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Instalações Industriais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Robmilson Simões Gundim Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica • Critérios de Dimensionamento – Definições; • Sequência para a Determinação da Seção Nominal do Condutor; • Fator de Correção de Temperatura Ambiente; • Fator de Correção para Agrupamento de Circuitos; • Resistividade Térmica do Solo; • Corrente de Projeto Considerando as Harmônicas; • Corrente do Neutro Considerando as Harmônicas; • Exemplo de Dimensionamento pela Capacidade de Corrente. • Compreender a aplicar os conceitos fundamentais sobre dimensionamento de condu- tores conforme a Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) 5410:2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). OBJETIVOS DE APRENDIZADO Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Critérios de Dimensionamento – Definições Em uma instalação elétrica fixa, os condutores fase, neutro – quando existir – e os condutores de aterramento devem ser devidamente dimensionados conforme a norma técnica adequada ao tipo de aplicação e maneira de instalar. Para ilustrar um dos exemplos com maior utilização, serão estudados aqui os critérios e exigências para o dimensionamento de condutores em baixa tensão con- forme a norma de instalações elétricas de baixa tensão ABNT NBR 5410:2004. A Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) 5410:2004 da Associação Bra- sileira de Normas Técnicas (ABNT) apresenta em seu capítulo 6 sob o título Se- leção e instalação dos componentes, os critérios, exigências e recomendações necessárias para tal, e mais especificamente o subitem 6.2.6 traz orientações para o dimensionamento dos condutores fase e neutro. Para os condutores fase é o item 6.2.6.1, já o subitem 6.2.6.1.2 diz que a seção dos condutores deve ser determinada de forma que sejam atendidos, no mínimo, todos os seguintes critérios: • A capacidade de condução de corrente dos condutores deve ser igual ou supe- rior à corrente de projeto do circuito, incluindo as componentes harmônicas, afetada dos fatores de correção aplicáveis – ver 6.2.5; • A proteção contra sobrecargas, conforme 5.3.4 e 6.3.4.2; • A proteção contra curtos-circuitos e solicitações térmicas, conforme 5.3.5 e 6.3.4.3; • A proteção contra choques elétricos por seccionamento automático da alimen- tação em esquemas TN e IT, quando pertinente – ver 5.1.2.2.4; • Os limites de queda de tensão, conforme 6.2.7; • As seções mínimas indicadas em 6.2.6.1.1. Em resumo e reorganizando a sequência geralmente praticada em dimensiona- mentos de condutores, pode-se citar, na ordem: • Seção mínima; • Capacidade de condução de corrente; • Queda de tensão; • Sobrecarga; • Curto-circuito; • Contato indireto – TN. Com relação ao critério da seção mínima, na prática, as referências mais comu- mente utilizadas estão relacionadas aos circuitos de iluminação, que devem ser em- pregados, no mínimo, condutores de 1,5 mm², e aos circuitos de força como toma- das de uso geral em residências e instalações em geral e/ou motores em instalações 8 9 industriais, por exemplo, nos quais devem ser utilizados condutores de, no mínimo, 2,5 mm². As demais referências de seções mínimas, não menos importantes, mas utilizadas para outras aplicações devem ser consultadas na NBR 5410, como tam- bém podem ser vistas na Tabela 34 da própria Norma, reproduzidas a seguir como Tabela 1: Tabela 1 – Seção mínima dos condutores Tipo de linha Utilização de circuito Seção mínima do condutor mm2 – material Instalações fixas em geral Condutores e cabos isolados Circuitos de iluminação 1,5 Cu 16 Al Circuitos de força 2,5 Cu 16 Al Circuitos de sinalização e circuitos de controle 0,5 Cu 3 Condutores nus Circuitos de força 10 Cu 16 Al Circuitos de sinalização e circuitos de controle 4 Cu Linhas flexíveis com cabos isolados Pata um equipamento específico Como específicado na norma do equipamento Para qualquer outra aplicação 0,75 Cu4 Circuitos a extrabaixa tensão para aplicações especiais 0,75 Cu 1 Seções mínimas ditadas por razões mecânicas; 2 Os circuitos de tomadas de corrente são considerados ciscuitos de força. 4 Em circuitos de sinalização e controle destinados a equipamentos eletrônicos é admitida uma seçõo mínima de 0,1mm2. 