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Estudos e Investigacao em Psicologia - Maternidade Ensino Academico 2

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE PSICOLOGIA
Carlos Daniel de Souza Nobrega (24534668)
Caroline de Souza Maciel (26118904)
Helen Silva Lima (25653113)
Lucimara dos Santos Souza (25695789)
Mulher, Mãe e Universitária: Sentimentos, Emoções e Desafios de Cursar Psicologia e conciliar a maternidade à vida acadêmica.
SÃO PAULO 2022
Carlos Daniel de Souza Nobrega (24534668)
Caroline de Souza Maciel (26118904)
Helen Silva Lima (25653113)
Lucimara dos Santos Souza (25695789)
Mulher, Mãe e Universitária: Sentimentos, Emoções e Desafios de Cursar Psicologia e conciliar a maternidade à vida acadêmica.
Trabalho parcial de Estudos e Investigação 
em Psicologia da Universidade Cruzeiro Do Sul
Prof°. Gilmaro Nogueira
 
SÃO PAULO 2022
OBJETIVO:
O objetivo desta pesquisa é analisar os desafios da maternidade na vida acadêmica das mães do curso de Psicologia, São Paulo, Brasil, com a intenção de investigar quais os sentimentos, emoções e desafios enfrentados pelas mesmas. 
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia, Mãe, Acadêmica, Maternidade, Estudos, Desafios.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
A temática da vivência da maternidade e vida acadêmica mostra os desafios que as mulheres passam durante a maternidade.
As mulheres vem lutando historicamente para ter seu lugar reconhecido na sociedade, no trabalho, na família e o direito de acesso ao ensino superior, o ensino superior é para algumas mulheres uma forma de empoderamento, sonhos e realizações pessoais.
“Lutamos para o momento em que toda garotinha que nascer tenha uma oportunidade igual à dos seus irmãos. Nunca subestimem o poder que nós mulheres temos de definir nossos próprios destinos. ” As Sufragistas.
A desigualdade está presente na sociedade em que vivemos, seja por classe, questões étnicas raciais e de gênero. Em um contexto que prevalece a concepção da família tradicional com núcleo patriarcal, a subjugação das mulheres é uma forma de opressão das mais antigas, onde as mulheres ficavam responsáveis pelas atividades domesticas e cuidados com os filhos e os homens com o sustento da casa.
O movimento feminista da década de 1960 marcou o mundo, espalhando suas ideias revolucionarias, estimulando, segundo Correia (1998), a destruição do “mito da passividade da mulher” associada à ideia de uma “mãe espontaneamente dedicada e sacrificada”. Ser mãe deixa de ser a maior preocupação da mulher, especialmente a partir das conquistas do feminismo a partir dos protestos que garantiram o direito ao voto, ao trabalho, aos direitos iguais ao dos homens, dentre outros, mesmo ainda com muitas desigualdades, o movimento permitiu mudanças significativas que beneficiam a classe das mulheres. 
Nesse contexto cursar uma universidade, conquistar espaço no mercado de trabalho é algo almejado pelas mulheres além de ser mãe, mas não excluindo a maternidade e tudo que ela traz.
Atualmente “ainda” vemos que as responsabilidades e os cuidados parentais ainda recaem mais sobre as mulheres, salvo raras exceções, especialmente quando se trata de bebês. Com isto, buscamos compreender ”quais os principais desafios estão elencados à vida acadêmica das mães universitárias, de bebês e crianças, matriculadas no curso de Psicologia? ”
1.1 OBJETIVOS GERAIS
Objetivando contribuir para os avanços do conhecimento humano em todas as esferas, as pesquisas e estudos investigativos são sistematicamente planejadas e executadas, a mesma é pautada em critérios específicos de segmentação das informações. A pesquisa busca de investigar de modo planejado, desenvolvida e redigida de acordo com as normas metodológicas empregadas pela ciência. Segundo Santos, “Os cientistas já estão trabalhando com o intuito de promover o avanço da ciência para a Humanidade; os estudantes ainda estão trabalhando para o crescimento de sua ciência. Ambos, porém, devem trabalhar cientificamente” [...] (SANTOS, 1999, pág. 47)
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A pesquisa em questão, objetiva analisar as demandas e fatores que influem na permanência de mães, matriculadas no curso de Psicologia dentro e fora da UNICSUL (Universidade Cruzeiro do Sul). Tal, pesquisa foi feita em caráter qualitativo, descritiva e exploratória realizada através de entrevistas semiestruturadas. Diante dos objetivos aqui propostos, subdividimos o artigo em sessões. 
