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Prévia do material em texto

MANUAL DE LICENCIATURA DO 
CURSO DE GESTÃO DE EMPRESAS 
Fiscalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2022 ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual de Licenciatura do 
curso de gestão de Empresas 
Fiscalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2º ANO : Fiscalidade 
CÓDIGO ISCED32-CPOLCFE014 
TOTAL HORAS/ 1 
SEMESTRE 
125 
CRÉDITOS (SNATCA) 5 
NÚMERO DE TEMAS 4 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
i 
 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
 
Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), e contém reservado todos 
os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob 
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou 
outros), sem permissão expressa de entidade editora Universidade Aberta ISCED (UnISCED). 
A não observância do acima estipulado infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Aberta ISCED (UnISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23323501 
Cel: +258 823055839 
 
Fax:23323501 
 E-mail: direcção@unisced.edu.mz 
 Website: www.unisced.ac.mz 
mailto:direcção@unisced.edu.mz
http://www.unisced.ac.mz/
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
ii 
 
 
 
 
Agradecimentos 
A Universidade Aberta ISCED (UnISCED) agradece a colaboração dos seguintes 
indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
 
Autores Fonseca Aguilar Viegas, Licenciado em Direito pela 
Universidade Zambeze e em ensino de Filosofia pela 
Universidade Pedagógica delegação da Beira 
Constantino José Cossa, Licenciado em Direito pela 
Universidade Zambeze e em ensino de Filosofia pela 
Universidade Pedagógica delegação da Beira 
Coordenação 
Design 
Financiamento e Logística 
 
Revisão Científica e 
Linguística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
Direcção Académica da UnISCED 
 
Universidade Aberta ISCED (UnISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) 
Estrela Eduardo Soda Charles 
 
 
2016 
 
UnISCED-BEIRA 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
iii 
 
 
 
 
Índice 
 
 
Direitos de autor (copyright) i 
PREFÁCIO viii 
ABREVIATURAS ix 
VISÃO GERAL 11 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Fiscalidade ................................................................ 11 
Objectivos do Módulo ..................................................................................................... 11 
Quem deveria estudar este módulo ............................................................................... 12 
Como está estruturado este módulo .............................................................................. 12 
Ícones de actividade ....................................................................................................... 14 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 14 
Precisa de apoio? ............................................................................................................ 16 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)............................................................................... 17 
Avaliação ......................................................................................................................... 17 
TEMA – I: O DIREITO FISCAL E SEU ENQUADRAMENTO NO UNIVERSO DA CIÊNCIA 
JURÍDICA. 18 
Contextualização do tema ............................................................................................ 18 
UNIDADE Temática 1.1 Actividade Financeira e Direito Fiscal ...................................... 19 
1- Actividade financeira ......................................................................................... 19 
1.1-Noções fundamentais ...................................................................................... 19 
1.2-Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal ................................... 21 
2- Natureza e Âmbito do Direito fiscal ................................................................. 22 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 23 
Unidade Temática n° 2 - A Relações do Direito fiscal com Outros Ramos do Direito .... 25 
1 - Direito fiscal e direito constitucional ............................................................... 25 
2 - Direito fiscal e direito administrativo .............................................................. 26 
3 - Direito fiscal e direito processual ..................................................................... 26 
4 - Direito fiscal e direito penal ............................................................................. 26 
5 - Direito fiscal e direito internacional ................................................................. 26 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 27 
Unidade Temática n° 3: Fontes do direito fiscal ............................................................. 28 
1.1 -Constituição e princípios constitucionais em matéria de tributação .............. 28 
1.2-Lei no sentido restrito ..................................................................................... 31 
1.3-Decreto-lei ....................................................................................................... 31 
1.4-Regulamento (Decreto, Diplomas Ministeriais, o Regulamento das Autarquias 
Locais) ................................................................................................................... 31 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
iv 
 
 
1.5-Contractos Fiscais ........................................................................................... 32 
1.6- Convenções internacionais ............................................................................. 32 
1.7- Sobre o valor das Ordens Internas da Administração, Jurisprudência, 
Doutrina e Costume ............................................................................................... 34 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 34 
Unidade Temática n° 4 – A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais .................... 36 
1 - A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais ............................................. 36 
2- Aplicação das Leis Fiscais no Tempo ............................................................... 38 
3- Aplicação da Lei no Espaço .............................................................................. 39 
4 – O conceito de dupla tributação ........................................................................ 40 
4.1. O Problema da Dupla Tributação Internacional ............................................. 46 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 47 
TEMA – II: TEORIA GERAL DO IMPOSTO 49 
Contextualização ................................................................................................... 49 
Unidade Temática n° 1: Conceito do imposto, distinção do imposto e figuras afins e a 
classificação dos impostos .............................................................................................. 50 
1.1 Aspectos gerais ................................................................................................ 50 
1.2 - O imposto e as figuras afins.......................................................................... 50 
1.3 Objectivos do imposto ..................................................................................... 52 
1.4 - Classificação dos impostos ........................................................................... 53 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 55 
Unidade Temática n° 2: Fases do imposto ...................................................................... 57 
1 - Fases do imposto .............................................................................................. 57 
1. 1– A incidência .................................................................................................. 57 
1.2 - A fase administrativa..................................................................................... 57 
1.2.1 - Lançamento ................................................................................................ 58 
1.2.2 - Liquidação .................................................................................................. 58 
1.2.3 - Cobrança ou Pagamento ............................................................................. 58 
1.3 - O processo de execução fiscal....................................................................... 59 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 60 
TEMA – III: GARANTIAS 62 
Contextualização do tema...................................................................................... 62 
Unidade Temática n° 1 - Garantias ................................................................................. 63 
1 - Garantias do sujeito activo ............................................................................... 64 
1.1 - Garantias especiais ........................................................................................ 64 
2 - Garantias do sujeito passivo ............................................................................. 65 
2.1 - Garantia geral ................................................................................................ 65 
2.2 - Garantias impugnatórias................................................................................ 66 
2.3 - Garantias não impugnatórias ......................................................................... 66 
2.4 - Garantias impugnatórias administrativas (graciosas) .................................... 66 
2.4.1. Reclamação graciosa ................................................................................... 66 
2.4.2 - Recurso hierárquico ................................................................................... 68 
Unidade Temática n°2: Garantias (Continuação.) .......................................................... 68 
2.5 - Garantias impugnatórias contenciosas .......................................................... 68 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
v 
 
 
2.5.1 - Tutela jurisdicional .................................................................................... 68 
2.5.2 - Conceito de Garantias Contenciosas .......................................................... 70 
2.5.3 - Recurso Contencioso .................................................................................. 70 
2.5.4 - As acções .................................................................................................... 71 
2.5.4.1 - Acção para reconhecimento de um direito ou interesse legalmente 
protegido ................................................................................................................ 71 
2.5.4.2 - Acção para intimação para prática de um comportamento ..................... 71 
3 - Princípios do contencioso fiscal ....................................................................... 71 
3.1 - Princípio da tutela jurisdicional efectiva ....................................................... 71 
3.2 - Principio do inquisitório e da verdade material ............................................ 72 
3.3 - Princípio da celeridade .................................................................................. 72 
3.4 - Princípio da cooperação ................................................................................ 73 
4 - Infracções fiscais .............................................................................................. 73 
4.1 - Competência para julgamento das transgressões fiscais ............................... 74 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 75 
TEMA – IV: O SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO 78 
Contextualização do tema ............................................................................................ 78 
Unidade Temática n° 1 - A Origem Histórica do Direito Tributário Moçambicano ........ 78 
1.1 - As formas iniciais do imposto em Moçambique ........................................... 78 
1.2 - O Mussoco e o imposto de palhota ............................................................... 78 
2 - Os impostos Directos ....................................................................................... 82 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 83 
Unidade Temática n°2: A fiscalidade em Moçambique após a independência. ............. 85 
1 - O sistema tributário vigente à data da independência ...................................... 85 
1.1 - Características do sistema ............................................................................. 85 
1.2 - Principais impostos em vigor ........................................................................ 86 
2 - Reforma Iniciada em 1978 ............................................................................... 87 
3 - O PRE e a reforma fiscal de 1987 .................................................................... 88 
4 - A reforma fiscal de 2002 e os novos impostos do Sistema fiscal 
moçambicano ......................................................................................................... 88 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 89 
Unidade Temática n°: 3Tributação em IRPS ................................................................... 91 
1 - Incidência objectiva ......................................................................................... 91 
1.1 - Rendimentos de trabalho dependente ............................................................ 91 
1.1.1 - Rendimentos de trabalho dependente não sujeitos ao IRPS ...................... 92 
1.1.2 - Rendimentos de trabalho dependente isentos ............................................ 93 
1.2 - Rendimentos empresariais e profissionais – 2ª categoria ............................. 93 
1.3 - Rendimentos de capitais – 3ª categoria (art. 9 do CIRPS) ............................ 93 
1.4 - Mais-valias – 3ª categoria ............................................................................. 93 
1.5 - Rendimentos 4ª categoria .............................................................................. 94 
1.6 - Ganhos em numerário e incrementos patrimoniais – 5ª categoria ................ 94 
2 - Incidência subjectiva ........................................................................................ 95 
Unidade Temática n°4: Pagamento do IRPS (continuação) ............................................ 96 
1 - Retenção na fonte ............................................................................................. 96 
1.1 - Retenções na fonte com natureza de pagamento antecipado ........................ 96 
1.2 - Retenção na fonte com natureza de pagamento definitivo ............................ 97 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
vi 
 
 
1.3 - Pagamento por conta .....................................................................................97 
1.4 - Pagamento final ............................................................................................. 98 
2 - Apuramentos .................................................................................................... 98 
2.1 - Apuramento dos rendimentos líquidos de trabalho dependente (1ª 
categoria) ............................................................................................................... 98 
2.2 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 2ª categoria ................................. 98 
2.3 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 3ª categoria ................................. 99 
2.4 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 4ª categoria ............................... 101 
2.5 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 5ª categoria ............................... 101 
3 - Rendimentos líquidos das categorias ao apuramento do IRPS final .............. 101 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 102 
Unidade Temática n°5: Tributação em IRPC ................................................................. 104 
1 - Aspectos gerais............................................................................................... 104 
2 - Isenções .......................................................................................................... 105 
3 - Período de tributação...................................................................................... 106 
Unidade Temática n°6: II – Determinação do IRPC (continuação) ............................... 106 
Esquema .............................................................................................................. 108 
Esquema .............................................................................................................. 109 
Esquema .............................................................................................................. 110 
Unidade Temática n°7: (Continuação) .......................................................................... 110 
1 - Sujeitos passivos residentes que não exerçam, a título principal, actividades de 
natureza comercial, industrial ou agrícola. .......................................................... 110 
2 - Sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável ...................... 112 
3 - Sujeitos passivos não residentes sem estabelecimento estável ...................... 112 
4 - Aplicação de métodos indirectos ................................................................... 113 
5 - Pagamentos antecipados ................................................................................ 113 
5.1 - Pagamento por conta ................................................................................... 113 
5.2 - Pagamento especial por conta ..................................................................... 114 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 114 
Unidade Temática n°8: Imposto Simplificado de Pequenos Contribuintes (ISPC) ........ 116 
1. Definição e contribuintes ........................................................................... 116 
2. Benefícios .................................................................................................. 117 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 118 
Unidade Temática n°9: O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) ......................... 120 
1 - Incidência ....................................................................................................... 120 
2 - Isenção ........................................................................................................... 120 
3 - Regimes de tributação .................................................................................... 121 
3.1 - Regime Normal ........................................................................................... 121 
3.2 - Regime simplificado ................................................................................... 122 
3.3 - Regime de isenção....................................................................................... 122 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 123 
Unidade Temática n°10: Outros impostos .................................................................... 124 
1 - Imposto sobre consumos específicos ICE ...................................................... 124 
2 - Direitos aduaneiros......................................................................................... 124 
3 - Imposto do selo .............................................................................................. 124 
4 - Imposto sobre as sucessões e doações ........................................................... 125 
5 - SISA ............................................................................................................... 126 
6 - Imposto Especial Sobre o Jogo ...................................................................... 127 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
vii 
 
 
7 - Imposto de reconstrução nacional IRN .......................................................... 127 
8 - Imposto sobre veículos ................................................................................... 128 
9 - Imposto sobre a Produção Mineira ................................................................ 128 
10 - Imposto sobre a superfície ........................................................................... 128 
11 - Imposto Específico da actividade petrolífera ............................................... 129 
12 - Imposto pessoal Autárquico ......................................................................... 129 
13 - Imposto predial autárquico ........................................................................... 129 
14 - Imposto autárquico da Sisa .......................................................................... 129 
15 - Imposto autárquico de veículos .................................................................... 129 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 130 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
viii 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
É com grande prazer que acolhemos o convite que a direcção da 
Universidade Aberta ISCED formulou no sentido de elaboração do 
módulo de Fiscalidade. Porém, no momento de organizar o conteúdo 
em observância ao programa facultado pela instituição tomamos 
consciência do compromisso que havíamos assumido. Como elaborar 
um módulo com uma bibliografia moçambicana deficiente, só 
colmatável através do recurso a obras estrangeiras. 
Assim, este módulo pretende motivar e auxiliar os estudantes para as 
problemáticas das diversas teorias relativas e subjacentes a Fiscalidade, 
mas, também naquilo que ela tem de inédito, que é o de trazer para o 
domínio público de uma forma sistemática, os fundamentos e a razão 
de ser das diversas transformações que o sistema tributário 
moçambicano se tem verificado. 
Longe de ser estático, este modulo exige uma permanente reedição 
para fazer face aos desafios da fiscalidade que esta em continuo 
processo de mudança na sociedade Moçambicana. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
ix 
 
 
 
 
ABREVIATURAS 
 
Al. Alínea 
 
AR – Assembleia da república 
Art.º – Artigo 
AT – Administração tributária 
CC – Código Civil 
CIR – Código do Imposto Sobre rendimento 
 
CIRPC – Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas 
CIRPS - Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares 
CIS – Código do Imposto de Selo 
CISD – código do imposto sobre as Sucessões e Doações 
 
CISPC – Código do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 
CIVA – Código do Imposto Sobrevalor Acrescentado 
CRM – Constituição da República de Moçambique 
 
CRPM – Constituição da República popular de Moçambique 
CS – Código do Sisa 
Dec. – Decreto 
 
ICE – Imposto sobre Consumos Específicos 
IPA – Imposto Pessoal Autárquico 
IPRA – Imposto Predial Autárquico 
 
IRN – Imposto de Reconstrução Nacional 
 
IRPC - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas 
IRPS - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares 
ISPC – Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 
ISSD – Imposto sobre as Sucessões e Doações 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
x 
 
 
 
 
IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado 
 
LGT – Lei Geral Tributária (Lei 15/2002 de 26 de Junho) 
N° - Número 
OGE – Orçamento Geral do Estado 
 
PRE – Programa de Reabilitação Económica 
 
RCCI – Regulamento do Contencioso das Contribuições e Impostos 
 
RCIRPC – Regulamento do Código do Imposto sobre Rendimento de 
Pessoas Colectivas 
RCIRPS – Regulamento do Código do Imposto sobre Rendimento de 
Pessoas Singulares 
RGIT – Regimento Geral da Infracções Tributárias 
ss - Seguintes 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
11 
 
 
 
 
 
VISÃO GERAL 
 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Fiscalidade 
 
O mais importante em um Instituto Superior são as pessoas. Tudo o 
mais, a qualidade do ensino e da pesquisa, o respeito pela diversidade. 
Entre as pessoas que formam esta comunidade, destacam-se os 
estudantes. Assim, este módulo pretende motivar os estudantes para 
as problemáticas das relações fiscais na perspectiva de que esse 
fenómeno ocorre no jogo de mercado global, regional e nacional. 
 
 
 
 
Objectivos do Módulo 
 
Quando terminar o estudo, você será capaz de: 
 
a) Dominar a fiscalidade e o Direito Fiscal Moçambicano; 
 
b) Conhecer o Direito Fiscal e as normas que disciplinam a 
Fiscalidade; 
c) Conhecer a teoria geral do Direito Fiscal; 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
No final deste modulo esperamos que tenha capacidade de: 
a) Compreender as garantias dos Contribuintes; 
 
b) Especificar os crimes fiscais. 
 
d) Conhecer a relação jurídica Fiscal; 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
12 
 
 
 
 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
 
Este módulo destina-se a todos os estudantes do Instituto Superior de 
Ciências e Educação a Distância que inclui no plano curricular do seu 
curso a disciplina de Fiscalidade. 
 
Como está estruturado este módulo 
 
O módulo apresenta uma estrutura da seguinte maneira: 
 
Páginas introdutórias 
 
▪ Um índice completo. 
 
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades 
. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, 
objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades práticas, algumas incluindo estudo de caso. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
13 
 
 
 
 
 
Outros recursos 
 
A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em 
si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio 
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo 
para você explorar. Para tal o UnISCED disponibiliza na biblioteca do 
seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o 
seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para 
além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, 
pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda 
as possibilidades dos seus estudos. 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção 
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
14 
 
 
 
 
Comentários e sugestões 
 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- 
Pedagógico, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
. 
 
 
 
 
Ícones de actividade 
 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de 
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. 
Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar 
a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, 
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se 
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante 
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões 
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo 
dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
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5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de 
estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no 
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta 
sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em 
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de 
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com 
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo 
em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que 
já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar 
o útil ao agradável: Saber comprofundidade todos conteúdos de cada 
tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo 
superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 
(dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança 
de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar 
dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, 
pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da 
aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de 
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência 
entre o conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que 
estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e 
desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está 
a se formar. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, 
deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo 
será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma 
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: 
A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria 
de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e 
Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, 
nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus 
relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é 
imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma 
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo 
significado não conhece ou não lhe é familiar; 
 
Precisa de apoio? 
 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como 
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou 
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e 
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E- 
mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a 
preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico 
e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com 
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a 
Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre 
estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com 
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada para 
acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar 
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do 
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que 
permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação 
aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio 
ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater 
assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes 
nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas 
semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo 
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo 
os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os 
direitos do autor. 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem 
o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o 
respeito pelos direitos autorias devem caracterizar a realização dos 
trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED). 
 
Avaliação 
 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um 
mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos 
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um 
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante 
consta detalhada do regulamentado de avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência 
para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a 
nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
 
1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
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Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos 
e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a 
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos 
direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
 
 
 
TEMA – I: O DIREITO FISCAL E SEU ENQUADRAMENTO NO UNIVERSO DA CIÊNCIA JURÍDICA. 
 
Contextualização do tema 
Neste primeiro tema apresentamos a actividade financeira do estado, 
dentro da qual se enquadra o fenómeno fiscal. Apresentamos 
igualmente a noção do Direito fiscal, seu enquadramento no âmbito dos 
ramos de direito e as relações que este ramo autónomo mantém com 
os outros ramos de direito. 
Estrutura 
 
Este tema compreende 4 unidades temáticas. 
 
Tópicos das Unidades Temáticas 
 
Unidade Temática 1.1: Trata da actividade financeira do Estado, do 
fenómeno fiscal, do direito fiscal e seu enquadramento na ciência 
jurídica: São aspectos iniciais do nosso estudo; 
Unidade Temática Unidade Temática 1.2: Apresenta-mos e discutimos 
as relações de subordinação, coordenação e complementaridade 
estabelecidas entre o direito fiscal e outros ramos de direito; 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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19Unidade Temática 1.3: apresentamos as diversas fontes do direito 
fiscal, ou seja, as várias formas de manifestação e revelação das normas 
jurídico-fiscais; 
Unidade Temática 1.4 – Interpretação e aplicação das normas fiscais, 
aonde falamos de tópicos como os âmbitos territorial e temporal da 
vigência das normas fiscais e a admissibilidade ou não da integração das 
lacunas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Objectivos: 
 
Resultados esperados neste tema: 
Ao terminar o estudo deste tema, você será capaz de: 
• Dominar os conceitos chaves conexos ao Direito Fiscal; 
• Relacionar o direito fiscal com outros ramos; 
• Explicar a teia de relações que o Direito fiscal estabelece com outros 
ramos de Direito; 
• Aprofundar as regras que regem a interpretação das normas do Direito 
Fiscal 
 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 1.1 Actividade Financeira e Direito Fiscal 
 
1- Actividade financeira 
 
1.1-Noções fundamentais 
As necessidades sentidas pelos indivíduos, quanto ao modo de 
satisfação, podem ser de satisfação activa ou satisfação passiva. As 
necessidades de satisfação activa exigem, para que sejam satisfeitas, 
uma certa actividade do necessitado, ou seja, só são satisfeitas 
mediante uma acção de quem as sente. As necessidades de satisfação 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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passiva são satisfeitas pela acção de outrem ou então pela simples 
existência do bem. 
De acordo com Teixeira Ribeiro (1997), desta circunstância de existirem 
necessidades que se satisfazem activamente e necessidades que se 
satisfazem passivamente, decorre as seguintes consequências: 
➢ Se a necessidade é de satisfação activa, o produtor dos bens 
pode exigir um preço pela utilização deles. Vigora aqui, o 
princípio de exclusão já que o preço exclui o acesso ao bem 
todas aquelas pessoas que não podem ou não querem pagar 
pelo produto; 
➢ Mas se a necessidade é de satisfação passiva, o produtor dos 
bens já não pode exigir pela utilização deles preço algum. 
É neste sentido que Waty (2004) enfatiza que enquanto as 
“necessidades de satisfação activa exigem, como a denominação 
sugere, uma actividade do consumidor, as necessidades do segundo 
tipo, as de satisfação passiva, não exigem qualquer tipo de actividade 
do consumidor, bastando, para a sua satisfação, a existência dos bens”, 
que são por natureza indivisíveis e de consumo irrival e inexclusível. 
Como o consumo dos bens de satisfação passiva não acarreta, por parte 
do consumidor, o pagamento de qualquer valor pelo seu uso, o 
produtor deles tem que arcar com a totalidade da factura. Neste caso, 
para a existência desses bens, das duas, uma: 
➢ Ou as despesas provenientes são arcadas por filantropos, 
beneméritos ou quaisquer outros particulares de boa vontade; 
➢ Ou terá que existir um ente cuja função é oferecer esses bens e 
serviços necessários à cobertura das necessidades de satisfação 
passiva. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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Ora, como a primeira solução não é de todo confiável, a segunda, apesar 
de poder ser complementada pela primeira, é a ideal pois dada a 
essencialidade de alguns desses serviços ou bens2 seria de todo 
indesejável sujeitar os seus utentes à boa vontade dos beneméritos. É 
por isso que, como ensina Pene (2013) a produção desses bens deve 
estar, a cargo de uma entidade pública, pois por vezes só esta entidade 
pública detêm os meios de produção, ou esta entidade sendo detentora 
do jus imperii pode obrigar os indivíduos a suportar os custos inerentes 
a produção do bem, por exemplo por via de imposição da obrigação de 
pagar impostos e taxas. 
Em regra as necessidades de satisfação passiva são satisfeitas pela 
acção de um ente público, e designam-se necessidades públicas ou 
colectivas e os bens que as satisfazem designam-se necessidades 
públicas. 
 
1.2-Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal 
Devido à carência de satisfação daquelas necessidades de satisfação 
passiva, existe a actividade financeira do Estado. Esta actividade 
financeira consiste na realização das despesas e arrecadação de receitas 
com vista a satisfação daquelas necessidades, nomeadamente através 
da produção de bens ou prestação de serviços. 
Entretanto, sendo o nosso estado um estado de direito, a manifestação 
da sua vontade colectiva não se dá de uma forma arbitrária. Por essa 
razão, a disciplina financeira não se subordina às vontades dos agentes 
e órgãos públicos: subordina-se sim ao direito, a um conjunto de 
normas jurídicas. É este conjunto de normas jurídicas que regulam a 
actividade financeira dos entes públicos que designa-se direito 
financeiro ou direito financeiro público. 
 
