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PRÁTICA SIMULADA III – (Penal) 1 RECURSO DE APELAÇÃO Previsão Legal: Artigos 593 à 603 do Código de Processo Penal. Apelação é um recurso cabível contra uma sentença definitiva (sentença de mérito) de 1º grau (instância) condenatória ou absolutória, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou total da decisão. Não será cabível o Recurso de Apelação nos processos de competência originária dos Tribunais. A apelação é um recurso de instância reiterada, cujo julgamento compete a órgão diverso daquele que prolatou a sentença. O recurso de Apelação é composto por 2 (duas) peças: interposição e razões, (a parte contrária cabe a apresentação de contrarrazões). A apelação deverá ser interposta perante o órgão que proferiu a sentença, para que ele em um primeiro momento analise se estão presentes os pressupostos recursais (juízo de admissibilidade ou prelibação). A apelação poderá ser interposta através de petição ou por termo nos autos no prazo de 5 (cinco) dias, que começa a correr da data da intimação da sentença ou leitura desta. Uma vez interposta a Apelação, o Juiz determina que se abra vista dos autos ao apelante e depois ao apelado, pelo prazo de 8 (oito) dias para cada um, para apresentação das razões de apelação (apelante) e contrarrazões (apelado). Apelação Subsidiária do Apelo Oficial: Na ação penal pública, se o Ministério Público não interpõe apelação no qüinqüídio legal, o ofendido ou seu sucessor (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão) podem interpor a apelação subsidiária no prazo de 15 (quinze) dias, ainda que não tenham se habilitado como assistentes, e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público, conforme determina o artigo 598, parágrafo único do Código de Processo Penal. A Apelação possui os seguintes efeitos: a) DEVOLUTIVO: Transfere a outro órgão, diverso da relação litigiosa para reexame da matéria. b) SUSPENSIVO: Interposto o recurso, fica em suspenso a executoriedade da decisão impugnada. c) EXTENSIVO: O co-réu que não apelou beneficia-se do recurso na parte que lhe for comum (Art. 580 do CPP). 2 Na apelação não há o efeito regressivo, pois, não existe juízo de retratação. Quando somente o réu houver apelado de uma decisão, fica vedado o gravame da pena, ou seja, a “reformatio in pejus”, conforme o disposto no artigo 617 do Código de Processo Penal. O apelante pode, quando apresentar a interposição, protestar pela apresentação das suas razões diretamente na Instância Superior (artigo 600, parágrafo 4º do Código de Processo Penal). Nada impede que se apresente as razões juntamente à interposição da Apelação. Mas, é de praxe interpor primeiro e, só depois de aceita, apresentar as razões recursais. PROCEDIMENTO - A Apelação é interposta perante o órgão que proferiu a sentença para que ele, no primeiro momento, verifique se estão presentes os pressupostos (Artigo 593 do Código de Processo Penal), ou seja, para que seja feito o Juízo de prelibação ou admissibilidade. - O prazo para a interposição é de 5 (cinco) dias, a contar da intimação e, se o apelante desejar, poderá oferecer suas razões recursais em segunda instância, perante ao juízo “ad quem” (art. 600, parágrafo 4º do CPP). O assistente da acusação não tem essa faculdade. - Interposta a Apelação o Juiz poderá tomar 3 (três) decisões: RECEBÊ-LA: Neste caso os autos voltam ao apelante para que este arrazoe o recurso, em 8 (oito) dias. Depois vão à parte contrária para contrarrazões, também em 8 (oito) dias. DENEGÁ-LA: Neste caso cabe Recurso em Sentido Estrito – RESE (artigo 581, XV do Código de Processo Penal), que também poderá ser denegado; nesta caso, o apelante pode dispor de Carta Testemunhável (48 horas), que não pode ser denegado. RECEBÊ-LA E JULGÁ-LA DESERTA: Ocorre a deserção quando há falta de preparo do recurso (ação penal privada), ou seja, falta de pagamento das custas devidas no prazo regulamentar. Dessa decisão cabe Recurso em Sentido Estrito – RESE (artigo 581, XV do Código de Processo Penal). - Com as razões e contrarrazões, podem ser juntados documentos novos, e, os autos são remetidos ao Tribunal competente (TJ ou TRF) para reexame da matéria. 