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1 Educação, história e sociedade Quando realizamos qualquer estudo de caráter humano e social, é muito importante compreender os fenômenos frente ao momento histórico em que este se apresenta. A educação se encontra a partir desse olhar e para compreender sua trajetória com seus sucessos e fracassos, é imprescindível inserir cada passo no seu contexto histórico. 1.1 História da educação no Brasil: da Colônia à República Mesmo antes do descobrimento do Brasil, a educação sempre esteve voltada para atender a elite e assim não foi diferente no nosso país. Desde quando os portugueses chegaram ao Brasil, nunca houve escolha por uma política de implantação de um sistema educacional. Somente em 1549 o primeiro grupo de padres jesuítas, a Companhia de Jesus, chefiados por Manuel de Nóbrega, e o primeiro governador geral, Tomé de Souza, chegaram ao Brasil, fundando a primeira escola no Brasil. A criação da escola teve como desígnio catequizar os índios e educar os filhos dos colonos portugueses, a elite colonial, mas o real ideal era, acima de tudo, a propagação da fé. Esse interesse teve em sua essência uma tentativa de controle por conta da insubordinação dos indígenas para que estes servissem como mão de obra para a exploração do pau-brasil. A Companhia de Jesus utilizava o método de ensino Ratio Studioru, já balizado na Europa, e a formação para os índios era o elementar à catequese. Já para os filhos de colonos e a elite colonial era no nível elementar e médio, que repete o perfil da educação para os mais abastados. Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira de 1549 até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas. Durante esse período, José de Anchieta se destacou por sua quantidade de obras, incluindo sua preocupação com uma gramática em Tupi, língua dos índios, e a fundação do colégio de São Paulo, em 1554. Tal expulsão foi consequência das mudanças que estavam acontecendo em Portugal e esse período é conhecido historicamente como Era Pombalina. Marquês de Pombal, ministro de D. José I, na época, tinha como foco a recuperação da economia portuguesa para fortalecer a realeza. Tal atuação não obteve bons resultados no Brasil, que vivenciou uma grande ruptura histórica numa ação já implantada e consolidada como um bom modelo educacional. A Companhia de Jesus já tinha instalado 17 colégios e “escola de primeiras letras” jesuíticas, e com essa expulsão, o Brasil ficou praticamente sem nenhuma educação elementar e média. Dessa feita, entramos no século XIX com o Brasil passando a ser a Sede do Vice-Reino de Portugal com a vinda da família Real. Ainda em 1808, para atender a elite que se encontrava no Brasil após a abertura dos portos, criaram-se os cursos de cirurgia, na Bahia, e o de cirurgia e anatomia, no Rio de Janeiro, assim como a Academia Real de Marinha. Outras construções para fomentar a educação da elite foram criadas, como a Biblioteca Pública (1810) e o Museu Nacional (1818) e inauguram-se os jornais “A Gazeta do Rio de Janeiro” (1808) e “A idade de Ouro no Brasil” (1811), da Bahia. Esses cursos equivaleriam ao início do Nível Superior no Brasil, mas, na verdade, eram apenas aulas com um nível mais alto do que havia anteriormente e com propósito profissionalizante, diferente da proposta jesuítica. Nesse período, o ensino imperial organizou-se em três segmentos: Por fim, a sociedade brasileira ainda permanecia sem nenhuma organização educacional de fato e a maioria da sua população sem escolaridade. 1.1 Da República Velha aos dias atuais A primeira constituição republicana brasileira chegou em 1891 e seguiu o sistema federativo de governo. Já no campo educacional, tivemos um processo que permanece até hoje de alguma forma, em que houve uma descentralização de responsabilidades, cabendo à União a incumbência do Ensino Superior e Secundário e aos Estados o Ensino Elementar e Profissional. Tal estrutura demonstrava a separação clara que existia entre a educação dos formados para o trabalho intelectual e o comando daqueles que eram formados para o trabalho manual. De acordo com Romanelli (1982, p. 41), essa política educacional gerou o seguinte sistema: Entre 1911 e 1915, surgiu o conceito de Grupo Escolar (reunião de escolas isoladas de uma região comum) e as classes passaram a distribuir os alunos em séries, o chamado Ensino Seriado. Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a industrialização, o perfil demográfico da sociedade brasileira mudou e a imigração tornou-se a opção, face ao cenário pós abolição da escravatura. Muitos imigrantes, já letrados, vieram para o Brasil e conheciam seus direitos, apresentando engajamento político, o que trouxe vários movimentos de contestação, como o Movimento Tenentista. De acordo com alguns autores, esse movimento representava, na verdade, os interesses da classe média urbana. Em 1942, ainda ministro, Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do Ensino, que ficaram conhecidas como “Reforma Capanema”. Nesse ano surgiram a Lei Orgânica do Ensino Industrial e a Lei Orgânica do Ensino Secundário, além de ter sido fundado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Com a lei orgânica, o Ensino Secundário foi dividido em três modalidades: Clássico, Científico e Normal (ensino profissionalizante, porém considerado dentro do ensino secundário). Com o fim do Estado Novo, surgiu a nossa terceira Constituição Federal, em 1946, que trouxe normas dirigidas à educação, como a gratuidade para o Ensino Primário. Muitas ideias surgiram e a discussão versava sobre o que seria uma educação popular. Com tantos questionamentos, surgem novos movimentos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Teatro de Arena, a Teoria Educacional de Paulo Freire e outros. Campanhas para a alfabetização e o uso da Teoria de Paulo Freire, a política educacional brasileira, na década de 1950, apresentou outro aspecto importante, as discussões sobre a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB). Foi quando houve a implementação da Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB) – Lei 4.024/1961 pelo governo João Goulart. Novos debates surgiram, como a defesa dos interesses dos proprietários de escolas privadas. Nesse período, o movimento estudantil cresceu e as agremiações, como da União Nacional dos Estudantes (UNE) estavam presentes como fieis participantes em busca de transformações. Na lei, preponderava o modelo de política educacional já em vigência, em que o Estado custeava parte das despesas das escolas particulares e, paralelamente, não criava novas oportunidades escolares fora dos grandes centros urbanos. Com todas as mudanças sofridas durante a história, vivemos uma grande era da educação. Nunca no país foi feito tanto como hoje em dia. No entanto, é visível a falta de gestão desses financiamentos. Atualmente, temos mais vagas nas escolas públicas e essas cada vez mais próxima dos alunos, o que nos leva a menos crianças fora da escola. Com essa iniciativa, muitos jovens e adultos estão retornando à escola e conseguindo ampliar suas capacidades intelectuais e profissionais. Sendo assim, cabe a reflexão baseada nas palavras de Paschoal Lemme: 2 Relação escola-sociedade Dentro de um pensamento da Sociologia, as relações entre o processo educacional acadêmico e a sociedade de classes é estudada por várias perspectivas. 2.1 Abordagem teórica de alguns pensadores Começando por John Dewey, é através da educação que a vida humana se perpetua por meio da comunicação permanente das experiências adquiridas pelo grupo social às novas gerações para que esta se desenvolva incessantemente. Dewey aborda a importância de uma educação integral, ajustando o crescimento natural do ser humano com uma eficiência social. Tal ajuste chegaria ao alcance de uma sociedade ideal, uma sociedadeverdadeiramente democrática. Esse pensamento de Dewey percebe a educação como algo positivo para o progresso da sociedade como um todo. Por outro lado, alguns teóricos compreendem a educação como ferramenta de transmissão de ideologias que comprometem as ideias sociais, contaminando os pensamentos dos educandos, pois estariam a serviço do monopólio do poder econômico, social, político e cultural. A base desses entendimentos tão antagônicos pode ser amparada pelas ideias de dois grandes representantes do pensamento sociológico: Durkheim compreende que caberia à educação a