 
 
 
2 Como é o caso da segurança, saúde, educação, justiça, etc. 
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A actividade financeira compreende operações relativas à aquisição e 
gestão das receitas e à realização das despesas3. No direito financeiro 
de receitas encontramos os seguintes subsectores: o direito 
patrimonial, que é relativo as receitas patrimoniais, o direito do crédito 
publico, que regula o recurso ao crédito por parte das entidades 
publicas e a gestão da divida publica, e o direito tributário ou das 
receitas coactivas do estado. 
Já no que toca ao direito tributário, Ibrahimo (2002:16) reconhece o 
facto de a generalidade da doutrina usar indistintamente os termos 
direito fiscal e direito tributário. No entanto, o mesmo autor reconhece 
maior amplitude ao direito tributário, pois enquanto o direito fiscal se 
circunscreve ao estrito âmbito das receitas coactivas, máxime o 
imposto, já o direito tributário inclui, para além do imposto, outras 
cobranças como as taxas e outras categorias de receitas públicas. O 
direito tributário é o direito relativo aos tributos ou receitas coactivas, 
abrangendo quer os impostos quer as taxas. 
Portanto, o direito fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as 
relações que se estabelecem entre o Estado e os outros entes públicos, 
por um lado, e os particulares, por outro, por via do imposto, ou seja, 
conjunto de normas que regulam o imposto desde a incidência, 
lançamento, liquidação e cobrança. (Ibrahimo, op. Cit: 17) 
 
2- Natureza e Âmbito do Direito fiscal 
Quanto à natureza, o Direito fiscal é um ramo do direito público. De 
facto, aplicando qualquer tipo de critério a solução é mesma. Assim: 
pelo critério dos interesses, o Direito Fiscal destina-se à satisfação de 
necessidades da comunidade; pelo critério dos sujeitos, um deles é 
necessariamente o Estado, o credor e, pelo critério da posição dos 
 
3 Neste aspecto vale a posição de Waty para quem “o direito financeiro abrange as 
receitas públicas, as despesas públicas e a sua articulação e dele são excluídas as 
receitas de origem privada cujas relações jurídicas são de outros ramos de direito 
(Waty, op.cit: 17) 
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sujeitos, na relação fiscal o estado se apresenta revestido de poder de 
mando, do ius imperii. Portanto, qualquer que seja o critério perfilhado, 
desagua-se na mesma posição, a de que o direito fiscal é um ramo do 
direito público. 
No que tange ao âmbito do direito fiscal, ele se adscreve apenas às 
receitas coactivas unilaterais, sem nenhuma contrapartida directa, 
específica e imediata, ou seja, o direito fiscal disciplina os impostos. 
Estes possuem “uma suficiente dimensão para suscitar uma construção 
dogmática com alguma autonomia” (Sanches 2007: 65). O direito fiscal 
integra as normas de soberania fiscal, as normas de incidência, 
lançamento, liquidação e cobrança dos impostos, as normas relativas as 
garantias do sujeito activo e do sujeito passivo, as normas de 
procedimento, as normas de sancionamento,as normas de contencioso 
fiscal ou de processo, as normas relativas a cada imposto ou tipo de 
imposto. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – O fale da relação entre as necessidades de satisfação passiva e a 
actividade financeira do Estado? 
2 - Apresente o principal ponto que radica na distinção entre direito 
tributário e direito fiscal. 
3 – Certo dia, Ângelo que é estudante de Gestão afirmou que o direito 
tributário é ramo do direito fiscal e que ambos fazem parte do direito 
privado. Concorda? Justifique a tua posição. 
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Tópicos das respostas: 
 
1 – É para satisfação das necessidades de satisfação passiva que existe 
a actividade financeira do estado pois, havendo que fazer gastos em 
ordem a disponibilizar os respectivos bens e serviços, deve o Estado, 
com seu imperium, arrecadar receitas e fazer despesas. Por isso, são 
aquelas necessidades que ditam a actividade financeira do estado. 
2 – O direito tributário é mais extenso e inclui taxas e outras receitas 
além do imposto, ao passo que o direito fiscal se circunscreve ao 
imposto. 
3 – Não concordar com a afirmação. Porque é o direito fiscal que é ramo 
do direito tributário e ainda porque qualquer que seja o critério 
perfilhado (interesse, sujeitos e posição dos sujeitos) as duas áreas do 
direito se enquadram no âmbito do direito público. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
WATY, T.A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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25 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 2 - A Relações do Direito fiscal com 
Outros Ramos do Direito 
 
O ordenamento jurídico como um espaço jurídico onde são criadas e 
aplicadas normas jurídicas é constituído por normas de várias espécies 
e graus diferentes. Essa variedade de normas coabita ora de forma 
passiva, ora de forma conflituosa, ora de forma paritária e ainda mais 
de forma hierárquica. Por essa razão é de grande importância, sempre 
que se estuda um ramo de direito, situá-lo no universo dos outros 
ramos e determinar o tipo de relações específicas que estabelece com 
os outros ramos. Nesta esteira, relacionaremos, nesta Unidade 
Temática, o direito fiscal e outros ramos como o direito constitucional; 
o direito administrativo; o direito processual; o direito penal e o direito 
internacional. 
 
 
1 - Direito fiscal e direito constitucional 
A constituição é aquele manancial inesgotável do qual brotam os 
princípios fundamentais que alicerçam todo o ordenamento jurídico e 
que materializam ou devam materializar toda aspiração de um povo. 
Neste prisma, o direito fiscal como outro e qualquer ramo de direito 
infraconstitucional mantém relações estreitas com a fonte, da qual se 
deve alimentar continuamente. De facto, é na constituição que o direito 
fiscal busca os seus princípios directores respeitantes à disciplina 
jurídica dos impostos. Destarte, o conjunto de normas constitucionais 
que estabelecem as balizas norteadoras do regime do imposto designa- 
se por constituição fiscal. No nosso ordenamento são de grande 
importância os arts. 45 al. c), 100, 127, 179, n˚2 al. o), todos da CRM. 
Portanto, o direito fiscal é subordina-se às regras e princípios de 
natureza constitucional, os quais não pode viola-los sob pena de 
inconstitucionalidade. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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2 - Direito fiscal e direito administrativo 
Estes dois ramos de direito mantêm relações estreitas de coordenação. 
De facto, os órgãos responsáveis pela colecta e administração dos 
impostos pertencem à administração, e justifica-se que sejam também 
regidos pelo direito administrativo. Mas além disso, é de extrema 
importância o facto de alguns institutos estudados nos cursos de direito 
fiscal, como por exemplo as normas de organização dos serviços 
administrativos e as competências dos funcionários que lançam, 
liquidam e cobram impostos, serem disciplinados pelo direito 
administrativo. 
 
3 - Direito fiscal e direito processual 
O direito processual como direito instrumental também mantém 
relações estreitas com o direito fiscal na medida em que podem surgir, 
no âmbito das relações fiscais, quaisquer matérias controvertidas que 
careçam de ser dirimidos. Neste caso, recorrer-se-á ao processo fiscal. 
 
4 - Direito fiscal e direito penal 
O direito fiscal estabelece relações com o direito penal na medida em 
que existe um direito fiscal penal, constituído por um conjunto de 
normas que prevêem a violação de preceitos tributários e estatuem as 
respectivas sanções. Mas também as normas do direito penal são 
subsidiariamente aplicáveis ao direito fiscal penal, sobre tudo nos casos 
em que a infracção fiscal constitui crime fiscal a que corresponda pena 
de prisão ou multa convertida em prisão. 
 
5 - Direito fiscal e direito internacional 
Nas convenções internacionais encontramos normas fiscais de fonte 
internacional relativas a dupla tributação internacional ou que 
estabelecem regimes fiscais específicos em matéria diplomática, 
religiosa, militar e económica. 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – Que entendes por relação entre o direito fiscal e outros ramos de 
direito? 
2 – Diga a palavra-chave que caracteriza a relação entre o direito fiscal 
e o direito constitucional 
3 – Que relação existe entre direito fiscal e direito administrativo? 
 
Tópicos das respostas: 
 
1- Conjunto de elos de subordinação, coordenação ou 
complementaridade que mantém o Direito Fiscal em contacto 
com os outros ramos de direito 
2- A palavra-chave é subordinação, já que as normas do direito 
fiscal devem obedecer os princípios constitucionais. 
3- Complementaridade. O direito fiscal socorre-se sempre das 
normas do direito administrativo para prosseguir seus fins. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
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WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 3: Fontes do direito fiscal 
 
1- Fontes do direito fiscal 
 
A expressão fonte de direito é polissémica e admite vários 
entendimentos. Entretanto o sentido que nos interessa para efeitos da 
nossa cadeira é o técnicojurídico pelo qual fontes de direito são os 
revestimentos pelos quais os preceitos jurídicos se revelam, são 
anunciados, se apresentam, isto é, os modos de formação e de 
revelação das normas jurídicas4. É em conformidade com este sentido 
que o art. 7 n° 1 da LGT advoga serem fontes normativas dos impostos 
a CRM, a lei, o decreto-lei, o decreto, os diplomas ministeriais, os 
regulamentos das autarquias locais, o contracto fiscal e as convenções 
internacionais. Examinaremos sucessivamente as fontes enunciadas 
neste preceito legal. 
 
1.1 -Constituição e princípios constitucionais em matéria de tributação 
A primeira e mais importante fonte do direito fiscal é a constituição da 
república, lei fundamental que contém de uma forma genérica os 
princípios gerais que norteiam todo o ordenamento jurídico. É nela 
onde encontramos princípios respeitantes a disciplina jurídica dos 
impostos e que estabelecem limites ao poder tributário. Neste caso e à 
luz da CRM, podemos distinguir os seguintes princípios: princípio da 
legalidade tributária, princípio da igualdade tributária, princípio da 
 
 
4Pene, 2013: 25 
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eficiência funcional, princípio de não retroactividade e princípio de não 
aplicação analógica. 
Segundo o Pene (2013) o princípio de legalidade5 tem por base a ideia 
de auto-contribuição, isto é, à definição dos impostos pelos próprios 
cidadãos ou através dos seus representantes. Este princípio visa 
fundamentalmente a tutela dos valores de segurança jurídica e de 
protecção de confiança nas leis fiscais assegurando especialmente a 
cognoscibilidade, a previsibilidade e a calculabilidade dos impostos. 
Este princípio tem consagração constitucional nomeadamente através 
dos arts. 100 e 127 n° 2 que dispõe que os impostos são criados e 
alterados por lei. Este entendimento é reforçado pelo art. 179 n°2 al. o) 
que confere à Assembleia da República a competência exclusiva em 
matéria da definição das bases da política de impostos e o sistema fiscal. 
Com este último preceito constitucional fica mais do que claro que 
apenas por lei ordinária, isto é, aquela que promana do órgão legislativo 
por excelência, é que pode criar, alterar ou extinguir o imposto. Nota- 
se pois que estamos perante o princípio da legalidade na vertente da 
reserva da lei material pelo que o princípio de legalidade fiscal implica 
que o parlamento estabelecerá os elementos essenciais dos impostos 
de forma tão completa quanto possível. 
Entretanto, a mesma CRM, no n˚3 do art.127 determina que “ninguém 
deve ser obrigado a pagar impostos cuja liquidação e cobrança não se 
façam nos termos da lei”. Ora, como não há nenhum outro dispositivo 
constitucional que sujeita esta matéria à lei strito senso, como acontece 
 
5 
Que teve a primeira consagração na lei n˚15/2002, de 26 de Junho e posteriormente 
na constituição de 2004. O art.3 da lei 15/2002, de 26 de Junho, sujeita ao princípio de 
legalidade fiscal o estabelecimento dos impostos, bem com a incidência, a taxa, os 
benefícios fiscais, as garantias e as obrigações dos contribuintes e administração 
tributaria e o regime das infracções tributarias. 
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30 
 
 
 
 
no caso da criação do imposto e, ainda tendo em contas que o art. 143 
da CRM considera actos legislativos as leis e os decretos-leis, é de 
entender na mesma senda que Pene (2013) que a lei ai referida será tal 
como no art. 100 e n˚2 do art.127, lei parlamentar. Atendendo e 
considerando que a liquidação e a cobrança não constituem matérias 
de competências exclusivamente do parlamento, por não se 
encontrarem abrangidas nas expressões “políticas dos impostos” e 
“sistema fiscal”, poderão ser legisladas apenas por via de uma lei ou de 
um decreto-lei autorizado. 
O princípio de igualdade fiscal sempre se reconduziu ao princípio geral 
da igualdade no seu sentido material, e teve ideias de generalidade ou 
universalidade, segundo a qual todos devem pagar impostos, e 
uniformidade, ao exigir que o dever de pagar impostos seja sempre 
aferido pelo mesmo critério, da capacidade contributiva. Alem disso, na 
selecção e articulação dos factos tributários, o legislador tem de tomar 
em consideração factos reveladores de capacidade contributiva, 
definindo como objecto (matéria colectável) de cada imposto um 
determinado pressuposto económico (rendimento, património ou 
consumo) que seja manifestado dessa capacidade. 
O princípio da eficiência tutela o valor do bem comum, promovendo a 
prossecução dos interesses públicos extra-fiscais constitucionalmente 
relevantes que devem ser prosseguidos pelo Estado e outros entes 
públicos. É por esta razão que Wagner (apud Pene, op cit:30-31) advoga 
que o imposto deveria assumir uma função político-social dirigida a 
correcção da repartição dos rendimentos e do património resultante 
dos mecanismos de mercado operando em livre concorrência. Por essa 
razão, o princípio da eficiência funcional, que tem consagração 
constitucional no n˚1 do art.127, legitima o uso do sistema fiscal para a 
prossecução de fins extra-fiscais relevantes, como por exemplo a 
redistribuição do rendimento. 
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31 
 
 
 
 
Outro princípio constitucional é o da anualidade do imposto. Este 
princípio preconiza que a cobrança dos impostos deve ser previamente 
autorizada anualmente, e esta autorização é da competência da AR 
nomeadamente através da aprovação do OGE6. Aliás, a este respeito o 
art. 130 n˚2 da CRM determina que o OGE deve especificar as receitas 
e as despesas. De salientar que o princípio de anualidade também se 
aplica aos beneficiários fiscais, já que estes são verdadeiras despesas 
que devem ser orçamentadas anualmente. 
 
1.2-Lei no sentido restrito 
Lei parlamentar ou lei no sentido restrito resulta do princípio da 
legalidade tributária, na vertente da reserva da lei formal, 
relativamente a criação e alteração de impostos e estabelecimento dos 
seus elementos essenciais. 
 
1.3-Decreto-lei 
É fonte de direito fiscal, embora não se possa de forma inovadora, 
determinar os elementos essenciais dos impostos, pois por imperativos 
do princípio de legalidade tributária a criação dos impostos e a 
normatividade dos elementos essenciais dos impostos é matéria da lei 
da AR. 
 
1.4-Regulamento (Decreto, Diplomas Ministeriais, o Regulamento das Autarquias Locais) 
São três tipos essências de regulamentos fiscais: os regulamentos 
aprovados pelo Governo por via de decretos; os actos de competências 
dos Ministros, aprovados através de diplomas ministeriais e as 
deliberações de certas entidades públicas menores (autarquias locais). 
Face ao princípio de legalidade fiscal, os regulamentos, tal como os 
decretos-leis, não podem de forma inovadora criar impostos, altera-los 
ou determinar os seus elementos essenciais. Os regulamentos devem 
apenas ser normas meramente complementares ou de execução, 
 
6Aprovação essa que faz parte do rol das actividades da exclusiva competência da 
AR: art. 179 n˚2 al. M) da CRM 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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visando apenas determinar os aspectos técnicos que dêem 
desenvolvimento à legislação tributária (art 11 da LGT). 
 
1.5-Contractos Fiscais 
Segundo al. g) do art.7 da LGT os contratos fiscais fazem parte do leque 
de fontes normativas dos tributos. Estes contratos fiscais são 
celebrados entre administração e o seu sujeito passivo, e visam a 
atribuição de benefícios ou incentivos fiscais, podendo por vezes 
revestir a forma de lei-contratos ou leis pacteadas. Através deles, a 
administração se obriga para com os particulares a não lhes aplicar o 
regime tributário normal ou a conceder-lhes determinados 
desagravamentosfiscais. 
Parte da doutrina defende, e com alguma legitimidade, que os 
contractos fiscais não são admissíveis porque, face ao princípio da 
legalidade, os elementos essenciais dos impostos encontram-se 
abrangidos pela reserva da lei e, face ao princípio de igualdade, todos 
que dispõe de capacidade contributiva devem suportar o imposto, não 
sendo admissíveis favores individuais. Mas outra doutrina há que 
entende que o fundamento para a celebração de contractos fiscais em 
matérias dos beneficiários fiscais é o princípio de eficiência funcional, 
implícito na parte final do n˚1 do art.127 da CRM. Em todo o caso e 
seguindo a ideia de Nuno Gomes (Apud Pene, op. Cit: 37), os contractos 
fiscais em matéria dos beneficiários fiscais só serão constitucionalmente 
legítimos, quando autorizados por leis fiscal formal que defina os 
beneficiários a conceder e os pressupostos objectivos e subjectivos da 
respectiva concessão ao menos em termos genéricos. 
 
1.6- Convenções internacionais 
Conforme referido no n˚1 do art.18 da CRM as normas constantes dos 
tratados e acordos internacionais, validamente aprovados e ratificados, 
vigoram na ordem interna após a sua publicação no boletim da 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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república e enquanto vincularem internacionalmente o Estado 
Moçambicano. Estas normas tem na ordem jurídica interna o mesmo 
valor que os actos normativos infraconstitucionais da Assembleia da 
República e do Governo, consoante a forma de recepção, isto por forca 
do disposto no n˚2 da disposição retro referida. 
Considera-se inconstitucional o n˚1 dot.7 da lei n˚15/2002, de 26 de 
Junho que prescreve que as normas do direito internacional que 
vigoram directamente na ordem interna prevalecem sobre a lei 
ordinária. Em matéria fiscal assume relevância as convenções bilaterais 
para evitar ou eliminar a dupla tributação internacional, e estas 
convenções estabelecem regras de tributação de competências para 
tributar e regras de repartição de poder de tributar entre os Estados 
celebrantes. 
Porem, tratando-se de convenções que versem sobre matérias da 
competência da AR, como é o caso de taxas, benefícios fiscais e 
garantias dos contribuintes, deverão ser ratificados pela AR, isto por 
forca do disposto na al. f) do n˚2 do art.179 da CRM. 
Assim, as convenções que versem sobre matérias da competência do 
Governo são nos termos da al. g) do n˚1 do art.204 da CRM, tendo o 
mesmo valor que os decretos, donde resulta que as norma da 
convenção ratificada pela AR podem ser revogadas ou derrogadas por 
lei da AR e as normas de convenção ratificada pelo Governo podem ser 
revogadas ou derrogadas por decreto, só assim faz sentido o n˚2 do 
art.65 do CIRPC que dispõe que quando existe convenção para evitar a 
dupla tributação internacional celebrada por Moçambique, a dedução 
por dupla tributação internacional a efectuar nos termos do CIRPC, não 
pode ultrapassar o imposto pago no estrangeiro nos termos previstos 
pela convenção. 
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1.7- Sobre o valor das Ordens Internas da Administração, Jurisprudência, Doutrina e Costume 
As ordens internas (despachos interpretativos, as instruções e as 
circulares) emanadas pela Administração Fiscal para esclarecer ou 
uniformizar o entendimento da lei e o procedimento dos serviços 
desenvolvem a sua eficácia exclusivamente na ordem interna da 
administração de onde provem. Elas não constituem fontes do direito 
fiscal, porquanto a sua força vinculativa se acha circunscrita ou limitada 
a um sector da ordem administrativa, não vinculam nem o contribuinte, 
nem os tribunais. Entretanto, as ordens internas têm o mérito de 
uniformizar a aplicação do direito pelos agentes da administração e 
reduzir as demandas entre estes e os sujeitos passivos. 
A jurisprudência e a doutrina têm sido apresentadas como fontes 
mediatas do direito fiscal, pois a jurisprudência, apesar de não ser fonte 
do direito permite um prognóstico sobre como o direito será aplicado. 
Neste sentido, os acórdãos de uniformização da jurisprudência pelo 
Tribunal Supremo ou Tribunal Administrativo e as declarações de 
inconstitucionalidade e ilegalidade pelo Conselho Constitucional, 
constituem fontes imediatas do direito fiscal. 
O costume é fonte autónoma de produção jurídica no direito 
internacional. No âmbito fiscal, o único costume ou prática reiterada 
com convicção de obrigatoriedade aceite é a isenção fiscal atribuída aos 
representantes do corpo diplomático. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 - Debruce sobre os princípios constitucionais respeitantes à 
disciplina jurídica do imposto 
2 – Fale da admissibilidade dos contratos fiscais como fontes do direito 
fiscal 
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Tópicos das respostas: 
 
1 - É nela onde encontramos princípios respeitantes a disciplina jurídica 
dos impostos e que estabelecem limites ao poder tributário. Neste caso 
e à luz da CRM, podemos distinguir os seguintes princípios: princípio da 
legalidade tributária, princípio da igualdade tributária, princípio da 
eficiência funcional, princípio de não retroactividade e princípio de não 
aplicação analógica. 
2 – Apresentar o facto de parte da doutrina entender que esses 
contratos violam os princípios da legalidade e igualdade que presidem 
o direito fiscal e a existência de outra doutrina que fundamenta a 
necessidade dos mesmos contratos, socorrendo-se do princípio de 
eficiência funcional, implícito na parte final do n˚1 do art.127 da CRM. 
Concluir com o entendimento contemporâneo de que os contractos 
fiscais em matéria dos beneficiários fiscais só serão constitucionalmente 
legítimos, quando autorizados por leis fiscal formal que defina os 
beneficiários a conceder e os pressupostos objectivos e subjectivos da 
respectiva concessão ao menos em termos genéricos. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
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WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 4 – A Interpretação e Aplicação das 
Normas Fiscais 
 
1 - A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais 
As posições a favor da existência das regras especiais da interpretação 
das normas são expressas através de dos princípios, designadamente: 
“in dúbio contra fiscum e odiosa restringenda” e “in dúbio pró fisco”. 
Sobre os fundamentos do princípio “in dúbio contra fiscum e odiosa 
restringenda” Vasco Guimarães refere que a visão de então considerava 
o imposto como algo excepcional e atentatório da dignidade dos 
cidadãos, só admissível em casos excepcionais e perfeitamente 
limitados pelo que em caso de dúvida a solução seria de ser contra o 
fisco. 
A “in dúbio pró fisco” baseia-se na convicção de que o poder não se 
exerce arbitrariamente, nem violentamente e nem em beneficio de um 
só individuo, ou voluntariamente prestado, pelos contribuintes através 
dos votos dos seus representantes no parlamento, pelo que em casosde duvidas, para os defensores deste principio, prevalece o interesse 
geral (a tributação), pelo que as normas fiscais devem ser interpretadas 
a favor do fisco. 
As normas fiscais em regra são interpretadas como quaisquer outras 
normas jurídicas, de acordo com os princípios gerais da hermenêutica 
jurídica, salvo quando se trate de normas de incidência, taxas, garantias 
dos contribuintes, benefícios fiscais, bem como as normas físicas 
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sancionatórias. Neste prisma, dispõe o n˚1 do art.10 da LGT que “na 
determinação do sentido das normas tributárias e na qualificação dos 
factos a que as mesmas se aplicam são observadas as regras e princípios 
gerais de interpretação e aplicação das leis”. Assim na interpretação das 
normas tributárias deve tomar-se em consideração os critérios 
consagrados no art.9 do Código Civil (CC). 
Nos termos do código civil a interpretação não deve cingir-se a letra da 
lei, mas reconstruir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo 
em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei 
foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada, 
devendo ter o mínimo de correspondência verbal, com a letra da lei, 
presumindo o intérprete que o legislador consagrou as soluções mais 
acertadas e soube exprimir os seus pensamentos em termos 
adequados. Um aspecto importante é o facto de não ser admissível a 
integrações analógicas das lacunas referentes às normas abrangidas 
pelo princípio da legalidade. (art. 10 N° 5 da LGT) 
Portanto, quanto a interrogação de lacunas, dispõe o n˚5 do art.10 da 
LGT que as normas abrangidas pelo princípio da legalidade não são 
susceptíveis de integração analógica7. Em reforço, vem o art. 5 n˚6 da 
lei n˚15/2002 de 26 de Junho, referir que as normas que determinam a 
incidência e as isenções não são susceptíveis de interpretação extensiva 
nem analógica. 
 
 
 
 
 
 
 
7 O mesmo se diz das normas fiscais sancionatórias em virtude da 
conjugação dos arts. 60 da CRM, 9 do Código Penal e n˚2 do art.3 da lei 
n˚15/2002,de 26 de Junho. 
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2- Aplicação das Leis Fiscais no Tempo 
A aplicação das normas fiscais no tempo reduz-se a três problemas: o 
da entrada em vigor das normas fiscais, a cessação da vigência das 
normas fiscais e a sucessão das normas fiscais no tempo. 
Às leis fiscais aplica-se a norma geral sobre a entrada em vigor da lei, se 
não contiverem outra disposição, e cessam a sua vigência no prazo nelas 
fixado (caducidade) ou quando revogadas. Porem, atendendo e 
considerando que a entrada em vigor e a cessação de vigência das 
normas fiscais não assume no direito fiscal qualquer especificidade, 
vamos limitar-nos a sucessão das normas fiscais no tempo, ou seja, o 
problema de retroactividade das normas fiscais. 
Uma norma é retroactiva quando se refere na sua previsão a factos 
ocorridos anteriormente a sua entrada em vigor, tenham tais factores 
o valor de factos tributários ou de factos impeditivos. Relativamente a 
sucessão das normas fiscais no tempo, o n˚5 do art.127 da CRM dispõe 
nos seguintes termos: a lei fiscal não tem efeito retroactivo salvo se for 
de conteúdo mais favorável ao contribuinte. E conforme o número 
acima, quando a norma fiscal se mostra mais favorável para o 
contribuinte a retroactividade não esta afastada, salvo se puser em 
causa o caso julgado. 
Observa-se que este princípio da aplicação retroactiva da lei mais 
favorável aplica-se as contravenções e transgressões fiscais apesar de 
estas não terem natureza criminal, isto por força do art.57 da CRM que 
estabelece que, na República de Moçambique as leis só podem ter 
efeitos retroactivos quando beneficiarem os cidadãos e outras pessoas 
jurídicas, bem como do já referido no n˚5 do art.127 da CRM. 
A nível legal, o art.12 da LGT prescreve que as normas fiscais 
ordenadoras do sujeito passivo aplicam-se, somente, aos factos 
posteriores a sua entrada em vigor e, quanto as normas sobre 
procedimento e processo, dispõe o n˚3 
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do mesmo art.12 que as mesmas são de aplicação imediata, sem 
prejuízo das garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente 
constituídos pelos sujeitos passivos e salvo disposição legal em sentido 
contrário. 
 
