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TCC HELENA _GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

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43
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ POLI DE JUAZEIRO DO NORTE-CEARA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL EAD
MARIA HELENA FERNANDES DE AZEVEDO
ASSOCIAÇÃO COMUNITARIA DE MILAGRES E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ PRECOCE: UM ESTUDO COM AS ADOLESCENTES USUÁRIAS DA ACOM 
Juazeiro do Norte-Ceará
Fevereiro de 2018
MARIA HELENA FERNANDES DE AZEVEDO
ASSOCIAÇÃO COMUNITARIA DE MILAGRES E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ PRECOCE: UM ESTUDO COM AS ADOLESCENTES USUÁRIAS DA ACOM 
Trabalho apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. 
Orientadora: Professora Maria Stela Antunes da Silva
:
Juazeiro do Norte-Ceará
Fevereiro de 2018
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre ao meu lado, dando-me força para superar os obstáculos.
A meus pais, esposo, irmãos e filhos pelos incentivos e apoio durante essa caminhada. Muito Obrigada... Amo Vocês!
A minha orientadora. Professora Maria Stela Antunes da Silva pela contribuição e dedicação na construção desse trabalho.
A todos os professores do Curso de Serviço Social, aos Coordenadores do Campus de Juazeiro do Norte pelo compromisso e conhecimento compartilhado.
A minha supervisora de campo, a Assistente Social Joanacely Gorgonho Ribeiro Nóbrega, por me transmitir sua experiência profissional com muito empenho e carinho. 
Também a todos os funcionários da Associação Comunitária de Milagres e pessoas que contribuíram para minha formação profissional.
A minha filha Helena Niziuska Fernandes de Azevedo que caminhou comigo e juntas vencemos os obstáculos e conseguimos nossos objetivos. 
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso trata da gravidez na adolescência, e tem como objetivo identificar e analisar as implicações sociais decorrentes da gravidez na adolescência, vivenciadas pelas adolescentes usuárias da ACOM no Município de Milagres-Ce. Têm-se como pressuposto que a gravidez precoce pode afetar negativamente a dinâmica de vida das adolescentes. A reflexão é fruto do acompanhamento de um grupo de adolescentes durante o período de estágio supervisionado em Serviço Social que se deu no período 2016/2017 na Instituição. Para a operacionalização da pesquisa optou-se pelo método estudo exploratório da abordagem qualitativa de pesquisa e do uso das técnicas da entrevista e da observação. Como instrumentos para a coleta de dados foram utilizados as fichas de matrícula, e um formulário de perguntas para a realização das entrevistas. Os resultados da pesquisa apontam que as transformações ocorridas na vida de uma adolescente grávida não se resumem apenas às mudanças físicas, mas também psicológicas e sociais, principalmente pela idade em que elas se encontram, pois a própria fase da adolescência é uma constante transformação e aliada a uma gravidez não planejada. Portanto, essas mudanças se tornam ainda mais complicadas. A falta de informação ainda é muito presente entre os jovens, e o casamento ainda é visto como uma saída para amenizar o fato da gravidez na adolescência junto á família e a sociedade e a falta de perspectivas de vida por parte das adolescentes faz com que estas desistam dos estudos ainda muito cedo, causando um considerável número de desistência na estatística escolar.
Palavras-chave: Adolescência; Gravidez precoce; Serviço Social.
LISTA DE SIGLAS
PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais
ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente
LOAS- Lei Orgânica da Assistência Social
PETI- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso
INSS- Instituto Nacional do Seguro Social
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ACOM- Associação Comunitária de Milagres
ONG- Organização Não Governamental
CFESS- Conselho Federal de Serviço Social
CRESS - Conselho Regional de Serviço Social ...
ABEPSS- A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
OMS- Organização Mundial da Saúde
PPI- Projeto de Política Infantil
AMI- Associação de Médicos Internacional
PAA- Programa de Aquisição de Alimentos
CIPD- Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	6
2. A Gravidez na Adolescência e a Prática Profissional do Serviço Social	10
2.1 O Serviço Social na Contemporaneidade	10
2.2 A gestação precoce no contexto brasileiro como uma das expressões da “questão social”.	15
2.3 O Papel do Assistente Social na Orientação Sexual do Adolescente	20
3. A Associação Comunitária de Milagres-ACOM	23
3.1 Um Breve Histórico	23
3.2 O Trabalho do Assistente Social na Instituição	26
3.3 Análise e Interpretação dos Dados da Pesquisa	27
3.3.1 Metodologia	27
3.3.2 Público Alvo	28
3.3.3 Relacionamento Familiar	36
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS	39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	44
1 INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir é decorrente da preocupação com a temática: A Associação Comunitária de Milagres e Atuação do Assistente Social na Prevenção da Gravidez Precoce: Um Estudo com as Adolescentes Usuárias da ACOM, local do Estágio, onde nos chamou a atenção pela demanda e com relação as causas e consequências de uma gravidez na adolescência. Vale lembrar que, este é um assunto muito polêmico que envolve fatores de causas e consequências onde, gravidez indesejada ou não planejada no tempo certo, pode ser considerada como um problema que se reflete para o resto da vida. Na adolescência, o risco de gravidez é muito grande, pois a sexualidade é uma das descobertas do adolescente fazendo com que tudo seja uma verdadeira aventura sem limites e consciência. Esse enfoque apresenta lacunas na compreensão do tema, sendo insuficiente para explicar a complexidade do fenômeno.
O estudo nasce da preocupação com a temática gravidez precoce, pois a mesma tem aumentado em todas as classes sociais, tornando-se um desafio merecedor de preocupação e reflexão continua. Frente a esta situação, e ao manusear as fichas de inscrição da instituição, pode-se perceber um considerável numero de mães adolescentes que participam do grupo de gestantes acompanhadas pelo Hospital Madre Rosa Gattorno da entidade, o que fez despertar a curiosidade sobre o assunto. Diante disso, têm-se como problema desta pesquisa entender: Quais as implicações sociais e familiares da gravidez na adolescência vivenciadas pelas mães usuárias da Associação Comunitária de Milagres? Para tanto se estabeleceu outra questão que norteia a problemática que será respondida com a pesquisa como: que tipos de transformações se apresentam com a gravidez precoce? Quais os impactos vivenciados por essas mães devido à gravidez no período da adolescência?
 Ao ingressar no estágio uma das primeiras atividades a serem desenvolvidas enquanto estagiária foi participar dos trabalhos do grupo de adolescentes, onde se discutia temas referentes a essa fase da vida, como por exemplo: drogas, sexualidade, profissões e a própria temática da gravidez precoce. No desenvolvimento do estágio foram surgindo inquietações que embasaram esse estudo, pois inquietas com a problemática da gravidez na adolescência as próprias mães grávidas relatavam historias que haviam ocorrido com suas mães, pois estas tinham engravidado na adolescência e segundo as filhas tiveram dificuldades para lidar com a situação.
Para Bocardi (2003) a gravidez na adolescência é uma realidade que abrange a todas as classes sociais, agravada pelas sequelas da estrutura familiar; considerado um problema social a ser encarado não só pela família, mas em todas as esferas da sociedade. Embora o número de casos tenha diminuído conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda assim, é uma problemática a ser pensada e direcionada a programas e projetos que visam minimizar essa ocorrência. Em alguns casos a gravidez precoce faz parte de um desejo, mas na maioria das vezes, é uma surpresa inesperada, que gera uma serie de conflitos emocionais e familiares, desvio da escola e afastamento do convívio social, consequências das quais os jovens não refletem quandodecidem dar o primeiro passo para a vida sexual. A presença da família é primordial para o amadurecimento e construção da vida dimensional do adolescente, sendo a primeira referencia desde a infância, para melhor orientar os passos desses jovens para a vida adulta. São vários os fatores que levam a gravidez precoce, mas todos estão intimamente interligados na estrutura familiar, na importância da presença dos pais, no dialogo construtivo, na compreensão e interesse pela vida dos adolescentes dentro e fora de casa. 
Nos dias atuais, em pleno século XXI, ainda é possível falar que os jovens não têm informação sexual? Por que hoje, as adolescentes ainda continuam engravidando se o acesso à informação é muito mais fácil que em tempos passados? Basta comprar uma revista na banca de jornal que nos deparamos com todo tipo de informações ilustradas. Contando ainda com a televisão, a internet e com outros recursos. Por que, então, as adolescentes continuam engravidando? A incidência, assim como a reincidência da gravidez na adolescência e suas consequências, justificam uma preocupação redobrada e uma contínua reflexão dos setores de saúde, e social assim como, dos profissionais que nela atuam para que, num trabalho em conjunto, busquem atuar com os adolescentes em função da sua prevenção, promovendo fatores positivos de proteção. Portanto, a gravidez na adolescência é um desafio social que envolve a todos como o Estado, a família e a sociedade e não um problema exclusivo da adolescente. Neste sentido, torna-se fundamental a realização de pesquisas que levantem as especificidades do fenômeno da maternidade na adolescência e determinem um caminho a seguir para a elaboração de políticas públicas voltadas para esse setor.
