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2013 Probabilidade e estatística Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 519 S355p Schmitt, Ana Luisa Fantini Probabilidade e estatística / Ana Luisa Fantini Schmitt. Indaial : Uniasselvi, 2013. 200 p. : il ISBN 978-85-7830- 676-2 Estatística. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III aPresentação Olá, acadêmico, bem-vindo à disciplina de Probabilidade e Estatística! Nesta disciplina, você estudará duas importantes vertentes da matemática, a teoria das probabilidades e a inferência estatística. Na teoria das probabilidades, você estudará as experiências aleatórias, ou seja, situações em que é possível apresentar o resultado antecipadamente. Você terá a oportunidade de perfazer o caminho desde as principais técnicas de contagem até os principais conceitos da teoria das probabilidades. Na inferência estatística, você estudará os processos de estimação e os testes de hipóteses, finalizando com as inferências estatísticas que auxiliam na tomada de decisão. Você terá a oportunidade de, matematicamente, analisar situações e identificar soluções, baseado em erros predeterminados e em consulta a tabelas que facilitam o processo de resolução dos testes de hipóteses. Dedique-se ao estudo desta disciplina e entenda que estes conceitos são essenciais na formação do futuro professor de Matemática. Para facilitar o seu estudo, o Livro Didático de Probabilidade e Estatística foi dividido em três unidades: na Unidade 1, você fará o estudo da Análise Combinatória e Probabilidades; na Unidade 2, você conhecerá as Variáveis Aleatórias e as Distribuições Discretas e Contínuas de Probabilidade e, na Unidade 3, você compreenderá a Estimação e a Inferência Estatística. Espero que este livro o conduza aos conhecimentos da probabilidade e da estatística, auxiliando-o na tomada de decisões e nas reflexões sobre o estudo. Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES ........................1 TÓPICO 1 – COMBINATÓRIA ..............................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM............................................................................4 3 FATORIAL ................................................................................................................................................7 4 PERMUTAÇÃO ..................................................................................................................................... 10 4.1 QUANTIDADE DE PERMUTAÇÕES .......................................................................................... 11 4.1.1 Permutações com elementos diferentes ............................................................................... 11 4.1.2 Permutações com elementos repetidos ................................................................................ 14 5 COMBINAÇÕES E ARRANJOS ........................................................................................................ 15 5.1 COMBINAÇÕES .............................................................................................................................. 15 5.2 ARRANJOS ....................................................................................................................................... 16 5.3 QUANTIDADE DE ARRANJOS ................................................................................................... 17 5.4 QUANTIDADE DE COMBINAÇÕES .......................................................................................... 19 6 BINÔMIO DE NEWTON .................................................................................................................... 20 6.1 O BINÔMIO DE NEWTON (X + A)n ............................................................................................. 20 6.2 TRIÂNGULO DE PASCAL ............................................................................................................ 21 6.3 DESENVOLVIMENTO DO BINÔMIO DE NEWTON (x + a)n ................................................. 23 6.4 FÓRMULA DO TERMO GERAL .................................................................................................. 24 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 28 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 2 – PROBABILIDADE ............................................................................................................ 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 ESPAÇO AMOSTRAL ......................................................................................................................... 34 3 EVENTO ................................................................................................................................................. 35 4 PROBABILIDADE ................................................................................................................................ 36 5 PROBABILIDADE DA UNIÃO DE EVENTOS ............................................................................. 38 6 PROBABILIDADE CONDICIONADA ............................................................................................ 42 7 TEOREMA DA MULTIPLICAÇÃO .................................................................................................. 44 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49 TÓPICO 3 – TEOREMA DE BAYES .....................................................................................................51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 TEOREMA DE BAYES ......................................................................................................................... 52 3 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES DO TEOREMA DE BAYES ........................................................ 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 60 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61 sumário VIII TÓPICO 4 – COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE NO ENSINO ............................................ 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 ALGUNS EXEMPLOS DE ATIVIDADES JÁ REALIZADAS DE COMBINATÓRIA ............ 65 2.1 ATIVIDADE 1: OS SINAIS DE TRÂNSITO E AS CORES .......................................................... 65 2.2 ATIVIDADE 2: SALADA DE FRUTAS ......................................................................................... 70 2.3 CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDANTES SOBRE AS ATIVIDADES ....................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 75 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76 UNIDADE 2 – VARIÁVEIS ALEATÓRIAS E DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADE ........ 77 TÓPICO 1 – VARIÁVEIS ALEATÓRIAS ............................................................................................ 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 VARIÁVEIS ALEATÓRIAS ................................................................................................................ 79 2.1 DISCRETAS....................................................................................................................................... 80 2.2 CONTÍNUAS .................................................................................................................................... 81 3 FUNÇÃO PARA DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE .......................................................... 81 3.1 ACUMULADA ................................................................................................................................. 84 3.2 CONTÍNUA ...................................................................................................................................... 86 4 ESPERANÇA.......................................................................................................................................... 87 5 VARIÂNCIA .......................................................................................................................................... 88 6 DESVIO PADRÃO ............................................................................................................................... 88 7 EXEMPLOS DA ASSOCIAÇAO ENTRE VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO ........................ 89 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 91 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 92 TÓPICO 2 – DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADE PARA VARIÁVEIS DISCRETAS ............ 95 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 95 2 DISTRIBUIÇÕES DE BERNOULLI E BINOMIAL........................................................................ 95 3 DISTRIBUIÇAO DE POISSON ......................................................................................................... 