3- Aplicação da Lei no Espaço 
Da territorialidade do imposto resulta a delimitação do âmbito de 
aplicação no espaço das normas fiscais. Numa concepção material e 
moderna do princípio da territorialidade, a lei fiscal de um determinado 
Estado pode aplicar-se para além das suas fronteiras, desde que a lei 
desse Estado estabeleça elementos de conexão (subjectiva ou 
objectiva) que coloque uma determinada situação tributária 
internacional na esfera das leis fiscais internas, de modo a que a lei fiscal 
desse estado seja aplicável aquela situação ocorrida naquele estado. 
Sobre esta matéria Alberto Xavier salienta que o elemento de conexão 
é o elemento da previsão normativa que, fixando a localização de uma 
situação da vida num certo ordenamento tributário, tem como efeito 
determinar o âmbito de aplicação as leis desse ordenamento a essa 
mesma situação. Esses elementos de conexão visam superar as 
deficiências que resultam da aplicação exclusiva do princípio da 
territorialidade e responder as formas de evasão e fraude fiscal. 
Fala-se também de casos em que a lei presume ou ficciona elementos 
de conexão, por exemplo quando a lei considera como residentes em 
território moçambicano os tripulantes ou aeronaves ao serviço de 
entidades com residência sede ou direcção efectiva em território 
moçambicano, quando a lei considera como residentes em território 
moçambicano as pessoas que constituem o agregado familiar desde 
que no território moçambicano resida qualquer das pessoas a quem 
incumba a direcção efectiva do agregado. 
Conforme se depreende, pode a lei moçambicana, com base num 
elemento de conexão (ex. o domicilio, a sede e a residência) tributar os 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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rendimentos ou lucros auferidos fora do território moçambicano ou 
imóveis ai situados. Portanto, os elementos de conexão devem ser 
escolhidos de modo a evitar situações de impossibilidade ou dificuldade 
de coercibilidade que seguramente verificar-se-ia com o uso da 
nacionalidade. 
 
4 – O conceito de dupla tributação 
É relativamente fácil determinar a origem do fenómeno de dupla 
tributação, este reside no choque de duas ou várias soberanias fiscais. 
Só a dupla tributação internacional será objecto do nosso estudo, mas 
um fenómeno análogo pode produzir – se então de um fenómeno de 
dupla ou múltipla tributação interna. 
Fiscalistas e economistas estão todavia de acordo para denunciarem a 
nocividade do fenómeno de dupla tributação e para se esforçarem por 
o fazer desaparecer, ou atenuar os seus efeitos. A sua eliminação foi 
procurada por razões de ordem moral e sobretudo económica, a dupla 
tributação internacional culmina com efeito numa repartição injustas 
das cargas fiscais entre os contribuintes conforme tem interesses no 
estrangeiro ou se entregam a actividades limitadas ao território 
nacional, por outro lado constitui um obstáculo importante para o 
comércio e os investimentos internacionais. Será necessário 
esforçarem-se por dar da dupla tributação uma definição exaustiva de 
natureza a permitir a sua eliminação. 
I. A origem da dupla tributação (ou múltipla) tributação – o 
conflito de duas (ou varias) soberanias fiscais. 
a) A noção de soberania fiscal - uma entidade territorial, 
beneficiando ou não da soberania política, é reputada gozar da 
soberania fiscal assim que dispuser de um sistema fiscal 
apresentandoduas características: uma autonomia técnica e 
uma exclusividade de aplicação no território em questão. 
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b) Exclusividade de aplicação – uma tal condição é realizada 
quando o sistema fiscal se aplica, com a exclusão de qualquer 
sistema concorrente, num território determinado em que é o 
único fornecedor de recursos fiscais. 
c) Autonomia técnica – um sistema fiscal aparece como 
tecnicamente autónomo quando contem todas as regras de 
estabilidade s de cobrança necessárias à sua aplicação. 
d) Soberania fiscal e soberania política - basta estar em presenças 
de um sistema fiscal que apresenta características acima citadas 
de exclusividade e de autonomia técnica e tendo sido elaborado 
por órgãos próprios do território para que possa legitimamente 
falar fiscal. Importa pouco que o território fiscal em questão 
esteja subordinado politicamente a um Estado. 
A soberania fiscal aparece distinta da soberania política. O território 
fiscal pode não coincidir com o território de um Estado soberano. Como 
a Argélia, antes mesmo da sua independência, beneficiava de um 
sistema fiscal autónomo. De igual modo, os territórios ultramarinos 
(TOM) tem o seu próprio sistema de tributação elaborado pelas suas 
assembleias territoriais, e as leis fiscais votadas pelo parlamento da 
República não são aplicável ai. Mesmo se as assembleias territoriais 
mantem a sua competência na matéria do legislador da República, a 
situação dos TOM corresponde sim à nossa definição de soberania 
fiscal. 
e) Uma noção essencialmente relativa tendo em conta as reservas 
feitas anteriormente, soberania fiscal e soberania política 
confunde-se a maioria das vezes. Só esta hipótese será 
examinada. O Estado política e fiscalmente soberano detém 
portanto um poder absoluto no interior do seu território que 
constitui que constitui uma espécie de couto privado, 
inversamente, o Estado não pode exercer qualquer poder fiscal 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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no exterior do seu território: são estes os aspectos positivos e 
negativos da nação de soberania fiscal. 
É preciso reter em direito internacional a ausência de princípio geral 
proibindo a dupla tributação. 
f) O conflito das sujeições fiscais: qualquer comunidade nacional não é 
apenas, segundo a expressão de Allix, um aglomerado político, é 
também um aglomerado social e económico. 
A dependência política é definida em função da nacionalidade. A 
dependência social manifesta-se pela estadia do indivíduo no país onde 
tem residência ou domicílio. A diminuição do peso económico resulta 
da participação do indivíduo nas actividades desse país. Há uma adesão 
total à soberania fiscal de um Estado nos casos em que estas três 
categorias de dependência estão reunidas no esmo indivíduo. O Estado 
detém uma competência fiscal completa sobre todos os nacionais que 
residem no país e participam na vida económica. 
Contudo, dado o desenvolvimento das trocas internacionais, um 
mesmo indivíduo está frequentemente colocado em situações de 
sujeição política perante dois ou vários Estados. Assim, o cidadão de um 
Estado A reside num Estado B, ao passo que a fonte dos seus 
rendimentos está situada num Estado C: cada um destes Estados pode 
reivindicar um direito de tributar total ou parcial sobre o indivíduo em 
questão. 
 
g) O conflito de sujeições fiscais, origem de dupla tributação; o laço 
económico, a estadia, a participação na vida económica, são outros 
tantos elementos de natureza a justificar a sujeição do mesmo individuo 
a sistemas fiscais diferentes. E esta dupla ou múltipla diminuição fiscal 
engendrara uma dupla ou múltipla tributação. Assim o contribuinte 
arriscaria suportar uma carga fiscal superior aquela que deveria ter 
sofrido se dependesse do fisco de um único Estado. 
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II. Elementos de uma definição da dupla tributação internacional 
 
A) Elementos incontestados 
a) Uma tributação repetida – a expressão dupla tributação é 
universalmente admitida. Mas a tributação pode ser múltipla. 
Por exemplo, há múltipla tributação no caso em que um mesmo 
rendimento é tributado ao mesmo tempo no Estado da sua 
origem, no Estado do domicílio do seu titular e no Estado de que 
este último tem nacionalidade (por exemplo Estados Unidos). 
b) Uma sobrecarga fiscal – só é digna de ser tomada em 
consideração a situação daqueles que, devido as fronteiras, são 
levados a suportar um aumento de carga fiscal em relação às 
pessoas cuja existência se desenrola integralmente num único 
Estado. A injustiça que daqui resulta levou a tentar a eliminação 
da dupla tributação. 
c) Identidade de período de tributação – este elemento impõe-se 
com evidência. Pelo contrário, os três problemas estritamente 
ligados, da identidade de sujeito de tributação, da identidade de 
imposto e da identidade da matéria tributável, levantam 
dificuldades muito maiores. 
B) Os Elementos discutidos. 
a) A identidade de sujeito de tributação – a tributação das 
sociedades sobre os seus rendimentos é muitas vezes seguida 
da tributação destes mesmos rendimentos nas mãos dos 
accionistas. Uma parte da doutrina acha que este fenómeno não 
é constitutivo de uma dupla tributação, dado que duas pessoas 
juridicamente distintas são sucessivamente sujeitas ao imposto: 
não há nem identidade de sujeitos de tributação nem, aliás, 
identidade de imposto, até mesmo de matéria tributável; e 
alguns reservam para hipóteses deste género a qualificação de 
dupla tributação económica para bem as diferenciar dos casos 
de dupla tributação clássica ou jurídica. 
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Mas a distinção entre os dois contribuintes sucessivos, sociedade e 
accionista, é puramente formal. A tributação do lucro distribuído pela 
sociedade pode de facto ser considerada como a primeira tributação do 
rendimento que compete ao accionista. O imposto sobre as sociedades 
e o imposta pessoal do accionista engendram portanto uma dupla 
tributação dado que a distinção entre os dois tipos de contribuintes não 
passa do resultado de uma ficção jurídica. 
 
b) A identidade de matéria tributável – este problema está 
intimamente ligado ao anterior. Já notamos que a distinção 
jurídica entre contribuinte real e contribuinte legal parecia 
ultrapassada, e que também aqui a matéria tributável deveria 
ser considerada sob o ponto de vista exclusivamente jurídico. 
Assim, a noção de dupla tributação poderia englobar os casos 
seguintes: a taxação sucessiva do lucro de uma sociedade e do 
rendimento correspondente do accionista, ou a taxação de um 
mesmo elemento de capital, o outro no rendimento deste. 
 
c) A identidade do imposto – para alguns autores, só há dupla 
tributação se a mesma matéria tributável for atingida duas ou 
varias vezes com a mesma razão: as tributações deveriam ser da 
mesma natureza, quer pessoais quer reais, se não, haveria 
sobreposição de imposto e não a dupla tributação. A tributação 
pessoal no sentido do direito fiscal internacional assenta no 
estatuto pessoal do próprio contribuinte por exemplo, a sua 
nacionalidade, domicilio, residência. Pode deste modo falar-se 
de uma tributação real quando um Estado tributa um 
rendimento ganho ou recebido dentro dos limites do seu 
território, sem por em conta o estatuto pessoal do beneficiário. 
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Em relação a esta distinção fundamental entre impostos pessoais e 
impostos reais, as causas de dupla tributação podem ser divididas em 
categorias: 
 
1⁰ caso: A coexistência de uma tributação pessoal num Estado e de uma 
tributação real num outro Estado.Por um lado o rendimento, ou o valor 
de um bem, é taxado em razão da nacionalidade, domicilio ou 
residência do contribuinte, por outro é o em razão da fonte do 
rendimento ou da situação do bem. 
 
2⁰ caso: A utilização de critérios diferentes no que diz respeito à 
aplicação de impostos pessoais, deste modo, em matéria de imposto 
sobre rendimento, os critérios adoptados pode ser num Estado a 
nacionalidade, num outro o domicílio do contribuinte; em matéria de 
direitos de sucessão, pode ser a nacionalidade ou o domicilio do 
defunto, a nacionalidade ou o domicilio do ou dos sucessíveis. 
 
3⁰ caso: Definições diferentes do mesmo critério de ligação. Tiremos de 
SPITZ, o exemplo seguinte: Um contribuinte pode ser considerado como 
residente na Irlanda pelas autoridades fiscais irlandesas, por alugar um 
apartamento em Dublin onde habita de vez em quando, e como 
residente na Bélgica pelas autoridades fiscais belgas, por o centro das 
suas actividades económicas estar ai situado, quando poderia bem 
residir em qualquer país terceiro por razões práticas. Poderia a partir de 
então ser tributado como residente nos três países. Do mesmo modo, 
uma sociedade pode ser considerada como domiciliada na Suécia por 
ter ai sido constituída, e como domiciliada no reino unido pelas 
autoridades fiscais britânicas, por os órgãos que a regem e possuem a 
sua direcção estarem no Reino Unido. 
 
Constituindo um perigo económico e também uma injustiça, a dupla 
tributação internacional tornou-se hoje intolerável. Tendo em vista 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
46 
 
 
 
 
combatê-la eficazmente, deve reter-se uma definição tão exaustiva 
quanto possível. 
 
4.1. O Problema da Dupla Tributação Internacional 
O problema da dupla tributação internacional está ligado ao uso de 
conexões aliada a progressiva internacionalização da economia e cada 
vez aliada a circulação de pessoas. Por exemplo uma pessoa singular 
residente em território moçambicano, que obtém rendimentos nesse 
território bem como no território sul-africano, por força do n˚1 do art.20 
do CIRPS, fica sujeito a IRPS pela totalidade dos seus rendimentos, 
incluindo os obtidos fora do território moçambicano. Portanto, na 
generalidade dos Estados existe uma norma idêntica à do n˚2 do art.20 
do CIPRS, segundo o qual os não residentes ficam sujeitos a imposto 
relativamente ao rendimento obtido nesse território. Os rendimentos 
obtidos na África do Sul pelo residente em Moçambique são sujeitos a 
dupla tributação. 
Então, a dupla tributação internacional verifica-se quando há 
identidade de facto tributária (objecto, sujeito, de período de 
tributação e de imposto) e pluralidade de normas de sujeição 
pertencentes a ordenamentos jurídicos tributários diferente. 
Porém, para eliminar ou evitar a dupla tributação internacional tem sido 
adoptadas medidas unilaterais através de concessão de isenções a 
matéria colectável auferida no estrangeiro ou dedução do imposto a 
pagar no país de residência, tal é o caso do art.61 do CIRPS e art.65 do 
CIRPC que estabelecem o crédito de imposto por dupla tributação 
internacional. 
Também podem ser adoptadas medidas bilaterais através de 
celebração de convenções para eliminar ou evitar a dupla tributação 
internacional. A imputação ou crédito de imposto pode ser ordinário, 
fictício ou presumido. Na imputação ordinário o Estado de residência 
deduz a fracção do seu próprio 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
47 
 
 
 
 
imposto correspondente aos rendimentos obtidos fora. No crédito 
fictício o Estado de residência não deduz o imposto efectivamente pago 
fora, mas sim o imposto que teria sido pago se os rendimentos obtidos 
fora não beneficiasse de um benefício fiscal. E no crédito presumido o 
Estado de residência deduz um montante superior ao imposto 
suportado fora. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1- Qual é os constrangimentos da Dupla tributação? 
 
2 – Fale da analogia como uma técnica de integração das lacunas no 
direito fiscal 
3 - Apresente os desvios da aplicação do princípio da territorialidade 
no âmbito do direito fiscal. 
Tópicos das respostas: 
 
1- Os constrangimentos são de várias ordens: económica, moral, etc. 
Trata-se de uma injusta repartição de cargas fiscais no contribuinte, 
conforme tem interesse no estrangeiro ou se entrega a actividades no 
território nacional. Isto é o cidadão pode ser tributado ao mesmo tempo 
no Estado da sua origem, no Estado do domicilio do seu titular e no 
Estado de que este ultimo tem nacionalidade (por exemplo os Estados 
Unidos). 
2 - Evidenciar o facto de não ser admissível a integração analógicas das 
lacunas referentes às normas abrangidas pelo princípio da legalidade 
(art. 10 n° 5 da LGT), como é o caso das normas relativas à incidência, 
matéria colectável e sujeitos passivos. Portanto, quanto a integração de 
lacunas, dispõe o n˚5 do art.10 da LGT que as normas abrangidas pelo 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
48 
 
 
 
 
princípio da legalidade não são susceptíveis de integração analógica, 
sendo que as outras o podem ser. 
3 - Da territorialidade do imposto resulta a delimitação do âmbito de 
aplicação no espaço das normas fiscais. Numa concepção material e 
moderna do princípio da territorialidade, a lei fiscal de um 
determinado Estado pode aplicar-se para além das suas fronteiras, 
desde que a lei desse Estado estabeleça elementos de conexão 
(subjectiva ou objectiva) que coloque uma determinada situação 
tributária internacional na esfera das leis fiscais internas, de modo a 
que a lei fiscal desse estado seja aplicável aquela situação ocorrida 
naquele estado. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras Aconselhadas 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
49 
 
 
 
 
TEMA – II: TEORIA GERAL DO IMPOSTO 
 
Contextualização 
Neste segundo tema trataremos especificamente do imposto que é a 
figura central do nosso estudo. Começaremos pela definição, 
apresentando de uma forma sucinta os elementos típicos do conceito 
de imposto; também distinguiremos o imposto de outras figuras afins, 
faremos a enquadramento dos vários tipos de imposto de acordo com 
as classificações e, por fim, faremos das fases da vida do imposto. 
Estrutura 
 
Este tema compreende 2 Unidades temáticas. 
 
Tópicos das unidades temáticas 
 
Unidade Temática n° 1: Aborda o conceito do imposto, a distinção do 
imposto e figuras afins e a classificação dos impostos; 
Unidade Temática n° 2: Tratamos nesta Unidade Temática das fazes do 
imposto, desde a sua criação até a sua extinção. 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
• Definir o imposto; 
• Relacionar o imposto e outras figuras afins; 
• Classificar os tipos de imposto; 
• Apresentar as diversas fases da vida do imposto 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Unidade Temática n° 1: Conceito do imposto, distinção 
do imposto e figuras afins e a classificação dosimpostos 
 
 
 
1.1 Aspectos gerais 
Segundo Ibrahimo (s/d: 40) o imposto é uma prestação coactiva, 
pecuniária, definitiva e unilateral, estabelecida por lei, sem carácter de 
sanção, a favor do estado, para a realização de fins públicos. Segundo 
o mesmo autor, encontramos nesta definição estes caracteres 
fundamentais: 
➢ Prestação coactiva – obrigada ou imposta pelo estado; 
➢ Prestação pecuniária ou patrimonial – deve ser pago em 
dinheiro ou em outra prestação quantificável em dinheiro; 
➢ Prestação definitiva – não dá direito à restituição ou reembolso 
e tão pouco indemnização; 
➢ Prestação unilateral ou não sinalagmática – não implica 
contraprestação específica, individual, imediata e directa e se 
distingue da taxa pois não dá ao contribuinte o direito de exigir 
qualquer contraprestação imediata; 
➢ Prestação estabelecida por lei – corolário do supracitado 
princípio de legalidade; 
➢ Prestação sem carácter de sanção – não visa punir ao contrário 
da multa e coima; 
➢ Prestação a favor do Estado – em sentido amplo incluindo-se 
neste conceito os entes infra-estaduais que exercem funções 
públicas e 
➢ Prestação para a realiza 
 
1.2 - O imposto e as figuras afins 
O imposto, a taxa, as sanções patrimoniais, o empréstimo público e os 
tributos parafiscais são figuras afins que apresentam entre si muitas 
semelhanças. Entretanto, um olhar minucioso e atento destas figuras 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
51 
 
 
 
 
pode permitir-nos notar e até de certo modo focalizar diferenças 
essenciais entre as mesmas figuras. Se não vejamos: 
a) A distinção entre o imposto e a taxa 
 
As taxas são devidas pela utilização individual de serviços ou bens de 
domínio públicos por parte todos os que de uma forma abstracta se 
presume necessitarem, mas que num dado momento somente alguns 
procuram activamente, ou ainda são pagas pela remoção de um limite 
jurídico à actividade dos particulares mediante a concessão de 
autorização administrativa (propinas nas escolas oficiais, selos postais, 
taxas hospitalares, portagens). Há a notar o facto de as taxas nem 
sempre corresponderem a preços normais de mercado dos respectivos 
serviços públicos. Em todo o caso, afigura-se-nos salientar que a 
diferença fundamental entre imposto e taxa gravita no facto de o 
imposto ser uma prestação unilateral ao passo que a taxa é bilateral, ou 
seja, a taxa exige uma contraprestação, uma correspondente actividade 
da administração que se chama de sinalagma. 
Ademais, no que tange ao regime jurídico, a grande distinção entre 
estas figuras cinge-se no princípio da legalidade uma vez que para a 
criação e estabelecimento da disciplina essencial do imposto vigora o 
princípio da reserva material da lei strintosensu, uma vez que somente 
a lei da AR é que pode criar o imposto. Já a taxa não é necessariamente 
de criação de lei strintosensu. 
b) A distinção entre Imposto e sansões patrimoniais (multa, 
coima e juros sancionatórios) 
Como evidenciamos na própria definição, o imposto não tem, de modo 
algum, a função de punir ou castigar os contribuintes, pelo que, desde 
já, não se pode confundir o imposto com multas, coimas ou juros 
sancionatórios. As multas e coimas são punições pecuniárias em que as 
primeiras visam a penalização dos ilícitos criminais de justiça (crimes) e 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
52 
 
 
 
 
dos ilícitos administrativos jurisdicionalizados (contravenções e 
transgressões) enquanto as segundas (coimas) visam a penalização de 
ilícitos de mera ordenação social; 
Os juros sancionatórios têm carácter compensatório ou compulsório e 
visam penalizar o atraso no cumprimento das obrigações legais. 
c) A distinção entre o imposto e o empréstimo público 
 
O empréstimo público, à semelhança do imposto, é sujeito ao regime 
de coacção na recolha do dinheiro. Mas esta figura se distingue do 
imposto porque a prestação do imposto é definitiva, ao passo que o 
empréstimo público não é definitivo pois deverá o seu valor ser 
reembolsado ou amortizado e tão pouco será uma prestação unilateral 
pois vai vencendo juros. 
 
1.3 Objectivos do imposto 
Os impostos são criados para satisfazem aos fins públicos, englobando 
estes os objectivos fiscais (obtenção de receitas públicas) e extra 
fiscais (sociais, económicos, etc.). Portanto, os impostos tem sempre 
vários objectivos que se encontram geralmente associados, muito 
embora em alguns casos predomine este ou aquele. 
Objectivos fiscais – os impostos visam a obtenção de receitas para 
financiamento das despesas públicas, isto é, à satisfação das 
necessidades financeiras do estado; 
Objectivos sociais – Os impostos visam a repartição justa da riqueza e 
dos rendimentos, à diminuição das desigualdades sociais, tendo em 
conta as necessidades e o rendimento do agregado social; 
Objectivos económicos – os impostos visam também combater a 
inflação, reduzindo o rendimento disponível e o consumo, obter a 
selectividade do consumo (tributando mais pesadamente os consumos 
nocivos e supérfluos, como o tabaco, o álcool; proteger as indústrias 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
53 
 
 
 
 
nacionais, estabelecendo direitos aduaneiros protectores durante um 
certo período; incentivar a poupança e o investimento através de 
desagravamentos fiscais. 
 
1.4 - Classificação dos impostos 
Segundo o âmbito de aplicação territorial, 
 
a) Impostos de âmbito nacional, aplicáveis em todo o território 
nacional. Ex: IRPC; IRPS, IVA; 
b) Impostos locais, aplicáveis apenas a uma parcela do território. 
 
Segundo o âmbito da afectação da receita 
 
a) Imposto de nível central. Exemplo IRPC 
b) Imposto de nível local ou municipal. Ex: Imposto predial 
autárquico 
Segundo o seu objecto (matéria colectável) 
 
a) Imposto sobre o rendimento 
b) Imposto sobre o consumo ou despesa. Ex.: IVA 
c) Imposto sobre o capital. Ex.: imposto de consumo específico 
Outras formas de classificação 
É também corrente a classificação dos impostos em Directos e 
indirectos; reais e pessoais; principais e acessórios; periódicos e de 
obrigação única; proporcionais; progressivos e regressivos. 
a) Impostos directos e indirectos 
a. Critérios económicos – são impostos directos aqueles 
que incidem sobre a matéria colectável (rendimento ou 
património) possuída (IRPC); serão indirectos aqueles 
que incidem sobre o património ou rendimento utilizado 
(consumo ou transferência de riquezas) IVA. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
54 
 
 
 
 
b. Critérios jurídicos – um imposto será directo quando for 
possível determinar os contribuintes, organizando um 
rol nominativo destes; o imposto será indirecto quando 
essa possibilidade não existir por o contribuinte não ser 
previamente conhecido. Serão impostos directos, por 
exemplo, IRPS, IRPC; serão indirecto o IVA, o imposto do 
selo. 
 