função de constituir um ser social solidário em cada novo indivíduo. Por outro lado, a heterogeneidade educacional permite a formação de indivíduos diferentes para o exercício de funções diferentes. No seu pensamento, que apresenta um modelo orgânico, Durkheim expõe que a escolha por esta ou aquela educação seria suas aptidões individuais, e não sua origem social. Abrangendo o liberalismo junto às ideias de Durkheim, é então viável fazer brotar uma sociedade que permite a livre escolha dos indivíduos rumo à sua posição social desejada, o que promoveria a democracia. Esse movimento vem a partir da educação que, por meio de projetos de instrução pública, podemos chegar à igualdade de oportunidades. A educação, desse modo, teria o grande ensejo de mesmas possibilidades aos homens, ou melhor, seria o fator neutralizador das desigualdades sociais e com a viabilização do Estado. Quanto à ascensão social, esta dependeria única e exclusivamente das capacidades singulares do indivíduo e para os liberalistas as desigualdades têm origem nas desigualdades individuais naturais. O desejo de igualdade por meio da educação encontra-se impregnada em vários discursos e doutrinas que se perpetuam até hoje. Já para Marx, a sociedade se fundamenta na contradição: Proletariado versus Capitalistas, os que produzem versus os que consomem. Por esse motivo, não haveria como conciliar interesses tão diferentes. Marx apresenta um pensamento materialista em que a consciência é o produto da existência e da infraestrutura econômica, determinando a dimensão cultural. Nesse pensamento, ideias e ação caminham juntas. O homem produz os objetos e, ao mesmo tempo, ele também cria relações sociais, produzindo conceitos que justificam essas relações. A classe que dispõe dos meios de produção de objetos, dispõe igualmente dos meios de produção intelectual. Por Marx, não há como chegar à democracia devido às próprias condições estruturais do sistema capitalista. Nesse contexto, qualquer atitude de “desobediência” e de conflitos são expressões da contradição inerente ao sistema, e não sintomas de anomia. O Aparelho do Estado é, conforme análise de Althusser (1983), constituído pelo Aparelho Repressivo (governo, polícia, exército etc.) e pelos Aparelhos Ideológicos (igreja, escola, a família etc.), mas apesar da diversidade, ambos funcionam por uma ideologia dominante e que cumpre a função de assegurar as relações de produção. A transmissão da ideologia dominante como uma verdade divide e classifica os indivíduos: Fracasso/Sucesso, Normal/Anormal etc. e a escola acaba reproduzindo esse modelo sob disfarces sutis de transmitir semelhanças e união. 2.2 Escola: instrumento do pensamento dominante A escola é um instrumento de muita importância na formação dos Aparelhos Ideológicos de Estado. Sua característica de poder atuar cotidianamente nos indivíduos, em especial as crianças, proporciona a elas um lugar de extrema importância e responsabilidade. Ao mesmo tempo que instrui com técnicas e conhecimentos com base na doutrina dominante, ensina também as regras do bom relacionamento social ou, conforme Althusser (1983), transmite a ideologia dominante em seu estado puro. Em cumprimento à formação profissionalizante, a escola prepara, a partir de atitudes, crenças e valores, os autores da mão de obra para respeitar a divisão social-técnica do trabalho e as regras estabelecidas pela dominação de classe. Esses resultados são alcançados por dissimulações e estratégias de uma ideologia dominante, como se fosse uma instituição neutra e desprovida de qualquer ideologia. Aspectos sutis, como alguns rituais escolares: avaliação, “dar notas”, são mecanismos de inclusão ideológica. Encontramo-nos frente à ruptura da teoria com a prática, do trabalho manual com o intelectual. Seja qual for o conteúdo transmitido, pois não são os conteúdos que são contaminados pela ideologia, e sim a própria forma de ensino que fortalece a sua natureza ideologizante. Após analisar a escola sob o ponto de vista ideológico, torna-se fatal chegar à conclusão de que o sistema educacional, a escola, é um lugar de contradição. 