1.3 HIPÓTESE
 Não é incomum que a grande maioria das mulheres abandonem ou acabem adiando os estudos diante dos desafios da maternidade, o que normalmente acontece por conta da falta de rede de apoio nos cuidados com o bebê, ou dificuldades financeiras em continuar pagando uma faculdade particular.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para Scavone (2001, p.145) “a realização da maternidade ainda é um dilema para as mulheres que querem seguir uma carreira profissional, já que, nas responsabilidades parentais, ainda são elas as mais sobrecarregadas”.
Segundo Cardoso, Amorim e Lacerda (2014) apud Paivandi (2014): O Estado espera uma universidade onde os estudantes se saiam bem e aprendam porque se os novos estudantes formados na universidade não forem operacionais no mercado, eles não conseguirão desenvolver trabalhos importantes nas atividades profissionais e de pesquisa, não conseguirão trabalhar, na economia de hoje, fundada nos saberes. (CARDOSO, AMORIM e LACERDA 2014, p. 225 apud PAIVANDI, 2014).
As instituições têm algumas políticas que facilitam essa conciliação de ser mãe e estudante, mas isso é algo a ser melhorado pelas universidades, com a implementação de programas de incentivo, assistência psicologia, formas de motivação, e outras maneiras de redes de apoio, mas sabemos que isso não é prioridade nas instituições de ensino, e acaba se tornando uma preocupação apenas das próprias mães universitárias, essa questão também deveria ser pauta familiar da acadêmica em questão. 
Existem redes de apoio vindas de fora, embora não sejam muitas vezes suficientes, ao menos dão possibilidade para essas mães, como: escolas em tempo integral, creches públicas, babas, avós solícitos, dentre outros. 
As desigualdades que perpassam a sociedade brasileira, fazem com que as mulheres se tornem as vítimas que mais sofrem com os desafios elencados à maternidade, tanto em suas trajetórias individuais quanto coletivas, a maioria destas mães universitárias são as de baixa renda, sobretudo aquelas que precisam urgentemente voltar a rotina de trabalho após o nascimento de seus filhos, quando não, precisam apelar para os serviços informais.
 Entre o modelo reduzido de maternidade com uma variedade crescente de tipos de mães (mães donas-de-casa, mães chefes-de-família, mães “produção independente”, casais “igualitários”) e as diversas soluções encontradas para os cuidados das crianças (escolas com tempo integral, creches públicas, babás, escolinhas especializadas, vizinhas que dão uma olhadinha, crianças entregues a seus próprios cuidados, avós solícitos), a maternidade vai se transformando, seguindo tanto as pressões demográficas, natalistas ou controlistas, como as diferentes pressões feministas e os desejos de cada mulher. (SCAVONE, 2001, p.149)
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foram realizadas entrevistas com cinco jovens universitárias, estudantes do curso de Psicologia, com idade entre 19 e 34 anos, que vivenciaram ou vivenciam a maternidade durante o curso, tais mães possuem filhos na faixa etária de 2 meses à 6 anos de idade. 
Exploramos referências teóricas acerca da mulher e da maternidade, ressaltando a vivência da maternidade no contexto acadêmico. Esse tema traz questões relacionadas a representação do gênero feminino dentro do contexto acadêmico, homens e mulheres frequentam a Universidade, mas a mulher acaba por vivenciar mais implicações quando se trata da conciliação de papeis.
As jornadas acadêmicas, sociais, profissionais por si só já são bem desafiadoras, quando acrescidas a maternidade podem sobrecarregar ainda mais essas mães, e no curso de Psicologia temos um agravante devido o mesmo ser presencial e com estágios obrigatórios, vistoque o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) são contrários ao oferecimento do curso de Psicologia totalmente na modalidade EaD.