3 Em cabos multipolares flexíveis contendo sete ou mais veias é admitida uma seção mínima de 0,1mm2. Fonte: Adaptado de NBR 5410:2004 (p. 113) Com relação ao critério capacidade de condução de corrente, pode-se dizer que a capacidade de condução de corrente de um condutor está relacionada diretamente à temperatura característica dos condutores. O item 6.2.5.2.1 da Norma 5410 apre- senta a seguinte definição: A corrente transportada por qualquer condutor, durante períodos prolongados em funcionamento normal, deve ser tal que a temperatura máxima para serviço contínuo não seja ultrapassada. A Tabela 35 da própria norma, apresentada a se- guir como Tabela 2 mostra as temperaturas características dos condutores: Tabela 2 – Temperaturas características dos condutores Tipo de isolação Temperatura máxima para serviço contínuo (condutor) º C Temperatura limite de sobrecarga (condutor) º C Temperatura limite de curto-circuito (condutor) º C Policloreto de vinila (PVC) até 300 mm2 70 100 160 Policloreto de vinila (PVC) maior que 300 mm2 70 100 140 Borracha etileno-propileno (EPR) 90 130 250 Polietileno reticulado (XLPE) 90 130 250 Fonte: NBR 5410:2004 (p. 100) 9 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a CircuitosTerminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica A construção típica de condutores de baixa tensão é ilustrada na Figura 1. Os condutores são constituídos de cobre ou alumínio devido às suas caracte- rísticas elétricas e mecânicas, bem como ao custo. O cobre isolado é utilizado nas instalações elétricas em geral e o alumínio nu em redes elétricas aéreas e em sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. Figura 1 – Construção típica de condutores de baixa tensão Fonte: Getty Images As normas técnicas de condutores elétricos definem que o cobre utilizado deve ter pureza de 99,99% e o alumínio de 99,5%. Isso estabelece, em boa parte, a qualidade dos condutores. A isolação dos condutores de baixa tensão é constituída por materiais termoplás- ticos, como o Cloreto de Polivinila (PVC), ou ainda por materiais termofixos, como borracha etileno-propileno ou polietileno reticulado, além de compostos especiais, como materiais não halogenados – não tóxicos. É importante reforçar aqui que os cabos elétricos são divididos em três famílias: condutores isolados, cabos unipolares e cabos multipolares. Figura 2 – Condutores isolados Fonte: Cotrim (2005, p. 197) 10 11 Os cabos unipolares e multipolares são protegidos por uma cobertura, podendo ser de PVC, polietileno, neoprene, material não halogenado – sem emissão de fu- maça, gases tóxicos e corrosivos –, entre outros materiais. Figura 3 – Cabos uni e multipolar Fonte: Cotrim (2005, p. 198) Assim, observando-se um condutor como nas figuras 1, 2 e 3, pode-se deduzir que a temperatura externa influenciará a capacidade do condutor em todos os casos e na Tabela 2 pode-se verificar as temperaturas máximas de cada tipo de condutor e serviço, contínuo, de sobrecarga e curto-circuito, estabelecido pela norma técnica. Ainda referente aos aspectos construtivos dos condutores, vale observar que a tensão de isolamento dos cabos é uma característica relacionada ao material isolante, com a espessura da isolação e com as características de funcionamento da instalação em que o cabo atuará. É indicada por dois valores de tensão, de- signados por Uo/U, onde Uo refere-se à tensão fase-terra e U à tensão fase-fase, em volts. Os valores normalizados de tensão de isolamento nominal mais comumente utilizados na baixa tensão são: 450/750 V; 0,6/1 kV, os quais são os considerados nesse material de estudo, no entanto, vale observar que em indústrias e outras apli- cações utilizam cabos de média tensão, alta e extra alta tensão, este último também denominado altíssima tensão. A fabricante de cabos de energia Prysmian, por exemplo, apresenta em um de seus materiais técnicos as seguintes classificações com níveis aproximados aos normativos: Tabela 3 – Níveis de tensões e aplicações de cabos de energia Níveis de tensão Aplicações Baixa tensão Cabos até 1 kV · Cabos de uso geral; · Cabos de uso específico: cabos de comando; · Cabos para uso móvel; uso submarino; para ins- trumentação; equipamentos de solda; motores; navios; sistemas ferroviários – vias, locomotivas e vagões –; indústria de petróleo – plataformas, bombeio submerso, umbilicais e refinarias –; elevadores; circuitos de segurança – resistentes ao fogo. Média tensão Cabos de 2 a 35 kV Alta tensão Cabos de 36 a 150 kV Extra alta tensão ou altíssima tensão – cabos acima de 150 kV Fonte: Adaptado de Cabos de Energia Prysmian (2012). Assim, deve-se pesquisar nas respectivas normas aplicáveis as maneiras adequa- das de instalação, bem como as formas de dimensionamento dos cabos compatíveis para cada aplicação. 11 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Vale destacar, por exemplo, que a NBR 14039:2005 – referente às Instalações elétricas de média tensão, a qual deve ser consultada quando necessário – classifica o nível de tensão como sendo de 1 kV a 36,2 kV, valor aproximado ao apresentado na Tabela 3. Em continuidade aos conceitos referentes ao desenvolvimento de projetos de ins- talações elétricas em baixa tensão, a NBR 5410:2004 apresenta em sua Tabela 33, aqui definida como Tabela 4, uma série de maneiras de instalação, ou tipos de linhas elétricas: Tabela 4 – Tipos de linhas elétricas Fonte: Adaptada de NBR 5410:2004 (p. 90) A Tabela 4 apresenta somente parte dos tipos de linhas elétricas que a Tabela 33 da Norma apresenta. O objetivo é demonstrar onde podem ser encontradas todas as maneiras de instalação previstas em norma, bem como para destacar uma das maneiras encontradas em instalações industriais: o método 5 de instalação – con- dutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto aparente de seção não circular sobre a parede –, o qual tem como método de referência a denominação B1. 