99 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................111 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112 TÓPICO 3 – DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADE PARA VARIÁVEIS CONTÍNUAS .......115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 NORMAL .............................................................................................................................................115 2.1 TABELA Z .......................................................................................................................................117 2.2 ALGUNS EXEMPLOS ...................................................................................................................122 3 OUTROS TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO ...........................................................................................125 3.1 DISTRIBUIÇÃO QUI-QUADRADO ...........................................................................................125 3.1.1 Qui-quadrado com (n – 1) graus de liberdade .................................................................126 3.2 DISTRIBUIÇÃO T–STUDENT .....................................................................................................128 3.3 DISTRIBUIÇÃO F ..........................................................................................................................130 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................132 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................133 UNIDADE 3 – INFERÊNCIA ESTATÍSTICA: ESTIMAÇÃO E TESTES DE HIPÓTESES .....135 TÓPICO 1 – PROCESSO DE ESTIMAÇÃO .....................................................................................137 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137 2 MÉDIA ..................................................................................................................................................138 IX 3 VARIÂNCIA ........................................................................................................................................139 3.1 DESVIO PADRÃO .........................................................................................................................140 4 PROPORÇÃO ......................................................................................................................................141 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................143 TÓPICO 2 – TESTES DE HIPÓTESES PARA MÉDIA,VARIÂNCIA E PROPORÇÃO...........145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 HIPÓTESES .........................................................................................................................................145 3 ERROS DO TIPO I E II ......................................................................................................................1463.1 ERRO DO TIPO I (α) .....................................................................................................................147 3.2 ERRO DO TIPO II (β) ....................................................................................................................147 4 EXEMPLOS DE TESTES DE HIPÓTESES .....................................................................................148 4.1 TESTE DE HIPÓTESES PARA A MÉDIA QUANDO O σ (DESVIO PADRÃO DA POPULAÇÃO) É CONHECIDO .................................................................................................150 4.1.1 Teste de hipóteses para a média quando o σ (desvio padrão da população) é desconhecido .........................................................................................................................153 4.2 TESTE DE HIPÓTESES PARA A VARIÂNCIA POPULACIONAL σ2 ..................................154 4.3 TESTE DE HIPÓTESES PARA A PROPORÇÃO POPULACIONAL p .................................156 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 TÓPICO 3 – TESTES DE HIPÓTESES PARA COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E GRAU DE DEPENDÊNCIA .......................................................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 TESTE T DE STUDENT PARA COMPARAÇÃO DE MÉDIAS .................................................161 2.1 PARA DADOS PAREADOS .........................................................................................................162 2.2 PARA DADOS NÃO PAREADOS ..............................................................................................164 3 TESTE DE INDEPENDÊNCIA .........................................................................................................170 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................174 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................188 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................191 APÊNDICES ............................................................................................................................................193 X 1 UNIDADE 1 COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender os conceitos e definições de combinatória e probabilidade; • entender a aplicação do Teorema de Bayes; • considerar possíveis aplicações de combinatória e probabilidade no ensino. Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimentos na área. TÓPICO 1 – COMBINATÓRIA TÓPICO 2 – PROBABILIDADE TÓPICO 3 – TEOREMA DE BAYES TÓPICO 4 – COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE NO ENSINO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 COMBINATÓRIA 1 INTRODUÇÃO A combinatória é a parte da Matemática em que são estudadas as técnicas de contagens de agrupamentos que podem ser feitos com elementos de um dado conjunto. Por convenção, neste livro, será utilizada apenas a palavra combinatória para tratar dos conceitos, definições e ideias da Análise Combinatória. UNI Basicamente são dois tipos de agrupamentos que podem ser formados: o primeiro tipo leva em consideração a ordem dos elementos dentro do agrupamento, já o segundo tipo não leva em consideração a ordem dos elementos. Por exemplo, se você quiser contar quantas placas de automóveis podem ser feitas, constituídas por três letras seguidas de quatro números, deverá sempre levar em conta a ordem das letras e dos números. são placas diferentes. Placa 1 ALS 1987 e Placa 2 SLA 9178 são jogos iguais. Jogo 1 47, 13, 22, 23, 07 e Jogo 2 22, 47, 13, 07, 23 Mas, se você quiser contar quantas quinas são possíveis de serem sorteadas na loteria, veja que a ordem dos números que compõem o bilhete não importa. Por exemplo: UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 4 Os dois exemplos citados servem também para mostrar que é importante existir uma técnica de contagem indireta, em que você não precise escrever um por um os elementos de um agrupamento e depois contá-los. Além disso, fazer uma contagem “manual” pode levar a um erro por omissão ou por repetição de algum elemento ou agrupamento. Os conceitos, definições e ideias de combinatória que você estudará nesta primeira parte da Unidade 1 são aplicados em diversos campos de atividade. Mais adiante você verá que são aplicáveis na Teoria das Probabilidades e no desenvolvimento do Binômio de Newton. Você estudará neste primeiro tópico conceitos, definições e ideias do Princípio Fundamental da Contagem, do Fatorial, da Permutação, do Arranjo e da Combinação. Para iniciar, a seguir, conheça um pouco mais sobre o Princípio Fundamental da Contagem. 2 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM Talvez você se reconheça na condição de ter que ir a uma cidade qualquer e, como caminho possível, ter que passar por algumas cidades e ter que escolher passar em algumas estradas. Dependendo de sua região, quem sabe até faça isto para chegar ao seu polo presencial de estudo, não é mesmo? Imagine então a seguinte situação: Exemplo 1 Você trabalha no município de Indaial (IND) e precisava passar pelo município de Blumenau para chegar ao município de Gaspar (GSP), local em que reside. Para chegar a Blumenau (BLU) há duas opções de estradas (BR-470 e Estrada Velha) e para ir de Blumenau a Gaspar existem três opções de estradas (BR-470, Rua Itajaí e Estrada Gaspar Alto). INDAIAL BLUMENAU GASPAR Estrada Velha BR-470 BR-470 Rua Itajaí Estrada Gaspar Alto Sendo assim, para ir de Indaial a Gaspar você pode optar por um entre seis caminhos. Veja o esquema a seguir: TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 5 Estrada Gaspar Alto Estrada Gaspar Alto Estrada Velha Estrada Velha Estrada Velha BR-470 BR-470 BR-470 BR-470 BR-470 Rua Itajaí Rua Itajaí IND IND IND IND IND IND BLU BLU BLU BLU BLU BLU GSP GSP GSP GSP GSP GSP Você também pode representar estes caminhos num esquema como o seguinte, que pode ser chamado de árvore de possibilidades: Veja aqui a representação das três estradas que ligam Blumenau a Gaspar. Veja aqui a representação das duas estradas que ligam Indaial a Blumenau. BLU BLU IND GSP GSP GSP GSP GSP GSP UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 6 Com base nos esquemas anteriores, você pode perceber que a ida de Indaial a Gaspar se dá em duas etapas: a primeira, de Indaial a Blumenau, pode ser realizada de duas maneiras, e para cada uma delas a segunda etapa, de Blumenau a Gaspar, pode ser realizada de três maneiras. Sendo assim, a realização das duas etapas pode ser feita de 2 · 3 modos, que correspondem a seis caminhos de Indaial a Gaspar. Baseado no exemplo descrito, você pode compreender facilmente a definição do Princípio Fundamental da Contagem: Princípio Fundamental da Contagem: se uma ação