Buscar

Praticas de Pericia e Atuaria - Ebook 2

Prévia do material em texto

Profa. Ma. Adriely Camparoto Brito
PRÁTICAS DE PERÍCIA 
E ATUÁRIA
LIVRO 2
1ª EDIÇÃO
GOIÂNIA
Centro Universitário de Goiás UNIGOIÁS 
2022
WebAula 2
Práticas 
de Perícia 
e Atuária
Catalogação: Biblioteca Anhanguera
____________________________________________________________
Práticas de Perícia e Atuária – WebAula 2 / Adriely Camparoto 
Brito – Goiânia : Centro Universitário de Goiás UNIGOIÁS, 
2022.
26 p. : il.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. Práticas de Perícia e Atuária. I. Brito, Adriely Camparoto. II. 
Título. 
CDU: 658
____________________________________________________________
2022
Direitos exclusivos em língua portuguesa cedidos ao
Centro Universitário de Goiás UNIGOIÁS
Avenida João Cândido de Oliveira, 115,
Cidade Jardim Cep: 74423-115- Goiânia - GO
Tel: (62) 3246 1404Fax: 3246 1444
site: www.anhanguera.edu.br
PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA
Organização
Coordenação Geral de Ensino a Distância
Profa. Esp. Karina Adorno de La Cruz
Autora
Profa. Ma. Adriely Camparoto Brito
Produção
Supervisão do Processo Instrucional (SPI) 
Supervisora Prof.ª Esp. Karina Adorno de La Cruz
Instrução de Material Didático Impresso (IMADIM)
Diagramador Hugo Sávio de Carvalho Melo
Revisor de Língua Portuguesa
Profª. Ms. Mairy Aparecida Pereira Soares Ribeiro
©2022 por Centro Universitário de Goiás UNIGOIÁS
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação 
ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia 
autorização por escrito, do Centro Universitário de Goiás UNIGOIÁS.
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 5 
WEBAULA 2
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL 
INTRODUÇÃO
A perícia, conforme Crepaldi (2019), é um tipo de teste-
munho de um profissional técnico, apresentado por meio do 
laudo pericial, que objetiva esclarecer um fato cuja existência 
não pode ser esclarecida sem o auxílio de conhecimentos téc-
nicos especializados. E essa é a sua relevância: revelar a verdade 
dos fatos, trazendo clareza.
Nesta webaula apresenta-se a características que fazem 
da perícia um meio de prova utilizada para auxiliar na solução 
de conflitos e controvérsias de maneira justa. Também são tra-
tados os artigos do Código de Processo Civil que regulamen-
tam a atividade da perícia, estabelecendo a prova pericial, as 
condições, ritos e prazos que devem ser observados pelos pro-
fissionais perito e assistente técnico durante a execução do 
encargo pericial. Por fim, diferencia-se os tipos de quesitos que 
norteiam a condução dos trabalhos periciais.
2.1 PROVA PERICIAL
Conforme apresentado na webaula 1, a Norma Brasileira 
de Contabilidade Técnica da Perícia – NBC TP 01, a perícia 
contábil é:
SUMÁRIO
WEBAULA 2
Prova Pericial e Código de Processo Civil ................... 5
Introdução ............................................................................ 5
2.1 Prova Pericial ................................................................. 5
2.2 Código de Processo Civil (CPC) ................................. 8
2.3 Quesitos ........................................................................ 21
Considerações Finais ........................................................ 25
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 76 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma 
especial, o fato jurídico pode ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia. (BRASIL, 2002).
Adicionado a isso, ao pesquisar no dicionário o que é 
prova, tem-se: “1. Aquilo que serve para estabelecer uma ver-
dade por verificação ou demonstração. 2. Aquilo que mostra 
ou confirma a verdade de um fato. 3. Em direito, aquela que 
leva a certeza ao Juiz, sobre o fato em julgamento.”
Necessários a subsidiar a justa solução do litígio
Aqui percebe que o laudo pericial contábil elaborado e 
apresentado pelo profissional perito, contém a prova pericial, 
ou seja, o esclarecimento do fato e, esse documento será anali-
sado pelo magistrado ou o tomador de decisão. Por isso que se 
diz que a perícia subsidia a justa solução do litígio, porque ela 
apresenta a veracidade dos fatos ao tomador de decisão.
em conformidade com as normas jurídicas e profissionais
Nessa parte, faz menção às normas jurídicas referindo-se 
ao direito e aos dispositivos legais que regulamentam a perícia, 
sendo eles o Código Civil (CC) e o Código de Processo Civil 
(CPC), visto que estes estabelecem os ritos e prazos da perícia.