 
 
c. Critérios adoptados pelo legislador moçambicano – de 
acordo com o disposto no Código Civil, art. 736 nº 1, o 
Estado e as autarquias locais têm privilégio mobiliário 
geral para a garantia dos créditos por impostos 
indirectos e também pelos impostos directos inscritos 
para a cobrança na data da penhora, ou acto 
equivalente, e nos dois anos anteriores. Com isto nota- 
se a opção, por parte do legislador, pelo critério do rol 
nominativo ou da inscrição para a cobrança. 
 
b) Impostos reais e pessoais – Os impostos reais, também 
chamados objectivos, atingem a matéria colectável 
directamente, desinteressando-se a lei da situação económica 
do contribuinte e do seu agregado familiar; os impostos 
pessoais, também chamados subjectivos atendem as condições 
pessoais do contribuinte. Os impostos pessoais tributam a 
riqueza no momento da sua obtenção pelo contribuinte e os 
impostos reais tributam-nana sua origem. 
c) Impostos principais e acessórios – os impostos principais são os 
impostos propriamente ditos e os acessórios são os impostos 
que recaem sobre os impostos principais, cobrados a favor do 
Estado e de outra pessoa colectiva. Se os impostos acessórios 
recaem sobre a colecta chamam-se 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
55 
 
 
 
 
adicionais, se recaem sobre a matéria colectável chamam-se 
adicionamentos. 
 
d) Imposto periódico e de obrigação única – os impostos periódicos 
incidem sobre factos que se renovam com certa permanência, 
normalmente em um ano, como é o caso do imposto predial; e 
os impostos de obrigação única incidem sobre factos ocasionais, 
que não se repetem com regularidade, como é o caso da SISA. 
 
e) Impostos proporcionais, progressivos ou degressivos – diz-se 
imposto proporcionais quando a colecta do imposto varia na 
proporção da matéria colectável, sendo a taxa a aplicar sempre 
a mesma; o imposto é progressivo quando se eleva a sua taxa à 
medida que a matéria colectável aumenta e diz-se regressivo 
quando baixa a taxa do imposto na medida em que aumenta a 
matéria colectável. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – Distinga o imposto da taxa quanto ao regime jurídico. 
 
2 - Apresente a finalidade económica do imposto e dê exemplo 
concreto. 
Tópicos das respostas: 
 
1 - Começar pela distinção geral entre taxa e imposto nomeadamente 
porque um, o imposto, tem carácter unilateral ao passo que a taxa é 
bilateral pois dá necessariamente direito a uma contraprestação devida 
pela entidade cobradora. Vincar que no que tange ao regime jurídico, a 
grande distinção entre estas figuras cinge-se no princípio da legalidade 
uma vez que para a criação e estabelecimento da disciplina essencial do 
imposto vigora o princípio da reserva 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
56 
 
 
 
 
da lei uma vez que somente a lei da AR é que pode criar o imposto. Já a 
taxa não é necessariamente de criação de lei. 
2 – Sob ponto de vista económico os impostos têm grande importância 
pois podem servir como um meio adequado de combater a inflação, 
reduzindo o rendimento disponível e o consumo, obter a selectividade 
do consumo (tributando mais pesadamente os consumos nocivos e 
supérfluos, como o tabaco, o álcool; proteger as indústrias nacionais, 
estabelecendo direitos aduaneiros protectores durante um certo 
período; incentivar a poupança e o investimento através de 
desagravamentos fiscais. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
57 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 2: Fases do imposto 
 
 
 
1 - Fases do imposto 
Sob ponto de vista da disciplina jurídica são de distinguir duas fazes do 
imposto, nomeadamente a fase da incidência e a fase administrativa. 
Analisemos detalhadamente os dois momentos. 
 
1. 1– A incidência 
É a fase da criação do imposto, na qual se define, através de uma lei 
geral e abstracta, o complexo de pressupostos de cuja conjugação nasce 
a obrigação do imposto e seus respectivos elementos. Nela deve 
necessariamente se determinar o sujeito passivo, ou seja, os que devem 
pagar o imposto (incidência subjectiva) e a respectiva matéria sobre a 
qual há-de recair o imposto (incidência objectiva). Se enquadram 
também na fase da incidência as normas que determinam a taxa do 
imposto, as deduções à colecta e os benefícios fiscais. Importa realçar 
que nesta fase impera o princípio da legalidade fiscal. 
A lei pode consagrar ainda normas expressas de não incidência, ou 
“normas fiscais de conteúdo negativo”8. A não incidência se difere da 
isenção pois esta é um benefício fiscal atribuído a um facto ou a uma 
pessoa que está abrangido pela norma de incidência e por configurar 
uma redução da potencial receita fiscal, é considerada uma despesa 
fiscal, com iguais efeitos financeiros e económicos que um subsídio, mas 
diferindo-se desta por ser objecto de aprovação de cada exercício 
orçamental, ao passo que a isenção tende a perpetuar-se. 
 
1.2 - A fase administrativa 
Após a fase da incidência segue-se a fase administrativa que 
compreende o lançamento, a liquidação e a cobrança do imposto. Há 
que tomar atenção a um facto: ao se dizer tratar-se de fase 
 
8Nuno de Sá Gomes apud Pena: 75 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
58 
 
 
 
 
administrativa, pode sempre pender-se a achar que esta fase do 
imposto é da exclusiva competência da Administração Pública, o que 
sendo verdade, não é de todo verdade pois vem sendo cada vez mais 
frequente a administração total ou parcial de alguns impostos pelos 
próprios particulares como contribuintes ou como terceiros9. 
 
1.2.1 - Lançamento 
Consiste num conjunto de actos e operações pelos quais a 
administração tributária, ou sujeito, no caso de auto lançamento, 
determina em concreto os elementos da obrigação de imposto, 
identificando os contribuintes, determinado em concreto 
(diferentemente da lei que identifica em abstracto) a matéria colectável 
e a respectiva taxa. 
 
 
 
1.2.2 - Liquidação 
É a determinação do quantum colectável (valor da colecta) pela 
aplicação da taxa à matéria colectável. Nos casos em que não há 
deduções à colecta ou não há elementos adicionais liquidados 
conjuntamente com os impostos principais, a liquidação coincide com o 
imposto a pagar pelo contribuinte10. A liquidação deve ocorrer dentro de 
5 anos seguintes àquele a que a matéria colectável respeita, produzindo 
efeitos a partir da devida notificação do contribuinte, sob pena de 
caducidade11. 
 
1.2.3 - Cobrança ou Pagamento 
A cobrança visa a arrecadação do imposto liquidado e demais encargos 
legais que importem a extinção da dívida. O pagamento pode ocorrer 
por iniciativa voluntária do contribuinte ou por cobrança coerciva dos 
 
 
9Casalta Nabais p 41 
10 Pene: 76 
11
Art. 31 n° 1 da lei 15/ 2002 de 26 de Junho conjugado com os arts. 86 n° 1 e 53 n° 1 
da LGT. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
59 
 
 
 
 
órgãos competentes, nos termos do art. 142 LGT. O pagamento 
voluntário pode ser efectuado até à instauração do processo de 
execução fiscal, sem prejuízo do pagamento dos respectivos juros de 
mora, conforme arts. 143 e 168 n° 4 da LGT. 
Dentro do prazo de pagamento voluntário e até a instauração do 
processo, o devedor tributário que por um justo motivo também se 
encontra na posição de credor do Estado, pode requerer a 
compensação dos créditos, nos termos do arts. 44 e 151 LGT. Esta 
compensação também pode ser desencadeada por iniciativa do credor 
tributário. Além disso, e no mesmo período pode o contribuinte requer 
a dação em cumprimento12 ou ainda extinguir a obrigação tributária 
mediante a sub-rogação do devedor, pelo pagamento de terceiro, que 
entretanto fica a gozar dos mesmos privilégios do Estado, nos termos 
do art. 154 LGT. 
O pagamento pode ser feito a prestações13 Para efeito o contribuinte 
deverequerer ao ministro que superintende a área das finanças e pode 
ocorrer no período de pagamento voluntário ou no período de cobrança 
coerciva, sendo o número máximo de prestação de 12 e 24 conforme 
os casos previstos nos arts. 2, 3 e 7 do regulamento de pagamento em 
prestações de dívidas tributárias aprovado pelo dec.n° 45/ 2010 de 2 de 
Novembro. Entretanto, o não pagamento de qualquer prestação 
implica o vencimento imediato da outras ainda não pagas e a 
instauração imediata do processo, nos termos do art. 8 n° 1 do mesmo 
regulamento. 
 
1.3 - O processo de execução fiscal 
Em sentido técnico jurídico, o processo é o conjunto ordenado e 
sequencial de actos que se destinam à justa composição de um litígio. 
O processo de execução é aquele que visa a reparação efectiva do 
 
12Arts. 45 e 152 da LGT 
13Art. 34 da lei n° 15/ 2002 de 26 de Junho. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
60 
 
 
 
 
direito violado. Neste caso, a execução fiscal é um processo cuja base é 
a certidão de dívida, extraída pelo serviço competente, que identifica o 
devedor e o montante. 
A execução fiscal não corre essencialmente nos tribunais pois são 
materialmente competentes para a execução fiscal os órgãos e serviços 
centrais e locais da administração tributária para os tributos nacionais 
não aduaneiros, os órgãos e serviços centrais, regionais e locais das 
alfândegas, para os tributos da competência destas e os serviços da 
autarquia local para os tributos autárquicos. A estes órgãos compete 
“instaurar a execução, citar os executados, reverter a execução contra 
terceiros, proceder a penhora dos bens, proceder a venda dos mesmos, 
anular a dívida, extinguir a execução, etc.” Mas o facto de não correr 
nos tribunais não prejudica a natureza jurisdicional do mesmo14. Prova 
disso é a existência de certos actos, os enumerados no art. 158 n° 3 que 
são da competência do tribunal fiscal ou aduaneiro, como é o caso dos 
incidentes, dos embargos, da oposição, da graduação e verificação dos 
créditos.15 Há a notar a al d) do art. 177 da LGT que consagra o recurso 
no próprio processo de actos praticados na execução fiscal, pelo que a 
regra geral é a de que todos os actos praticados em sede da execução 
fiscal são susceptíveis de apreciação jurisdicional. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – Quais os elementos essenciais que devem ser determinados na fase 
da incidência do imposto. 
2 – Certo dia, Joana estudante de Medicina disse a seu pai que dado que 
a Autoridade Tributária funciona com metas, o pagamento do imposto 
 
14 Isso resulta expresso no art. 179 da LGT 
15Pene, op. cit: 79 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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61 
 
 
 
 
deve ser feito em uma e única prestação. Alias, dizia a mesma que esse 
era o corolário do princípio “aqui se deve, aqui se paga” que é um 
princípio director em matéria do imposto. Concorda? 
Tópicos de respostas 
 
1 - Incidência: Nela deve necessariamente se determinar o sujeito 
passivo, ou seja, os que devem pagar o imposto (incidência subjectiva) 
e a respectiva matéria sobre a qual há-de recair o imposto (incidência 
objectiva). Se enquadram também na fase da incidência as normas que 
determinam a taxa do imposto, as deduções à colecta e os benefícios 
fiscais. Importa realçar que nesta fase impera o princípio da legalidade 
fiscal. 
2 - Não concordar com a afirmação. O pagamento pode ser feito a 
prestações (Art. 34 da lei n° 15/ 2002 de 26 de Junho). Para efeito o 
contribuinte deve requerer ao ministro que superintende a área das 
finanças e pode ocorrer no período de pagamento voluntário ou no 
período de cobrança coerciva, sendo o número máximo de prestação 
de 12 e 24 conforme os casos previstos nos arts. 2, 3 e 7 do regulamento 
de pagamento em prestações de dívidas tributárias aprovado pelo Dec. 
N 45/ 2010 de 2 de Novembro. Entretanto, o não pagamento de 
qualquer prestação implica o vencimento imediato da outras ainda não 
pagas e a instauração imediata do processo, nos termos do art. 8 n° 1 
do mesmo regulamento. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
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apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
TEMA – III: GARANTIAS 
 
Neste terceiro tema tratamos das garantias dos sujeitos da relação 
jurídico fiscal. Nesta matéria focalizamos a garantia geral do sujeito 
activo do imposto que é a generalidade do património do sujeito 
passivo. Abordamos também as garantias do sujeito passivo, onde 
destacamos as garantias graciosas e contenciosas. Depois abordamos 
os princípios que norteiam o processo fiscal e, por fim, apresentamos o 
direito fiscal sancionatório. 
 
Contextualização do tema 
 
 
Esta unidade temática compreende 2 lições. 
 
Tópicos das lições 
 
Unidade Temática n° 1: Trata da garantia geral do sujeito activo e das 
garantias graciosas dos sujeitos passivos; 
Unidade Temática n° 2: trata das garantias contenciosas, princípios do 
processo fiscal e as infracções fiscais. 
Neste primeiro tema apresentamos a actividade financeira do estado, 
dentro da qual se enquadra o fenómeno fiscal. Apresentamos igualmente 
a noção do Direito fiscal, seu enquadramento no âmbito dos ramos de 
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direito e as relações que este ramo autónomo mantém com os outros 
ramos de direito. 
Estrutura 
 
Este tema compreende 4 Unidades. 
 
Unidade 1: Trata da actividade financeira do estado, do fenómeno fiscal, 
do direito fiscal e seu enquadramento na ciência jurídica: São aspectos 
iniciais do nosso estudo; 
Unidade 2: Apresenta-mos e discutimos as relações de subordinação, 
coordenação e complementaridade estabelecidas entre o direito fiscal e 
outros ramos de direito; 
 
 
Resultados esperados neste tema: 
Ao terminar o estudo deste tema, você será capaz de: 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
• Dominar as garantias do sujeito activo, e do sujeito passivo; 
• Distinguir as garantias graciosas das garantias contenciosas; 
• Dominar os princípios basilares do processo fiscal; 
• Conhecer o núcleo das infracções fiscais e as respectivas sanções. 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 1 - Garantias 
 
Garantias - são meios jurídicos, criados por lei, de defesa dos direitos e 
interesses legalmente protegidos, contra eventuais abusos e violações. 
Tanto o sujeito activo como o sujeito passivo dispõem de garantias, as 
quais divergem quanto à sua natureza e a posição que o sujeito ocupa 
na relação jurídico tributaria (relação entre o sujeito activo e passivo 
que é regulada pelo direito fiscal). 
É sujeito activo da relação jurídico - tributaria, o Estado no exercício da 
função executiva ou administrativa, ao 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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qual cabe a tarefa de lançamento, liquidação, cobrança, fiscalização do 
imposto. O Estado é o credor do imposto na medida em quem é a este 
que é devido o pagamento. 
E é sujeito passivo da relação jurídico – tributaria, ou devedor deimposto a pessoa a quem é juridicamente exigível a prestação 
tributária, isto é aquele sobre quem recai o dever ou obrigação de 
prestar ou pagar. Tem – se feito distinção entre este que é o 
contribuinte de direito e o contribuinte de facto que são as pessoas 
diversas do devedor do imposto, as quais de direito não lhes é exigida 
tal prestação, que entretanto suportam o pagamento em favor do 
mesmo. 
 
 
1 - Garantias do sujeito activo 
Resulta do nº1 do art. 161 da LGT que a garantia geral ou comum de 
que o credor dispõe é o património do sujeito tributário passivo. Isto é 
os bens que integram o património do devedor do imposto, respondem 
pelo pagamento das obrigações fiscais. 
Essa mesma referência é feita pelos artigos 601 e 817 do CC. 
Decorrem destes artigos, que o cumprimento da obrigação de pagar 
imposto acha-se assegurado pela possibilidade dada ao credor Estado 
de, não havendo pagamento voluntário, obter coerciva ou 
forçosamente do devedor a respectiva prestação, através de uma acção 
creditória (de cumprimento) especial, que é a execução fiscal. 
 
1.1 - Garantias especiais 
Além da garantia geral supra citada, o credor do imposto dispõe de 
garantias especiais. Estas podem ser de natureza: 
Pessoal - que materializa-se através do instituto da responsabilidade 
tributária, em que o pagamento de uma divida tributária, não 
atempadamente paga, é exigido a outra pessoa (responsável 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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tributário), diversa do obrigado originário. 
 
Real - em que o credor do imposto para além de beneficiar de um 
processo executivo próprio, goza de privilégios creditórios, direito de 
constituição de penhor ou hipoteca legal, direito de retenção de 
quaisquer mercadorias sujeitas à acção fiscal, prestação de caução, 
garantia bancária, seguro-caução ou qualquer outro meio que é 
susceptível de assegurar as dívidas do sujeito passivo. A caução pode 
ser prestada de várias formas (nos termos do art.623CC). 
As outras garantias de que o credor do imposto dispõe são o arresto e 
arrolamento. Estas constituem providencias cautelares judicias, de 
natureza conservatória, a favor da administração tributaria.Com o 
arrolamento faz-se a descrição e avaliação dos bens móveis ou imóveis 
e documentos relacionados com as obrigações tributárias, de que o 
devedor dispõe, no caso de fundado receio de que extravie ou dissipe 
dos mesmos; e com o arresto os bens deste são apreendidos pelo 
Tribunal ficando à guarda do mesmo, a pedido do credor no caso de 
fundado receio de diminuição pelo devedor do imposto das garantias 
de cobrança, e frustração de execução da divida. 
 
2 - Garantias do sujeito passivo 
 
2.1 - Garantia geral 
O procedimento tributário pode desenvolver-se de tal forma, a qual seja 
susceptível de violar direitos e interesses legalmente protegidos dos 
particulares. Com vista a evitar ou sancionar tais violações a nossa 
legislação consagra um leque de garantias que dividem-se em 
impugnatórias e não impugnatórias. As impugnatórias visam manifestar 
oposição à certo acto praticado pela administração tributária, enquanto 
as não impugnatórias, visam antes, exigir o respeito pelos princípios 
constitucionais do sistema fiscal da legalidade, igualdade, justiça, 
participação, proporcionalidade, de certeza e segurança e da 
celeridade, e direitos subjectivos aos particulares. 
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2.2 - Garantias impugnatórias 
São meios de que pode se servir um sujeito para por em causa a 
conformidade de um determinado acto da administração tributaria com 
o ordenamento jurídico, com o objectivo de sujeitar tal acto a controle. 
Estas garantias podem ser administrativas ou judicias consoante tal 
controle seja solicitado a órgãos administrativos ou órgãos judiciais 
respectivamente. 
 
2.3 - Garantias não impugnatórias 
A nossa legislação consagra um conjunto de garantias não litigiosas de 
que dispõe os particulares, designadamente: direito à informação sobre 
a sua concreta situação tributária e a outras relacionadas (nos termos 
dos arts. 50 alínea d) e 101 da LGT); direito a obter esclarecimento 
acerca da interpretação das leis tributária e de como cumpri-las 
(conforme dispõe os arts. 50alinea c), 99 e 100 da LGT); direito à 
notificação e fundamentação dos actos do procedimento tributário que 
interfiram com direitos ou interesses legalmente protegidos (art. 53 da 
LGT); direito à audição prévia (art. 58 da LGT); direito à caducidade da 
liquidação (art86 da LGT); direito a prescrição da divida tributaria (art. 
48 da LGT); direito ao reembolso das prestações indevidas (art. 167 da 
LGT); e direito há juros indemnizatórios (art. 170 da LGT). 
 
2.4 - Garantias impugnatórias administrativas (graciosas) 
As garantias graciosa que a legislação fiscal consagra são a reclamação 
e o recurso hierárquico. 
 
2.4.1. Reclamação graciosa 
A reclamação consiste no pedido de reapreciação de um determinado 
acto de natureza administrativa junto da entidade que a praticou, cujo 
objectivo é a analise da legalidade do acto praticado. Esta visa a 
anulação total ou parcial dos actos da administração tributária, é 
dirigido ao serviço que aprovou o acto e depende da iniciativa do sujeito 
interessado, verificadas quaisquer ilegalidades com excepção da 
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nulidade e a inexistência pois estes cabem aos recursos hierárquicos ou 
contencioso. 
Constituem fundamentos de reclamação graciosa: 
 
1. Errónea qualificação e quantificação dos rendimentos, lucros, 
valores patrimoniais e outros factos tributários, incluindo a 
inexistência total ou parcial do facto tributário; 
2. Incompetência; 
3. Ausência ou vício da fundamentação legalmente exigida; e 
4. Preterição de formalidades legais. 
 
No que se refere ao prazo para apresentação dispõe o artigo 128 da LGT 
que é de 60 dias contados a partir dos seguintes factos: termo do prazo 
para pagamento das prestações tributarias legalmente notificadas ao 
sujeito passivo; notificação dos restantes actos; chamamento dos 
responsáveis subsidiários em processo de execução fiscal; formação da 
presunção de indeferimento tácito; e conhecimento de actos lesivos 
dos interesses legalmente protegidos. 
Entretanto se o fundamento consistir em preterição de formalidades 
essenciais o prazo alarga-se a 1 ano. 
Apresentada a reclamação, esta deve ser decidida em 60 dias, conforme 
o disposto no art. 132 nº 3 da LGT. 
Se já tiver sido interposto recurso contencioso sobre a mesma matéria 
não pode ser deduzida a reclamação graciosa nos termos do art. 127 nº 
2. 
Regra, a reclamação graciosa não tem efeito suspensivo, isto é, não 
suspende o processo de execução, salvo se for prestada garantia 
adequada pelo devedor conforme o art. 161 nº 4 da LGT. 
É possível cumular pedidos e haver coligação de reclamantes, 
preenchidos os requisitos previstos nos artigos 130 e 131 da LGT. 
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2.4.2 - Recurso hierárquico 
Consiste na possibilidade de impugnação do acto junto ao superior 
hierárquico do agente que o praticou. 
Constituem fundamentos para apresentação desse recurso, nos termos 
do art.138nº1 o indeferimento total ou parcial da reclamação 
contenciosa e a decisão da revisão oficiosa ou da fixação da matéria 
tributável. 
O prazo para apresentação do recurso é 90 dias a contar da decisão, 
devendo ser4 decidido em 60 dias a contar da entrega. (arts. 139 e 140 
nº 3 da LGT.). 
Este recurso, também em regra não suspende a execução do acto, salvo 
quando for prestada a adequada garantia. 
 
 
 
 
Unidade Temática n°2: Garantias (Continuação.) 
 
 
 
2.5 - Garantias impugnatórias contenciosas 
 
2.5.1 - Tutelajurisdicional 
O legislador constituinte, nos termos dos arts. 62,69,70 e 253 nº 3, 
consagrou o direito a tutela jurisdicional (realizada pelos tribunais) 
contra os actos que violam direitos estabelecidos na Constituição e nas 
demais leis. Com vista a efectivar esta tutela consagrou ainda o 
legislador constituinte em 2004, a possibilidade de existência de 
tribunais específicos em matéria de impostos (art. 223nº2 CRM). 
Entretanto, apesar de constitucionalmente previsto, até 2009, os litígios 
resultantes da relação jurídico fiscal e as infracções fiscais eram julgados 
em primeira instância por agentes da administração tributária, ao 
abrigo do disposto no Regulamento do Contencioso das Contribuições 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
69 
 
 
 
 
e Impostos (RCCI), aprovado pelo Diploma Ministerial nº 783, de 18 de 
Abril de 1942. 
Segundo este regulamento os processos relativos ao contencioso das 
contribuições e impostos e as transgressões das leis e regulamentos 
tributários, são da competência do Tribunal de Contencioso da 
Contribuições e Imposto, e são julgados em primeira instância pelo 
secretário ou delegado de Fazenda da área fiscal respectiva 
(hodiernamente Director da Área Fiscal ou Unidade de Grandes 
Contribuintes), ou, no caso de este ser o autuante, pelo Director de 
Fazenda Provincial (actualmente Director Provincial de Finanças), 
cabendo recurso das decisões destes para o Tribunal Administrativo. 
Neste sentido, a não materialização da previsão do legislador, era de 
certa forma violadora de um princípio fundamental do estado, que é o 
da separação dos poderes. 
É neste contexto, que com vista a fazer face a solução desadequada e 
obter a independência e imparcialidade que se requerem ao julgador 
que a situação veio a mudar em 2009 na sequência da aprovação da lei 
nº 2/2009, de 21 de Janeiro relativa a competência, composição 
organização e funcionamento dos tribunais fiscais e determinação por 
esta da entrada em funcionamento de 6 tribunais fiscais 
nomeadamente na cidade de Maputo, Sofala, Zambézia, Tete, e 
Nampula, passando desde então o pais a dispor de uma organização 
judiciária fiscal independente e autónoma. 
De acordo com aquela lei os tribunais fiscais são órgãos competentes 
para administrar a justiça, nos litígios decorrentes das relações jurídico 
fiscais, cabe aos mesmos assegurar a defesa dos direitos e interesses 
legalmente protegidos, reprimir a violação da legalidade e dirimir 
conflitos de interesses públicos e privados no âmbito mareações entre 
os sujeitos activo e passivo. 
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Além dos tribunais fiscais, que decidem em primeira instância, integra 
a jurisdição fiscal o Tribunal Administrativo em (Segunda Secção), como 
segunda instancia e o Tribunal Administrativo, (em Plenário), como 
última instancia. 
Na jurisdição fiscal o Estado é representado pelo Ministério Publico, a 
quem, além de representar o estado, compete defender a legalidade e 
promover a realização do interesse público, sendo assistido por 
representantes da Fazenda Nacional. 
 
