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ESTATÍSTICA E PROBABILIDADEESTATÍSTICA E PROBABILIDADE APLICADAAPLICADA ANÁLISE COMBINATÓRIA EANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADEPROBABILIDADE Autor: Mestre Raimundo José Almeida Júnior Revisor : Hugo Estevam De Sa les Câmara IN IC IAR introdução Introdução Agora começaremos nosso estudo sobre probabilidade . Para isso, iniciaremos o material abordando um pouco sobre os métodos de resolução de problemas de contagem, que é o objeto de estudo da análise combinatória. Após aprendermos a trabalhar com o Princípio Fundamental da Contagem e com suas formulações subsequentes (permutação, arranjo e combinação), iniciaremos o estudo da probabilidade, suas propriedades e técnicas de cálculo. Fecharemos a unidade abordando o cálculo de probabilidade para eventos complementares e de probabilidade condicional. Todo o conteúdo desta unidade poderá ser aplicado na produção de relatórios qualitativos e quantitativos, estudo de con�abilidade de um processo de produção industrial, análise da qualidade de um serviço, predição do comportamento de uma variável, dentre outras. Bons estudos! Nesta primeira seção, trabalharemos com os princípios de contagem, cujo foco é determinar o número de possíveis ocorrências de determinado fenômeno. Começaremos nosso estudo com o Princípio Fundamental da Contagem e, em sequência, trabalharemos com as fórmulas e resultados que nos ajudarão a resolver problemas de contagem de modo muito mais rápido e prático. Vamos lá! Princípio Fundamental da Contagem Considere uma sequência de dois eventos. O evento 1 pode ocorrer de maneiras e o evento 2 de maneiras. Então, juntos, os eventos podem ocorrer de maneiras. Para ilustrar, considere o seguinte exemplo: Um casal de pais deseja escolher duas atividades para que seu �lho realize no turno oposto ao horário escolar. A primeira atividade deve ser um esporte e a segunda deve ser uma atividade cultural ou de lazer. A Figura 2.1 ilustra as Princípio Fundamental daPrincípio Fundamental da ContagemContagem m n m n três opções de atividades ligadas ao esporte e as duas opções ligadas a lazer/cultura. Quantas possibilidades de pares de atividades o casal dispõe para escolher? A �gura a seguir corresponde a um diagrama, chamado de diagrama de árvore, que indica todas as possibilidades para os pares de atividades possíveis: Figura 2.1 - Opções para esporte, cultura e lazer Fonte: Elaborada pelo autor. Na Figura 2.2 podemos observar que existem 6 possibilidades de combinação de pares de atividades. Uma outra forma de obter esse resultado consiste em aplicarmos o Princípio Fundamental da Contagem (PFC). Para isso, o primeiro passo é veri�carmos o número de possibilidade para cada um dos 2 eventos e, por �m, multiplicamos os números para obtenção do resultado �nal: Figura 2.2 - Diagrama de árvore para contagem das possíveis combinações entre esporte e cultura e lazer Fonte: Elaborada pelo autor. Figura 2.3 - Contagem das combinações Fonte: Elaborada pelo autor. praticar Vamos Praticar EXERCÍCIO 1 Uma sala tem 5 portas: 1 - De quantas maneiras distintas é possível entrar e sair da sala? Figura 2.4 - Quantidade de portas de uma sala Fonte: Elaborada pelo autor. 2. De quantas maneiras distintas é possível entrar e sair da sala sem utilizar a mesma porta? praticar Vamos Praticar EXERCÍCIO 2 A partir de 2019, todas as placas veiculares brasileiras tiveram que ser atualizadas para um novo padrão, formado por uma sequência de 3 letras, seguidas de 1 algarismo, mais 1 letra e mais 2 algarismos, conforme modelo a seguir. Figura 2.7 - Modelo de uma placa de carro Fonte: Elaborada pelo autor. Quantas placas podem ser feitas, assumindo que os três algarismos precisam ser distintos e a quarta letra da placa precisa ser a uma das 3 primeiras letras do alfabeto? praticar Vamos Praticar Uma �la para atendimento num posto médico deve ser formada respeitando-se as prioridades: 1. idosos, grávidas e pessoas com crianças de colo; 2. adultos com crianças (que não necessitam de colo); 3. demais pessoas. Numa determinada manhã, 7 pessoas (três adultos sem �lhos, uma gestante, um idoso, uma mulher com criança de colo e um homem com criança