Buscar

pericia_contabil_e_arbitragem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Perícia Contábil e Arbitragem
AUREA LOPES DA SILVA PAES
1ª Edição
Brasília/DF - 2019
Autora
Aurea Lopes da Silva Paes
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução ..............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1 
Perícia Contábil ..............................................................................................................................................................9
Capítulo 2
Normas e Legislação.................................................................................................................................................. 17
Capítulo 3
Perito Contábil ............................................................................................................................................................. 24
Capítulo 4
Planejamento: Quesitos, Diligências e Honorários ......................................................................................... 38
Capítulo 5
Elaboração do Laudo Pericial e do Parecer Técnico ....................................................................................... 47
Capítulo 6
Arbitragem .................................................................................................................................................................... 57
Referências .......................................................................................................................................................................... 62
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
5
ORgANIzAçãO DO LIvRO DIDáTICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Olá, pessoal! É com enorme alegria que iniciaremos este semestre juntos. Meu nome é 
Aurea Paes e sou professora do Curso de Ciências Contábeis da Unyleya. Seja bem-vindo 
à disciplina de Perícia Contábil e Arbitragem.
Além de lecionar esta disciplina na Unyleya, também sou professora do ensino superior 
no Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam) e professora de pós-graduação em 
diversas instituições de ensino superior do Rio de Janeiro. Sou sócia-diretora da empresa 
ALopes Assessoria e Treinamento Contábil, ministrando cursos e treinamentos diversos, 
além de trabalhar como perita contadora judicial (Tribunal Regional - RJ) e com Assessoria, 
Consultoria e Auditoria Contábil. Sou mestre em Ciências Contábeis pela Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pós-graduada em Perícia Contábil com ênfase em 
Metodologia do Ensino Superior pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e em 
Docência on-line: Tutoria em EaD pelo Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam). 
Para que possamos entender o que é uma perícia, precisamos saber que: a) divergências 
de opiniões são inerentes à condição humana; b) as implicações dos relacionamentos 
sugerem contrariedades e conflitos de interesses dentro das mais variadas esferas, como 
a contábil; c) dentro desta disputa, nem sempre amigável, uma das partes poderá não se 
sentir plenamente satisfeita com os resultados obtidos, necessitando de um intermediário 
que o auxilie na melhor tomada de decisão; d) este intermediário poderá ser um juiz, 
em litígios judiciais, um árbitro, em litígios extrajudiciais, ou qualquer outra pessoa que 
consiga mediar ou conciliar o conflito. 
Nesse contexto, nem sempre o intermediário terá o domínio de todas as técnicas específicas 
em cada esfera do litígio. Um juiz, por exemplo, é um profissional do Direito, que não 
entende de Contabilidade. Mas, para que ele consiga tomar a melhor decisão, necessitará 
do auxílio de um profissional específico, um perito. A esse perito são imputados deveres 
e responsabilidades, e ele, assim como o juiz, deverá exercer o seu trabalho com total 
imparcialidade e isenção. 
Iniciaremos este Livro Didático apresentando a técnica da perícia contábil, entendendo 
seu conceito, organização, planejamento e utilização. Em seguida, apresentaremos a 
normatização e a legislação pertinente ao assunto, focando nas Normas Brasileiras de 
Contabilidade e no Novo Código de Processo Civil. E, ainda, abordaremos o assunto perito 
contábil, no qual identificaremos o perfil desejado, a habilitação, suas competências, 
habilidades e os motivos de impedimentos e suspeições. 
7
Além disso, e dentro do planejamento de uma perícia, trataremos de alguns assuntos bem 
específicos como: quesitos, diligências e honorários. As formas de elaboração de um laudo 
pericial (perícia judicial) ou de um parecer pericial (perícia extrajudicial) serão tratadas em 
nosso capítulo 5, no qual veremos os principais erros em sua elaboração. Finalizaremos com 
a perícia arbitral, o seu conceito e a sua utilização na perícia extrajudicial. 
Resumindo: este Livro Didático foi escrito para fornecer conceitos da perícia contábil e 
explicar a forma de atuação do perito contador como uma testemunha técnica em litígios 
judiciais e extrajudiciais, auxiliando, desta forma, na solução dos inúmeros conflitos. 
Objetivos
 » Apresentar os fundamentos gerais para o aluno que deseja ingressar no ramo da 
perícia e/ou arbitragem.
 » Expor as principais diferenças entre o que estabelecem as Normas Brasileiras de 
Contabilidade (NBC) e o Novo Código de Processo Civil (NCPC) sobre a atividade 
pericial e o papel do perito.
 » Salientar o importante papel do profissional dentro da atividade pericial.
 » Preparar o aluno para a confecção de um termo de diligência e de uma proposta de 
honorários, de acordo com as sugestões do Conselho Federal de Contabilidade.
 » Capacitar os alunos a elaborar laudos e pareceres em observância às Normas Técnicas 
e funcionais da PeríciaContábil.
8
9
Introdução 
Neste primeiro capítulo trataremos da perícia contábil e da sua utilização como prova 
para a tomada de decisão dentro da esfera judicial e/ou extrajudicial. Segundo Braga 
(2003), é de suma importância que se busque uma opinião válida sobre a ciência 
contábil, identificando situações, fatos ou regularidades/irregularidades, sempre que 
há divergências de opiniões. Esta opinião só deve ser exposta após a realização dos 
procedimentos técnicos à disposição dos peritos, como os exames, as vistorias, as 
investigações etc. 
Após, realizaremos um breve histórico da evolução da perícia contábil, discutindo seus 
conceitos, sua organização, planejamento e usuários.
Objetivos 
 » Identificar os tipos de provas existentes, segundo o NCPC, dentre elas a prova 
pericial.
 » Entender o conceito de perícia contábil, sua organização, planejamento e usuários.
 » Conhecer a importância da perícia contábil na tomada de decisão dentro das 
esferas judicial e/ou extrajudicial.
Contextualização
As empresas estão sempre tomando decisões baseadas em informações geradas 
pela Contabilidade. E, devido à complexidade dos seus relatórios e ao fato de que, 
normalmente, quem toma as decisões nem sempre domina os assuntos inerentes à 
profissão, é importante que esses informes retratem fielmente a realidade dos fatos. 
1CAPÍTULOPERÍCIA CONTáBIL
10
CAPÍTULO 1 • PERÍCIA CONTáBIL
Mas, quando esses dados não são precisos, as decisões poderão levar a resultados 
distorcidos, trazendo perdas para os seus usuários, 
[...] como os bancos, que são os principais financiadores dos negócios; 
os fornecedores, que entregarão suas mercadorias em troca de um 
recebimento futuro; e o governo, que receberá parte do lucro das 
empresas em forma de tributos; entre outros (PAES, 2019, p. 18). 
Dentro do âmbito da perícia, todos aqueles que desejam uma informação técnica 
para a solução de controvérsias judiciais ou extrajudiciais, buscam um profissional 
especializado, o perito, que, de forma clara e precisa, deve atender às necessidades de 
todos os envolvidos (MURRO; BEUREN, 2016).
Para Carvalho e Marques (2005), a perícia também é importante para a sociedade, pois 
contribui para a solução de litígios judiciais, atendendo o juiz ou as partes (autor e réu).
E, antes de entrarmos no assunto “perícia”, vamos conhecer um pouco sobre os tipos de 
provas que existem e que buscam subsidiar a tomada de decisão. 
As provas e a prova pericial
A palavra prova deriva do latim proba, de probare, e significa demonstrar ou reconhecer 
algo. No sentido jurídico, as provas demonstram a existência daquilo que se alega ou 
daquilo que se contesta.
O art. 369 da Lei no 13.105, de 2015 (NCPC), esclarece que, para se provar algo, as partes 
de um processo (autor e réu) têm o direito de utilizar todos os meios legais, desde que 
moralmente legítimos, para convencer o juiz antes que ele tome sua decisão.
Cabe ao juiz determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito ou indeferir aquelas 
que considerar inúteis ou que têm como intuito protelar o processo. 
São provas, de acordo com o NCPC:
 » depoimento pessoal: determinado pelo juiz ou a pedido da parte contrária, é o ato pelo 
qual as partes comparecem em juízo para serem ouvidas pelo juiz;
 » confissão: é a admissão, em juízo, da verdade de um fato que beneficia a parte contrária;
 » exibição de documento ou coisa: é a ordem judicial emanada pelo juiz, para que a parte 
exiba documento ou coisa sob a sua guarda;
 » prova documental: são todos os documentos que compõem o processo, os quais devem 
acompanhar a inicial e a contestação; 
11
PERÍCIA CONTáBIL • CAPÍTULO 1
 » prova testemunhal: consiste na apresentação de testemunhas para serem ouvidas 
em juízo, para fim de complementação de prova anteriormente produzida, ou a ser 
produzida em audiência;
 » prova pericial: são as provas produzidas por meio de exame, vistoria ou avaliação 
efetivada por perito técnico, que pode ser acompanhado por assistentes nomeados 
pelas partes;
 » inspeção judicial: ato pelo qual o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, 
em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de esclarecer 
fato que interesse à decisão da causa.
Segundo Oliveira (2012, p. 5), “a prova pericial tem destaque especial em nosso 
ordenamento jurídico denotando sua importância para o deslinde de controvérsias que 
exigem um conhecimento técnico especializado”. E em função disso, é fundamental que 
estes laudos estejam pautados com informações técnicas condizentes com a realidade 
dos fatos, uma vez que o magistrado utilizará a prova pericial para tomar sua decisão, 
diminuindo, desta forma, discussões e dúvidas nos processos judiciais.