O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988), impõe a assistência e a proteção à maternidade como um direito social garantido, mas ainda assim a estudante tem escolhas a fazer e adaptações na rotina.
Apesar de ter a lei e outros programas que beneficiam as mães estudantes, na pratica nem tudo funciona e em muitos casos, devido a maternidade muitas trancam o curso e até desistem. Segundo Urpia e Sampaio (2009, pag. 32) argumentam que “[...] elas aparecem como ação facilitadora da permanência dos estudantes, mas não é referenciada como estratégia, que incluem e reconhece as mulheres como grupo social em desvantagem de permanência ou desempenho, quando na condição de mães [...]”. 
Escolher a maternidade traz muitos obstáculos na vida acadêmica, principalmente se a estudante deseja entrar no campo da pesquisa, iniciação cientifica, ou até mesmo a licenciatura já que demandaria mais tempo e dedicação.
A visão romantizada sobre a maternidade pode gerar o sentimento de frustração e impotência na mulher, podendo levá-las a problemas psicológicos graves na busca obsessiva pela perfeição inalcançável (AZEVEDO E ARRAIS, 2006).
3.1 SUJEITOS DE ESTUDO
As entrevistadas em questão, são mães que possuem filhos pequenos, frutos das gestações que ocorrerão ainda durante o período letivo das mesmas, no curso de Psicologia. As entrevistas, foram realizadas de modo online, onde as participantes e tiveram tempo e maior flexibilidade para responderem, sendo posteriormente transcritas por nós pesquisadores. Sob a finalidade de preservar a identidade de nossas colaboradoras, bem como sua integridade, optamos assim, pela adoção de nomes fictícios ao longo da pesquisa, nomeando as entrevistadas pelos nomes de flores, tais como “Maria 1, Maria 2, Maria 3, Maria 4 e Maria 5”. 
3.2 COLETA DE DADOS
O roteiro do questionário utilizados nesta pesquisa, concentrou-se em questões envolvendo as trajetórias acadêmicas e suas convergências com a maternidade, sendo assim, capazes de averiguarem os desafios da que ditam a permanência ou não, destas discentes mães no meio acadêmico. Partindo então, das entrevistas, analisamos os dados, com base numa análise de conteúdo, em particular, o gênero temático (BARDIN, 2011). De acordo com Bardin (2011), o termo análise de conteúdo busca a obtenção, através de procedimentos objetivos e sistemáticos de detalhamento do conteúdo das mensagens, prenunciações, de caráter quantitativas ou não, que viabilizem a indução de conhecimentos relacionados aos meios de concepção, bem como admissão destes enunciados.
	Nome
	Maria 1
	Maria 2
	Maria 3
	Maria 4
	Maria 5
	Idade
	19
	28
	36
	31
	34
	Estado civil
	Solt.
	Casada
	Outros
	Solt.
	Casada
	Número de filhos 
	1
	1
	1
	1
	2
	Idade dos filhos
	2 meses
	4 meses
	6 
Anos
	6 
anos
	4 e 11
anos
	Quando engravidou
	Início do Curso
	Início do Curso
	Início do Curso
Trancou e retornou
	Meio do Curso
	Início do Curso
	Tipo de Universidade
	Privada
		Privada
	Privada
	Privada
	Privada
Quadro sintético de perfil das entrevistadas:
Fonte: Análise dos dados produzidos na pesquisa.
4. SER MULHER E MÃE NO CONTEXTO LITERARIO DA SOCIEDADE
Ainda nos dias atuais, tratando-se do contexto social brasileiro, mesmo com tantos avanços e conquistas, triunfa a visão conceitual de uma família nuclear cujos os traços são da era patriarcal, locucionando-se uma maneira de organização social em que as relações de poder cuja a dominação central é dos homens sobre as mulheres. Sob esse olhar, a contenção das mulheres é uma das mais decrépitas formas de opressão, circunscrevendo assim, uma determinada dualidade sexual de afazeres e jornadas de trabalho, em que as mulheres ficam responsáveis pelos encargos domésticas, tais como cuidar da casa e dos filhos, e os homens por sua vez, ficam a cargo das atividades fora externa, especialmente as que dizem respeito ao sustento e provisão econômica para a família.