O principal objetivo desta pesquisa está em verificar de forma objetiva a realidade de adolescentes que engravidam precocemente pesquisando as causas sociais e familiares que levam a tal fato, visto que esta gravidez terá consequências que interferirá durante toda uma vida dos indivíduos envolvidos. Delimitamos ainda como objetivos específicos: verificar a gravidez na adolescência e a prática do serviço social; investigar sobre as políticas de atenção às famílias realizadas pela Associação Comunitária de Milagres com foco nas adolescentes gestantes; verificar o vínculo de confiança entre pais e filhos. 
O tema gravidez na adolescência apresenta pouca teoria no debate do Serviço Social, constata-se maior concentração da discussão em referências de áreas como medicina, antropologia, sociologia, psicologia entre outras. Então, como referência, Fanelli (2003) argumenta, que falar sobre gravidez na adolescência, considerando-a como mais uma das recentes expressões da questão social, se torna um desafio. Vale lembrar que o Assistente Social é de grande importância como agente articulador neste contexto para a educação, informação e acompanhamento no seu meio de atuação, podendo contribuir no que diz respeito à saúde e bem estar favorável das adolescentes, bem como a família e o contexto social que as mesmas estão inseridas. Portanto a opinião de Bocardi é bastante válida quando afirma:
Em nossa vivência profissional, temos observado alguns fatores que acreditamos contribuam para a gravidez precoce. A liberação dos costumes exerce uma influência que faz com que os jovens não se preocupem em está interrompendo uma fase de suas vidas com experiências muitas vezes traumáticas e irreversíveis, como também ignorem os riscos a que estão expostos. ( BOCARDI, 2003,p. 50-51)
A autora enfatiza que a liberdade na sociedade atual influencia muitas vezes os adolescentes a um comportamento sem preocupação com os danos futuros. O processo metodológico adotado nesta pesquisa é de natureza qualitativa, onde foi utilizado como técnicas de coleta de dados a entrevista semiestruturada, por ser um dos formatos mais usados e por permitir que a ordem das questões seja modificada de acordo com o andamento da entrevista colaborando para uma interação dialética entre a pesquisadora e as adolescentes, favorecendo uma maior flexibilidade para explorar as informações mais significativas a partir das narrativas das adolescentes. 
A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa se fundamenta no estudo bibliográfico e pesquisa de campo realizada durante a trajetória do Estágio. Conforme Gil (2002), a entrevista é uma técnica onde o investigador formula perguntas com o objetivo de colher dados do entrevistado, necessários a investigação, “[...] é uma forma de dialogo assimétrico em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação [...]” (GIL, 2002, p.117). Como instrumentos para realização da pesquisa utilizou-se da entrevista individual, diário de campo, relatórios e a ficha de matricula da instituição. 
O universo da pesquisa foi o numero total de adolescentes usuárias da ACOM, que participam dos grupos da instituição e estão sendo acompanhadas no pré-natal. Para contemplar o objeto de estudo, este trabalho foi estruturado em dois capítulos. A atuação do profissional de Serviço Social tem fundamental importância no enfrentamento desta expressão da questão social no que tange à prevenção da gravidez como também a atenção as adolescentes que estão grávidas e aos que já são mães e pais. Sendo assim, para a compreensão desta problemática, a pesquisa abordou no primeiro capitulo a gravidez na adolescência e a prática profissional do serviço social, pois, gravidez na adolescência é um fenômeno social que envolve a todos, e se constitui em uma das expressões da “questão social” hoje, se colocando como um desafio para a atuação profissional do serviço social, que cada vez mais precisa entender como se dá o desenvolvimento nessa fase da vida. No segundo capitulo procurou-se apresentar a entidade Associação Comunitária de Milagres, local onde o público alvo da pesquisa é atendido, tornando-se necessário conhecer com maior profundidade a entidade, como também os programas e projetos que são desenvolvidos. No referido capítulo explicitou-se também a metodologia do processo de pesquisa, sendo realizada a análise e interpretação dos dados coletados.
 Esta pesquisa tem a pretensão de contribuir para novos estudos acerca da identificação e da análise das questões referentes aos adolescentes, já que este é um dos públicos com quem o Assistente Social atua no seu cotidiano profissional. Por fim situa-se as considerações finais que apresentam de maneira sintética e objetiva uma síntese de todo o processo vivenciado no que concerne à gravidez precoce, apresentando as possibilidades e as dificuldades de atuar com situação que se apresenta. Deste modo, espera-se que este TCC tenha o sentido de suscitar uma maior discussão para o Serviço Social, no âmbito da atuação profissional, visto que o debate acerca do tema é escasso e carente de uma maior intervenção.
2. A Gravidez na Adolescência e a Prática Profissional do Serviço Social
2.1 O Serviço Social na Contemporaneidade
Para se chegar ao Serviço Social contemporâneo, é preciso fazer um canal com o surgimento da profissão e com os principais movimentos que ocorreu na profissão e que nos proporciona o Serviço Social atual. O Serviço Social foi constituído como profissão no Brasil, através da necessidade do Estado em defender os interesses do capital, que já não encontravam no operário o livre poder de exploração, isso devido às ideologias socialistas que estavam inseridas na época na América Latina e no nosso país. Para chegar ao Serviço Social que temos hoje, deve ser ressaltada a importância da Geração de 1965 com seu caráter revolucionário que teve a percepção da luta de classes e a exigência de métodos e técnicas para efetivação profissional. Neste momento histórico, os Assistentes Sociais deixaram de falar em pobre, carente, patologia social e passaram a falar em mudanças de estrutura, trabalhadores, compromisso com a população e revolução, conforme Estevão (2006).
Anteriormente, o serviço social não conseguia responder as questões complexasda sociedade, já que era um modelo importado de países subdesenvolvidos e não funcionava para a realidade posta no nosso país. O Serviço Social contemporâneo tem como objeto as expressões da questão social, o reconhecimento das demandas profissionais e dos campos de trabalho. Iamamoto considera a profissão como: “uma ação de um sujeito profissional que tem competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais” (IAMAMOTO, 2012, p. 21) Neste pensar, significa conforme a autora, que o Assistente social precisa ir além da burocracia da rotina institucional, buscando enxergar a realidade para enxergar tendências e possibilidades para possível intervenção. Ainda com Iamamoto:
O novo perfil que se busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o “tempo presente, os homens presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo, também, para moldar os rumos de sua história (IAMAMOTO, 2012, p. 49)
Vale lembrar conforme a autora, que hoje exige-se um profissional qualificado com uma competência crítica capaz pensar, analisar e decifrar uma realidade para nela interferir. Um profissional capaz de enxergar novas alternativas de trabalho nesse momento de profundas transformações da vida numa sociedade moderna e capitalista. Após o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, a questão social passa a ser objeto do Serviço Social, já que com o embasamento teórico marxista, a categoria passa a analisar a sociedade a partir de uma totalidade estrutural e não de forma individualizada. Antes de a questão social ser reconhecida como objeto do Serviço Social, o mesmo tinha como justificativa a incapacidade individual e não as determinações sociais, ou melhor, se o indivíduo ou grupo não conseguia emprego, ou vivia em situação de miséria, ele era o culpado de não ser capaz de conseguir uma vida melhor e não pelo desemprego ou outras situações que levam a vulnerabilidade social. Segundo Iamamoto, questão social se define da seguinte forma: 
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resiste, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social (IAMAMOTO, 1997, p. 14)
Portanto, podemos considerar que o Assistente Social trabalha diretamente nas expressões da questão social, que são as mazelas deixadas pelo sistema econômico vigente. Como toda categoria arrancada do real, nós não vemos a questão social, vemos suas expressões, assim como: a fome, a miséria, o desemprego, o exercito de reserva, o analfabetismo, a violência, a favelização e outros bem presentes na rotina da população mais vulneráveis. Os campos de trabalho do assistente social estão distribuídos nas três esferas da sociedade brasileira: privada, pública e terceiro setor. Na esfera privada, o assistente social pode exercer sua profissão em empresas de diferentes setores, como indústrias, comerciais, fundações, associações, entre outros. Nas universidades o profissional poderá exercer sua profissão como professor, pesquisador, atenção ao aluno, entre outros. Nos hospitais poderá atuar em clínicas psiquiátricas, de repouso para idosos, de recuperação para dependentes químicos e mais, pois o campo é bastante extenso. Na área pública o profissional poderá trabalhar em órgãos federais, estaduais ou municipais, como no INSS, Secretarias do Estado, Judiciários, Fundações, Universidades, Secretarias Municipais, Conselhos Tutelares, escolas, etc. No âmbito não governamental ou Terceiro Setor, o Assistente Social poderá exercer sua profissão em entidades sociais que atuam com programas e projetos sociais, como Abrigos, ONG’s e outros.