é composta de duas etapas sucessivas, sendo que a primeira pode ser feita de m modos e, para cada um destes, a segunda pode ser feita de n modos, então o número de modos de realizar a ação é m·n. Este princípio pode ser generalizado para ações compostas por mais de duas etapas. Para ressaltar este princípioveja mais um exemplo comum no seu cotidiano. Exemplo 2 Imagine-se tendo que escolher o que vestir diariamente para ir trabalhar, por exemplo. De quantas maneiras diferentes você pode se vestir se houver no seu guarda-roupa exatamente sete blusas, quatro calças e dois pares de sapatos? Esta situação de escolher um conjunto calça-blusa-sapato pode ser interpretada como uma ação composta por três ações sucessivas, ou seja, primeiro escolher a calça, depois a blusa e, por fim, o sapato. A primeira pode ser realizada de sete modos diferentes, e, para cada um destes, a segunda pode ser realizada de quatro modos e, para cada um destes, a terceira pode ser realizada de dois modos. Então, pelo princípio fundamental da contagem há 7·4·2 modos de realizar a ação, ou seja, há 56 opções diferentes de se vestir com o que você tem no guarda- roupa, sem repetir nenhuma vez o conjunto. Para exercitar, você pode montar a árvore de possibilidades para o exemplo anterior. Outra sugestão é acrescentar mais um tipo de roupa para montar o conjunto. Que tal pensar se você tivesse que escolher também entre três casacos? Será que suas opções aumentariam? AUTOATIVIDADE TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 7 Ei, que tal você exercitar um pouco mais o que aprendeu até aqui? Veja a seguir a questão de múltipla escolha que estava no EXAME NACIONAL DE CURSOS 1998 (questão 20) – atual ENADE – do curso de Licenciatura em Matemática. Os clientes de um banco devem escolher uma senha, formada por 4 algarismos de 0 a 9, de tal forma que não haja algarismos repetidos em posições consecutivas (assim, a senha “0120” é válida, mas “2114” não é). O número de senhas válidas é: Como resolver a questão para obter este resultado? Você pode utilizar a ideia do Princípio Fundamental da Contagem organizando as opções da seguinte maneira: • Primeiro dígito: 10 opções, pois você pode utilizar qualquer número de 0 a 9. • Segundo dígito: 9 opções, pois você já utilizou um número na primeira casa, restam os outros nove. • Terceiro dígito: 9 opções, você pode voltar a utilizar o primeiro número, mas não poderá utilizar o número da segunda casa, o que implica nove opções. • Quarto dígito: 9 opções, nesta casa, você também tem nove opções, pois pode utilizar todos os números com exceção do que utilizou na terceira casa. Agora, basta multiplicar as opções para cada dígito: 10 · 9 · 9 · 9 O que resultará em 7.290 opções diferentes de senha. 3 FATORIAL Indica-se por 6! (leia seis fatorial) o produto dos seis primeiros números naturais positivos. 6! = 6 · 5 · 4 · 3 · 2 · 1 logo 6! = 720 Veja outros exemplos: 3! = 3 · 2 · 1 = 6 8! = 8 · 7 · 6 · 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 40.320 Fatorial: dado um número natural qualquer n, sendo n >1 define-se: n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 3 · 2 · 1. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 8 Nos casos especiais n = 1 e n = 0 define-se 1! = 1 e 0! = 1. Por serem estas igualdades convenientes para as fórmulas que você estudará adiante, note que: 0! = 1 1! = 1 2! = 2 · 1 = 2 3! = 3 · 2 · 1 = 6 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 Veja também que, com números maiores, você pode substituir as multiplicações de algumas sequências pelos próprios fatoriais que estas representam: 5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 5 · 4! = 5 · 24 = 120 6! = 6 · 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 6 · 5! = 6 · 120 = 720 7! = 7 · 6! = 7 · 720 = 5.040 8! = 8 · 7! = 8 · 5040 = 40.320 E, com a prática, ficará fácil utilizar esta ideia nas situações que exijam o uso do fatorial: 7! = 7 · 6! 7! = 7 · 6 · 5! 7! = 7 · 6 · 5 · 4! Ao desenvolver um fatorial, colocando os fatores em ordem decrescente, você pode parar onde for conveniente, indicando os últimos fatores também como notação de fatorial. Lembre-se disto, será bastante útil no estudo de Permutação, Arranjo e Combinação! UNI Para exercitar, vamos simplificar e calcular os fatoriais a seguir: Exemplo 1: Lembre-se de que você pode simplificar a fração desenvolvendo o fatorial maior até chegar ao menor! Neste caso existe o 9! em cima e o 7! embaixo. A melhor solução é desenvolver o 9! de cima até que possa simplificá-lo com o 7! de baixo, restando a multiplicação do nove pelo oito em cima: 9! 7! 9 · 8 · 7! = 9 · 8 = 72 7! TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 9 Exemplo 2: Já neste caso existe uma forma algébrica de fatorial, em que há o (n-2)! em cima e o n! embaixo. Assim como no exemplo numérico, neste caso a melhor solução é desenvolver o n! de baixo até que se possa simplificá-lo com o (n-2)! de cima, restando a multiplicação do n pelo (n-1) embaixo: Exemplo 3: Este é outro exemplo de uma forma algébrica de fatorial, em que há o (n+3)! em cima e o n! embaixo. Da mesma maneira, como no exemplo anterior, neste caso, a melhor solução é desenvolver o (n+3)! de cima até que se possa simplificá-lo com o n! de baixo, restando a multiplicação do (n+3) · (n+2) · (n+1) em cima: Exemplo 4: (n–2!= Este último exemplo apresenta uma equação com fatorial. Por causa da existência dos fatoriais na equação devemos ter n natural e n ≥ 1. O primeiro passo é resolver a equação normalmente, sem pensar nos fatoriais: (n –2)! n! (n+1)! 20 (n–2)! (n 2)! 1 n · (n–1) · (n–2)! = = n! n · (n 1) (n+3)! n! (n+3)! n! = =n! 1 (n+3) · (n+2) · (n+1) · n! =(n+3) · (n+2) · (n+1)(n+3) · (n+2) · (n+1) , realizando a multiplicação em ‘X’ e tornando a dividir, temos a mesma equação escrita de outra maneira: (n–2)!= (n+1)! 20 (n+1)! 20(n–1)! Do mesmo modo, como nos exemplos anteriores, a melhor solução é desenvolver o (n+1)! de cima até que se possa simplificá-lo com o (n-1)! de baixo, restando a multiplicação do (n+1) · (n) em cima: (n · 1)! =20 (n+1) · (n) · (n–1)! Neste momento a equação está resumida a: (n+1)·(n) = 20. Resolvendo a multiplicação algébrica obtém-se: n2 + n – 20 = 0. Aplicando a fórmula de Bhaskara chega-se às raízes n1 = -5 e n2 = 4. Como não se pode aceitar n menores ou iguais a 1, o resultado da equação é apenas 4. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 10 A fórmula de Bhaskara é utilizada para resolver equações de segundo grau. Sem rigor matemático, sua definição é dada por UNI x= 2·a -b±√b2 - 4·a·c em que a (a deve ser diferente de zero) é o valor que acompanha x2, b é o valor que acompanha x e c é o valor que aparece sozinho na equação. 4 PERMUTAÇÃO Com as letras x, y e z você pode formar as seguintes sucessões: (x, y, z); (x, z, y); (y, z, x); (y, x, z); (z, x, y); (z, y, z). Cada uma dessas seis sucessões é chamada uma permutação das três letras. Permutação: denomina-se permutação de n elementos dados a toda sucessão de n termos formada com os n elementos dados. Duas permutações dos mesmos objetos são diferentes se a ordem dos objetos numa delas é diferente da ordem em que os objetos estão colocados na outra, conforme o exemplo inicial. As permutações são representadas usando parênteses e separando os termos por vírgula ou ponto e vírgula (como sucessões). É por meio de permutações que são feitos os anagramas das palavras. Se você quiser formar os anagramas do seu nome, basta permutar as letras da palavra até que se esgotem as possibilidades, independente se a palavra formada tenha ou não significado. Veja os exemplos a seguir. Exemplo 1: LEO Os anagramas para o nome LEO são: LEO, LOE, ELO, EOL, OLE, OEL. Exemplo 2: ANA Os anagramas para o nome ANA são: ANA, AAN, NAA, NAA, ANA, AAN. Perceba que neste exemplo há repetição de uma das letras, o A, por isso optou- se por diferenciar cada um, sendo o primeiro em itálico e o segundo sublinhado. TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 11 Mais adiante, você verá um exemplo em que se leva em conta a repetição da letra A, ocasionando apenas três anagramas (ANA, AAN e NAA). UNI Exemplo 3: NEAD Os anagramas para a palavra NEAD são: NEAD, NEDA, NADE, NAED, NDAE, NDEA, ENDA, ENAD, EDAN, EDNA, EAND, EADN, ADNE, ADEN, AEDN, AEND, ANDE, ANED, DENA, DEAN, DAEN, DANE, DNEA, DNAE. Perceba também que ao aumentar a palavrade que se deseja formar os anagramas, mais trabalhoso fica fazer isso sem uma regra ou fórmula. Imagine fazer, da mesma maneira como nos exemplos, os anagramas da palavra MATEMÁTICA, seria trabalhoso e demorado! 4.1 QUANTIDADE DE PERMUTAÇÕES Nas aplicações, geralmente, você está interessado na quantidade de permutações que podem ser feitas com determinados elementos. Para determinar o número de permutações, não é necessário que você faça uma por uma e depois conte, afinal, às vezes isto é inviável! A seguir, você vai identificar a diferença entre permutações com elementos diferentes e permutações com elementos repetidos. 4.1.1 Permutações com elementos diferentes Para iniciar, pense em quantas permutações podem ser formadas com as vogais a, e, i, o e u. Você poderia resolver fazendo o mesmo procedimento dos anagramas, mas daria certo trabalho. Pense que para formar uma destas permutações você deve fazer uma ação que é composta de cinco etapas sucessivas: ( __ , __ , __ , __ , __ ) cada espaço separado por vírgula representa uma etapa. 