2.5.2 - Conceito de Garantias Contenciosas 
Em sentido amplo as garantias contenciosas abrangem todos os meios 
processuais que tem por objectivo autorizar ou fiscalizar uma actuação 
administrativa tributária, nomeadamente: a impugnação judicial, o 
recurso contencioso, as acções e outros meios processuais. 
Em sentido restrito abrange apenas a impugnação judicial, ou seja o 
recurso de um acto que resulta de uma actuação administrativa, por 
isso fala-se em recurso contencioso. 
Nas acções o sujeito recorre ao tribunal, independentemente de 
qualquer actuação administrativa anterior. Na impugnação judicial e no 
recurso contencioso já existe um acto praticado pela administração 
tributária ao qual se recorre. 
 
2.5.3 - Recurso Contencioso 
O recurso contencioso constitui uma garantia típica dos particulares 
contra a actuação da administração, perante o exercício ilegal do poder 
administrativo. Este, visa, além da anulação total ou parcial dos actos 
tributários, a declaração da sua nulidade ou inexistência. Difere-se da 
reclamação graciosa porque naquela a apreciação não é feita por um 
órgão judicial. 
O prazo para interpor recurso contencioso é de 30 dias após a 
notificação, no caso de indeferimento 
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da reclamação graciosa, revisão oficiosa dos actos de liquidação, revisão 
da fixação da matéria tributável (nº 7 art.128 e nº2 art.127 LGT), e de 
90 dias após a notificação da decisão sobre o recurso hierárquico 
(art.141da LGT). 
 
2.5.4 - As acções 
 
2.5.4.1 - Acção para reconhecimento de um direito ou interesse legalmente protegido 
O âmbito de aplicação, destas acções, são as omissões lesivas, da 
administração tributária. Podem ser proposta por quem invoque a 
titularidade de um direito ou interesse legalmente protegido a 
reconhecer, e apenas quando este meio processual se mostre ser o mais 
adequado para assegurar a tutela do direito ou interesse legalmente 
protegido. 
 
2.5.4.2 - Acção para intimação para prática de um comportamento 
Esta acção pode ser intentada em caso de omissão do dever de 
qualquer prestação tributaria, por parte da administração tributaria, 
que susceptível de lesar direitos ou interesses legalmente protegidos. 
Nestas situações o interessado pode, requerer a intimação da 
administração tributária para cumprimento desse dever (prestação de 
informações, passagem de certidões, consulta de processos). Também 
só pode ser utilizado quando este meio processual se mostre ser o mais 
adequado para assegurar a tutela do direito ou interesse legalmente 
protegido. 
 
3 - Princípios do contencioso fiscal 
Na LGT encontramos os princípios que norteiam o sistema tributário 
moçambicano. São eles: princípio da tutela jurisdicional efectiva, do 
inquisitório e da verdade material, da celeridade e Ada cooperação. 
 
3.1 - Princípio da tutela jurisdicional efectiva 
O princípio da tutela jurisdicional consiste no direito do cidadão 
recorrer ao tribunal contra actos que violem seus direitos e interesses. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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Este princípio decorre do disposto nos arts. 62,69,70,e 253 nº 3, ambos 
da CRM. O nº 1 do art.171 da LGT consagra igualmente o direito ao 
recurso contencioso de todo acto definitivo. Nos termos do art.7 da lei 
n 2/2004 de 21 de Janeiro e art.52 da LGT no procedimento tributário, 
vigora o princípio da exaustão dos meios administrativos graciosos. 
Nos termos da nossa Constituição no art. 56 o direito de acesso aos 
tribunais é um direito garantido pelo Estado, limitado apenas em razão 
da salvaguarda de outros direitos e interesses legalmente protegidos 
pela Constituição. Uma dessas limitações encontra-se prevista nos arts 
7 da lei nº 2/2004 e 52 da lei nº 2/2006 de 22 de Março. Estes artigos 
prescrevem a obrigatoriedade de esgotar a via administrativa antes do 
recurso aos tribunais fiscais. O princípio da exaustão dos meios 
graciosos constitui não só limitação ao exercício do direito de recurso 
ao tribunal como também o exercício do poder jurisdicional pelos 
tribunais fiscais, consagrado no art.212 da CRM. 
Em consonância com a CRM deve considerar-se recorrível todo acto 
lesivo de direitos ou interesses estabelecidos na Constituição e nas 
demais leis, cujo não seja susceptível de ser afastados por meios 
administrativos. 
 
3.2 - Principio do inquisitório e da verdade material 
Este princípio, consagrado nos nºs 1 e 2 do art. 175da LGT, impõe que o 
juiz não se limite as alegações e provas trazidas pelas partes e, quando 
não conheça imediatamente do pedido deve realizar ou ordenar todas 
as diligências necessáriasao apuramento da verdade relativamente aos 
factos alegados ou de que deva oficiosamente conhecer. 
 
3.3 - Princípio da celeridade 
Este princípio é um dos corolários da tutela jurisdicional efectiva, e 
encontra-se consagrado no art. 173 da LGT que dispõe que o direito de 
recorrer contenciosamente implica o direito de obter, em prazo 
razoável, uma decisão que aprecie, 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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com força de caso julgado (força executória definitiva), a pretensão 
regularmente deduzida em juízo e a possibilidade da sua execução. Este 
princípio é fundamental uma vez que de nada serviria que o particular 
obtivesse uma decisão favorável, entretanto a mesma não fosse útil em 
face da demora processual para sua obtenção. A tutela jurisdicional só 
será efectiva se for em tempo útil, sob pena de se denegar aos 
contribuintes o acesso á justiça. Além de processos urgentes o princípio 
da celeridade impõe também a necessidade da existência de medidas 
cautelares adequadas. 
 
3.4 - Princípio da cooperação 
Disposto nos nºs 3e4 da LGT, o princípio da cooperação vincula os 
particulares e todas as autoridades ou repartições públicas, os quais 
estão obrigados a colaborar informando ou remetendo cópia de 
documentos solicitados pelo juiz com vista ao conhecimento do objecto 
do processo. Este princípio que vincula a todas as partes assenta no 
interesse público, da boa administração da justiça. 
Entretanto quando a cooperação implique a confissão de um crime ou 
auto incriminação do sujeito passivo, não estará obrigado a cooperar, 
podendo fazer uso do direito ao silêncio previsto no art. 254 do CPP, 
aplicável ex. al.) do art.3 do RGIT. 
 
4 - Infracções fiscais 
As infracções fiscais encontram-se previstas no RGIT, na LGT, e em 
legislação especial referente aos direitos aduaneiros, impostos sobre 
veículos e impostos autárquicos. 
Nos termos do RGIT, considera-se infracção tributária, a prática de um 
acto, ou a omissão da prática deste (havendo o dever de o praticar), que 
contrarie ou seja desconforme com as leis tributárias. As infracções 
tributárias classificam-se em crimes, contra-ordenações, transgressões 
ou contravenções. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Constituem crime fiscal os actos que visam a não liquidação ou 
pagamento do tributo e constituem contra-ordenações os actos que 
impedem o correcto e pronto pagamento do tributo. As sanções que a 
lei prevê para os crimes fiscais, são penas de prisão e multa, e para as 
contra-ordenações coima e outras sanções acessórias. A distinção entre 
crime e contra-ordenação assenta num critério de valoração ético- 
social, em que o legislador considera certas condutas, com relevância 
social e dignas de protecção pela lei penal e outras ilícitas, porem ético- 
socialmente neutras, ou de reduzido desvalor encontrando-se estas 
fora do âmbito do direito penal. 
Nos termos do disposto na lei nº 2/2006, de 22 de Março são crimes 
fiscais: a fraude fiscal (art. 199); fraude fiscal qualificada (art.200); 
abuso de confiança fiscal (art. 201); recusa ou obstrução à fiscalização 
ou investigação das autoridades tributárias não aduaneiras (art. 202); e 
frustração dos créditos fiscais. 
Os crimes fiscais implicam comportamentos com um grau mais elevado 
de censura, e cometidos de forma conscienciosa e intencional. 
Importa referir que o cumprimento da sanção, não exonera, exime ou 
libera o credor da obrigação de pagar o imposto. Entretanto, nos termos 
do art.190 da LGT a responsabilidade pela prática de uma infracção 
fiscal, pode, extingue-se pelo decurso do prazo para o procedimento 
com vista aplicação de sanção por infracção tributária, pela morte do 
infractor ou pela amnistia das infracções. 
 
4.1 - Competência para julgamento das transgressões fiscais 
Com a aprovação da lei nº 5/92, de 6 de Maio e posteriormente da lei 
nº 2/2004, de 21 de Janeiro o contencioso fiscal passou para a 
competência dos seguintes tribunais: 
• Tribunais fiscais, como primeira instância; 
• Tribunal Administrativo, Segunda Secção, como segunda 
instancia; 
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• Tribunal Administrativo, em Plenário, como ultima instancia. 
 
Competência para julgamento dos crimes fiscais 
 
Prevê a lei nº 2/2004, de 21 de Janeiro, no seu art. 23 nº 1,al.a), e a CRM 
art.223 nº 4 que é da competência dos tribunais fiscais conhecerem dos 
processos relativos aos crimes fiscais. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim destas lições, faça a recapitulação e responda as 
seguintes questões: 
1 – Distinga garantias administrativas ou graciosas das garantias 
contenciosas. 
2 - Fale dos prazos para apresentação da reclamação. 
3 –Fale do sentido e alcance princípio da celeridade. 
4 – Distinga acções de impugnação judicial quanto a finalidade. 
 
4- A quem cabe o julgamento das transgressões fiscais? 
 
 
 
Tópicos das respostas: 
 
1 – Delimitar a matéria, designadamente que fazem parte das garantias 
do sujeito passivo do imposto, fazer referência ao conceito das 
garantias, bem como ao critério de distinção das mesmas, mormente 
quanto ao órgão que as efectiva. Reclamação consiste no pedido de 
reapreciação de um determinado acto de natureza administrativa junto 
da entidade que a praticou, cujo objectivo é a analise da legalidade do 
acto praticado. O recurso contencioso visa a anulação de um acto ilegal 
da administração tributaria, nestes termos o legislador constituinte, nos 
termos dos arts. 62,69,70 e 253 nº 3, consagrou o direito a tutela 
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jurisdicional (realizada pelos tribunais) contra os actos que violam 
direitos estabelecidos na Constituição e nas demais leis. 
2 – Falar da tempestividade, sem esquecer de fazer referência as bases 
legais. O prazo para interpor recurso contencioso é de 30 dias após a 
notificação, no caso de indeferimento da reclamação graciosa, revisão 
oficiosa dos actos de liquidação, revisão da fixação da matéria tributável 
(nº 7 art.128 e nº2 art.127 LGT), e de 90 dias após a notificação da 
decisão sobre o recurso hierárquico (art.141da LGT). 
3- Falar em que consiste o princípio da celeridade, e da sua implicação. 
Este princípio é um dos corolários da tutela jurisdicional efectiva, e 
encontra-se consagrado no art. 173 da LGT que dispõe que o direito de 
recorrer contenciosamente implica o direito de obter, em prazo 
razoável, uma decisão que aprecie, com força de caso julgado (força 
executória definitiva), a pretensão regularmente deduzida em juízo e a 
possibilidade da sua execução. Este princípio é fundamental uma vez 
que de nada serviria que o particular obtivesse uma decisão favorável, 
entretanto a mesma não fosse útil em face da demora processual para 
sua obtenção. A tutela jurisdicional só será efectiva se for em tempo 
útil, sob pena de se denegar aos contribuintes o acesso á justiça. Além 
de processos urgentes o princípio da celeridade impõe também a 
necessidade da existência de medidas cautelares adequadas. Difere-se 
da reclamação graciosa porque naquela a apreciação não é feita por um 
órgão judicial. 
4- Nas acções o sujeito recorre ao tribunal, independentemente de 
qualquer actuação administrativa anterior. Na impugnação judicial e no 
recurso contencioso já existe um acto praticado pela administração 
tributária ao qual se recorre. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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5- Com a aprovação da lei nº 5/92, de 6 de Maio e posteriormente da 
lei nº 2/2004, de 21 de Janeiro o contencioso fiscal passou para a 
competência dos seguintes tribunais: 
• Tribunais fiscais, como primeira instância; 
• Tribunal Administrativo, Segunda Secção,como segunda 
instância; 
• Tribunal Administrativo, em Plenário, como ultima instância. 
 
 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
78 
 
 
 
 
TEMA – IV: O SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO 
 
Contextualização do tema 
Este quarto tema aborda o fenómeno fiscal em Moçambique. Fazemos 
um périplo que começa com as primeiras manifestações tributárias, 
passa pelos impostos nos tempos colonial e na independência, 
focalizamos as reformas tributárias que se sucederam até ao actual 
sistema tributário. Apresentamos igualmente os tipos de imposto que 
foram surgindo ao longo do tempo e desembocamos nos impostos 
vigentes hoje no nosso ordenamento jurídico. 
 
 
 
Resultados esperados neste tema: 
Ao terminar o estudo deste tema, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
Específicos 
• Conhecer o sistema fiscal moçambicano. 
• Dominar os vários tipos de impostos aplicados em Moçambique; 
• Compreender a origem e a historia do direito tributário moçambicano 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 1 - A Origem Histórica do Direito 
Tributário Moçambicano 
 
1.1 - As formas iniciais do imposto em Moçambique 
Falar das formas iniciais do imposto em Moçambique, implica abordar, 
necessariamente alguns aspectos da ocupação colonial e da história de 
Moçambique, no período anterior à independência. 
 
1.2 - O Mussoco e o imposto de palhota 
Uma das principais formas de manifestação do imposto em 
Moçambique, de modo mais ou menos elaborada, está intimamente 
ligada ao surgimento dos Prazos da Zambézia. Estes tinham um carácter 
ambíguo uma vez que para os 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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portugueses tratava-se de terras cedidas mediante a assinatura de 
contratos de arrendamento celebrados de acordo com as regras de 
direito romano, ao passo que para os africanos eram chefias que 
funcionavam como parte de um complexo sistema de relações sociais e 
económicas destinadas a aproximar os povos das regiões.16 E é neste 
complexo de relações económicas que se evidenciou o tributo 
tradicional, uma renda que os camponeses pagavam aos prazeiros em 
géneros e que denominava-se por mussoco.17 
Diremos apenas que, do ponto de vista do interesse jurídico tratava-se 
de doações ou aforamentos, de grandes extensões de terras, a pessoas 
do sexo feminino, por um período de três gerações. Estas pessoas do 
sexo feminino eram obrigadas a casar com Portugueses “ nascido no 
reino”, como bem se referia a legislação respectiva. 
Numa descrição rigorosa, alguns historiadores dizem que a organização 
política tradicional do Zambeze, em meados do século XVII, apresentava 
chefias variadas nas suas configurações específicas. As maiores eram 
governadas por um “mambo” (que era governador do distrito) assistido 
por um chefe local denominado “npfumu” e pelo chefe da povoação. 
De entre as atribuições do “npfumu”, estava a de cobrar impostos. 
Dentro de cada chefia, todos os habitantes eram obrigados ao 
pagamento de um imposto anual, denominado “Mussoco”, como forma 
de afirmar o poderio do “Mambo” sobre a terra. Quando o “mambo” 
ficava dentro do prazo, os seus subordinados continuavam a pagar-lhe 
o “mussoco” e mesmo quando ele transferia para o prazeiro, 
continuava a pagar-lhe taxas e a dar-lhe presentes adicionais, em sinal 
de lealdade e de reconhecimento da sua autoridade. 
 
 
 
 
 
16Newitt, 2012: 203 
17 Serra, et al, 2000: 252-253 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Estes estudos concluíram que os portugueses, ao se estabelecerem 
inicialmente em Moçambique, atacaram os chefes locais e 
substituíram-se-lhes na cobrança do “mussoco” que passou a abranger 
produtos como o marfim, pedras preciosas e outros. Isto aconteceu 
mesmo antes da administração do Estado Português em Moçambique. 
Segundo Serra et al (2000: 263-264), entre 1832 e 1841 foram 
publicados Decretos em Portugal determinando a cessação dos prazos 
em Moçambique. Mas, esta legislação não posta em prática e só em 
1854 é que todos os terrenos reverteram-se para a “coroa” e um dos 
artigos do decreto introduziu o “imposto de Palhota”. Esta disposição 
mandava extinguir todas as imposições que porventura houvesse os 
“colonos”, que detinham terrenos, e os chamados “habitantes livres” 
(grupos privilegiados), ficando estes apenas obrigados ao pagamento 
anual ao Estado de 1.600 Reis a título de Imposto de palhota, por cada 
fogo, palhota ou outra habitação.18 
Não se pode inferir que a introdução do imposto de palhota era uma 
forma de imobilização da mão-de-obra porque a escravatura ainda não 
tinha sido abolida. Era apenas uma actualização relativa a colonização, 
dentro dos princípios liberais, ao mesmo tempo que se introduzia uma 
tentativa de fazer o estado ganhar corpo. 
Depois do mussoco e do imposto de palhota, a terceira forma de 
tributação que surgiu em 1880, foi a tributação indirecta sobre os 
produtos de consumo, com o argumento de que os indígenas não 
estavam sujeitos ao tributo de sangue no recrutamento e esta 
tributação sobre os bens de consumo produzidos era a forma de os 
levar a concorrer para as despesas públicas. 
De notar que esta forma de tributação surge num período em que se 
experimentavam dificuldades com a cobrança de imposto de palhota e 
 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
81 
 
 
 
 
houve até rebeliões porque as cobranças não suportavam o montante 
do imposto que era, nesta altura, 800 reis, muitas vezes pago através 
do trabalho forçado nas terras dos arrendatários da terra. 
Mais tarde as autoridades coloniais preferiram a administração directa 
do Estado. No entanto, contra a legislação então vigente, promoveram 
o arrendamento de um prazo com uma companhia em Maganja, 
designadamente a companhia da cultura e do comércio do ópio mais 
tarde chamada companhia do açúcar de Moçambique. 
Surgiram assim, para além da companhia de açúcar de Moçambique, a 
companhia de Luabo, companhia de Borror, companhia de Zambézia, 
etc., com capitais integralmente estrangeiros e todas elas com as 
prerrogativas de exploração da força de trabalho moçambicana. 
Foi assim, que se introduziram-se interesses como a Inglaterra, 
Alemanha e Bélgica, que forneciam capitais que serviam para 
desenvolver o sistema de exploração da terra moçambicana e o 
instrumento principal de opressão era o imposto, pago pela própria 
força de trabalho. 
Em 1891 ficou sediada a maior destas Companhias – a Companhia de 
Moçambique – e, mais tarde, as companhias do Niassa e da Zambézia. 
Só para ilustrar um pouco o que se disse atrás, vejamos as faculdades 
conferidas à Companhia de Moçambique: 
• Podia cobrar impostos e tinha um regulamento próprio para o 
imposto de palhota ao abrigo de um decreto de 9/7/1892. Os 
donos das palhotas situadas em qualquer território da área 
cedida à Companhia ficavam obrigados ao pagamento de um 
imposto anual de 900 reis por palhota. 
Este imposto não podia ser pago em géneros ou mão-de-obra. Os 
indivíduos que não satisfizessem este pagamento estavam sujeitosa 
trabalho forçado gratuito para a 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Companhia. Mas esta problemática do imposto como instrumento de 
opressão não aconteceu só no centro e norte do País. Também no sul, 
os valores elevados de imposto levaram muitas vezes a rebeliões e 
confrontos. 
Contudo, no sul, a cobrança do imposto estava de certo modo facilitada 
dado que grande parte dos homens emigravam para as minas de África 
do Sul e obtinham assim o dinheiro para o pagar. De notar que este 
fenómeno de imigração no sul do nosso país influenciou a política fiscal 
porque fez com que o Estado colonial encarasse duas questões que não 
lhe agradavam: 
• Com a emigração, o número de trabalhadores para as terras 
reduzia; 
• Os salários praticados nas minas do Rand eram 
substancialmente mais elevados que os das Companhias que 
operavam em Moçambique. Este facto anulava a política 
existente de elevar os impostos para obrigar os trabalhadores a 
permanecerem mais tempo nas suas terras. 
Estes factos causavam problemas no próprio Orçamento do Estado 
Colonial e na sua balança de pagamentos. 
 
2 - Os impostos Directos 
Extintos os prazos pelo Decreto de 22 de Dezembro de 1854, papel 
importante passaram a ter os seguintes impostos directos: 
• Impostos prediais; 
• Tributação das actividades comerciais e industriais; 
• Contribuição de juros; 
• Sisa e imposto sucessório, etc. 
Os impostos prediais consistiam na sujeição da propriedade rústica aos 
dízimos. Nos territórios da Companhia de Moçambique, os prédios 
rústicos e os prédios urbanos situados na baixa passaram a ficar sujeitos 
à uma taxa de 20% desde 1892 e os de 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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outras localidades, 5%. Em certo período, até 1885, vigorou também 
um imposto que incidia sobre as rendas de casa. 
Quanto a tributação das actividades do comércio e da indústria, a 
cobrança deste imposto era feito com base nas declarações dos 
contribuintes e a demora era tal que permitiu com que muitos 
comerciantes liquidassem os seus negócios e se ausentassem de 
Moçambique sem pagarem a contribuição industrial respectiva. 
A contribuição de juros, introduzida em Moçambique, em 1881, com 
taxa de 10%, consistia num imposto sobre o crédito e sobre a aplicação 
de capitais. 
Através do Decreto de 22 de Dezembro de 1876 passaram a ser 
cobrados em Moçambique o imposto da Sisa e o imposto sobre asa 
sucessões e doações, os quais eram regulamentados pelo regulamento 
para a liquidação e cobrança da contribuição de registo, de 19 de Julho 
de 1902. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática pense naquilo que já aprendeu 
e responda às questões seguintes: 
1. Qual é a necessidade de estudarmos as formas iniciais do 
imposto em Moçambique? 
2. Depois deste estudo é capaz de caracterizar alguns impostos 
que vigoram em Moçambique Extintos os prazos? 
Tópicos de respostas 
 
1. Compreender a origem histórica dos impostos partindo dos 
prazos da Zambézia, ou seja doações régias, ou aforamentos de 
grandes extensões de terra que eram governadas por um 
Mambo, assistido por um chefe local, denominado Mphumu e 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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pelo chefe da povoação. Os habitantes eram obrigados ao 
pagamento dos seguintes impostos: mussoco, imposto de 
palhota e o de tributação indirecta sobre os produtos de 
consumo. 
2. Sobre esta questão é necessário que você saiba os impostos 
introduzidos pelo Decreto de 22 de Dezembro de 1854 como por 
exemplo o Impostos prediais, Tributação das actividades 
comerciais e industriais, Contribuição de juros, Sisa e imposto 
sucessório, etc. 
NB: De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se teve 
dificuldades consulte o seu tutor. Se a dificuldade persistir explore os 
livros recomendados nas leituras aconselhadas. 
Leituras aconselhadas 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
85 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°2: A fiscalidade em Moçambique 
após a independência. 
 
 
São raros os trabalhos escritos sobre a realidade fiscal de Moçambique, 
pelo que para falarmos sobre alguns aspectos concretos da tributação 
fiscal ou do sistema fiscal importa, antes de mais, elaborar uma breve 
retrospectiva histórica do sistema tributário, pelo menos a partir do ano 
da independência nacional. De uma forma genérica, falemos do sistema 
em vigor à data da independência e da primeira grande reforma fiscal 
logo nos primeiros anos da independência nacional. 
 
1 - O sistema tributário vigente à data da independência 
 
1.1 - Características do sistema 
À data da independência nacional vigorava um sistema tributário que 
se adequava aos objectivos do então Estado e estava dimensionado 
para as necessidades orçamentais do mesmo. Para tal, havia sido 
organizado um sistema de administração também adequado e dotado 
de pessoal apropriado, convenientemente treinado. 
Era um sistema fiscal com legislação complexa e de modo inacessível à 
grande maioria dos contribuintes. Ele não assentava em princípios de 
justiça fiscal e social, e permitia uma tributação pesada sobre os 
rendimentos de trabalho. Para ilustrar, basta comparar a carga fiscal 
cumulativa sobre os mesmos com a que é devida nos rendimentos do 
capital ou de natureza comercial ou industrial. Apesar de maior volume 
de receitas provir de impostos incidentes sobre os rendimentos das 
empresas privadas, as taxas acumuladas dos impostos sobre os 
rendimentos do trabalho eram consideravelmente elevadas. 
Nos impostos indirectos, lugar de destaque ocupava o imposto de 
consumo e direito aduaneiro onde se verificavam algumas taxas 
proteccionistas para a importação de produtos aparentemente 
supérfluos e taxas mais pesadas para os outros que se podem 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
86 
 
 
 
 
considerar essenciais ao consumo da população mas que beneficiavam 
de taxas aduaneiras preferenciais, quando importadas de certos países. 
Outro aspecto importante deste sistema é o conjunto de pequenas 
taxas e impostos de nível local ou regional cujas características e fim a 
que as respectivas receitas se destinavam – despesas das instituições 
locais e autónomas – estavam em perfeitas consonâncias com a forma 
de organização administrativa e eram dotados de processos 
orçamentais que permitiam estipular as cobranças. 
 
