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35 Seções de estudo Habilidades Capítulo 2 Localização de fábricas e centros de distribuição Nesta leitura você desenvolverá as habilidades de controlar a armazenagem e movimentação de materiais e de propor soluções para os problemas de estocagem de materiais por meio do estudo de conceitos sobre localização de plantas e centros de distribuição, da análise dos detalhes de armazenagem e estocagem da cadeia de suprimentos bem como os diferentes sistemas de informação utilizados. O desenvolvimento dessas habilidades se dará também por meio da identificação das principais características dos sistemas gerenciais de informação presentes ao longo de uma cadeia logística e da compreensão das formas básicas como são estudadas a localização de fábricas e dos referidos centros. Seção 1: A importância da localização de fábricas e centros de distribuição Seção 2: Os sistemas de informação em logística e os softwares mais utilizados 36 Capítulo 2 Seção 1 A importância da localização de fábricas e centros de distribuição A localização de fábricas e centros de distribuição (CDs) é um assunto interessante, especialmente num momento em que as empresas questionam se compram ou se alugam suas sedes ou expansões. Houve uma época em que as empresas construíam suas plantas inclusive com características inerentes ao seu tipo de trabalho. De qualquer forma, a localização é um assunto estudado por meios matemáticos ou por meios subjetivos, sendo que nessa leitura vamos analisar quatro métodos de localização de fábrica, assim como discutir alguns aspectos ligados aos sistemas de informação aplicados à logística. A localização de unidades de fábricas, CDs e unidades para comércio, como shopping centers, em geral, tem motivos diferentes. Para o comércio, por exemplo, a proximidade de ruas movimentadas, com grande trânsito de pedestres e algumas facilidades de estacionamento de veículos, é considerada fundamental para a instalação desse tipo de empresa. Normalmente, a compra ou aluguel dessas unidades se torna dispendiosa, pelo elevado custo dos terrenos nessas regiões. Entretanto, no caso de fábricas, os aspectos comerciais não são os mais significativos, podendo até não serem desejados, visto que surgem outros pontos de interesse como áreas maiores com menores custos de aquisição, liberdade para o trânsito de veículos de maior porte, etc. Assim, os motivos para a mudança de local de uma empresa já existente pode ser em virtude da completa falta de espaço ou de outras condições como a necessidade de farta infraestrutura, capaz de suportar suas atividades. A importância da escolha do local e a decisão de montar uma nova planta têm implicações como custos elevados para resgate no longo prazo, porquanto a empresa deve cuidar para não cometer erros (STEVENSON, 2001). Neste sentido, na sequência vamos estudar cinco métodos de localização de plantas industriais, os quais também podem ser aplicados aos centros de distribuição de mercadorias. Dentre esses métodos destacamos os custos fixos e variáveis, os momentos, o centro de gravidade, o qualitativo e a delimitação geográfica. Operadores logísticos 37 1.1 Localização pelo método dos custos fixos e variáveis Este método leva em conta os custos fixos e variáveis, nas regiões pretendidas para a localização das novas instalações. É importante observar que os custos são compostos de dois fatores: custos fixos e variáveis, sendo que os custos fixos são aqueles que periodicamente surgem para a empresa, como, por exemplo, salários, contas de água, luz, telefone, etc., desde que não sejam insumos para a produção. Já os custos variáveis são aqueles que variam conforme a quantidade a ser produzida. Podemos representar esses custos mediante a seguinte equação: CF=CF + Cv x q Em que: A partir