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 1ª etapa: você deve escolher a 1ª vogal da permutação. Ela pode ser a ou e ou i ou o ou u, sendo assim, há cinco possibilidades para esta etapa. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 12 2ª etapa: você deve escolher a 2ª vogal. Para cada possibilidade da 1ª etapa, há quatro possibilidades na 2ª etapa, pois uma das vogais já foi utilizada. Por exemplo, se você escolheu na 1ª etapa a vogal i, então a 2ª letra poderá ser a ou e ou o ou u. 3ª etapa: você faz a escolha da 3ª vogal. Agora, para cada par de possibilidades da etapa anterior, há três possibilidades na 3ª etapa, pois duas das vogais já foram utilizadas. Por exemplo, se você escolheu nas outras etapas as vogais i e a, então a 3ª letra poderá ser e ou o ou u. 4ª etapa: você deve escolher a 4ª vogal. Aqui haverá duas possibilidades, pois três das vogais já foram utilizadas. Por exemplo, se você escolheu anteriormente as vogais i e a e u, então a 4ª letra poderá ser e ou o. 5ª etapa: você deve escolher a 5ª e última vogal. Nesta última etapa haverá apenas uma possibilidade, pois as outras quatro vogais já foram utilizadas. Por exemplo, se você escolheu anteriormente as vogais i e a e u e e, então a 4ª letra somente poderá ser o. Neste caso, a permutação do exemplo anterior pode ser identificada pela quantidade de possibilidades em cada etapa: Permutação ( ___ , ___ , ___ , ___ , ___ ) Possibilidades 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 5! = 120 Visualizando o esquema anterior, você deve lembrar-se do Princípio Fundamental da Contagem e também do Fatorial, certo? Por isso foi indicada a importância das duas definições nos itens anteriores, afinal são essenciais em Análise Combinatória! UNI Pelo Princípio Fundamental da Contagem, concluímos que podemos formar 5 · 4 · 3 · 2 · 1 permutações diferentes, isto é, existem 120 permutações diferentes das cinco vogais a, e, i, o e u (ou de quaisquer outros cinco elementos ou objetos). O número de permutações de cinco elementos diferentes é indicado por P5. Sendo assim: P5 = 5! = 120 TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 13 Se você quiser generalizar o exemplo acima para qualquer número de permutações de n elementos distintos, tem-se: Pn = n! Agora fica fácil responder a quantidade de anagramas possíveis da palavra BRASIL. Basta contar o número de letras da palavra, neste caso seis letras, e resolver a permutação de seis elementos, representada por P6. P6 = 6! = 720 Outra situação deste tipo de permutação com elementos diferentes pode ser visto no exemplo a seguir: Exemplo 1: Com os algarismos 2, 4, 5, 6 e 7 quantos números ímpares de 4 algarismos distintos podemos escrever? Primeiro lembre-se de que para formar um número ímpar você deve levar em consideração que o algarismo da unidade, ou seja, o último da direita deve ser ímpar. Neste exemplo, o número a ser formado deve obrigatoriamente terminar em 5 ou 7. Permutação Possibilidades veja que para o algarismo das unidades há apenas duas possibilidades. ( ___, ___, ___, ___ , ___ ) 4 · 3 · 2 · 1 · 2 Para cada uma destas possibilidades, os outros cinco algarismos que restarem poderão ser permutados nas outras cinco casas. Como são algarismos distintos, a quantidade de números ímpares que você poderá formar é: 2 · P4 = 2 · 4! = 2 · 24 = 48 Eis aqui uma dica. Para você resolver exercícios como este é sempre necessário fazer o esquema que representa a situação e suas possibilidades, prestando atenção às restrições, como a do exemplo anterior em que o número deveria ser ímpar. UNI UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 14 4.1.2 Permutações com elementos repetidos Há casos de permutações em que se considera a repetição dos elementos. Os anagramas para o nome ANA são um exemplo. Se você levar em consideração a repetição da letra A, haverá apenas três permutações: ANA, AAN e NAA Mas, se, como no exemplo 2 da seção 4 (PERMUTAÇÃO), você considerar cada A do nome ANA como uma letra distinta (A e A), haverá seis permutações: ANA, AAN, NAA, NAA, ANA, AAN Perceba que neste exemplo há repetição de uma das letras, o A, por isso optou- se por diferenciar cada um, sendo o primeiro em itálico e o segundo sublinhado. Você já sabia que o número de permutações de três elementos diferentes é P3 = 3! = 6. Mas, se você tiver entre os três elementos dois que repetem, este número fica dividido por 2!. Isto ocorre porque 2! é o número de permutações dos dois elementos se eles forem considerados distintos. Sendo assim, o número de permutações de três elementos sendo dois deles repetidos é dado por P32: 3! 362! 2= = =3P 2 Outro exemplo de permutação com elementos repetidos é o cálculo de anagramas da palavra UNIASSELVI. Veja que as letras S e I se repetem duas vezes cada uma na palavra. Se não fosse levada em consideração a repetição destas letras, e houvesse S e S e I e I, por exemplo, você teria uma permutação de 10 letras, ou seja, P10 = 10! = 3 628 800. Considerando a repetição das letras S e I na palavra UNIASSELVI, tem-se: 2!·2! 10!= = = 90720010P2,2 2·1·2! 10·9·8·7·6·5·4·3·2! Analisando o exemplo dos anagramas da palavra UNIASSELVI, levando em consideração se é com e sem repetição, tem-se uma diferença de 3.628.800 permutações no primeiro caso e 907.200 no segundo. Generalizando estas situações, quando há n elementos dos quais n1 são repetidos de um tipo, n2 são repetidos de outro tipo, n3 são repetidos de outro tipo, e assim por diante, o número de permutações que podemos formar é dado por: TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 15 P = (n1 + n2 + n3 + ... nk = n)n n1, n2, n3, ... nk n1!n2!n3!...nk! n! É importante sempre estar atento(a) ao enunciado de um problema para detectar qual tipo de cálculo é necessário para obter o resultado correto. No caso das permutações, analise a situação para saber se deve ou não levar em consideração a repetição dos elementos. UNI 5 COMBINAÇÕES E ARRANJOS Combinações e arranjos também são parte do estudo de Combinatória. Neste livro, optou-se por apresentá-los no mesmo momento, apontando peculiaridades, diferenças e semelhanças entre os dois tipos de cálculo. 5.1 COMBINAÇÕES Suponha que no local em que você trabalha, numa escola por exemplo, o diretor resolveu sortear entre os professores mais assíduos do semestre dois prêmios iguais, dois notebooks. Imagine então que os quatro professores (Jairo, Cristiane, Débora e Emília) foram os mais assíduos do semestre e que o diretor deve decidir quais dois receberão os notebooks. As duplas de ganhadores podem ser: Jairo e Cristiane ou Jairo e Débora ou Jairo e Emília ou Cristiane e Débora ou Cristiane e Emília ou Débora e Emília. Cada uma destas possibilidades é um agrupamento dos quatro professores tomados dois a dois. Em cada um destes agrupamentos, a ordem em que forem citados não importa, pois se o diretor der os notebooks ao Jairo e à Cristiane é o mesmo que seder os prêmios à Cristiane e ao Jairo. Ou seja, quando você agrupar elementos de modo que em cada agrupamento não importe a ordem dos elementos, estes agrupamentos são chamados de combinações. Matematicamente, as combinações são conjuntos em que os elementos são escolhidos entre os elementos dados. Combinação: denominam-se combinações de n elementos distintos tomados k a k os conjuntos formados de k elementos distintos escolhidos entre os n elementos dados. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 16 No exemplo dado, considerando os elementos Jairo, Cristiane, Débora e Emília, você pode escrever as combinações destes elementos tomados dois a dois: {Jairo e Cristiane}, {Jairo e Débora}, {Jairo e Emília}, {Cristiane e Débora}, {Cristiane e Emília}, {Débora e Emília}. Veja que duas combinações são diferentes apenas quando têm elementos diferentes. As combinações são representadas utilizando chaves e os elementos são separados por vírgula ou ponto e vírgula, assim como conjuntos. 