Beauvoir (1949) conjectura que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, tracejando assim, as inúmeras coerções que ainda cercam as mulheres. Portanto as mesmas ficaram especialmente atreladas apenas a premissas tais como, “o lugar das mulheres na reprodução biológica – gestação, parto, amamentação e consequentes cuidados com as crianças – determinava a ausência das mulheres no espaço público, confinando-as ao espaço privado e à dominação masculina. (SCAVONE,2001, pp.138-139)
Deste Modo, fica claro que as mães universitárias, precisam de uma rede de apoio funcional que garanta sua segurança financeira, proporcionando a supervisão ainda que parcial de seus filhos, tendo assim um tempo hábil para a realização e entrega das atividades acadêmicas, pois às exigências de suas responsabilidades maternais domésticas, somadas aos inúmeros desafios de acompanhar uma turma de ensino acadêmico, as obriga escolherem entre a continuidade de sua vida universitária e a maternidade.
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA 
Apresentamos aqui os resultados colhidos a partir da análise e interpretação dos dados coletados nas entrevistas. Inicialmente, tentamos captar os vislumbres e modo de pensar de nossas interlocutoras acerca de seus desafios de tornarem-se mães, enquanto buscam também a realização do curso na universidade. Posteriormente analisamos alguns significados que a maternidade passa a ter para essas mulheres, sem deixar de levar em conta seus principais os desafios, especialmente acerca da conciliação da vida acadêmica e responsabilidades com os filhos. Assim, destacamos também as situações experiências por essas mulheres como “donas do lar”, mães e estudantes. Por fim, encerramos a análise dos resultados, refletindo sobre as estratégias que essas mães estudantes adotaram para não desistirem da universidade.
5.1 PERFIS DAS ENTREVISTADAS
De acordo com os dados apresentados, as entrevistadas que responderam a pesquisa têm idades entre 19 e 34 anos, sendo que quatro delas, possuem apenas um filho entre 2 meses e 6 anos, apenas uma delas tem dois filhos. O perfil dessas mulheres diz também que as mesmas não estavam casadas na época em que engravidaram dos pais de seus filhos, sendo apenas duas delas casadas com eles e as outras duas solteiras e uma que se define como “outros”. Em se tratando da época do Curso em que engravidaram a maioria, respondeu que estava no começo do curso, sendo apenas uma delas que já havia passado do quinto período. 
5.2 VIDA ACADÊMICA E A MATERNIDADE 
Nesse tópico apresentamos algumas das experiências e percepções destas mães estudantes entrevistadas. Deste modo, podemos ver, inicialmente, dois perfis que determinam as narrativas de nossas colaboradoras: Sendo que grande parte do grupo conta com mulheres que ingressaram a vida acadêmica ainda sem filhos e na faixa etária dos vinte e poucos anos, engravidaram ao longo do curso, o segundo perfil em minoria caracteriza-se por mulheres que se tornaram mães antes do período de graduação e numa fase mais jovem de idade. Vale ressaltar que a despeito das diferenças que perpassam as realidades destas mulheres, cada uma dessas mães traz consigo e para o espaço acadêmico os mais diversos sentimentos, inseguranças, expectativas, e contribuições que valem a pena ser ouvidas e consideradas, a fim de que as universidades percebam a diversidade de histórias e personalidades diferentes que ela abriga. (SAMPAIO, 2008).
a) Questionadas sobre “O que é ser mãe e graduanda? ” As entrevistadas responderam que: 
 “Não é fácil! Principalmente neste momento, o bebe requer muitos cuidados e atenção e as vezes não me sobra tempo para ler um capítulo da matéria, não é só ‘fazer ele dormir e fazer as coisas’ queria eu que fosse fácil assim, é uma mistura de quero desistir junto com, ‘eu agora tenho mais uma motivação pois será melhor estudar para mim e também para o meu filho’. ” (Maria 1).
“É um desafio diário, cada dia me deparo com umadificuldade, porém estou vencendo cada dia uma delas”. (Maria 2).