Enquanto normas profissionais e, neste caso, aplicada à 
contabilidade temos as Normas Brasileiras de Contabilidade 
tanto as Profissionais como as Técnicas (NBC P e NBC T), 
além do Código de Ética profissional, que devem ser de amplo 
“o conjunto de procedimentos técnico-científicos 
destinados a levar à instância decisória elementos de 
prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou 
constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou 
parecer pericial contábil, em conformidade com as nor-
mas jurídicas e profissionais e com a legislação específica 
no que for pertinente.” (CFC, 2020).
Essa definição, um pouco extensa, apresenta muitas 
características da perícia, as quais são detalhadas por Costa 
(2017), para facilitar a compreensão de todo o significado do 
que é a perícia contábil:
Conjunto de procedimentos técnico-científicos
Isso envolve a utilização de procedimentos técnicos espe-
cíficos da contabilidade, assim como os tecnológicos e científi-
cos a respeito da ciência contábil e outras áreas afins que per-
mitem explicar e detalhar o fato.
Destinados a levar a instância decisória
Este trecho, engloba levar a aplicação da ciência contábil 
sobre o fato objeto de conflito para a instância decisória, ou 
seja, à quem decide sobre um fato, seja judicial ou extrajudi-
cialmente.
Elementos de prova
Nota-se a característica da perícia enquanto "prova", ou 
seja, o resultado da perícia vai provar a verdade sobre como o 
fato aconteceu. O termo “prova” remete ao campo do direito e, 
o próprio Código Civil, em seu artigo 212 estabelece os tipos de 
prova:
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 98 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
conhecimento do profissional contábil que pretende atuar no 
ramo da perícia.
e a legislação específica no que for pertinente.
Essa parte de “legislação específica” refere-se à matéria 
objeto da controvérsia e, legislações específicas aplicáveis. Por 
exemplo, se o conflito é sobre tributos, a legislação específica é 
aquela que regulamenta os tipos de tributos questionados. 
(COSTA, 2017).
Diante disso, é notória que a perícia tem a finalidade de 
provar algo, objeto da controvérsia em âmbito arbitral, judicial 
ou extrajudicial, subsidiando a tomada de decisão pelo magis-
trado e assim, ela contribui para a justa solução do conflito 
(MÜLLER; TIMI; HEIMOSKI, 2017). O caráter de prova é a 
característica mais presente na perícia, e por isso se fala em 
“prova pericial”.
2.2 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC)
A regulamentação principal das atividades periciais em 
geral é o Código de Processo Civil (CPC), pois ele estabelece as 
condições que devem ser observadas e, é fundamental ao pro-
fissional perito conhecê-las muito bem. Os artigos 464 ao 480 
dispõem sobre a prova pericial e, aqui vamos detalhar eles.
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, visto-
ria ou avaliação.
§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento 
especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas pro-
duzidas;
Neste artigo 464 
observa-se que o CPC pri-
meiro define que a prova 
pericial consite em “exame, 
vistoria ou avaliação” já esta-
belecendo quais os principais 
procedimentos a serem reali-
zados nas atividades periciais das quais resultarão a prova peri-
cial. Em seguida, específica em quais situações a perícianão 
será deferida pelo juíz, senda elas: i) quando o esclarecimento 
dos fatos não depender de um profissional especialista e ii) 
quando as outras provas já apresentadas no processo forem 
suficientes para provar e esclarecer os fatos. Assim, fica implí-
cito que quando não ocorrer estas situações a perícia é aceita.
Art. 472. O juiz poderá dispensar a prova peri-
cial quando as partes, na inicial ou na contesta-
ção, apresentarem, sobre as questões do fato, 
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que consi-
derar suficientes.
Apresenta-se aqui também o artigo 472 que dispõe sobre 
a dispensa pelo juíz, da realização de perícia quando as partes 
já tiverem apresentado no decorrer do processo, seja no início 
ou na defesa, elementos de prova suficientes para esclarecer os 
fatos.
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no 
objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a 
entrega do laudo.