O Projeto Ético Politico do Serviço Social foi pensado e construído na década de 1970 e 1980, como resultado dos ideais expostos durante e após o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado em São Paulo no ano de 1979, denominado “Congresso da Virada”, ou seja, quando a sociedade brasileira passava por diversas modificações e o Serviço Social encontra na teoria marxista a resposta para muitas perguntas referente aos problemas sociais. E reafirma o CFESS: 
Assim, buscaram o aprimoramento intelectual como condição para apreender o real em sua concretude e complexidade. Neste processo, a interlocução com a tradição marxista e posteriormente com o pensamento marxiano forneceu o alicerce teórico-metodológico para apreender a realidade sob uma perspectiva de totalidade. (CFESS, 2009, p.2)
Com isso, podemos notar que o Projeto Profissional do serviço social está interligado com as constantes alterações da sociedade. Portanto, devemos observar as mudanças e dinâmica da sociedade juntamente com o serviço social, não como algo particular e isolado. O Projeto Ético Politico tem o objetivo de nortear e dar a direção social da profissão, sendo ainda o ideário para os profissionais da área. De acordo com a publicação do CFESS Manifesta: 
O projeto ético-político profissional não é único na profissão. Projetos profissionais disputam a direção social do Serviço Social brasileiro neste momento histórico. Neoconservadorismo, pragmatismo e formas despolitizadas de entender a questão social reaparecem no cenário profissional. Tempos sombrios! Por isso, mais do que nunca precisamos estar atentos e fortes, para não sucumbir à “confusão do espírito”, ao conformismo, ao “pensamento único”, às falsas polêmicas, aos “cantos da sereia” da pós-modernidade (CFESS, 2009, p.2)
O projeto ético politico é composto pelos elementos legais: Lei que Regulamenta a Profissão, Código de Ética Profissional, Diretrizes curriculares; Teóricos: Produção de conhecimentos; Organização da categoria: CFESS, CRESS, ABEPSS, e outros. A Lei N° 8.662, de 7 De Junho de 1993 que regulamenta a profissão, o Código de Ética e as diretrizes profissionais atuais, foram frutos dos movimentos coletivos e aconteceu juntamente com as mudanças da sociedade e da profissão após o Movimento de Reconceituação do Serviço Social e principalmente pela exigência da secularização da profissão inserida na divisão técnica do trabalho. Segundo publicação do CFESS,
[...] o Código de Ética foi fruto de amadurecimento de reflexões, como podemos ver na citação abaixo: O atual Código de Ética profissional, aprovado em 1993, foi resultado de um amadurecimento das reflexões iniciadas na elaboração do Código de 1986, fruto de uma ampla e democrática construção coletiva da categoria em nível local, regional e nacional (CFESS (2009, p.2).
A ocorrência surgiu da necessidade de um novo perfil profissional, que ultrapassava a ética da neutralidade e exigia uma competência teórica, técnica e politica para a profissão (CFESS, 2011, p.20). Com a presença de um Estado mínimo, e com a não efetivação dos direitos sociais essenciais para emancipação do indivíduo enquanto cidadão. Vale dizer que, a demanda dos serviços do Assistente Social se torna ampla e necessária, pois passa a abranger diversas áreas profissionais: a educação, saúde, entre outros que vão além do âmbito público, pois o Assistente Social, em suas atribuições privativas, poderá emitir laudos e pareceres técnicos com metodologias que envolvem o indivíduo na sociedade na qual está inserido e não exclusivamente em sua esfera privativa. Nessemomento da história, o que se deve colocar em questão, é se o Serviço Social continua tendo como propósito a busca e a luta para efetivação de direitos, ou se a atuação está fadada a realizar trabalhos técnicos sem que haja uma reflexão e convicção nas teorias que apresentam embasamento teórico para a profissão. O curso superior de serviço social exige dos docentes como transmissores do pensamento político-teórico-crítico, uma adequada e qualificada formação do pensamento político, para que esta possa transmitir aos discentes uma reflexão de conjuntura da vida coletiva e não apenas, de forma mecanicista, as atribuições do assistente social. A década de 1980 foi um período de maturação da produção teórica do Serviço Social, e a Universidade a principal figurante desse processo. Já a década de noventa representou avanços em relação à consolidação do Projeto Ético Político da profissão, o que se faz presente nas propostas designadas à formação e na direção social da profissão, visto que, são aspectos indispensáveis à reconstrução crítica e à consolidação da própria natureza do serviço Social.
A partir da década de 80 a discussão acadêmica do Serviço Social se firma de forma sistemática, assinalando um processo de ruptura com o tradicionalismo presente desde o nascimento da profissão. Esse processo de desligamento com o conservadorismo criou, dentro da profissão, uma cultura que reconhece a diversidade teórica metodológica. Todavia a tradição marxista fortifica-se como uma direção hegemônica para o Projeto Ético Político profissional, mesmo que não homogênea. A partir do Projeto Ético Político do Serviço Social, consolidado nos anos de 1990, o objeto de intervenção do assistente social consolida-se como o trato nas diferentes expressões da “Questão social” e que segundo Iamamoto:
Não é se não as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e repressão (IAMAMOTO, 1993, p. 77).
É na tensão entre a reprodução da desigualdade e o movimento das classes sociais que os Assistentes Sociais atuam envolvidos em um terreno de interesses antagônicos os quais, na explicação de Netto, o uso da expressão “questão social” tem uma conotação conservadora que pode se limitar a manifestação do pauperismo e não a um complexo problemático muito amplo gerado pela contradição colocada a sociedade burguesa. (NETTO, 2001, p. 41-50) não podem ser eliminados, pois fazem parte da vida em sociedade. Os profissionais de Serviço Social trabalham com as múltiplas expressões da “questão social” e como elas se expressam no cotidiano dos sujeitos sociais a partir das políticas sociais e das maneiras de organização da sociedade civil na busca por direitos sociais, políticos e civis. Identificar as novas formas pelas quais a “questão social” se expressa é primordial para o Serviço Social, para compreensão das diversas expressões que esta assume na contemporaneidade. 
No Brasil a “questão social” manifesta-se de inúmeras formas na vida dos indivíduos sociais, destacando-se aqui a gravidez na adolescência como uma das expressões presentes no cotidiano da sociedade. O fato é que a maternidade no período da adolescência aumenta em todas as classes sociais, tornando-se um desafio que merece preocupação e reflexão contínua por parte dos profissionais.
2.2 A gestação precoce no contexto brasileiro como uma das expressões da “questão social”.
Partindo do pressuposto de que questão social “é o conjunto das expressões das desigualdades sociais da sociedade capitalista madura (...)" ( Iamamoto, 2012, p. 27), pode-se afirmar que a gestação precoce também pode ser considerada uma questão social. Haja vista o aumento do número de adolescentes grávidas em nosso país, elevando também as problemáticas decorrentes dessa gestação precoce. A gravidez na adolescência não é um fenômeno novo no cenário brasileiro, apenas adquiriu proporções maiores na realidade atual. Segundo dados do Ministério da Saúde, a gravidez na adolescência tem aumentado no Brasil. Cerca de 1,1 milhões de adolescentes engravidam por ano no País. Pesquisas ressentes revelaram que as meninas e meninos com menos de vinte as anos de idade, apresentam baixa autoestima o que talvez explique o fato de que os adolescentes, mesmo informados sobre os riscos de sexo inseguro, estão vulneráveis a doenças ou gravidez indesejada. 
Durante a gravidez, a mulher atravessa um período de transformações endócrinas, somáticas e psicológicas que repercutem de alguma forma em sua vida. Dessa forma gravidez é uma fase da vida de uma mulher que ocorre independentemente de sua idade, pode acontecer a qualquer momento desde que haja condições fisiológicas para que ocorra. A gestação precoce é uma situação presente na realidade brasileira, bem como de caráter universal. Desse modo, é vista como uma temática de grandes proporções para o cotidiano de nossa sociedade, na medida em que se torna cada vez mais tematizada na área dos chamados "direitos sexuais e reprodutivos" já que está inserida no plano da saúde e, consequentemente está ligada a esfera da cidadania.
De acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), tem crescido 25% a cada década o índice de gravidez na adolescência. Pode-se considerar que este fenômeno é uma questão social, já que a gestação precoce vem acompanhada de muitas dificuldades tanto para a mãe, quanto para a criança e consequentemente para a família e sociedade em geral. Muitos são os impactos para a vida dos adolescentes que enfrentam uma gestação precoce como: a perda de autonomia e da liberdade, afastamento dos amigos, rejeição do namorado, da família e da sociedade, a dificuldade em executar atividades habituais. Vale lembrar, que a adolescente grávida tem que estar preparada para saber lidar com esses fatores, que só tomam concretude quando a gravidez já é uma realidade. Tais mudanças são evidentes na vida de uma mãe adolescente, pois ao passo que ela enfrenta esta gestação considerada precoce para muitos, ainda tem que se abster de suas atividades normais de adolescente. Além de sofrer com estes fatores externos que se configuram como negativos para ela tem que se habituar às transformações físicas decorrentes da gravidez e também das mudanças características da adolescência.
