Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/325736818 DIVERSIDADE DE FUNGOS BRASILEIROS E ALIMENTAÇÃO: O QUE PODEMOS CONSUMIR? Conference Paper · June 2018 CITATIONS 3 READS 10,369 3 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Taxonomy and phylogeny of gasteroid fungi (Basidiomycota) with emphasis on Lycoperdaceae View project Diversity of hypogeous fungi (truffles) at regional and global scale View project Larissa Trierveiler Pereira Instituto de Botânica 89 PUBLICATIONS 718 CITATIONS SEE PROFILE Marcelo Aloisio Sulzbacher Universidade Federal de Santa Maria 123 PUBLICATIONS 1,137 CITATIONS SEE PROFILE Juliano Marcon Baltazar Universidade Federal de São Carlos 45 PUBLICATIONS 408 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Larissa Trierveiler Pereira on 13 June 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/325736818_DIVERSIDADE_DE_FUNGOS_BRASILEIROS_E_ALIMENTACAO_O_QUE_PODEMOS_CONSUMIR?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/325736818_DIVERSIDADE_DE_FUNGOS_BRASILEIROS_E_ALIMENTACAO_O_QUE_PODEMOS_CONSUMIR?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Taxonomy-and-phylogeny-of-gasteroid-fungi-Basidiomycota-with-emphasis-on-Lycoperdaceae?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Diversity-of-hypogeous-fungi-truffles-at-regional-and-global-scale?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Larissa-Pereira-18?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Larissa-Pereira-18?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Instituto_de_Botanica?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Larissa-Pereira-18?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcelo-Sulzbacher?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcelo-Sulzbacher?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade-Federal-de-Santa-Maria?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcelo-Sulzbacher?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Juliano-Baltazar?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Juliano-Baltazar?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_de_Sao_Carlos?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Juliano-Baltazar?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Larissa-Pereira-18?enrichId=rgreq-19072befcffa3593be90f427f6abea10-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTczNjgxODtBUzo2MzY5OTkzNzU1MTk3NDZAMTUyODg4Mzg5NDIwMw%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf DIVERSIDADE DE FUNGOS BRASILEIROS E ALIMENTAÇÃO: O QUE PODEMOS CONSUMIR? Larissa TRIERVEILER-PEREIRA1,2; Marcelo Aloisio SULZBACHER3 & Juliano Marcon BALTAZAR4 1Núcleo de Pesquisa em Micologia, Instituto de Botânica, São Paulo-SP; 2FATEC “Professor Antonio Belizandro Barbosa Rezende”, Itapetininga-SP; 3Departamento de Solos, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS; 4Centro de Ciências da Natureza, Campus Lagoa do Sino, Universidade Federal de São Carlos, Buri-SP; E-mails: 1,2Lt_pereira@yahoo.com.br; 3marcelo_sulzbacher@yahoo.com.br; 4baltazarjmb@gmail.com A alimentação é um hábito tão corriqueiro que muitas vezes não refletimos sobre ele, principalmente quanto aos seus aspectos mais óbvios. Um deles é que nossos alimentos são provenientes de organismos, e em alguns casos, correspondem ao organismo em sua totalidade. A relação entre comida e espécies animais e vegetais é bastante direta e facilmente lembrada (por exemplo, carne e verduras), mas outros componentes da biodiversidade também são utilizados na alimentação, como bactérias (Lactobacillus spp.), algas (utilizadas no sushi e outros pratos orientais) e fungos (leveduras Saccharomyces spp. e cogumelos). Apesar de terem sido considerados plantas no passado, os fungos constituem um grupo à parte, o Reino Fungi. Eles são organismos heterotróficos que obtém seu alimento por digestão externa, isto é, liberam suas enzimas digestivas no meio e absorvem os nutrientes já digeridos. Isto os torna diferentes dos animais e das plantas. Atualmente são conhecidas ao redor de 100 mil espécies de fungos, porém, estima-se que a real diversidade seja de 5,1 milhões de espécies (Kirk et al., 2008; Blackwell, 2011). Caso estes dados estejam corretos, nosso conhecimento atual corresponde a apenas 1,9% da real diversidade. Os membros mais conhecidos dos fungos são os cogumelos, mas eles não são os únicos fungos, tampouco são os únicos fungos comestíveis. Em um livro sobre fungos silvestres comestíveis, Boa (2004) afirmou que são conhecidas mais de 1000 espécies considerando todos os grupos de fungos. Entretanto, estudos mais recentes apontam que o número de fungos comestíveis conhecidos atualmente pode ultrapassar 2.000 espécies (Choudhary et al., 2015). O hábito de coleta e consumo de fungos comestíveis é comum em mais de 85 países. Muitos podem ser os benefícios do seu consumo, incluindo a ingestão de proteínas, vitaminas, aminoácidos essenciais, minerais e fibras. Ainda, é importante lembrar que se trata de umalimento com baixo teor de gordura. O valor nutricional das espécies comestíveis de fungos é indiscutível e sua contribuição à dieta depende da quantidade e frequência com que eles são consumidos (Boa, 2004). Quanto à relação com os fungos, os povos podem ser classificados como micófilos, quando possuem um interesse especial por esses organismos, utilizando-os em rituais, medicamentos ou como fonte de alimento; ou não micófilos (também chamados de micofóbicos), quando não demonstram especial interesse pelos fungos ou até mesmo possuem aversão a eles (Fidalgo, 1968). Como exemplos de povos e nações micofílicas podemos citar os espanhóis, franceses, italianos, russos, japoneses, chineses, entre outros. Dessa forma, possuem uma rica cultura sobre fungos e cogumelos e muitos nomes populares dedicados às espécies. No Japão, por exemplo, mais de 100 tipos de fungos silvestres são conhecidos pela população em geral, e todos esses possuem pelo menos um nome popular (Hall et al., 2003). Na América Latina a tradição de coleta e consumo de fungos silvestres é notável do México à Guatemala, e depois diminui abruptamente nos demais países. Por mais que algumas comunidades tradicionais utilizem fungos silvestres na alimentação, esse hábito não é notavelmente marcante em todo o país (Boa, 2004). Para o Brasil, não existem levantamentos precisos sobre o número de espécies comestíveis conhecidas e estimadas, em parte porque ainda conhecemos muito pouco sobre as espécies fúngicas que aqui ocorrem. Em um trabalho sobre a biodiversidade brasileira, Lewinsohn & Prado (2005) estimaram que a diversidade de fungos no Brasil seja de 150 a 264 mil espécies. Até 2015, haviam sido citadas 5.719 espécies de fungos para o Brasil segundo Maia et al. (2015), o que corresponde entre 2,19% a 5,72% da diversidade estimada por Lewinsohn & Prado (2005). Em nenhum desses trabalhos foi descriminado quantas espécies de fungos eram comestíveis. No nosso país, o consumo de fungos comestíveis ainda é pequeno, sendo que majoritariamente são consumidos os cogumelos produzidos em escala comercial, como o champignon ou Portobello (Agaricus bisporus), o shimeji ou