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@direitoporpamella 1 Princípios do Direito Penal Intervenção Mínima; Alteridade ou exteriorização do fato; Ofensividade; Individualização da pena; Proporcionalidade; Humanidade; Pessoalidade, responsabilidade social ou intranscendência da pena; Responsabilidade penal subjetiva; Coculpabilidade; Ne bis in idem; Presunção de inocência; Responsabilidade do fato; Legalidade; Lei em branco; Introdução Todos os ramos do direito são regidos por princípios. O direito penal tem uma maior carga principiológica. Existe princípios que advém da constituição e outros que estão na legislação especial (código penal). Esses princípios são dirigidos a todos e podem ser explícitos (aquele que está escrito) ou implícitos (que não está escrito, mas tem a mesma força). É muito importante saber quais são os princípios explícitos e quais são os implícitos, pois caem em concursos públicos e OAB de forma mistura com o intuito que você assinale apenas um dos tipos de princípios (explícitos ou implícitos). Intervenção Mínima O direito penal é o último ramo chamado, porque é o mais grave. Se outros ramos do direito conseguem suprir aquele conflito, não será necessário usar o direito penal. O princípio da intervenção mínima tem dois tipos de caráteres: Caráter Fragmentário: é dirigido ao legislador. Não é para a proteção de todos os bens jurídicos e sim os mais importantes dentro da sociedade, uma parcela dos bens jurídicos penais. Remete proteger um fragmento dos bens penais será protegido. Caráter Subsidiário: será dirigido ao operador do direito. Se no caso concreto, o problema puder ser equacionado por outro ramo do direito, deve se afastar o direito penal, por ser o direito mais “forte”. Alteridade ou Exteriorização do Fato O direito penal só poderá criminalizar condutas que produzam ou possam produzir lesões a bens jurídicos alheios. Comportamentos que prejudiquem bens jurídicos próprios devem ser considerados irrelevantes penais. Direito Penal – Parte Geral @direitoporpamella 2 O direito penal não tipificou como crime a conduta de autoflagelação, automutilação, ou seja, quando você faz algo com você mesmo. Tem doutrinador que considera sinônimo da lesividade. Ninguém pode ser criminalizado pelo que pensa, só pelo que exterioriza e prejudica um terceiro. Ofensividade Somente podem ser criminalizadas condutas que provoquem lesão ao bem jurídico ou, ao menos, exponham-no a perigo. Dentro desse princípio possui: Crimes de danos: aqueles que se consumam somente se produzir lesão ao bem jurídico; Crimes de perigo: são aqueles que se consumam com a mera exposição do bem jurídico a situação de perigo. Que podem ser: Crimes de perigo abstrato: existe uma presunção absoluta de perigo (como porte ilegal de arma de fogo). Crimes de perigo concreto: vão se consumar com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. Individualização da Pena Remete a ideia de que cada pena será para cada pessoa, não porque cometeram o mesmo crime que vai ter a mesma pena. Individualização legislativa: quando existe uma pena máxima e mínima, dando a liberdade para que o juiz faça a individualização de cada pena; Individualização judicial: o juiz fará a conta da pena do criminoso entre o máximo e o mínimo; Individualização administrativa: quando presos provisórios ficam separados definitivos. Proporcionalidade Também pode ser chamado de princípio da razoabilidade, convivência ou das liberdades públicas. Deve haver correspondência entre a gravidade do ilícito praticado e a resposta estatal a ele imposta. ➢ É um princípio implícito. Ele não lida apenas com o excesso, mas também quando existe a falta (exemplo a Lei da Maria da Penha, que precisou criar mecanismo adicional para ajudar). Humanidade O Estado vai punir, mas não é todo o tipo de pena que será permitido, como por exemplo com pena de morte, com banimento, tortura, penas cruéis, prisão perpetua. As penas devem obedecer a dignidade da pessoa humana. Pessoalidade “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação @direitoporpamella 3 de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” Ninguém poderá cumprir a pena no lugar do condenado. Na questão da multa, também não poderá passar da pessoa do condenado, a não ser que seja indenização, se existir a obrigação de indenizar é matéria do direito civil. “Todo ilícito penal é também ilícito civil, porém nem todo ilícito civil é ilícito penal.” A obrigação cível pode passar da pessoa que teve a obrigação de pagar a indenização, mas se for multa (tipo de PENA), não poderá passar da pessoa do condenado. Responsabilidade Subjetiva Ninguém poderá ser punido criminalmente sem que haja com dolo ou culpa, é vedado, por tanto, a responsabilidade penal objetiva, diferente do direito civil. Mesmo que tenha o fato