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A-CASA--DO-POVO

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1/1 
BR2000005 
E50;E15/B/M/V 
ANON. 
A CASA DO POVO: (SOCIOLOGIA RURAL; SINDICATO 
; COOPERATIVA; BRASIL) 
RIO DE JANEIRO, GB (BRAZIL) 
1920 20 P.(PT) 
/G514 
SOCIOLOGIA RURAL; MICROECONOMIA; ASSOCIACAO RUR 
AL; SINDICATO; COOPERATIVA DE CONSUMO; COOPERAT 
IVA DE CREDITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CASA DO POVO 
 
Esta cyclica instituição reme todas as actividades 
moraes, economicas e politicas, que representam a vida 
social, organizada, do proletariado, satisfazendo ao con- 
junto das necessidades com a especialisação associativa 
e a disciplina isenta de reguas categoricas que, pertur- 
bam a evolução natural do homem no assimilar progres- 
sivo de uma cultura collectiva. 
As sédes das uniões, ou syndicatos operarios exis- 
tentes numa cidade, devem reunir-se em blóco, formado 
uma séde commum no edificio da «Casa do Povo», po- 
rém conservando cada classe a sua secção autonoma, 
perfeitamente apparelhada para servir ás particularidades 
dos misteres e celeccionar os meios de defesa profissio- 
nal, como os de aperfeiçoamento dos officios. 
As subdivisões, proporcionadas ás necessidades pro-
prias, terão um caracter que imprima no ambiente os 
fins conjugados para uma acção conjunta perfeitamente 
delineada na direstiva moral como na material. 
O edificio não pode deixar de occupar um grande 
terreno, pois na sua area centraz, arborisada, devem es-
tabelecer-se créche, onde as mães que trabalham dei- 
xam ficar os filhos aos cuidados da ssistencia á infan- 
cia proletaria, e o jardim das crianças, fiscalisado com 
todo carinho e apurado espirito educador. 
As quatro alas terão andares sufficientes, reservan- 
do-se os superiores aos commodos, dormitorios communs 
para cada sexo, em que reine o mais caprichoso asseio, 
e a ordem. 
Na parte inferior acha-se-hão as cooperativas de pa-
nificação, consumo a credito, que darão origem a ou- 
tras, a sala de conferencias, espectaculo e dansa, a de 
gymnastica e duma lavanderia hygienica, o consultorio 
medico e dentista a pharmacia, a typographia do or- 
gão de informação geral e propaganda, com a livararia 
annexa, a taberna certo onde os alimentos serão de- 
vidamente analisados, sendo prohibidos o jogo e o al- 
cool. 
 
 
 