cogumelo-ostra (Pleurotus spp.) e o shiitake (Lentinula edodes) (Ishikawa et al., 2017). Segundo Urben & Oliveira (1998), os principais fatores que contribuem para esse baixo consumo é a falta de tradição na culinária brasileira e o preço relativamente alto dos cogumelos no mercado brasileiro. Ainda menos notável é o consumo de fungos silvestres, já que em nosso país há pouca tradição de sua coleta e consumo. Apesar dos povos nativos brasileiros terem sido classificados como não micofílicos e existirem poucas referências na literatura sobre o uso de fungos na alimentação indígena brasileira (Fidalgo, 1968), recentemente um livro de extremo valor cultural foi publicado pelos índios yanomamis em parceria com cientistas brasileiros: “Ana Amopö: Cogumelos” (Sanuma et al., 2016). Esse livro bilíngue, escrito em sanöma (uma das línguas da família linguística Yanomami) e português, é ricamente ilustrado e traz fotos dos fungos consumidos pelos índios, além de sua forma de cultivo e preparo. Tamanho é o valor dessa obra literária recém- publicada, que a mesma foi agraciada com o prêmio da 59a. edição do Prêmio Jabuti, na categoria Gastronomia (Jabuti, 2017). Entre as espécies consumidas por esses indígenas, pode-se citar: Polyporus aquosus, Polyporus philippinensis, Polyporus tricholoma, Pleurotus albidus, Pleurotus djamor, Lentinula raphanica, Lentinus concavus, Hydnopolyporus fimbriatus, Lentinus crinitus, Panus velutinus, Panus strigellus e Favolus brasiliensis. Com apenas uma exceção, todas as espécies incluídas no livro possuem nomes populares em sanöma. Também entre as espécies consumidas no Brasil está o popularmente conhecido “pão-de-índio”, que pode se referir a duas espécies: Polyporus sapurema, descrita para Santa Catarina e provavelmente distribuída pela Mata Atlântica, e Polyporus indigenus, que ocorre na Amazônia. O interessante é que nessas espécies a parte consumida não é o “cogumelo” em si, mas o esclerócio subterrâneo, que trata-se de uma massa compacta de micélio endurecido. Há registros de esclerócios de P. indigenus pesando cerca de 60 kg (Aguiar & Sousa, 1981). Já na região sul do país, é possível encontrar fungos comestíveis em florestas nativas de mata atlântica. Entre as espécies de cogumelos comestíveis ocorrentes nestas formações destacam-se: Armillaria puiggarii, Auricularia spp., Coprinus comatus, Favolus brasiliensis, Lepista sordida, Oudemansiella cubensis, Pleurotus spp. (várias espécies como Pleurotus djamor e Pleurotus pulmonaris) e Stropharia rugosoannulata. No Paraná, Meijer (2008) identifica cerca de 100 espécies encontradas em floresta ombrófila mista que são relatadas na literatura como comestíveis. Também são frequentes espécies de fungos que ocorrem em associação com espécies vegetais florestais, chamadas de ectomicorrízicas (que estabelecem uma relação íntima com as raízes de determinadas plantas), que foram introduzidas juntamente com espécies de árvores exóticas (pinus e eucalipto). Estes fungos ocorrem na época de outono e sua coleta segue até o início da primavera em diferentes partes da regiões do sul, e é uma prática que vem aumentando a cada ano. Um exemplo de região onde a cultura micofílica está expandindo é a Serra Catarinense, onde moradores de municípios como Lages, Otacílio Costa e Urupema coletam espécies de cogumelos comestíveis nas plantações de Pinus. No passado, esta região era dominada por florestas de araucária, mas com a vinda de empresas de celulose, a monocultura de Pinus se espalhou. Espécies como Boletus edulis (também conhecido como