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ARQ1005 - TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA III Profª. Ana Luisa Nobre Ana Beatriz Oliveira Maria Fernanda Silveira Como viveremos juntos? O projeto escolhido foi desenvolvido para um foi desenvolvido para o concurso “Modern Collective Living Challenge” da Bree Breeders Architecture Competition. A equipe responsável é formada por: 1. Ana Luísa Rolim, Arquiteta, Professora e dona do Coletivo-rt; 2. Estudantes da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) Larissa Falavigna, Maria Júlia J. e Hugo Santiago. Esse concurso não determinou nenhum terreno ou local específico para o desenvolvimento dos projetos, entretanto, os participantes deveriam ter em mente que todos os projetos deveriam ser versáteis para pudessem ser reproduzidos em diferentes localidades rurais da China. https://beebreeders.com/architecturecompetitions/collectiveliving/ http://www.unicap.br/home/ http://www.unicap.br/home/ A China, especialmente, apresentou um crescimento urbano numa velocidade sem precedentes, provocando um enorme êxodo rural, onde a população rural é realocada de suas terras e obrigada a modificar seu estilo de vida coletivo. Nessa perspectiva, o concurso adota esse contexto de crise global de moradia, onde a proposta era o desenvolvimento de novas formas de habitação acessível para agricultores realocados na China rural. A proposta dessa iniciativa tem enorme afinidade com o tema da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2021. O questionamento de “Como viver juntos?” encontra uma de suas inúmeras possíveis respostas no projeto vencedor. O projeto procura amenizar algumas das grandes inquietações da arquitetura dos dias de hoje. A versatilidade do sistema estrutural modular utilizado, o Tri-Plus, permite que esse modelo de habitação coletiva seja instalado em lugares com características muito diferentes, atendendo, também, a muitos públicos. Além disso, a questão de como viveremos juntos traz implícito a pergunta de como será possível ir além da polarização do mundo atual e o projeto, na nossa visão, contempla exatamente isso. Combinando arquitetura, natureza e a vida em comunidade. O projeto Tri-Plus traz consigo a tradição do número 3, relacionando com o seu sistema flexível de espaços abertos e fechados, públicos e privados. Podemos observar alguns aspectos em evidência no projeto: axialidade, simetria, hierarquia e fechamento. O sistema se desenvolve a partir do traçado de inúmeros eixos que determinam os espaços. A habitação é simétrica, com pátio e área de serviço/banheiro no eixo central. Se na célula predomina a simetria, o assentamento é assimétrico, permitindo diferentes perspectivas e rotas, por exemplo. A praticidade é conferida através do uso de um sistema modular. Vigas e pilares delgados se encontram, configurando uma malha de 3,30 x 3,30 metros. Nessa malha, a exploração dos vazios é fundamental, e cada célula pode ser transformada em um ambiente, dentro de uma gama de possibilidades. Desse modo, o projeto pode ser replicado em diversos lugares, servindo a diversas populações. Caso fosse adotado como modelo de habitação popular por alguns governos, teríamos um modelo funcional e de alta adaptabilidade sanando parte da problemática habitacional mundo afora. No entanto, o projeto se mostra muito mais viável para ambientes rurais, não apresentando tamanha eficiência em áreas urbanas. Seus mecanismos de autogestão, por exemplo, apontam para o desenvolvimento de produções agrícolas estabelecidas ao longo das células, que garantiriam o menor consumo de insumos externos pelos moradores, visando a segurança alimentar e financeira. Sua materialidade é composta, principalmente, por concreto, madeira e tijolos sustentáveis. No caso de estudo, especificamente, os tijolos seriam produzidos pela população local. No entanto, o sistema permite que sejam feitas adaptações em sua materialidade, de modo a concordar com diferentes situações. Se o objeto a ser construído fosse um abrigo temporário para refugiados, teríamos a velocidade de construção e praticidade se sobrepondo à durabilidade e resistência. Assim, seria uma boa opção substituir o uso do concreto por vigas e pilares metálicos, por exemplo. Além disso, contemplamos durante a discussão em sala, uma outra face do projeto ainda não questionada por nós: sua relação com os seres não-humanos. Há, desde o princípio da elaboração do projeto, uma vontade de criar um “novo jeito de morar” que conseguisse abarcar todas as