5.2 ARRANJOS Considere a mesma situação anterior, porém imagine que o diretor tenha dois prêmios diferentes para dar para os professores mais assíduos do semestre, um tablet e um netbook e que o primeiro professor sorteado receba o tablet e o segundo professor sorteado receba o netbook. Se os professores sorteados fossem Jairo e Cristiane, nessa ordem, Jairo receberia o tablet e Cristiane, o netbook. Mas, se os sorteados fossem Cristiane e Jairo, nesta ordem, Cristiane receberia o tablet e Jairo, o netbook. Esta é uma situação em que os agrupamentos Jairo e Cristiane e Cristiane e Jairo são considerados agrupamentos diferentes. Portanto, ao citar o agrupamento, importa a ordem em que os elementos estão. Ou seja, quando você agrupar elementos de modo que em cada agrupamento importa a ordem dos elementos, estes agrupamentos são denominados arranjos. Em linguagem matemática, os arranjos são sucessões cujos termos são escolhidos entre os elementos dados. Arranjo: denominam-se combinações de n elementos distintos tomados k a k as sucessões formadas de k termos distintos escolhidos entre os n elementos dados. No exemplo dado, considerando os elementos Jairo, Cristiane, Débora e Emília, você pode escrever os arranjos destes elementos tomados dois a dois: (Jairo e Cristiane), (Jairo e Débora), (Jairo e Emília), (Cristiane e Débora), (Cristiane e Emília), (Cristiane e Jairo), (Débora e Jairo), (Débora e Cristiane), (Débora e Emília), (Emília e Cristiane), (Emília e Débora), (Emília e Jairo). Veja que dois arranjos são diferentes se tiverem elementos diferentes, ou se tiverem os mesmos elementos, porém em ordens diferentes. Os arranjos são representados colocando os elementos entre parênteses, como sucessões. TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 17 Você percebeu a diferença quando a ordem dos elementos importa e quando ela não importa? Essa é a principal diferença entre arranjos e combinações. Faça um rápido exercício, considere os números 3, 5 e 7. Agora forme as combinações e os arranjos possíveis com estes elementos, tomados dois a dois. Se você ainda ficou com dúvidas, revise o conteúdo até aqui para, em seguida, prosseguir. AUTOATIVIDADE 5.3 QUANTIDADE DE ARRANJOS O número de arranjos de n elementos tomados k a k pode ser representado pelo símbolo An,k (ou pelo símbolo Ank ). Para determinar a quantidade de arranjos imagine que você precisa formar um deles, ou seja, formar uma sucessão de k termos escolhidos entre os n elementos dados: ( 1° , 2° , 3° , ..., k° ) O 1º termo pode ser qualquer um dos n elementos dados; há então n possibilidades para ele. Para cada uma destas possibilidades, o 2º termo do arranjo poderá ser qualquer um dos (n – 1) elementos restantes, excluído aquele já escolhido. Há, portanto, (n – 1) possibilidades para o 2º termo. Para cada par de elementos já escolhidos, o 3º termo poderá ser qualquer um dos (n – 2) elementos restantes. Há então (n – 2) possibilidades para o 3º termo. E assim por diante. Arranjo: n n–1 n–2 n–(k–1) ( 1° , 2° , 3° , ..., k° ) ↓ ↓ ↓ ↓ Possibilidades: Pelo Princípio Fundamental da Contagem, você pode concluir que a quantidade de arranjos que podem ser formados é: Aa, k = n · (n – 1) · (n – 2) · ... · (n – (k – 1)) produto de k fatores Exemplo 1: Quantos são os arranjos de 6 elementos (n), tomados 3 a 3 (k)? A6,3 = 6 · 5 · 4 = 120 produto de 3 fatores UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 18 Exemplo 2: Quantos são os arranjos de 10 elementos (n), tomados 4 a 4 (k)? A10,4 = 10 · 9 · 8 · 7 = 5.040 produto de 4 fatores Observe que, em A10,4 = 10 · 9 · 8 · 7, multiplicando e dividindo o segundo membro por 6!: 6! 10.9.8.7.6! A10,4 = (10 – 4)! 10!A10,4 = A10,4 = (n-k)! n(n-1).n(n-2)...(n-(k-1)).(n-k)!A10,4 = (n-k)! n!An,k = Então, Em An,k = n (n – 1) · n (n – 2) ... (n – (k – 1)), multiplicando e dividindo o segundo membro por (n – k)!, tem-se: Logo, em que n é o número de elementos e k o número de maneiras de arranjo dos elementos (k a k). Exemplo 3: Dez diretores de uma empresa são candidatos aos cargos de presidente e vice-presidente. Quantos são os possíveis resultados da eleição? Temos n = 10 e k = 2, aplicando-se a fórmula de arranjo: (10-2)! 8! 8! 10! 10! 10.9.8!A10,2 = = = = 90 TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 19 5.4 QUANTIDADE DE COMBINAÇÕES O número de combinações de n elementos tomados k a k pode ser representado pelo símbolo Cn,k (ou pelo símbolo Cnk). Você deve lembrar que para determinar esta quantidade de combinações com k elementos a1, a2, a3, ..., ak devem-se obter k! permutações: (a1, a2, a3, ... , ak), (a1, a2, a3, ... , ak), (a1, a2, a3, ... , ak) etc. Sendo assim, a partir de uma combinação você pode obter k! arranjos dos n elementos tomados k a k. Então o número de combinações é igual ao número de arranjos dividido por k!: K! An,kCn,k = k!(n–k)! n!Cn,k = Logo, em que n é o número de elementos e k o número de maneiras de combinação dos elementos (k a k). Exemplo 1: Quantas são as combinações de 6 elementos (n) tomados 2 a 2 (k)? 2!(6–2)! 2.1.4!2!4! 6! 6.5.4!6!Cn,k = = = = 15 Exemplo 2: Numa sessão em que estão presentes 18 deputados, 4 serão escolhidos para uma comissão que vai estudar um projeto do governo. De quantos modos diferentes poderá ser formada a comissão? Dos 18 deputados, você deve escolher 4 para formar a comissão. Imagine que uma comissão possível seja formada pelos deputados A, B, C e D. Veja que a ordem em que estão os deputados não importa, uma vez que se você se referir à comissão como C, D, A e B estará se referindo à mesma comissão. Isto significa que cada possível comissão corresponde a uma combinação dos 18 deputados (n) tomados 4 a 4 (k). UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 20 Então o número de modos de formar a comissão é: 4!(18–4)! 4.3.2.1.14!4!14! 18! 18.17.16.15.14!18!C18,4 = = = = 15 Antes de passar para o próximo tópico, olhe só a questão que estava no ENADE 2005 (questão 12) do curso de Licenciatura em Matemática. Um restaurante do tipo self-service oferece 3 opções de entrada, 5 de prato principal e 4 de sobremesa. Um cliente desse restaurante deseja compor sua refeição com exatamente 1 entrada, 2 pratos principais e 2 sobremesas. De quantas maneiras diferentes esse cliente poderá compor a sua refeição? Tente você resolver esta situação! A dica é montar o esquema de possibilidades de acordo com a quantidade de entradas, pratos principais e sobremesas que o cliente vai comer. Saiba que a resposta é 180. AUTOATIVIDADE 6 BINÔMIO DE NEWTON Todo o estudo de Combinatória que você realizou até o momento servirá para que você obtenha o desenvolvimento do Binômio de Newton, identificado como (x + a)n, onde x ϵ R, a ϵ R e n ϵ N. Você também estudará propriedades sobre os coeficientes desse desenvolvimento, o número de combinações de n elementos tomados k a k, 0 ≤ k ≤ n. 6.1 O BINÔMIODE NEWTON (X + A)n Como você viu anteriormente, o número de combinações de n elementos tomados k a k é também indicado por Cn,k ou . nk Assim, se tem: onde n ϵ N, k ϵ N e 0 ≤ k ≤ nk!(n–k)! n!Cn,k = Exemplo 1: Exemplo 2: C6,2 = = = = 152!(6–2)! 2!(4)! 2.1.4! 6! 6! 6.5.4! C9,6 = = = = 846!(9–6)! 6!(3)! 6!.3.2.1 9 9! 9.8.7.6! TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 21 n k n k Há alguns casos particulares para k = 0, k = 1 e k = n. Veja a seguir: . ATENCAO a) Para k = 0 tem-se Cn,0 = 1 ou seja,0!(n)! = 1 n! sendo assim, Cn,0 = 1, para qualquer n ϵ N. b) Para k = 1 tem-se Cn,1 = n ou seja, 1!(n–1)! 1(n–1)!= = n n! n.(n–1)! n!(n–n)! n!(0)!= = 1 n! n! sendo assim, Cn,1 = n, para qualquer n ϵ N*. c) Para k = n tem-se Cn,n = n ou seja, sendo assim, Cn,n = 1, para qualquer n ϵ N. Veja alguns exemplos: C7,0 = 1 (pelo caso a) C7,1 = 7 (pelo caso b) C7,7 = 1 (pelo caso c) C0,0 = 1 (pelo caso c) 6.2 TRIÂNGULO DE PASCAL Os números podem ser organizados em linhas e colunas, em formato de triângulo, de uma maneira que em cada linha fiquem os de mesmo ‘numerador’ n e em cada coluna fiquem os de mesmo ‘denominador’ k. Esta disposição dos números é o Triângulo de Pascal. Lembre-se novamente de que podem ser utilizadas as duas formas de identificação para combinação C n,k ou UNI UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 22 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8 3 4 5 6 7 8 4 5 6 7 8 5 6 7 8 6 7 8 7 8 8 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 7 7 8 Substituindo pelo valor de cada combinação, o triângulo pode ser visualizado assim: 1 1 1 1 2 1 1 3 3 1 1 4 6 4 1 1 5 10 10 5 1 1 6 15 20 15 6 1 1 7 21 35 35 21 7 1 1 8 28 56 70 56 28 8 1 Observe algumas particularidades do Triângulo de Pascal: a) Cada linha inicia e termina em 1. b) Ao somar dois elementos consecutivos de uma linha, você obtém o elemento situado abaixo do segundo elemento somado. Por exemplo, observe as linhas 5 e 6 do Triângulo: 1 4 + 6 4 1 1 5 10 10 5 1 TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 23 n n n n... 0 1 2 n n k Observe outras linhas e encontre esta particularidade do Triângulo de Pascal. 6.3 DESENVOLVIMENTO DO BINÔMIO DE NEWTON (x + a)n Observe o desenvolvimento de (x + a)n para alguns valores de n (n ϵ N): Para n = 0, (x + a)0 = 1 Para n = 1, (x + a)1 = 1x + 1a Para n = 2, (x + a)2 = 1x2 + 2xa + 1a2 Para n = 3, (x + a)3 = 1x3 + 3x2a + 3xa2 + 1a3 Veja que os coeficientes formam o Triângulo de Pascal e que em cada linha os expoentes de x decrescem e os de a crescem. Exercite agora mesmo. Desenvolva (x + a)n para n = 4 e para n = 5. AUTOATIVIDADE Isto sugere que em (x + a)n os coeficientes são os da linha de numerador n do Triân gulo de Pascal: n n 1 2(x + a) n = xn + xn-1a + xn-2a2 + ... + an Observação: Por serem os coeficientes do desenvolvimento do Binômio de Newton (x + a)n, os números são denominados coeficientes binominais. Para exercitar o desenvolvimento do Binômio de Newton, que tal desenvolver (x + 2)4? Para isso, tome os coeficientes da linha de "numerador" 4 do Triângulo de Pascal: 1 4 6 4 1 Obtém-se então, pelo desenvolvimento do Binômio de Newton, veja que enquanto as potências de x decrescem, os de 2 aumentam. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 24 (x + 2)4 = 1 · x4 · 20 + 4 · x3 · 21 + 6 · x2 · 22 + 4 · x1 · 23 + 1 · x0 · 24 (x + 2)4 = x4 + 8x3 + 24x2 + 32x + 16 Já para desenvolver (x - 2)4 aplica-se o mesmo método, porém lembre-se de que x - 2 = x + (- 2), logo: (x - 2)4 = 1 · x4 · (-2)0 + 4 · x3 · (- 2)1 + 6 · x2 · (- 2)2 + 4 · x1 · (- 2)3 + 1 · x0 · (- 2)4 (x - 2)4 = x4 - 8x3 + 24x2 - 32x + 16 Sendo assim, você sempre deverá olhar para a linha do “numerador” do Triângulo de Pascal que corresponde ao n do Binômio de Newton (x + a)n, pois serão os coeficientes do desenvolvimento do Binômio de Newton. Em seguida, multiplicando pelos coeficientes, encontrados a partir do Triângulo de Pascal, deverão se dispor os dois termos (x e a), lembrando que a potência do primeiro termo decresce, enquanto a do segundo termo cresce. Observe novamente o desenvolvimento de (x + 2)4. Tem-se n = 4, então na linha 4 do Triângulo de Pascal, os coeficientes são: 1 4 6 4 1 Então o desenvolvimento de (x + 2)4 fica assim: (x + 2)4 = 1 · x4 · 20 + 4 · x3 · 21 + 6 · x2 · 22 + 4 · x1 · 23 + 1 · x0 · 24 O que resulta em: (x + 2)4 = x4 + 8x3 + 24x2 + 32x + 16 6.4 FÓRMULA DO TERMO GERAL Quando desenvolvemos (x + a)n segundo potências decrescentes de x, obtemos um polinômio cujos termos são: Primeiro termo: xn que é igual a xn–0a0 Segundo termo: xn–1a1 Terceiro termo: xn–2a2 Quarto termo: xn–3a3 Último termo: an que é igual a xn–nan n 0 n 1 n 2 n n n n TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 25 xn–kak onde k ϵ N e 0 ≤ k ≤ nTk+1 = n n T = x8–k3k8k Sexto termo ⇒ k = 5 ⇒ T = x8–535 = x3 · 243 = 13608x385 8! 5!3! A fórmula para obter um termo qualquer T do desenvolvimento de (x + a)n é: Observe que: a) para k = 0, T é o primeiro termo; para k = 1, T é o segundo termo; para k = 2, T é o terceiro termo; para k = 3, T é o quarto termo. Conclua com isso que para k = n, T é o termo de ordem (n + 1), que é o último termo. b) No desenvolvimento de (x + a)n há n + 1 termos. c) Em cada termo o expoente de x somado ao expoente de a é igual a n. Exemplo 1: No desenvolvimento de (x + 3)8, há 9 termos, pois n = 8. Lembre-se de que o número de termos é sempre n + 1, ou seja, 9. Sendo assim, o Termo Geral é dado por: Lembre que n é igual a 8 e que o expoente de x somado ao expoente de 3, que é k, deve resultar em 8. Que tal, para exercitar, obter o sexto termo? Para obter o sexto termo (n = 6), considere k = 5, pois k = n – 1. E se fosse necessário obter o quarto termo? Vamos lá, pratique e desenvolva! Relembrando! Parta do princípio de que no desenvolvimento de (x + 3)8 há 9 termos e que o termo geral é dado por: T = x8–k3k8 k UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 26 Como você quer saber o quarto termo (n = 4): Quarto termo ⇒ k = 3 ⇒ T = x8–333 = x5 · 27 = 1512x583 8! 3! 5! Sendo assim, o quarto termo de (x + 3)8 é 1512x5. A partir do exemplo 1 (x + 3)8 você calculou o quarto termo e o sexto termo. Mas, e se fosse necessário desenvolvê-lo aplicando o que você estudou sobre desenvolvimento do Binômio de Newton? 1° passo: Relembre o Binômio de Newton (x + a)n e o assemelhe com o exemplo (x + 3)8, assim você tem a = 3 e n = 8. 2° passo: A partir do Triângulo de Pascal, encontre a linha de numerador n, ou seja, a linha de numerador 8. 1 8 28 56 70 56 28 8 1 3° passo: Pelo desenvolvimento do Binômio de Newton, lembre que enquanto as potências de x (primeiro termo) decrescem, as de 3 (segundo termo) aumentam. (x + 3)8 = 1.x8.30 + 8.x7.31 + 28.x6.32 + 56.x5.33 + 70.x4.34 + 56.x3.35 + 28.x2.36 + 8.x1.37 +1.x0.38 (x + 3)8 = x8 + 24x7 + 252x6 + 1512x5 + 5670x4 + 13608 x3 + 20412 x2 + 17496x + 6561 Viu como é simples? Basta seguir os passos indicados para desenvolver o Binômio de Newton. Aliás, com o desenvolvimento do Binômio de Newton a partir do exemplo 1, você pode constatar e conferir que os valores para o quarto e o sexto termo estavam corretos, de acordo com a resolução apresentada. Agora, acadêmico(a), é com você! Faça o mesmo procedimento do exemplo 1, só que utilize (x - 5)6. A sugestão é que você encontre o terceiro e o quinto termos e desenvolva utilizando o Binômio de Newton. Lembre-se dos passos a serem seguidos! E outra, lembre- se de que (x - 5)6 é o mesmo que (x + (- 5))6. AUTOATIVIDADE TÓPICO 1 | COMBINATÓRIA 27 Encerramos o Tópico 1 da Unidade 1. Para que você possa aprofundar seus estudos, consulte os livros listados a seguir que estão à disposição na biblioteca do seu polo. MELLO, MargaridaP.; SANTOS, José Plinio O. dos; MURARI, Idani T. C. Introdução à análise combinatória. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. MEYER, Paul L. Probabilidade: aplicações à estatística. Rio de Janeiro: LCT, 2000. DICAS 28 Neste tópico, você estudou: • Princípio Fundamental da Contagem: se uma ação é composta de duas etapas sucessivas, sendo que a primeira pode ser feita de m modos e, para cada um destes, a segunda pode ser feita de n modos, então o número de modos de realizar a ação é m·n. Este princípio pode ser generalizado para ações compostas de mais de duas etapas. • Fatorial: dado um número natural qualquer n, sendo n >1 define-se: n! = n · (n- 1) · (n-2) · ... · 3 · 2 · 1. Nos casos especiais n = 1 e n = 0 define-se 1! = 1 e 0! = 1. • Permutação: denomina-se permutação de n elementos dados a toda sucessão de n termos formada com os n elementos dados. RESUMO DO TÓPICO 1 n1! n2! n3!...nk! n! nPn1, n2 , n3, ... nk = (n1 + n2 + n3 + ... + nk = n) quando há n elementos dos quais n1 são repetidos de um tipo, n2 são repetidos de outro tipo, n3 são repetidos de outro tipo e assim por diante. • Combinação: denominam-se combinações de n elementos distintos tomados k a k os conjuntos formados de k elementos distintos escolhidos entre os n elementos dados. k! (n–k)! n!Cn,k = em que n é o número de elementos e k o número de maneiras de combinação dos elementos (k a k). Lembre-se de que podem ser utilizadas as duas formas de identificação para combinação Cn,k ou .nk (x + a)n = (x + a)n = xna + xn–1a + xn–2a + ... + an.n n1 1 ...n nn n 0 n1 2 • Arranjo: denominam-se combinações de n elementos distintos tomados k a k as sucessões formadas de k termos distintos escolhidos entre os n elementos dados. An,k = (n–k)! n! em que n é o número de elementos e k o número de maneiras de arranjo dos elementos (k a k). • Binômio de Newton: no desenvolvimento de (x + a)n os coeficientes formam o Triângulo de Pascal. Em (x + a)n os coeficientes são os da linha de numerador n do Triân gulo de Pascal: 29 Tk+1 = xn–kak n k Sempre verifique a linha do “numerador” do Triângulo de Pascal que corresponde ao n do Binômio de Newton (x + a)n, pois serão os coeficientes do desenvolvimento do Binômio de Newton. Em seguida, multiplique pelos coeficientes, encontrados a partir do Triângulo de Pascal, os dois termos (x e a), lembrando que a potência do primeiro termo decresce, enquanto a do segundo termo cresce. • Termo geral: a fórmula para obter um termo qualquer T do desenvolvimento de (x + a)n é: onde k ϵ N e 0 ≤ k ≤ n. 30 Agora, acadêmico, é a sua vez de exercitar o que aprendeu até aqui! Lembre- se de que você tem à disposição no “Material de Apoio” do Ambiente Virtual de Aprendizagem os gabaritos das autoatividades. Consulte-os sempre que necessário. Conte também com a Tutoria Interna do curso de Matemática, que está disponível por meio do 0800, contato e atendimento on-line. Bons estudos! 1 Uma fábrica de bicicletas produz três modelos diferentes e para cada um deles os clientes podem escolher entre cinco cores e dois tipos de assentos. Além disso, opcionalmente, pode ser acrescentado o espelho retrovisor ou o assento traseiro ou ambos. Quantos exemplares diferentes de bicicletas você pode escolher nesta fábrica? 2 Quantos anagramas da palavra MATEMÁTICA apresentam as vogais juntas, na ordem alfabética? E as vogais juntas, em qualquer ordem? 3 Com os algarismos ímpares, quantos números de quatro algarismos distintos, maiores que 5 319, você pode escrever? 4 Um químico possui 10 tipos de substâncias. De quantos modos possíveis pode associar 6 destas substâncias se, entre as 10, duas somente não podem ser juntadas porque produzem mistura explosiva? 5 Na figura a seguir há 9 pontos, entre os quais não há 3 colineares, exceto os 4 que marcamos numa mesma reta. Quantos triângulos existem com vértices nestes pontos? 6 De uma novela participam 8 atores e 12 atrizes. Para uma cena que será filmada na Europa, apenas 6 participantes deverão viajar, sendo 3 atores e 3 atrizes. De quantos modos podem ser escolhidos os participantes desta cena? 7 Numa urna há 12 etiquetas numeradas, 6 com números positivos e 6 com números negativos. De quantos modos podemos escolher 4 etiquetas diferentes tais que o produto dos números nelas marcados seja positivo? AUTOATIVIDADE A D B C H F 31 8 Na loteria são sorteados 6 números entre os naturais 0, 1, 2, 3, ..., 60. Quantos são os resultados possíveis para o sorteio? Quantos são os resultados possíveis formados por três números pares e três ímpares? Quantos são os resultados possíveis com pelo menos quatro números pares? 9 Sobre uma mesa estão 4 copos de suco de laranja, 3 de caju e 2 de manga. De quantos modos diferentes pode-se distribuí-los entre 9 crianças, dando um copo de suco para cada uma? 10 De quantos modos podemos formar uma sucessão de três números naturais (a, b, c), não necessariamente distintos, cuja soma é igual a 10? 11 0 gráfico da função y = ax + b no plano cartesiano é uma reta. Se a e b são números inteiros, 1 ≤ a ≤ 9 e 1 ≤ b ≤ 9, quantas retas podem-se traçar? 