que não necessita de colo) precisam ser atendidas. De quantas maneiras a �la pode ser formada, respeitando-se as prioridades estabelecidas? a) 42 b) 36. c) 27 d) 64 e) 81 Figura - Pessoas para compor uma �la Fonte: Elaborada pelo autor. Antes de iniciarmos nosso estudo das permutações, combinações e arranjos, vamos relembrar a de�nição de fatorial, que será muito utilizada nesta unidade. O fatorial de um número $n$ (maior que 1) é dado pelo produto dos primeiros números naturais. Notação: . Por exemplo: Exercício Resolvido: Calcule o valor de . Solução: Como estratégia, desenvolveremos o numerador da fração para obtermos um fator que se cancele com o denominador: Permutações,Permutações, Combinações e ArranjosCombinações e Arranjos n n! 3! = 3 × 2 × 1 = 6 5! = 5 × 4 × 3 × 2 × 1 = 120 7! 5! Agora que você já sabe operar com o fatorial, vamos às de�nições principais do capítulo. = = 7 × 6 = 42. 7! 5! 7 × 6 × 5! 5! 1. PERMUTAÇÃO Quando é utilizado? Quando queremos contar o número de possibilidades de formação de uma sequência (�la). Qual a fórmula? Permutação de elementos: Exemplo: Nº de possibilidades de formação de uma �la de 5 pessoas: possibilidades Nº de anagramas da palavra RENATO: anagramas 2. ARRANJO Quando é utilizado? Quando queremos contar o número de diferentes �las que podem ser formadas com elementos em um conjunto com elementos. Neste caso, a ordem da escolha dos elementos importa. Qual a fórmula? Arranjo de elementos tomados a : Exemplo: Nº de possibilidades de formação de uma �la de 3 pessoas, extraídas de um conjunto de 5 pessoas: possibilidades 3. COMBINAÇÃO n = n!Pn 5! = 120 6! = 720 n m n p p =Apn n! (n − p)! = = 60A35 5! 2! Quadro 2.2 - Técnicas de contagem Fonte: Elaborado pelo autor. Agora, observe os exemplos a seguir para �xação das de�nições de permutação, arranjo e combinação. Exemplo 1: Quantos anagramas podem ser formados a partir da palavra NÚMEROS? Resposta: A resposta consiste no número de permutações de um conjunto de 7 elementos, logo Exemplo 2: Quantos anagramas possui a palavra NÚMEROS, sendo que a primeira letra é uma consoante? Quando é utilizado? Quando queremos contar o número de subconjuntos com elementos que podem ser formados a partir de um conjunto com elementos. Neste caso, a ordem da escolha dos elementos não importa. Qual a fórmula? Combinação de elementos tomados a : Exemplo: Nº de trios que podem ser formados por uma turma de 8 estudantes: possibilidades n m m n n =Cnm m! n! (m − n)! = = 56C38 8! 3!5! = 7! = 5040 anagramas.P7 Resposta: Observe que existem 4 possibilidades para a primeira letra (N, M, R e S). Uma vez escolhida a primeira letra, as demais devem ser permutadas para formação dos anagramas ( ). Pelo PFC, temos: Exemplo 3: Quantas senhas de 4 dígitos podemos formar com os caracteres A, B, C, D, E e F? Resposta: Observe que a senha ABCD é diferente da senha DCBA, ou seja, a ordem da sequência importa na contagem. Sendo assim, a resposta consiste no arranjo de 6 tomados 4 a 4: Exemplo 4: Um torneio de tênis de mesa possui 18 competidores, no qual cada competidor joga contra todos os outros. Sendo cada partida disputada por 2 jogadores, quantas partidas teremos no torneio? Resposta: Sendo A um jogador e B outro jogador, a disputa A B e a disputa B A deve ser computada como uma só. Dessa forma, a ordem de escolha não interfere no resultado. Sendo assim, o número de disputas será dado pelo número de combinações de 18 tomados 2 a 2: P6 4 × = 4 × 6! = 4 × 720 = 2800 anagramas.P6 = = = 6 × 5 × 4 × 3 = 360 senhas.A46 6! (6 − 4)! 6! 2! × × = = = = 153 partidas.C218 18! 2! (18 − 2)! 18! 2!16! 