— 6 — 
A Bibliotheca e a Universidade Popular com o seu 
laboratorio e amphitheatro proprio para as projecções 
instructivas e scientificas, devem occupar o lado mais 
silencioso do quarteirão e no primeiro andar. 
Um pequeno museo artistico-scientifico, organisado 
com estampas, deve ser franqueado ao publico, entre- 
meando-se as suas salas com as de exposição de objectos 
feitos pelos operarios. 
No que respeita á collecção scientifica, será observada 
uma ordem synthetica da evolução social, produzida pe- 
las grandes descobertas que transformaram os costumes. 
Quanto ás artes serão representadas pelos mais bellos 
monumentos, conforme as epochas e as civilizações. 
Já nos principaes centros socialistas existe esse am- 
biente de cultura intensa, moral e pratica, sob os auspi- 
cios da philosophia que se libertara dos dogmas cate- 
goricos, deixando ao individuo espaço bastante para sen- 
tir, pensar; exprimir por si proprio, livrando-se o es- 
pirito humano da forma despotica que atropbia os senti- 
dos, destrue a espontaneidade, avassala o pensamento, 
enfraquece os instinctos proprios de defesa cordial e 
galharda. 
Porém, não resta duvida que, dentro da acção do 
Socialismo doutrinario, ainda se sente a lacuna, que só 
os congressos internacionaes, levados a effeito para fi- 
xar as bases geraes e particulares da cultura, sob o ba- 
fejo poderoso do collectivismo, poderiam encher. 
Tambem a propaganda do verdadeiro cooperativismo 
basico, resente-se da falta de congressos especiaes, pe- 
riodicos. 
A instrucção ministrada na «Casa do Povo» tem que 
servir a todos e de maneira a facilitar o maximo de 
conhecimentos. 
Os homens livres que applicaram a sua intelligencia 
nos estudos superiores, que tanto aprenderam nos livros 
efficientes, sinceros, como na vida ou no decorrer duma 
existencia de trabalho mental profundo, tem no Socialismo 
um campo vastissimo para derramar a sua cultura sadia, 
isenta da presumpção ou da morbidez das ambições 
egolatras. 
— 7 — 
Quanto aos «outros», os que são impellidos pelo mo-bil 
da vaidade, não seriam elles perigosos revoluciona- 
rios, caso soffressem os seus faceis pergaminhos os 
mesmos vexames que o proletariado?... 
Para aquelles, o Socialismo não é uma utopia, nem 
tão pouco lhe negam a elevação theorica, tirada da 
mais vital experiencia, tanto ou quanto como em qualquer 
sciencia, ou como qualquer dellas applicavel ao desenvol-
vimento social, porém já no sentido de concretisar uma 
estructura organica, geral, do mesmo modo que a philo- 
sophia encerra todos os conhecimentos, polindo as ares- 
tas dos degraus da civilisação, plasmando a forma que 
harmonisa o ideal com a vida. 
Para estes, o Socialismo representa um perigo para 
os seus vãos desejos a quem os dogmas servem 
restringindo o espaço da consciencia, cuja subtileza se 
confunde com a liberdade de quem é sincero e culto. 
E’ inutil accrescentar que a maior cordialidade deve 
reinar nesse ambiente aberto a todos os adventicios, sem 
que sejam desviadas as vistas do que interessa aos 
mais necessitados, e representa a principal acção do So- 
cialismo systematico, expansionista e pacifico. 
Eis a pedra angular da evolução, a ser collocada pelas 
mãos dos operarios em cada cidade do Brasil. 
Na «Casa do Povo» é que se apuram, além do mais, 
os direitos e deveres dos proletarios, combinam-se as 
medidas geraes de defesa mutua, collectiva e individual, 
trata-se com os «patrões» os meios e modos de estabelecer 
o regimen equitativo, como uma «bolsa de trabalho», 
inspiram-se as leis que o devem regulamentar desassomi-
bradamente, dando autonomia aos institutos economicos 
e politicos, proletarios, emfim, estabelece-se o pleito 
debaixo dum controle e programma explicito e não 
conforme as vicissitudes reinantes... 
Se os operarios em tudo já tiveram capacidade para 
fundar as suas multiplas sociedades actuaes, lhes não ha 
de ser difficil reunir todas ellas numa unica, qual a 
«Casa do Povo». 
 
 
— 8 — 
 
A ACÇÃO ORGANISADORA 
 
 
As sociedades operarias existentes gosam da maior 
admiração publica pela ordem com que sempre honraram 
este municipio. O mesmo deve acontecer, portanto, á 
confederação das mesmas, a qual não implicará a perda 
da autonomia de nenhuma dellas, dando em resultado 
—a Casa do Povo, — com todas as dependencias deri- 
vadas das necessidades de clesse, apurando-se o conjunto, 
dessas necessidades, como as particularidades de cada 
ramo profissional, mantendo-se as secções por ordem na- 
tural, segundo os fins communs, de modo a tornarmais 
extensiva e homogenea a distribuição de favores. 
O mappa proletario da confederação já representa 
um bom numero de socios. Porém não basta. E’ preciso 
que a confederação constitua logo a Casa do povo, com 
a sua directoria, conselho fiscal e assembléa geral, 
estabelecidas todas as attribuições e responsabilidades, 
procedidas as eleições debaixo do regimen o mais, cri- 
terioso. 
Completo este trabalho, effectua-se um mappa ge- 
ral do proletariado do municipio, colhendo os apontamen- 
tos em todas as fabricas, usinas, fazendas, emfim em 
todos os nucleos operarios, guiando-se pelos cadernos de 
ponto; outrosim, serão encarregadas pessoas conceituadas, 
residentes nas diversas localidades, para alistar os opera- 
rios avulsos, serviço esse que muito adiantará ao recen-
seamento. 
Esse mappa geral tem que trazer o nome, profissão, 
edade, estado, nacionalidade, endereço ou logar onde tra- 
balha o operario. 
Em seguida será lançada a circular sobre o projecto 
da Casa do Povo, logar onde será contruida, a planta 
geral, todos seus fins pacificos e altamente sociaes, cir- 
cular que será assignada pela directoria, conselho fis- 
cal e assembléa de socios fundadores do centro para a edi-
ficação da instituição maxima. Uma das partes que se 
deve destacar, na circular, é a que diz respeito ao alber- 
gue e restaurante cooperativo, annexo á cooperativa cen- 
tral de consumo, dependencias em que reinará toda ordem, 
 