típico, se não existiu dolo nem culpa, não poderá responsabilizar penalmente a pessoa, como por exemplo, uma mulher gestante que acredita estar grávida de um único bebê e toma um medicamento abortivo, sendo que na verdade estava grávida de gêmeos, não será responsabilizada pelo segundo aborto, pois não existiu dolo e nem culpa. Outro exemplo é um homem que acabou por atropelar uma mulher que estava passando na rua e depois foi descoberto em seu bolço uma carta de suicídio. Objetivamente o homem tem responsabilidade sobre o fato, mas não houve dolo e nem culpa, ou não houve responsabilidade subjetiva criminal. Coculpabilidade Não é um princípio expresso, mas cai em concursos públicos. O Estado, antes de sua promoção de desigualdade social e econômica, também é responsável pela prática de delitos. A pessoa praticou o crime e existe uma culpa concorrente do Estado, como por exemplo, uma pessoa que rouba por não ter comida em casa. Ne Bis In Idem Onde o agente não pode ser acusado, processado ou condenado mais de uma vez por um mesmo fato dentro do mesmo ramo do direito. O réu pode ser condenado pelo mesmo crime no penal e no civil por exemplo (com efeitos diferentes), mas não poderá ser condenando duas vezes no mesmo ramo do direito, principalmente no direito penal. Presunção de Inocência “Ninguém poderá ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” @direitoporpamella 4 O STF julgou as ADCs 43,44 E 54, e firmou o entendimento de que o início de cumprimento de pena somente pode se dar com a constatação de culpa do condenado (que ele realmente tem culpa no fato) e isso só será possível no final do processo trânsito em julgado, quando não cabe mais recursos. Por fim, até o trânsito em julgado, presume-se a inocência do réu. Responsabilidade do Fato Os tipos penais devem definir comportamentos humanos, sendo vedada a incriminação exclusivamente em razão de condições pessoais. O direito penal não é do autore sim o fato. Não se pune a pessoa pelo que ela é e sim pelo que ela faz, tanto que o código penal está cheio de modelos de condutas, deixando bem claro a aplicabilidade do princípio da responsabilidade do fato. Legalidade É um dos princípios matrizes do direito penal. “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. O princípio da legalidade ou reserva legal diz respeito sobre limitação do Estado, colocar o devido limite na atuação do Estado. Punir condutas que apenas estão previstas em lei, se não estiver prevista quando aconteceu o crime, não é considerado crime. Desdobramentos Desdobramentos do princípio da legalidade: • Não existe crime sem a lei, apenas poderá falar sobre direito penal uma lei formal, que tenha sido aprovada pelo processo legislativo. As leis em sentido material não poderão falar sobre direito penal, como por exemplo, medidas provisórias e leis delegadas (reserva legal); • Não existe crime sem lei anterior, (princípio da anterioridade). O crime é uma violação da lei, por isso precisa preexistir a lei para que seja violada e criminalizada. A lei penal precisa ser anterior ao fato; • Não existe crime sem lei escrita, é usado para disciplinar o uso de costumes no direito penal. Os costumes são usados para interpretação da lei escrita; • Não existe crime sem lei estrita, esse desdobramento é usado para disciplinar as analogias. Para determinado fato A existe lei, para determinado fato B não existe, mas ambos os fatos são parecidos, então para que o fato B não fique sem lei é usado a analogia para suprir a falta de disciplina legal. A analogia é apenas usada para beneficiar o réu, do contrário não é permitido. A analogia não é meio de interpretação e sim meio de integração (concurso público). @direitoporpamella 5 • Não existe crime sem uma lei certa (taxatividade), a lei penal precisa ser clara, dizer qual conduta ela está incriminando e qual é a sua respectiva pena; O princípio da taxatividade não impede o uso de leis em branco. Lei em Branco Norma Penal em Branco: onde o tipo penal precisa ser complementado em seu preceito primário (conduta) para ser aplicado. Esse complemento poderá ser lei ou de um ato infralegal. A norma penal em branco poderá ter heterogênea (vem de complemento de ato infralegal) ou homogênea (vem de complemento de lei). As homogêneas são divididas em: Homovitelina: vem do mesmo ramo do direito. Heterovitelina: vem de outro ramo do direito. A lei penal em branco ao avesso é quando o tipo penal para ter aplicação precisa de complemento no preceito primário (na pena). Esse complemento poderá ser feito apenas por lei. Um exemplo de normal penal em branco ao avesso é o artigo 304 do Código Penal. Alexandre Zamboni, Curso de Direito Penal do Zero; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 16° edição. 2020.
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