Os docentes ouvidos na pesquisa de Paes (2019) esclarecem que a relevância da prova 
pericial faz dela a prova mais científica e, portanto, a mais importante entre todas as outras.
Para os magistrados ouvidos na mesma pesquisa, todas as provas são analisadas dentro de 
um processo, mas a prova pericial corrobora as outras provas, pois atesta uma realidade fática 
que estava encoberta ou mal explicada.
Breve histórico da evolução da perícia
A partir das civilizações mais antigas, a perícia aparece em registros de provas que, em função 
da evolução do conhecimento, se transformou em tecnologia (SÁ, 2000). 
O Quadro 1 demonstra esta evolução através dos tempos, de acordo com Alberto Filho (2011), 
Sá (2000), Alberto (2012) e Cabral (2003).
Quadro 1. Evolução histórica da perícia.
ERA Evolução histórica da perícia
Início da civilização
A perícia existe desde os mais remotos tempos da humanidade, no início do 
processo civilizatório, com a subordinação exclusiva das leis divinas, em que a 
violação impunha o flagelo. Porém, inexistia a averiguação do fato.
Antiguidade As provas eram colhidas pelo rei, que assumia a função do magistrado, sem a interveniência de qualquer especialista técnico.
grécia antiga
Utilização de especialistas em determinados campos para proceder à verificação 
e ao exame de determinadas matérias. Havia peritos agrimensores, exímios 
conhecedores de geometria.
12
CAPÍTULO 1 • PERÍCIA CONTáBIL
ERA Evolução histórica da perícia
Sumérios-babilônios Primeiras manifestações de verificações sobre a verdade dos fatos, buscada por meios contábeis.
Egito
Surgem os primeiros vestígios da perícia: quando um súdito era despojado de sua 
terra, por alagamento, inspetores eram enviados com o intuito de medir a área 
diminuída e a respectiva diminuição do tributo equivalente.
Pérsia
Estabelecimento de fundamentos da organização imperial, com um sistema de 
fiscalização, a inspeção in loco das províncias, com os inspetores-fiscais, que tinham 
por missão avaliar e arbitrar.
Roma
A perícia passa a ser qualificada como meio de prova judiciária, onde o rei ditava, 
de modo absoluto, a justiça. Definições mais claras e objetivas da figura do perito, 
embora não dissociada da do árbitro, quando a decisão de uma questão dependia 
da apreciação técnica de um fato. Começo do exame ocular de pessoas e coisas 
como meios de prova judiciária.
Era Cristã Aparece mais comumente a figura do perito, onde o juiz passa a ser um funcionário do Estado.
Índia milenar
Surgimento da “figura do árbitro”, eleito pelas partes, que, na verdade, era perito e 
juiz ao mesmo tempo, com a verificação direta dos fatos, o exame do estado das 
coisas e lugares, e também a decisão “judicial” a ser homologada pelo que detinha 
o poder real.
Papiro Abbot
Documento que corresponde a um autêntico laudo médico, elaborado por Caio 
Minúcio valeriano, a propósito de ferimentos na cabeça, produzidos por um 
indivíduo chamado Mysthorion.
Idade Média Época dos fanatismos religiosos, com a Inquisição Romana e as decisões de controvérsias impondo o duelo, como comprovação da verdade.
Direito Canônico
Ressurgimento do Direito romano. Não havia foro para discussão dos fatos da 
causa, onde a investigação da verdade e a prova eram desprezadas,prevalecendo o 
juízo do árbitro com fundamento em dogmas religiosos. Reaparecem os primeiros 
vestígios da perícia. 
Ordenações Afonsinas Admissão da prova por arbitramento, onde os arbitradores eram chamados de Fiéis.
Ordenações Manuelinas Regulamentação da prova por arbitramento.
Ordenações Filipinas Foram fonte de inspiração à legislação brasileira.
Direito Lusitano A perícia já estava prevista no Direito lusitano.
Direito Francês
Foi dado mais ênfase à prova pericial, determinando que as hipóteses de 
causas relativas ao valor das coisas fossem decididas por peritos e não só por 
testemunhas.
Brasil-Colônia A função contábil e das pericias já era relevante, evidenciado no Relatório de 19 de junho do vice-rei Marquês do Lavradio.
Regulamento 737, Brasileiro
O Processo Comercial continha dispositivos sobre a escolha do perito, juramento, 
suspeição, consulta mútua entre os peritos, além da possibilidade de laudos 
divergentes, podendo o juiz determinar novas diligências. Extrajudicialmente se 
esvaiu o caráter dinâmico, de modo que o resultado anteriormente obtido passou a 
ser uma opinião técnica.
Texto Código Comercial Brasileiro
Art. 189 estabelecia que o arbitramento aconteceria em casos expressos ou 
quando o fato do qual depende a decisão final carecesse de informação ou 
avaliação dos homens da arte ou peritos.
Código de Processo Civil Normatização da prova pericial.
Código de Processo Civil Também chamado de Código Buzaid, foi a lei que regulamentou o processo judicial civil brasileiro até sua revogação em 2016.
Direito Canônico Promulgado pelo Papa João Paulo II, consagrava um capítulo aos peritos.
Fonte: Elaboração da autora. Adaptado de Paes (2019, pp. 31-33).
Sá (2000) identi f ica a pr imeira menção da contabi l idade e da perícia, já no 
Brasi l -Colônia, através do Relatór io de 19 de junho de 1779 do V ice-Rei do 
Lavradio. As publicações mais relevantes sobre o assunto só aparecem a part ir 
do início do século XX (KNACKFUSS, 2010) .
13
PERÍCIA CONTáBIL • CAPÍTULO 1
Conceito de Perícia
A expressão perícia vem do latim peritia e significa conhecimento, habilidade, saber. 
De forma objetiva, é a realização de trabalhos específicos, feitos de forma técnica e 
profunda, através de profissionais devidamente habilitados [os peritos]. De forma ampla, 
é o procedimento especial que constata a existência ou não de situações, coisas ou fatos. 
Perícia, portanto, é o trabalho específico e especializado desenvolvido com a finalidade 
primeira de obter prova ou opinião fundamentada que fornecerá subsídios para se 
julgar um fato ou elucidar um conflito de interesses existente entre as pessoas físicas 
e/ou jurídicas.
Alberto Filho (2011, p. 20) define perícia como “[...] a diligência realizada, como meio de 
prova, por pessoa ou pessoas físicas, com a finalidade de apurar tecnicamente um fato, com 
o precípuo escopo de instrução de um procedimento”.
Para Sá (2000, p. 13), “a perícia contábil é uma tecnologia porque é a aplicação dos 
conhecimentos científicos da contabilidade”.
Já Alberto (2012, p. 3) identifica a perícia como “um instrumento especial de constatação, 
prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos”.
Cabral (2003) entende que perícia significa a investigação, o exame e a verificação da 
verdade dos fatos. Essas investigações devem ser realizadas pelos peritos, que são os 
conhecedores técnicos dos fatos. 
O fato é que, em razão da sua importância, identificar a qualidade e a relevância da 
perícia é fator fundamental para a geração de uma informação clara, concisa, simples 
e objetiva.
Forma de atuação
Dentro da perícia contábil, e de acordo com o CFC (2015), Norma Brasileira de Contabilidade 
– Técnica Pericial 01 (NBC TP 01), existem duas formas de atuação pericial: a judicial 
e a extrajudicial. 
No âmbito extrajudicial, o perito contador pode atuar sob o controle da lei da 
arbitragem (perícia arbitral), sob o controle de órgãos de Estado (perícia oficial e 
estatal) ou contratado espontaneamente pelos interessados (perícia voluntária). 
14
CAPÍTULO 1 • PERÍCIA CONTáBIL
Na esfera judicial, o perito atua auxiliando os juízes, que são os responsáveis pela solução 
dos inúmeros litígios judiciais envolvendo as mais variadas áreas, como a contábil. 
Planejamento e procedimentos técnicos na perícia contábil
De acordo com Aguiar (2011, p. 6), “identificar o objeto da perícia e definir o escopo e os 
procedimentos do trabalho a ser executado na busca da prova pericial” é fundamental para 
a execução de um bom trabalho. 
Para a NBC TP 01 (CFC, 2015), para que o perito aplique de maneira correta esses 
procedimentos, ele deve estabelecer uma boa metodologia de trabalho que se chama 
planejamento. 
O planejamento antecede todo o trabalho pericial e, a fim de evitar arbitramentos 
desnecessários por parte do juiz, deve contemplar:
 » o conhecimento do objeto e finalidade da perícia;
 » o conhecimento da natureza e extensão dos procedimentos que deverão ser aplicados; 
 » o estabelecimento de condições para a execução do trabalho no prazo; 
 » a identificação de potenciais problemas e riscos no andamento da perícia; 
 » a identificação de fatos importantes para a solução do trabalho; 
 » a identificação da legislação aplicável; 
 » o estabelecimento da divisão das tarefas entre os membros da equipe; 
 » a facilitação para a execução e a revisão dos trabalhos.
Para tornar o trabalho pericial mais técnico e seguro, os profissionais devem observar e 
aplicar de forma correta os procedimentos técnicos destacados pelo CFC (2015), que estão 
discriminados a seguir:
 » Exame: é a análise de livros, registros de transações e documentos.
