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LABORATÓRIO DE ANÁLISE EM PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO

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LABORATÓRIO DE ANÁLISE EM PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
Camila Campos dos Santos1
Claudiana Gomes Lima2
Flaviana da Silva Ribeiro3
Antônio Igor Silva Souza4
Maria Andrezza Araujo Fernandes5
Murilo Braga Mota6
Vanessa Lorena Ximenes Queiroz7
Ma. Luana Timbó Martins(po)
1. Graduandos do curso de psicologia, Unifanor / Wyden, Fortaleza - CE
2. Docente do curso de graduação em psicologia, Unifanor / Wyden, Fortaleza - CE
Email: claudianagomes424@gmail.com
ribeiroflavianapin@gmail.com
vanessalorena1000@gmail.com
andrezza.a.fer@gmail.com
millyalexandria@gmail.com
murilo.braga213@gmail.com
igorsilsoz@gmail.com
O Laboratório de Análise em Psicologia Organizacional e do Trabalho está vinculado
à disciplina de Ênfase III do curso de Psicologia da Universidade Unifanor/Wyden - Fortaleza
CE, seguindo a ênfase Psicologia, Instituições e Culturas, eixo estética, tem por objetivo
discutir temas como: desenvolvimento do capital humano, arte, potência e intensidades a
partir da Clínica Institucional. O laboratório foi construído com o objetivo de fomentar
análises na literatura existente dentro do contexto das organizações e pesquisar sobre os temas
que são ligados a via da saúde que abarca a psicologia organizacional e do trabalho com foco
nas práticas de gestão organizacional, qualidade de vida no trabalho e seus efeitos na saúde
dos colaboradores e gestores, com foco no contexto pandêmico atual.
O Laboratório possui duas linhas de pesquisas compostas por sete membros do corpo
discente e supervisionado pela Dra. Luana Timbó Martins, membro do corpo docente da
universidade Unifanor/Wyden, sendo elas o estudo sobre a qualidade de vida no trabalho
de professores do ensino público que migraram suas atividades para o ambiente de
ensino virtual durante a pandemia de COVID-19 e o estudo sobre “Saúde Mental: O
sofrimento psicológico de entregadores por aplicativo em meio à pandemia”. Busca-se
compreender as nuances presentes entre os modelos de trabalho que ganharam força durante a
pandemia e quais os impactos dessa migração e adaptação para a qualidade de vida, em
especial a saúde mental, desses trabalhadores, utilizando-se de interpretações a partir da
Psicologia Organizacional e do Trabalho.
mailto:claudianagomes424@gmail.com
mailto:ribeiroflavianapin@gmail.com
mailto:vanessalorena1000@gmail.com
mailto:andrezza.a.fer@gmail.com
mailto:millyalexandria@gmail.com
mailto:murilo.braga213@gmail.com
O grupo sobre a qualidade de vida no trabalho de professores do ensino público
tem como objetivo estudar, debater e desenvolver pesquisas voltadas para compreender como
estes profissionais que migraram suas atividades para o ambiente de ensino virtual durante a
pandemia de COVID-19 estão conciliando essa transição de atuação com os aspectos
psicossociais e psicodinâmicos do trabalho afetados durante o contexto pandêmico, tal análise
será embasada através da perspectiva dinâmica e contingencial do conceito de Qualidade de
Vida no Trabalho.
O grupo sobre a Saúde Mental: O sofrimento psicológico de entregadores por
aplicativos em meio a pandemia, tem como objetivo fazer uma análise sobre a precarização
do trabalho, em específico os entregadores em meio aos riscos da pandemia, portanto tem-se
esse conjunto de fatores que consigo trazem o sofrimento mental e psicológico, entre outros
problemas. O estudo partirá de uma análise de caráter qualitativo e descritivo por meio de
revisão bibliográfica de artigos publicados entre 2020 e 2021.