3 Sistema educacional brasileiro: noções de estrutura e funcionamento Após apresentarmos o Sistema Educacional propriamente dito, cabe mais um espaço para que nós, educadores, sejamos instigados à construção de seu olhar crítico sobre as leis e sua aplicabilidade de cada segmento escolar, seja este privado ou público. 3.1 Estrutura do sistema educacional brasileiro Antes de iniciar, vamos lembrar um pouco sobre nossa história para realçar que a atual Constituição Federal Brasileira (CFB) não foi a primeira e que uma constituição sempre será a carta magna para garantir a soberania do país. Nossa CFB atual é de 1988, com novas ementas posteriores, daremos início por ela para apresentar o embrião para posteriores projetos de lei que abordem o sistema de ensino nacional, visto que nada pode ser divergente dela. No início, no Capítulo II da Constituição Federal de 1988, temos a questão dos Direitos Sociais e já encontramos a educação fazendo parte desse bloco: “Art. 6 São direitos sociais a EDUCAÇÃO, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (grifo nosso). Dando continuidade, o Capítulo III da CF (1988) é dedicado à educação, à cultura e aos desportos. A primeira seção é destinada apenas à educação e inicia afirmando que a educação é um direto de todos, mas compartilha com a família o dever de educar e com a sociedade (Art. 205). Analisando vários artigos da CFB referentes à educação, pode-se notar um registro de assistência à toda população, independente de classe social, raça ou sexo. A proposta é de uma educação igualitária, de qualidade e democrática. Ainda no artigo 207 e 208, a CFB molda a estrutura educacional e, para garantia da qualidade do sistema educacional, define quais são os segmentos para a assistência educativa do cidadão através do poder público: creche e pré-escolar, ensino fundamental, ensino médio, universidade e atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência. Mesmo apresentando a obrigatoriedade do governo em promover as políticas educacionais com gratuidade a todos, a CFB também aborda a permissão de iniciativa privada para realizar os processos educacionais, desde que sejam autorizadas pelo poder público e atendam todas as diretrizes da educação, sempre com qualidade. Acompanhando esse passo a passo, fica mais compreensível a razão de ser para normas, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Plano Nacional de Educação (PNE), os referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RECNEI) e outros, pois a sua existência vem para atender as exigências da CFB. A CFB exige conteúdos mínimos para o ensino fundamental para garantir uma formação básica comum a todos os brasileiros, daí identificarmos a existência do Programa Nacional da Educação. Ainda determina que os municípios sejam responsáveis pelo ensino fundamental e pré- escola e os Estados e o Distrito Federal atuarão no ensino fundamental e médio (Capítulo III, Artigo 211, § 2º e §3º). Dentro desse capítulo referente à educação, a CFB englobaa organização, o financiamento e os recursos para que o sistema educacional, com essas exigências, seja alcançado, sendo a União a responsável por esses processos. Dando prosseguimento aos nossos estudos e já compreendendo que toda e qualquer legislação deve seguir a constituição do país, vamos conhecer pilares importantes da Lei nº 9.393/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Assim como a CFB, a LDB também sofreu ajustes após sua homologação e para estarmos sempre atualizados, é importante buscar as leis atualizadas, sejam quais forem. A criação da LDB vem para atender a uma normatização das instituições de ensino, oferecendo condições de igualdade para todos os cidadãos desde cedo e garantindo que onde o estudante esteja, respeitando cada cultura regional, todos terão as grades curriculares em comum. Com a criação dessa lei, a educação se torna mais empoderada, pois alavanca mudanças bastante significativas que determinarão uma formação igualitária e com a cidadania em plena atividade. A LDB distribui os segmentos, tal qual previsto na CFB, entre Município, Estado e União e, juntamente, quais suportes deverão ser proporcionados para a escolarização efetiva dos seus estudantes, como: transporte e material. A lei não vincula apenas o governo público no processo. A família, os