Observa-se que o artigo 465 complementa o anterior 
(464) em relação às condições para o deferimento da prova 
pericial, ao citar que “o juiz nomeará perito especializado no 
objeto da perícia”, Isso reforça a necessidade de conhecimento 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1110 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
ressalta-se que não é necessária a indicação de assistente téc-
nico por todas as partes envolvidas no processo, até porque a 
parte que indica será responsável pela contratação e pagamento 
deste profissional. Além disso, neste mesmo prazo, as partes já 
devem “III - apresentar quesitos”, que são as perguntas/questio-
namentos de natureza técnica ou científica relacionadas aos 
pontos controvertidos, que se deseja que o perito responda 
com a prova pericial.
Art. 465. 
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 
(cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço 
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
Também no artigo 465, parágrafo segundo, há estebele-
cimento da primeira obrigação do perito que é, em 5 dias a 
contar da sua nomeação, avaliar se está impedido ou suspeito 
de realizar a perícia, e estando deve protocolar a sua não acei-
tação do encargo alegando os motivos legítimos. Não havendo 
estes motivos, o perito deve protocolar então a proposta de 
honorários, juntamente com os comprovantes de sua habilita-
ção e de sua capacidade profissional para o exercício da perícia, 
bem como os seus contatos. Destaca-se aqui, que a apresenta-
ção da proposta de honorários formaliza a aceitação do encargo 
pelo perito.
Art. 465. 
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de hono-
rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 
5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, inti-
mando-se as partes para os fins do art. 95.
especializado, diante disso, o ponto principal para a perícia 
ser admissível, é o fato de que sua existência somente se justi-
fica se a prova depender de conhecimento especializado téc-
nico. 
Ainda neste artigo fica claro que ao nomear o profissio-
nal perito, o juiz já determina a data em que o laudo pericial 
deverá ser entregue, de modo que o perito já será conhecedor 
do prazo que possui para realizar a perícia.
Art. 465. 
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias 
contados da intimação do despacho de nomeação do 
perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, 
se for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
Dando sequência no 
artigo 465, em seu parágrafo 
primeiro, o CPC estabelece o 
prazo de 15 dias a contar da 
nomeação do perito, para que 
as partes possam: “I - arguir o 
impedimento ou a suspeição 
do perito, se for o caso;” ou 
seja apresentar motivos de suspeição ou impedimento desse 
profissional nomeado, conforme já estudado na webaula 01 
quais são estes motivos e, estão previstos nos artigos 144 e 145 
do CPC. 
Neste mesmo prazo de 15 dias as partes devem, “II - indi-
car assistente técnico”; que é perito escolhido pelas partes para 
acompanhar os trabalhos do perito nomeado pelo juízo. Aqui 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1312 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
No parágrafo terceiro, do artigo 465 é estabelecido que 
após o perito apresentar sua proposta de honorários, as partes 
tem 5 dias para concordar ou discordar com o valor apresen-
tado pelo perito. No caso de discordância, devem apresentar os 
motivos que fundamentam. Após isso, o juiz decidirá o valor 
da perícia e intimará as partes para pagamento conforme pre-
visto no artigo 95, do próprio CPC. 
O artigo 95 do CPC dispõe sobre o pagamento dos assis-
tentes técnicos, que deve ocorrer por quem o contratou e, o 
pagamento do perito será realizado pela parte que requereu a 
perícia ou, quando determinada de ofício pelo juiz, o valor será 
rateado entre as partes.
Art. 465. 
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até 
cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do 
perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente 
ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e 
prestados todos os esclarecimentos necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou defi-
ciente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente 
arbitrada para o trabalho.
Os parágrafos quarto e 
quinto do artigo 465, estabe-
lecem que o juiz pode autori-
zar no início da perícia, o 
pagamento de até a metade 
do valor referente aos honorá-
rios periciais para custea-
mento dos gastos do perito e, assim, o restante do valor será 
pago após a entrega do laudo. Outro ponto relevante é que se o 
juiz julgar a perícia inlcusiva ou deficiente, ele poderá reduzir 
o valor dos honorários.
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o 
encargo que lhe foi cometido, independentemente de 
termo de compromisso.