 
 
— 9 — 
respeito e cordialidade, e onde todas as bolsas terão 
accesso, servindo assim de centro aos socios do inteior do 
municipio, que ahi encontrarão o maois fraternal abrigo 
hygienico e social, quando visitarem a cidade. 
A circular será reproduzida por todos os jornaes 
do municipio, partindo membros em todas as direcções 
para propagarem a idéa e assegurarem a efficiencia dos 
meios, devendo evita-se qualquer gesto inutil que pro- 
voque os destemperos causadores do atrazo da acção cor- 
dial, que é a unica que serve á organisação definitiva, 
fiscalisada de perto por todos os socios. Os propagandis- 
tas terão uma senha com a respectiva photographia. 
Assim preparados os espiritos, terá lugar outra cir- 
cular convidando todos os operarios do municipio para 
socios, á razão do de tostões mensaes, quantia que será 
arrecadada das folhas de pagamento, de accordo com os 
operarios que proporão isto aos gerentes de fabricas, 
administradores do fazendas e mais patrões por meio 
de agentes directos da directória da Casa do Povo. 
Quanto aos socios avulsos, nos logares afasstados, po-
derão entregar as suas quotas mensaes a uma pessoa de 
bem que prestará contas com o agente geral. Cada so- 
cio terá direito a um recibo destacado do talão numerado 
e com todos os dizeres da matricula. Todas essas quantias 
serão aimunciadas e collocadas em e estabelecimento se- 
guro, rendendo juros. 
Ora, supponhamos que se consigam aggremiar trinta 
mil socios, temos logo trezentos sessenta contos de réis, 
fóra os juros, no fim dum anno, dando o socio mil réis 
por mez. 
De modo que nesse prazo iniciam-se as obras da 
Casa do Povo, installando-se convenientemente, antes do 
resto, as secções respectivas de cada sociedade confe- 
derada, diminuindo-se assim as despezas de cada uma dellas 
vindo ellas a gozar dum predio imponente, miniatura 
duma cidade idéal, proletaria que occupará, como já deta- 
lhamos extensa área. Em seguida, abrem-se as escolas 
elementares de officios e artes, a bibliotheca, a co- 
operativa de consumo com a taverna—concerto, annexa, 
o albergue com commodos e dormitorios communs para 
 
 
 
— 10 — 
cada sexo, a créche, a torrefação de café, a padaria, 
cooperativa, simultaneamente ou progressivamente, confor- 
me os proventos e os haveres acumulados com as enor- 
mes rendas que serão applicadas em beneficio do prole- 
tariado, que nas colonias agricolas, que nos nucleos 
onde residam os socios, cuidando-se do bem geral das 
classes unidas e da cultura do homem que luta honesta- 
mente. 
Um orgão completo instruirá devidamente os socios 
sobre os assumptos que mais lhes interessam, evitando 
as frivolidades que acanham o espirito. 
Entre esse orgão e a imprensa socialista, reinará a 
maoir cordialidade. 
O que é realidade em outra parte, não pode passar 
por sonho entre nós... 
Não há tempo a perder. 
 Campos, 1920 
 
Asssim, temos o verdadeiro ponto de partida para a 
formação do verdadeiro centro de cultura socialista, aber- 
to a toda gente, como o são os templos, assumpto esse vem-
tilado no «Socialismo patrio». e nas «caixas ruraes são as 
cellulas do nosso progresso», opusculo que se acha atra- 
zando no prelo, ha cerca de sete mezes, apezar do interesse 
que se devia ligar á causa duma propaganda baseada 
na observação do meio e nas lições dos consagrados mes- 
tres da cooperação livre, sem a impostura da forma bi- 
sonha do syndicalismo-cooperativista, adaptação grosseira 
do methodo tentado em Bordeaux, pelo agronomo E 
Jacquet, e aqui tomado, em geral, pela influencia da 
«egreja» politica do general Von Muller... 
Cooperativas de consumo existem os milhares por 
esse mundo a fóra, e com installações mais proprias que 
as duas ou tres que aqui lavaram annos para se constituir 
sob a tutela do tal syndicalismo, páu para toda obra.... 
O meu fito não seria o de combater um processo mais 
ou menos pratico, ou mesmo theorico, porém a que se 
torna absurdo e me obriga a repellir, é a maneira sus- 
peita de attubuir-se a chefia do tal «syundicalismo-coope-
rativista» a quem que que sejá, ou de tolher-se a acção 
 