esferas da vida rural. Não obstante, a criação de animais e a prática da agricultura. Na ocupação dos espaços, como pensado pelos arquitetos, há áreas designadas como espaço para o abrigo dos animais, como porcos e galinhas, e estufas. Dessa maneira, é criado um ecossistema dentro do projeto, onde seus moradores são interdependentes mas autônomos em relação à cidade, na medida em que queiram. Em um primeiro momento, havíamos enxergado parte da metodologia de Peter Eisenman no projeto estudado, possibilitando que fizéssemos alguns paralelos entre os dois, principalmente no que diz respeito ao traçado de uma malha cartesiana como mecanismo de pontapé do projeto. Entretanto, depois de mergulharmos mais um pouco nos arquitetos apresentados nessa disciplina, acreditamos que o grupo que apresenta maiores afinidades com o nosso objeto de estudo é o Archigram. O Archigram foi um grupo de arquitetos ingleses que buscavam passar ideias rápidas e de fácil entendimento sobre arquitetura. Inserido em um contexto pós-guerra com grandes perspectivas de progresso, o grupo possuía uma visão crítica da arquitetura tradicional e acreditava em uma arquitetura mais tecnológica e industrial. Defendiam que a arquitetura precisava ser dinâmica e tinha de se adaptar às necessidades do homem, trabalhavam, inclusive, com a ideia de arquitetura itinerante. Para isso, pensavam em elementos construtivos de encaixe, que pudessem ser produzidos em massa, rapidamente, e fossem práticos. Portanto, o projeto Tri-Plus se coloca como uma adaptação das ideias de flexibilização da arquitetura colocadas pelo Archigram. O sistema modular concorda com todos os princípios de praticidade levantados no passado, com as possibilidades tecnológicas de hoje. A possibilidade de implantação do sistema em diversas localidades, em diferentes contextos, aponta para essa dinamicidade da arquitetura itinerante e que está disposta a se moldar às necessidades humanas. Bem como em qualquer análise, existem divergências entre o modo de fazer arquitetura do Archigram e o projeto Tri-Plus. Em primeiro lugar, não houve no projeto em análise a intenção de questionar os preceitos de qualquer arquitetura, apenas uma vontade de sanar um problema real. A complexidade não foi contemplada no Tri-Plus, e nem pretendia ser, diferentemente de muitos projetos idealizados pelo Archigram. Além disso, sua urgência prática se opõe à utopia abordada pelo grupo inglês, que propunha projetos sem viabilidade. Bibliografia Architecture competition Modern Collective Living Challenge Honorable mention - coletivo-rt. Bree Breeders Architecture Competitions, 2017. Disponível em: <https://architecturecompetitions.com/mclc-hon-6-interview/>. Acesso em: 20 de novembro de 2021. Modern Collective Living Challenge Results. Bree Breeders Architecture Competitions, 2017. Disponível em <https://architecturecompetitions.com/collectiveliving/>. Acesso em: 20 de novembro de 2021. Equipe Brasileira Recebe Menção Honrosa em Concurso Internacional de Ideias para Habitação Social na China. ARCHDAILY, 2017. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/884526/equipe-brasileira-recebe-mencao-honrosa-em-conc urso-internacional-de-ideias-para-habitacao-social-na-china>. Acesso em: 20 de novembro de 2021. Archigram. ARCHDAILY. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/tag/archigram>. Acesso em 28 de novembro de 2021. Redescobrindo a arquitetura do Archigram. Vitruvius, 2004. Disponível em <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585>.Acesso em 28 de novembro de 2021. Grupo Archigram. Arquitetando, 2009. Disponível em <https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/25/grupo-archigram/>. Acesso em 28 de novembro de 2021. Archigram. Vivadecora, 2021. Disponível em <https://www.vivadecora.com.br/pro/archigram/>. Acesso em 28 de novembro de 2021. https://architecturecompetitions.com/mclc-hon-6-interview/ https://architecturecompetitions.com/collectiveliving/ https://www.archdaily.com.br/br/884526/equipe-brasileira-recebe-mencao-honrosa-em-concurso-internacional-de-ideias-para-habitacao-social-na-china https://www.archdaily.com.br/br/884526/equipe-brasileira-recebe-mencao-honrosa-em-concurso-internacional-de-ideias-para-habitacao-social-na-china https://www.archdaily.com.br/br/tag/archigram https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585 https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/25/grupo-archigram/ https://www.vivadecora.com.br/pro/archigram/
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