A maternidade na adolescência não se limita apenas a um grupo social, mas é nas classes menos favorecidas que mais ele se evidencia. Para chegarmos a esta conclusão é necessário entender como a gravidez e a maternidade são vividas por estes adolescentes, precisamos conhecer sua realidade, estar por dentro de suas reais necessidades. Do ponto de vista da saúde, tanto para mãe adolescente quanto para criança, são muitas as consequências negativas, daí a importância do pré-natal que se configura como um fator de proteção para a mãe e para o bebê. Mas, percebe-se que as frequências dessas adolescentes nas consultas de pré-natal são mínimas, com isso acarretando várias consequências para mãe e recém-nascido como: o óbito materno, baixo peso ao nascer, prematuridade entre outros. No passado as mulheres casavam-se e tornavam-se mães muito cedo, provavelmente entre os 13 e 15 anos de idade. As jovens permaneciam exclusivamente no ambiente doméstico, frequentava pouco a escola, não tinham recursos, meios e nem mentalidade para planejar sua vida reprodutiva. No entanto, a sociedade modernizou-se e as mulheres passaram a vislumbrar diferentes perspectivas de vida, porém isso não impediu que, apesar da divulgação de métodos contraceptivos, a cada ano, mais jovens engravidam muito cedo. Essa questão deve ser uma preocupação não só da adolescente, mas da família e da sociedade como um todo.
 A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas (CIPD) foi realizadano Cairo, Egito, de 5 a 13 de setembro de 1994 e reuniu 179 países, onde entre os assuntos tratados estavam: o direito das mulheres; as formas de violência contra o sexo feminino e também a questão da sexualidade com uma especial atenção para a maternidade na adolescência. Na conferência destacou-se o direito dos jovens à educação, informação e cuidados referidos à saúde reprodutiva e como meta a redução do índice de gravidez na adolescência. Mas para que os objetivos sejam atendidos foi recomendado a todos os países presentes na conferência a elaboração de políticas e programas relacionados à saúde reprodutiva dos adolescentes. Dentre as reflexões realizadas no encontro, houve a compreensão com relação a responsabilidade que os jovens podem assumir com sua saúde quando são, adequadamente, informados e têm disponíveis serviços integrais que respondam às suas necessidades sexuais, sociais e culturais. 
Segundo Mioto (2005), a partir das Conferências, foi possível observar um aumento na discussão sobre o tema: gravidez na adolescência na América Latina, já que nesses países os crescentes índices de maternidade na adolescência têm sido apontados como um grave problema. Porém, a experiência da gravidez afeta de modo profundo a vida das mulheres, principalmente enquanto adolescente, que a vivenciam. A fase da adolescência, que segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA ocorre entre os 12 e 18 anos, é também um momento muito especial no qual uma gravidez, não programada, produz diversas mudanças físicas e na vida dessas mulheres como um todo. Expondo sua compreensão com relação a vivência da sexualidade na adolescência, Ferreira relata que: 
[...] a impressão é que os adolescentes, ainda não bem seguros na vivência de sua própria sexualidade, costumam confundir ou ainda não ter bem diferenciado o que é desejo sexual, prazer, fertilidade e prevenção. As sensações até então desconhecidas e o pouco espaço propiciado aos jovens para discutir abertamente as questões ligadas à sexualidade, facilitam para que encontrem no plano imaginário a saída para as dificuldades que se defrontam. Sustentados magicamente no argumento de que “comigo não vai acontecer”, terminam por trair a si próprios nas intenções de não engravidar. (FERREIRA.2000, p. 23)
Cabe ressaltar aqui que é possível perceber a diferença no trato com a sexualidade, para os dois sexos, quanto às permissões concedidas ao sexo masculino e às proibições para o sexo feminino. Para Mioto (2005), o risco de mortalidade das mães é maior entre adolescentes e isso ocorre por complicações obstétricas e no parto, por doença hipertensiva especifica da gravidez e partos prematuros, principalmente em mães que não fazem o pré-natal. Há referências que os filhos nascidos de mães adolescentes estejam mais propensos a sofrer mais abusos ou negligências e maior risco de serem entregues para adoção. Enfim, os problemas relacionados tanto à saúde da mãe como a do bebê têm sido vinculados à imaturidade biológica, a um estilo de vida impróprio e à realização ou não de um pré-natal durante a gestação. 
Segundo Mioto (2005), quando verificadas as variáveis de pobreza e de “estado de marginalidade social”, os problemas destacados acima, não estão relacionados somente a fatores fisiológicos e psicossociais, características peculiares à adolescência, mas também estão associados a fatores sócio demográficos tais como: a pobreza, o descuido com o acompanhamento pré-natal durante a gravidez e a falta de rede de proteção. Esses aspectos ampliam bastante os riscos da maternidade na adolescência.
 	De acordo com Caldeira (2006), as transformações que ocorrem com a adolescente que engravida vão desde a mudança em seu corpo até a relação com a família e a sociedade; ou seja, há, por parte da adolescente, uma perda de autonomia e de liberdade. Algumas vezes, os amigos se afastam, pode ocorrer uma rejeição por parte do parceiro, da família e da sociedade e, geralmente, a adolescente não está preparada para lidar com essas situações que, quase sempre, só se tornam visíveis quando a gravidez já é uma realidade. Sem o apoio familiar, do pré-natal e do parceiro a gestação na adolescência pode ser considerada de risco e essas situações, geralmente, acabam levando a jovem à depressão e à diminuição da autoestima. Mioto (2005) ainda ressalta que a união estabelecida entre a sexualidade e a maternidade com a saúde na adolescência teve como resultado um aumento dos estudos e debates sobre o assunto nos setores da saúde, porém as discussões em torno da gravidez nessa fase estão quase sempre ligadas à questão da maternidade, do parto e dos cuidados da mãe com o bebê. Quase não se tem estudado a respeito da proteção dessa mulher adolescente, dessa nova família que se está constituindo, das consequências de uma gestação não planejada e imatura, bem como do papel das políticas públicas nesses contextos.
Para alguns autores enquanto é tido como normal o homem adolescente ter uma vida sexual ativa, a mulher adolescente ainda tem que se guardar para manter sua integridade, pois à mulher cabe o papel de mãe, de esposa e não o papel de mulher com uma vida sexual liberta a qual faz escolha sobre o sexo estar ou não presente na sua vida. A partir disso, pode-se indagar até aonde vai à liberdade sexual que a mulher conquistou, pois a sociedade continua a lhe impor os seus valores morais. A gravidez precoce é vista por grande parte da sociedade como uma situação amoral, sendo esta uma das implicações da gravidez na adolescência as consequências decorrentes de uma gravidez não planejada são muitas, entre elas está à escolarização. A gestação precoce pode trazer desvantagens à trajetória educacional da gestante, contribuindo com a evasão escolar e dificultando o retorno à escola, limitando o seu progresso acadêmico e as possibilidades de adequação ao mercado de trabalho.
 Outro aspecto relevante é a precipitação de uniões conjugais por consequência da gravidez ou por pressão dos pais onde a adolescente casa-se, sendo nessa fase indispensáveis à presença e o apoio familiar e do parceiro. Caldeira (2006) ressalta a importância de mais outro aspecto referente à adolescente que, na maioria das vezes, almeja um emprego para poder conquistar sua independência financeira, mas, com a ocorrência da maternidade, o trabalho almejado como uma forma de liberdade passa a ser uma necessidade por parte da mãe adolescente que agora tem um filho para criar. Além disso, o trabalho, que antes podia ser visto pela família como mais uma fonte de renda dentro de casa, agora passa a ser indispensável, mas não suficiente.
Portanto, ainda de acordo com Caldeira (2006), a maternidade na adolescência resulta de um conjunto de fatores e que não se pode associar a uma única classe social, mas mesmo que seja uma questão presente em todas as classes, influenciada e provocada por diversos fatores, a sua incidência e as consequências nas classes mais desfavorecidas são enormes. Tais consequências são entre outras a interrupção dos estudos, a necessidade de trabalhar e, muitas vezes, o casamento que ocorre pura e simplesmente pelo fato da gravidez. Essas situações modificam os projetos de vida pertinentes a essa idade. Essa realidade causa inquietação em todos os envolvidos, como familiares e profissionais que atuam na área, não por ser uma questão moral ou de apoio a regras, como pode parecer para algumas pessoas, mas pelas implicações que a ocorrência da maternidade quase sempre traz ao desenvolvimento das jovens adolescentes. 
2.3 O Papel do Assistente Social na Orientação Sexual do Adolescente
Na sociedade capitalista contraditória Ferreira (2010) diz que a riqueza é produzida pela maior parte da população, mas é apropriada por uma pequena parte apresentando uma distribuição desigual da riqueza marcada por uma sociedade dividida em classes. Nessa divisão de classes, estão presentes a exploração, a dominação e a exclusão dos sujeitos sociais, que demonstram a construção e manutenção de subalternidade de alguns sujeitos. Nesta relaçãoàs contradições das desigualdades sociais são naturalizadas, como se fizesse parte da característica humana, e não como algo construído socialmente e culturalmente por esta sociedade capitalista.
Na sociedade capitalista, as famílias vivem em condição de vulnerabilidade social têm dificuldades no acesso a vários tipos de serviços como saúde, educação, trabalho, dentre outros que prejudicam ainda mais sua condição. Neste contexto insere-se o trabalho do assistente social, que tem sua intervenção situada nas variadas expressões da questão social. Expressas nas áreas da família, saúde, habitação, assistência social pública, conforme Iamamoto:
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. (IAMAMOTO, 2012, p. 27).