 
 
 
 
 
— 11 — 
directa da propaganda geral da cooperação, como se ex- 
pandio sinceramente por toda a parte, uzurpando-se desse 
jeito o logar dos centros socialistas, desviando a formação 
natural das aggremiações livres, aferrando os seus mul- 
tiplos destinos conjugados pela acção das cooperativas 
que não determinam a classe dos socios proletarios, mas 
a circumscripção, acceitando socios de todos os mestere, 
o que as isenta da annexação de syndicatos da fórma por 
quer se os quer impingir ao operariado que já possue as 
suas sociedades ou ligas, a serem reunidas na «Casa do 
Povo», a unica instituição offenda aos interesses nacionaes, 
á cohesão patria que os adeptos de Lauro Muller não po- 
dem sentir, que por meio duma mystificação ridicula 
que cae por si, no conceito dos que são sinceros e pos- 
suem nitida intuição, quando ás questões sociaes. 
O «sysdicalismo-cooperativista» é um estafermo for- 
jado á sombra da ignorancia adminstrativa e das intrigas 
bureaucraticas.... Não é ocioso lembrar a fabula do sapo 
a roncar inchado tamanho peso.... 
A escola methodica se faz, abrigando por lei aos 
industriaes e fazendeiros, a criar as primeiras coopera-tivas de consumo, que sirvam a nucleos isolados ou visi- 
nho e que se confederem sendo os ditos institutos en- 
tregues aos operarios, logo que este aprendam a dirigil- 
os por si mesmos, sob a vigilancia das municipalidades e 
centros socialistas, afim de que se conjugem os inte- 
resses geraes, de accordo com a caminhar victorioso da 
evolução social. 
Por que o Ministerio da Agricultura, que tem valido 
tanto ás manhas dos taes politicos da S. N. de Agricul- 
tura, quando se falou ultimamente numa cooperativa de 
consumo para os seus empregados, não cogitou de installar 
antes o tal syndicato com a mesma bitola para todos os 
effeitos, até que elle servisse de molêtas ao institu- 
to verdadeiramente criado pelo operarios, que aqui não 
sabem servi-se delle, sendo apenas a idéa da coopera- 
ção aproveitada pelas classes burguezas mystificadoras?... 
Dou, a seguir, tres artigos que esclarecem esse pon- 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 12 — 
to de vista da propaganda livre, tanto para as cooperativas 
de consumo como para as de credito, a qual fosse tambem 
auxiliada por meios legaes que a isentassem do monopolio 
politico a quem ella foi ridiculamente entregue, com o 
apparato da claque dos interessados incautos.... e as lu- 
minarias pagas do jornaes que só cuidam de receber di- 
nheiro, desprezando as influencias as mais dignas para 
orientar devidamente o publico. 
Eis os alludidos artigos, publicados pelo «Amigo do 
Povo», orgão do Partido Socialista, de Campos: 
 
SYNDICALISMO COOPERATIVISTA 
 
«Sem methodo assentado, fiado na basofia de bureau-
cratas, o ministerio da agriculturo, em 1931, emprehendeu 
a propaganda do syndicalismo cooperativista, baseada na 
lei que fôra inspirada na instituição franceza. De modo 
que, segundo as primeiras indicações nesse sentido, mesmo 
as associações que reunissem diversas ordens de asso- 
ciados de misteres differentes, deveriam se decompôr em 
tantos syndicatos-cooperativistas quantos fossem os di- 
tos misteres . O syndicatos profissional é que depois de 
formado, deveria formar as cooperativas convenientes, 
isto mesmo dando preferencia as de consumo, depois a 
uma de credito e em seguida a uma de producção. 
Ora, havia por ahi muitos syndicatos já formados 
e de natureza dos que existiam em França, aos quaes era 
cabivel o conselho de Waldeck Rousseau, no sentido de 
«serem criadas cooperativas no seio delles, como se fa- 
zia no estrangeiros, onde as federações das Cooperativas 
da mesma natureza se organizaram admiravelmente sem 
a tuela syndicatoria fornecedora de palradores que do- 
minans e paralysam a acção fecunda». 
Já tratei convenientemente deste assumpto na «A 
Cooperação é um Estado» e no « Socialismo Patrio». 
Agora compete-me elucidar o publico e sobretudo 
ao operariado que só deve ouvir a si proprio, sobre a 
verdadeiramente origem desse methodo, por alguem quali-
ficado, no rio, de cyclico... 
 