1.2 - Principais impostos em vigor 
Para uma melhor percepção do sistema fiscal, vejamos a caracterização 
de alguns impostos que integravam o sistema tributário em vigor à data 
da independência nacional: 
I Contribuição Industrial – regulada pelo Código dos impostos sobre o 
Rendimento19, a respectiva taxa era, no início, de 12% redutível a 5% no 
caso de lucros de organismos corporativos20. 
II Imposto Sobre Explorações – Estavam sujeitos a este imposto os 
lucros das exportações agrícolas, silvícolas ou pecuárias. Os sujeitos 
passivos eram pessoas singulares e colectivas que exerciam estas 
actividades em Moçambique. A taxa era 10% com um adicional à 
colecta de 15%. 
III – Contribuição predial urbana – Incidia sobre a renda estabelecida 
por contrato de arrendamento. A taxaera de12%. Com as 
nacionalizações dos prédios de rendimentos a contribuição ficou 
inoperante, no entanto vigorou até à reforma fiscal 2002. 
 
 
 
 
 
 
19 Aprovado pelo diploma legislativo n° 2774 de 16 de Setembro de 1967. 
20Art. 160° do código dos impostos sobre o Rendimento aprovado pelo Diploma 
Legislativo n° 2856 de 28 de Dezembro. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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IV – Imposto profissional – Incidia sobre os rendimentos que vinham 
do exercício de uma actividade, quer por conta própria, quer por conta 
de outrem. A taxa era de 10% e este imposto vigorou até 1997 
V- Imposto sobre a aplicação de capitais – tributava os juros de capitais 
mutuados, em dinheiro ou em espécie, os juros de mora no pagamento, 
os juros e lucros devidos pelas sociedades, etc. A taxa era de 15% 
VI – Imposto complementar – era imposto de sobreposição e recaia 
sobre o rendimento total de pessoas singulares e colectivas. 
Compreendi duas secções: A secção A compreendia os rendimentos de 
pessoas singulares residentes em Moçambique e a taxa que era 
progressiva variava entre 3 e 45% e a secção B incidia sobre pessoas 
colectivas, independentemente da sua sede. A taxa variava entre 4 a 8% 
acrescido a um adicional municipal que variava entre 10-25%. 
VII – Imposto de consumo21 e Imposto de selo22 – O primeiro incidia 
sobre o consumo de produtos correntes como a cerveja, o tabaco e foi 
revogado em 1999, com a introdução do IVA; o segundo incidia sobre 
todos os documentos, livros, papéis e outros actos. 
VIII - imposto sobre sucessões e doações – Incidia sobre a transmissão 
gratuita da propriedade sobre bens imóveis e móveis. 
 
2 - Reforma Iniciada em 1978 
Após a proclamação da independência, Moçambique tornou-se um país 
socialista, no qual os serviços sociais tinham um peso maior nas 
despesas públicas. Aliás, a Constituição da República Popular de 
Moçambique tinha um artigo que consagrava a justiça social como meta 
do sistema fiscal.23 Assim, para alcançar a mesma justiça social foram 
 
 
 
 
21 Diploma Legislativo n° 59/73 de 4 de Dezembro 
22 Aprovado pelo Diploma Legislativo n° 732 de 11 de Agosto 
23Art 13 da CRPM. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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tomadas medidas24 tendentes a colocar o sistema tributário como 
instrumento de direcção central da economia. 
Neste período foram criados os seguintes impostos: 
 
➢ Imposto de circulação, um imposto sobre as transacções (criado 
pela lei n° 3/78 de 4 de Março); 
➢ Imposto de reconstrução nacional que tributava os rendimentos 
de trabalho (lei n° 2/78 de 16 de Fevereiro) 
A reforma foi uma máquina eficaz até 1983, mas desta data em diante, 
como resultado da guerra, pois a reforma tinha sido concebida para um 
tempo de paz. 
 
3 - O PRE e a reforma fiscal de 1987 
O Programa de reabilitação económica foi lançado em 1987 e visava 
corrigir os desequilíbrios da economia nacional e minimizar os efeitos 
da guerra. Alterou-se a amplitude e base de incidência dos impostos 
sobre consumo e importação; agravar o imposto sobre as transacções, 
do imposto sobre o lucro; a redistribuição dos rendimentos dos 
trabalhos fazendo com que os trabalhadores do estado ficassem isentos 
e adaptando as taxas por forma a não desvirtuar o significado relativo 
dos aumentos de salários. 
Outras medidas foram o alargamento da incidência do imposto 
completar, passando a incidir sobre os rendimentos de trabalho; a 
sujeição das empresas estatais ao regime geral de impostos; a 
redefinição do imposto de reconstrução nacional, passando a ser de 
capitação e a criação do calendário fiscal. 
 
4 - A reforma fiscal de 2002 e os novos impostos do Sistema fiscal moçambicano 
Com a aprovação da nova Lei de Bases do sistema Tributário 
moçambicano, a lei n° 15/2002 de 26 de Junho, complementa-se a 
 
24 As mais importantes constam da Resolução n° 5/77 de 1 de Setembro que 
estabelecia os princípios fundamentais do sistema tributário. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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reforma tributária indirecta iniciada em 1999. O marco essencial desta 
reforma foi a introdução do IVA como um imposto indirecto sobre o 
consumo. Os grandes objectivos da reforma eram: o alargamento da 
base tributária; a redução da carga fiscal no conjunto da tributação 
directa; o aumento do nível de receitas fiscais e a simplificação do 
sistema tributário e dos procedimentos de liquidação. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – Fale de algumas vicissitudes do sistema fiscal moçambicano nos 
primeiros anos da independência. 
2 – Apresente de forma sucinta os grandes objectivos das reformas 
fiscais de 1987 e 2002. 
Tópicos das respostas: 
 
1 - Era um sistema fiscal com legislação complexa e de modo inacessível 
à grande maioria dos contribuintes. Ele não assentava em princípios de 
justiça fiscal e social, e permitia uma tributação pesada sobre os 
rendimentos de trabalho. Para ilustrar, basta comparar a carga fiscal 
cumulativa sobre os mesmos com a que é devida nos rendimentos do 
capital ou de natureza comercial ou industrial. Apesar de maior volume 
de receitas provir de impostos incidentes sobre os rendimentos das 
empresas privadas, as taxas acumuladas dos impostos sobre os 
rendimentos do trabalho eram consideravelmente elevadas. 
2 - A reforma de 1987 visava corrigir os desequilíbrios da economia 
nacional e minimizar os efeitos da guerra e foi nesta óptica que alterou- 
se a amplitude e base de incidência dos impostos sobre consumo e 
importação, agravou-se o imposto sobre as transacções e adaptando as 
taxas por forma em consonância com o ritmo dos aumentos de salários 
para os funcionários do Estado. Já a reforma de 2002 visava: o 
alargamento da base tributária; a redução da carga fiscal no conjunto 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
90 
 
 
 
 
da tributação directa; o aumento do nível de receitas fiscais e a 
simplificação do sistema tributário e dos procedimentos de liquidação. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Unidade Temática n°: 3Tributação em IRPS 
 
 
O novo código do IRPS foi aprovado pela lei 33/2007 de 31 de 
Dezembro, e o respectivo regulamento aprovado pelo decreto n° 
8/2008 de 16 de Abril. 
 
1 - Incidência objectiva 
Conforme resulta do art. 1 do CIRPS o IRPS incide sobre o valor global 
dos rendimentos das pessoas singulares, num período de um ano, 
mesmo quando provenientes de actos ilícitos. Os rendimentos sujeitos 
ao IRPS são os obtidos durante o período de tributação, depois de feitas 
as deduções específicas e os abatimentos. Podem ser rendimentos de 
trabalho dependente (1ª categoria); rendimentos empresariais e 
profissionais (2ª categoria), de capitais e mais-valias (3ª categoria), 
prediais (4ª categoria) e outros rendimentos (5ª categoria). 
Analisaremos de uma forma minuciosa e breve cada categoria.1.1 - Rendimentos de trabalho dependente 
Enquadram-se nesta categoria, de acordo com o art. 2 do CIRPS, as 
remunerações (ordenados, salários, vencimentos, subsídios ou 
prémios, senhas de presença, multas ou emolumentos, comissões entre 
outros) atribuídas ao trabalhador ou membro do seu agregado familiar, 
parente ou afim no âmbito de contrato de trabalho ou equivalente; 
contrato de prestação de serviços sob autoridade e direcção do 
adquirente do serviço; exercícios de cargo públicos; membro de órgãos 
estatutários; situação de pré-reforma e pensões. Incluem-se aqui 
também as remunerações acessórias, sejam direitos, benefícios ou 
regalias auferidas pelo trabalhador ou membro do seu agregado devido 
à prestação de trabalho, quando não forem incluídos na remuneração 
principal, desde que constituam para o respectivo beneficiário uma 
vantagem económica. 
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92 
 
 
 
 
A lei considera ainda como rendimentos dependentes: as 
remunerações dos membros dos órgãos estatutários das pessoas 
colectivas e entidades equiparadas; as importâncias que os empresários 
individuais escrituram como remuneração do seu trabalho ou do 
prestado pelas pessoas que façam parte do respectivo agregado 
familiar; os abonos para falhas na parte em que exceder 5% da 
remuneração mensal fixa; as ajudas de custos, na parte em que exceder 
os limites dos funcionários do Estado com remunerações fixas 
equivalentes ou mais aproximadas; as verbas para despesas de 
deslocação, viagens ou representação de que não tenham sido 
prestadas contas até ao termo do exercício; as indemnizações 
resultantes de constituição, extinção ou modificação da relação jurídica 
que origine rendimentos de trabalho dependente, incluindo as que 
respeitem ao cumprimento das condições contratuais ou sejam devidas 
pela mudança de local de trabalho; e as gratificações (gorjetas) 
auferidas pela prestação ou em razão de prestação de trabalho, não 
atribuídas pela entidade patronal. 
 
1.1.1 - Rendimentos de trabalho dependente não sujeitos ao IRPS 
Não tributam no IRPS, em conformidade com o art.6 do CIRPS, as ajudas 
de custos, até ao limite dos funcionários do Estado; os abonos de 
família, até aos limites legais estabelecidos; os abonos para falhas, até 
5% da remuneração mensal fixa; as acções de formação profissional dos 
trabalhadores, ministradas pela entidade empregadora, por organismos 
de direito público ou entidades reconhecidas como tendo competência 
nos domínios de formação e reabilitação profissional pelos Ministérios 
competentes; as contribuições para os regimes obrigatórios de 
segurança social; as realizações de utilidade social e de lazer, 
nomeadamente os gastos suportados com manutenção facultativa de 
creches, lactários, jardins-de-infância, cantinas, bibliotecas e escolas, 
prevenção e assistência medica e medicamentosa aos doentes 
infectados com SIDA e outras realizações de utilidade social 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
93 
 
 
 
 
reconhecidas pela Administração tributária, feitas em benefício do 
pessoal da empresa e seus familiares, desde que tenham carácter geral 
e não revistam a natureza de rendimentos de trabalho dependentes. 
 
1.1.2 - Rendimentos de trabalho dependente isentos 
São isentos25 de tributação no IRPS, de acordo com o art. 7 conjugado 
com o art.5 do CIRPS, as pensões de aposentação ou de reforma, 
velhice, invalidez ou sobrevivência, devidas no âmbito de regimes 
obrigatórios ou regimes complementares de segurança social, as 
pensões de alimentos, as rendas temporárias ou vitalícias. 
 
1.2 - Rendimentos empresariais e profissionais – 2ª categoria 
Estão nesta categoria os rendimentos empresariais e profissionais 
decorrem do exercício de uma actividade comercial, industrial, agrícola, 
silvícola, pecuária, artística, desportiva, cultural ou prestação de 
serviços por conta própria bem como da propriedade intelectual, 
industrial ou know-how, quando auferidas pelo titular originário. São 
também da 2ᵅ categoria os rendimentos resultantes da imputação aos 
sócios ou membros que sejam pessoas singulares das sociedades 
sujeitas ao regime de transparência fiscal. 
 
1.3 - Rendimentos de capitais – 3ª categoria (art. 9 do CIRPS) 
Temos nesta categoria os juros e lucros; os rendimentos originados pelo 
diferimento no tempo de uma prestação ou pela mora no pagamento; 
os rendimentos da propriedade intelectual ou industrial ou quando não 
auferidos pelo titular originário; os rendimentos derivados de 
assistência técnica e de uso ou da concessão de uso de equipamento 
agrícola, industrial, comercial ou científico; entre outros. 
 
1.4 - Mais-valias – 3ª categoria 
Estão na categoria das mais-valias, de acordo com o art. 13 n° 1 do 
CIRPS, os ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos 
 
25 Também estão na mesma situação as pensões (art. 26 n° 3 do CIRPS) 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
94 
 
 
 
 
comerciais, industriais, agrícolas, de capitais ou prediais, resultam de 
alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis, da afectação de 
quaisquer bens do património particular à actividade empresarial e 
profissional exercida em nome individual pelo seu proprietário; da 
alienação onerosa de partes sociais, incluindo a respectiva remissão e 
amortização; da alienação onerosa de propriedade intelectual ou 
industrial ou de know-how comercial, industrial ou científico, quando 
transmitente não seja o seu titular originário; da cessão onerosa de 
posições contratuais ou outros direitos inerentes a contratos relativos 
a bens imóveis e ainda os rendimentos líquidos anuais provenientes de 
operações relativas a instrumento financeiros derivados. Apesar de as 
mais-valias poderem estar conexas a alguma actividade, não devem 
decorrer de rendimentos que se enquadrem em outras categorias, pois 
caso contrário serão ai tributados, não como mais-valias mas como 
rendimentos ai pertencentes. 
 
1.5 - Rendimentos 4ª categoria 
Consideram-se rendimentos da 4ª categoria26 as rendas de prédios 
rústicos, urbanos ou mistos. As rendas, quando provenham de contrato 
de arrendamento, são prestação retributiva, periódica, pelo qual o 
arrendatário executa o cumprimento de uma obrigação em que fica 
constituído por força do referido contrato e que consiste no pagamento 
ao senhorio de um preço pelo direito temporário de uso e fruição da 
coisa imóvel arrendada. 
 
1.6 - Ganhos em numerário e incrementos patrimoniais – 5ª categoria 
Compreendem-se nesta categoria27 os ganhos em numerário, pagos ou 
colocados à disposição, provenientes de jogos de diversão social, 
nomeadamente: lotarias, rifas, apostas mútuas, loto, totoloto, bingo, 
sorteios, concursos; as indemnizações que visem a reparação de danos 
 
 
26 Art. 14 do CIRPS 
27 Art.15 do CIRPS 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
95 
 
 
 
 
emergentes e não comprovados e de lucros cessantes, considerando-se 
como tais apenas as que se destinem a ressarcir os benefícios líquidos 
deixados de obter em consequência de lesão, desde que não 
considerados rendimentos de outras categorias; as importâncias 
atribuídas em virtude de assunção de obrigação de não concorrência, 
independentemente da respectiva fonte ou título, e os rendimentos 
patrimoniais não justificados desde que não considerados rendimentos 
de outras categorias. 
 
2 - Incidência subjectiva 
São sujeitos passivos28 do IRPS as pessoas singulares residentes29 em 
território nacional e as não residentes. Se forem residentes, o imposto 
incide sobre a totalidade dos seus rendimentos e se forem não 
residentes o imposto incide apenas sobre os rendimentos obtidos em 
território moçambicano. No caso do agregado familiar30 o imposto é 
devidopelo conjunto dos rendimentos das pessoas que constituem o 
agregado, sendo considerados como sujeitos passivo a quem incumbe 
a sua direcção. Nesta situação, são considerados como residentes em 
Moçambique as pessoas que constituírem o agregado familiar, desde 
 
 
 
 
 
 
28 Art.17 e ss do CIRPS 
29 
São residentes em território moçambicano as pessoas que, no ano a que respeitem os 
rendimentos tenham permanecido em território moçambicano mais de 180 dias, 
seguidos ou interpolados, ai disponham de habitação em condições que façam presumir 
a intenção de a manter e ocupar como residência permanente; desempenhem no 
estrangeiro função ou comissão de serviço de carácter publico, ao serviço do Estado 
moçambicano; e sejam tripulantes de navios ou aeronaves, ao serviço de entidades com 
residência, sede ou direcção efectiva em território moçambicano. 
30 
O agregado familiar é constituído pelos cônjuges nãos separados judicialmente de 
pessoas e bens e seus dependentes; Consideram-se dependentes os descendentes ou 
equiparados maiores, que, não tendo mais de 25 anos, não aufiram anualmente 
rendimentos superiores ao salário mínimo nacional mais elevado, tenham frequentado 
no ano a que o imposto respeita, a 12 classe, estabelecimento de ensino médio ou 
superior ou cumprindo o serviço militar; os descendentes ou equiparados maiores, 
inaptos para o trabalho e para angariar meios de subsistência, desde que não aufiram 
rendimentos; e os ascendentes a cargo do sujeito passivo, incapazes para o trabalho e 
para angariar meios de subsistência. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
96 
 
 
 
 
que qualquer um dos cônjuges ou consorte no caso de união de facto 
resida em território moçambicano. 
É de notar a situação daqueles casos em que haja rendimentos cuja 
titularidade pertença em comum a várias pessoas. A solução é imputar 
a cada um dos contitulares na proporção das respectivas quotas. Sendo 
porém as quotas indeterminadas presumir-se-ão iguais para efeitos de 
tal imputação. 
 
Unidade Temática n°4: Pagamento do IRPS (continuação) 
 
Estão previstos no CIRPS duas formas de pagamento do IRPS a saber: os 
pagamentos antecipados (retenção na fonte) e o pagamento final 
(mediante englobamento) 
 
1 - Retenção na fonte 
A retenção na fonte ou substituição tributária, verifica-se quando, por 
imposição da lei, a pessoa que paga ou coloca a disposição rendimentos 
sujeitos a IRPS, está obrigada à dedução do imposto e à entrega dos 
respectivos montantes ao tesouro público. É efectuada mediante 
aplicação de taxas ao rendimento ilíquido pago ou colocado a 
disposição. Esta forma de tributar apresenta as seguintes vantagens: 
aproxima o pagamento do imposto do facto tributário (obtenção de 
rendimentos); antecipação na arrecadação para o contribuinte; 
redução do número de sujeitos passivos que entram em contacto com 
a administração tributaria e garante o crédito tributário. 
 
1.1 - Retenções na fonte com natureza de pagamento antecipado 
Constituem antecipações por conta do IRPS devido a final, com 
pagamento gradual ao longo do ano em que são obtidos os 
rendimentos. As taxas de retenção na fonte para os rendimentos de 
trabalho dependente constam de tabelas apropriadas por Diploma 
Ministerial. Estas tabelas são elaboradas tomando em conta a situação 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
97 
 
 
 
 
pessoal e familiar do sujeito passivo, o mínimo não tributável, o 
quociente conjugal e as deduções à colecta. 
A taxa de retenção é de 20% no caso de rendimentos de capitais, 
rendimentos prediais, rendimentos da propriedade intelectual ou 
industrial ou know-how auferidos pelo titular originário, rendimentos 
de trabalho dependente (consultorias, estudos, pareceres), pagos ou 
colocados a disposição por entidades que disponham ou devam dispor 
de contabilidade organizada e parciais 20% no caso de rendimentos 
prediais31. 
 
1.2 - Retenção na fonte com natureza de pagamento definitivo 
A retenção na fonte com carácter definitivo encontra-se no art. 57 do 
CIRPS, nos termos do qual são tributados à taxa de 20% a título 
definitivo os rendimentos do trabalho dependente pagos ou colocados 
a disposição de não residentes; os rendimentos de acções; os lucros 
distribuídos a não residentes; as pensões auferidas por não residentes; 
e os rendimentos de capitais auferidos por não residentes. No caso 
específico dos ganhos em numerário proveniente de jogos de diversão 
social os juros de depósito a prazo, os rendimentos de título cotados na 
BVM, as remunerações artísticas de teatro e dança, a taxa retirada é de 
10%. 
 
1.3 - Pagamento por conta 
Os pagamentos por conta também constituem antecipação por conta 
do IRPS devidos a final. Estão obrigados a efectuar o pagamento por 
conta os titulares de rendimentos da 2 categoria, nos termos do art. 33 
do RCIRSP, até dia 20 de cada um dos meses de Junho, Setembro e 
Novembro. Esta forma de pagamento revela-se vantajosa nos seguintes 
termos: antecipação na arrecadação de receitas; regularidade na 
 
 
 
31 Uma vez que a taxa incide sobre 70% do rendimento bruto predial, nos termos do ar 
32 n° 3 do RCIRPS. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
98 
 
 
 
 
arrecadação de receitas; facilidade de gestão de tesouraria para o 
Estado e para os sujeitos passivos; e garante o crédito tributário. 
 
1.4 - Pagamento final 
O pagamento final é feito no ano seguinte ao da obtenção dos 
rendimentos. Tem-se em conta a totalidade dos rendimentos das 
categorias, as deduções específicas, os abatimentos, as deduções à 
colecta incluindo a dedução das importâncias pagas antecipadamente. 
Como forma de apurar o imposto final os sujeitos passivos do IRPS estão 
obrigados a entregar, anualmente, na sua Direcção de Área fiscal, 
declaração relativa aos rendimentos do ano anterior e outros 
elementos informativos relevantes para a sua concreta situação 
tributária. O rendimento colectável é o que resulta do englobamento 
dos rendimentos das várias categorias auferidas em cada ano, depois 
de feitas as deduções e os abatimentos previstos nas secções seguintes 
(art. 26 n° 1 do RCIRPS). 
 
 
 
2 - Apuramentos 
 
2.1 - Apuramento dos rendimentos líquidos de trabalho dependente (1ª categoria) 
Aqui, deduzem-se aos rendimentos brutos (art. 29 do CRIPS), as 
quotizações sindicais e as indemnizações pagas pelo trabalhador à sua 
entidade patronal por rescisão unilateral do contrato individual de 
trabalho sem aviso prévio em resultado de sentença judicial ou de 
acordo judicialmente homologado. 
 
2.2 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 2ª categoria 
A determinação dos rendimentos líquidos faz-se com base na 
contabilidade organizada; no regime de escrituração simplificada; no 
regime de determinação do rendimento colectável; e com base nas 
regras aplicáveis aos actos isolados. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
99 
 
 
 
 
No regime de contabilidade organizada enquadram-se os titulares de 
rendimentos empresariais e profissionais cujo volume de negócios do 
ano anterior ao que diz respeito a tributação seja superior a 
2.500.000.00 MT e os que tendo volume de negócios iguais ou inferior 
tenham optado por este regime. 
 
2.3 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 3ª categoria 
A mais-valia será constituída: a) pela diferença entre o valor de 
realização e o valor de aquisição, líquidos da parte qualificada como 
rendimento de capital, no caso de alienação onerosa de direitos reais 
sobre bens imóveis32 e afectação de quaisquer bens do património 
particular à actividade empresarial e profissional exercida em nome 
individual pelo seu proprietário33; alienação onerosa de partes sociais, 
incluindo a respectiva remissão e amortização; e alienação onerosa dapropriedade intelectual34 ou industrial ou de know-how comercial, 
industrial ou científico, quando o transmitente não seja o seu titular 
originário; b) pela importância recebida pelo cedente, deduzido do 
preço por que eventualmente tenha obtido os direitos e bens objecto 
de cessão, no caso de cessão onerosa de posição contratual ou outros 
direitos inerentes a contratos relativos a bens imóveis. 
 
 
 
32Neste caso o valor da realização é o valor da contraprestação ou, tratando-se de bens 
imóveis, o valor considerado para efeitos de liquidação da Sisa ou, não havendo lugar 
a esta liquidação, os que devessem ser, caso fosse devida [art.41 n°1 al. d) e n° 2 
conjugados com o art. 43 do CIRPS]. Já no caso de afectação de bens do património 
particular à actividade empresarial e profissional exercida em nome individual pelo seu 
proprietário, considera-se valor de aquisição o valor de marcado à data da transacção. 
 
33 No caso de afectação de quaisquer bens do património particular à actividade 
empresarial e profissional exercida em nome individual pelo seu proprietário, 
considera-se valor de realização o valor de mercado à data da afectação [ art. 41 n° 1 
al. c) do CIRPS]. Este valor pode ser objecto de correcção sempre que a Administração 
Tributária considere, fundamentalmente, que o mesmo não corresponde ao que seria 
praticado entre pessoas independentes. 
 