Metodologia
O presente trabalho desenvolve-se a partir da disciplina de Ênfase III, do curso de
psicologia, realizado no Centro Universitário Unifanor Wyden, em Fortaleza, CE. O modelo
teórico-metodológico que se adota neste laboratório, nas duas linhas de pesquisa, foi de
natureza qualitativa. Segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma
abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas
em seus cenários naturais, tentando entender os fenômenos em termos dos significados que as
pessoas a eles conferem. (AUGUSTO et al, 2013)
Na pesquisa qualitativa utilizada para o estudo sobre a qualidade de vida no
trabalho de professores do ensino público que migraram suas atividades para o
ambiente de ensino virtual durante a pandemia de COVID-19, com base no objetivo
proposto na pesquisa, é possível identificar que será utilizada a pesquisa exploratória, na
medida em que buscou investigar o problema e as hipóteses por meio de levantamento
bibliográfico e questionários com professores que tiveram experiência prática com o problema
pesquisado.
Além disso, foi escolhido trabalhar com análise de conteúdo. De acordo com Minayo
(2007 apud CAVALCANTE et al, 2014), a análise de conteúdo desdobra-se nas etapas
pré-análise, exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados
obtidos/interpretação. Tal análise será desenvolvida através do material disponibilizado na
plataforma de pesquisa Google Forms, a qual permite a construção de questionários que
podem ser respondidos online por diferentes pessoas. O público selecionado para responder a
pesquisa são professores do ensino público, de diferentes níveis de educação, que precisaram
migrar sua atuação do campo presencial para o contexto digital, por decorrência da pandemia
de COVID-19.
Para a linha de estudo sobre “Saúde Mental: O sofrimento psicológico de
entregadores por aplicativos em meio a pandemia”, foi utilizado o modelo de pesquisa
bibliográfica. Para Gil (2002 p.44), pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. O instrumento
de coleta de dados dessa pesquisa baseiam-se em questionários, que segundo Gil (1999, p.
128), pode ser definido como a técnica de investigação composta por um número mais ou
menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o
conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações
vivenciadas etc. (GARCIA, 2016)
Referencial teórico
Em dezembro de 2019, a China informou à Organização Mundial de Saúde sobre um
surto de uma nova doença, semelhante a um quadro grave de gripe ou pneumonia. Essa
doença, transmitida pelo novo coronavírus, foi denominada COVID-19. Em janeiro de 2020,
casos da COVID-19 foram notificados fora da China, então a OMS resolveu declarar
emergência internacional em saúde pública, o que levou diversos países a declararem
isolamento social. Na América Latina, o primeiro caso registrado foi em São Paulo, no Brasil,
no dia 26 de fevereiro de 2020. (BEZERRA et al, 2020)
Após a chegada da COVID-19 no Brasil, diversas medidas de controle e prevenção da
doença foram tomadas pelas autoridades sanitárias locais em diferentes esferas
administrativas, como o governo federal, governos estaduais e municipais. Essas medidas se
diferenciam de uma região para outra do país, entretanto a medida mais difundida pelas
autoridades foi a prática do distanciamento social, entendida de forma geral pela população e
pela mídia, como um cenário que promove o isolamento social. (BEZERRA et al, 2020)
Uma das mudanças impostas a partir do anúncio da pandemia diz respeito ao formato
de trabalho exercido, visto que, em algumas cidades somente profissionais que executam
atividades essenciais, poderiam trabalhar fora de suas casas.
Observa-se no atual cenário, o crescimento exponencial de alguns formatos de práticas
laborais que ultrapassam o espaço físico e padronizado das organizações empresariais. Uma
importante movimentação ocorre a partir da migração de algumas atividades exclusivas à
ambientes físicos para contextos digitais, como é o caso dos profissionais que aderiram ao
home office e ainda, aqueles que ganharam mais espaço durante o isolamento social, o que
acontece no caso dos entregadores por aplicativo. Inúmeras empresas precisaram adaptar sua
prática ao formato virtual de atuação. Portanto, o presente laboratóriopossui como finalidade
estudar como as instituições e os psicólogos atuantes em organizações podem contribuir para
melhorar a qualidade de vida no trabalho dos funcionários que passam por esse processo de
adaptação.