“É ter que buscar tempo para dar conta de tudo! ” (Maria 3).
“Um desafio diário, onde temos que aprender a conciliar estudos, trabalho com os cuidados do filho. São cinco anos (tempo do curso) de surpresas, porque nem sempre as coisas saem da forma que estamos programando, como por exemplo, quando o filho está doente. ” (Maria 4).
“Ter que se dividir em tudo todos os dias”. (Maria 5).
Através dos relatos das nossas entrevistadas graduandas, torna-se evidente o quanto foi difícil não apenas ingressar na vida acadêmica, mas dar continuidade ao curso, pois como destacado nas respostas, seus filhos ainda serem pequenos e algumas delas não terem uma rede de apoio, parecem potencializar os muitos desafios que enfrentam. Porém, mesmo diante dos inúmeros percalços encontrados por nossas interlocutoras nota-se que ingressar e continuarem na universidade tornou-se um potencial motivador na vida dessas mulheres, tornando-as deixou mais e “confiantes” e “fortes” para assim avançarem rumo à realização de seus sonhos.
b) Questionadas sobre: “O que você entende por maternidade? O que é ser mãe? ” Responderam que: 
“Ser mãe é aprender algo novo todos os dias e dar o melhor de você sempre”. (Maria 1).
“Ser mãe é ter um amor incondicional por um ser que ainda não conhecemos bem, mas que já ocupa o lugar mais importante na nossa vida. Ser mãe é dedicar todo seu tempo ao filho.” (Maria 2).
“Impossível mensurar o que é ser mãe” (Maria 3).
“A maternidade é um grande desafio. Ser mãe é algo sem explicações, um amor incondicional, onde fazemos tudo por um filho. ” (Maria 4).
“Ter alguém que por um tempo, depende totalmente de você”. (Maria 5).
Fica claro na fala das interlocutoras que ao torna-se mãe, os desafios da vida tornam-se maiores, dentre eles o altruísmo, pois tal contexto exige conciliações entre as demandas pessoais, acadêmicas e as exigências da maternidade. Assim nem todas as mães estudantes são capazes de conciliar esses dois contextos, que normalmente favorecem a evasão ou trancamento da matricula universitária, a partir de diferentes óticas.
c) Questionadas sobre as tentativas de conciliar a vida acadêmica e a maternidade, nossas interlocutoras responderam que:
“No momento está um pouco complicado, mas acredito que eu vá dar conta de tudo isso, é um esforço que vai valer a pena quando eu erguer meu diploma”. (Maria 1).
.
 “Aproveito os intervalos de sonos da minha bebê, muitas vezes após as 23h00 para ter um pouco mais de tempo ou até mesmo quando o pai dela chega do serviço mais cedo. ” (Maria 2).
“Às vezes não dou conta, deixo algumas coisas por fazer. ” (Maria 3)
“Tento realizar cronogramas de estudo. Para ter o tempo para o meio filho, tempo para cuidar de caso e o momento para estudar. ” (Maria 4).
“Os prazos dos trabalhos acadêmicos são cumpridos bem em cima da hora... A maternidade exige que mesmo cansada, quando estou com meus filhos, eu esteja inteira. ” (Maria 5).
d) Continuando a entrevista, perguntamos para as interlocutoras sobre a relação com docentes e com as disciplinas, responderam que: 
“Estar um pouco complicado, pois no puerpério a memória fica muito ruim para conseguir administrar todas as matérias. ” (Maria 1).
“Graças a Deus estou conciliando e me ajustando. ” (Maria 2).
“Complicada, por as vezes faltar empatia com o colega e compreensão. ” (Maria 3).
“Tenho boa relação com os professores e boas notas. ” (Maria 4).
“Normal, não tenho tido problemas”. (Maria 5).
Sabemos que a vida academia não é nada fácil, sobretudo quando se é estudante e mãe, os desafios aumentam significativamente. Podemos ver que os relatos das participantes retratam o quão difícil é equilibrar essas responsabilidades, com o as relações para além da sala de aula.
e) Ainda questionadas sobre quais as maiores dificuldades enfrentadas entre a maternidade e vida acadêmica? ” Responderam que:
“Tirar um tempo em casa para estudar. Sempre tem uma mãe correndo para lá mãe para cá”. “Consegui consolidar família e estudo pensei que não conseguiria”. (Maria 1).