dessa equação, podemos desenvolver outras equações, sendo uma para cada cidade (A e B), conforme verificamos no conjunto de equações a seguir. CT = CF + CV x q; CTA = CFA + CVA x q; CTB = CFB + CVB x q. Observe o seguinte raciocínio: Assumindo q = 0 e q = qm, encontramos os pontos de início e fim das retas que irão compor o gráfico que ilustra o método custo fixo e variável. Veja as equações que usaremos para os cálculos, os quais permitirão determinar os custos totais de montagem de uma fábrica ou CD em cada uma das cidades consideradas. As setas indicam que, num determinado momento, “q” fica igual a zero e, no momento seguinte, fica conforme a quantidade dada no exercício. Fazendo custo total de A igual ao custo total de B, temos a seguinte equação: 38 Capítulo 2 C T A = C T B + C x q= F A C AV + C x q F B C BV = F A C AV q BF C BV - C - C( ( = F A C q BF C - AV C - BV C qX X + C x q= F A C AV + C x q F B C BV + C x q= F A C AV + C x q= F A F A C AV + C x q F B C BV + C x q F B C BV = F A C AV q BF C BV - C - C( (= F A C F A F A C AVAV q BF C BF C F C BVBV - C - C( ( = F A C q BF C - AV C - BV C qX X= F A C F A F A C q BF C BF C F C - AV C AVAV C - BV C BVBV C qX X Agora, isolando “q” na última equação, indicada com a seta, aparece o ponto de equilíbrio entre as duas cidades A e B: = q F A C BF C - AV BV C - C( (= q FA C BF C - AV BV C - C( (= q FA C BF C - F A C F A F A C BF C BF C F C - AV BV C - C( ( AVAV BVBV C - C( ( Para fixar o conceito, acompanhe a resolução do exemplo a seguir: Uma empresa estuda a possibilidade de implantar uma nova unidade fabril em uma das duas cidades “A” ou “B”. Neste sentido, foram levantados pelos profissionais encarregados pela construção de uma nova unidade os seguintes dados: Tabela 2.1 – Dados obtidos de duas cidades, A e B C F (Anual) C V / Unidade qCidade A B 100.000 200.000 60 40 10.000 Fonte: Elaboração do autor (2013). Assim, com base nos dados apresentados temos a composição das seguintes equações: CTA = CFA + CVA x q CTA = 100.000 + 60 x 10.000 = 700.000 CTA = 100.000 + 60 x 0 = 100.000 CTB = CFB + CVB x q Operadores logísticos 39 CTB = 200.000 + 40 x 10.000 = 600.000 CTB = 200.000 + 40 x 0 = 200.000 Neste caso temos o seguinte ponto de equilíbrio dos custos entre a cidade A ou B: = q F A C BF C - AV BV C - C( (= q FA C BF C - AV BV C - C( (= q FA C BF C - F A C F A F A C BF C BF C F C - AV BV C - C( ( AVAV BVBV C - C( ( Esse ponto de equilíbrio é expresso graficamente pela seguinte figura. Figura 2.1 – Gráfico resultante do exercício MÉTODO CUSTO FIXO E VARIÁVEL 0 200.000 400.000 600.000 800.000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 QTD R $ Fonte: Elaboração do autor (2013). Podemos observar que, pelo cálculo efetuado, foi encontrado o ponto de equilíbrio em 5.000 unidades e um custo total em R$ 400.000,00. Assim, como você pode perceber, o custo no ponto de equilíbrio é igual para as duas cidades. 40 Capítulo 2 1.2 Localização pelo método dos momentos Este método leva em conta o custo unitário do transporte, a quantidade transportada e a distância. Ou seja, é o método que considera os custos do transporte. Para analisarmos esse método, vamos considerar a saída de mercadorias de uma cidade A com destinos a outras cidades, por meio de rodovias, conforme mostra o esquema a seguir. Figura 2.2 – Método dos momentos 10T10T A B C 20 T 6 T 6 T 150 Km 300 Km 400 Km A B C 20 T 6 T 300 Km 600 Km 400 Km D Rodovia Cidade LEGENDA Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2005). Depois, partimos da segunda cidade para as demais e repetimos esse processo até termos completado todas as cidades. A cidade que apresentar o custo mais baixo será a escolhida. Assim, os momentos serão calculados da seguinte forma: como o valor do frete é o mesmo para ir e para voltar e, como em nosso exemplo, vamos