12 13 Encontrar a maneira de instalar é necessário para que se defina qual tipo de con- dutor a Norma permite que seja utilizado. Para facilitar tal identificação, a fabricante de condutores Prysmian reuniu as informações em uma Tabela, a qual está apre- sentada parcialmente como Tabela 5: Tabela 5 – Tipos de linhas elétricas versus tipos de condutores Fonte: Adaptada de Guia de dimensionamento de baixa tensão Prysmian Observando a Tabela 5 é possível verificar alguns dos diversos tipos de linhas elé- tricas existentes. Identificar quais métodos de instalação estão compreendidos, bem como qual tipo de cabo pode e deve ser utilizado para cada método de referência. Pode-se notar que o método 5 destacado anteriormente na Tabela 4, foi listado na Tabela 5 somente como “eletroduto aparente” e considerando o método de referência B1, verifica-se que se enquadram tanto o condutor isolado como o cabo unipolar. Uma vez identificado o tipo de condutor, deve-se localizar, na Norma, a tabela de capacidade de condução de corrente do cabo que for ser utilizado. Considerando o condutor isolado no exemplo iniciado anteriormente, a Tabela 36 da NBR 5410, aqui denominado Tabela 6, apresenta as capacidades de condução de corrente dos cabos isolados. 13 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Tabela 6 – Condução de corrente de condutores isolados conforme tabela 36 da NBR 5410 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 101) Analisando a Tabela 6, pode-se verificar que se tratam das informações técnicas relacionadas às capacidades de condução de corrente dos condutores isolados, pois condutores os quais tenham como temperatura máxima de regime contínuo 70° C e utilizam como material isolante o PVC são denominados condutores isolados, como informado na Tabela 2 deste material. Importante! O critério de capacidade de condução de corrente, portanto, tem como objetivo garantir a vida satisfatória dos condutores submetidos aos efeitos térmicos produzidos pela cir- culação de corrente elétrica de valores iguais às capacidades de condução de correntes respectivas, durante períodos prolongados em serviço normal. Trocando ideias... 14 15 Mas considerando tal critério de dimensionamento, o que será que se deve levar em conside- ração, efetivamente, na hora de dimensionar um condutor?Ex pl or No fundo, em outras palavras, o conceito nesse critério é que a corrente trans- portada por qualquer condutor, incluindo as harmônicas, conforme subitem 6.1.2.6 da NBR 5410, durante períodos prolongados em funcionamento normal, deve ser tal que a temperatura máxima para serviço contínuo da Tabela 35 da Norma, aqui Tabela 2, não seja ultrapassada. Essa condição é atendida se a corrente nos cabos não for superior às capacidades de condu- ção de corrente adequadamente escolhidas nas tabelas 36 a 39 da Norma. Procure ver as respectivas tabelas na NBR. Ex pl or Importante! Você deve tercompreendido os conceitos referentes ao dimensionamento de condutores utilizando o critério de condução de corrente, mas vale destacar que, quando necessário, deve-se aplicar fatores de correção. Vamos nos aprofundar mais um pouco estudando como aplicar tais fatores. Trocando ideias... Sequência para a Determinação da Seção Nominal do Condutor Supondo um circuito denominado circuito 1, trifásico – 3 condutores carregados –, com corrente de projeto IB = 58 A, condutor de cobre isolado de PVC, instalado sozinho em um eletroduto aparente – método de referência B1 – em temperatura ambiente de 30° C, vejamos a sequência para determinar o condutor pelo critério da capacidade de condução de corrente. Como se trata de condutor isolado em PVC e instalado no método B1, a tabela a ser utilizada é a de número 36 da Norma, aqui já apresentada como Tabela 7: 15 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Tabela 7 – Condução de corrente de condutores isolados conforme tabela 36 da NBR 5410 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 101) Analisando os destaques na Tabela 7, pode-se identificar os passos para a determi- nação da seção nominal do condutor para a suposta corrente de projeto IB = 58 A. A partir da escolha da tabela correta dos condutores, identifica-se o método de referência, nesse caso B1, o número de condutores carregados, nesse caso, 3 con- dutores carregados, projetando na vertical para baixo, até encontrar uma corrente imediatamente