“O mais difícil é saber com quem irei deixar a minha filha, se meu marido chega cedo fico aliviada, porém se ele não consegue tenho que ver entre a minha irmã e minha mãe que moram em Guarulhos. É muito complicado ficar dia pensado se vai dar certo ou não. ” 
(Maria 2).
“Tempo para trabalhar, ser mãe e estudar. Às vezes não consigo alguém para ficar com meu filho. (Maria 3).
“O meu filho é autista, entrei na faculdade quando ele tinha apenas dois anos. Então sempre tenho alguma surpresa na qual preciso tentar superar os desafios de forma diária. Hoje eu cuido do meu filho sozinha, mas conto também com o apoio dos meus pais. Acredito que ficar longe do meu filho por um tempo maior, devido a dedicação aos estudos seja uma das principais. (Maria 4)
“Tempo livre, questão financeira, diminuir o valor a ser gasto com o lazer”. E também a falta de tempo de qualidade”. (Maria 5). 
A vida universitária de cada uma dessas mulheres, mostra desafios diários variados, parecendo exigir delas muitos sacrifícios, exigindo também, que estas estejam sempre em dia com seus estudos, leituras e entregas de trabalhos acadêmicos, ao mesmo tempo em que tentam dar conta das demandas pessoais e da maternidade, envolvendo também a vida e saúde de seus filhos.
f) Caminhando para o final da entrevista, perguntamos se “Em algum momento elas já pensaram em abandonar ou trancar a graduação? ”. As interlocutoras responderam que: 
“Sinceramente, todos os dias, a fase de pós-parto está sendo complicada para mim, as vezes me dá um desespero e penso nisso, mas logo vem aquele sentimento de: ‘você sonhou tanto com isso... você lutou tanto por isso’.” (Maria 1). 
“Sim, quando me peguei pensando como faria para deixar minha filha, ou ter de andar com ela de um lado para outro. ” (Maria 2).
“Sim. Desde o primeiro semestre! Cheguei a trancar, mas logo voltei”. (Maria 3). 
“Não. Eu realmente preciso me formar para conseguir aumentar a minha renda e poder continuar com sustento da minha casa”. (Maria 4).
“Sim. Devido ao estresse e fadiga, falta de tempo na semana para estar mais horas com meus filhos”. (Maria 5).
Para as nossas entrevistadas graduandas, as dificuldades e desafios com certeza não as impediram de pensar em desistir do curso, sendo que em sua grande maioria das respostas o mais difícil de suas trajetórias girava em torno de darem conta conciliar o “tempo da maternidade”, dificuldades financeiras e “tempo da universidade”. Diante das múltiplas demandas desses espaços, as mesmas mostram que conduzir a vida acadêmica com a maternidade, não é para “amadores”.
6. POSSÍVEIS SOLUÇÕES E ESTRATÉGIAS FUNCIONAIS QUE AS UNIVERSIDADES PODERIAM ADOTAR
Diante da maioria dos relatos das mães universitárias que entrevistamos, podemos perceber que para boa parte delas as dificuldades mais relevantes de suas experiências concentram-se na conciliação do tempo para suas demandas como universitárias e também como mães. Por esta razão, pedimos que elas nos falassem acerca de possíveis ajustes e estratégias que as universidades, principalmente as privadas poderiam adotar, elas nos responderam que: 
“Creches nas faculdades, seria uma boa ideia”. (Maria 1)
“Primeiramente desde a licença a maternidade, “ajudar e não dificultar” a liberação de conteúdo, outra ideia poderia ter na área do aluno uma guia de adaptação, onde professores colocassem atividades para acrescentar notas nas aulas perdidas neste período”. (Maria 2).
“Flexibilidade no horário de estágio, pelo menos neste período. ” (Maria 3).
”Ajudaria se aceitassem atestados médicos quando estamos em hospitais com nossos filhos, porque é um momento que não temos como colocar outra pessoa em nosso lugar. Algum dia na semana, podermos levar o filho também ajudaria muito. (Maria 4).