 
 
 
 
 
 
Há um pequeno folheto titulado, «Les Sociétés Coope-
ratives de Vente do Produits Agricoles», de E. Jacquet, 
cujo fim principal se destaca das suas considerações ge- 
raes, e nos seguintes termos: «As Sociedades Cooperativas 
acham-se sempre filiadas aos Syndicatos Agricolas de- 
certo não se concebe uma Associação nascida espontanea-
mente do meio de individuos isolados e não tendo ainda 
nenhuma educação mutualista. A criação de uma Sociedade 
Cooperativa não pode ser inspirada, aliás, senão por uma 
categoria especial de necessidades e riscos communs a 
diversos agricultores visinhos. Seria insensato, com ef- 
feito, criar cooperativas de venda entre individuos afas- 
tados uns dos outros, residindo em regiões differentes 
e não tendo os mesmos interesses, do mesmo modo que 
não seria menos insensato criar caixas de credito agri- 
cola, mutuo, entre productores que se não podem conhecer e, 
por conseguinte, estimular-se. Ora, não e no seio dos 
syndicatos agricolas que as necessidades communs entre 
os diversos productores chegam a precisar-se e que a 
necessidade de trazer remedio nelles se faz sentir melhor? 
Antes, portanto, de criar uma cooperativa de venda, 
é necessario criar um Syndicato agricola, se este ainda 
não existir. E’ á administração desta Syndicato que com- 
petirá, em seguida, a incumbencia de procurar as vias 
e meios a empregar para a criação da «Cooperativa pro-
jectada»; é tambem no seu seio que o Syndicato po- 
derá encontrar as pessoas intelligentes e devotadas, dis- 
postas a participar da ciração da Sociedade por meio da 
subscripção de uma ou diversas parte». 
Porém esse autor é um agronomo competente e ja- 
mais serviu a outra causa que a dos lavradores, sem 
ser influenciado por politicos da categoria do «raposa 
de capa e espada», que emprega a sua gente em todos 
os ramos capazes de lhe captar votos, e cuja séde é 
a Sociedade Nacional de Agricultura, outro Vaticano de 
phariseus que se entumeceu aqui com o puz da nossa po- 
litica de servilismo—baluarte de pigmeus de casaca... 
O caso é que, se quem se attribuio a idéa do Syndica-
lismo Cooperativista de E. Jacquet, fosse tão probo como o 
verdadeiro autor desse methodo, que achamos indirecto 
 
 
 
 
 
 
— 14 — 
e por isso moroso, não havia de omittir o que elle disse 
tambem no mesmo folheto de que tiramos o trecho 
acima citado. 
Assim, confessava singelamente o alludido autor: «um 
certo numero de Syndicatos agricolas julgaram inutil de 
se constituir em cooperativas e decidiram de effectuar 
elles proprios a venda dos productos dos seus adherentes». 
Portanto, o Syndicato nunca passou duma cooperativa. 
Para que, pois, esse jogo de palavras para designar uma 
só coisa, qual a união para fins directos e de egual 
natureza? 
A educação mutualista não precisa de syndicato, 
mas de propagandistas abundantes que não sejam fi- 
teiros e muito menos sirvam de factotums aos inimigos 
da nossa patria aqui installados para corromper os nossos 
ideaes e nos atirar no abysmo que se vem abrindo no Sul, 
nas fronteiras das Missões ... e mais adiante. 
Operarios, não ouçaes gente dessa natureza. Organi- 
sai, como se faz no estrangeiro, o vosso Centro Socia- 
listra, já existente no coração dos que mais penaram 
sem nenhum consolo, e que elle represente uma colossal 
Cooperativa que se desdobre pelo paiz inteiro, a dar 
o exemplo melhor de união intelligente e nobre, aos que 
mystificam os favores da civilização e levam a sugar 
a humanidade, já a usar manhasinhas interessantes, porque 
sabem que cada dia a força armada vae se tornando um 
verdadeiro exercito patrio, jamais connivente com os ex-
ploradores de qualquer sorte, que urdem o assassinato 
em massa. 
O Centro Socialista é uno, não pode subdividir-se 
em syndicatécos eguaes ao que funcciona em Blumenau, 
a diffundir o pan-germanismo, hoje retalhado, porém, não 
menos perigoso, por causa das intrigas sul-americanas e 
da cobiça voraz da visinhança megalomaniaca...Isto é coisa mui diversa do verdadeiro syndicalismo 
universal, que fundou o Estado Socialista Syndicatorio 
dentro do Estado burguez. 
Basta de difficultar e desmoralisar o que é simples 
e honesto». 
— 15 — 
 
