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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA ÁREA DE FITOTECNIA DISCIPLINA: CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS TÓPICO: COMPORTAMENTO AMBIENTAL DOS HERBICIDAS Profª Angélica Virgínia Valois Montarroyos E-mail: angelica.montarroyos@ufrpe.br COMPORTAMENTO E DESTINO AMBIENTAL DOS HERBICIDAS AGROECOSSISTEMA H HerbicidaHerbicida AGROECOSSISTEMA Tempo de ação HH HHH H H H Processos físicos Processos físico-químicos Processos biológicos QUANDO ACONTECE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL? • Quando o herbicida não atinge ou atinge parcialmente o alvo E/OU • Quando o herbicida não apresenta uma degradação tão rápida. RESULTADO: CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL! O que vai prejudicar outros componentes do agroecossistema. O DESTINO DOS HERBICIDAS NO AMBIENTE É DETERMINADO PELA INTERAÇÃO DOS PROCESSOS DE RETENÇÃO, TRANSPORTE E TRANSFORMAÇÃO 1. PROCESSOS DE RETENÇÃO Referem-se à habilidade do solo de reter um herbicida evitando que ele se mova tanto dentro como para fora da matriz do solo. SORÇÃO – é um processo geral de retenção do herbicida no solo que engloba os mecanismos de adsorção, absorção e precipitação. ADSORÇÃO – é um processo temporário pelo qual uma substância dissolvida se fixa a uma superfície sólida, ou seja, remoção do herbicida da solução do solo e posterior retenção pelos colóides. ABSORÇÃO – é o processo pelo qual as raízes ou outras partes das plantas e os microrganismos removem da solução do solo ou de superfícies as moléculas do herbicida. PRECIPITAÇÃO – é a formação de precipitados entre as moléculas de herbicidas e posterior lixiviação. DESSORÇÃO – é o processo de liberação do herbicida dos colóides para a solução do solo. ESTIMATIVA DE SORÇÃO DE UM HERBICIDA COEFICIENTE DE SORÇÃO – Koc Koc = representa a relação entre a concentração do herbicida sorvido nas partículas do solo e a quantidade na solução do solo em equilíbrio, levando em consideração o teor de carbono orgânico presente no solo. INTERPRETAÇÃO DO VALOR DE Koc MOBILIDADE NO SOLO Koc Muito Alta 0,5 a 99 Alta 100 a 599 Intermediária 600 a 4999 Baixa > 5000 _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ A CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DE UM HERBICIDA É INVERSAMENTE PROPORCIONAL A SUA MOBILIDADE NO SOLO. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DO SOLO QUE INFLUENCIAM NA ADSORÇÃO DOS HERBICIDAS Teor de matéria orgânica Textura Umidade pH do solo SUPERFÍCIE ESPECÍFICA DAS PARTÍCULAS DO SOLO FRAÇÃO DO SOLO SUPERFÍCIE ESPECÍFICA (cm2/g) Areia grossa 34 Areia fina 159 Silte 454 Argila (1:1) 23.000 Matéria orgânica 50.000 ________________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS HERBICIDAS QUE INFLUENCIAM NA SUA DINÂMICA NO SOLO Capacidade de dissociação eletrolítica (pKa) Coeficiente de partição octanol/água (Kow) Solubilidade em água (S) Pressão de vapor (P) Meia-vida do herbicida no solo (T1/2) É uma característica inerente à composição química do composto. A natureza química das moléculas dos herbicidas pode ser classificada em: Iônica e Não Iônica. As formas não iônicas são moléculas apolares cujas propriedades físico-químicas independem do pH da solução onde este herbicida está atuando. As formas iônicas podem ser subdivididas em aniônicas e catiônicas, apresentando grau de ionização variável com o pH da solução em função das constantes de ionização. CAPACIDADE DE DISSOCIAÇÃO ELETROLÍTICA (pKa) OU CONSTANTE DE IONIZAÇÃO Herbicidas derivados de ácidos e bases fracas: • Quanto menor o pH do solo em relação ao pKa do herbicida, maior será a tendência do herbicida se adsorver nas partículas coloidais do solo. • Quando o pH do solo for superior ao pKa do herbicida, ele será prontamente dissociado e sua capacidade de ficar adsorvido nas partículas coloidais do solo será muito menor. Ex: Herbicida Imazaquin aplicado em solo Franco-Siltoso: pH: 4,7 – Adsorção: 62% 5,2 - 40% 5,5 - 25% COEFICIENTE DE PARTIÇÃO OCTANOL/ÁGUA (Kow) Refere-se à medida da intensidade da afinidade da molécula do herbicida pela fase polar (representada pela água = hidrofilicidade) e apolar (representada pelo 1-octanol = lipofilicidade). O Kow influencia a absorção do herbicida pelas folhas, caules e raízes, a translocação do ponto de absorção até o sítio de ação e a adsorção aos colóides do solo (lixiviação, absorção radicular e persistência). CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS EM FUNÇÃO DOS VALORES DE Kow 2. PROCESSOS DE TRANSPORTE Os processos de transporte dos herbicidas influenciam a capacidade de contaminação dos recursos hídricos. Dentre as principais formas de transporte destacam-se o escorrimento superficial, a volatilização e a lixiviação. ESCORRIMENTO SUPERFICIAL Representa o arraste ou escorrimento em superfície do herbicida juntamente com as partículas coloidais do solo, de áreas pulverizadas para aquelas que não receberam diretamente o produto. O percentual de perdas do produto aplicado dependerá da declividade da área, tipo de solo, práticas culturais, intensidade da água e natureza e dose do produto