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da 
parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes 
o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames 
que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos 
autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
O artigo 466 esclarece a obrigação do perito em cumprir 
sua função e desenvolver a perícia de maneira escrupulosa 
independente de ter assinado ou não o termo de compromisso, 
uma vez que, ao protocolar a proposta de honorários, o perito 
afirma perante o juízo que exercerá a perícia respeitando todos 
os princípios legais, profissionais, morais e éticos. Neste artigo 
ressalta ainda que o assistente técnico é um profissional esco-
lhido pela parte sendo, portanto, de confiança desta, não se 
aplicando a necessidade de declarar-se impedido ou suspeito 
perante o juiz, visto que sua função é acompanhar os trabalhos 
periciais. Para garantir esse direito o perito deve comunicar as 
diligênciais periciais aos assistentes técnicos com antecedência 
mínima de 5 dias para que estes possam acompanhar. Diligên-
cia aqui refere-se ao processo investigativo realizado pelo 
perito e a busca de documentos e informações.
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado 
por impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao 
julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito.
Neste artigo fica estabelecida a obrigação do perito em 
avaliar seu impedimento ou suspeição e manifestar-se quanto 
a isso. Ao escusar-se, ou seja, não aceitar o encargo, o juiz 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1514 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
nomeará outro perito que, deverá respeitar os mesmos disposi-
tivos legais para aceitação ou não do encargo.
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o 
encargo no prazo que lhe foi assinado.
No artigo 468 fica estabelecido que se o perito deixar de 
entregar o laudo pericial no prazo ou não possuir conheci-
mento técnico ou científico suficiente, o juiz poderá determi-
nar a sua substituição.É válido ressaltar que o perito pode soli-
citar prorrogação de prazo conforme previsto no próprio CPC 
e será apresentado a frente. Além disso, quando o perito recebe 
a nomeação ele também recebe um resumo do caso, podendo 
avaliar se tem ou não conhecimentos e capacidade profissional 
para tal. Não havendo, isso também deve ser um motivo de 
escusa profissional para a 
realização da perícia. Visto 
que, uma vez constatado pelo 
juízo, a incapacidade técnica 
do perito, esse profissional 
responderá por isso, con-
forme disposto nos parágra-
fos seguintes.
Art. 468. 
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará 
a ocorrência à corporação profissional respectiva, 
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em 
vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do 
atraso no processo.
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não reali-
zado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito 
judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Os parágrafos primeiro e segundo do artigo 468 estabe-
lecem as penalidades aplicáveis ao profissional perito que dei-
xar de cumprir seu encargo ou apresentar incapacidade téc-
nica. Já na NBC PP 01, norma profissional aplicada ao perito 
contábil, está definido que este profissional responde profissio-
nal, civil e criminalmente por seus atos e, isso é reforçado neste 
artigo do CPC que dispõe sobre a comunicação da infração à 
coporação profissional, neste caso o Conselho Regional de 
Contabilidade da localidade de atuação do perito, além da apli-
cação de multa, do impedimento de atuação como perito por 5 
anos e da necessidade de devolver os valores recebidos a titulo 
de honorário pericial.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos 
suplementares durante a diligência, que poderão ser res-
pondidos pelo perito previamente ou na audiência de ins-
trução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária 
ciência da juntada dos quesitos aos autos.
Neste artigo 469 fica garantido o direito das partes de 
apresentarem novos questionamentos à perícia, mesmo que ela 
já esteja em andamento e, a parte contrária será comunicada a 
respeito dessa inclusão.
Art. 470. Incumbe ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os quesitos que entender necessários 
ao esclarecimento da causa.
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1716 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
Complementar ao artigo anterior, este artigo 470 escla-
rece que o deferimento dos quesitos, em qualquer etapa da 
perícia (antes, durante ou depois) caberá ao juiz, ou seja, ele 
avalia os quesitos apresentados pelas partes, julgando-os perti-
nentes ou não e, ainda poderá formular outros que considerar 
necessários ao esclarecimento dos fatos.
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo 
perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-
-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos 
especialistas da área do conhecimento da qual se origi-
nou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresen-
tados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério 
Público.
Este artigo (473) apresenta, de maneira objetiva e sinté-
tica, o conteúdo que deve conter no laudo pericial, iniciando 
pela exposição de qual o objeto da perícia, ou seja, qual o con-
flito, seguido pela análise técnica que o perito realizou, deta-
lhando também oa métodos e procedimentos por ele utilizados 
para chegar a conclusão a que chegou e, por fim, a resposta a 
todos os quesitos apresentados.