AS COOPERATIVAS DE CONSUMO 
NAS FAZENDAS 
 
E’ notavel a boa vontade que alguns (bem poucos!) 
fazendeiros têm para melhorar a sorte dos seus operarios, 
nas fabricas e lavouras. Porém não há modo mais intel- 
ligente e prompto que o da fundação de pequenas co- 
operativas de consumo nas grandes fazendas e usinas, ser-
vindo tanto aos que trabalham na fabrica como na la- 
voura, cooperativas essas que sejam criadas pelos pro- 
prios operarios, que as devem dirigir, depois de iniciados 
pelos fazendeiros ou pessoa competente por elles indicada 
para esse fim tão nobre, patriotico, humanitario e econo- 
mico, o qual representa um augmento de salario indiricto, 
sem pesar na bolsa dos proprios fazendeiros que tambem 
podem sorti-se nesses estabelecimentos sociaes, onde não 
sómente se cuida da alimentação de primeira ordem para 
o operario, como da educação deste nos misteres da nossa 
primeira industria e lavoura annexa. 
O fazendeiro de certo não deve temer esses institutos 
onde só se propaga o bem e amor ao trabalho, como 
o respeito mutuo e que é a melhor escola para a familia 
de trabalhadores que moureja nos serviços proprios da 
nossa maior fonte de riqueza. 
Nos estatutos duma cooperativa precisa-se toda mo-
ralidade social e civica. Dest'arte é natural que esse 
beneficio enorme, obtido pelo rendimento do trabalho col-
lectivo e a grande harmonia conferida pelas cooperativas 
de consumo, na vida trabalhosa dos campos, seja com- 
pensado não sómente pela boa vontade em formal-as de- 
baixo das puras regras cooperativistas, expostas na «A 
cooperação é um Estado», como tambem nas percenta- 
gens que as fabricas e fazendas devem dar ás cooperativas 
de consumo de seus operarias, que representa tambem 
o unico meio de fixar o operario no lugar onde trabalha, 
sendo até um digno attractivo para os que luctam nas 
cidades com a falta de emprego. 
As cooperativas de consumo, deixando tambem por-
centagens para obras futuras, distribuidas as bonificações 
 
— 16 — 
annuaes aos seus socios, e concorrem assim para um con- 
forto tão real da vida operaria, que ninguem poderá 
mais queixar-se de privações, desde que faça parte dellas. 
E assim, pouco a pouco, o operario terá o seu credito 
cooperativo, organisado pelas cooperativas, como assisten- 
cia (medico, dentista e pharmacia), do mesmo modo que 
se irá tratando de obter casa rustica, hygienica, dum as- 
pecto agradavel, rodeada de hortas, pomares e flores, para 
as familias dos trabalhadores, cuidando-se de ensinar ás um-
lheres e ás crianças os officios que convenham ás suas 
forças de modo a estimular no maximo a vida activa e 
alegria dos campos, onde os divertimentos tambem de- 
vem ser orientados de maneira a cultivar o gosto das 
massas mourejantes, abolindo-se o alcool, o jogo e todos 
os preconceitos que difficultam os laços sinceros e que 
atrophiam a juventude sadia e impedem á prole de in- 
tensificar-se galhardamente, cheia de saude e confiança 
num futuro grandioso que será a gloria bem solida do 
nosso esplendido e amado Municipio. 
O Partido Socialista ha de abençoar esta iniciativa dos 
fazendeiros e industriaes, pois a elevação de principios 
se encontram em todas as boas intenções. São os maiores 
amigos do Socialismo Patrio, os que praticam abertamente 
o bem para a humanidade, que Deus ajuda em tudo 
que é sincero e que provem do bom senso e do amor. 
 A imprensa socialista, ao alcance da theoria pro-
gressiva como da pratica, é que estuda os factos, racio- 
cina dentro da experiencia, tira do empirico para o ideal, 
por isso é quem exerce a propaganda effectiva e deve 
ser acceita por todos que presam quem se bate pela 
ordem, paz e justiça, qual bom soldado de ferramenta 
ás costas e livro pratico debaixo do braço, a marchar 
para a Chanaan duma vida melhor, florida em institui- 
ções alviçareiras, na maior concordia, estimulado não 
pelas fanfarras mas pela consciencia dum patriotismo 
substancioso, qual o que ha de tornar, a Patria boa e 
bella para todos». 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 17 — 
 