A questão social se materializa em consequências que constituem um desastre para a classe que vende a sua força de trabalho pois a contradição da sociedade capitalista em uma visão maior expressa o desemprego, precarização nas relações de trabalho causando insegurança para os trabalhadores devido aos baixos salários, falta de estabilidade, enfim situações e problemas que exigem uma intervenção profissional.
Segundo Iamamoto, (2012), o assistente social precisa garantir uma sintonia do Serviço Social com os tempos atuais, rompendo com a visão focalizada, presa nos limites profissionais e institucionais. O profissional do Serviço Social precisa desenvolver a capacidade de decifrar a realidade, construindo intervenções criativas para efetivar direitos, de modo que seja propositivo e não somente executivo. Mas, para que isso aconteça, e até mesmo o mercado de trabalho demanda isto, ele precisa ser, além de executor, trabalhar na formulação e gestão de políticas públicas e sociais.
Para isso, é necessário romper com visões simplistas considerando a totalidade das relações a fim de compreender a realidade social entendendo seus significados, as atividades que envolvem as dinâmicas das relações, os atos, as expressões das pessoas. Para assim se obter uma visão de totalidade, compreendendo a realidade em suas múltiplas relações. (FERREIRA 2010).
Por isso, o Assistente social deve estar sempre atento aos acontecimentos cotidianos, ou seja, buscando sempre se atualizar para acompanhar a evolução da sociedade, desenvolvendo suas habilidades e intervindo na realidade social de forma efetiva. Sendo comprometido com seu projeto ético político com este segmento da população com o qual tem a função de lidar.
O trabalho do Assistente Social, frente a educação sexual, no intuito de minimizar a gravidez precoce, é de fato fundamental no âmbito das famílias que enfrentam essa realidade, bem coma a sociedade sujeita as consequências do fato, visto que, o Serviço Social é uma profissão que tem características singulares. Para Netto (1996), ela não atua sobre uma única sociedade humana, nem se destina a todos os homens de uma sociedade. Sua especificidade está no fato de atuar sobre todas as necessidades humanas de uma dada classe social. O profissional de Serviço Social é aqui, também considerando na sua condição de intelectual.
 (...) para que essa categoria não constitui um grupo autônomo e independente das classes fundamentais; ao contrário, tem o papel de dar-lhes homogeneidade e consciência de sua função, isto é, de contribuir na luta pela direção social e cultural dessas classes na sociedade. Trata-se do “organizador, dirigente técnico” que coloca a sua capacidade a serviço da criação de condições favoráveis à organização da própria classe a que se encontra vinculado. (Iamamoto, 2008 p. 87)
Dessa forma o serviço social é indispensável às classes sociais formadas pela população subalterna e excluídas dos serviços e riquezas dessa mesma sociedade. A clientela do Serviço Social se configura como os fragilizados socialmente e que necessitam de uma mediação profissional para terem acesso aos serviços que lhe são direito adquiridos. A atuação do Serviço Social na maternidade tem por objetivo desenvolver ações ou intervenções junto à clientela, tendo uma visão da totalidade da realidade social onde este cidadão está inserido, sensibilizando-o enquanto usuário, aos direitos e serviços a ele oferecidos. Quanto à atuação junto à população adolescente que vivencia o fenômeno da gestação precoce, esta deverá ser mais comprometida, pois este quadro se configura como uma problemática social de grandes proporções para a vida dos adolescentes envolvidos e especificamente da criança. 
Sob esta perspectiva e diante dos aspectos que configuram o Assistente Social como um trabalhador social é o que o torna de extrema necessidade para a realidade do nosso país. Pode-se dizer que sua atuação não pode ser indiferente à educação sexual na adolescência já que a posição de orientador também lhe é requerida. Portanto, é de suma importância que o profissional de Serviço Social esteja apto para tal tarefa e esteja comprometido com o seu projeto ético-político e com este segmento da população que merece atenção. Neste sentido fica evidente o papel do assistente social não só para casos específicos, mas sua contribuição favorece de forma considerável a sociedade de modo geral.
3. A Associação Comunitária de Milagres-ACOM 
3.1 Um Breve Histórico 
 A Associação Comunitária de Milagres – ACOM foi fundada em 24 de janeiro de 1983 completando assim este ano 34 anos de atuação nas áreas de educação, assistência social, desenvolvimento agro comunitário e política de proteção infantil. Tem como objetivos, promover o atendimento sócio assistencial de famílias como unidade de referência, fortalecendo os vínculos internos e externos de solidariedade contribuindo para o processo de autonomia e emancipação das famílias, fomentando seu protagonismo; desenvolvendo ações que envolvam diversos setores, com o objetivo de romper o ciclo de reprodução da pobreza entre gerações. Atuando de forma preventiva, evitando que as famílias tenham seus direitos violados, recaindo em situações de risco. 
 A instituição desenvolve suas ações através de vários programas que são diferenciados quanto ao seu público alvo. Os programas são desenvolvidos há vários anos e vêm atender às demandas da população usuária. São eles: o Projeto de Política Infantil – PPI, Projetos de Quintais Produtivos nas Comunidades e Projeto de Saúde Hospitalar. Esses Projetos são financiados por parceiros que apoiam a ACOM que são eles: KNH BRASIL, Associação de Médicos Internacional – AMI, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, como também arrecadação com eventos internos da instituição. 
A ACOM apresenta pontos fortes como: o esporte e lazer. - Participação religiosa. Programas sociais, como o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) , mas também vem pontos fracos, dentre eles o baixo acesso aos serviços de saúde e uma forte presença de conflitos familiares por causa do abuso de drogas principalmente bebidas alcoólicas. A falta de uma comunicação aberta entre pais e filhos, dificuldades econômicas a gravidez representa oportunidade de ascensão social e consequentemente uma baixa escolaridade, pois com a gravidez reforça-se a ideia de evasão.
Segundo consta nos relatórios da instituição, há alguns anos iniciou-se um trabalho com um grupo de adolescentes grávidas que enfrentava dificuldades de aceitação e de apoio familiar, como também, de orientação e de recursos materiais. Constatou-se a necessidade de realizar um trabalho preventivo, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento de atividades orientadas e de formação semiprofissional, assim como de acompanhamento e apoio às adolescentes grávidas. 
A ACOM obteve apoio a sua proposta de prestar atendimento às crianças e às adolescentes e às famílias em situação de risco pessoal e social. Esse atendimento dá-se, como referido anteriormente,através do sistema de contra turno social com ações socioeducativas e complementares que priorizam o lúdico, o cultural, a interação social e a construção e a defesa da cidadania, observando as prerrogativas da legislação vigente em nosso país, por exemplo, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS).
Para manter o atendimento às crianças e às famílias que não estão entre as metas conveniadas e, complementar os recursos necessários para sua manutenção e de seus programas, a instituição realiza eventos, promoções, apadrinhamentos e busca a colaboração da comunidade em geral. Essa colaboração é feita através de doações que permitem a continuidade do trabalho. É importante destacar que, na instituição, a programação desenvolvida com as crianças e com os adolescentes abrange diversas áreas como a da saúde, do reforço escolar, da recreação, dos cursos ocupacionais, do relacionamento interpessoal, do acompanhamento familiar e escolar. As atividades são desenvolvidas dentro de uma rotina semanal, em que há escolha e rodízio nos cursos oferecidos, as demais são comuns a todo o grupo, respeitando sempre a divisão por faixa etária.
Dessa maneira, a instituição visa a oferecer oportunidades para o resgate e o fortalecimento da autoestima, a descoberta de dons e a capacidades e a valorização da responsabilidade e do respeito ao outro. Para alcançar esses objetivos, a entidade dá ênfase às atividades que colaborem nesses aspectos. Entre elas estão: os esportes, o teatro, a música, o grupo de canto e o coral. Essas atividades têm sido destaque, pois oferecem a oportunidade de aprendizagem de uma atividade envolvente, a descoberta de capacidades e a oportunidade de participar de diversos eventos dentro e fora do Município.
A instituição busca integrar as adolescentes à família e à comunidade através de atividades específicas, para, de forma conjunta, atuar visando à superação de dificuldades surgidas no decorrer do processo. A fim de proporcionar essa integração, à instituição promove amostras de Noites Culturais. O intuito de tal ação é oferecer as adolescentes a oportunidade de apresentar as atividades das oficinas culturais para suas famílias e para a comunidade em geral. Outras formas de fortalecer os vínculos familiares, escolares e sociais ocorrem através de uma orientação integral; atividades adequadas às faixas etárias; ambiente estimulador do fortalecimento da estrutura familiar e valorização da escola. Assim, a instituição visa a contribuir para a construção de cidadãos plenos, atuantes e colaboradores da sociedade. Conforme poderemos verificar no quadro número um, o atendimento na instituição foi ampliando-se anualmente.
Todo o movimento histórico percorrido pela instituição está registrado em atas, relatórios anuais, livros de registro, folhas de frequência das turmas e caderno de planejamento. A instituição possui seu próprio estatuto e regimento nos quais estão registrados como cada membro que faz parte da instituição deve proceder. A instituição tem seus associados divididos em fundadores e contribuintes. A entidade possui órgãos como: Assembleia Geral, Conselho Consultivo, Conselho Fiscal e Diretoria.
