Assim, procedendo, incorreu, inclusive, em prova ilícita, contrariando, também, o contido no artigo 157 do CPP.
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Frise-se, também, que a coleta da prova, irregular e ilícita, foi feita em sede policial, não tendo sido judicializada e, por isso mesmo, imprestável para sustentar a condenação do acusado, ora Apelante.
Além disso, há apontada nulidade, conforme explicitado em preliminar, já que o acusado deveria ter sido colocado em sala própria, ao lado de outras pessoas, a fim de que pudesse ser, verdadeiramente, identificado pela vítima. 
Assim, não há como se sustentar esteja provada a autoria, impondo-se, não reconhecida a nulidade, a absolvição, por ausência de prova da autoria.
Alternativamente,há se de apontar para a ausência de comprovação da utilização de arma ? se por hipótese, e por mera argumentação, aceitar-se tenha o agente sido o autor do delito. A arma não foi apreendida e, se ela existisse, deveria ter sido alcançada pois que os policiais afirmam ter sido a mesma jogada em um córrego. Embora a afirmação, não houve qualquer empenho na busca da suposta arma. Assim, apenas para argumentar, tivesse sido o agente autor de algum delito, esse não poderia ser de roubo majorado pelo emprego de arma. Não poderia, sequer, ser considerado crime de roubo, eis que não há prova, nos autos, do emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa. Assim, se alguma condenação deva pesar sobre o ora Apelante, essa deverá se constituir pela prática de furto, mas não de roubo.
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A bem da verdade trata-se de recomendação antiga, já que José Frederico Marques advertia que
“Devem ser descartadas as declarações constantes do inquérito, porque colhidas à revelia do contraditório, só servindo estas para o eventual oferecimento de denúncia”. ( STF – HC. nº. 73.338/RJ – Rel. Min. Celso de Mello – RTJ 161/264)
Ou, dito ainda de forma mais peremptória: 
“A prova do inquérito tem caráter investigatório e informativo, e não a de ato de instrução. Para valer como prova do processo, necessário era que se tornasse prova judicial, como já o ensinava o grande JOÃO MENDES JUNIOR”. (MARQUES, José Frederico – Elementos de Direito Processual Penal, Ed. Millennium, Ano 2000, Tomo II, págs. 360 e 368)
De fato, João Mendes de Almeida Junior foi incisivo sobre a necessária judicialização da prova oral, afirmando que “eficácia probatória alguma teria os depoimentos orais não reiterados perante a instrução criminal”. (MARQUES, José Frederico– Estudos de Direito Processual Penal, Ed. Millennium, Ano 2001, pág. 84)
Portanto, sentença legítima, escorreita, sob a ótica legal e constitucional, é a prolatada com fulcro na prova judicializada, banhada a luz do contraditório e da ampla defesa. Bem por isso o Min. VICENTE LEAL, do STJ afirmou que:
Qualquer prova não judicializada, porque não submetida ao crivo do contraditório, é considerada ilícita, imprestável para a formação de juízo de convencimento ”. (JUNIOR, João Mendes de Almeida – O Processo Criminal Brasileiro, Ed. Freitas Bastos, Ano 1959, Tomo II, págs. 103 e 104)
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IV – DO PEDIDO (Item 05 – pedido correto)
Ante a todo o exposto requer a reforma da decisão proferida pelo MM. Juiz a quo para decretar a absolvição do Apelante, com fulcro no artigo 386, V do Código de Processo Penal, uma vez que não está provada tenha o acusado concorrido para prática de infração penal.
No caso de não ser decretada absolvição, seja declarada nula a decisão condenatória, eis que não observadas as condições impostas para o reconhecimento de pessoas, existindo omissão quanto a formalidade essencial do ato, de acordo com o previsto no artigo 226, II do CPP e artigo 564, IV do mesmo diploma legal.
Ainda, não havendo convencimento quanto à absolvição ou à nulidade, seja o acusado, ora Apelante, beneficiado pelo princípio do in dúbio pro reo, a fim de vê-lo, no máximo, condenado por crime de furto.
Por ser medida de Justiça,
Pede Deferimento.
Xxxxx, 21 de agosto de 2011
Advogado - OAB
OBSERVAÇÃO :
Apelação, recurso previsto no art. 593 e seus incisos do CPP, além do art. 416 do mesmo
diploma. Também existe previsão de apelação na Lei 9.099/95, em seu art. 82.
O prazo para sua interposição é de 05 dias, a contar da intimação da sentença ou decisão.
Devem ser intimados tanto o réu quanto o seu defensor, iniciando-se o prazo a partir da
última intimação.
Lembre-se que o réu revel não será intimado dos atos do processo enquanto não se fizer
presente nos autos.
As razões podem ser apresentadas em até 08 dias. Devem ser observados o art. 798, p. 1º
e 5º do CPP, bem com o verbete da Súmula do STF 310 e 710.
Observar também os verbetes da Súmula do STF
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