Art. 473.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua funda-
mentação em linguagem simples e com coerência lógica, 
indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua 
designação, bem como emitir opiniões pessoais que exce-
dam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
Ainda no artigo 473, 
em seus parágrafos primeiro 
e segundo, fica definido que o 
perito deve redigir seu laudo 
pericial utilizando de lingua-
gem clara e acessível, explici-
tando a sua conclusão a res-
peito do objeto da perícia. E outro ponto muito importante é 
que o perito jamais deve ir além da sua designação e emitir 
opiniões pessoais acima do exame técnico realizado, de modo 
que sua função limita-se em bem esclarecer os fatos, por meio 
de respostas aos quesitos, fundamentadas nas informações 
obtidas, nos procedimentos utilizados e na análiseis feitas.
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local 
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter iní-
cio a produção da prova.
Conforme já citado anteriormente e, reforçado por este 
artigo 474, as partes e seus assistentes técnicos devem ser infor-
mados a respeito do local e da data estabelecidos tanto pelo juiz 
como pelo perito, para iniciar a investigação, garantindo o 
direito de acompanhamento da realização da prova pericial.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que 
abranja mais de uma área de conhecimento especializado, 
o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar 
mais de um assistente técnico.
O artigo 475 prevê a possibilidade de nomeação de mais 
de um perito para o caso quando este for complexo e, de 
maneira semelhante as partes poderão indicar mais assistentes 
técnicos.
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1918 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não 
puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá 
conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do 
prazo originalmente fixado.
O previsto neste artigo 476 é muito 
relevante ao perito, visto que lhe garante o 
direito de pedido de prorrogação de prazo 
para conclusão dos trabalhos periciais, 
quando não for possível concluí-lo dentro do 
prazo inicial estabelecido pelo juiz. Desta-
cando-se três pontos importantes: i) o proto-
colo do pedido de postergação do prazo deve ser realizado 
antes de acabar o prazo inicial; ii) o perito pode solicitar pror-
rogação por uma única vez e, iii) o prazo máximo concedido 
pelo juiz na prorrogação, será de metade do prazo inicial, por 
exemplo, se inicialmente foi estabelecido o prazo de 30 dias, a 
prorrogação será de no máximo 15 dias. 
Aqui, destaca-se que o artigo 468 citado anteriormente, 
prevê a substituição do perito que não cumprir o encargo no 
prazo e, ainda outras penalidades aplicáveis, diante disso, é 
fundamental o perito conhecer o previsto neste artigo 476 pois 
lhe dá o direito de prorrogação do prazo, para evitar o descum-
primento do encargo e sanções por isso.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no 
prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da 
audiência de instrução e julgamento.
Neste artigo (477) fica estabelecido que o laudo pericial 
deve ser entregue pelo menos 20 dias antes da audiência, para 
garantir o direito das partes analisarem o documento. Esta 
data é sempre fixada pelo juiz e, quando ele receber pedido de 
prorrogação do prazo para entrega do laudo pericial pelo 
perito, já deve avaliar a necessidade de postergação da audiên-
cia também.
Art. 477. 
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, 
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo 
comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico 
de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu 
respectivo parecer.
Havendo o protocolo de 
entrega do laudo pericial pelo 
perito, as partes serão intima-
das para que acessem o mesmo 
e possam se manifestar a res-
peito e, seus assistentes técni-
cos, podem em 15 dias, apre-
sentar o parecer a respeito do laudo do perito, destacando pontos 
de concordância, discordância e ainda aqueles que pede-se 
esclarecimentos, todos devidamente fundamentados.
Art. 477. 
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 
(quinze) dias, esclarecer ponto:
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qual-
quer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;II - divergente apresentado no parecer do assistente 
técnico da parte.
Ainda no artigo 477, em seu parágrafo segundo é estabe-
lecida a obrigação de esclarecimento que o perito possui, ou 
seja, deve esclarecer as dúvidas a respeito do laudo pericial 
apresentadas pelo juízo e pelas partes. As dúvidas que se deseja 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2120 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
esclarecimento devem ser formuladas por meio de novos que-
sitos. Esse esclarecimento pode ocorrer por escrito ou ainda, 
pode ser solicitado que o perito compareça à audiência para 
explicação verbal.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo 
com o disposto no art. 371, indicando na sentença os 
motivos que o levaram a considerar ou a deixar de consi-
derar as conclusões do laudo, levando em conta o método 
utilizado pelo perito.