considerá-lo com o valor unitário de $ 3,00/t x km. A quantidade transportada, por convenção, será sempre a do destino. A próxima figura apresenta um doscálculos referentes à cidade que possui o menor custo, considerando-se também as unidades e os demais cálculos de uma forma mais simples. Operadores logísticos 41 Figura 2.3 – Cálculo para todas as cidades $ 3,00 Ton x Km x 6 Ton x 150 Km Trabalhando com as unidades envolvidas = $ 2.700,00 AAAA AAAA AAAA BB CC D 6 x 3 x 150 = 2700 6 x 3 x 750 = 13.500 10 x 3 x 400 = 12.000 28.200 B B B AA AA CC D 20 x 3 x 150 = 9.000 6 x 3 x 600 = 10.800 10 x 3 x 300 = 9.000 28.800 CC CC CC AA AA D B 20 x 3 x 750 = 45.000 6 x 3 x 600 = 10.800 10 x 3 x 900 = 27.000 82.800 D D D BB CC AA AA 20 x 3 x 400 = 24.000 6 x 3 x 300 = 5.400 6 x 3 x 900 = 16.200 45.600 Fonte: Elaboração do autor (2013). Neste exemplo, a escolha da localização da fábrica ou CD recai sobre a cidade A, pois foi a que apresentou o menor custo. 42 Capítulo 2 1.3 Localização pelo método do centro de gravidade Este método de localização leva em conta a proximidade dos fornecedores e dos consumidores, a qual é feita por meio da posição dos pontos das coordenadas de localização em H e V, que correspondem aos fornecedores e consumidores, marcados sobre um plano cartesiano, normalmente sobre um mapa. Levam-se também em consideração no cálculo a quantidade de carga transportada e seu valor unitário de transporte ($ / t x km), cujas fórmulas adotadas para o cálculo são as seguintes: Em que: L H = Localização horizontal do centro de gravidade; L V = Localização vertical do centro de gravidade; ci x = Coordenada H do iésimo local; ci y = Coordenada V do iésimo local; VP = Volume x Preço. Na figura que segue podemos observar a localização de fornecedores e consumidores. Figura 2.4 – Fornecedores e consumidores 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 C3 C2 C5 C4 C6 C1 F1 F2 H V Consumidores Fornecedores Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 43 Vamos aplicar o método do centro de gravidade utilizando os valores das tabelas referentes às coordenadas dos pontos e resultados, as quais são apresentadas a seguir. Tabela 2.2 – Coordenadas dos pontos Tabela 2.3 – Resultados PONTO H V 2 5 3 11 1 14 14 13 13 12 12 6 1 9 6 10 1000 6800 10000 72600 600 600 1600 300 1000 200 1500 6000 H V 3000 6600 22400 3900 12000 1200 13500 5 $ / Tx Km 31700 1200 1800 1600 4200 13000 2400 1500300 200 2 3 4 3 2 1 5 400 100 500 200 QTD 300 200 SOMAT. C5 C6 F1 F2 C1 C2 C3 C4 Fonte: Elaboração do autor (2013). O cálculo realizado por meio da ferramenta do Excel é mostrado na coluna H da figura referente aos resultados. Nesse cálculo o número 1.200 foi obtido da seguinte forma: 2 x 300 x 2. O mesmo procedimento foi adotado para as demais linhas. Ainda nesta figura, a coluna V, o número 3.000 foi obtido com o cálculo: 2 x 300 x 5. As demais linhas foram calculadas da mesma maneira, sendo que a coluna SOMAT foi calculada de forma análoga, ou seja, 2 x 300, e, em seguida, nas demais linhas. Observe que nas três colunas da figura referente aos resultados aparecem as somas respectivas. No que diz respeito aos valores das coordenadas de localização Vertical e Horizontal, os mesmos são obtidos conforme o cálculo mostrado a seguir. 