docentes, as instituições de ensino em si e a sociedade precisam cumprir suas partes elucidadas pela legislação. Como padronização da Estrutura do Sistema de Ensino, a LDB assim define os segmentos da educação acadêmica sistematizada em Educação básica e Ensino Superior. Educação básica: Etapas infantil, fundamental e médio e tem como intuito proporcionar ao educando sua formação para o pleno exercício enquanto cidadão e a progressão para o trabalho e estudos futuros: Ensino superior: Sua finalidade é formar o estudante em áreas diferentes de conhecimento e, inclusive, estimular para o aprimoramento da cultura, do espírito científico e do pensamento crítico e reflexivo. Como mais uma estratégia de garantia de excelência, a LDB formaliza a carga horária anual mínima para a Educação Básica, 800 horas, distribuídas por 200 dias de efetivo trabalho escolar. Seu cumprimento é essencial para a evolução do indivíduo e para a aquisição dos conhecimentos básicos necessários ao avanço. De tudo, o que é necessário compreender é que desde a colonização várias leis foram promulgadas para a melhoria da Educação e a LDB vem cumprir este papel. Seu cumprimento de forma virtuosa tende a reduzir a alienação política dos brasileiros, desmascarando a intenção manipuladora de qualquer consciência dominante. Quanto à outra legislação de porte a ser seguida para a garantia da educação para todos, em vários momentos citada, existe o Programa Nacional de Educação de 2014 (PNE), como um planejamento para dez anos e que chega para agregar mais possibilidades de melhorias no sistema educacional. Existem metas a serem atingidas durante essa década e os relatórios de acompanhamento sempre envolvem diagnóstico, diretrizes, objetivos e o andamento das metas: Expansão do ensino básico, garantindo uma expansão do ensino obrigatório e de qualidade; Valorização da diversidade presente no país, além da diminuição da disparidade da educação, visando sempre aumentar a equidade educacional; Melhor preparação e valorização dos profissionais da educação; Expansão do ensino superior. Como pudemos identificar, vários mecanismos têm sido criados para a melhoria da nossa educação. O cumprimento de cada um destes, identificando a parte que cabe a cada cidadão e o nosso compromisso com a aplicação deles, favorecerá o alcance com mais magnitude para a formação de uma sociedade mais igualitária e democrática. 3.2 Reflexões acerca da evolução da legislação educacional As leis sempre estiveram presentes para a consolidação do processo educativo no Brasil e todas com a intenção de trazer um conjunto de medidas que trouxessem melhorias para atender a população em todo o território nacional ou para uma ideologia do governo. É fato que, a cada período histórico, muitas conquistas foram alcançadas com transformações educacionais expressivas. Por outro lado, ainda nos deparamos com grandes problemas da educação, como o índice de analfabetismo. Ao pensarmos nessa deficiência, fica claro que ainda temos muito a caminhar. Para Saviani (1987), “a compreensão do sistema educacional brasileiro exige que não se perca de vista a totalidade social da qual ela faz parte”. Esse pensamento traz em sua essência que a educação avance além de uma Pedagogia e que seus passos se dirijam para a verdadeira cidadania. Essa construção se concretizará no momento em que os projetos de educação saiam do papel, da teoria e sejam aplicados na prática, sem economia de nenhum esforço de natureza física, intelectual ou econômica. Aí teremos a real intenção de ascensão do incremento cultural do seu povo. Igualmente, apostar na democratização e na universalização de uma educação qualitativa que esteja alerta não só para o desenvolvimento intelectual, mas também emocional, físico, social e moral. Atualmente, vivemos uma era da educação de forma nunca vista anteriormente. Começa pelos investimentos financeiros estruturados por programas como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o Programa Universidade para todos (Prouni) e outros. Contudo, temos um antagonismo entre as metas e a falta de efetivação delas. Apesar dos recursos injetados na educação, falta uma política de monitoramento desses gastos e de fiscalização