34 Na alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de know-how 
comercial, industrial ou científico, quando o transmitente não seja o seu titular 
originário, e nas operações relativas a instrumentos financeiros derivados, o valor da 
aquisição é constituído pelo preço pago pelo alienante, documentalmente provado. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
100 
 
 
 
 
O valor de aquisição de partes sociais e de outros valores mobiliários 
cotados, em bolsa corresponde ao custo documentalmente provado ou, 
na sua falta, o da menor cotação verificada nos dois anos anteriores à 
data da alienação, se outro menos elevado não for declarado. Tratando- 
se de partes sociais e de outros valores mobiliários não cotados em 
bolsa, o valor de aquisição corresponde ao custo documentalmente 
provado ou, na sua falta, o respectivo valor nominal (art. 45 do CIRPS) 
Na determinação de mais-valia tributável, ao valor da aquisição 
acrescem: 
a) Os encargos com valoração de bens, comprovadamente 
realizados nos últimos 5 anos, e as despesas inerentes à 
aquisição e alienação, no caso de alienação onerosa de direitos 
reais sobre bens imóveis e afectação de quaisquer bens do 
património particular à actividade empresarial e profissional 
exercida em nome individual pelo seu proprietário; 
b) As despesas necessárias e efectivamente praticadas, inerentes a 
alienações, no caso de alienação onerosa de partes sociais, 
incluindo a respectiva remissão e amortização e alienação 
onerosa de propriedade intelectual ou industrial ou de know- 
how comercial, industrial ou científico, quando o transmitente 
não seja o seu titular originário. 
As mais-valias tributáveis correspondem a diferença entre as mais- 
valias apuradas e as menos-valias realizadas no mesmo ano35. Pelo 
que as mais-valias apuradas nos termos atrás referidos são 
deduzidas as menos-valias e, o saldo entre as mais-valias e as 
menos-valias apenas é considerado entre 30% e 75%, consoante o 
tipo de operação/alienação da qual resulta a mais-valia (art. 39 n°s 
2 e 3 do CIRPS) 
 
 
35 Art. 40 do CIRPS 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
101 
 
 
 
 
2.4 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 4ª categoria 
Para o apuramento deste valor, deve deduzir-se o valor das 
despesas efectuadas para a manutenção e de conservação do 
prédio. A lei apresenta uma presunção iuristantum36de que tais 
despesas são de 30% do rendimento predial bruto. Além disso, são 
também deduzidos os juros pagos a instituição de crédito 
moçambicano, devidamente documentadas, resultantes de 
empréstimos para habitação própria; o IPRA; e os encargos de 
conservação, fruição e outros. 
 
2.5 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 5ª categoria 
Nesta categoria não há dedução. Os rendimentos enquadrados nela 
são líquidos por excelência. 
 
3 - Rendimentos líquidos das categorias ao apuramento do IRPS final 
Depois de apurado o rendimento líquido em cada categoria, segue- 
se o englobamento (art.26 do CIRPS), apurando-se o rendimento 
líquido total do sujeito passivo. Ao rendimento total faz-se a 
dedução dos rendimentos abatidos referentes às importâncias 
comprovadamente suportadas e não reembolsadas respeitante a 
encargos com pensões (art.51 do CIRPS) e o mínimo não tributável 
(art. 56 do CIRPS) determinando-se o rendimento colectável. 
Ao rendimento colectável aplica-se a taxa do imposto, deduzindo- 
se em seguida a parcela a obter (art. 54 do CIRPS), obtendo-se a 
colecta, à qual fazem-se as respectivas deduções (art.59 a 61 do 
CIRPS), designadamente deduções relativas a situação pessoal e 
familiar e dupla tributação internacional (efectuadas até ao 
montante da colecta), pagamentos por conta e retenção na fonte, 
apurando-se o IRPS. 
 
 
36 Art. 48 do CIRPS. Esta presunção é naturalmente elidível naqueles casos em que 
havendo gastos superiores a 30% pela manutenção, o sujeito passivo tenha provas 
documentais comprovantes dos gastos. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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A dedução relativa a dupla tributação internacional efectua-se 
quando tenha havido englobamento de rendimentos tributados 
fora do território nacional. A dedução é efectuada até a ocorrência 
da parte da colecta do IRPS proporcional aos rendimentos líquidos 
tributados fora e englobados em Moçambique, e corresponde ao 
valor menos elevado de entre: 
1. Imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro ou; 
2. A fracção da colecta do IRPS, calculada antes da dedução 
correspondente aos rendimentos que nos pais em causa possam 
ser tributados. Nos casos em que tais rendimentos tenham sido 
tributados num país que celebrou com Moçambique convenção 
para eliminar a dupla tributação a dedução a efectuar pode 
ultrapassar o imposto sobre rendimentos pago no estrangeiro 
nos termos previstos pala convenção. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim destas lições, faça a recapitulação e responda as 
seguintes questões: 
1 -Apresente as vantagens da retenção na fonte em sede do pagamento 
do IRPS? 
2 - Dos rendimentos abaixo quais tributam e quais são isentos ao IRPS:1 
- As ajudas de custos, superiores ao limite dos funcionários do Estado; 
2 - As remunerações atribuídas ao trabalhador ou membro do seu 
agregado familiar, parente ou afim no âmbito de contrato de trabalho 
ou equivalente; 3 - exercícios de cargo públicos; Os abonos para falhas, 
até 7% da remuneração mensal fixa; 4 - as contribuições para os regimes 
obrigatórios de segurança social; 5 - Contrato de prestação de serviços 
sob autoridade e direcção do patronato. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Tópicos de Respostas 
 
1 – A retenção na fonte apresenta as seguintes vantagens: aproxima o 
pagamento do imposto do facto tributário (obtenção de rendimentos); 
antecipação na arrecadação para o contribuinte; redução do número de 
sujeitos passivos que entram em contacto com a administração 
tributaria e garante o crédito tributário. 
2 - Rendimentos que tributam no IRPS: n°s 1, 2, 3 e 5 
Rendimentos que não tributam: n°s: 4. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). DireitoFiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
104 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°5: Tributação em IRPC 
 
1 - Aspectos gerais 
Previsto no art. 58 da LGT e regulamentado37 pelo código da IRPC 
(CIRPC), aprovado pela lei n˚34/2007, de 31 de Dezembro, o Imposto 
Sobre Rendimentos de Pessoas Colectivas (IRPC) é um imposto directo 
que incide sobe os rendimentos obtidos (mesmo quando proveniente 
de actos ilícitos) no período de tributação, pelos respectivos sujeitos 
passivos. 
São sujeitos passivos (Incidência subjectiva) do IRPC as pessoas 
colectivas residentes e não residentes, com ou sem personalidade 
jurídica desde que estejam numa das situações previstas no art. 28 n° 2 
da LGT. De acordo com este preceito, os sujeitos passivos residentes são 
divididos em duas categorias: sujeitos passivos residentes que exerçam 
a título principal uma actividade de natureza comercial, industrial ou 
agrícola e sujeitos passivos residentes que não exerçam esta actividade. 
Os sujeitos passivos não residentes também são divididos em duas 
categorias: sujeitos passivos não residentes com estabelecimento 
estável e sujeitos passivos sem estabelecimento estável. Segundo o 
art.3 do CIRPC o estabelecimento estável é qualquer instalação fixa 
através da qual seja exercida, total ou parcialmente, uma actividade de 
natureza comercial, industrial ou agrícola, incluindo a prestação de 
serviços. 
Em termos de incidência objectiva, nos termos do n˚1 do art.4 do CIRPC, 
o IRPC incide sobre: o lucro dos sujeitos passivos residentes que 
exerçam a título principal uma actividade comercial, industrial ou 
agrícola, o rendimento global dos sujeitos passivos residentes que não 
exerçam a título principal uma actividade de natureza comercial, 
 
 
37O regulamento do código foi aprovado pelo Dec. N˚9/2008, de 16 de 
Abril. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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industrial ou agrícola, o lucro do estabelecimento estável dos sujeitos 
passivos não residentes com estabelecimento estável, e os rendimentos 
das diversas categorias consideradas para efeitos do IRPS dos sujeitos 
passivos não residentes em estabelecimento estável. De referenciar 
que aos residentes o IRPC incide sobre a totalidade dos seus 
rendimentos obtidos em território moçambicano e os obtidos fora. 
Enquanto para os não residentes, o imposto incide apenas sobre os 
rendimentos obtidos em território moçambicano. Os rendimentos 
considerados obtidos no território nacional estão enumerados no n˚3 
do art.5 do CIRPC. 
 
2 - Isenções 
As isenções no CIRPC encontram-se previstas no capítulo II e são 
subjectivas ou pessoais, objectivas ou reais e mistas: 
➢ As isenções subjectivas ou pessoais são concedidas atendendo e 
considerando apenas a qualidade do sujeito passivo e podem ser 
automáticas ou a requerimento dos interessados: As isenções 
subjectivas automáticas estão enumeradas no art. 9, als. a) e b) 
do n˚1 do art.10, art.12 e no n˚2 do art.13, designadamente o 
Estado, as autarquias locais e as associações ou federações de 
municípios, as instituições de segurança social, as Entidades do 
bem público social e cultural, devidamente reconhecidas e as 
associações de utilidade pública a que se refere a lei n˚8/91 de 
18 de Julho 
➢ As isenções subjectivas a requerimento encontram-se previstas 
na al.c) do n˚1 do art.10 do CIRPC. Podem requerer esta isenção 
as associações de mera utilidade pública que prossigam fins 
científicos ou culturais, de caridade, assistência ou beneficência 
relativamente a exploração directa de jogos de diversão social, 
edição ou comercialização de livros ou outras publicações que 
se destinam a complementar a realização do seu objecto básico. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
106 
 
 
 
 
As isenções objectivas ou reais são concedidas em função do tipo de 
rendimento ou factos que a lei não pretende tributar ou pretende 
reduzir a tributação. No CIRPS estas isenções encontram-se no art.11 e 
n˚1 do art.13, para os rendimentos directamente derivados do exercício 
de actividades culturais, recreativas e desportivas, auferidas por 
associações legalmente construídas para o exercício dessas actividades 
e o património social se destina ao fim da sua criação, e em nenhum 
momento se distribuam ente os sócios, os rendimentos resultantes do 
exercício de actividades sujeitas ao Imposto Especial sobre os jogos. 
 
3 - Período de tributação 
O período de tributação é de um ano e coincide com o ano civil, ou seja, 
de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro. Embora poderá ser de um ano mas 
não coincidir com o ano quando razões determinadas pelo tipo de 
actividade o justifiquem, mediante autorização do Ministro das 
Finanças, e no caso de entidades não residentes com estabelecimento 
estável, mediante comunicação expressa à administração tributária. 
Conforme o n˚4 do art.7 do CIRP, o período de tributação poderá ser 
inferior ao ano civil no caso de início de actividade, cessação de 
actividade, quando as condições de sujeição ao imposto ocorram e 
deixem de verificar-se no mesmo exercício e no exercício em que seja 
adoptado um período de tributação diferente do que vinha sendo 
seguido. Segundo o n˚5 do art.7, tratando-se de sociedade em 
liquidação o período de tributação poderá ser superior a um ano e todo 
o período de liquidação conta como um só exercício. 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°6: II – Determinação do IRPC 
(continuação) 
 
1 - Sujeitos passivos residentes que exerçam a título principal uma 
actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
107 
 
 
 
 
Do ponto de vista das obrigações dos sujeitos passivos e atendendo a 
dimensão e natureza dos sujeitos passivos, no IRPC existem os seguintes 
regimes de tributação das entidades residentes que exerçam a título 
principal uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola: 
a) Regime de contabilidade organizada; 
b) Regime de escrituração; 
c) Regime simplificado de tributação do lucro tributável. 
 
Nas pessoas colectivas que se enquadram no regime de contabilidade 
organizada38, o lucro tributável é constituído pela soma algébrica do 
resultado líquido do exercício e das variações patrimoniais positivas e 
negativas e eventualmente corrigidos nos termos do CIRPC39. Para o 
efeito o resultado líquido do exercício é o resultado que consta do 
balanço e demonstração de resultados. 
Com vista ao apuramento do lucro tributável, ao resultado líquido do 
exercício faz-se a soma algébrica das variações patrimoniais positivas e 
variações patrimoniais negativas, não reflectidas no resultado líquido, 
conforme disposto nos arts. 21 e 24 do CIRPC. Portanto não concorrem 
para a formação do lucro tributável40 as seguintes variações 
patrimoniais: entradas de capital, os incrementos patrimoniais sujeitos 
a impostos sobre as sucessões e doações, as contribuições, as saídas em 
dinheiro ou em espécie. 
Apurado o lucro tributável procede-se a terminação da matéria 
colectável. A matéria colectável determina-se pela dedicação ao lucro 
 
38 Conforme o art.75 do CIRPC enquadra-se no regime de contabilidade organizada as 
empresas públicas e as sociedades anónimas, as sociedades comerciais ou civis sob 
forma comercial, cooperativas e demais entidades que exerçam, a títuloprincipal, uma 
actividade comercial, industrial ou agrícola, com sede ou direcção efectiva em território 
moçambicano cujo volume de negocio do ano anterior seja superior a 2.500.000,00mt, 
e as sociedades comerciais ou civis sob forma comercia cooperativa e demais entidades, 
com sede ou direcção efectiva em território moçambicano, cujo volume de negocio do 
ano anterior seja igual ou inferior a 2.500.000,00mt, desde que tenha optado em regime 
de contabilidade organizada. 
39 Art.17 do CIRPC 
40 Ver também as situações do art. 20 n° 3 do CIRPC. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
108 
 
 
 
 
tributável dos prejuízos fiscais (art.41 do CIRPC) e dos benefícios fiscais 
eventualmente concedidos (n˚4 do art.15 do CIRPC), efectuando-se as 
correcções fiscais previstas nos artigos 49 à 52, conforme dispõe o 
art.15 do CIRPC. Quando se trata de prejuízos fiscais de sociedades 
fundidas ou cuidadas, podem ser deduzidas aos lucros tributáveis da 
nova sociedade ou da sociedade incorporante, mediante autorização do 
Ministro da Finanças, a qual esta condicionada a demonstração de que 
a fusão foi realizada por razoes económicas validas e se insere numa 
estratégia de redimensionamento e desenvolvimento empresarial com 
efeitos positivos na estrutura empresarial. 
 
Apurada a matéria colectável procede-se a liquidação do IRPC, 
aplicando-se a taxa do IRPC prevista no n˚1 do art.61 do CIRPC, ou seja, 
a taxa de 32%, apurando-se a colecta. Porém, para actividade agrícola e 
pecuária a taxa aplicada é de 10% ate 31 de Dezembro de 2015.Dispõe o 
n˚1 do art.66 do CIRPC que à colecta são efectuadas deduções relativas 
a dupla tributação económica dos lucros, dupla tributação 
internacional, benefícios fiscais e pagamento especial por conta. Porem 
estas deduções não devem ultrapassar o montante da colecta apurada. 
São efectuadas também as deduções por conta e retenções na fonte 
(n˚3 do art.67 do CIRPC). 
 
Esquema 
 
Resultado Liquido de Exercício + Variações Patrimoniais Positivas – 
Variações patrimoniais Negativas +/- Correcções Fiscais = Lucro 
Tributável – Prejuízos Fiscais Benefícios Fiscais +/- Correcções Previstas 
nos artigos 49 à 52 = Material colectável × Taxa = Colecta – Dupla 
Tributação Económica de Lucros Distribuídos, Dupla Tributação 
Internacional, Benefícios Fiscais, Pagamento Especial por Conta, 
Pagamento por Conta, Retenções na Fonte = IRPC 
 
Segundo o n˚2 do art.75 do CIRPC, no regime simplificado de 
escrituração enquadram-se as 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
109 
 
 
 
 
sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativas, 
empresas públicas e demais entidades residentes que exerçam, a título 
principal, uma actividade comercial, industrial ou agrícola, com sede ou 
direcção efectiva em território moçambicano, ou com estabelecimento 
estável em território moçambicano, cujo volume de negócios do ano 
anterior seja igual ou inferior a 2.500.000,00mt, desde que tenha 
optado por este regime. 
 
Os sujeitos passivos residentes, acima referenciados, apuram a sua 
matéria colectável e liquidam o imposto seguindo as regras aplicáveis 
aos sujeitos passivos residentes com contabilidade organizada. Nos 
termos do n˚2 do art.15 do CIRPC, estes não deduzem os prejuízos 
fiscais. 
 
Esquema 
 
Resultado Liquido de Exercício + Variações Patrimoniais Positivas – 
Variações Patrimoniais Negativas +/- Correcções Fiscais = Lucro 
Tributável – Benefícios Fiscais +/- Correcções Previstas nos artigos 49 à 
52 = Material Colectável × Taxa = Colecta – Dupla Tributação Económica 
de Lucros Distribuídos, Dupla Tributação Internacional, Benefícios 
Fiscais, Pagamento Especial por Conta, Pagamentos por Conta, 
Retenções na Fonte = IRPC 
 
Nos termos do n˚1 do art.47 do CIRPC, ficam abrangidos pelo regime 
simplificado de determinação do lucro tributável os sujeitos passivos 
residentes que exerçam a título principal, uma actividade de natureza 
comercial, industrial ou agrícola, com excepção das empresas públicas 
e sociedades anónimas e que apresentem, um volume de negócios não 
superior a 2.500.000,00mt e que não tenham optado pelo regime de 
contabilidade organizada ou pelo regime simplificado de escrituração. 
 
O apuramento do lucro tributável dos sujeitos passivos acima 
mencionados, é apurado mediante aplicação dos coeficientes de 0,20 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
110 
 
 
 
 
ao valor das vendas de mercadorias e de produtos e das prestações de 
serviços de alojamento, restauração e bebidas e 0,30 nos restantes 
proveitos. Ao lucro tributável apurado não se aplica deduções de 
prejuízos fiscais mas deduz-se os benefícios fiscais (n˚s 2 e 4 do art.15). 
 
Apurada a matéria colectável procede-se a liquidação do IRPC, 
aplicando-se a taxa do IRPC prevista no art.61, apurando-se a colecta. À 
colecta são efectuadas as deduções relativas a dupla tributação 
económica dos lucros distribuídos, dupla tributação internacional e 
benefícios fiscais, são efectuadas também as deduções de pagamento 
por conta e retenções na fonte, não se efectua a dedução relativa ao 
pagamento especial por conta porque, nos termos do n˚4 do art.71 do 
CIRPC, os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado de 
determinação do lucro tributável não fazem este pagamento. 
 
Esquema 
 
Valor das Vendas (proveitos) ×0,20 ou 0,30 = Lucro Tributável – 
Benefícios Fiscais = Matéria colectável × taxa = colecta – Dupla 
Tributação Económica de Lucros Distribuídos, Dupla Tributação 
Internacional, Benefícios Fiscais, Benefícios por Conta, Retenções na 
Fonte = IRPC. 
 
 
 
 
Unidade Temática n°7: (Continuação) 
 
1 - Sujeitos passivos residentes que não exerçam, a título principal, actividades de natureza 
comercial, industrial ou agrícola. 
 
Estes sujeitos passivos, o seu objecto principal não é a obtenção de 
lucros, mas sim a realização dos seus fins estatutários, e só são 
tributados em IRPC quando obtenham rendimentos provenientes do 
exercício de uma actividade de natureza comercial, industrial ou 
agrícola, desenvolvida a título acessório, bem como rendimentos de 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
111 
 
 
 
 
aplicação de capitais, ganhos de mais-valias e rendimentos prediais. 
 
E assim, o n˚3 do art.43 afasta da tributação as quotas pagas pelos 
associados em conformidade com os estatutos, bem como os subsídios 
recebidos e destinados a financiar a realização dos fins estatutários. 
 
Tratando-se de sujeitos que não exerçam, a título principal, actividades 
de natureza comercial, industrial ou agrícola, o IRPC incide sobre o 
rendimento global [al. b) do n˚ do art. 4 do CIRPC].Segundo o n˚1 do 
art.42 do CIRPC o rendimento global é formado pela soma algébrica dos 
rendimentos líquidos das várias categorias determinados nos termos do 
CIRPCS, isto é, depois de feitas as deduções específicas. 
 
Entretanto, para a determinação da matéria colectável, ao rendimento 
global faz-se dedução dos custos indispensáveis à obtenção de 
rendimentos que não tenham sido considerados na determinação do 
rendimento global. O art.43 determina que estes custos são deduzidos 
da seguinte forma: 
 
a) Se estiver apenas ligados à obtenção de rendimentos sujeitos e 
não isentos, são deduzidos na totalidade ao rendimento global; 
b) Se estiver ligado à obtenção de rendimentos sujeitos ou isentos, 
deduz-se ao rendimento global parte dos custos comuns que for 
imputável aos rendimentos sujeitos e não isentos. 
 
Apurada a matéria colectável procede-se a liquidação do imposto, ou 
seja, determinação da Colecta. À colecta efectua-se a dedução relativa 
a dupla tributação económica, dupla tributação internacional e retenção 
na fonte. 
 
No entanto, segundo o art.77 no que diz respeitoao registo das 
operações, estas entidades estão obrigadas a possuir o livro de registo 
de rendimentos, livro de registo de encargos, livro de registo de 
inventário, balanço, razão e diário. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
112 
 
 
 
 
2 - Sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável 
 
A tributação dos sujeitos passivos não residentes limita-se aos 
rendimentos obtidos em território moçambicano, isto por forca do n˚2 
do art.5 do CIRPC. 
 
Segundo o art.44 o apuramento do imposto destes sujeitos passivos 
obedece, as regras impostas para os sujeitos passivos residentes que 
exerçam, a título principal, de natureza comercial, industrial ou agrícola. 
Porem para a determinação do lucro tributável pode ser deduzido como 
custos os encargos gerais de administração imputáveis ao 
estabelecimento estável repartidos com base num dos seguintes 
critérios: 
 
a) Utilização pelo estabelecimento estável dos bens e serviços a 
que respeitam os encargos gerais; 
b) Volume de negócios; 
c) Custos directos; 
d) Imobilizado corpóreo. 
 
 
 
3 - Sujeitos passivos não residentes sem estabelecimento estável 
 
A tributação destes rendimentos também limita-se aos rendimentos 
obtidos em território moçambicano, isto por força do n˚2 do art.5 do 
CIRPC. A tributação destes sujeitos é efectuada individualizando cada 
um dos seus rendimentos de acordo com as categorias correspondentes 
para efeitos do IRPS (art.45 do CIRPC). 
 
Os rendimentos individualizados são tributados por uma taxa 
liberatória de 20%, excepto os rendimentos derivados de prestação de 
serviços de telecomunicações e transportes internacionais e os 
rendimentos de título cotados na bolsa de valores de Moçambique, que 
são tributados a taxa liberatória de 10%, nos termos do n˚2 do art.62 do 
CIRPC. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
113 
 
 
 
 
O art.43 do RCIRPC dispõe que os sujeitos passivos acima são obrigados 
a designar uma pessoa singular ou colectiva residente em território 
moçambicano para os representar junto da AT quanto as suas 
obrigações tributarias. A nomeação de representante é feita na 
declaração de inscrição no registo a que se refere a al. a) do n˚1 do 
art.36 do RCIRPC, na DAF do representante, no prazo de 15 dias a contar 
da data das ocorrências do facto que originou o direito aos mesmos 
rendimentos, segundo o art.43 e n˚2 do art.37 do RCIRPC. 
 
4 - Aplicação de métodos indirectos 
 
Segundo o art.46 do CIRPC a aplicação de métodos indirectos verifica- 
se no caso de inexistência de contabilidade organizada ou dos livros de 
registo exigidos, recusa de exibição de contabilidade, existência de 
diversas contabilidades, e erros ou inexactidões no registo das 
operações. Nos termos do art.48 do CIRPC, na determinação do 
rendimento líquido por métodos indirectos a administração tributária 
toma em consideração todos elementos ao seu dispor. 
 
5 - Pagamentos antecipados 
 
5.1 - Pagamento por conta 
 
As entidades residentes e não residentes com estabelecimento estável 
em território moçambicano, que exerçam a título principal, uma 
actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, são obrigadas 
nos termos do art.70 do CIRPC conjugado com al. a) do n˚1 do art.27 do 
RCIRPC, a efectuar três pagamentos por conta, nos meses de Maio, 
Junho e Setembro, do ano a que respeita o lucro tributável, ou no caso 
de opção por período de tributação diferente do ano civil, no quinto, 
sétimo e nono mês do respectivo período de tributação 
 
O art.72 do CIRPC permite ao sujeito passivo suspender os pagamentos 
por conta, quando pelos elementos de que disponha, que o montante 
dos pagamentos por conta já efectuados é igual ou superior ao imposto 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
114 
 
 
 
 
previsivelmente devido, para tal, devera remeter aos serviços fiscais 
uma declaração de limitação de pagamentos por conta, de modelo 
oficial, devidamente assinada e datada, até ao termo do prazo para o 
pagamento. 
 