4,66L H = 31.700 6.800 = Localização horizontal 10,68L V = 72.600 6.800 = Localização vertical 44 Capítulo 2 Ou, ainda, pelas fórmulas apresentadas anteriormente: L H = 300 x 2 x 2 + 200 x 3 x 3 + 400 x 1 x 4 + 100 x 14 x 3 + 500 x 13 x 2 + 200 x 12 x 1 + 300 x 1 x 5 + 200 x 6 x 5 300 x 2 + 200 x 3 + 400 x 4 + 100 x 3 + 500 x 2 + 200 x 1 + 300 x 5 + 200 x 5 = 4, 66 L V = 300 x 5 x 2 + 200 x 11 x 3 + 400 x 14 x 4 + 100 x 13 x 3 + 500 x 12 x 2 + 200 x 6 x 1 + 300 x 9 x 5 + 200 x 10 x 5 300 x 2 + 200 x 3 + 400 x 4 + 100 x 3 + 500 x 2 + 200 x 1 + 300 x 5 + 200 x 5 = 10,68 O gráfico resultante, já com as coordenadas H e V marcadas, pode ser observado na próxima figura. Figura 2.5 – Localização pelo centro de gravidade 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 C3 C2 C5 C4 C6 C1 F1 F2 H V LOCALIZAÇÃO DA EMPRESA Consumidores Fornecedores Fonte: Elaboração do autor (2013). Considerando o método de localização centro de gravidade e o resultado encontrado para o ponto H e V, podemos verificar que o ponto (LH=4,66 e LV=10,68 ) é ideal para a localização de uma fábrica em virtude da proximidade de fornecedores, mercado consumidor, quantidades e valor do frete. Operadores logísticos 45 1.4 Localização pelo método dos fatores qualitativos Este método de localização de empresas é baseado em valores subjetivos, pois, em geral, representa a opinião do corpo gerencial da empresa. Inicialmente, são escolhidas três ou mais localidades com potencial de receber esta empresa. A partir dessas escolhas são coletadas opiniões e convertidas em uma nota, variando entre 0 e 10, para cada quesito em estudo, conforme verificamos a tabela a seguir. Tabela 2.4 – Método da avaliação qualitativa ponderada CIDADE POND. CIDADE POND. CIDADE POND. 20 RECURSOS HUMANOS 10 PRESENÇA DE SINDICATO 15 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL 15 NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA 15 FORNECIMENTO DE MATÉRIA-PRIMA 15 ISENÇÃO FISCAL + BENEFÍCIOS 10 GRAU DE DESENVOLV. REGIONAL 100 SOMATÓRIOS 0 0 0 AVALIAÇÃO QUALITATIVA PONDERADA A B CFATORPESO (%) Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2005). Após as notas serem atribuídas, para cada cidade é feita a ponderação mediante os pesos estabelecidos. Com este método será escolhida a cidade que receber o máximo de pontos. Já a tabela que segue foi preenchida com o objetivo de ilustrar o método e também poder fazer algumas observações quanto aos resultados obtidos. Tabela 2.5 – Método da avaliação qualitativa ponderada com resultados CIDADE POND. CIDADE POND. CIDADE POND. 20 RECURSOS HUMANOS 5 100 7 140 9 180 10 PRESENÇA DE SINDICATO 4 40 8 80 8 80 15 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL 5 75 6 90 7 105 15 NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA 9 135 8 120 7 105 15 FORNECIMENTO DE MATÉRIA-PRIMA 10 150 5 75 6 90 15 ISENÇÃO FISCAL + BENEFÍCIOS 9 135 9 135 9 135 10 GRAU DE DESENVOLV. REGIONAL 9 90 8 80 7 70 100 SOMATÓRIOS 725 720 765 AVALIAÇÃO QUALITATIVA PONDERADA PESO (%) FATOR A B C Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2006). 46 Capítulo 2 Dos fatores apresentados aparecem dois itens polêmicos, sendo eles a presença sindical e a fiscalização ambiental. Do ponto de vista empresarial, é bom ou ruim? Caso você os considere negativos, a nota deles nesses quesitos deverá ser baixa. 1.5 Localização pelo método da análise CLV (custo x lucro x volume) Este modelo de localização leva em conta a análise do custo, lucro e volume (CLV), considerando cada uma das alternativas do local selecionado, no qual partimos do preço de vendas da quantidade e da previsão. Assim, é possível calcular o lucro ou a margem de contribuição para cada alternativa de cidade. A decisão a ser tomada é aquela que proporciona o maior lucro. Para esta análise devemos também considerar os custos fixos e variáveis. Veja um exemplo de aplicação: A empresa Grades de Alumínio S/A fabrica uma peça com modelo, em alumínio, adequado a cobrir pequenas valetas construídas para escoamento da água pluvial. Essa empresa pretende se aproximar de seus clientes com o objetivo de aumentar a competitividade. Neste sentido, selecionou inicialmente três cidades para estudo, cidades A, B e C. Os dados preliminares são apresentados na próxima tabela: Tabela 2.6 – Análise pelo método CLV Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 47 