12 Num restaurante, o cardápio oferece escolha entre cinco sopas, três pratos principais, quatro sobremesas e seis bebidas. Uma refeição consiste obrigatoriamente num prato principal e numa bebida, podendo ser acrescidos, opcionalmente, de uma sopa, ou de uma sobremesa, ou de ambas. Quantos tipos de refeições, todas diferentes entre si, podem-se fazer? 13 Uma fábrica de automóveis produz três modelos de carros. Para cada um, os clientes podem escolher entre sete cores diferentes; três tipos de estofamento, que podem vir, seja em cinza, seja em vermelho; dois modelos distintos de pneus; e entre vidros brancos, ou vidros verdes. Ademais, opcionalmente em um pacote, é possível adquirir os seguintes acessórios: um porta-copos; uma de duas marcas de rádio ou um modelo de CD player; um aquecedor de bancos; e um câmbio automático. Quantos exemplares de carros distintos entre si a fábrica chega a produzir? 14 Deseja-se dispor em fila cinco estudantes para uma apresentação na escola: Jairo, Débora, Emília, Cristiane e Rafael. Calcule o número das distintas maneiras que elas podem ser dispostas de modo que Cristiane e Rafael fiquem sempre vizinhos. 15 Considere os números obtidos do número 12 345 efetuando-se todas as permutações de seus algarismos. Colocando esses números em ordem crescente, qual o lugar ocupado pelo número 43 521? 16 Calcule quantos números múltiplos de três, de quatro algarismos distintos, podem ser formados com 2, 3, 4, 6 e 9. 17 Uma pessoa faz uma relação de nomes de onze pessoas amigas. Calcule de quantas maneiras ela poderá convidar cinco destas pessoas para jantar sabendo-se que na relação há um único casal inseparável. 32 18 Num zoológico há dez animais, dos quais devem ser selecionados cinco para ocupar determinada jaula. Se entre eles há dois que devem permanecer sempre juntos, encontre o total de maneiras distintas de escolher os cinco que vão ocupar tal jaula. 19 Tomam-se 6 pontos sobre uma reta e 8 pontos sobre uma paralela a esta reta. Quantos triângulos existem com vértices nesse conjunto de 14 pontos? 20 A diretoria de uma empresa multinacional é constituída por 7 diretores brasileiros e 4 japoneses. Quantas comissões de 3 brasileiros e 3 japoneses podem ser formadas? 21 Uma urna contém 10 bolas brancas e 6 pretas. De quantos modos é possível tirar 7 bolas das quais pelo menos 4 bolas sejam pretas? 22 Numa reunião de 20 professores, exatamente 6 lecionam Matemática. Qual o número de comissões de 4 professores que podem ser formadas de modo que exista no máximo um professor de Matemática na comissão? 23 Num exame, um professor dispõe de 12 questões que serão entregues a três alunos, cada um recebendo quatro questões. Quantas situações diferentes teremos? 24 Qual é o valor do termo médio do desenvolvimento de (2x + 1)8? 25 Determine ocoeficiente de x3 do desenvolvimento de (4x – 5)5. 26 Determine o termo geral do desenvolvimento de (3x + 5)7. 27 Encontre o coeficiente de x5 no desenvolvimento de (1 - x)8. 28 Desenvolva (x + 6)5 a partir do Binômio de Newton. 29 Determine o quarto e o sétimo termos de (6 - x)8. 33 TÓPICO 2 PROBABILIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO É comum fazer previsões sobre certos acontecimentos, sobretudo quando já se sabe algo anterior a determinado acontecimento. Um jogo de futebol disputado entre os times A e B é um exemplo. Você pode se basear no número de vitórias de A e prever que, por ter ganhado mais vezes e ter obtido melhores resultados do que B, A será vencedor. No entanto, existem fenômenos cujo resultado você não poderá prever, mesmo que ele se repita inúmeras vezes e nas mesmas condições. Um bom exemplo é o lançamento de um dado. Se você jogar um dado honesto (não viciado), jamais poderá saber qual será o próximo resultado antes de lançá-lo. São resultados como estes, imprevisíveis, que são chamados de aleatórios. Para Fonseca e Martins (1996), os fenômenos aleatórios levam a diferentes resultados: mesmo que se faça o experimento em condições normais e iguais, não há como prever o resultado. Não há como prever, mas há como palpitar. Justamente para que este palpite possa ser levado em consideração e seja coerente, os matemáticos criaram a Teoria das Probabilidades. A probabilidade quantifica a chance de alguma resposta para determinado fenômeno. Essa quantificação será dada em forma de um número entre 0 e 1, em que o 0 representa a resposta impossível, no fenômeno realizado, e o 1, a certeza absoluta de que sairá a resposta, na próxima jogada. Um simples exemplo se dá no lançamento de uma moeda. A probabilidade de sair cara é de 0,5, pois metade das opções da moeda (cara ou coroa) representa a resposta esperada e nenhum lado tem vantagem sobre o outro. Quando se estuda a probabilidade, há dois conceitos importantes a serem entendidos, o espaço amostral e o evento, pois eles subsidiarão os cálculos iniciais. De certa maneira, a probabilidade é baseada no cálculo da razão entre esses dois conceitos. UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 34 2 ESPAÇO AMOSTRAL O espaço amostral nada mais é do que o conjunto de todas as soluções possíveis dentro de um experimento qualquer, chamado S. O número de soluções possíveis dentro do espaço amostral é chamado n(S). Compreenda esta definição a partir de alguns exemplos: Exemplo 1: Ao lançar um dado de seis faces as soluções possíveis são 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Sendo assim, determine S e n(S). S = {1,2,3,4,5,6}, todas as faces possíveis de um dado. n(S) = 6, pois S possui 6 elementos. Exemplo 2: Levando em consideração as vogais do alfabeto, determine S e n(S). S = {a,e,i,o,u}, ou seja, um conjunto com todas as vogais. n(S) = 5 porque S possui 5 elementos. Exemplo 3: Considerando os naipes de um baralho, determine S e n(S). S = {espadas, copas, ouros, paus}. n(S) = 4. Nos exemplos apresentados até aqui fica fácil determinar o espaço amostral, porém há casos em que o espaço amostral tem uma quantidade de elementos muito grande. Em casos como estes será necessário que você utilize as técnicas de contagem estudadas no Tópico 1, afinal, para o cálculo de probabilidade, o que interessa é a quantidade de elementos. UNI Exemplo 4: Se você lançar um dado de seis faces duas vezes, qual será o S e o n(S)? Lembre-se do Princípio Fundamental da Contagem, pois você tem duas etapas com seis maneiras cada uma. Assim, para cada número que sair no primeiro lançamento há seis opções de números para o segundo lançamento! TÓPICO 2 | PROBABILIDADE 35 S = {(1,1), (1,2),...,(2,3),...,(3,4),...,(4,5),...(5,6),...,(6,6)} n(S) = 36. Exemplo 5: E se você quiser saber o S e o n(S) que resultam do jogo de seis dezenas feito na mega-sena? Lembre-se de que você quer saber quantas combinações simples de 6 elementos pode formar com os 60 números. Sendo assim, para determinar o n(S), basta aplicar a fórmula da combinação: C60,6 = = 50036860, ou seja, o n(S) é 50.063.860.6!54! 60! Para os cálculos de probabilidades o n(S) é utilizado, portanto, não se preocupe com o tamanho do espaço amostral, pois, em casos como os do exemplo 5, você não precisaria listar as 50.063.860 combinações para determinar o S. UNI 3 EVENTO O evento é um subconjunto do espaço amostral, ou seja, uma parte de S. O evento pode ser considerado também o conjunto das respostas esperadas, podendo ser representado por uma letra maiúscula (A, B,…, Z). Neste caso, o n(A, B,…, Z) identifica o número de respostas esperadas. Compreenda esta definição também com base em alguns exemplos: Exemplo 1: Suponha que você lançou um dado e quer saber a probabilidade de sair um número menor ou igual a três. As soluções são sair o 1 ou o 2 ou o 3 no lançamento do dado. Então o evento pode ser chamado de A = {1,2,3}. Assim, n(A) = 3, pois há 3 elementos no conjunto A. Exemplo 2: E se você sortear, ao acaso, entre as 21 consoantes do alfabeto, alguma que está na palavra PROBABILIDADE? Veja que na palavra PROBABILIDADE O S seria o conjunto com todas as 50.063.860 possibilidades de jogos! UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 36 existem as consoantes p, r, b, l e d. Então, o evento B será sortear, entre as consoantes existentes, as consoantes (p, r, b, l, d), logo, B = { p, r, b, l, d } e n(B) = 5. Exemplo 3: Você deve obter um número ímpar, entre os números de 2 dígitos distintos, que se podem formar com os dez algarismos de 0 a 9. Para um número ser ímpar, o dígito da unidade deve terminar em 1, 3, 5, 7 ou 9. Para calcular pode-se primeiro escolher o dígito da unidade (5 modos) e depois escolher o dígito da dezena (5 modos). Assim, se o evento fosse identificado como D, n(D) seria 5 · 5 = 25, ou seja, os números ímpares formados. Da mesma forma, D seria o conjunto dos 25 números ímpares formados. 