3 - A Apelação é julgada por 3 (três) pessoas: Relator, Revisor e Terceiro Desembargador. - No Juizado Especial Criminal a Apelação será julgada por uma Turma composta de 3 (três) Juízes de primeira instância. - Encontra-se previsto sustentação oral, pelo prazo de 15 (quinze) minutos. APELAÇÃO DE SENTENÇAS PROFERIDAS PELO TRIBUNAL DO JÚRI A apelação das decisões do Júri tem caráter restrito, pois não devolve à superior instância o conhecimento pleno da questão, por força da garantia constitucional da soberania dos veredictos, prevista no artigo 5º, XXXVIII, “c” da CF. As decisões do Tribunal do Júri são soberanas, isto é, nenhum órgão jurisdicional pode alterar as decisões proferidas por ele. Portanto, ao se Apelar de uma sentença proferida pelo Tribunal do Júri, não se pede a reforma da sentença, mas sim, que o Apelante seja submetido a um novo Júri. O artigo 593, inciso III do CPP prevê as hipóteses de apelação das decisões do Júris em quatro hipóteses: a) Ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) For a sentença do Juiz Presidente contrária à Lei expressa ou à decisão dos Jurados; c) Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) For a decisão dos Jurados manifestamente contrária à prova dos autos. O Tribunal deverá adequar a sentença ao que foi decidido pelo Júri, não se tratando, portanto, de reforma da sentença. Observação: No Juizado Especial Criminal o prazo para interpor o recurso de apelação é de 10 (dez) dias, conforme artigo 82, parágrafo 1º da Lei 9.099/95, onde deverá ser apresentada a interposição e as razões recursais conjuntamente. O artigo 416 do CPP diz que contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação e não mais Recurso em Sentido Estrito. 4 MODELO DE INTEPOSIÇÃO DE APELAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA___VARA CRIMINAL DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes não dolosos contra a vida e matéria estadual) (ou) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE____________ (crimes não dolosos contra a vida e matéria federal) (ou) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO___TRIBUNAL DO JÚRI DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes dolosos contra a vida e matéria estadual) (ou) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO___JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO PAULO – SP. (crimes de menor potencial ofensivo) (10 linhas) Processo nº______/____ (NOME), já devidamente qualificado, por seu defensor(a), ao final subscrito(a), não se conformando, “data maxima venia” com a Respeitável Sentença de fls. que (especificar o conteúdo da decisão), com fundamento no artigo 593, inciso ___, do Código de Processo Penal, dela vem interpor, tempestivamente, RECURSO DE APELAÇÃO ao Egrégio Tribunal.......(TJ ou TRF). Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento do recurso, com as inclusas razões, Pede deferimento. Local e data. _______________________________ OAB – nº ... 5 MODELO DE RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: TÍCIO ALBUQUERQUE APELADO: JUSTIÇA PÚBLICA PROCESSO CRIME Nº _____/___ (5 linhas) Egrégio Tribunal de Justiça; Colenda Câmara; Ínclitos Desembargadores; Douta Procuradoriade Justiça: (5 linhas) Em que pese o ilibado saber jurídico do Meritíssimo Juiz de 1º grau, impõe-se a reforma da Respeitável Sentença condenatória proferida contra o apelante, pelas razões a seguir aduzidas: (2 linhas) I – DOS FATOS: O apelante, (Copiar o problema apresentado – Narrar o fato criminoso, com todas as circunstâncias, sem inventar dados). (2 linhas) II – DO DIREITO: Ocorre que......................(apresentar argumentação da tese de defesa que, poderá ser: falta de justa causa, extinção de punibilidade, nulidade do processo ou da sentença ou ainda direito ao abrandamento da sentença condenatória – exclusão de uma agravante, inclusão de atenuante, desclassificação para infração mais leve, concessão do “sursis”, substituição por pena restritiva de direitos, etc. ). 