aplicado. Normalmente as perdas não excedem 1% do total do produto aplicado. VOLATILIZAÇÃO É o processo pelo qual o herbicida da solução do solo ou após aplicação passa para forma de vapor podendo se perder para a atmosfera por evaporação. Fatores que influenciam a volatilização: • Elevação da temperatura – aumenta a pressão de vapor do herbicida e a taxa de evaporação da água contida no solo. • Umidade do solo. PRESSÃO DE VAPOR (P) É a pressão exercida por um vapor em equilíbrio com um líquido, a uma determinada temperatura, indicando o grau de volatilização do herbicida, ou seja, a tendência do herbicida se perder na forma de gás na atmosfera. CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS QUANTO A VOLATILIDADE Volatilidade Pressão de vapor (P) (mm Hg) Não volátil < 10-8 Pouco volátil 10-7 a 10-5 Medianamente volátil 10-4 a 10-3 Muito volátil > 10-2 ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ SOLUBILIDADE EM ÁGUA (S) CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS QUANTO A SOLUBILIDADE Solubilidade Valores (ppm) Insolúvel < 1 Muito baixa 1 a 10 Baixa 11 a 50 Média 51 a 150 Alta 151 a 500 Muito alta 501 a 5.000 Extremamente alta > 5.000 É caracterizada pela quantidade máxima do herbicida dissolvida em água pura em determinada temperatura, ou seja, indica a proporção de herbicida que poderá estar disponível na solução do solo, podendo ser absorvida por raízes e sementes em germinação, ou ser lixiviada. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ LIXIVIAÇÃO É o deslocamento descendente da molécula do herbicida no perfil do solo. A adsorção do herbicida pelos colóides do solo e a persistência do herbicida no solo são as duas propriedades mais importantes para o processo de lixiviação. CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS QUANTO AO POTENCIAL DE LIXIVIAÇÃO Herbicida Valores de GUS* Não lixiviável < 1,8Potencialmente lixiviável 1,8 a 2,8 Lixiviável > 2,8 * O potencial de lixiviação de um herbicida é medido pelo índice GUS (Groundwater Ubiquity Score). ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ É o movimento das gotas e vapores oriundos da pulverização para fora da área alvo, causando menor efeito biológico no controle químico e possibilitando a ocorrência de danos em plantas cultivadas ou invasoras suscetíveis ao produto aplicado, bem como a outras espécies vegetais, pessoas e animais localizadas próximas à área de aplicação. DERIVA CONDIÇÕES CLIMÁTICAS IDEAIS PARA PULVERIZAÇÃO DE HERBICIDA Condições climáticas Limites Ideal Velocidade do vento 3 a 10 km/h 3 a 6 km/h Umidade relativa 55 a 80% 70% Temperatura abaixo de 300C 280C ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ____________________________________________________________ Os processos de transformação das moléculas de herbicidas no solo e na água são decorrentes da degradação física, química e/ou biológica dessas moléculas que levam à formação de compostos secundários ou à completa mineralização das moléculas, obtendo-se como produtos finais água, gás carbônico e compostos inorgânicos. A degradação das moléculas de herbicidas no solo e a capacidade de adsorção deste influenciam diretamente a persistência do herbicida no ambiente. 3. PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO PERSISTÊNCIA Constitui-se no período de tempo o qual o herbicida permanece no meio ambiente. É medida pela meia-vida (t ½), que é o tempo necessário para que ocorra a dissipação de 50% da quantidade inicial do herbicida aplicado. CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS QUANTO A PERSISTÊNCIA (IBAMA) Classe t ½ (dias) Não persistente < 30 Medianamente persistente 30 a 180 Persistente 181 a 360 Altamente persistente > 360 A persistência é dependente de fatores tais como: • solo (teor de matéria orgânica, pH e textura) • microrganismos (espécie e quantidade) • ambiente (temperatura e precipitação) • práticas culturais (sistemas de plantio e doses aplicadas) ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ DEGRADAÇÃO QUÍMICA 1. OXIRREDUÇÃO E HIDRÓLISE São responsáveis, em geral, pelo início de uma série de atividades degradativas que ocorrem no solo e tornam-se indispensáveis para os processos de transformação das moléculas de herbicidas. O pH do solo pode influenciar na velocidade das reações a depender do herbicida. 2. FOTÓLISE OU FOTODEGRADAÇÃO É a degradação provocada pela radiação solar na faixa dos raios ultravioletas (290-450 nm). Outras reações químicas podem afetar as moléculas dos herbicidas como: desalogenação, isomerização e polimerização. PRINCIPAIS FORMAS DE DEGRADAÇÃO DOS HERBICIDAS DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA OU BIODEGRADAÇÃO É a degradação de um composto químico orgânico (molécula do herbicida) pelos microrganismos nas camadas mais superficiais do solo. Essa transformação pode ser primária ou mais complexa, implicando na perda ou alteração da toxidez da molécula do herbicida. Depende da espécie do microrganismo e do tamanho da população Condições do solo (textura, temperatura e umidade) Solubilidade e lixiviação do herbicida.
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