5.2 - Pagamento especial por conta 
 
As entidades residentes e não residentes com estabelecimento estável 
em território moçambicano, que exerçam a titulo principal, uma 
actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, com excepção 
das que iniciam a actividades das abrangidas pelo regime simplificado 
de determinação de lucro tributável ficam, nos termos do art.71 do 
CIRPC conjugado com o art.29 do CIRPC, sujeitos a um pagamento 
especial por conta a efectuar nos meses de Junho, Agosto e Outubro, 
no próprio ano a que respeita o lucro tributável, ou no caso de opção 
por período de tributação diferente do ano civil, no sexto, oitavo e 
decimo mês do período de tributação. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim destas lições, faça a recapitulação e responda as 
seguintes questões: 
1 - Aborde a respeito das isenções subjectivas a requerimento em sede 
do IRPC. 
 
2- Faça a destrinça entre a situação dos sujeitos passivos não residentes 
sem estabelecimento estável e a dos sujeitos passivos não residentes 
com estabelecimento estável, em sede da tributação do IRPC. 
Tópicos de respostas 
 
1 – Vincar que o regime das isenções no CIRPC encontram-se previstas 
no capítulo II. Quanto às isenções subjectivas a requerimento, elas 
estão previstas na al. c) do n˚1 do art.10 do CIRPC. Podem requerer esta 
isenção as associações de mera utilidade pública que prossigam fins 
científicos ou culturais, de caridade, assistência ou beneficência 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
115 
 
 
 
 
relativamente a exploração directa de jogos de diversão social, edição 
ou comercialização de livros ou outras publicações que se destinam a 
complementar a realização do seu objecto básico. 
 
2 – Requeria-se do estudante focalizar o facto de a tributação dos 
sujeitos passivos não residentes sem estabelecimento estável limitar-se 
aos rendimentos obtidos em território moçambicano, isto por força do 
n˚2 do art.5 do CIRPC. Já a tributação dos sujeitos passivos não 
residentes com estabelecimento estável é efectuada individualizando 
cada um dos seus rendimentos de acordo com as categorias 
correspondentes para efeitos do IRPS (art.45 do CIRPC). 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
116 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°8: Imposto Simplificado de Pequenos 
Contribuintes (ISPC) 
 
1. Definição e contribuintes 
Este imposto é regulado pela lei n° 5/2009 de 12 de Janeiro. Que tem 
como principais contribuintes todos os sujeitos passivos que praticam 
actividade ou negócio informal. Tem como finalidade reduzir os custos 
de cumprimento das obrigações tributárias e os encargos de fiscalização 
e o controlo do procedimento, propiciando, assim, o alargamento da 
base tributária tendo em contas o volume do negócios e o rendimento 
possível de arrecadar pelo contribuinte deste tipo de imposto. 
No que se refere a sua natureza e âmbito, decorre do artigo 2° desta lei 
que é um imposto directo e aplicávelàs pessoas singulares ou colectivas 
que exerçam, no território nacional, actividade agrícola, industrial ou 
comercial, de pequena dimensão incluindo a prestação de serviços. 
Portanto, recai sempre sobre o rendimento das pessoas. 
Uma vez que recaem sobre actividade de pequena dimensão são 
tributadas aos sujeitos que desenvolvem actividade agrícola, o 
comércio ambulante, o comércio geral por grosso, a retalho e misto e o 
comércio rural, incluindo em bancas, barracas, quiosques, cantinas, 
lojas e tendas, bem como a indústria transformadora e a prestação de 
serviços, abrangendo os importadores e os exportadores41, tendo como 
volume de negócios anual valor inferior ou igual a 2.500.000.00Mt, 
sendo de carácter optativo o seu pagamento42. Ainda nesta linha de 
pensamento há que referir que o volume do negócio é calculado assim 
que termina o ano económico. Para além do volume do negócio 
mencionado cabe acrescentar que os contribuintes deste imposto não 
são obrigados a ter contabilidade organizada, e no caso do sujeito 
passivo que iniciam a sua actividade, o volume de negócios a tomar em 
consideração é estabelecido de acordo com a previsão efectuada pelo 
 
41 Artigo 3° da lei n° 5/2009 de 12 de Janeiro 
42 Artigo 2° da mesma lei 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
117 
 
 
 
 
sujeito passivo na declaração de início da actividade e confirmada pela 
Administração tributária43. 
Aos devedores deste imposto é excluído o pagamento do IVA, IRPS e 
IRPC desde que pretendam transmitir bens e prestar serviços44. Na 
mesma linha, para o caso de afeição de outros rendimentos da segunda 
categoria do IRPS, ficam os devedores deste imposto isentos do 
pagamento daquele imposto, sendo os restantes rendimentos de 
outras categorias excluídos da referida isenção, devendo ser declarados 
para o efeito de tributação em IRPS.45 
A execução é devida por cada ano fiscal, que coincide com o ano civil46, 
sendo a taxa anual, em regra, de 75.000.00 Mt47, e alternativamente a 
taxa de 3% sobre o volume do negócio desse ano48. 
 
2. Benefícios 
Os sujeitos passivos que optem por este imposto hão-de beneficiar de 
50% de desconto no primeiro ano do exercício da actividade 
económica49. Ficam isentos do pagamento desta imposto os que 
renderem o equivalente a 36 salários mínimos do salário mínimo mais 
elevado em 31 de Dezembro do ano anterior ao que respeitam os 
negócios50. 
Este imposto tem como base tributável, para efeitos de pagamento da 
taxa de 3% sobre o volume dos negócios, o volume do negócio realizado 
em cada trimestre do ano civil51. 
 
 
 
 
 
43 Artigo 4 da mesma lei 
44Artigo 5 
45 Art. 5 n° 2 
46 Art. 6 
47 Art. 8 n° 1 
48Art. 8 n° 2 
49Art. 8 n° 3, não sendo compreensível se é ou não retroactivo aos que já praticam 
actividade económica a tempo anterior a criação deste imposto 
50 Art. 7 
51 Art. 9 n° 1 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
118 
 
 
 
 
A liquidação do imposto cabe ao próprio sujeito passivo na declaração 
do modelo oficial52, tendo, na falta da liquidação pelo sujeito passivo, 
de a tarefa recair sobre a administração tributaria com base em todos 
os elementos de que disponha53. 
Aos sujeitos que optarem por este tipo de imposto recai a obrigação de 
declarar o início, a alteração, e a cessação da sua actividade54, para além 
de emitir documentos simplificado comprovativo das operações 
realizadas, bem como a proceder ao seu registo55. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
 
Chegado ao fim destas lições, faça a recapitulação e responda as 
seguintes questões: 
 
1 – Quais as condições necessárias para que um contribuinte possa 
beneficiar do regime ISPC? 
 
2 – Aborde sobre os benefícios concedidos aos sujeitos passivos que 
optem pelo regime do ISPC. 
Tópicos de respostas 
 
1 –O estudante deve vincar os seguintes requisitos: não ter o sujeito 
passivo volume anual de negócios superior a 2.5000.000, Mt; não ser o 
sujeito passivo obrigado a ter contabilidade organizada e optar pelo 
ISPC. 
 
2 - Os sujeitos passivos que optem por este imposto hão-de beneficiar 
de 50% de desconto no primeiro ano do exercício da actividade 
económica além disso, ficam isentos do pagamento deste imposto os 
que renderem o equivalente a 36 salários mínimos do salário mínimo 
 
52 Art. 10 n° 1 
53Art. 10 n° 2 
54Art. 11 
55Art. 12 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
119 
 
 
 
 
mais elevado em 31 de Dezembro do ano anterior ao que respeitam os 
negócios. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
120 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°9: O Imposto sobre o Valor 
Acrescentado (IVA) 
 
1 - Incidência 
Estão sujeitos ao IVA as transmissões de bens e prestações de serviços 
efectuados a título oneroso56 no território de Moçambique e as 
importações de bens57. Os requisitos de sujeito passivo estão no art. 2 
do CIVA. Além destes, há que considerar os que pela aquisição dos 
serviços enumerados no n° 7 do art. 6 estão obrigados a fazer 
autoliquidação do imposto, mediante a emissão de uma nota de 
lançamento que evidenciará o valor do imposto relativo à prestação de 
serviços obtida da entidade não residente em Moçambique. Este 
dispositivo deve ser conjugado com a al. d) do n° 1 do art. 18 que 
preconiza a dedutibilidade do imposto autoliquidado, excepto se os 
adquirentes dos serviços realizem apenas operações sem direito a 
dedução.58 
 
2 - Isenção 
Há dois tipos de isenção a este tipo de imposto: as isenções completas 
e as isenções incompletas. Nas isenções completas, o sujeito passivo 
não liquida o imposto aos seus clientes mas tem direito à dedução do 
imposto suportado. Estão isentos completamente as situações 
previstas nos arts. 9 n° 7 al b); 9 n° 10; 9 n° 13 als. d) e f); 14 n° 1 als. b) 
e d) e n° 2 do mesmo artigo 14.Nas isenções incompletas o sujeito 
passivo não liquida o imposto aos seus clientes e, em contrapartida, tem 
o direito a deduzir o imposto suportado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 Há casos de prestações gratuitas sujeitas ao IVA conforme consta do art 3 al e) 
CIVA 
57Arts 1 e 6 CIVA 
58Pene, op. cit 208 
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3 - Regimes de tributação 
 
3.1 - Regime Normal 
Enquadram-se neste regime os sujeitos passivos com volume anual de 
negócios igual ou superior a 2 500 000 Mt; os sujeitos passivos que para 
efeitos de tributação sobre rendimentos possuem ou sejam obrigados 
a possuir contabilidade organizada; os sujeitos passivos que fazem 
operações de exportação e importação e aqueles sujeitos com volume 
anual de negócio inferior ao citado acima mas que tenham optado pelo 
regime normal. 
Neste regime o imposto é apurado através da aplicação da taxa de 17% 
conforme o art. 17, ao valor tributável referido nos arts. 15 e 16. Esse 
valor é constituído pela contraprestação obtida ou a obter do 
adquirente dos bens e serviços, incluindo os impostos (Excepto o IVA), 
os direitos, as taxas, as despesas acessórias debitadas quando respeitema comissões, embalagens, transporte e seguro por conta do cliente. 
Exceptuam-se as indemnizações decorrentes do incumprimento do 
contrato, os descontos, abatimentos ou bónus concedidos, as 
prestações feitas em nome do adquirente registadas em contas de 
terceiros e as quantias respeitantes a embalagens efectivamente 
transaccionadas se da factura ou documento conste a convenção de 
que serão devolvidas. 
O imposto liquidado pelo sujeito passivo deve ser adicionado ao valor 
da factura para efeito da sua exigência aos adquirentes da mercadoria 
ou aos utilizadores dos serviços (ar.t 28) ou incluído no preço nos casos 
em que não se exige a factura. A emissão de factura é dispensável nos 
casos previstos no art. 31 do CIVA. Excluem-se da dedução os casos de 
isenção, excepto se o beneficiário, podendo, renuncia a isenção nos 
termos do art. 11, e ainda os previstos no art. 20. 
Os sujeitos passivos do art. 20 estão obrigados a emitir factura ou 
documento equivalente e a entregar mensalmente a declaração da 
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actividade do mês antessente, indicando o imposto devido e os 
elementos que servem de base para o seu cálculo. 
 
3.2 - Regime simplificado 
Facultado aos que cumulativamente preencham os seguintes 
requisitos: volume anual de negócios superior a 750000 ma e inferior a 
2 500 000 Mt; para efeitos da tributação sobre rendimentos não 
possuírem e não forem obrigados a ter contabilidade organizada; não 
efectuarem operações de importação ou de exportação ou actividade 
conexas e não tenham optado pelo regime normal. (art. 42 nº 1) Estes 
sujeitos passivos apuram o imposto devido aplicando a taxa de 5% ao 
valor das vendas ou serviços realizados. (art. 42 nº 2) 
Os sujeitos abrangidos neste regime devem pagar o imposto 
trimestralmente nos meses de Abril, Junho, Outubro e Janeiro. Devem 
emitir a factura ou documento equivalente que, entretanto não confere 
direito à dedução, devendo constar expressamente na menção (“IVA – 
não confere direito à dedução). Os sujeitos passivos do regime 
simplificado estão obrigados a liquidar o IVA nas suas operações activas, 
mas sem direito ao adquirente dos bens do direito a dedução. 
 
 
 
3.3 - Regime de isenção 
Previsto nos arts. 35 a 45. É este regime aplicável aos sujeitos passivos 
cujo volume anual do negócio é inferior a 750 000 Mt e para efeitos dos 
impostos sobre rendimentos não possuam e nem sejam obrigados a ter 
contabilidade organizada, não efectuem operações de importação ou 
exportação e que não tenham optado pelo regime normal. Os sujeitos 
sujeitos a este regime não liquidam e nem deduzem o imposto (art. 36). 
Embora isentos os sujeitos devem emitir factura ou documento 
equivalente mas com informação “IVA – regime de Isenção”. 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim destas lições, faça a recapitulação e responda as 
seguintes questões: 
 
1 - Indique a matéria sobre que incide o IVA 
 
2 – Fale da periodicidade de pagamento do IVA para os contribuintes do 
regime simplificado. 
Tópicos de respostas 
 
1 - Estão sujeitos ao IVA as transmissões de bens e prestações de 
serviços efectuados a título oneroso, havendo também situações de 
transmissões gratuitas, conforme o art. 3 al. e) do CIVA, desde que 
tenham tido lugar no território de Moçambique e as importações de 
bens. 
2 - Os sujeitos abrangidos no regime simplificado devem pagar o 
imposto trimestralmente nos meses de Abril, Junho, Outubro e Janeiro. 
Devem emitir a factura ou documento equivalente que, entretanto não 
confere direito à dedução, devendo constar expressamente na menção 
(“IVA – não confere direito à dedução). 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
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WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n°10: Outros impostos 
 
1 - Imposto sobre consumos específicos ICE 
O código deste imposto foi aprovado pela lei 17/2009 de 10 Setembro. 
Tributa o tabaco, as bebidas alcoólicas, veículos automóveis, perfumes 
e águas-de-colónia. Preparações capilares e outros a partir do momento 
da sua produção e importação. As taxas de tributação estão em anexo 
no código. 
 
2 - Direitos aduaneiros 
Incidem sobre mercadorias que estão consignadas na pauta aduaneira 
importadas e exportadas no território aduaneiro e foi aprovado pela lei 
n° 6/2009 de 10 de Março. 
 
3 - Imposto do selo 
Previsto no art. 70 n° 1 al a) e regulado no código aprovado pelo dec. n° 
6/2004 de 1 Abril, mas sofrendo alterações por forca do dec. 38/ 2005 
de 29 de Agosto. 
Nos termos do art. 2 n° 1 do CIS, o imposto do selo incide sobre todos 
os documentos, contratos, livros, papéis e actos designados na tabela 
respectiva, desde que não tributam no IVA, nomeadamente as acções 
de sociedades anónimas, a aquisição de direito de propriedade sobre 
imóveis, o arrendamento e subarrendamento, as garantias das 
obrigações, os actos notariais, etc. Segundo o art. 4 n° 1 do CIS que os 
referidos documentos, contratos, livros, papeis e actos designados na 
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tabela do imposto do selo ficam sujeitos ao imposto do selo quando 
tenham ocorrido em território nacional. Já o n° 2 sujeita ao imposto do 
selo determinados actos ocorridos fora do território nacional, 
designadamente os documentos, actos ou contratos celebrados fora do 
território nacional, quando apresentados em Moçambique para 
quaisquer efeitos legais. 
 
4 - Imposto sobre as sucessões e doações 
Previsto na al. b) do nº 1 do art. 70 da lei 15/2002 de 26 de Junho. O 
respectivo código foi aprovado pela lei 28/2007 de 4 de Dezembro. O 
regulamento do código de imposto foi aprovado pelo dec. n° 21/ 2008 
de 27 de Junho. 
Este imposto incide sobre as sucessões e doações, ou seja, incide sobre 
a transmissão por sucessão hereditária e sobre as transmissões 
gratuitas de coisas móveis ou imóveis. Exceptuam-se entretanto as 
transmissões a título de pensões e subsídios de morte e as doações de 
bens a título de caridade, assistência ou beneficência quando 
destinados a fazer face a situação de carência económica e social ou 
mesmo situação de calamidade pública. 
Os sujeitos passivos são os adquirentes e eles devem paga-lo sempre se 
o bem em transmissão se encontrar em Moçambique (art. 5 n 1 al b 
CISD). A obrigação de pagar nasce na data da abertura da sucessão 
(morte ou declaração da morte presumida) ou no dia da celebração do 
negócio no caso de transmissão inter vivosart. 7 do CISD. A taxa é de 2% 
no caso de transmissão a favor de descendentes, cônjuges e 
ascendentes; de 5% se a transmissão for a favor dos colaterais e 10% 
nos restantes casos. Estas taxas são aplicadas sobre o valor ou preço 
normal dos bens conforme consta dos arts. 9 a 12 do CISD, deduzidos 
os encargos e dívidas enumerados no art. 13. 
A liquidação é efectuada pela direcção da área fiscal do transmitente, 
com base na participação relativa ao 
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falecimento do autor da sucessão, na declaração de morte presumida 
ou na declaração do acto ou contrato que implique a transmissão 
gratuita dos bens a ser apresentado pelo sujeito passivo (arts.7 e 17 do 
CISD e art. 9 do respectivo regulamento). 
O pagamento deste imposto é efectuado na totalidade até ao fim do 
mês seguinte àquele em que terminarem os prazos gerais de 
reclamação ou recurso hierárquico ou contencioso da liquidação. (art 
32 n 1 do CISD). Fora destes prazos, fica o devedor responsável pelos 
juros de mora nos termos do art. 24 do Regulamento do CIRPS. Há a 
notar o facto de o imposto de transmissão mortis causa a favor dos 
descendentes, ascendentes e adoptados não ser tributável se os bens 
herdados forem inferiores a 500 salários mínimos, deduzidas as dívidas 
e encargos da herança. (art. 15 do CISD). 
 
5 - SISA 
Previsto na lei 15/ 2002 de 26 de Junho, al c, art 70 e cujo código foi 
aprovado pelo dec 46/ 2004 de 27 de Outubro. 
Este imposto incide sobre a transmissão a título oneroso do direito de 
propriedade sobre prédios urbanos situados no território nacional ou 
figuras afins. Inclui-se neste imposto a promessa de aquisição do prédio 
logo que se verifica a tradição ou quando o promitente adquirente 
esteja a usufruir do prédio; a aquisição de prédios urbanos por troca ou 
permuta no caso haja diferença dos valores declarados ou dos valores 
patrimoniais’ o arrendamento com cláusula de que o prédio arrendado 
passa para a propriedade do arrendatário pago o número de rendas 
convencionadas; os contratos de arrendamento com prazo de duração 
superior a 20 anos; a entrada no capital social das sociedades 
comerciais com prédios urbanos e a transmissão de prédios urbanos por 
fusão ou cisão de sociedade. 
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São prédios urbanos os edifícios incorporados no solo, com os terrenos 
que lhe sirvam de logradouro e cada fracção autónoma. (art. 2 de CS e 
204 do CC). 
São sujeitos passivos as pessoas a quem se transmitem os direitos sobre 
prédios urbanos, ocorrendo a obrigação de pagar o imposto desde o 
momento da transmissão da propriedade. (art 3 do CS conjugado com 
o art. 4 n° 2. 
A taxa deste imposto é de 2% e aplica-se sobre o valor declarado da 
transmissão ou valor do prédio urbano (art. 10 n° 1 do CS), salvas as 
excepções do ar 8, como é o caso da taxa de imposto da locação que é 
tirada do valor residual. 
O pagamento deve ser feito no próprio dia da liquidação ou no primeiro 
dia útil seguinte e, a liquidação precede o acto da transmissão, nos 
termos dos arts15 e 24 do CS. É sujeito a juros a mora do devedor nos 
termos do art. 25 do CIRPC. 
 
6 - Imposto Especial Sobre o Jogo 
Previsto na al. b) nº 1 do art. 70 d alei 15/ 2002 de 26 de Junho e 
regulado nos arts 67 e ss da lei n 8/94 de 14 de Setembro. É um imposto 
que incide sobre as receitas brutas provenientes da exploração de jogos 
de fortuna ou azar, no território nacional, deduzidos os ganhos ou 
pagamentos aos jogadores. São sujeitos passivos os concessionários 
desses jogos. 
 
7 - Imposto de reconstrução nacional IRN 
Regulamentado através do dec. 4/87 de 30 de Janeiro e representa a 
contribuição mínima da cada cidadão para gastos públicos e incide 
sobre todas as pessoas residentes no território nacional, verificadas as 
circunstâncias de idade, ocupação e aptidão para trabalhar constantes 
do respectivo regulamento. 
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8 - Imposto sobre veículos 
Previsto no art. 70 n° 2 al f) da lei 15/2002 de 26 de Junho, 
regulamentado através do dec. n° 19/ 2002 de 30 de Julho. Incide sobre 
o uso e fruição de automóveis ligeiros e pesados de antiguidade menor 
ou igual a vinte e cinco anos, motociclos de passageiros com ou sem 
carro de antiguidade igual ou menor a quinze anos, aeronaves e barcos 
de recreio com motor de uso particular, matriculados ou registados nos 
serviços competentes no nosso país ou, no caso de não haver registo, 
passados cento e oitenta dias a contar da sua entrada no território 
nacional, venham a circular ou a ser usados em condições normais da 
sua utilização. 
 
9 - Imposto sobre a Produção Mineira 
Criado pela lei n 11/2007 de 27 de Junho. Incide sobre o valor da 
quantidade do produto mineiro extraído da terra, em resultado da 
actividade mineira exercida no território nacional ao abrigo ou não do 
título mineiro, independentemente da venda, exportação ou outra 
forma de disposição do produto. São devedores deste imposto as 
pessoas que extraem produtos mineiros, tendo ou não título mineiro. A 
sua taxa varia de 3 a 10%, dependendo do tipo de produto mineiro 
extraído, sendo aplicável sobre a quantidade deste. O imposto é 
liquidado mensalmente pelo próprio sujeito passivo. 
 
10 - Imposto sobre a superfície 
Instituído pela lei n 11/2007 de 27 de Junho. Incide sobre a área sujeita 
a licença de reconhecimento, de prospecção e pesquisa, concessão 
mineira ou certificado mineiro. No caso de água mineral incide sobre 
cada título mineiro. São sujeitos passivos deste imposto os titulares de 
licença de reconhecimento, prospecção e pesquisa e ainda os titulares 
da concessão mineira ou certificado mineiro. As taxas variam de acordo 
com a área abrangida, mas no caso de água a taxa é de 70 000 Mt. O 
imposto é anual. 
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11 - Imposto Específico da actividade petrolífera 
Este imposto59 incide sobre o petróleo produzindo em Moçambique e é 
devido pelos titulares do direito de exercício de operações petrolíferas. 
A obrigação nasce no momento da extracção do petróleo do jazigo. A 
taxa é de 10% para o petróleo bruto e 6% para o gás natural. 
 
12 - Imposto pessoal Autárquico 
Este imposto incide sobre as residentes de uma autarquia, 
independentemente de ser nacionais ou estrangeiros, quando tenham 
idade entre 18-60 anos. Este imposto é determinada mediante a 
aplicação da taxa que varia de 1-4% sobre o salário mínimo nacional 
mais elevado em vigor, de acordo com a classificação da autarquia local. 
 
13 - Imposto predial autárquico 
Incide sobre o valor patrimonial dos prédios que consta das matrizes 
prediais e, na falta, do valor declarado pelo proprietário. A taxa é devida 
pelos titulares do imóvel e é de 0,4% para os prédios habitacionais e 
0,7% para prédios destinados à actividade de natureza comercial, 
industrial ou para exercício de actividades profissionais independentes. 
 
14 - Imposto autárquico da Sisa 
Substitui nas autarquias locais a Sisa e incide sobre a transmissão, a 
título oneroso, do direito de propriedade de imóveis localizados nas 
autarquias locais. É devido pelas pessoas singulares ou colectivas a 
quem se transmitem os direitos de propriedade. A taxa do imposto é de 
2% do valor patrimonial. 
 
15 - Imposto autárquico de veículos 
Substitui o imposto sobre veículos. São sujeitos passivos os 
proprietários dos veículos residentes ou com sede nas autarquias locais. 
 
 
 
 
 
59 Criado pela lei 11/2007 de 27 de Junho 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 –Fale da Incidência objectiva do Imposto sobre as sucessões e 
doações. 
2 –Fale da incidência subjectiva, objectiva e da taxa do Imposto Sobre 
a Produção Mineira. 
Tópicos das respostas: 
 
1 – Focalizar que o Imposto sobre as doações e sucessões incide sobre 
a transmissão de bens por via da sucessão hereditária e sobre as 
transmissões gratuitas de coisas móveis ou imóveis. Exceptuam-se 
entretanto as transmissões a título de pensões e subsídiosde morte e 
as doações de bens a título de caridade, assistência ou beneficência 
quando destinados a fazer face a situação de carência económica e 
social ou mesmo situação de calamidade pública. 
2 - São devedores do Imposto Sobre a Produção mineira as pessoas que 
extraem produtos mineiros, tendo ou não título mineiro. A sua taxa 
varia de 3 a 10%, dependendo do tipo de produto mineiro extraído, 
sendo aplicável sobre a quantidade deste. O imposto é liquidado 
mensalmente pelo próprio sujeito passivo. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
ISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo.

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