3.2 O Trabalho do Assistente Social na Instituição
Na Associação Comunitária de Milagres-ACOM, o serviço social sempre esteve presente, pois, desde sua inauguração, conta com a presença de uma assistente social que procura dar um embasamento metodológico a sua pratica, tomando os princípios do Código de Ética profissional como base, dando cientificidade à profissão. A assistente social tem a liberdade e permissão para participar de cursos, congressos, conferências para o aperfeiçoamento profissional. As atividades realizadas são planejadas em conjunto com a assistente social e com os funcionários que levam em conta os recursos financeiros, físicos e também a disponibilidade de pessoal. A instituição também conta com uma pedagoga e uma psicóloga, formando assim uma equipe interdisciplinar, oportunizando a troca de ideias e informações entre a equipe, viabilizando uma melhor intervenção.
Na instituição, a assistente social possui sala própria, oportunizando atendimentos individualizados, prezando assim a privacidade dos sujeitos e também possibilitando o sigilo profissional, pois os documentos específicos dessa área ficam em armários, dentro da sua sala, assegurando que outras pessoas não mexam. O Assistente Social tem sua prática centrada na socialização da informação quanto aos direitos e deveres dos adolescentes e seus familiares.
Enquanto estagiária do curso de Serviço Social na instituição, dentre as diferentes atividades em que desenvolvia no semestre participei dos atendimentos feitos pela assistente social com adolescentes, dentre os quais atendimentos que são feitos quando acontece algo que pode ter uma grande repercussão na vida dos adolescentes, como uma gravidez, além de receber e arquivar atestados médicos e comprovantes de exames. Desta forma tive acesso às adolescentes gestantes, motivo que suscitou o interesse pelo tema.
A partir do momento que a assistente social é informada sobre a gravidez de alguma adolescente o procedimento efetuado é o de chamá-la para atendimentos para que a adolescente fale um pouco sobre o ocorrido e sobre as implicações que o fato trará para sua vida. A Assistente Social tem suas atividades profissional, voltadas para o desenvolvimento de ações de planejamento, orientação, supervisão, execução e avaliação de programas e projetos sociais; elaboração de estudos, pareceres técnicos entre outros, para tomada de decisão em processo de planejamento ou organização, buscando sempre contribuir na elaboração, análise e realização de suas atividades.
No momento dos atendimentos a assistente social fala sobre questões referentes aos direitos que a adolescente tem, como a licença-maternidade. Então a adolescente é convidada a ter um acompanhamento com a psicóloga da Instituição, e orientada a se inscrever no grupo de atendimento a adolescentes de 11 a 19 anos. 
A gravidez na adolescência não é algo novo, mas é um fato que vem tendo crescente incidência nos últimos anos, trazendo modificações para o cotidiano das adolescentes, seus companheiros e familiares. Não se trata apenas de uma questão de saúde, mas é inclusive uma questão social, visto que é interrompida uma fase em que a menina está deixando de ser criança e imediatamente passa a ter responsabilidades de uma pessoa adulta. Na sociedade brasileira existem legislações e propostas educacionais indicando para que seja oferecida educação sexual nas escolas, porém, nem toda a escola tem conseguido organizar para abordagem dessa temática, seja por falta de profissionais ou ainda, aqueles presentes nas escolas, não se sente preparados para o desempenho dessa atividade.
3.3 Análise e Interpretação dos Dados da Pesquisa
3.3.1 Metodologia 
O trabalho em questão traça um panorama sobre o conteúdo da pesquisa que se pauta em analisar as causas e consequências da gravidez na adolescência, frente a uma situação que é muito comentada na atualidade, não somente no Brasil, mas em todo o mundo, ligada a educação familiar, planejamento dentre outros fatores, estabelecendo ainda inter-relação com a importância do assistente social no contexto de tal realidade. Como instrumentos para realização da pesquisa utilizou-se a entrevista individual, diário de campo, relatórios e a ficha de matricula da instituição, já comentado anteriormente. O universo da pesquisa conta com as adolescentes grávidas acompanhadas pelo Hospital Madre Rosa Gattorno. Com o intuito de contemplar o objeto de estudo, este trabalho foi estruturado em dois capítulos, assim distribuído: no primeiro capítulo tratamos da Gravidez na Adolescência e a Prática Profissional do Serviço Social; no segundo capítulo sobre a Associação Comunitária de Milagres fazendo um breve histórico envolvendo seus programas/projetos e o trabalho do Assistente Social na Instituição, onde tratamos também da análise e Interpretação dosdados da pesquisa.
O método de abordagem qualitativa de pesquisa envolve um processo de estudo respectivo ao tema levantado, observações, entrevistas e análise de dados coletados que devem ser exibidos de maneira descritiva. De acordo com Oliveira: 
A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo uma tentativa de se explicar em profundidade o significado e as características do resultado das informações obtidas através de entrevistas ou questões abertas, sem a mensuração quantitativa de características ou comportamento. (OLIVEIRA, 2007, p. 59)
Atendendo a uma abordagem qualitativa, o método específico utilizado será o estudo exploratório que de acordo com Oliveira (2007, p. 65): “Este tipo de pesquisa objetiva dar uma explicação geral sobre determinado fato, através da delimitação do estudo, levantamento bibliográfico, leitura e análise de documentos. ”
São vários os fatores que levam a gravidez precoce, mas todos estão intimamente interligados na estrutura familiar, na importância da presença dos pais, no dialogo construtivo, na compreensão e interesse pela vida dos adolescentes dentro de casa e fora dela, no respeito ao tomar decisões. O que sabemos é que a agressão e proibição sem justas causas atiçam o jovem a rebeldia e transgressão da conduta moral. O apoio e compreensão da família na ocorrência da gravidez na adolescência são essenciais na tomada de decisões e na construção afetiva familiar, no suporte aos jovens quanto a seus projetos de vida e sonhos. 
3.3.2 Público Alvo
Este subtítulo buscará mostrar como era o mundo das entrevistadas no período da adolescência e na gestação como elas estão passando por essa etapa e a dinâmica do cotidiano delas. Conforme abordado no primeiro capítulo, esse é um período complexo da passagem do tempo de criança para a fase adulta. Por essa ser uma fase caracterizada por transformações, fez-se necessário identificar, através da pesquisa, como as participantes vivenciam essa etapa fundamental das suas vidas. 
As adolescentes entrevistadas têm idades entre 15 e 19 anos. As adolescentes foram interpeladas sobre quando tiveram ou teriam seus bebês. Os nomes aqui usados são fictícios como uma forma de preservar o anonimato. A primeira entrevistada, Júlia informou que faltava um mês para seu filho nascer, a Katia já tinha tido seu filho em dezembro de 2016, momento em que ela tinha 15 anos, Diana informou que faltava cerca de dois meses para seu filho nascer, Rute está com 8 meses de gravidez e está com 17 anos, Carla teve seu filho a dois meses, Mariana teve seu filho a um mês e Paula está com três meses de grávida e tem 15 anos, Bia tem 15 anos e está grávida há quatro meses e suas colegas Sara e Nilda também estão sendo acompanhadas pala Instituição e Hospital Madre Rosa. Dessa forma, apesar de no momento da entrevista prevaleceram adolescentes com 15 e 16 anos, a idade em que as outras tiveram o bebe se encaixam nessa mesma faixa etária e poucas com 19 anos. É com essa amostra do público alvo que conseguimos fazer um estudo durante todo o Estágio, o qual nos serviu para complementar essa pesquisa.
Quando questionadas sobre com quem residem as adolescentes apresentaram respostas diversificadas, apenas quatro delas no momento da entrevista não morava com o pai do bebê. Em sua maioria com o filho e o marido, mas quando não, com o marido e a sogra, com os pais ou outros familiares. Sendo que apenas uma delas no momento da entrevista estava morando apenas com o filho, porém fazia pouco tempo que tinha rompido com o marido. 
As famílias podem ter diversas reações diante da adolescente grávida, mas identificou-se neste caso que prevaleceu a reação clássica, ou seja, a formação de um núcleo familiar (mãe, pai e filho), porém várias relataram reações contrárias de suas famílias, onde se revoltaram no início, lhes repreendendo, mas em seguida passaram a aceitar o fato como sendo inevitável.
Segundo a literatura, é comum se observar que as reações das famílias no início podem ser de expulsar a adolescente de casa ou exigir que se casem e tenham responsabilidades. Havendo ainda a possibilidade da adolescente e o companheiro irem morar em cômodos anexos da família de um deles, mantendo os vínculos familiares.