Para definirmos a cidade onde a fábrica ou CD poderá ser instalada, considerando a análise pelo método do custo x volume x lucro, é importante seguir as seguintes etapas: 1) Devemos calcular inicialmente a receita bruta total para cada cidade; 2) Calcular o custo variável total para cada cidade; 3) Calcular a margem de contribuição totalpara cada cidade; 4) O custo fixo de cada cidade é um dado fornecido pelo exercício; 5) Calcular o lucro para cada uma das cidades; 6) Finalmente, é possível calcular o ponto de equilíbrio para cada cidade. A figura na sequência apresenta uma relação de todas as fórmulas e operações necessárias resolvidas. Figura 2.6 – Cálculos para a resolução pelo método CLV RBT(A)= 60 10.000 600.000 RBT(B)= 50 15.000 750.000 RBT(C)= 40 20.000 800.000 CVT(A) = 20 10.000 200.000 CVT(B) = 25 15.000 375.000 CVT(C) = 30 20.000 600.000 MCT(A)= 10.000 60 20 400.000 MCT(B)= 15.000 50 25 375.000 MCT(C)= 20.000 40 30 200.000 CFT(A) 220.000 CFT(B) 180.000 CFT(C) 190.000 LUCRO(A)= 400.000 220.000 180.000 LUCRO(B)= 375.000 180.000 195.000 LUCRO(C)= 200.000 190.000 10.000 Peq(A)= 220.000 60 20 5.500 Peq(B)= 180.000 50 25 7.200 Peq(C)= 190.000 40 30 19.000 - Fonte: Elaboração do autor (2013). 48 Capítulo 2 Em que: O ponto de equilíbrio para cada cidade poderá também ser observado graficamente, a partir dos dados que compõem suas tabelas geradoras. Assim, apresentamos na sequência, as tabelas e seus respectivos gráficos – esses que apresentam duas linhas –, uma que se inicia no nível do custo fixo, sendo gradativamente ampliada pelo custo variável, e a outra que inicia na origem do plano carteziano é a da receita. Tabela 2.7 – Dados geradores do gráfico cidade A Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 49 Figura 2.7 – Gráfico com a demonstração do ponto de equilíbrio para a cidade A 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 11.000 CT CIDADE A P . E Q U I L Í B R I O = 5 . 5 0 0 U N I D . RECEITA CUSTO VARIÁVEL CUSTO FIXO Y X Fonte: Elaboração do autor (2013). Podemos observar no gráfico apresentado que um valor abaixo de 5.500 unidades a empresa terá prejuízo. Tabela 2.8 – Dados geradores do gráfico cidade B Fonte: Elaboração do autor (2013). 50 Capítulo 2 Figura 2.8 – Gráfico com a demonstração do ponto de equilíbrio para a cidade B 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 C T RECEITA CUSTO VARIÁVEL Y X CIDADE B P . E Q U I L Í B R I O = 7 . 2 0 0 U N I D . CUSTO FIXO Fonte: Elaboração do autor (2013) Já neste gráfico verificamos, para a cidade B, que com um valor abaixo de 7.200 unidades a empresa terá prejuízo. Tabela 2.9 – Dados geradores do gráfico cidade C C Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 51 Figura 2.9 – Gráfico com a demonstração do ponto de equilíbrio para a cidade C 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 CT RECEITA CUSTO VARIÁVEL X Y CUSTO FIXO CIDADE C P . E Q U I L Í B R I O = 1 9 . 0 0 0 U N I D . Fonte: Elaboração do autor (2013). E, por fim, esse gráfico ilustra que um valor abaixo de 19.000 unidades a empresa terá prejuízo. 1.6 Localização por delimitação geográfica Outra possibilidade interessante na localização de empresas é determinar com exatidão a localização desejada, ou seja, impondo distâncias entre lojas e o CD, por exemplo, ou entre fábricas e os armazéns. Este método tem outras aplicações também interessantes, contudo, estão fora do escopo deste estudo. Em termos de logística, a localização por delimitação geográfica é muito importante, pois permite que seja escolhido um lugar levando-se em conta instalações existentes ou a serem instaladas. Para que possamos conhecer as pontencialidades deste método de localização, vamos utilizar a ferramenta solver do Excel. O início do processo ocorre pela escolha da região onde será feito o estudo. Neste