18 × 17 2 praticar Vamos Praticar Anagramascorrespondem às palavras formadas a partir da permutação entre as letras de uma outra palavra. Por exemplo, OLAMARE é um anagrama da palavra AMARELO. Sendo assim, qual a quantidade de anagramas da palavra RAFAELA? a) 760 b) 840. c) 940 d) 1024 e) 556 reflita Re�ita Vários exercícios que podem ser solucionados pela análise combinatória podem ser resolvidos pelo Princípio Fundamental da Contagem OU pelas fórmulas de permutação, arranjo e combinação. Cabe a você veri�car qual a forma mais simples de resolver cada um deles. Iniciaremos, agora, o nosso estudo sobre probabilidades. Começaremos a trabalhar os conceitos iniciais vinculados a essa teoria. Na sequência, faremos um resumo das principais propriedades decorrentes do conceito de probabilidade. Na última seção, fecharemos nossa unidade com o conceito de probabilidade condicional. Conceito de Probabilidade Ao trabalharmos com probabilidade, estaremos tratando de experimentos nos quais desejamos mensurar a chance da ocorrência de algum fato. Nesse contexto, direcionaremos nosso estudo para os eventos aleatórios. Um experimento aleatório é aquele cujo resultado não pode ser previsto antes da realização e qualquer um tem a mesma chance de acontecer. Por exemplo, lançar um dado é um experimento aleatório (cada resultado tem igual chance de acontecer). Já o experimento realizar uma prova sem estudar não é aleatório (uma vez que a chance de passar é diferente da chance de Conceito e Cálculo deConceito e Cálculo de ProbabilidadesProbabilidades perder). Experimentos que não são aleatórios são chamados de experimentos determinísticos . Antes de entrarmos no conceito de probabilidade, vamos precisar compreender duas de�nições preliminares: espaço amostral e evento. EVENTO é qualquer subconjunto do espaço amostra. Por exemplo: Quadro 2.3 - Exemplo de espaço amostral e evento Fonte: Elaborado pelo autor. Dado um experimento, existem alguns tipos de eventos que possuem nomenclatura especial. Por exemplo, no experimento do lançamento de um dado, o evento sair número menor que 7 é dado por Nesse caso, dizemos que estamos tratando de um evento certo . Por outro lado, o evento sair o número 9 é vazio, , logo é chamado de evento impossível . Em um experimento, dizemos que dois eventos e são complementares se 1. e 2. Por exemplo, no lançamento do dado, o evento sair número par e o evento sair número ímpar são complementares, uma vez que a união dos dois eventos resulta em todo o espaço amostral e que a interseção desses eventos é vazia. Dado um experimento, considere o evento contido no espaço amostral . A probabilidade de ocorrência de é dada por Experimento lançar um dado Espaço amostral Eventos Sair um número par Sair um número menor que 5 Sair o número 6 Ω = {1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6} A = {2 , 4 , 6} B = {1 , 2 , 3 , 4} C = {6} A = {1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6} . B = { } A B A ∪ B = Ω A ∩ B = { } . A Ω A em que signi�ca o número de elementos de e signi�ca o número de elementos de . Exemplo: Uma urna contém três bolas verdes, duas bolas azuis e cinco bolas cinzas. Ao retirarmos, aleatoriamente, uma bola dessa urna, qual a probabilidade de não sair uma bola verde? Solução: Logo, . P (A) = , # (A) # (Ω) # (A) A # (Ω) Ω Figura 2.9 - Possibilidades de bolas a serem sorteadas Fonte: Elaborada pelo autor. Ω = {V 1 , V 2 , V 3 , A1 , A2 , C1 , C2 , C3 , C4 , C5} A = {A1 , A2 , C1 , C2 , C3 , C4 , C5} P (A) = = = 0, 7 = 70% #(A) #(Ω) 7 10 Propriedades da Probabilidade A seguir, seguem algumas propriedades da probabilidade, que podem ser úteis em diversas situações e na resolução de problemas. 1. Se , então . 2. Se , então . 3. Para qualquer evento , temos: . 4. Se e são eventos complementares, então . 5. Regra da Adição: dados eventos e , temos sempre que . Exemplo resolvido: Sorteando-se um número de 1 a 20, qual a probabilidade que o número seja par ou múltiplo de 3? Solução: Considere os dois eventos (sair um número par) e (sair um múltiplo de 3). Observe que estamos procurando a probabilidade associado ao evento . Sendo assim, e Logo, . praticar V P ti A = { } P (A) = 0 A = Ω P (A) = 1 A 0 ≤ P (A) ≤ 1 A B P (A) + P (B) = 1 A B P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B) A B A ∪ B A = {2 , 4 , 6 , 8 , 10 , 12 , 14 , 16 , 18 , 20} B = {3 , 6 , 9 , 12 , 15 , 18} . P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B) = + − =10 20 6 20 3 20 13 20 praticar Vamos Praticar Qual a probabilidade de, no lançamento simultâneo de dois dados diferentes, obter soma igual a 8? a) 5/36 b) 1/12 c) 5/12 d) 1/15 e) 1/4 A probabilidade condicional de um evento é a probabilidade obtida com a informação adicional de que outro evento já tenha ocorrido. denota a probabilidade condicional de ocorrência do