 » Vistoria: é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa 
ou fato, de forma circunstancial.
 » Indagação: é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do 
objeto ou de fato relacionado à perícia.
 » Investigação: é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer 
técnico-contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.
15
PERÍCIA CONTáBIL • CAPÍTULO 1
 » Arbitramento: é a determinação de valores, quantidades ou a solução de 
controvérsia por critério técnico-científico.
 » Mensuração: é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, 
direitos e obrigações.
 » Avaliação: é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, 
despesas e receitas.
 » Certificação: é o ato de atestar a informação trazida ao laudo ou ao parecer 
pelo perito.
Para Aguiar, Cabral e Silva (2006, p. 6), um bom planejamento corresponde a ter 
a) Pleno conhecimento do processo, se for judicial, e o direcionamento 
dos objetivos. b) Conhecimento de todos os fatos que motivam a perícia, 
inclusive a identificação do local de sua realização. c) Levantamento 
prévio dos recursos disponíveis para o exame. d) Do prazo de execução das 
atividades para entregar o laudo ou parecer. e) Acessibilidade aos dados, 
através de diligências. f ) Conhecer os peritos assistentes. g) Verificação da 
relevância e do valor da causa. h) Verificação do planejamento das horas 
despendidas para a execução do trabalho pericial.
Além disso, sua correta observação fundamenta o laudo pericial contábil e o parecer 
ténico-contábil, tornando o trabalho pericial mais técnico e seguro.
Usuários da perícia contábil
Como regra geral, os usuários da perícia contábil são os mesmos da Contabilidade, sendo 
os mais comuns: 
 » juízes das diversas varas em que divide a Justiça brasileira;
 » litigantes em processos judiciais;
 » litigantes em processos de juízo arbitral;
 » Governo, empresários, sócios e administradores em casos de perícia extrajudicial.
Sua utilidade para toda a sociedade vem da presteza das informações sobre o patrimônio das 
entidades físicas e jurídicas, na forma de relatórios, chamado laudo pericial.
Sua aplicabilidade é para todos os interessados que não conhecema ciência contábil.
Pires (2005), constata que 80% dos trabalhos periciais foram utilizados na tomada de 
decisão dos juízes, principais usuários da perícia, indicando que isso foi o elemento 
de convencimento deles. Isso nos leva à percepção da importância desse importante 
relatório contábil na carreira do contador. 
16
CAPÍTULO 1 • PERÍCIA CONTáBIL
Na pesquisa de Paes (2019), a sentença proferida pelos magistrados se baseia em 100% 
do que foi apresentado pelo perito contador em seu trabalho, para cinco dos seis juízes 
entrevistados. Para um magistrado “Chegou [o laudo pericial], eu bato o martelo! Não 
questiono. É aquilo e acabou”. Para outro “o resultado do trabalho dele é o resultado da 
[minha] sentença, não tem como fugir disso”. 
E para que isso seja possível, o trabalho pericial deve ser claro, conclusivo e objetivo, 
refletindo uma necessidade: palavras técnicas; rebuscadas e dúbias não ajudam na decisão 
judicial pois, ao invés de esclarecerem quaisquer fatos, acabam atrapalhando ainda mais 
a análise feita pelo magistrado. 
No próximo capítulo trataremos das áreas de abrangência da perícia contábil, assim 
como o que diz a NBC e o NCPC sobre a perícia. 
Importante
O aluno deve entender que os assuntos tratados no NCPC referem-se às normas processuais cíveis dentro de um 
contexto geral. A prova pericial mencionada abrange todas as especializações técnicas e não somente a perícia 
contábil.
E que os assuntos tratados nas NBC abrangem somente a perícia contábil.
Observe a lei
Para melhor entendimento do assunto, e de todos os requisitos legais que envolvem as provas, faz-se necessária a 
leitura dos arts, 369 ao 484 do NCPC. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/
L13105.htm.
Sintetizando
Vimos neste capítulo:
 » As provas e a prova pericial.
 » Breve histórico da evolução da perícia.
 » Conceito de perícia.
 » Forma de atuação.
 » Planejamento e procedimentos técnicos na perícia contábil.
 » Usuários da perícia contábil.
17
Introdução 
Dando continuidade ao assunto, no segundo capítulo falaremos sobre a área de 
abrangência da atividade pericial contábil. Diversos autores destacam a sua utilização 
como instrumento de decisão. Neste capítulo, abordaremos alguns destes autores, assim 
como seus trabalhos. 
E como embasamento técnico e legal, trabalharemos os principais aspectos das NBCs 
específicas da disciplina e a legislação aplicada à perícia (NCPC), identificando suas 
divergências. 
Objetivos 
 » Identificar as áreas de abrangência da atividade pericial.
 » Conhecer a Norma Brasileira de Contabilidade que norteia a perícia contábil.
 » Conhecer o Novo Código de Processo Civil e suas particularidades referentes à 
prova pericial.
 » Identificar as divergências entre as NBCs e o NCPC.
Contextualização
Diversas são as áreas em que a Contabilidade se faz necessária no processo de tomada de 
decisão: da área penal à trabalhista; da cívil à empresarial; da federal à área de família. 
Dentro da técnica pericial, o CFC estabelece regras e procedimentos para o desempenho 
profissional através da NBC TP 01, e que traz algumas divergências, quando comparada 
com o NCPC. 
2CAPÍTULONORMAS E LEgISLAçãO
18
CAPÍTULO 2 • NORMAS E LEgISLAçãO
áreas de abrangência da perícia contábil
Muitos são os autores que destacam a utilização da perícia contábil como instrumento de 
decisão em várias esferas, como:
 » em processos penais/criminais; 
 » para o deslinde de questões de cartões de crédito relativamente à capitalização de juros 
etc.;
 » em processos cíveis de operações com cheque especial;
 » em processos administrativos oriundos do Ministério Público;
 » quando a matéria discutida for de natureza trabalhista; 
 » em assuntos que versem sobre avaliação de sociedades e apuração de haveres; 
 » em processos de falências e recuperação de empresas; 
 » no âmbito tributário; 
 » sobre matéria patrimonial; 
 » em contratos de financiamento; 
 » no combate a fraudes e erros na contabilidade das empresas; 
 » na contabilidade ambiental; 
 » em ações no sistema financeiro de habitação; 
 » em revisão de contratos; 
 » em assuntos sobre a desoneração da folha de pagamento; 
 » no combate ao crime organizado; 
 » em ações de lucros cessantes; 
 » de apropriação indébita previdenciária; 
 » nos processos de recuperação judicial; 
 » em processos de licitação na Administração Pública; 
 » em perícias atuariais etc.
Em pesquisa mais recente, Paes (2019), identifica que a área cívil costuma buscar 
profissionais para a prestação de contas, cobrança de condomínio, indenização por 
dano moral, dano material, questão de cartão de crédito e questões de financiamento 
de imóvel. 
19
NORMAS E LEgISLAçãO • CAPÍTULO 2
Nas varas empresariais, as perícias são solicitadas para disputas societárias, disputa de 
marcas e patentes, contratos marítimos, recuperações judiciais e falências. 
Nas varas federais, normalmente são processos de sistema financeiro de habitação, 
execução de título judicial e extrajudicial e tributária.
As normas periciais
As NBCs são importantes instrumentos norteadores para o exercício da profissão contábil. 
Para Koliver (2006), grande parte das atividades desenvolvidas pelo profissional contábil 
já está normatizada, o que demonstra o cuidado do CFC no que se refere à contínua 
expansão do sistema de normas a partir de 1992, quando a disciplina passou a ser 
obrigatória no ensino da Contabilidade, por meio da Resolução CFE no 3/1992.
O Quadro 2 demonstra a evolução histórica das normas técnicas (NBC T) emanadas pelo 
CFC desde 1992.
Quadro 2. Evolução histórica das NBCTs emanadas pelo CFC.
1992/000731 – NBC T 13 Perícia Contábil DOU de 5/11/1992
1999/000858 – NBC T 13 Perícia Contábil DOU de 29/10/1999
2002/000940 – NBC T 13 - IT 3 Assinatura em conjunto DOU de 11/6/2002
2002/000939 – NBC T 13 - IT 2 Laudo e parecer de leigos DOU de 11/6/2002
2002/000938 – NBC T 13 - IT 1 Termo de diligência DOU de 11/6/2002
2003/000978 – NBC T 13 - IT 4 Laudo Pericial Contábil DOU de 1/10/2003
2003/000985 – NBC T 13.7 Parecer Pericial Contábil DOU de 28/11/2003
2005/001041 – NBC T 13.6 Laudo Pericial Contábil DOU de 22/9/2005
2005/001021 – NBC T 13.2 Planejamento da Perícia DOU de 22/4/2005
2009/001243 – NBC TP 01 Perícia Contábil DOU de 18/12/2009
NBC TP 01 Perícia Contábil DOU de 19/3/2015
Fonte: Adaptado de Conselho Federal de Contabilidade , (2019).
Hoje encontramos em vigor a NBC TP 01, cujo objetivo é estabelecer regras e 
procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito e contém, além dos 
objetivos principais: regras para a execução da perícia; procedimentos técnicos que 
podem ser adotados pelo perito; planejamento e cronograma de trabalho; estruturas 
do termo de diligência, do laudo e do parecer pericial contábil; além de diversos 
modelos de documentos que podem ser utilizados no desempenho do trabalho. 