O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho, é compreendido por Conte (2003) como
um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas
atividades na organização, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais
produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Fernandes
(1996 apud CONTE, 2003) conceitua QVT como a gestão dinâmica e contingencial de fatores
físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima
organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas. A
QVT deve ser considerada como uma gestão dinâmica porque as organizações e as pessoas
mudam constantemente; e é contingencial porque depende da realidade de cada empresa no
contexto em que está inserida.
Por ser dinâmica e contingencial, a gestão da qualidade de vida no trabalho abre
precedentes para discutir qual é o seu papel em um cenário atípico, como o da pandemia que
atingiu o mundo em 2020 e persiste em algumas localizações desde então. Sua importância
dentro das organizações é crescente e, sem dúvidas, também sofreu transformações em um
contexto inesperado e desafiador.
Isto porque, a atuação em QVT é fundamentada por diversos enfoques teóricos e
metodológicos, com contribuições que pertencem a diferentes campos de estudo, entre eles a
psicodinâmica do trabalho e a psicologia. A psicodinâmica do trabalho requer a mobilização
da inteligência prática, da subjetividade e da cooperação, como elementos que, articulados,
ajudam os trabalhadores a enfrentar a “loucura” do trabalho e manter a sua saúde, levando em
consideração os aspectos subjetivos e contingenciais aos quais estão expostos. Além disso,
tem bases em teorias centradas nas pessoas, particularmente relacionadas à Escola Humanista,
cujos fundamentos estão ancorados na Psicologia Organizacional. (LEITE et al, 2009)
Segundo Duarte et al. (2015, apud CAMON, 2003) o processo de adoecimento e
isolamento traz mudanças na organização da vida do sujeito, com rupturas nas suas relações
sociais, suas atividades cotidianas e aquilo que lhe é familiar e seguro, podendo gerar
sofrimento psíquico relacionado com a interrupção de planos, reação às normas estabelecidas,
reações à duração do distanciamento e dificuldade de adaptação ao ambiente físico, além de
questões inerentes a perda de contato social.
Portanto, é inerente aos profissionais que atuam na Qualidade de Vida no Trabalho,
levar em consideração os aspectos que estão associados às consequências da pandemia e
isolamento social. Nesse campo, uma importante categoria profissional, conquista seu espaço
e busca promover ações e medidas que contribuam para movimentações efetivas no
estabelecimento de organizações que preocupam-se com o bem-estar de seus profissionais.
Um dos principais desafios na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho é
compreender como interagem os múltiplos aspectos que integram a vida das pessoas, grupos e
organizações em um mundo em constante transformação, de modo a propor formas de
promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar. (Zanelli & Bastos,
2004)
Empresas como as da área de educação, dentre elas as de ensino público, tiveram
maiores dificuldades para se adaptarem a esse novo método de atuação a distância, levando
em consideração a ausência de planejamento, estrutura e tempo. O que, segundo Lipp (2002),
favorece a tensão, insatisfação e ansiedade, causando ao trabalhador esgotamento profissional.
Com a pandemia, os educadores se encontraram diante de novos desafios, aos quais
estavam pouco ou nada preparados. Os professores precisaram adaptar-se à nova realidade e
às dificuldades existentes, como o acesso e manuseio de tecnologias da informação e
comunicação. Além disso, estes profissionais salientam que a disciplina, ânimo e fatores
psicológicos também interferem bastante nessa inesperada transição. O ensino a distância
tornou-se um dos principais recursos para garantir a continuidade das atividades educacionais
durante a pandemia, no entanto, ainda reflete o abismo existente entre as práticas educacionais
de professores em instituições públicas e privadas. (LOPES, 2020)
Segundo Carvalho (2007), o formato de educação virtual apresenta uma equipe
multidisciplinar e os professores assumem papéis diferenciados, que incluem desde a gestão
administrativa destes projetos até a atuação como professor virtual, através de
teleconferências. Os múltiplos papéis desses profissionais perpassam desde o planejamento
das aulas e atividades, o “contato” com os alunos, até o conhecimento sobre ferramentas
digitais.