maior que a corrente de projeto, que nesse exemplo é 68 A. Feito isso, projeta-se na horizontal à esquerda para determinar a seção nominal do con- dutor, nesse caso, 16 mm². Para casos em que as maneiras de instalação / dimensões dos arranjos forem diferentes das condições indicadas na tabela 33 da NBR 5410:2004, recomenda-se consultar o fabricante de cabos sobre os fatores de correção adequados, ou calcular as capacidades de condução de corrente utilizando a NBR 11301:1990. Vale observar que a NBR 11301:1990 é baseada na norma IEC 60287-1, que se refere ao fun- cionamento contínuo em regime permanente – fator de carga 100% –, em corrente contí- nua ou alternada em 60 Hz. Essa condição é comumente encontrada em instalações elétricas residenciais, comerciais e industriais de baixa tensão. Ex pl or 16 17 Fator de Correção de Temperatura Ambiente O valor da temperatura ambiente que deve ser utilizado no dimensionamento é o da temperatura do meio que envolve o condutor quando não estiver carregado. Os valores de capacidade de condução de corrente encontrados nas tabelas da Norma são sempre referidos a uma temperatura ambiente de 30° C para todas as maneiras de instalar, exceto as linhas enterradas, cujas capacidades são referidas a uma temperatura de 20° C no solo. Desta forma, nos condutores que forem instalados em ambiente com tempera- turas diferentes das indicadas, a capacidade de condução de corrente usando as tabelas 36 a 39 da Norma deve ser corrigida, utilizando-se para isto a Tabela 40 da NBR 5410, aqui apresentada, em um recorte, como Tabela 8: Tabela 8 – Fatores de Correção de Temperatura (FCT) conforme tabela 40 da NBR 5410 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 106) A aplicação do FCT se dá da seguinte forma: considerando o mesmo circuito 1 do exemplo anterior, porém, na temperatura ambiente de 45° C, inicialmente basta identificar na Tabela 8 – Tabela 40 da Norma – a referida temperatura e, conse- quentemente, projetar horizontalmente à direita, localizando o fator de correção na coluna do tipo de isolação em estudo, nesse caso, o PVC e consequentemente o FCT = 0,79. Veja o destacado na Tabela 8. Feito isso, aplica-se o fator de correção 17 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica de temperatura na capacidade de corrente do cabo, nesse caso, a corrente nominal IN = 68 A, pois o cabo era o de seção nominal de 16 mm², como pode ser visto na Tabela 6. Assim, chamando a corrente corrigida de IZ e aplicando o FCT, fica: IZ = IN × FCT → IZ = 68A × 0,79 → IZ = 53,72A Como no exemplo a corrente de projeto IB = 58 A e a corrente corrigida do cabo é IZ = 53,72 A, o cabo de 16 mm² não atende mais, pois fica com capacidade de condução de corrente inferior à corrente de projeto e, por isso, a seção do con- dutor deverá ser aumentada, nesse caso o cabo a ser utilizado deve ser o de seção nominal de 25 mm², que tem como capacidade de condução de corrente 89 A e que se aplicado o FCT fica com 70,31 A, ou seja, maior que a corrente de projeto IB = 58 A. Assim, pode-se concluir que, uma vez a temperatura ambiente sendo maior que 30° C para o ar e 20° C para o solo, deve-se aplicar o fator de correção da tempe- ratura, pois como no exemplo apresentado, o cabo que, a princípio, seria o 16 mm² teve que ser trocado pelo de 25 mm² em atendimento à NBR 5410. É importante considerar que no caso de instalações sujeitas a intempéries, os fatores de cor- reção da Tabela 40 da NBR 5410 não consideram o aumento de temperatura devido à radia- ção solar ou outras radiações infravermelhas. Quando for esse o caso, as capacidades de con- dução de corrente devem ser determinadas pelos métodos especificados na NBR 11301:1990. Ex pl or Fator de Correção para Agrupamento de Circuitos Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos pelas tabelas 36 a 39 da NBR 5410 são válidos para o número de condutores carregados indicados em cada uma de suas colunas. Para linhas elétricas com um número maior de condutores, deve-se aplicar Fato- res de Correção de Agrupamento (FCA). Os FCA da Tabela 42 da NBR 5410, aqui denominada Tabela 9, são aplicáveis a condutores em feixe, seja em linhas abertas ou fechadas – os fatores pertinentes são os da linha 1 da Tabela –, e a condutores agrupados em um mesmo plano e em uma mesma camada – demais linhas da Tabela. 18 19 Tabela 9 – FCA considerando feixe e camada única de condutores Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 108) A aplicação do FCA se dá da seguinte forma: considerando uma bandeja não perfurada e contendo cinco circuitos trifásicos com cabos unipolares em camada única, pode-se encontrar o FCA correspondente como mostra o destaque ilustrado na Tabela 9, nesse caso, o FCA = 0,73. Já os FCA da Tabela 43 na Norma 5410, aqui denominada Tabela 10, são apli- cáveis a agrupamentos com mais de uma camada de condutores. Tabela 10 – FCA considerando mais camadas de condutores conforme tabela 43 da Norma 5410 Quantidade de circuitos trifásicos ou de cabos multipolares por camada 2 3 4 ou 5 6 a 8 9 e mais Quantidade de Camadas 2 0,68 0,62 0,60 0,58 0,56 3 0,62 0,57 0,55 0,53 0,51 4 ou 5 0,60 0,55 0,52 0,51 0,49 6 a 8 0,58 0,53 0,51 0,49 0,48 9 e mais 0,56 0,51 0,49 0,48 0,46 NOTAS 1 Os fatores são válidos independetemente da disposição da camada, se horizontal ou vertical. 