4 PROBABILIDADE A probabilidade é uma função que associa um número real, entre 0 e 1, à chance de ocorrência de um evento qualquer A, dentro de um espaço amostral S. A probabilidade de ocorrer o evento A é identificada como P(A) e calculada por n(A) n(S)P(A) = onde: A = conjunto evento S = conjunto espaço amostral n(A) = número de elementos do conjunto A n(S) = número de elementos do conjunto S P(A) = probabilidade de ocorrer A. Existem algumas propriedades relacionadas à probabilidade de A, listadas a seguir: (i) 0 ≤ P(A) ≤ 1 Se A é subconjunto de S, pode-se afirmar que n(A) ≤ n(S), o que implica que P(A) é um número entre 0 e 1. ii) P(S) = 1 Se então P(S) = 1. P(A) = = = 0 n(S) n(S) P(S) = iii) Se A = 0 então P(A) = 0 Se A = 0, tem-se n(A) = 0, com isso n(A)n(S) 0 n(S) TÓPICO 2 | PROBABILIDADE 37 + = = = 1 iv) P(A) + P(A) = 1, onde A é o conjunto “não A”, chamado de complementar de A. Veja que, se S é o universo, então os subconjuntos A obecederão à propriedade: n(A) + n(A) = n(S). Então: P(A) + P(A) = n(A)n(S) n(A) n(S) n(S) n(S) n(A) + n(A) n(S) Compreenda detalhadamente por meio dos exemplos a seguir: Exemplo 1: Determine a probabilidade de sortear, ao acaso, uma carta de copas de um baralho comum. Solução: A = sair carta de copas A = {copas} S = todos os possíveis naipes de um baralho S= {copas, espadas, ouros, paus} n(A) = 1 n(S) = 4 n(A) 1 n(S) 4P(A) = = = 0,25 Um baralho comum tem 52 cartas, divididas em 4 naipes (espadas, copas, ouros e paus) e cada naipe possui 13 cartas (2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, J, Q, K, A). NOTA UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 38 Exemplo 2: Qual é a probabilidade de a face que cair voltada para cima ser um número menor ou igual a três, no lançamento de um dado de seis faces? Solução: B = sair, no dado, as faces 1 ou 2 ou 3 = {1,2,3} S = as faces de um dado = {1,2,3,4,5,6} n(B) = 3 n(S) = 6 n(B) 3 1 n(S) 6 2P(B) = = = = 0,5 n(C) 2 1 n(S) 26 13P(C) = = = = 0,0769 Exemplo 3: Qual é a probabilidade,ao sortear uma letra do alfabeto, de esta ser uma vogal a ou i? Solução: C = sortearmos uma vogal = {a, i } S = o alfabeto completo = {a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z} n(C) = 2 n(S) = 26 5 PROBABILIDADE DA UNIÃO DE EVENTOS A união de eventos pode ser caracterizada de duas maneiras, pois existem eventos mutuamente exclusivos e eventos não mutuamente exclusivos. Observe o esquema a seguir que representa esta diferença: A AB B Não mutuamente exclusivo A∩B ≠ Ø Mutuamente exclusivo A∩B ≠ Ø A∩B TÓPICO 2 | PROBABILIDADE 39 Para identificar se o evento é mutuamente exclusivo ou não mutuamente exclusivo, basta identificar a intersecção entre os eventos. A diferença é que a intersecção pode existir ou não. Resumindo, eventos não mutuamente exclusivos têm intersecção existente, já os mutuamente exclusivos não têm intersecção existente, sendo representada pelo conjunto vazio. Segundo Machado (1986), quando A e B são eventos mutuamente exclusivos, A∩B = conjunto vazio, a ocorrência de um deles não implica a não ocorrência do outro. Exemplo 1: Evento mutuamente exclusivo Considerando um baralho completo (52 cartas), vejamos a probabilidade de sair uma dama ou um rei. Eventos: A = sair dama. n(A) = 4 B = sair rei. n(B) = 4 A∩B = conjunto vazio, pois não há carta que é, ao mesmo tempo, dama e rei. Exemplo 2: Evento não mutuamente exclusivo Considerando um baralho completo (52 cartas), vejamos a probabilidade de sair uma carta de paus ou uma dama. Eventos: A = sair qualquer carta de paus. n(A) = 13 B = sair qualquer dama. n(B) = 4 A∩B = damas de paus n(A∩B) = 1, pois existe uma dama de paus no baralho comum. Agora, pense o que acontece na união entre os eventos A e B nos dois exemplos anteriores. Primeiramente, analisaremos o caso do exemplo 1, no qual a intersecção entre A e B é vazia. Unindo os eventos A e B (damas ou reis), qual é o total de cartas diferentes? A resposta é 8 cartas, 4 damas e 4 reis. Então, você pode pensar que o número de elementos da união desses dois conjuntos é a soma do número de elementos de cada conjunto: n (A U B) = n (A) + n (B). Assim, pela demonstração, a probabilidade de sair uma dama ou um rei, ao retirar-se uma carta de um baralho normal, será: n(A∪B) n(A) n(B) n(S) n(S) n(S)P(A∪B) = = = P(A) + P(B)+ Ou seja, P(A U B) = P(A) + P(B). UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 40 Analisando o exemplo 2, perceba que o conceito acima tem que ser ajustado, porque, unindo os eventos A e B (paus e dama), dá um total de 16 cartas, mas, se fizer n(A) + n(B), dará 17. Parece que está errado? Mas não está! Está correto! Veja bem, como a intersecção no caso acima é vazia, omitiu-se sua interferência no cálculo. Porém, no exemplo 2, como a intersecção existe, acaba interferindo. Em relação aos conjuntos não mutuamente exclusivos temos n (A U B) = n (A) + n (B) – n (A U B). Pela demonstração a seguir, a probabilidade entre conjuntos não mutuamente exclusivos é: P(A) + P(A) + P(B) – P(A∪B) n(S) n(S) n(S) n(S)n(S) n(A∪B) n(A) n(B) n(A∩B)n(A) + n(B) – n(A∩B)P(A∪B) = P(A∪B) == = + =– Resumindo, a probabilidade da união entre dois eventos A e B será: P(A U B) = P(A) + P(B) quando A e B são mutuamente exclusivos. P(A U B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) quando A e B são não mutuamente exclusivos. Exemplo 3: Numa urna, há 10 bolas verdes, 8 azuis e 4 brancas. Qual é a probabilidade de uma bola azul ou branca ser retirada, ao acaso? Solução: A = sair bola azul. n(A) = 10, pois há 10 bolas desta cor na urna. B = sair bola branca. n(B) = 4, pois há 4 bolas desta cor na urna. S = todas as bolas da urna. n(S) = 22, pois há 10 verdes, 8 azuis e 4 brancas. A∩B = bola branca e azul ao mesmo tempo. n(A∩B) = 0, pois não há bola assim na urna. Como a intersecção é vazia, os eventos são mutuamente exclusivos. Então, a probabilidade de sair bola azul ou branca é dada pela união dos eventos A e B. 10 4 14 7 22 22 22 22P(A∪B) = P(A) + P(B) = + = = = 0,6364 TÓPICO 2 | PROBABILIDADE 41 Exemplo 4: Numa empresa há 150 funcionários. Foi ofertada a possibilidade da prática de esportes uma vez por semana nas quadras da empresa. Entre as várias opções de esportes que cada funcionário pôde escolher, 80 escolheram futebol e 25 escolheram basquete. Sabe-se que 10 desses funcionários praticam os dois esportes. Qual a probabilidade de sortear, ao acaso, um funcionário dessa empresa que pratica basquete ou futebol? Solução: A = pratica futebol · n(A) = 80. B = pratica basquete · n(B) = 25. A ∩ B = pratica basquete e futebol · n(A ∩ B) = 10. S = todos os funcionários da empresa. n(S) = 150. Como a intersecção não é vazia, temos um caso de eventos não mutuamente exclusivos. Com isso, a probabilidade da união dos eventos A com B será: 150 150 150 150 80 25 10 95P(A) + P(B) – P(A∩B) = + = = 0,6334– Se na pergunta do exercício de probabilidade aparecer a conjunção OU entre os eventos, como nos exemplos anteriores, você deverá calcular a união entre os eventos envolvidos. UNI UNIDADE 1 | COMBINATÓRIA, PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES 42 6 PROBABILIDADE CONDICIONADA Mas, e se você quiser calcular a probabilidade de ocorrerem eventos seguidos? Por exemplo, se você jogar mais de uma vez um dado? Como você vai calcular a probabilidade? Nesses tipos de problemas, em que os eventos são repetidos algumas vezes, podem existir casos com reposição ou casos sem reposição. Acompanhe esta diferença e o cálculo para estes casos nos exemplos a seguir. Exemplo 1: Considere um lote de 200 peças, no qual 190 são perfeitas e 10 têm defeitos. Qual a probabilidade de retirar, ao acaso, duas peças com defeito desse lote? A = retirar a primeira peça com defeito B = retirar a segunda peça com defeito Com reposição: Você tira a primeira peça, devolve-a ao lote novamente antes de tirar a segunda peça. Observe que e a peça tirada é reposta no n(A) 10 n(S) 200 P(A) = = = 0,05 n(B) 10 n(S) 200 P(B) = = = 0,05lote Sem reposição: A primeira peça retirada do lote não participa do sorteio para a retirada da segunda peça. Sendo assim, P(A) não muda, ou seja, P(A) = 0,05. Mas, como a peça retirada não é reposta, restam 9 peças defeituosas de um total de 199 peças, então: n(B) 9 n(S) 199P(B) = = ≅ 0,045. De um baralho de 52 cartas, foram retiradas, aleatoriamente e sem reposição, duas cartas. Sabendo que a primeira carta retirada é de espadas, qual é a probabilidade de a segunda carta ser uma dama vermelha? Neste caso, a segunda probabilidade (B) é influenciada pela ocorrência da primeira (A), o que caracteriza uma probabilidade condicionada, chamada P(B/A) (lê-se: probabilidade de B se ocorreu o evento A). Para calcular P(B/A), basta saber que você está calculando P(B) em relação ao espaço amostral A, e não ao espaço amostral S. Suponha que ocorreu o evento A, ou seja, já foi feita a primeira etapa do processo (foi retirada uma carta de espadas). Como você vai calcular a probabilidade de ocorrer B, sendo que já ocorreu A, ou seja, P(B/A)? TÓPICO 2 | PROBABILIDADE 43 Basta imaginar que o espaço amostral é o conjunto A e que a única maneira de ocorrer elementos de B no conjunto A é na intersecção dos dois. Então: n(A∩B) n(S) n(A) n(A∩B) n(A∩B) n(S) n(A) n(A)P(B/A) = = = n(A∩B) n(A) Ou seja: P(B/A) = Analisando a situação do exemplo tem-se que P(B/A) = Para chegar ao resultado, usando a fórmula P(B/A) = , tem-se: 1 13 n(A∩B) n(A) B: sair dama vermelha (na segunda retirada). A: sair carta de espadas (na primeira carta). n(S) = 52 n(A) = 13 P(A) = 13/52 n(A∩B) = 1 P(A∩B) = 1/52 52 1313 52 1 1P(B/A) = = Exemplo: Em um grupo de 40 estudantes do Ensino Médio existem as seguintes características: IDADE SEXO TOTAL M F Menos de 15 anos 15 12 27 Mais de 15 anos 5 8 13 TOTAL 20 20 40 Qual é a probabilidade de sortear, ao acaso, entre os estudantes, um menino, sabendo que ele tem mais de 15 anos? Solução: Olhando o quadro, sabemos
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