“Gratuidade na condução, redução de horas de estágio. ” (Maria 5).
A intensa rotina de noites de estudos e cuidados com os filhos pequenos, parecem marcar alguns dos duelos que envolvem a vida da mãe universitária.Tendo em vista que em ambas esferas, somadas ao mundo social exigem ainda mais dedicação, logo faz-se necessária que a criação de uma rotina de estudos que tragam apenas “sofrimento” nesta fase, mas também alegrias e realizações pessoais e profissionais para estas mulheres. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta pesquisa foi possível conhecermos alguns dos maiores desafios, bem como as maiores dificuldades enfrentadas por estas mães estudantes, no seu cotidiano, cada uma delas objetivando conseguir concluir o ensino superior e ao mesmo tempo desenvolver suas atividades maternas. Sabemos principalmente numa sociedade que costuma atribuir a responsabilidade pela reprodução mental e física, dos filhos sobre as mulheres, em meio às muitas cobranças dos campuses universitários por bons rendimentos acadêmicos, a maternidade passa a ter um peso relevante, ancorado as projeções e expectativas que a nossa sociedade destina para a o “ser mãe”. (URPIA, 2009).
Diante de tudo isso, não incomum que em algum momento estas universitárias mães considerem desistir como uma opção, seja a desistência definitiva ou apenas o trancamento de suas matrículas. Sendo assim, ter uma rede de apoio de amigos e família mostra-se fundamental para estas mulheres permaneçam com e êxito na universidade e por fim, concluam ensino superior. A rede de apoio tanto da família, quanto das próprias universidades, como apontam nossas interlocutoras, seria a principal se não a mais funcional, via de apoio de tais sujeitas, agregando e proporcionando-as a frequentar a universidade, podendo também realizar suas tarefas como mães. Deste apoio, surge com muito significado considerável e força, quando as graduandas as vezes se cobram ou se culpam tanto por não darem conta de equilibrar de maneira viável suas vidas dentro e fora do contexto acadêmico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Azevedo, Kátia rosa; arrais, Alessandra da rocha. O mito da mãe exclusiva e seu impacto na depressão pós-parto. Psicologia: reflexão e crítica, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 269-276, 2006.
Bardin, Laurence. Organização da análise. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições, v. 70, 2011.
Beauvoir, S. O segundo sexo: a experiência vivida. Rio de Janeiro. Nova Fronteira ,1980
Cardoso, F. A, Amorim, M.A. e Lacerda, W. G. A educação como objeto de análise da sociologia: pensando a relação dos estudantes com o ensino superior. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 5, n. 1, p. 215-239, Jan./jun. 2014.
Correia, M.J. Sobre maternidade. Analise Psicológica, n.3 (XVI), p. 365 – 371,1998.
Cortez, 2007. Urpia, A. M. de O. Tornar-se mãe no contexto acadêmico: narrativas de um self participante. 2009. 200p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2009. 
Diretrizes Curriculares Nacionais não permitem cursos de Psicologia em EaD – CRP-PR (crppr.org.br)
https://crppr.org.br/diretrizes-curriculares-nacionais-nao-permitem-cursos-de-psicologia-em-ead/
Scavone, L. A maternidade e o feminismo: dialogo com as ciências sociais. Cadernos Pagu, São Paulo, n.16, p.137-150, 2001.
Sampaio, S. M. R. Observatório da Vida Estudantil: histórias de vida e formação na educação superior. In: III CONGRESSO IINTERNACIONAL SOBRE PESQUISA (AUTO) BIOGRÁFICA, 2008. 
Santos, B. S. Um discurso sobre as ciências. 11. ed. Porto: Afrontamento, 1999
URPIA, A. M. de O. Tornar-se mãe no contexto acadêmico: narrativas de um self participante. 2009. 200p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2009.
Vista do A educação como objeto da sociologia: pensando a relação dos estudantes com o ensino superior; entrevista com Saeed Paivandi (ufv.br)
https://periodicos.ufv.br/educacaoemperspectiva/article/view/6687/2750.

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