caso, utilizaremos como exemplo a região da grande Florianópolis. Observe na figura a seguir a área de distribuição espacial dessa região, assim como as cidades que a intregram, a saber: Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu. 52 Capítulo 2 Figura 2.10 – Área da região da grande Florianópolis Fonte: Gerado a partir de dados do Google Map (2013). Agora essa mesma área é apresentada uma escala graduada de coordenadas geográficas (X,Y), as quais estão representadas mantendo-se a mesma distância entre os traços, sejam eles verticais ou horizontais. Esta escala poderia estar calibrada em quilômetros, metros ou outra unidade qualquer. Veja como ficou a área apresentada anteriormente. Legenda A – Biguaçu B – Florianópolis C – São José D – Palhoça N Operadores logísticos 53 Figura 2.11 – Mapa da grande Florianópolis com reticulado 36 35 34 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 00 36 35 34 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Unid Unid 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Fonte: Gerado a partir de dados do Google Map (2013). As linhas tracejadas em seus cruzamentos, correspondem aos pontos onde as fábricas estão localizadas. Já o cruzamento das linhas contínuas correspondem à localização do CD proposta pelo solver. Legenda A – Biguaçu B – Florianópolis C – São José D – Palhoça N 54 Capítulo 2 Na tabela a seguir é possível ver as coordenadas em X e Y das quatro localidades e as coordenadas em X=7,84856 e Y=16,96975 do ponto de localização. Tabela 2.10 – Cálculo pelo método da delimitação geográfica LOCALIDADE X Y D LIMITE FLORIANÓPOLIS 18,8 13 11,648729 16 SÃO JOSÉ 10 15 2,916952 16 PALHOÇA 2,2 2 15,999997 16 BIGUAÇÚ 4 32,5 15,999997 16 LOC. FINAL 7,848566 16,969757 0,000000 MENOR DIST. 46,565676 Fonte: Elaboração do autor (2013). Os valores apresentados em X e Y, na tabela anterior, foram marcados a partir da origem. Por exemplo, Palhoça foi alocada como X=2,2 e Y= 2. Com o objetivo de esclarecer ainda mais este método seguirão outras apresentações com diferentes limitações todas calculadas pelo solver. Figura 2.12 – Planilha com os cálculos e representação gráfica método “DG” Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 55 Neste caso o limite atribuído foi de 20 unidades como distância máxima entre o CD e cada uma das localidades. Dessa forma, observe na figura anterior como todas as localidades ficaram em distância menor do 20 unidades em relação ao CD. Cabe destacar que outros valores poderão ser utilizados no solver, como, por exemplo, com limite máximo de 8 unidades entre o CD e as localidades. Os valores indicados pelo solver posicionaram o CD no ponto de coordenadas X=2,1127 e Y=6,3381. Em outras palavras, o CD fica distante de Florianópolis 8 unidades. Do CD para São José a distância encontrada foi de 5,33929 e, finalmente, do CD para Palhoça, 8 unidades, conforme mostra a figura a seguir. Figura 2.13 – Planilha com barras de rolagem incluídas pelo método “DG” Fonte: Elaboração do autor (2013). Para melhorar ainda mais o entendimento do que o solver executa, veja os cálculos desenvolvidos pelo computador. Foram consideradas as distâncias entre a origem e as localidades, e depois das localidades para o CD. 56 Capítulo 2 Figura 2.14 – Representação dos cálculos efetuados pelo computador mediante o método “DG” FLORIANÓPOLIS 10 9 c= 8 CD a= 10 7 6 5 4 3 2 b= 5 ORÍGEM 1 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 PALHOÇA c= a= 5 b= 10 ORÍGEM c= a= 2 SÃO JOSÉ b= 1 ORÍGEM FLORIANOPOLIS ATÉ O CD SÃO JOSÉ ATÉ O CD PALHOÇA ATÉ O CD Florianópolis Palhoça São José 0 DA ORIGEM ATÉ AS FÁBRICAS DAS FÁBRICAS ATÉ O CD EM LINHA RETA 8,0000003 8,0000003 8,0000003 8,0000003 11,18 11,18 2,236 É Á 4 5 6 7 8 9 10 11-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 10 9 8 7 6 5 4 3 222222222 4 