POR LINHAS TORTAS... 
 
No artigo sobre «Caixas Ruraes», inserto no numero 
quinze desta revista, (1) tivemos accasião de nos referir 
á ultima lei sobre cooperativas no Brasil, sanccionada pelo 
Dr. Raul Veiga, como presidente do Estado do Rio. 
Nessa lei se estabelecem as caracteristicas das socie- 
dades cooperativas de indivisibilidade de capita, numero 
illimitado de socios e limitado de partes para cada socio, 
sem direito de venda das ditas a pessoas estranhas, permis- 
são na transmissão de partes, senão dada pela Directoria 
das cooperativas. Sómente não temos muita certeza 
quando á inclusão na alludida lei de todas essas caracte- 
risticas necessarias á segurança da instituição, pois mui- 
tos casos de ambiguidade social já têm dado logar ao 
prejudicial phenomeno da transformação de uma sociedade 
cooperativa em anonyma, disfarçada, para proveito de 
meia duzia, lesando-se o fisco, por pagar menos impos- 
tos uma sociedade cooperativa que uma anonyma. 
Porém agora, com a lei nova de 5 % sobre o lu- 
cro das sociedades, tambem as cooperativas soffreram esse 
descontos que bem poderia servir para obras futuras da 
communidade collectiva no que respeita á propaganda e 
auxilio ás cooperativas, sobretudo ás prolerarias, mais 
necessitadas no seu inicio, jamais tendo recebido essas 
ultimas coisas nenhuma dos governos, muito affeitos á 
protecção das cooperativas agricolas, e nisso louvavel 
qundo ás suas intenções, porém mal succedidas porque 
a falta de catechese cooperativista tem dado logar a mui- 
to logro. Com esssas facilidades ha por ahi diversos es-
tabelecimentos de credito que figuram commo «bancos co-
operativos», porém cuja engrenagem é mui diversa da que 
determinou Luzzatti, que reuniu no seu instituto de 
credito popular, todas as classes num congraçamento 
de interesses o qual prepara melhor o terreno para o 
ideal de justiça e concordia social, pela evolução da cul- 
tura economica e philosophica no seio de todas as 
 
 
 
(1) Revista do Commercío 
 
 
 
— 18 — 
classes, de modo a tonar uma unidade possante o 
que se fragmenta com os preconceitos. 
Ora, é tão grande o poder de penetração desse re- 
gimen que se annuncia sem tambores e trombetas, que 
os grandes estabelecimentos bancarios já resvalam pelo 
credito populat, abrindo cadernetas com pequenas quan- 
tias e dando 4 % em conta correte. 
Porém, a acção dos «caixas de credito cooperativo», 
seja para o elemento que labuta na lavoura, como nas 
fabricas, no pequeno commercio, no funccionalismo pu- 
blico, nos misteres pouco rendoso, é bem diversae se 
differencia pela caracteristica bem estipulada de coope- 
rativa, sob os principios os mais fundamentaes em que se 
basea a communiade collectiva, bem mais ampla que 
a domestica, do mesmo modo que não ha relação nenhuma 
entre a monopolisação do Estado e a socialisação que 
se opera pela autonomia das emprezas no que lhe toca 
e é empregado em proveito proprio, no evolver-se a sua 
acção, isto, comtudo, sem affectar a dependencia official 
que de um certo modo não pode ser evitada, razões estas 
bem estabelecidas pelos mais preclaros sociologos euro- 
peus, sendo exigua a dimensão dum artigo para tratar 
convenientemente desse assumpto. 
Os campos de acção social se determinam pelas suas 
indoles, e as affinidades, que obrigam á harmonia geral, 
jamis parcellam e differenciam os intuitos que devem 
servir á remodelação dos meios. Mas, para chegarmos 
lá, é necessario estabelecer os modelos que a versadeira 
cooperação offerece, nas sua fórmas diversas, adequa- 
das a todas as actividades, e por concomitancia deve-se 
observar uma propaganda directa, sem as linhas tortas 
de tudo que não favorece o cooperativismo livre, com 
base fundamental firmada nos prioncipios dos melhores insti- 
tutos que têm florecido sem nenhuma tutela adven- 
ticia, sobretudo as que desompõem, como já se tentou 
fazer e se tenta, ainda, grandes centros activos em 
syndicatoides eivados de presumpção politica e outras 
mais ridiculas. 
Esso socialismo grandioso que vem de Christo até 
os eminentes sociologos chamados para governar os des- 
 