Na execução da perícia são estabelecidos os procedimentos que deverão ser adotados 
pelo perito tão logo ele seja intimado para dar início aos trabalhos periciais. 
20
CAPÍTULO 2 • NORMAS E LEgISLAçãO
Dentro da execução, alguns itens merecem destaque, tais como:
 » comunicar às partes e aos assistentes técnicos a data e o local de início dos 
trabalhos;
 » zelar pela guarda do processo enquanto estiver de posse dele;
 » ater-se ao objeto e tempo da perícia a ser realizada;
 » solicitar por escrito todos os documentos relacionados à perícia, mediante termo 
de diligência;
 » comunicar ao juízo quando houver recusa no atendimento do termo de diligência;
 » utilizar todos os meios que a lei e as normas lhe facultam, com o intuito de instruir o 
laudo pericial;
 » manter registro de todas as diligências efetuadas, assim como nomes e todos os dados 
examinados e arrecadados;
 » supervisionar a execução da perícia quando ela utilizar equipe técnica, assumindo a 
responsabilidade pelos trabalhos;
 » documentar todos os elementos relevantes que deram suporte à conclusãodo 
laudo pericial.
Ao perito-assistente é facultado os mesmos procedimentos. Além disso, ele também 
pode requerer todas as informações sobre o processo para melhor acompanhar os atos 
processuais.
Observar as normas brasileiras faz parte do trabalho de todos os peritos contadores 
atuantes. Para Paes (2019, p. 128), “quanto mais distantes elas ficarem do mercado 
de trabalho, mais dificuldades os peritos encontrarão para desempenhar a atividade 
pericial”, daí a necessidade de elas estarem em constante revisão.
O Código de Processo Civil
O NCPC entrou em vigor a partir da Lei no 13.105, em 2015, e estabelece, em seu 
art. 464, que o juiz poderá indeferir a produção da prova pericial quando achar que 
ela é desnecessária, em comparação com outras provas que já foram produzidas 
dentro do processo; quando entender que a prova não depende de conhecimento 
técnico especial do perito; ou quando a sua verificação for impraticável.
21
NORMAS E LEgISLAçãO • CAPÍTULO 2
A partir da nomeação do perito, as partes terão 15 dias para:
 » apresentar seus assistentes técnicos, se quiserem; 
 » apresentar seus quesitos; e 
 » questionar se há algum impedimento ou suspeição do perito. 
Ao perito cabe apresentar, em cinco dias:
 » sua proposta de honorários; 
 » seu currículo e comprovação de especialização; e 
 » todos os contatos profissionais, inclusive e-mail. 
Podemos observar que o novo CPC também trouxe algumas novidades para o campo da 
perícia, tais como:
 » Perícia consensual: o perito consensual é aquele escolhido de comum acordo 
entre as partes, ao invés de nomeado pelo juiz; deve ser especialista na matéria 
em litígio; e deve estar inscrito no cadastro do tribunal onde atuará. De acordo 
com Paes (2019, p. 131), “é difícil falar em consenso num ambiente onde existe um 
litígio em andamento e em que a prova pericial se faz necessária para elucidar os 
fatos controversos”.
 » Conciliação e mediação: aparecem como métodos alternativos de solução de 
conflitos que antecede o processo judicial, buscando trazer mais celeridade às 
demandas, trocando a cultura do litígio pela cultura da pacificação social. 
 » Prova técnica simplificada: indicada quando o ponto controvertido for de menor 
complexidade, substituindo a perícia normal. Segundo o novo CPC, o perito 
poderá utilizar recursos tecnológicos de transmissão de sons e imagens durante 
sua inquirição. 
Assim como as normas brasileiras, os peritos atuantes devem observar todos os preceitos 
legais em seu dia a dia, entre eles o NCPC, a CLT, a Constituição Federal, entre outros. 
Na análise do NCPC, o perito deve se ater aos prazos, às responsabilidades, às 
diligências e aos honorários periciais. Ele também estabelece a forma como o 
relatório final – laudo pericial – deve ser redigido, conforme art. 473.
Segundo Paes (2019, p. 126), 
observar as NBCs, o NCPC e os demais instrumentos legais devem fazer 
parte da rotina de trabalho de todos os peritos contadores, uma vez que a 
legislação, seja ela municipal, estadual ou federal é uma importante aliada 
22
CAPÍTULO 2 • NORMAS E LEgISLAçãO
no trabalho pericial e deve ser utilizada como uma fonte permanente de 
pesquisa. 
Ao comparar as NBCs e o NCPC, podemos encontrar algumas inconsistências entre elas, 
que podem ocasionar dificuldades na prática da atividade pericial. 
E uma vez que a última norma está em vigor desde 15 de janeiro de 2015, antes de vigorar 
o NCPC, percebe-se que ela deve ser revista urgentemente. 
Divergências entre as NBCs e o novo CPC
Para melhor adequação, é necessário analisar as principais divergências encontradas entre 
a norma pericial e o NCPC, em que se destaca:
Procedimentos técnicos: 
 » a norma estabelece oito procedimentos técnicos, já estudados em nosso 
primeiro capítulo (exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, 
mensuração, avaliação e certificação); 
 » o novo CPC estabelece apenas três (exame, vistoria ou avaliação).
Nome do perito que assiste as partes: 
 » a norma o chama de perito-assistente; 
 » o novo CPC de assistente técnico.
Impedimentos e suspeição do perito: 
 » a norma estabelece que ambos, o perito e o perito-assistente, podem sofrer 
impedimentos e suspeições, de acordo com as situações que impeçam o trabalho 
com independência; 
 » o novo CPC estabelece que apenas o perito pode sofrer impedimentos e que o 
assistente técnico não.
Observe a lei
Os artigos que tratam da prova pericial no NCPC: 464 a 480 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm.
NBC TP 01. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf.
23
NORMAS E LEgISLAçãO • CAPÍTULO 2
No próximo capítulo analisaremos o perfil, as habilidades e as competências que o perito 
contador deve ter para o exercício profissional, além dos seus direitos, deveres, impedimentos 
e suspeições. Trataremos, também, da sua habilitação profissional.
Posicionamento do autor
 » O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) já está em processo de reformulação das normas periciais. Algumas 
comissões, formadas com este propósito, já estão debatendo as divergências encontradas entre as normas e o 
NCPC.
 » A criação de câmaras de conciliação e mediação enseja uma nova capacitação que nem todos os peritos terão 
interesse em adquirir. 
 » O NCPC não estabelece quem identificará o que é de maior ou menor complexidade para a prática da prova 
técnica simplificada. Entende-se que o juiz não tem os conhecimentos técnicos necessários para estabelecer este 
parâmetro.
Sintetizando
Vimos neste capítulo:
 » O campo de atuação da perícia contábil.
 » A NBC TP 01, norma sobre a técnica pericial, em vigor desde fevereiro de 2015.
 » O novo CPC, em vigor desde março de 2015.
 » Principais divergências entre a NBC e o CPC.
24
Introdução
Neste terceiro capítulo trabalharemos o perfil do perito contador. Para Caríssimo (2006), 
são os conhecimentos técnicos e científicos dos peritos que embasam todo o trabalho 
pericial, com informações úteis para melhor tomada de decisão. Além disso, discutiremos 
a sua qualificação técnica, levando em consideração a opinião de peritos experientes e 
juízes que nomeiam os peritos contadores na esfera judicial, abordando as principais 
competências e habilidades que o profissional deve possuir. 
Dando prosseguimento ao assunto, serão discutidos seus deveres e direitos; e os 
impedimentos e suspeições que podem ocorrer no desempenho da atividade pericial, 
ainda de acordo com as NBCs e o NCPC. 
Por último, trataremos da responsabilidade do perito, do zelo profissional e da habilitação 
profissional, analisando as últimas instruções do CFC. 
Objetivos
 » Identificar a habilitação profissional necessária para a atividade pericial.
 » Conhecer o perfil necessário para o desempenho da atividade pericial. 
 » Identificar as principais competências e habilidades do perito contador.
 » Conhecer os direitos, os deveres, os impedimentos e suspeições no desempenho da 
atividade profissional.
 » Identificar a responsabilidade do perito, o seu zelo profissional, além do processo de 
educação continuada.
3CAPÍTULOPERITO CONTáBIL
25
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
Contextualização
Para Cabral (2003), o perito contador, tratado como expert no meio forense e 
especializado em determinado assunto, é quem esclarece a matéria tratada às partes 
interessadas no processo. Por isso que, ao perito, confia-se tarefa da sua competência 
técnica. Assim, é necessário que o perito tenha, além das qualificações técnicas, outras 
competências e habilidades necessárias para responder com segurança e precisão 
aos quesitos formulados.
Habilitação profissional do perito contador
A trajetória do perito contador começa na formação: a capacidade legal através 
do título de Bacharel em Ciências Contábeis e o registro no Conselho Regional de 
Contabilidade (CRC). A capacidade profissional vem com o conhecimento teórico 
e prático da Contabilidade e sua experiência em perícia, e finalizacom sólidos 
conhecimentos das normas legais. 
De acordo com o novo NCPC, caso o perito preste informações inverídicas no desempenho 
da atividade pericial, poderá ficar inabilitado para atuar em outras perícias pelo prazo de 
dois a cinco anos, fora outras sanções. E ao juiz compete a tarefa de comunicar tal fato ao 
respectivo órgão de classe, para que sejam adotadas as punições profissionais.