Além disso, observa-se os impactos psicossociais do enfrentamento ao isolamento
social adotado em algumas localidades. Essa categoria profissional, têm precisado adaptar-se
às novas práticas profissionais e em paralelo, lidar com as questões subjetivas próprias ao
contexto atual: seus medos, inseguranças, perspectivas futuras, falta de contato social -
especialmente, à uma categoria que desde o início esteve acostumada a compartilhar seu
conhecimento através do contato e práticas experimentais -.
O avanço da tecnologia e a maior acessibilidade à Internet por grande parte da
população permitiu a criação de diversos serviços mediados no ambiente virtual e também
formas de se obter renda. Um dos mais populares são os entregadores por aplicativo, onde
entregadores cadastrados no aplicativo recebem os pedidos de entrega de lojas, escritórios ou
restaurantes. Essas plataformas têm se popularizado muito e a quantidade de pessoas que
aderem essa forma de trabalho vem aumentando à medida que o país sofre a perda de postos
de trabalho formal. E essa perda se agravou com o impacto econômico causado pela pandemia
de covid-19 e a falta de políticas públicas que protegessem esses postos de trabalho. Dessa
forma muitas pessoas buscam nesses aplicativos meios de subsistência.
Assim como trabalhadores de outras plataformas, como aplicativos de carona, essa
categoria já vinha pedindo por mudanças mesmo antes da pandemia. Esses trabalhadores
trazem diversas queixas, como a não estipulação de salário base e nem vínculo empregatício.
Já que os aplicativos não lhe dão garantias e nem mesmo condições de trabalho, pois cada
entregador tem de possuir seu meio de locomoção e mochila, em sua maioria térmica, para
transporte dos pedidos.
Recentemente entregadores de aplicativos realizaram uma paralisação nacional de seus
serviços, onde pediam reivindicação por direitos trabalhistas, dentre as principais estão
melhores remunerações, licença remunerada em casos de acidentes.
Referências
AUGUSTO, C.A; SOUZA, J.P; DELLAGNELOE. H. L, CARIO, S.A. F. Pesquisa
qualitativa: rigor metodológico no tratamento da teoria dos custos de transação em artigos
apresentados no congresso da sober (2007-2011). RESR, Piracicaba-SP, Vol. 51, Nº 4, p.
745-764, Out/Dez 2013.
BEZERRA, Anselmo César Vasconcelos et al. Fatores associados ao comportamento da
população durante o isolamento social na pandemia de COVID-19. Ciênc.saúde coletiva,
Rio de Janeiro , v. 25, supl. 1, p. 2411-2421, Junho de 2020.
CARVALHO, Ana Beatriz . Os Múltiplos Papéis do Professor em Educação a Distância: Uma
Abordagem Centrada na Aprendizagem In: 18° Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e
Nordeste – EPENN. Maceió, 2007
CAVALCANTE, R. B; CALIXTO, P; PINHEIRO, M. M. K. ANÁLISE DE CONTEÚDO:
considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do
método. Inf. & Soc. Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
CONTE, Antonio Lazaro. Qualidade de Vida no Trabalho: Funcionários com qualidade de
vida no trabalho são mais felizes e produzem mais. FAE business,Curitiba, n.7, p. 32 - 34
nov. 2003
DUARTE, Tássia de Lima et al. Repercussões psicológicas do isolamento de contato: uma
revisão. Psicol. hosp. (São Paulo), São Paulo, v. 13, n. 2, p. 88-113, 2015.
GARCIA, E. Pesquisa bibliográfica versus revisão bibliográfica – uma discussão necessária.
Revista línguas & letras. V.17, n. 35, p. 291-294, nov./maio. 2016.
LEITE, José Vieira et al. Mudando a Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho. Revista
Psicologia: Organizações e Trabalho, Rio de Janeiro, 9, 2, 109-123, jul-dez 2009.
LOPES, Thamires. Educação a distância expõe abismo entre o ensino público e privado.
Jornal DeFato Online,Minas Gerais, 2020.
Zanelli, J. C., & Bastos, A. V. B. (2004). Inserção profissional do psicólogo em organizações
e no trabalho. In J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade, & A. V. B. Bastos (Orgs.), Psicologia,
Organizações e Trabalho no Brasil (pp. 466- 491). Porto Alegre: Artmed.

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