No que se refere à escolaridade das adolescentes pesquisadas na sua maioria está no nível médio, sendo que três delas se encontram no Ensino Fundamental e três adolescentes pararam de estudar no primeiro ano do ensino médio. Isso evidencia que nenhuma das adolescentes está muito atrasada em sua escolaridade. A pergunta seguinte foi sobre a existência ou não de orientação sexual na família. Se os pais normalmente conversam com as adolescentes sobre questões que envolvem a sexualidade. Explicações sobre a forma como esse assunto é tratado. As respostas das adolescentes foram diversificadas nas quais foram reveladas diversas categorias como situações que se repetem na família, falta de orientação e algumas orientações obtidas através de um de seus familiares. Pode-se observar que tivemos adolescentes indicando que já haviam tido casos de gravidez na adolescência na família e por isso eram sempre alertadas pelos seus pais. Como podemos observar nas falas das adolescentes Júlia e Kátia “Somente da minha irmã. Ela começou a conversar comigo quando comecei a namorar e ela me levou na ginecologista do Posto de Saúde só que como eu tinha problemas de rins não podia tomar anticoncepcional. Daí ela conversava bem pouco, falava que eu tinha que cuidar, usar camisinha, mas bem pouco porque a gente não tinha tanto contato porque ela morava em outra cidade e eu aqui. Mas quando ela vinha para cá ela conversava. Porque ela teve uma filha com 16 anos.” (KATIA). “Tive. Bem explicado, minha mãe falava diariamente porque aconteceu comigo a mesma coisa que aconteceu com ela, e ela explicava direitinho o que era para mim fazer para evitar transtorno e aborrecimento. Eu tinha que estudar e buscar um bom futuro, dizia sempre minha mãe” (JULIA).
Dando prosseguimento a entrevista, houve outras adolescentes que não tiveram qualquer tipo de orientação como foi o caso de Diana a qual os pais falavam sobre sexualidade em sua presença, mas não a orientavam a cerca de como ela deveria proceder em sua vida. Como de lhe orientar quanto a questões que envolvam sexualidade. “Não eles nunca conversaram, só começaram a conversar depois que eu já tinha tido relação sexual. Mas eles nunca tiveram vergonha de falar sobre sexo. Só não eram explícitos com relação a informações e aos riscos que poderiam correr. (DIANA).
No entanto, também foi identificado pais que conversavam com as adolescentes sobre a importância de evitar uma gravidez, alertando que a mesma traria dificuldades no curso esperado para suas vidas. “Sim. Minha mãe falava nisso o tempo todo. Ela falava como usar um preservativo, como era a primeira vez em uma relação, ela conversava tudo, para a gente se cuidar. Tanto pra mim quanto para os meus dois irmãos.” (JULIA). “Minha mãe falou que era pra eu ter cuidado”(CARLA).
Observamos que algumas famílias têm um comportamento que é considerado adequado pela literatura o da existência de conversas entre pais e adolescentes sobre temas como vida sexual, métodos contraceptivos, embora talvez não seja feito na profundidade considerada mais adequada, ou ainda pode-se identificar a ausência de diálogos íntimos sobre estas temáticas e esse fato pode ser uma trajetória para ocorrência da gravidez na adolescência. Muitos adolescentes sentem dificuldade em conversar com os pais sobre sexualidade, temendo os julgamentos dos adultos com relação as suas formas de lidar com a afetividade e sexualidade. (ABRAMOVAY, CASTRO, SILVA, 2004). Fica evidenciado na fala de algumas adolescentes entrevistadas onde afirmaram que a mãe nunca foi de conversar sobre sexo, por isso não tinham coragem de pedir orientações a estas sobre a vida sexual. Umas contaram com tias já experientes e mais abertas com relação ao assunto. Podemos observar que há sim uma dificuldade no seio de algumas famílias em falar sobre esteassunto. Pois a mãe de uma das adolescentes só teve a iniciativa de orientar a filha após saber que a mesma estava grávida, antes se quer mencionava o assunto.
Segundo Fanelli (2003) assim como os pais sentem-se envergonhados em falar sobre sexualidade com os filhos, estes também sentem vergonha em conversar com seus pais sobre o assunto, principalmente por ficarem com medo de que tenham interdições ou proibições, uma vez que seria explicitamente revelado que já tem uma vida sexual ativa.
A possível falta de proximidade, muitas vezes, pautada nessa dificuldade ou vergonha de discutir valores familiares é um dos caminhos que leva para um distanciamento entre pais e filhos, ou ainda no estabelecimento de uma relação mais superficial. A falta de comunicação sobre sexualidade na família não significa falta de interesse ou responsabilidade por parte dos pais, na verdade podem estar evidenciando a falta de informação sobre sexualidade que permeou várias gerações anteriores, ou seja, muitos pais não sabem lidar com sua própria sexualidade, então ficam impedidos de transmitem conhecimentos competentes a cerca do assunto. Conhecimentos que prescindem de vivências construídas de forma crítica e tendo como referência a prática. (ABRAMOVAY, CASTRO, SILVA, 2004).
Analisando as falas dessas adolescentes: “Ela conversa comigo porque eram só eu e ela em casa. Ela falava que sou muito nova tinha acabado de entrar no mercado de trabalho. Aí eu tinha que fazer uma faculdade estudar, para depois engravidar.” (DIANA). Na fala desta adolescente podemos observar há uma expectativa socialmente construída nas últimas décadas baseada em um ideal do pensamento burguês de que os adolescentes devem seguir a ordem de se escolarizar, inserir-se no mercado de trabalho para então construir família Quando interpeladas sobre o que poderiam dizer sobre esse fato de estarem grávidas na adolescência, as entrevistadas tornaram evidente, alegria, preocupações categorias como de estarem felizes com o ocorrido não demonstrando arrependimento, ou de perceberem que podiam ter evitado.
Na fala da adolescente Rute podemos notar que esta ainda está na fase de aproveitar a gestação, pois a mesma disse que só terá noção das transformações que podem ocorrer em sua vida quando seu filho nascer, até o momento da entrevista ela não tinha sentido nenhuma diferença em sua vida. “Como ele não veio ainda, para mim parece como uma coisa normal. Então por enquanto é tudo normal. Não tem nada de diferente” (RUTE).
As adolescentes que se sentem arrependidas após a gravidez por sentirem dificuldades em manter as atividades que faziam anteriormente, como frequentar a escola, realizar atividades sociais como sair para se divertir, além de dificuldades em conseguir um bom emprego, então passam a dedicar-se com exclusividade à gestação e por vezes ocorrem sentimentos ambivalentes como se sentindo feliz por ter um bebê, mas triste por ter deixado tantas outras coisas de lado, ou seja, as adolescentes não chegam a rejeitar seus bebês, mas consideram que poderiam ter adiado esta situação para uma melhor preparação psicológica e financeira.
A fala da adolescente Kátia evidencia um pouco a dificuldade que teve no início da gestação: “na época foi bem difícil porque até porque minha amigas nenhuma tinha ficado grávida então era bem pesado ir para o colégio todo mundo ficava olhando, mas minha gravidez foi bem calma, minha sogra e minha mãe me ajudaram muito.” (KATIA). Para esta adolescente a maior dificuldade foi enfrentar os preconceitos sociais, materializados pela forma como as pessoas a olhavam e por ter sido a primeira entre seu grupo de amigas que engravidou na adolescência.
Quando se pergunta sobre como estão pensando a organização de suas vidas a partir da chegada de seu filho, podemos identificar algumas categorias de análise como de estudar, trabalhar, permanecer em casa, colocar seu filho em uma creche ou sob os cuidados de outras pessoas. Mas outras adolescentes em geral responderam que pensam em trabalhar e estudar. Apenas a adolescente Diana pensa em voltar a trabalhar, mas não volta a estudar. Chega a fazer referências quanto a fazer um supletivo para terminar logo o ensino médio, pois após a gravidez esta parou no primeiro ano do ensino médio, mas sua prioridade é conseguir um emprego, estudo fica no futuro.
A adolescente Kátia não fala em voltar a estudar e nem a trabalhar, ela concluiu o ensino médio, mas não explicita planos que envolvem estudos ou trabalho, citou que teve que parar de trabalhar porque não tinha com quem deixar seu bebê. Eu fui morar com meu marido. Aí continuei trabalhando até ela completar seis meses, só que como ela tem bronquite, foi ficando doente e eu fui faltando muito ao trabalho. Eu tinha que faltar porque não tinha com quem deixar ela porque minha mãe e minha sogra trabalham também ” (Kátia).
As outras adolescentes que falaram apenas em querer trabalhar continuam frequentando as aulas normalmente ou fazendo exercícios domiciliares Quando questionadas sobre se em suas escolas, tiveram algum tipo de orientação sexual e de que forma era abordado este assunto. A principal categoria revelada na fala das adolescentes foi a de que em suas escolas não tiveram orientação sexual e quando tinham era de forma esporádica. E, naquelas onde foi indicada a orientação sexual no ambiente escolar, essa se concentrava em atividades como palestras informativas sobre o uso de métodos contraceptivos ou aulas sobre o aparelho reprodutor e doenças sexualmente transmissíveis. Pode-se afirmar que estas orientações não tinham uma sequência, aconteciam raramente e eram focalizadas em formas de prevenção de doenças e gravidez indesejada. O que prevalecia era o ensino da utilização de métodos contraceptivos, como nos indicam os PCNs (1998) que a forma como vem ocorrendo a educação sexual nas escolas não está atingindo os objetivos propostos de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. 