6 (2 linhas) III – JURISPRUDÊNCIA: Segundo entendimento Jurisprudencial: (Copiar uma ou duas Jurisprudências a respeito da matéria). (2 linhas) IV – DO PEDIDO: Diante do exposto, postula-se seja dado provimento ao presente recurso interposto, decretando-se (o pedido irá variar conforme a tese deduzida) ...a absolvição do apelante com fulcro no artigo 386, (escolher um inciso) do Código de Processo Penal, como medida da mais legítima Justiça (se a tese for falta de justa causa); ... a extinção da punibilidade dos fatos imputados ao apelante, com fulcro no artigo 107 (escolher um inciso) do Código Penal, como medida da mais legítima Justiça; ...a anulação do processo (ou da sentença) como medida da mais legítima Justiça (se a tese for nulidade do processo ou da sentença); ...a diminuição da pena ou substituição da pena ou a concessão da suspensão condicional da pena, como medida da mais legítima Justiça. Sentença do Júri: (depende da alínea do artigo 593, inciso III do CPP) Art. 593, III, “a”... para que seja decretada a nulidade do julgamento... Art. 593, III, “b”...para que seja retificada a sentença... Art. 593, III, “c”...para que seja retificada a aplicação da pena... Art. 593, III, “d”...para que seja o apelante submetido a novo julgamento... Local e data. ______________________________ OAB nº ... 7 PROBLEMA PRÁTICO BRAD NORONHA foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X, pela prática de roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase do inquérito policial, BRAD NORONHA foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em sede de instrução criminal, nem vítima, nem testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de pega ladrão, viram o réu correndo e foram ao seu encalço. Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como este jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, BRAD NORONHA foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento da pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento da vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias provadas no curso do processo. Você, na condição de advogado de BRAD NORONHA, é intimado da decisão no dia 20 de maço de 2017. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, apresentando as razões, e sustentando as teses jurídicas pertinentes, indicando o último dia para o oferecimento da peça cabível. PEÇA: Recurso de apelação, com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal. COMPETÊNCIA: a) Interposição: Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X; b) Razões: Tribunal de Justiça. TESE: Preliminar de nulidade tendo em vista a inobservância do disposto no artigo 226, inciso II, do Código de Processo Penal, que impõe condições para o procedimento de reconhecimento de pessoas e, por isso mesmo, impõe se reconheça a nulidade processual, nos termos do artigo 564, IV do Código de Processo Penal. O apelante deveria ter sido colocado em sala própria, ao lado de outras pessoas, a fim de que pudesse ser, verdadeiramente, identificado pela vítima. Com relação ao mérito, merece o apelante ser absolvido da imputação que lhe é feita através da denúncia, pois, não há qualquer prova de ter o apelante, concorrido para a prática do crime de roubo, eis que não comprovada à autoria. O que existe nos autos não serve para apontar autoria. A vítima reconheceu o apelante, em procedimento totalmente impróprio e inadequado, já que “espiou” por um pequeno orifício de porta em direção a sala onde se encontrava o réu. Assim procedendo, não observou a autoridade as condições impostas pela legislação penal para o reconhecimento de pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal. Assim, procedendo, incorreu, inclusive, em prova ilícita, contrariando, também, o contido no artigo 157 do CPP. Ressalta-se ainda, que a coleta da prova, irregular e ilícita, feita em sede policial, não tendo sido judicializada e, por isso mesmo, não pode ser usada para sustentar a condenação do apelante. Ademais, a arma não foi apreendida e, se ela existisse, deveria ter sido alcançada pois que os policiais afirmam ter sido a mesma jogada em um córrego. Embora a afirmação, não houve qualquer empenho na busca da suposta arma. Assim, apenas para argumentar, tivesse sido o agente autor de algum delito, esse não poderia ser de roubo majorado pelo emprego de arma. Não poderia, sequer, ser considerado crime de roubo, eis que não há prova, nos autos, do emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa. Assim, se alguma condenação deva pesar sobre o apelante, essa deverá se constituir pela prática de furto, mas não de roubo. PEDIDO: Isto posto, requer a absolvição do apelante com fulcro no artigo 386, V do Código de Processo Penal, e caso Vossas Excelências não entendam por essa decisão requer ainda a anulação “ab initio” da ação penal, bem como a desclassificação para o crime de furto, como medida da mais legítima Justiça.
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