Para o CFC (2015.1, p. 2), Norma Brasileira de Contabilidade – Profissional Perito 01 
(NBC PP 01), “o perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade 
por intermédio de Certidão de Regularidade Profissional [CRP] emitida pelos Conselhos 
Regionais de Contabilidade” e pode atuar como perito do juízo – nomeado pelo juiz – 
ou como perito-assistente – contratado pelas partes –, sendo que ambos estão sujeitos 
a impedimentos ou suspeições, quando ocorrerem situações que os impossibilitem 
de realizar seu trabalho com isenção, independência e imparcialidade. 
Segundo Figueiredo (2003, p. 41) “a qualidade do trabalho pericial contábil determina a 
competência profissional de quem o está executando” e, em função dos efeitos sociais 
gerados por este trabalho, conhecer a ciência, a metodologia, as técnicas e as práticas 
profissionais tornam-se imprescindíveis para um serviço de qualidade.
Para Koliver (2006), a competência técnica só é possível se houver uma interação 
“científico-técnico-ética”, que elimina o trabalho de leigos (não profissionais) e se 
materializa em trabalhos de excelência. Junte-se a isso o compromisso, a dedicação e o 
zelo profissional, a imparcialidade, de extrema importância no trabalho pericial, além 
da profunda experiência na matéria objeto do exame. 
26
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
Pires (1999) complementa e esclarece que “a vivência profissional é considerada em 
perícia como sendo seu elemento fundamental”. Apesar disso, Pires (2005) identificou 
em sua pesquisa a participação de um técnico em Contabilidade e de cinco profissionais 
de outras áreas (Administração/Economia) na elaboração de laudos periciais contábeis, 
contrariando o que dizem as NBCs. 
Já Caldeira (2000) demonstra que 90% dos peritos atuantes na matéria contábil já possuem 
os requisitos mínimos necessários para atuar no mercado de trabalho: a graduação em 
Ciências Contábeis. 
Podemos encontrar basicamente dois tipos de peritos:
 » Perito Judicial: é aquele nomeado pelo juiz num processo judicial, também 
conhecido como perito do juízo ou testemunha técnica.
 » Perito Extrajudicial (voluntário): é aquele contratado ou indicado de forma 
particular, que também poderá atuar dentro de um processo judicial, porém 
auxiliando uma das partes (autor ou réu), também conhecido como perito-assistente 
ou assistente técnico.
Independente da forma de atuação, ambos seguem as mesmas regras impostas pelo CFC, 
além de terem os mesmos deveres e direitos.
No que se refere aos impedimentos e suspeições, teremos que voltar ao capítulo 2 para 
relembrar que o perito-assistente não sofre impedimentos e suspeições de acordo com o 
NCPC, apesar de o CFC impor a ele os mesmos impedimentos e suspeições que o perito 
judicial.
Competências e habilidades do perito contador
É necessário que o perito tenha qualificações técnicas, competências e habilidades 
necessárias para responder com segurança e precisão aos quesitos formulados.
E, em função de o trabalho pericial ser muito particular, em que o perito insere todo o 
seu conhecimento, habilidade técnica e experiência, reforça-se a necessidade de maior 
responsabilidade e competência por parte do perito que se habilita junto aos juízes. 
Paes (2019) traçou um comparativo sobre as principais competências e habilidades de um 
perito, onde comparou as respostas de suas pesquisas anteriores (passado) versus aquelas 
identificadas pelos respondentes em sua própria pesquisa (presente). 
27
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
A autora entrevistou peritos experientes (P), peritos em início de carreira (PI), juízes ( J) e 
docentes de perícia contábil (D) de seis IES do estado do Rio de Janeiro. 
Suas conclusões podem ser evidenciadas no Quadro 3.
Quadro 3. Competências e habilidades do perito contador.
COMPETÊNCIAS E 
HABILIDADES DO PERITO AUTOR (ES) ENTREVISTADOS
Ético gonçalves et al. (2014); Koliver (2006) P5
Comprometido Nascimento e Nascimento (2003); Nogueira (2006) D2; J3
Dedicado Nascimento e Nascimento (2003) -
zeloso Nascimento e Nascimento (2003) P1; P6
Imparcial Santos (2008) D2; PI1; J5
Boa vivência profissional Pires (1999); gonçalves et al. (2014) D4; P3
Preocupado com a capacitação
Santos (2008); Figueiredo (2003); Franco 
e Cardoso (2009); Almeida (2000); 
gonçalves et al. (2014)
D1; D3; P1; P3; P4; P5; J3
Com conhecimento dos ritos 
processuais gonçalves et al. (2014) D5; PI6; P3; J3
Boa comunicação escrita gonçalves et al. (2014) PI3; PI6; J1; J5; J6
Analítico gonçalves et al. (2014) -
Investigador (pesquisador) gonçalves et al. (2014) D5; D6; P1; P4; P7
Criterioso gonçalves et al. (2014) P1
Sabe trabalhar sob pressão gonçalves et al. (2014) -
Sigiloso gonçalves et al. (2014) -
Criativo gonçalves et al. (2014) -
Sabe trabalhar em grupo gonçalves et al. (2014) -
Persistente gonçalves et al. (2014) -
Crítico gonçalves et al. (2014) -
Sagaz gonçalves et al. (2014) D3
Cético gonçalves et al. (2014) -
Adaptativo gonçalves et al. (2014) D6; PI1
Curioso - D1; D5
Inteligente - D1; D3; D6
Disciplinado - D1
Organizado - D1
Honesto - D2
Responsável - D2; PI2
Boa capacidade técnica - D5; PI1; PI2; PI3; PI4; PI5; P1; P2; P6; J4
Bons conhecimentos de 
informática - D5
Corajoso - P7
Saber se posicionar - J1
Prático - J2
Rápido - J3
Objetivo - J4; J6
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Paes (2019, p. 122).
28
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
Observa-se que a principal preocupação no momento é a boa capacidade técnica que o 
perito deve ter. Tal preocupação se deve, em parte, em função das mudanças que o NCPC 
trouxe para a o dia a dia do perito, tais como o art. 473, que veremos mais adiante.
Para se inserir e se manter no mercado de trabalho, e em função de que cada perícia 
envolve uma realidade diferente, encontramos a constante capacitação do perito. Ele é um 
pesquisador e deve gostar de ler. Além disso, deve ter boa experiência no assunto tratado 
e saber colocar as informações no papel. 
Outras competências são: comprometimento com o trabalho; rapidez; praticidade; ser 
meticuloso; ser ético e isento de interferências; flexível; e entender qual a sua função 
dentro de um processo. 
Ser arrogante; desleixado; irresponsável; desonesto; não ter experiência na matéria tratada; 
ser antiético e soberbo são defeitos apontados pelos respondentes. 
Muito citado pelos magistrados, o perito não deve nunca se manifestar em assuntos de 
Direito, tentando decidir o processo no lugar do juiz. 
Algumas características são indesejadas e devem ser evitadas pelos peritos que buscam o 
sucesso em suas carreiras, conforme demostrado no Quadro 4.
Quadro 4. Defeitos do perito contador.
DEFEITOS DO PERITO IDENT
Não ter boa técnica de redação PI3, PI5, PI6, P6, J6
Não ter capacitação D1, PI4, P7, J2, J4
Ser arrogante D1, D6, P4, P5
Não ser ético D1, PI2, P7
Não ser imparcial D2, PI1, J5
Ser irresponsável D2, P1, P2
Envolver-se em questões de mérito D3, J1
Não ter zelo D1
Não ser honesto D2
Não ter experiência profissional D4
Não gostar de estudar/pesquisar D6
Ser prolixo P5
Não ser conclusivo J2
Não conhecer assuntos jurídicos J3
Fonte: Elaborado pela autora. Adaptado de Paes (2019, p. 124).
Problemas de redação são sempre criticados, principalmente em função da necessidade 
do perito em saber colocar as informações no papel. Afinal, ele deverá auxiliar 
tecnicamente alguém que tomará uma decisão e não tem o conhecimento necessário 
para tal. 
29
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
A arrogância também é mencionada, pois pode gerar no perito o entendimento de que ele 
está no patamar do juiz, quando, na verdade,ele é apenas um auxiliar da Justiça. 
Outro problema é quando o perito acha que sabe tudo e não procura se aperfeiçoar, 
achando que consegue fazer tudo sozinho. Para contornar esse problema, ele deve 
procurar uma parceria, que passe mais segurança para o trabalho. 
O mais preocupante é a falta de capacidade técnica para executar o trabalho. Às vezes 
ele nem é contador! Nesse sentido, o CRC deve intensificar a fiscalização para coibir esta 
prática, pois isso ela enfraquece o trabalho, prejudicando algumas das partes. Até porque 
alguns juízes não observam a formação acadêmica do perito no momento da nomeação.
Direitos e deveres
A própria natureza da função do perito impõe a ele severos deveres e cautelas, que quando 
bem aplicados revela a verdade dos fatos como elemento da prova técnica.
São deveres do perito:
 » Dever de aceitar o encargo: decorre este dever da responsabilidade social.
 » Dever de servir: trata-se de dever consequente do anterior. O dever de servir deve ser 
interpretado pelos peritos não somente como obrigação em função de disposição legal, 
mas essencialmente como privilégio de poder servir, cumprindo obrigação social. Servir 
com satisfação e alegria.
 » Dever de respeitar os prazos no cumprimento do ofício: descumprimento de tal 
dever poderá importar em graves sanções.