3 2 1 1 0 2 31 2,3606709 11,180339 SÃO JOSÉ 2,3606709 PALHOÇA 11,180339 FLORIANÓPOLIS 11,180339 orianópolis0000003 Y X 0 3 Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 57 Conforme verificamos nas figuras apresendas, o vetor resultante é a hipotenusa de triângulos retângulos nos quais se aplica o teorema de Pitágoras que diz que a hipotenusa ao quadrado é igual à soma dos catetos elevados ao quadrado. Seção 2 Os sistemas de informação em logística e os softwares mais usados O sistema de informação logística tem como principal função a coleta, a armazenagem e a manipulação de dados dentro da empresa, com o objetivo de tomar decisões que se estendem do nível operacional até o estratégico (BALLOU, 2005). Na figura a seguir podemos observar uma pirâmide com os níveis de decisão em uma empresa. Figura 2.15 – Níveis de decisão em uma empresa ESTRATÉGICO TÁTICO OU GERENCIAL OPERACIONAL Gerências Médias Analistas ESTRATÉGICO TÁTICO OU GERENCIAL OPERACIONAL Executivos Gerências Médias Analistas Fonte: Elaboração do autor (2013). Normalmente há nas empresas sistemas de informações gerenciais do tipo ERP (Enterprise Resource Planning). O sistema de informação logística pode ser entendido como um módulo de sistema do tipo ERP. 58 Capítulo 2 O sistema de informação logística tem como ponto principal o banco de dados (datawarehouse), que pode ser esquematicamente representado na próxima figura, a qual apresenta a estrutura básica de um sistema de informação proposto por Ballou (2005). Figura 2.16 – Vista geral de um sistema de informação. ENTRADA DE DADOS SAÍDA GERENTE DE LOGÍSTICA AMBIENTE AMBIENTE BANCO DE DADOS 1) ARMAZENAMENTO ARQUIVO RECUPERAÇÃO MANUTENÇÃO DE ARQUIVOS 2) TRANSFORMAÇÃO DE DADOS OPERAÇÕES BÁSICAS DE PROCESSAMENTO ANÁLISE DOS DADOS MEDIANTE TÉCNICAS MATEMÁTICAS E ESTATÍSTICAS DECISÕES Fonte: Adaptado de Ballou (2005). De acordo com a figura apresentada, os limites do sistema de informação ficam determinados pela linha tracejada. Podemos observar que os dados fluem do ambiente para o bloco de entrada de dados, e seguem para o banco de dados. As saídas do banco de dados são gerenciadas e entram no bloco de tomada de decisão, retornando posteriormente para o ambiente. O bloco de entrada é abastecido de dados dos clientes, registros da empresa, dados externalizados e da gerência. Cabe destacar que, do ponto de vista logístico, as informações oriundas dos clientes, como, por exemplo, quantidades de material solicitado por pedido, informações cadastrais, dados comerciais, etc., permitem a previsão de programação de materiais e organização da produção. Já os dados recolhidos pelo departamento de vendas permitem avaliar o fluxo de produtos e o tamanho dos pedidos, bem como a localização dos clientes. Serve ainda para trabalhar custos do transporte, seleção de rotas, faturamento, entre outras coisas. Os registros contábeis, internos e externos também fornecem dados importantes para o gerenciamento logístico. Enfim, as fontes de suprimento de dados são muitas e devem ser priorizadas para melhor aproveitamento. Operadores logísticos 59 As áreas em que geralmente são encontrados softwares de uso específico são as seguintes: • planejamento; • controle; • operação; • monitoramento; e • comunicação. No planejamento são, em geral, encontrados os ERPs, sistemas de gestão integrada. Na sequência apresentamos uma relação de softwares de gestão da informação já consagrados em logística. • Customer Relationship Management (CRM) – Gerenciamento de Relacionamento com Clientes. Trata do conhecimento das necessidades dos clientes. • Distribution Resource Planning (DRP) – Planejamento de Recursos de Distribuição – Finalidade: gerenciamento dos estoques da logística de distribuição. • Executive Information System (EIS) – Sistema de Informações Executivas. Para