Os dados que foram obtidos através desta pesquisa evidenciaram que a maioria das adolescentes não planejou a gravidez, porém alguns autores indicam que há possibilidade de se considerar o fato de que elas podem tê-la desejado, de forma inconsciente. Diante dos relatos das adolescentes pesquisadas podemos inferir algumas questões fundamentais que servem para melhor apreender o objeto de pesquisa, assim podemos dizer que: as adolescentes que participaram desta pesquisa estão na faixa etária entre 15 e 19 anos. Moram em sua maioria com o filho e o pai da criança, e ainda têm algumas delas que além de morarem com filho e companheiro, moram com outros familiares. Uma adolescente mora apenas com seu filho. Sua escolaridade situa-se no ensino médio, dentre algumas que já o concluíram, outras que estão cursando e ainda uma que parou de estudar no 1º ano do ensino médio devido à gestação. Apenas uma adolescente está cursando a 9ª série do ensino fundamental. 
Portanto podemos notar que não foi por falta de escolaridade ou por baixa escolaridade que estas adolescentes ficaram grávidas pois todas encontram-se em séries que são condizentes com sua idade, algumas um pouco atrasadas, mas nenhuma delas apresenta um atraso expressivo em seu percurso escolar.
Quando o tema se refere a diálogos no âmbito familiar que denotem uma orientação sexual, foi evidenciado que não são tão constantes, algumas adolescentes relataram que tiveram uma orientação de forma bem explicada, mas não era algo fortemente debatido ou mencionado. E ainda adolescentes que não receberam orientação dos pais ou responsáveis, mas de outras pessoas como irmãs, primas, tias. Outras responderam que se orientaram através de pesquisas na internet.
Nas escolas a situação era semelhante, algumas adolescentes informaram que em suas escolas nunca tiveram orientação sexual. E outras disseram que a orientação sexual era voltada paro o ensino do funcionamento do aparelho reprodutor, ou falar da utilização de métodos contraceptivos a fim de que se evitassem uma gravidez ou contaminação por doençassexualmente transmissíveis. Enfim, não se evidenciou um debate mais aprofundado ou diálogo a cerca dos assuntos, haviam palestras focalizadas que ocorriam de forma esporádica, contrariando o que orientam os parâmetros curriculares nacionais.
A falta de conhecimentos sobre métodos contraceptivos não pode ser considerada a causa pela qual estas adolescentes engravidaram. Apenas uma adolescente disse não saber sobre métodos contraceptivos, mas quando foram citados alguns deles a mesma disse ter conhecimento, mas não tem acesso. Todas as outras adolescentes têm conhecimento sobre os métodos e tem acesso aos mesmos. Porém, pode-se perceber que o tipo de conhecimento não foi sinônimo de utilização frequente, apesar de haver a distribuição gratuita de alguns destes métodos nas unidades de saúde. As adolescentes relataram que utilizavam alguns métodos como preservativos e pílulas, mas segundo elas antes da gravidez não havia uma frequência nesta utilização. 
Todas as adolescentes informaram que a gravidez trouxe mudanças para as suas vidas, das quais a mais comum foi o aumento da responsabilidade, e ainda algumas que tiveram que parar de estudar temporariamente ou adiar seus planos devido à gravidez. Além de algumas adolescentes que foram morar com seus namorados passando a ter uma relação conjugal, o que incluiu ainda mais responsabilidades, como cuidados e manutenção da casa. 
As reações das famílias diante da gravidez das adolescentes foram diversificadas. Algumas receberam a notícia com entusiasmo, apoiando as adolescentes desde o inicio e outras que tiveram reações negativas alegando que tinham avisado, ou que este erro já tinha sido cometido na família e estava se repetindo. Mas mesmo estas famílias as quais as primeiras reações foram desfavoráveis, aceitaram o fato sendo grande fonte de apoio para estas adolescentes lhes propiciando conselhos, apoio e até ajudas matérias e ainda nos cuidados com seus filhos. 
Diante do fato de estarem grávidas ou já serem mães na adolescência as entrevistadas fizeram algumas reflexões dentre as quais, a maioria disse estar feliz com a gestação ou com seu filho que já nasceu, mas algumas evidenciaram que poderiam ter deixado esta situação para um momento futuro, e que a gravidez tirou sua liberdade as impedindo de fazer coisas que adolescentes gostam de fazer como sair, ir festas e passeios. Mas em nenhum dos relatos houve algum tipo de rejeição por parte das adolescentes para com seus filhos, talvez este fato tenha sido descartado, pois mesmo com algumas criticas, a gravidez de todas ela não foi motivo para grandes conflitos familiares sendo a família grande fonte de apoio para todas estas. Aqui podemos ressaltar a importância de uma informação bem explicitada, o ato de informar é uma atribuição de suma importância não só para o Serviço Social, mas paras as profissões em geral que lidam com seres humanos, em suas relações. Para que estes possam conhecer seus direitos e deveres para então optar quanto à melhor forma de proceder, tomando suas próprias decisões.
A pesquisa aponta que cada vez mais os adolescentes têm informação. A informação não garante a mudança de comportamento. A insegurança dificulta a negociação com o parceiro para o uso do preservativo. As pesquisas feitas junto com a OMS – Organização Mundial da Saúde – mostraram que a menina tem insegurança e medo de não agradar o parceiro e o menino tem medo de falhar. A situação de medo e insegurança, aliada ao pouco tempo de vínculo com o parceiro, dificulta a possibilidade de diálogo entre eles. O uso do preservativo aumentou entre os jovens, mas eles deixam de usá-lo conforme aumenta o tempo de relacionamento. 
3.3.3 Relacionamento Familiar
Na tentativa de compreender melhor essa questão, é importante focalizar o olhar sobre o que dizem essas jovens sobre a sua gravidez. Apesar das situações dramáticas que essa situação lhes acarreta, como, por exemplo, o abandono dos estudos ou o seu adiamento, maior dependência econômica dos pais, visto que a maioria das jovens continua morando com os pais após o nascimento do filho, já que o pai da criança é, na maioria dos casos, também adolescente; mesmo com todas essas dificuldades, é bastante comum ouvirmos a adolescente dizer que está contente com a perspectiva de ser mãe e que quer ter um filho.
Neste contexto é de muita importância a presença de um assistente social para atuar sobre as necessidades de conciliar os conflitos familiares onde for possível. Além disso, a Constituição Federal Brasileira de 1988, Lei nº 9.263 de 1996, art. 227 refere ao amparo à criança e o adolescente da seguinte maneira: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta propriedade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Instigadas pela inquietação de diagnosticar o problema e na tentativa de propor possíveis soluções no intuito de beneficiar a sociedade de modo geral e consequentemente enriquecer nosso trabalho como profissional é que propomos este estudo.
Este item irá mostrar, através da pesquisa, como se dava a relação familiar na casa das entrevistadas. Se havia conflitos ou uma relação amigável. Entender esse contexto torna-se importante, pois aí poderemos identificar algumas características que possam ter influenciado a ocorrência da gravidez na adolescência. Ao se tratar do relacionamento familiar, as entrevistadas na sua maioria relataram que tem um bom relacionamento com suas mães, porém sempre havia algum tipo de conflito presente dentro de casa, como problemas com o pai, rebeldia justificada pelas brigas da família não aceitar o namorado como podemos observar nas falas que seguem: “Eu me dava muito bem com a minha mãe, mas brigava bastante com o meu pai, [...] sempre tinha briga, porque minha mãe deixava eu sair, mas meu pai não. Aí eu saía escondida, [...] eu era doida pra sair de casa” (RUTE). “Quando eu tinha 10 anos meu pai faleceu, então quem me criou foi minha mãe, [...] nós começamos a brigar bastante quando ela arranjou outro homem e eu comecei a namorar, porque minha mãe não gostava do meu namorado” (CARLA). “Eu morava com a minha mãe e com o meu padrasto e mais dois irmãos. Só que eu não me dava bem com o meu padrasto, a gente vivia brigando e ele me olhava de maneira estranha e eu não gostava”(BIA). “Eu e minha mãe nos dávamos muito bem, ela não se intrometia nas brigas com o meu padrasto e eu não parava em casa, porque eu não queria ficar perto do meu padrasto, eu acho que a minha gravidez foi uma forma de tentar ter meu próprio lar, (PAULA). “Eu nunca conheci a minha mãe, quem me criou foi meu tio e minha tia, só que eles me maltratavam muito, nossa eu sofri bastante, eles me falaram que minha mãe era de bar, mas eu não queria mais morar com eles, aí eu fugi” (DIANA). Através das falas, pode-se perceber o ambiente familiar conflituoso em que as entrevistadas conviviam. Quase sempre marcado por brigas e discussões entre as duas gerações.
 Dessa forma, é importante ressaltar que a adolescência é um momento crítico, pois estão ocorrendo, ao mesmo tempo, várias transformações tanto corporais como psicológicas, portanto é necessário salientar que além dessas complicações por conta da idade, as entrevistadas ainda tinham conflitos particulares que agravavam ainda mais o relacionamento entre os membros da família. Dentre essas questões, estão: a revolta por ser uma filha adotiva, embates entre mãe e filha; a desaprovação do namoro pela mãe; a falta de um bom convívio com o padrasto e também pela rigidez dos pais na educação. Também é importante destacar que, nesse período da vida, os jovens tendem a desconsiderar o que é dito pelos pais.
A pesquisa também mostrou a importância que as entrevistadas davam a família tratar de assuntos relacionados com sexualidade com seus filhos

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