das instituições escolares em todos os segmentos. O cenário que tínhamos antigamente, por exemplo, era a grande dificuldade de acesso à educação por parte de famílias menos privilegiadas, que dependiam do sistema público de ensino. Filas enormes existiam para realizar a matrícula de seus filhos. Já, nos dias atuais, o número de vagas para o ensino básico aumentou consideravelmente e as escolas também estão mais próximas dos alunos em geral. Outra questão a ser analisada é a desvalorização dos profissionais de educação, que nos remete a falhas que não garantem uma educação qualitativa e nem a oferta de um desenvolvimento real, seja intelectual, moral, emocional ou social ao sujeito. Uma polêmica bastante atual e que compromete a qualidade da educação, é a chamada “Mercantilização da Educação” com a abertura de novas faculdades particulares que facilitam a entrada no nível superior, a abertura de escolas particulares de ensino básico sem a devida fiscalização que transformam a educação num produto e não um serviço como deve ser. Ainda abordando os projetos governamentais de acesso à educação, temos a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. É a chamada Lei das Cotas, que reserva 50% das vagas das universidades públicas aos estudantes de escola pública, que por um lado traz em si um dinamismo no acesso ao nível superior, por outro revela a falta de qualidade do ensino público. Com tantos avanços, mas sem a efetivação total, o que fica evidente é uma preocupação com as estatísticas para apresentação no exterior (para a Unesco, por exemplo), que apresenta um quantitativo substancial dentro de instituições de ensino, mas com uma qualidade duvidosa. À parte, incluímos a grande desigualdade de distribuição de renda que desfavorece uma boa estrutura social para um melhor desempenho dos discentes. Cabe incluir na nossa ponderação o momento atual de globalização em que as trocas de informações ocorrem cada vez mais rápidas, além da incursão de novas tecnologias dentro das salas de aula. Apesar das dificuldades, a sociedade, em geral, está mais exigente por uma educação de qualidade e para Moran (2000, p. 14) esse aprimoramento é viável a partir do cumprimento de três instâncias: Comoconclusão, é perceptível que o nosso sistema de ensino não funciona plenamente para atender as expectativas da sociedade, visto que se trata a educação a partir de ideais políticos e capitalistas. Os recursos são mal geridos, a formação dos professores é deficitária e estes não são valorizados como deveriam, além da falta de adequação dos currículos às necessidades dos alunos. Toda essa desvalia reforça a esquiva dos pais quanto às suas obrigações para a escolarização dos seus filhos, refletindo o pensamento dominante de que educação não é uma prioridade. Como consequência, por meio das estatísticas, percebe-se a defasagem escolar, crianças fora da escola, estudantes com idades não compatíveis ao ano escolar, analfabetismo etc. Esses são vestígios de um histórico de falta de planejamento com compromisso para os avanços educacionais. Nosso país tem muito pela frente para alcançar o desenvolvimento científico, cultural e social, mas, para que isso ocorra, a confiança no sistema educacional como o verdadeiro trampolim do incremento da sociedade precisa estar sempre presente. O Estado precisa ponderar e perceber que o progresso de um país depende de uma sociedade culta, qualificada e capaz de contribuir para o crescimento do país. 4 Educação, política e sociedade Veremos agora a educação atrelada a quadros econômicos e políticos. Isso para que tenhamos elementos para um olhar e pensamento crítico para avaliar o que nos chega como informação acerca do trabalho pedagógico. 