apoiar processos de decisão nos níveis gerenciais das empresas. • Electronic Data Interchange (EDI) – Troca eletrônica de dados. Faz a comunicação de dados via rede de telecomunicações entre empresas. • Enterprise Resource Planning (ERP) – Planejamento de Recursos Empresariais. Ferramenta de gestão empresarial, integra grande parte das atividades empresariais. • Inventory Management System (IMS) – Sistema de gerenciamento de estoques. • Order Management System (OMS) – Faz a captação de pedidos de vendas e o envio para o ERP; controla inclusive a formação de cargas. • Material Requirement Planning (MRP I) – (Planejamento das Necessidades de Materiais). Finalidade: planejar e controlar insumos para a produção. • Manufacturing Resource Planning (MRP II) – (Planejamento de Recursos de Manufatura). Finalidade: planejar e controlar recursos em outros setores da empresa. 60 Capítulo 2 • Supply Chain Management (SCM) – Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. Finalidade: gerenciar as relações entre instituições de uma mesma cadeia de abastecimento. • Transportation Management System (TMS) – Sistema de Gerenciamento dos Transportes. Finalidade: gerenciar os fretes, as frotas, controlar viagens e a disponibilidade de veículos. • Vendor Managed Inventory (VMI) – Estoque Gerenciado pelo Fornecedor. • Warehouse Management System (WMS) – Sistema Gerenciador de Armazéns. Finalidade: cuidar de toda a gestão operacional de um depósito ou armazém. • Work Flow (WF) – Automação de Fluxos de Trabalho. Planejamento e controle do fluxo de documentos eletrônicos e atividades em rede. • Sales Force Automation (SFA) – Automação da Força de Vendas. • Supplier Relationship Management (SEM) – Gerenciamento de Relacionamento com Fornecedores. • Roteirizador. É um software usado para estabelecer roteiros, escolher o tipo de veículo, etc. Em geral, é interligado a um sistema de gestão ERP. Na figura a seguir podemos observar onde os softwares de apoio à logística podem ser encontrados. Observamos, ainda, que softwares WF, EDI, EIS, SCM, OMS e ERP são usados em toda a rede logística. Figura 2.17 – Distribuição de aplicativos numa rede logística Estoques de Insumos Produção Estoque de produtos acabados TMS CD CD Cliente Cliente Cliente Fornec. Fornec. Fornec. VMI PLANTA INDUSTRIAL WMS CRMMRP I MRP II WMS IMS SFA DRP SRM TMS SFA WF, EDI, EIS, SCM,OMS, ERP Fonte: Elaboração do autor (2013). Operadores logísticos 61 Cabe destacar que na logística, assim como em outras áreas do conhecimento, existem softwares desenvolvidos especificamente para determinadas aplicações. O WMS, por exemplo, é um sistema gerenciador de armazém, geralmente empregado em grandes transportadoras com elevado volume de trabalho. A sofisticação da área de TI depende do porte da empresa e de suas necessidades de informação. Existem empresas que adquirem prontos os softwares de que necessitam, outras desenvolvem seus próprios programas. Sendo que o mais comum é a compra de aplicativos já consagrados no mercado. Considerações finais Nesta leitura você estudou técnicas de localização de fábricas e CDs, as quais não compreendem todas as possibilidades existentes, contudo reúnem as mais importantes que são utilizadas no ramo de logística. Conheceu algumas fórmulas simples que integram o método de localização referente ao ponto de equilíbrio, custos fixos e custos variáveis. Essas fórmulas são importantes quanto trabalhamos com outras técnicas, por exemplo, a técnica de fabricar ou subcontratar. Por fim, conheceu diversos softwares usados na logística, provavelmente alguns dos quais talvez você já tenha utilizado na prática. Por exemplo, o CRM é muito usado em empresas transportadoras. O ERP é outro software bem comum e muito usado em diversas empresas.
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