2 Sobre os condutores agrupados em uma única camada, ver tabela 42 (linhas 2 a 5 da tabela). 3 Se forem necessários valores mais precisos, deve-se recorrer à ABNT NBR 11301. Fonte: Adaptada de NBR 5410:2004 (p. 109). 19 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Nesse caso, a aplicação do FCA se dá da seguinte forma: considerando uma bandeja não perfurada e contendo cinco circuitos trifásicos com cabos unipolares em três camadas, pode-se encontrar o FCA correspondente, tal como mostra o destaque ilustrado na Tabela 10, nesse caso, o FCA = 0,55. E se existirem ao longo do percurso de uma linha elétrica diferentes maneiras de instalação como, por exemplo, eletroduto aparente– método de instalação B1 – interligado a perfila- do perfurado – método de instalação C? Ex pl or A resposta é que as capacidades de corrente de seus condutores devem ser de- terminadas com base nas condições mais desfavoráveis encontradas. Os FCA foram calculados levando em consideração o fator de carga de 100%, ou seja, os con- dutores permanentemente carregados. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de correção podem ser aumentados, porém, a Norma não apresenta nenhuma informação de quais fatores devem ser aplicados. Ex pl or Importante! A NBR 5410 considera que as linhas enterradas incluem os casos de cabos diretamente enterrados e os cabos no interior de dutos – geralmente eletrodutos – enterrados. Trocando ideias... Tabela 11 – Linhas enterradas conforme Tabela 33 da NBR 5410 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 94) Apesar de as capacidades de condução de corrente serem diferentes nos méto- dos de instalação apresentados na Tabela 11, por simplificação, a 5410 unifica e determina o método de referência em D. Em complemento, vale observar que os valores de capacidade de condução de corrente da 5410 para o método (D) foram calculados para uma profundidade das linhas elétricas de 0,7 m. Geralmente, quanto mais profundo, mais úmido e 20 21 temperatura menor, para profundidades usuais de 70 a 120 cm não se deve apli- car nenhum fator de correção. Em casos específicos, a 5410 indica a utilização da Norma 11301:1990. Sobre agrupamento de circuitos em linhas enterradas, a 5410 apresenta as Ta- belas 44 e 45 com os fatores de correção aplicáveis. Resistividade Térmica do Solo Ainda referente às linhas enterradas, vale destacar o fator resistividade térmica do solo, o qual varia de 0,5 K.m/W – argila pura – a 1,0 K.m/W – areia com um pouco de argila –, podendo atingir 5,0 K.m/W em terrenos com impureza, tais como resíduos industriais, materiais orgânicos etc. É importante saber que a umida- de do terreno afeta significativamente a resistividade térmica do solo. Um aumento da umidade reduz a resistividade de solo e melhora a dissipação térmica. As capacidades de condução de corrente indicadas nas tabelas 36 e 37 da 5410 para o método de referência D – linhas subterrâneas – foram determinadas consi- derando uma resistividade térmica do solo média de 2,5 K.m/W. Para visualizar o método de referência D veja a Tabela 12: Tabela 12 – Capacidade de condução de corrente em cabos EPR/XLPE, conforme a Tabela 37 da NBR 5410 Fonte: Adaptada de ABNT NBR 5410:2004, p. 102 21 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica A Tabela 13, conforme a Tabela 41 da Norma, fornece fatores de correção para resistividades térmicas de solos diferentes de 2,5 K.m/W.Ex pl or Tabela 13 – Fatores de correção com resistividades térmicas em solos diferentes de 2,5 K.m/W conforme Tabela 41 da NBR 5410 Resistividade térmica k.m/W 1 1,5 2 3 Fator de correção 1,18 1,1 1,05 0,96 NOTAS 1 Os fatores de correção dados são valores médios para as seções nominais abrangentes nas tabelas 38 e 37, com uma dispersão geralmente inferior a 5%. 2 Os fatores de correção são aplicáveis a cabos em eletrodutos enterrados a uma profundidade de até 0,8 m. 3 Os fatores de correção para cabos diretamente enterrados são mais elevados para resistividades térmicas inferio- res a 2,5 K.m/W e podem ser calculados pelos métodos indicados na ABNT NBR 11301. Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 107) O procedimento para aplicação do fator de correção é o mesmo utilizado na apli- cação dos fatores de correção de temperatura ou fator de correção de agrupamento. Em projetos nos quais sejam utilizadas linhas elétricas subterrâneas, recomenda- -se a contratação de serviço especializado para medir a resistividade térmica do solo. Importante! Deu para perceber a necessidade da correta identificação da maneira de instalar para a rea- lização do dimensionamento de condutores? Você deve ter notado a forte correlação entre os métodos de referência, tipos de condutores, bem como, quando necessário, o uso de fa- tores de correção no dimensionamento de condutores. No entanto, os procedimentos para a determinação dos condutores até aqui estudados atendem, na prática, somente aos dois primeiros critérios estabelecidos pela Norma, mas para completar o critério capacidade de condução de corrente ainda falta levar em consideração as harmônicas. Trocando ideias... Corrente de Projeto Considerando as Harmônicas As tensões e correntes harmônicas estão presentes praticamente em todos equi- pamentos eletrônicos. Tais aparelhos provocam deformações nos sinais senoidais fundamentais da rede elétrica. A decomposição desses sinais deformados em senoi- de perfeitas de diferentes frequências e amplitudes resulta nas denominadas com- ponentes harmônicas de um sinal. Relembrando, no subitem da Norma 6.2.6.2.2.a, indica-se que a capacidade de condução de corrente dos condutores de fase deve ser igual ou superior à corrente de projeto (IB) do circuito, incluindo as componentes harmônicas. 22 23 O valor eficaz da corrente de projeto IB em um circuito percorrido por correntes harmônicas de ordens ímpares, é dado por: I I I I I IB n� � � � � �1 2 3 2 5 2 7 2 2 .... Supondo uma instalação na qual as correntes em um circuito, incluindo as harmô- nicas, sejam I1 = 110A; I3 = 57A; I5 = 25A e I7= 17A, a corrente de projeto IB fica: I I I I I I I A B B B � � � � � � � � � � 1 2 3 2 5 2 7 2 2 2 2 2 110 57 25 17 127 50, Assim, para a determinação do condutor, nesse caso, ao invés de considerar a corrente de projeto IB = 110A, deve-se considerar IB = 127,50A. No exemplo, vale destacar que, em geral, de todas as correntes harmônicas per- corridas nos circuitos, a mais significativa é a de terceira ordem e, por isso, a 5410 indica o cálculo da THD3 – sigla em inglês equivalente à taxa de distorção harmôni- ca e, nesse caso, de terceira ordem – e a utiliza como referência para determinação: do fh – fator harmônico –, da Corrente do Neutro IN – corrente do neutro – e con- sequentemente, da seção nominal do condutor neutro, quando existir. Em resumo, os subitens a seguir da Norma apresentam os seguintes parâmetros: • 6.2.6.2.6 – THD3 e múltiplos ≤ 15% → Sn ≤ Sf (utiliza-se a Tabela 48 da nor- ma). Ver a Tabela 14; • 6.2.6.2.3 – 15% ≤ THD3 e múltiplos ≤ 33% → Sn = Sf; • 6.2.6.2.5 – THD3 e múltiplos ≥ 33% → Sn ≥ Sf. Onde: • Sn = seção no condutor neutro; • Sf = seção do condutor fase. Tabela 14 – Seção reduzida do condutor neutro conforme a Tabela 48 da NBR 5410 Seção dos condutores de fase mm2 Seção reduzida do condutor neutro mm2 S ≤ 25 S 35 25 50 25 70 35 95 50 120 70 150 70 185 95 240 120 300 150 400 185 As condções de utilização desta tabela são dadas em 6.2.6.2.6. Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 115) 23 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Corrente do Neutro Considerando as Harmônicas Supondo que no exemplo anterior fosse um circuito trifásico com neutro, para encontrar a seção do condutor neutro deve-se percorrer os seguintes passos: 1. Inicialmente determina-se a taxa harmônica de terceira ordem, fazendo: THD I I3 3 1 100� � % • Onde: » I1 = corrente fundamental; » I3 = corrente de harmônica de 3ª ordem. Portanto: THD THD ou 3 3 57 110 0 52 100 52� � � �, % % 2. Assim, retomando o subitem da Norma e o parâmetro, respectivamente 6.2.6.2.5, no qual informa que THD3 e múltiplos > 33% → Sn > Sf, deve- -se determinar o fh localizando na Tabela F.1 da Norma, aqui apresentado como Tabela 15, em qual faixa da taxa de terceira harmônica encontra-se a taxa THD3 calculada. Tabela 15 – Fator fh para determinaçãoda corrente do fio neutro conforme Tabela F.1 da NBR 5410 Taxa de terceira harmônica fh Circuito trifásico com neutro Circuito com duas fases e neutro 33% a 35% 1,15 1,15 36% a 40% 1,19 1,19 41% a 45% 1,24 1,23 46% a 50% 1,35 1,27 51% a 55% 1,45 1,30 56% a 60% 1,55 1,34 61% a 65% 1,64 1,38 ≥ 66% 1,73 1,41 Fonte: Adaptada de NBR 5410:2004 (p. 196) Nesse caso, como pode ser visto no destaque da Tabela 15, considerando um circuito trifásico com neutro, o fator fh = 1,45. Finalmente, com o fh e a corrente IB – corrente de projeto, incluindo as componentes harmônicas – encontradas, determina-se a corrente do condutor neutro, aplicando: 24 25 IN = fh × IB IN = 1,45 × 127,5 IN = 184,9 A Dessa forma, nesse exemplo, enquanto que para determinar os condutores fase utilizaríamos como referência a corrente de 127,5 A, para o condutor neutro seria utilizado 184,9 A. Exemplo de Dimensionamento pela Capacidade de Corrente Vejamos um exemplo de dimensionamento de condutores