porcini), Laccaria lateritia, Laccaria laccata, Lactarius deliciosus, Lepista nuda, Suillus granulatus e Suillus luteus estão entre as mais encontradas e coletadas nas plantações de Pinus (Fig. 1). Aos poucos, empresas e associações dedicadas a esta atividade estão se instalando nestas regiões e os cogumelos dessas espécies estão sendo vendidos secos ou frescos para diferentes regiões do Brasil. As espécies do gênero Morchella também são muito apreciadas na culinária internacional, devido ao seu sabor delicado e pelo fato de não existirem espécies tóxicas no gênero (Dominguéz de Toledo, 1987). Apesar de não serem comuns, espécimes de Morchella já foram encontrados no Rio Grande do Sul (Cortez et al., 2004). Figura 1. Exemplos de cogumelos exóticos comestíveis coletados em plantações de Pinus na região sul do Brasil: A. Boletus edulis (porcini); B. Lactarius deliciosus (chamados de níscalos ou robellón na Espanha). Fotos são autoria de M.A. Sulzbacher. Em São Paulo, Ishikawa et al. (2017) relatam que cerca de 90 espécies de fungos comestíveis foram registradas no estado. A Tabela 1 traz os nomes de algumas espécies silvestres comestíveis que poderiam ser encontradas na região e no estado de São Paulo. Algumas dessas espécies são apresentadas na Figura 2. Tabela 1. Exemplos de espécies de fungos comestíveis* (nativos e exóticos) que podem ser encontradas no estado de São Paulo. Agaricus campestris Gymnopilus junonius Panus velutinus Agaricus silvaticus Laetiporus spp. Phallus indusiatus Agaricus volvatulus Lentinula raphanica Pholiota bicolor Armillaria puiggarii Lentinus bertieri Pleurotus djamor Auricularia delicata Lentinus crinitus Pleurotus pulmonaris Auricularia fuscosuccinea Lepista nuda Podaxis pistillaris Auricularia nigricans Lepista sordida Polyporus sapurema Calvatia cyathiformis Macrolepiota bonaerensis Polyporus tricholoma Coprinus comatus Neoclitocybe byssiseda Psathyrella candolleana Favolus brasiliensis Oudemansiella cubensis Pseudohydnum gelatinosum Fistulina hepatica Panus strigellus Tremella fuciformis *a comestibilidade das espécies é apontada por diversos autores:Guzmán (1977), Boa (2004), Meijer (2008), Sanuma et al. (2006), Vargas-Isla et al. (2013) e Ishikawa et al. (2017). Sobre a coleta de fungos silvestres para consumo, é importante lembrar que não existe uma regra fácil para diferenciar se um cogumelo/fungo é comestível ou tóxico. É preciso ter certo conhecimento na identificação básica de fungos, utilizando bons livros de referência ou guias de campos, mas que infelizmente ainda são raros no Brasil. Se estiver na dúvida quanto à identificação de um cogumelo, é melhor não consumir. Ainda, devemos ressaltar que os fungos podem acumular metais pesados e radioisótopos, podendo conter uma concentração de até 100 vezes maior do que no solo onde foi coletado. Dessa forma, é importante não consumir fungos coletados perto de estradas, rodovias, áreas que podem estar contaminadas com metais pesados ou áreas onde agrotóxicos e outros defensivos agrícolas foram pulverizados (Hall et al., 2003). Outras informações interessantes sobre coleta e consumo de fungos silvestres foram apontadas por Rigo (2017). Figura 2. Exemplos de fungos silvestres comestíveis que ocorrem no Brasil: A. Auricularia fuscosuccinea; B. Laetiporus sp.; C. Oudemansiella cubensis; D. Panus strigellus; E. Favolus brasiliensis (= Polyporus tenuiculus); F. Pleurotus djamor var. roseus (= Pleurotus ostreatoroseus). Fotos são autoria de L. Trierveiler-Pereira. Referências Aguiar, I.J.A.; Alves M.S. 1981. Polyporus indigenus I. Araujo & M. A. Sousa, nova espécie da Amazônia. Acta Amazonica 11(3): 449–455. Blackwell, M. 2011. The Fungi: 1, 2, 3 … 5.1 million species? American Journal of Botany 98(3): 426– 438. Boa, E. 2004. Wild edible fungi, a global overview of their use and importance to people. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Roma. Choudhary, M.; Devi, R.; Datta, A.; Kumar, A.; Jat, H. 2015. Diversity of wild edible mushrooms in Indian Subcontinent and its neighboring countries. Recent Advances in Biology and Medicine 1: 69–76. Cortez, V.G.; Coelho, G.; Guerrero, R.T. 2004. Morchella esculenta (Ascomycota): uma rara espécie encontrada em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Biociências (Porto Alegre) 12(1): 51–53. Dominguéz de Toledo, L.S. 1987. Sobre la presencia de Morchella esculenta (Morchellaceae, Ascomycotina) em Argentina. Boletín de le Sociedad Argentina de Botánica 25(1-2): 79–84. Fidalgo, O. 1968. Conhecimento micológico dos índios brasileiros. Revista de Antropologia 15/16: 27–34. Guzmán, G. 1977. Identificación de los hongos comestibles, venenosos, alucinantes y destructores de la madera. LIMUSA, Mexico. Hall, I.R.; Stephenson, S.L.; Buchanan, P.K.; Yun, W.; Cole, A.L.J. 2003. Edible and poisonous mushrooms of the world. Timber Press, Portland & Cambridge. Ishikawa, N.K.; Vargas-Isla, R.; Gomes, D.; Menolli Jr., N. 2017. Principais cogumelos comestíveis cultivados e nativos do estado de São Paulo. Pesquisa & Tecnologia 14(2). Jabuti, 2007. Premiados 2017. Disponível em: <https://www.premiojabuti.com.br/premiados-por- edicao/premiacao/?ano=2017>. Acesso em Maio 2018. Kirk, P.M.; Cannon, P.F.; Minter, D.W.; Stalpers, J.A. 2008. Ainsworth & Bisby’s Dictionary of the Fungi. 10ª ed. CABI Europe, Wallingford. Lewinsohn, T.M; Prado, P.I. 2005. How many species are there in Brazil? Conservation Biology, 19(3): 619–624. Maia, L.C.; Carvalho Júnior, A.A.; Cavalcanti, L.H.; Gugliotta, A.M.; Drechsler-Santos, E.R. et al. 2015. Diversity of Brazilian Fungi. Rodriguésia 66(4): 1033–1045. de Meijer, A.A.R. 2008. Macrofungos notáveis das Florestas de Pinheiro-do-Paraná. EMBRAPA, Colombo. Rigo, N. 2017. O Brasil tem porcini. Fomos em busca dos cogumelos na Serra Catarinense. Paladar, Estadão. Disponível em: <https://paladar.estadao.com.br/noticias/comida,em-busca-do-porcini- brasileiro,70001921503>. Acesso em: Maio 2018. Sanuma, O.I.; Tokimoto, K.; Sanuma, C.; Autuori, J.; Sanuma, L.R.; Sanuma, M.; Maertins, M.S.; Menolli Jr., N.; Ishikawa, N.K.; Apiammö, R.S. (Orgs.). 2016. Ana amopö – Cogumelos. Enciclopédia dos alimentos Yanomami (Sanöma). Instituto Socioambiental, São Paulo. Urben, A.F.; Oliveira, C. 1998. Cogumelos comestíveis: utilização e fontes energéticas. In: Revisão Anual de Patologia de Plantas, 1998. RAPP, Passo Fundo, v. 6: 173–196. Vargas-Isla, R.; Ishikawa, N.K.; Py-Daniel, V. 2013. Contribuições etnomicológicas dos povos indígenas da Amazônia. Biota Amazônia 3(1): 58–65. Observação: Não foram incluídos nesse trabalho os nomes dos autores das espécies fúngicas, entretanto, todos os nomes científicos aqui citados podem ser verificados no banco de dados online INDEX FUNGORUM (http://www.indexfungorum.org/Names/Names.asp). Citar como: TRIERVEILER-PEREIRA, L.; SULZBACHER, M.A.; BALTAZAR, J.M. 2018. Diversidade de fungos brasileiros e alimentação: o que podemos consumir? In: III Fórum Ambiental de Angatuba, 2018, Angatuba-SP. Resumo Expandido nos Anais do III Fórum Ambiental de Angatuba, 2008. View publication stats https://www.researchgate.net/publication/325736818
Compartilhar