Este artigo 479 explicita a forma como a perícia contribui 
para a justa solução do conflito, de modo que o juiz irá analisar 
a prova pericial e tomar sua decisão proferindo a sentença e, 
citando nela o que considerou ou ainda o que desconsiderou da 
prova pericial.
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a reque-
rimento da parte, a realização de nova perícia quando a 
matéria não estiver suficientemente esclarecida.
Quando a prova pericial não for suficiente para esclare-
cer o fato e auxiliar o juiz na decisão sobre o conflito, este pode 
determinar que seja realizada nova perícia, denominada 
“segunda perícia”, que deverá seguir todos os dispositivos 
legais, assim como a primeira perícia.
Art. 480. 
§ 1º A segunda perícia tem por objeto 
os mesmos fatos sobre os quais recaiu a pri-
meira e destina-se a corrigir eventual omis-
são ou inexatidão dos resultados a que esta 
conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições 
estabelecidas para a primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, 
cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
Os parágrafos primeiro, segundo e terceiro do artigo 480 
esclarecem a segunda perícia, determinando que ela deverá ser 
realizada sob o mesmo objeto da primeira perícia, visto que ela 
tem o objetivo de corrigir as falhas da perícia anterior, mas ao 
mesmo tempo não a substitui, devendo o juiz analisar os resul-
tados apresentados pelas duas perícias para proferir a sua deci-
são.
2.3 QUESITOS
Os quesitos são as perguntas, as indagações que são fei-
tas pelo juiz e pelas partes e que dão o limite, indicam o uni-
verso que que o perito deve investigar (MÜLLER; TIMI; HEI-
MOSKI, 2017). 
Os quesitos devem tra-
zer em seu contexto os ques-
tionamentos ou solicitações 
que envolvam as respostas 
necessárias para a solução do 
litígio ou do conflito. Desta 
forma, os “quesitos visam 
receber respostas do perito nomeado de maneira a levar à solu-
ção do litígio” (COSTA, 2017, p.39).
Como citado, estes são elaborados pelas partes sob defe-
rimento do juiz que também poderá elaborar outros que enten-
der necessário ao esclarecimento do caso. Destaca-se a relevân-
cia do assistente técnico da parte, pois este profissional auxiliará 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2322 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
na elaboração de quesitos que sejam importantes à solução do 
conflito (COSTA, 2017).
O responsável por responder os quesitos é sempre o 
perito que foi nomeado ou contratado. Lembrando que o 
perito nomeado é o perito judicial, nomeado por um juiz no 
decorrer de um processo judicial e, perito contratado é o que 
atua em perícias extrajudicial ou arbitral (MÜLLER; TIMI; 
HEIMOSKI, 2017).
Na apresentação do laudo pericial, o perito deve apresen-
tar primeiramente as respostas dos quesitos oficiais, ou seja, os 
elaborados pelo juiz e, na sequência, os das partes, na ordem em 
que forem juntados aos autos. Estas respostas devem ser cir-
cunstanciadas e fundamentadas, não sendo aceitas respostas 
com apenas “sim” ou “não”, ressalvando-se os casos em que 
contemplam especificamente esse tipo de resposta. Desse modo, 
a redação das respostas devem sempre ser bem elaboradas, com 
clareza e sustentadas nos documentos, registros contábeis e 
informações sobtidas durante a perícia, evitando, dúvidas ou 
dupla interpretação em sua leitura (CREPALDI, 2019).
Destaca-se ainda, que “muitas vezes, os quesitos não são 
suficientes para esclarecer, tecnicamente, a demanda, devendo 
então o perito do juízo, em suas conclusões, prestar os esclare-
cimentos adicionais necessários, sem, contudo, extrapolar sua 
pesquisa” (CREPALDI, 2019, p. 190). Apresenta-se um exem-
plo de quesito e resposta.
Os quesitos podem ser do tipo: básicos, suplementares ou 
de esclarecimentos. Os quesitos básicos: são os quesitos for-
mulados, seja pelo juiz, seja pelas partes, ANTES do início das 
diligências, isto é, antes dos trabalhos do perito no desenvolvi-
mento da produção da prova pericial.