4.1 Conceito de política e seus desdobramentos Muito se ouve falar de política, mas que tal saber seu real significado? O significado de política é muito amplo, mas encontra-se atrelado com aquilo que diz respeito ao espaço público e ao bem dos cidadãos. Por definição, política tem sua origem na Grécia Antiga, a palavra politiká é uma derivação de polis (aquilo que é público) e tikós (bem comum de todas as pessoas). A necessidade veio da concepção de regras de funcionamento e de organização das cidades gregas, e o primeiro registro desse tipo de organização política ocorreu em Atenas – “Democracia Ateniense”. Dentro da proposta política da Grécia, foram abordados o direito ao voto, garantido aos homens a partir dos 18 anos, e o direito de participação nas decisões ligadas às cidades. De acordo com Aristóteles, um dos pensadores da Grécia Antiga, a função essencial da política era atender aos interesses dos cidadãos, fazendo com que estes fossem a prioridade nas decisões tomadas pelo governo. Trazendo para a atualidade, podemos afirmar que a política é a ciência da governança de um Estado ou uma Nação e uma arte de negociação para ajustar interesses, e o sistema político é a forma de governo – Monarquia e República, sendo os mais clássicos. Seu objeto de estudo é a relação entre os dirigentes que estão no poder (governo) e os cidadãos em várias instâncias sociais e econômicas de interesse público. No início da construção de uma ciência política, suas abordagens partiam de perspectivas da Filosofia por meio de pensadores como Maquiavel, Montesquieu e outros. No entanto, na atualidade, a pesquisa e os estudos nessa área são ampliados dando espaço a outras áreas, como História, Economia e Direito. Dessa forma, todos os governos, para atender as necessidades de sua nação, promovem políticas públicas destinadas aos diversos segmentos das relações com a sociedade. 4.2 Política e educação Durante toda a trajetória histórica do Brasil, as formas de governo influenciaram diretamente no avanço ou atraso do sistema educacional brasileiro. Adotamos várias formas de governo e independente de qualquer uma, a influência sempre foi determinante na direção que a educação seguiria. Nos dias de hoje, em função de muita luta em busca da redução da alienação da sociedade, o governo apresenta várias políticas públicas para o sistema de ensino, sejam distributivas, redistributivas ou regulatórias. As atuais políticas públicas de educação são projetos criados pelo poder público para que garantam o acesso à educação para todos os cidadãos por meio da aplicação de suas normas. Para completar esse processo, existem dispositivos para a avaliação e fiscalização para transformar “a teoria na prática”. É de responsabilidade do poder público criar leis para amparar as políticas públicas que têm sua apresentação e votação no Poder Legislativo de todas as esferas do executivo: deputados federais e estaduais, senadores e vereadores. Acrescentando, outras instâncias podem apresentar projetos para a aprovação no legislativo, como os representantes do Poder Executivo, também das três esferas: federal, estadual e municipal. Após tanto tempo, nos dias atuais, a população também pode participar da formação das políticas públicas de educação fazendo parte dos Conselhos de Políticas Públicas, por exemplo. Esses conselhos são constituídos por representantes do governo e por cidadãos e são organizados pelos municípios. Sendo este um direito previsto pela Constituição Federal do Brasil, a sociedade como um todo deve exigir a instalação dessas políticas para a melhoria permanente das condições do ensino. Será que você saberia dizer algumas das políticas públicas em vigência em nosso país? E aí? Conhecia essas políticas públicas? Temos várias dessas para a melhoria do nosso sistema educacional. A criação desses projetos caminha junto com as propostas da nossa LDB, para que ela não seja mais uma lei que “ficou no papel”. REFERÊNCIAS ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos do Estado. Ed. Graal, 1983. ARANHA, M. L. de A. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006. ARANHA, M. L. de A. História da Educação São Paulo: Editora Moderna Ltda. 1992. ARCE, A. Os vinte e um anos de ditadura militar no Brasil e a educação. Caderno CEDES, Campinas, v. 28. set./dez. 2008. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 12 maio 2020. ARCE, A. O mobral e a educação de crianças menores de seis anos durante o regime militar: em defesa do trabalho voluntário. Caderno CEDES, Campinas, v. 28. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 12 maio 2020. AZEVEDO, F. Manifesto dos Pioneiros da educação nova. 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