pelo critério da capa- cidade de condução de corrente considerando os fatores de correção previstos na 5410 – temperatura, agrupamento e carregamento de neutro. Nos casos em que não existam as condições abordadas neste exemplo, os fato- res de correção devem ser desconsiderados. Sejam os circuitos (A), (B) e (C), 220/380 V, constituídos por cabos unipolares não halogenados, instalados em leitos, com temperatura ambiente de 40° C: • Circuito (A): trifásico; corrente de projeto (incluindo as harmônicas) → IBA = 85A com THD3 = 32%; • Circuito (B): trifásico com neutro, (circuito não equilibrado); corrente de proje- to (incluindo as harmônicas) → IBB = 100A com THD3 = 38%; • Circuito (C): bifásico, corrente de projeto (incluindo as harmônicas) → IBC = 90A com THD3 = 15%. Para realizar o dimensionamento considerando todos os fatores citados, inicial- mente considera-se os fatores de correção comuns aos três circuitos. Assim, verifi- ca-se que o FCT a ser utilizado é FCT = 0,91. Tabela 16 – Fatores de correção de temperatura conforme Tabela 40 da NBR 5410 Temperatura ºC Isolação PVC EPR ou XLPE Ambiente 10 1,22 1,15 15 1,17 1,12 20 1,12 1,08 25 1,06 1,04 35 0,94 0,96 40 0,87 0,91 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 106) Já o fator FCA pode ser encontrado na Tabela 42 da Norma, conforme indicado na Tabela 17. Nesse caso, FCA = 0,82. 25 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Tabela 17 – Fatores de correção de temperatura conforme a Tabela 40 da NBR 5410 Ref. Forma de agrupamento dos condutores Número de circuitos ou de cabos multipolares Tabelas dos métodos de referência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 a 11 12 a 15 16 a 19 ≥20 1 Em feixe: ao ar livre ou so- bre superfície; embutidos; em conduto fechado. 1,00 0,80 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52 0,50 0,45 0,41 0,38 36 a 39 (métodos A a F) 2 Camada única sobre pare- de, piso, ou em bandeja não perfurada ou prateleira. 1,00 0,85 0,79 0,75 0,73 0,72 0,72 0,71 0,70 36 e 37 (método C) 3 Camada única no teto. 0,95 0,81 0,72 0,68 0,66 0,64 0,63 0,62 0,61 4 Camada única em bandeja perfurafa. 1,00 0,88 0,82 0,77 0,75 0,73 0,73 0,72 0,72 38 e 39 (métodos E e F)5 Camada única sobre leito, suporte etc. 1,00 0,87 0,82 0,80 0,80 0,79 0,79 0,78 0,78 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 108) Agora, para considerar o Fator de Carregamento do Neutro (FCCN) aplicável ao circuito B, deve-se observar o item 6.2.5.6 da 5410, pois trata-se de um circuito com taxa de distorção harmônica maior que 15%, ou seja, THD3 = 38 % e, apesar de se ter a taxa, mas o valor da corrente de terceira ordem não ser conhecida, de forma a utilizar-se o procedimento de determinação da corrente do neutro apresen- tado anteriormente, aplica-se um valor “universal” de fator de correção de carrega- mento do neutro, FCCN = 0,86. Assim, reunindo os dados obtidos e calculando a corrente corrigida I’B para cada circuito utilizando a seguinte expressão genérica, fica: I I F F FB B CT CA CNN ' � � � Tabela 18 – Resumo dos dados parciais obtidos no exercício Circuito IB (A) FCT FCA FCCN I’B (A) A 85 0,91 0,82 ---- 114 B 100 0,91 0,82 0,86 156 C 90 0,91 0,82 ---- 121 Para escolha dos cabos, primeiramente consulta-se a Tabela 33 da Norma para identificar o método de referência. Nesse caso, o método é o F, como pode ser visto no recorte da tabela 33, apresentado aqui na Tabela 19: Tabela 19 – Recorte da Tabela 33 da NBR 5410 Método de instalação número Esquema ilustrativo Descrição Método de referência 16 Cabos unipolares ou cabo multipolar em leito. E (multipolar) F (unipolares) Fonte: adaptada de NBR 5410:200 (p. 91) 26 27 Uma vez identificado o método de referência, localiza-se a tabela de capacidades de condução de corrente conforme o tipo de cabo, neste caso a Tabela 39 da 5410, aqui chamada de Tabela 20: Tabela 20 – Recorte da Tabela 39 da NBR 5410 Fonte: Adaptada de NBR 5410:2004 (p. 104) Nesse caso, para o circuito A, com uma corrente corrigida de 114 A, o cabo com capacidade imediatamente maior é o de 25 mm², como pode ser visto na Tabela 20. Para o caso do circuito B, com uma corrente corrigida de 156 A, o cabo com capacidade imediatamente maior é o de 35 mm² como pode ser visto na Tabela 21: Tabela 21 – Recorte da Tabela 39 da NBR 5410 Fonte: Adaptada de NBR 5410:2004 (p. 105) 27 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Note que não há, na Tabela 21, quatro condutores carregados como é o circuito B, mas; nesse caso, utiliza-se a coluna de três condutores carregados mesmo. Para o caso do circuito C, com uma corrente corrigida de 121 A, o cabo com ca- pacidade imediatamente maior é o de 16 mm², como pode ser visto na Tabela 22: Tabela 22 – Recorte da Tabela 39 da NBR 5410 Fonte: adaptada de NBR 5410:2004 (p. 104) Foram considerados justapostos os circuitos trifásicos em disposição