 
 
 
 
 
 
— 19 — 
timos das nações européas, não pode ser esquartejado 
pelos pigmeuns que não sentem a grande luz que illumina 
o seculo — da communidade collectiva, operada pro-
gressivamente pela ordem natural dos phenomenos que 
regem a producção e a distribuição, numa fórma homo- 
genea que evolue com a cultura economica e que a 
todos que trabalham satisfaz, na razão dos seus interesses 
até hoje mal interpretados, postos emfim em equação 
pelo movimento philosophico que tudo domina, na cir-
cumvolução do saber e do sentir, da experiencia e do 
raciocinio. 
Temos, pois, que saber sentir o nosso meio e saber 
como agir directamente, estabelecendo uma phase para 
a catechese do povo, no que concerne o ensino pratico e 
directo, official, das instituições alviçareiras, como o 
bom sacerdote préga a religião, todo mestre sua materia, 
todo operario sua profissão aos menores, no aprendizado 
livre das ruas. 
Esses meios devem existir onde o povo não sabe lu- 
tar unido. E o espirito de associação tem que ser propa- 
gado de um modo prompto e não conforme diz Mr. 
E. Jacquet, em «Les Societés Cooperatives de Vente 
de Produits Agricoles». 
A federação entre cooperativas da mesma natureza 
e affins é que garante a obra de propaganda, aliás le- 
vada a effeito por orgão especiaes, folhetos, monogra- 
phias e professores ambulantes, que os Estados devem 
escolher com criterio firmado, jamies por obra e graça 
da politicalha ou de qualquer monstro syndicatorio ou so-
ciedades pachidermicas, com «torres eburneas» e muito 
desdém sobre as coisas do mundo que luta.... 
Melhor será o esforço empregado sem os clichés 
e outros reclamos pagos pela politicalha que se serve 
de factotums com segunda intenções e pouca va- 
lia intrinseca... 
Pesemos bem o que presta e o que não presta, 
antes de agir. O programma de um povo não sahe das 
mãos dos pigmeus... E’ obra de genios de quem o 
herdamos. 
 
 
— 20 — 
Independentemente desse pseudo-regimen do «syndica-
lismo-cooperativistas, com fins generalisados até ao absurdo, 
o Tenente Villar, um dos mais dedicados brasileiros desta 
republica, formou as cooperativas dos pescadores nacio- 
naes, dentro duma formidavel confederação autonomo, 
sem tutelas ridiculas, syndicatorias, Tambem existem pelas 
colonias do Sul, innumeras cooperativas nascidas espon-
taneamente, confederadas, ou num campos livre de acção 
economica e social, sem cogitarem de filiar-se aos syndi- 
catos ou de crial-os para formal-as... depois de consti- 
tuidas. 
O mesmo phenomeno economo-social dá-se em Minas, 
onde um propagandista já desmentio as falsas informa- 
ções prestadas aos jornaes do Rio, quando aos effeitos da 
pretensa obra dessa propaganda que teve agora o seu 
funesto surto...na mentira paga por linha. 
Não há de ser com essa suggestões extemporaneas 
que o proletariado poderá valer-se de meios rapidos, e 
de accordo com a natureza das suas destinos ver- 
dadeiros. 
Assim tambem a cooperação, que sempres foi livre 
em toda a parte, sendo bizarro que só no Brasil se tente 
um programma official que a embarga, tolhendo a sua 
acção espontanea, querendo-se obrigal-a a seguir as tor- 
tuosas lindas syndicatorias.... 
E ‘ o cumulo! 
 
 Rio, Setembro de 1920

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