 » Dever de comparecer a audiência: esse dever acha-se condicionado a que o perito ou 
o assistente técnico tenha sido intimado para isso, com cinco dias de antecedência.
 » Dever de lealdade: a lealdade é procedimento indispensável ao perito em sua função, 
que se exige seja exercida com franqueza, sinceridade e honestidade.
 » Dever ético: a ética é o conjunto de deveres que estabelece a norma de conduta 
profissional no desempenho de suas atividades e em suas relações com o universo do 
seu trabalho. Os peritos subordinam-se às normas estabelecidas no Código de Ética, que 
vão desde o zelo no trato das coisas examinadas, sua postura, o respeito e acatamento 
das regras emanadas pelo órgão de classe.
São direitos do perito:
 » Direito de escusar-se do encargo.
 » Direito de pedir prorrogação de prazo: o pedido de prorrogação de prazo deverá ser 
justificado, condição para se obter o deferimento.
30
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
 » Direito de recorrer às fontes de informação: objetivando amplo exame da matéria 
objeto da perícia, tem o perito o direito de recorrer às fontes de informações.
 » Direito ao ressarcimento: assiste ao perito o direito de ser ressarcido das despesas 
efetuadas com a perícia. Estas despesas deverão ser satisfeitas por quem requereu a 
perícia.
 » Direito a honorários: os honorários representam o pagamento pelo serviço do perito.
 » Direito de acionar: tem o perito o direito de acionar, criminalmente, por calúnia, 
difamação ou injúria, qualquer pessoa que imputar fato ofensivo à sua honra (Código 
Penal, arts. 138 a 140).
De acordo com o CFC, o perito que se sentir ofendido por expressões injuriosas, de forma 
escrita ou verbal, no processo, poderá tomar as seguintes providências:
 » sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das partes, peritos ou advogados, 
o perito ofendido pode requerer da autoridade competente que mande riscar os 
termos ofensivos dos autos ou cassada a palavra;
 » as providências adotadas, na forma prevista no item anterior não impedem 
outras medidas de ordem civil ou criminal.
Impedimentos e suspeição
Impedimento e suspeição são situações ou circunstâncias que impossibilitam o perito 
ou o perito-assistente de exercer suas funções ou realizar atividade pericial em processo 
judicial ou extrajudicial com isenção ou independência. Caso isso aconteça, é fator 
determinante que ele se declare impedido, após nomeado, contratado, escolhido ou 
indicado. 
Segundo a NBC PP 01:
10 Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator 
determinante que ele se declare impedido, após nomeado ou indicado, 
quando ocorrerem as situações previstas nesta Norma, nos itens abaixo.
11 Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal, 
justificando a escusa ou o motivo do impedimento ou da suspeição.
12 Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o 
perito-assistente deve comunicar a ela sua recusa, devidamente 
justificada por escrito, com cópia ao juízo.
31
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
Ainda de acordo com a NBC PP01, o perito deve observar o que manda o Código de 
Processo Civil para evitar que seu trabalho fique comprometido. 
Na contramão, o art. 466 do NCPC estabelece em seu § 1o que os assistentes técnicos são 
de confiança das partes e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
Os impedimentos podem ser divididos em: impedimentos legais e impedimentos técnicos. 
Impedimento legal:
É aquele impedimento decorrente da lei. A princípio, não há um artigo específico no 
NCPC que identifique os impedimentos do perito. Porém, podemos encontrar algumas 
informações esclarecedoras nos artigos transcritos a seguir:
Art. 144. Quando o juiz estiver impedido, não deve exercer as suas funções 
no processo. 
Art. 148. Os mesmos motivos de impedimentos do juiz devem ser aplicados 
aos:
I – ao membro do Ministério Público;
II – aos auxiliares da justiça;
III – aos demais sujeitos imparciais do processo.
Art. 149. São auxiliares da justiça: o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial 
de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, 
o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista 
e o regulador de avarias.
São situações que geram impedimentos legais:
 » Quando o perito:
 › for parte do processo;
 › tiver atuado como perito contador contratado ou prestado depoimento como 
testemunha no processo;
 › tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus 
procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador 
assalariado;
 › tiver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha 
colateral até o terceiro grau, postulando no processo ou entidades das quais 
esses façam parte de quadro societário ou de direção;
32
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
 › tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu 
cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha 
colateral até o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;
 › exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-contador, em função 
de impedimentos legais ou estatutários;
 › receber dádivas de interessados no processo;
 › receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização ou conhecimento 
do juiz ou árbitro.
Impedimento técnico
É aquele impedimento decorrente da própria especialidade técnica e da sua estrutura 
profissional. 
São situações que geram impedimentos técnicos:
 » Quando:
 › a matéria em litígio não seja de sua especialidade;
 › a constatação de que os recursos humanos e materiais de sua estrutura 
profissional não permitem assumir o encargo; cumprir os prazos nos trabalhos 
em que o perito-contador for nomeado, contratado ou escolhido; ou em que 
o perito-contador assistente for indicado;
 › ter o perito-contador atuado para a outra parte litigante na condição de consultor 
técnico ou contador responsável, direto ou indireto em atividade contábil ou em 
processo no qual o objeto de perícia seja semelhante àquele da discussão, sem 
previamente comunicar ao contratante.
Suspeição
A suspeição decorre de uma suspeita ou dúvida com relação à imparcialidade ou 
independência do perito. 
São situações que geram suspeição:
 » Quando o perito:
 › for amigo íntimo de qualquer das partes;
 › for inimigo capital de qualquer das partes;
33
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
 › for devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de 
parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades 
das quais esses façam parte de quadro societário ou de direção;
 › for herdeiropresuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus 
cônjuges;
 › for parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;
 › aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da 
discussão; 
 › houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das 
partes;
 › por motivo íntimo.
O NCPC prevê que, quando o perito declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, não 
precisará declarar suas razões. 
De acordo com o art. 157 do NCPC, o perito tem 15 (quinze) dias, contado da intimação, da 
suspeição ou do impedimento, para recusar a nomeação, sob pena de renúncia ao direito 
a alegá-la. 
As partes também terão 15 (quinze) dias contados da intimação de nomeação do perito para 
arguir seu impedimento ou suspeição, se for o caso. 
Responsabilidade
Para Franco e Cardoso (2009), o profissional contábil, como perito, tem responsabilidade 
maior que o profissional de mercado, pois erros por negligência, dolo ou má-fé acarretam 
consequências severas para a sociedade.
De acordo com a NBC PP 01, no momento em que o perito aceita o encargo pericial, seja 
em perícias judiciais ou extrajudiciais [inclusive arbitral], estará sujeito a responsabilidades 
sociais, éticas, profissionais e legais, quando deverá “respeitar os princípios da ética e do 
direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades, 
sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente por seus atos”.
Tais responsabilidades decorrem da importância do seu trabalho, auxiliando na solução 
das demandas e estabelecem penalidades como multas, indenização e inabilitação 
profissional na esfera civil; e multas e reclusão na esfera penal. 
E, uma vez que o perito é livre para decidir se aceita ou não o trabalho, espera-se dele 
igualdade de tratamento no atendimento das partes e/ou assistentes técnicos, fazendo 
bom uso do seu trabalho técnico-científico. 
34
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
O perito também é responsável por todas as informações contidas em seu laudo ou 
parecer, caso utilize informações de especialistas de outras áreas na execução do seu 
trabalho, inclusive se anexar documentos emitidos por eles. 
Além disso, deve assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações prestadas, 
quesitos respondidos, procedimentos adotados, diligências realizadas, valores apurados 
e conclusões apresentadas no laudo pericial contábil e no parecer técnico-contábil, 
sendo responsável pelo trabalho de sua equipe técnica, a qual compreende os auxiliares 
para execução do trabalho complementar.
Analisando a pesquisa de Paes (2019), observa-se que o NCPC não trouxe grandes novidades 
sobre o assunto responsabilidade. Um magistrado é da opinião de que a responsabilidade 
do perito sempre existiu, mas estava subentendida e a nova lei a expressou de uma 
forma mais literal e mais clara, trazendo um norte para o perito, deixando a perícia mais 
profissionalizada. 
Para outro juiz, 
a responsabilidade do perito sempre foi muito grande e continua sendo 
muito grande, porque o perito tem que ter na cabeça que ele vai trabalhar 
em uma área de conhecimento que não é a área do juiz, então o resultado 
do trabalho dele vai ser o resultado da sentença.
Importante reforçar o fato de que, se o perito prestar informações inverídicas, poderá ficar 
inabilitado para atuar em outras perícias pelo prazo de dois a cinco anos, fora outras sanções. 
E cabe ao juiz a tarefa de comunicar tal fato ao respectivo órgão de classe (CFC), para que 
sejam adotadas as punições profissionais.
Zelo profissional
O perito deve ser cuidadoso no que se refere à execução de suas tarefas.
Além disso, também deve zelar pela sua boa conduta, pelos documentos que estão sob os 
seus cuidados, pelos prazos estabelecidos e/ou contratados, pelo tratamento que dispensa às 
autoridades e às partes do processo, para que sua pessoa seja respeitada e seu trabalho, o laudo 
pericial contábil e o parecer técnico-contábil, sejam dignos de fé pública. 