trifólio e o bifásico. Reunindo os dados encontrados do dimensionamento realizado, fica: Tabela 23 – Resumo dos dados finais obtidos no exercício Circuito Número de condutores carregados I’B (A) S (mm²) A 3 (trifólio) 114 25 B 4 (trifólio) 156 35 C 2 (justapostos) 121 16 Estudando o material apresentado aqui e até em outras literaturas, nota-se que se aplica os fatores de correção, ora nas capacidades de condução de correntes, ora nas correntes dos circuitos. Qual seria o procedimento mais apropriado? Ex pl or Analisando a pergunta e o estudo realizado, pode-se concluir que tanto faz! Para comprovar isso, se retomarmos o exemplo apresentado anteriormente e aplicarmos os fatores de correção adequadamente nas correntes das tabelas da Norma, chega- remos aos mesmos resultados. 28 29 Ou seja, se forem aplicados os fatores de correções nas capacidades de con- dução de corrente, por circuito, com a expressão genérica a seguir, os resultados ficam como na Tabela resumo 24, na sequência. Tabela 24 – Resumo dos dados fi nais obtidos no exercício, aplicados os fatores de correção nas correntes da tabela do fabricante Circuito S (mm)² IZ tabela (A) FCT FCA FCCN I’Z (A) IB A 25 135 0,91 0,82 ---- 101 85 B 35 169 0,91 0,82 0,86 108 100 C 16 121 0,91 0,82 ---- 90 90 Observe na Tabela 24 que considerando os cabos determinados anteriormente e as suas respectivas capacidades de condução de correntes, determina-se as corren- tes corrigidas chamadas aqui de I’Z por circuito, as quais comparadas às correntes de projeto originais aqui chamadas de IB; permite-se concluir que os respectivos cabos escolhidos atendem plenamente ao critério de dimensionamento por capa- cidade de condução de corrente também quando têm os seus fatores de correção aplicados adequadamente nas capacidades de conduçãode corrente, ou seja, tem- -se o mesmo resultado de dimensionamento. Importante! Dessa forma, foi possível, no presente estudo, desenvolver o conhecimento necessário para o dimensionamento dos condutores utilizando o critério da seção mínima e capacidade de condução de corrente por completo, procedimentos esses que atendem a maior parte das situações de projetos. No entanto, existem outras circunstâncias em que a distância da linha elétrica influencia significativamente no dimensionamento, pois surge a queda de tensão. Trocando ideias... Assim, façamos um estudo utilizando um dos métodos de dimensionamento que considera a queda de tensão. Importante! Desenvolver o dimensionamento de condutores em conformidade com a NBR 5410:2004 requer muito mais do que consultar uma tabela prática ou tomar decisões baseadas na própria experiência, pois um detalhe na maneira de instalar pode fazer com que a esco- lha não atenda aos critérios estabelecidos na Norma. Este material de estudo foi cuidadosamente realizado, considerando o dimensionamen- to de circuitos industriais conforme os dois primeiros critérios, ou seja, será necessário estudar os critérios seguintes, tais como considerar as quedas de tensões e a correta es- colha dos dispositivos de proteção. É importante deixar claro que o universo das instalações industriais é deveras maior do que o condensado nos exemplos estudados, contudo, a ideia é propiciar uma base fundamental de modo que o conhecimento adquirido permita aprofundar o saber em seus projetos reais ou em outros materiais clássicos da Engenharia Elétrica como, por exemplo, nas referências sugeridas ao final – em especial de Mamede Filho (2010), ou de Cotrim (2008, 2005). Em Síntese 29 UNIDADE Estudo e Aplicação dos Critérios de Dimensionamento de Condutores e Dispositivos de Proteção Aplicados a Circuitos Terminais. Estudo e Aplicação dos Fatores de Correção – Temperatura, Agrupamento, Harmônica Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Instalações elétricas e o projeto de arquitetura CARVALHO JR, R. de. Instalações elétricas e o projeto de arquitetura. 8. ed. rev. São Paulo: Edgard Blücher, 2018. Instalações elétricas industriais MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. Segurança e higiene do trabalho ROSSETE C. A. Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. Fundamentos de instalações elétricas SAMED M. A. S. Fundamentos de instalações elétricas. São Paulo: Saberes, 2017. NR-12 – segurança em máquinas e equipamentos SANTOS J. R. dos; ZANGIROLAMI, J. Z. NR-12 – segurança em máquinas e equipamentos. São Paulo: Érica, 2015. 30 31 Referências COTRIM, A. M. B. Instalações elétricas. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. ______. Instalações elétricas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. TAMIETTI, R. P. Condutores elétricos. passo a passo das instalações elétricas residenciais. Belo Horizonte, MG: IEA; Centene 2001. p. 5-25. Disponível em: <https://bit.ly/2TkVtgk>. Acesso em: 4 mar. 2019. 31
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