Os quesitos suplementares estão previstos no Art. 469 
do CPC, ao citar que “As partes poderão apresentar quesitos 
suplementares DURANTE a diligência, que poderão ser res-
pondidos pelo perito”. Ou seja, durante os trabalhos de produ-
ção da prova pericial podem surgir novos aspectos desconheci-
dos ou não tratados pelas partes quando formularam seus 
quesitos básicos. Com isso, se tem a oportunidade de acrescen-
tar novos quesitos à perícia, sob o deferimento do juiz. Para 
isso, é notória a relevância do assistente técnico em acompa-
nhar andamento dos trabalhos periciais e perceber a necessi-
dade de maiores esclarecimentos e, solicitá-los mediante os 
quesitos suplementares.
Neste aspecto, á valido considerar que os quesitos suple-
mentares “acarretam trabalho adicional, pois não estão previs-
tos no pedido inicial. Devido a esse aumento de trabalho, o 
perito pode requerer acréscimo no valor do honorário (CRE-
PALDI, 2019, p.193). 
Após concluída a perícia, já não se pode mais apresentar 
quesitos suplementares, devido ao encerramento dos trabalhos 
periciais. Entretanto, as dúvidas que ainda existirem, podem 
ser esclarecidas mediante os quesitos de esclarecimento que 
estão previstos no artigo 477 do CPC, em seu § 2º que cita “O 
perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 dias, esclarecer 
ponto: I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer 
das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público; II - 
divergente apresentado no parecer do assistente técnico da 
parte.”
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2524 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
Além disso, no § 3º do referido artigo (477) dispõe que “Se 
ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá 
ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a 
comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, 
desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. Desta forma, as 
dúvidas a respeito do conteúdo do laudo pericial devem ser 
esclarecidas pelo perito, seja por escrito seja de maneira verbal 
na audiência, conforme determinado pelo juízo.
Pode-se sintetizar então que:
Apresenta-se a seguir alguns exemplos de quesitos rela-
cionados à conflitos contábeis e financeiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta WebAula, e aqui abordamos as 
características e aspectos da perícia como meio de prova, além 
de aprofundar as reflexões a respeito dos principais artigos dis-
postos no Código de Processo Civil no que tange ritos e prazos 
que devem ser observados pelo profissional no encargo da ati-
vidade pericial. Por fim, discutimos a respeito dos tipos de 
quesitos e sua relevância para o laudo perícial.
Espero que tenham gostado.
Até o nosso próximo encontro!Quesitos elaborados em um pro-
cesso envolvendo empréstimos e 
financiamentos para pessoa jurí-
dica.
Quesitos elaborados em um pro-
cesso envolvendo questionamen-
tos sobre pagamentos de impos-
tos.
Quesitos elaborados em um pro-
cesso envolvendo INSS sobre 
obras de engenharia na constru-
ção de unidades comerciais.
Quesitos elaborados em um pro-
cesso envolvendo auto de infra-
ção da Secretaria da Receita 
Federal.
Ao senhor perito, solicitamoscaracterizar o crédito indicando 
o valor, o prazo, a forma de paga-
mento, a data de vencimento e os 
juros contratados.
Identifique o senhor perito, com-
parando as datas de competência e 
as guias acostadas nos autos (bem 
como o cômputo de eventuais 
acréscimos), se os supostos débitos 
arrolados na inicial foram pagos.
Queira o senhor perito relatar se 
foi efetuado o cálculo da mão de 
obra empregada em conformi-
dade com o § 4o do artigo 33 da 
Lei no 8.212/91.
Compulsando os autos, pode o 
perito informar se a autora estava 
autorizada mediante decisão 
judicial a compensar prejuízos 
fiscais acumulados independen-
temente da limitação prevista no 
artigo 42 da Lei no 8.981/95?
Conflito Quesito
Referências
BRASIL, Código Civil. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 
2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm 
PROVA PERICIAL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2726 PRÁTICAS DE PERÍCIA E ATUÁRIA 
BRASIL, Código de Processo Civil (CPC). Lei nº 13.105 
de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13105.htm 
CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Norma 
Brasileira de Contabilidade Técnica da Perícia Contábil - NCB 
TP 01, de 19 de março de 2020b. Disponível em: https://
www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01(R1).pdf 
COSTA, João Carlos Dias da. Perícia contábil: aplicação 
prática. São Paulo: Atlas, 2017.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Manual de perícia contá-
bil. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
MÜLLER, Aderbal Nicolas; TIMI, Sônia Regina Ribas; 
HEIMOSKI, Vanya Trevisan Marcon. Perícia contábil. São 
Paulo: Saraiva, 2017
Imagens: Banco institucional Shutterstock e Adobe Stock.

Continue navegando