De acordo com a NBC PP 01, o zelo profissional do perito na realização dos trabalhos 
periciais compreende:
 » cumprir os prazos fixados pelo juiz (perícia judicial) e nos contratados (perícia 
extrajudicial, inclusive arbitral);
35
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
 » prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade competente, respeitando 
os prazos legais ou contratuais;
 » auxiliar na celeridade processual, garantindo a eficiência e a segurança da perícia;
 » ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e atento às consequências 
advindas dos seus atos;
 » ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar ou retificar seu 
posicionamento anterior.
O relacionamento entre o perito do juízo e o perito-assistente deve ser transparente e 
respeitoso, com tratamento impessoal e restrito ao conteúdo técnico-científico.
Educação continuada
Santos (2008, p. 39) identifica a necessidade da educação continuada, “com a participação 
em cursos e a leitura de livros ligados não só à sua área, mas também aos relacionados 
ao campo do Direito”, pois é responsabilidade do perito manter-se atualizado. Para 
Figueiredo (2003), existem revistas técnicas que podem ser assinadas pelos peritos, além 
de cursos ministrados por profissionais experientes e voltados para a área contábil. Caso 
não seja possível acumular todo o conhecimento exigido, o perito deve recusar os serviços, 
demonstrando, com isso, uma postura ética. Segundo Franco e Cardoso (2009), o perito 
deve estar atento ao seu aprendizado, em função das constantes mudanças nas legislações 
que aparecem no seu dia a dia. 
Em 2016, o CFC, por meio da NBC PP 02, estabeleceu o exame de qualificação técnica para 
o perito contador. A partir de 2017, todos os peritos contadores passaram a ser obrigados 
a comprovar a sua capacitação – Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC) 
– com a Regulamentação da Norma Brasileira de contabilidade Profissional Geral (NBC 
PG) 12 (R3) assinada em 2016. 
A Educação Profissional Continuada (EPC) é obrigatória para todos os profissionais da 
contabilidade que estejam inscritos no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), 
em que os profissionais devem cumprir 40 horas em unidades capacitadoras ou por meio 
de aquisição de conhecimento com 
atividades presenciais, a distância ou mistas, incluindo autoestudo, 
estudo dirigido, e-learning e equivalentes, sobre temas que contribuam 
para a melhoria da performance do profissional, com conteúdo de 
natureza técnica e profissional, relacionados ao PEPC [...], (CRC, 2016.1, 
p. 10). 
36
CAPÍTULO 3 • PERITO CONTáBIL
Cabe ao CRC viabilizar, controlar e fiscalizar o seu cumprimento.
Para Neves Júnior (2010), buscar a educação continuada facilita o acesso do profissional ao 
mercado de trabalho da perícia, hoje tão promissor. Fora isso, o profissional que busca sua 
formação continuada está em sintonia com o mercado, encarando-a como uma questão 
de oportunidade e não como um castigo. Os cursos de capacitação geram oportunidades 
de trocas e tiram o profissional do isolamento. 
De acordo com Paes (2019), 
a educação continuada significa a preservação do emprego de qualquer 
profissional. Com os constantes movimentos do mercado de trabalho, o 
obsoletismo pode pegar qualquer especialista de surpresa, podendo tirá-lo 
da ativa, em prol de outros profissionais mais capacitados. 
Apesar disso, o sistema CFC/CRC ainda precisa aperfeiçoar o processo de comprovação 
dessa capacitação, pois os peritos precisam de mais entidades capacitadoras aprovadas 
pelo conselho e mais cursos que pontuem.
No próximo capítulo trataremos dos assuntos: planejamento pericial, quesitos, diligências e a 
forma de elaboração de uma proposta de honorários. 
Posicionamento do autor:
 » Um dos motivos de suspeição do perito contador é o foro íntimo. Por motivo 
íntimo entende-se qualquer situação impeditiva não relacionada aos outros itens 
discriminados, tais como: doença do perito ou de famíliarpróximo; momento 
familiar conturbado (processo de separação ou divórcio); momento profissional 
confuso, com pouco tempo disponível para dedicação a novos projetos etc. 
 » Com relação ao impedimento do assistente técnico (perito contador assistente), é 
contraditório cobrar isenção e imparcialidade quando ele está a serviço de quem 
o contratou, ou seja, das próprias partes. Tal impedimento não aparece no NCPC, 
demonstrando tal paradoxo. 
Observe a lei
Mais detalhes sobre a NBC PP 01. Disponível em:
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPP01.pdf.
37
PERITO CONTáBIL • CAPÍTULO 3
Sintetizando
Vimos neste capítulo:
 » A habilitação profissional necessária para a atividade pericial.
 » O perfil necessário para o desempenho da atividade pericial. 
 » As principais competências e habilidades do perito contador.
 » Os direitos, os deveres, os impedimentos e as suspeições no desempenho da atividade profissional.
 » A responsabilidade do perito, o seu zelo profissional, além do processo de educação continuada.
38
Introdução 
A quarto capítulo demonstrará o que é um planejamento pericial e o cronograma de trabalho, 
identificando o passo a passo para a sua correta elaboração. 
Neste capítulo também falaremos sobre a importância e os itens que compõem uma 
boa quesitação, o que é e como fazer uma diligência e como elaborar uma proposta de 
honorários, discutindo os modelos disponibilizados pelas NBCs. 
Objetivos 
 » Conhecer o cronograma de um bom planejamento.
 » Compreender o que são quesitos e sua importância dentro do processo pericial.
 » Identificar os itens que compõem uma diligência.
 » Identificar os itens que compõem uma proposta de honorários.
Contextualização
De acordo com a NBC TP 01, estabelecer uma boa metodologia de trabalho é aplicar de 
forma correta todos os procedimentos periciais. A esta metodologia dá-se o nome de 
planejamento, que deve anteceder as diligências, os cálculos e as pesquisas. Para Aguiar, 
Cabral e Silva (2006), um bom planejamento pode evitar diversos problemas, tais como 
a falta de conhecimento do processo, o descumprimento dos prazos para entrega do 
trabalho, a falta de tempo para as diligências e as dificuldades para a elaboração dos 
honorários periciais.
4
CAPÍTULO
PLANEJAMENTO: QUESITOS, 
DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS
39
PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS • CAPÍTULO 4
Planejamento: cronograma de trabalho
Segundo a NBC TP 01, o perito do juízo deve levar em consideração que o planejamento 
da perícia começa antes mesmo da elaboração da proposta de honorários, quando ele 
deverá especificar todas as etapas do trabalho a ser realizado num documento chamado 
cronograma de trabalho. 
No cronograma devem ficar evidenciados todos os itens necessários à execução da 
perícia, como: diligências a serem realizadas, deslocamentos, necessidade de trabalho 
de terceiros, pesquisas que serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas 
aos quesitos, prazo para apresentação do laudo e/ou oferecimento do parecer, de forma 
a assegurar que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas.
O CFC disponibiliza uma sugestão de modelo de cronograma que pode ser adotado 
por todos os peritos. Nele podemos identificar um planejamento com duas fases: fase 
pré-operacional; fase da execução. 
Fase pré-operacional: esta fase está dividida em atividades/ações que são: 
 » recebimento do processo; 
 » leitura do processo; 
 » aceitação ou não da perícia; 
 » proposta de honorários. 
Nesta fase, o perito tem a opção de se organizar em termos de: 
 » tempo: horas que serão gastas nestas atividades; e 
 » prazo: dias gastos, para que não ultrapasse os 5 (cinco) dias que a lei estabelece para a 
entrega da proposta de honorários após a sua nomeação.
Fase da execução: esta fase também está dividida em atividades/ações que são:
 » elaboração do sumário (ondem que o perito indica o tipo do documento e a folha dos 
autos onde o documento pode ser encontrado); 
 » ajuste e forma de participação dos assistentes técnicos ao trabalho; 
 » diligências (com a indicação de como conseguir os documentos necessários e que não 
estão no processo); 
 » viagens necessárias para as diligências; 
 » tipo de pesquisa documental para fundamentar o laudo; 
40
CAPÍTULO 4 • PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS
 » programa de trabalho, onde serão aplicados todos os procedimentos técnicos; 
 » revisões técnicas; 
 » prazo suplementar, caso o prazo dado pelo juiz seja insuficiente; 
 » entrega do laudo pericial, com a devolução do processo. 
Nesta fase, o perito também tem a opção de se organizar em termos de:
 » tempo: horas que serão gastas nessas atividades e que vão gerar a sua proposta de 
honorários; e 
 » prazo: dias gastos, para que não ultrapasse os dias que o juiz concedeu para a entrega 
do laudo pericial. 
Quesitação
Murro e Beuren (2016) identificam os quesitos como um dos fatores não humanos que 
contribuem para a qualidade de um bom trabalho.
Quesitos são os elaborados pelas partes para obterem respostas, esclarecimentos sobre a 
ação judicial. 
Os quesitos são essenciais, pois é por ele que o perito irá se guiar para levar aos autos um 
documento que auxiliará o juízo na decisão a ser tomada.
O art. 465 do NCPC estabelece que: 
O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato 
o prazo para a entrega do laudo.
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do 
despacho de nomeação do perito:
I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II – indicar assistente técnico;
III – apresentar quesitos.
Já o art. 473 determina que o laudo pericial deverá conter, entre outras coisas:
[...]
IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas 
partes e pelo órgão do Ministério Público.
41
PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS • CAPÍTULO 4
Podemos encontrar duas categorias de quesitos: quesitos pertinentes e impertinentes.
 » Quesitos pertinentes: são aqueles que têm por objetivo esclarecer as questões 
técnicas contábeis.