evento B, dado que já ocorreu o evento . Para se calcular uma probabilidade condicional, utilizamos a fórmula a seguir. Exemplo resolvido: Qual a chance de extrair uma carta de um baralho comum (de 52 cartas) e obter um 3, sabendo que ela é uma carta de copas? Solução: Considere os eventos (sair 3) e (sair copas). A probabilidade procurada é . Observe que a probabilidade , pois só existe um Probabilidade CondicionalProbabilidade Condicional P(A | B) A P(A | B) = . P (A ∩ B) P (B) A B P(A | B) P (A ∩ B) = 1 52 único 3 de copas dentre as 52 cartas. A probabilidade , pois existem 13 cartas de copas dentre as 52. Sendo assim, Dois eventos A e B são independentes se a ocorrência de um não afeta a probabilidade de ocorrência do outro. Caso contrário, os eventos são ditos dependentes . Para o caso de eventos independentes, a fórmula da probabilidade condicional pode ser reescrita como uma vez que A fórmula anterior é bastante conhecida por Regra da Multiplicação. Ela deve ser aplicada apenas quando estamos falando de eventos independentes. Nesses casos, devemos calcular cada probabilidade separadamente e multiplicar as suas respostas. Exemplo resolvido: Uma caixa tem 20 peças, sendo 8 delas peças do tipo X e 12 delas peças do tipo Y. Se retirarmos duas peças, ao acaso e com reposição , qual a probabilidade de se obter duas peças do tipo X? Solução: Como estamos tratando de um problema que envolve a reposição da primeira peça sorteada (antes do sorteio da segunda peça), podemos a�rmar que estamos trabalhando com eventos independentes. Dessa forma, a probabilidade de que sejam retiradas duas peças do tipo X é dada pelo produto da probabilidade de se retirar X no primeiro momento por ela mesmo: P (B) = 13 52 P(A | B) = = = . P (A ∩ B) P (B) 1 52 13 52 1 13 P (A ∩ B) = P (A) ⋅ P (B) , P(A | B) = P (A) . P (A ∩ B) = P (A) ⋅ P (B) = ⋅ = = . 8 20 8 20 64 400 4 25 praticar Vamos Praticar Suponha que tenhamos um lote de 30 corpos de prova de concreto, dos quais 26 passaram pelo teste de tração e 4 foram reprovados. Se dois desses corpos de prova forem selecionados ao acaso, qual a probabilidade de que ambos tenham sido aprovados no teste? a) 75/87 b) 25/87 c) 45/87 d) 65/87 e) 55/87 saiba mais Saiba mais Para saber mais sobre o conteúdo desta unidade, você pode assistir ao vídeo através do link abaixo. Nele, o professor aparece resolvendo uma sequência de exercícios sobre cálculo de probabilidades, nos quais são aplicados os métodos de contagem e as fórmulas trabalhadas nesta unidade. ASS I ST IR indicações Material Complementar LIVRO Introdução à Estatística - Atualização da Tecnologia - Capítulo 4 Mario F. Triola Editora: LTC ISBN: 9788521622062 Comentário: Neste livro você encontrará outros exemplos e aplicações de todo o conteúdo trabalhado na unidade, além de inúmeros exercícios para fortalecer e �xar seu aprendizado. FILME Quebrando a Banca Ano: 2008 Comentário: Esse �lme conta a história de um grupo de ex-estudantes do M.I.T. que se juntaram para elaborar estratégias e truques utilizando a matemática e a estatística como objetivo de trapacear em jogos de cartas. É um �lme muito interessante e enche os olhos de qualquer pessoa que gosta de matemática. conclusão Conclusão Parabéns por ter chegado até aqui! Isso mostra que você está com vontade de aprender o conteúdo. Você já está apto a resolver problemas de análise combinatória e cálculo de probabilidades, aplicar o Princípio Fundamental ou as fórmulas de permutação, combinação e arranjo na solução de problemas de contagem, além de aplicar as propriedades e as fórmulas da Regra da Adição e da Regra da Multiplicação. Agora é com você, não esqueça de exercitar todos os tópicos e tirar todas as suas dúvidas. Boa sorte! referências Referências Bibliográ�cas DEVORE, J. L. Probabilidade e estatística para engenharia e ciências . São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. MONTGOMERY, D. C., RUNGER, G. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros . Rio de Janeiro: LTC, 2003. TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística: atualização da tecnologia, v. único. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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