 » Quesitos impertinentes: são aqueles que não se referem à matéria da capacidade 
profissional do contador.
Compete ao juiz indeferir quesitos impertinentes e formular aqueles que entender 
necessários ao esclarecimento da causa. 
Assim, por exemplo, se o quesito solicita ao perito a interpretação de um texto da lei, o perito 
contador não é obrigado a responder, pois isto foge aos limites de sua responsabilidade, 
a menos que o texto se refira especificamente a fato contábil.
Se um quesito é formulado no sentido, por exemplo, de avaliar o “estado de saúde” de um 
empregado, tal matéria foge ao campo contábil, devendo ser dirigida a um médico.
Além dos quesitos normais (preliminares), o art. 469 do NCPC identifica os quesitos 
suplementares: “as partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, 
que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e 
julgamento”.
Tais quesitos são os pontos levantados pelas partes e submetidos à apreciação do perito 
durante as diligências, ou seja, quesitos que objetivam complementar o rol originalmente 
proposto. Dessa forma, somente é possível complementar algo que preexista, não sendo, 
a princípio, possível a apresentação de quesitos suplementares se a parte não delineou, 
no prazo legal, os próprios quesitos preliminares.
Caso haja quesitos suplementares, cabe ao perito cobrar honorários suplementares 
também, se isso estiver estipulado em sua proposta de honorários.
Por fim, temos ainda os quesitos de esclarecimento, que objetivam esclarecer questões 
omissas, obscuras ou contraditórias que eventualmente se encontrem aninhadas na prova 
pericial. 
A NBC TP 01 orienta que 
o perito deve observar as perguntas efetuadas pelo juízo e/ou pelas 
partes, no momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às 
respostas a quesitos integrantes do laudoou do parecer e às explicações 
sobre o conteúdo da lide ou sobre a conclusão. 
42
CAPÍTULO 4 • PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS
Os quesitos de esclarecimento só podem ser apresentados após a entrega do laudo 
pericial e não enseja a cobrança de honorários complementares.
Sobre o assunto, Paes (2019) traz em sua pesquisa um importante achado: para alguns 
magistrados ouvidos em sua pesquisa, o perito contador pode demonstrar dificuldades 
em responder aos quesitos propostos por encontrar dificuldades em colocar no papel 
suas respostas de forma clara e objetiva, uma vez que a Contabilidade é uma ciência 
exata, como a Matemática. 
Outro juiz menciona a obrigatoriedade de o perito conseguir separar perguntas que ele 
pode responder das que estão fora da sua atribuição (quesitos impertinentes). 
Responder de forma adequada tais quesitos deve ser uma preocupação constante do perito, 
pois, ao menor erro, seu trabalho poderá ser impugnado. 
Duas observações poderão auxiliá-lo neste trabalho: 
 » Respostas monossilábicas: é prudente, embora não obrigatório, não usar resposta 
monossilábica quando houver dubiedade na interpretação. Recomenda-se que se 
faça uma transcrição do quesito na resposta.
 » Respostas prejudicadas: o perito deve prejudicar o quesito em quaisquer das 
situações a seguir: 
a. quando a resposta for impossível: uma resposta é impossível quando não há 
elementos (documentos) disponíveis para o perito fundamentar sua resposta. 
Alguns documentos, mesmo sendo necessários para a elucidação do caso, 
podem não fazer parte do processo, por motivos diversos. Nestes casos, cabe 
ao perito solicitá-los, antes de iniciar seu trabalho pericial, através de termo de 
diligência. Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente 
requeridos, e após todas as providências cabíveis, o perito pode responder ao 
quesito, deixando claro que fez o seu trabalho, mas que houve recusa por parte 
do diligenciado. Exemplo:
 › PERGUNTA: Queira o ilustre Perito esclarecer quantos empregados tem a 
empresa e qual o custo relativo a eles.
 › RESPOSTA: Quesito prejudicado, pois, apesar de solicitada em Termo 
de Diligência, a folha de pagamento não foi fornecida pela empresa, 
impossibilitando este perito de responder a tal quesito.
b. quando supõe um juízo de valor: Também conhecido como questão de mérito, um 
quesito envolve juízo de valor quando a resposta do perito foge da sua atribuição 
e entra na competência do juiz. Juízo de valor significa aplicar um direito, cuja 
43
PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS • CAPÍTULO 4
competência não é dele, mas do magistrado. O perito deve saber diferenciar o 
que é da sua competência e o que escapa dela, deixando tal informação clara 
em sua resposta. Normalmente estas perguntas vêm acompanhadas de adjetivos 
(positivos ou negativos), que podem levar o perito a afirmar algo que não lhe 
compete. Exemplo:
 › PERGUNTA: Queira o Sr. Perito informar se há cobrança excessiva de juros. 
 › RESPOSTA: Quesito prejudicado por envolver questão de mérito. 
 › Obs.: Neste caso, a palavra excessiva sugere que alguém está cobrando juros 
impróprios. Cabe somente ao juiz definir se eles são realmente excessivos. Ao 
perito cabe prejudicar o quesito OU simplesmente o responder retirando a 
palavra inadequada: 
 › RESPOSTA: Com a abstenção da palavra excessiva, este perito informa que os 
juros cobrados pelo réu foram de xyz%.
c. quando envolve matéria de outra especialidade: Neste caso o perito deverá 
deixar de responder (prejudicar o quesito) quando a pergunta não for da sua 
competência técnica. 
 › PERGUNTA: Queira o Sr. Perito informar se a assinatura que consta no contrato 
do financiamento do veículo está de acordo com a assinatura que consta na 
procuração. 
 › RESPOSTA: Quesito prejudicado por tratar-se de perícia grafotécnica e está fora 
da competência deste perito.
Ainda sobre os quesitos, a grande maioria dos magistrados pede para que seus peritos 
sejam claros e objetivos em suas respostas, evitando o termo “vide item x do quesito y” 
fazendo com o que o juiz tenha que “encontrar” a resposta em outro lugar, dificultando a 
leitura e o entendimento do texto. Exemplo:
 » PERGUNTA: Qual o índice aplicado na comissão de permanência?
 » RESPOSTA: Reportar à resposta do quesito anterior desta série.
 » PERGUNTA: Esclareça o Sr. Perito se a Ré exigiu da Autora o pagamento de algum 
valor, à guisa de tarifas, taxas, encargos e comissão de permanência.
 » RESPOSTA: Reportar-se ao ANEXO A.
44
CAPÍTULO 4 • PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS
Diligências
Para o CFC, diligências são “todos os atos adotados pelos peritos na busca de 
documentos, coisas, dados, informações e outros elementos de prova necessários à 
elaboração do laudo e do parecer”. Ainda são consideradas diligências as comunicações 
às partes, aos peritos-assistentes, a terceiros ou petições judiciais.
No sentido processual, o vocábulo diligência significa o ato pelo qual o perito se empenha 
no deslinde do ponto controvertido.
Segundo a NBC TP 01, o perito deve solicitar documentos, coisas, dados e informações 
necessárias à elaboração do laudo pericial através do termo de diligência, que serve também 
para determinar o local, a data e a hora do início da perícia, e ainda para a execução de 
outros trabalhos que tenham sido a ele determinados. 
O termo de diligência deve ser redigido pelo perito e apresentado diretamente ao 
perito-assistente, à parte, a seu procurador ou a terceiro, por escrito, e juntado ao 
laudo uma via protocolada. Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova 
formalmente requeridos, o perito deve se reportar diretamente a quem o nomeou, 
contratou ou indicou, narrando os fatos e solicitando as providências cabíveis. 
A realização de diligências, durante a elaboração do laudo pericial, para a busca de provas, 
quando necessária, deve ser comunicada às partes para ciência de seus assistentes. 
Podem ser elaborados tantos termos de diligências quantos necessários, que devem seguir 
uma sequência numérica para controle do perito. 
O CFC oferece um modelo de estrutura de termo de diligência, que poderá ser utilizado por 
todos os profissionais, e que deve conter os seguintes itens:
 » identificação do diligenciado; 
 » identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de perícia judicial ou 
arbitral, o número do processo ou procedimento, o tipo e o juízo em que tramita;
 » identificação do perito com indicação do número do registro profissional no Conselho 
Regional de Contabilidade; 
 » indicação de que está sendo elaborado nos termos desta Norma;
 » indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações, consignando 
as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a que se refere;
 » indicação do prazo e do local para a exibição dos documentos, coisas, dados 
e informações necessários à elaboração do laudo pericial contábil ou parecer 
45
PLANEJAMENTO: QUESITOS, DILIgÊNCIAS E HONORáRIOS • CAPÍTULO 4
técnico-contábil, devendo o prazo ser compatível com aquele concedido pelo 
juízo, contratante ou convencionado pelas partes, considerada a quantidade de 
documentos, as informações necessárias, a estrutura organizacional do diligenciado 
e o local de guarda dos documentos;
 » a indicação da data e hora para sua efetivação, após atendidos os requisitos do 
quinto item acima quando o exame dos livros, documentos, coisas e elementos tiver 
de ser realizado perante a parte ou ao terceiro que detém em seu poder tais provas;
 » local, data e assinatura. 
Sobre o assunto, o § 2o do art. 466 do NCPC, identifica que o perito deve assegurar aos 
assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que 
realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos (termo de diligência), com 
antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
Honorários
O perito deve elaborar sua proposta de honorários estimando, quando

Outros materiais