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Modulo de fiscalidade

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Prévia do material em texto

MANUAL DE LICENCIATURA DO 
CURSO DE GESTÃO DE EMPRESAS 
Fiscalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2022 ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual de Licenciatura do 
curso de gestão de Empresas 
Fiscalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2º ANO : Fiscalidade 
CÓDIGO ISCED32-CPOLCFE014 
TOTAL HORAS/ 1 
SEMESTRE 
125 
CRÉDITOS (SNATCA) 5 
NÚMERO DE TEMAS 4 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
i 
 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
 
Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), e contém reservado todos 
os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob 
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou 
outros), sem permissão expressa de entidade editora Universidade Aberta ISCED (UnISCED). 
A não observância do acima estipulado infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Aberta ISCED (UnISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23323501 
Cel: +258 823055839 
 
Fax:23323501 
 E-mail: direcção@unisced.edu.mz 
 Website: www.unisced.ac.mz 
mailto:direcção@unisced.edu.mz
http://www.unisced.ac.mz/
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
ii 
 
 
 
 
Agradecimentos 
A Universidade Aberta ISCED (UnISCED) agradece a colaboração dos seguintes 
indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
 
Autores Fonseca Aguilar Viegas, Licenciado em Direito pela 
Universidade Zambeze e em ensino de Filosofia pela 
Universidade Pedagógica delegação da Beira 
Constantino José Cossa, Licenciado em Direito pela 
Universidade Zambeze e em ensino de Filosofia pela 
Universidade Pedagógica delegação da Beira 
Coordenação 
Design 
Financiamento e Logística 
 
Revisão Científica e 
Linguística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
Direcção Académica da UnISCED 
 
Universidade Aberta ISCED (UnISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) 
Estrela Eduardo Soda Charles 
 
 
2016 
 
UnISCED-BEIRA 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
iii 
 
 
 
 
Índice 
 
 
Direitos de autor (copyright) i 
PREFÁCIO viii 
ABREVIATURAS ix 
VISÃO GERAL 11 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Fiscalidade ................................................................ 11 
Objectivos do Módulo ..................................................................................................... 11 
Quem deveria estudar este módulo ............................................................................... 12 
Como está estruturado este módulo .............................................................................. 12 
Ícones de actividade ....................................................................................................... 14 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 14 
Precisa de apoio? ............................................................................................................ 16 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)............................................................................... 17 
Avaliação ......................................................................................................................... 17 
TEMA – I: O DIREITO FISCAL E SEU ENQUADRAMENTO NO UNIVERSO DA CIÊNCIA 
JURÍDICA. 18 
Contextualização do tema ............................................................................................ 18 
UNIDADE Temática 1.1 Actividade Financeira e Direito Fiscal ...................................... 19 
1- Actividade financeira ......................................................................................... 19 
1.1-Noções fundamentais ...................................................................................... 19 
1.2-Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal ................................... 21 
2- Natureza e Âmbito do Direito fiscal ................................................................. 22 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 23 
Unidade Temática n° 2 - A Relações do Direito fiscal com Outros Ramos do Direito .... 25 
1 - Direito fiscal e direito constitucional ............................................................... 25 
2 - Direito fiscal e direito administrativo .............................................................. 26 
3 - Direito fiscal e direito processual ..................................................................... 26 
4 - Direito fiscal e direito penal ............................................................................. 26 
5 - Direito fiscal e direito internacional ................................................................. 26 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 27 
Unidade Temática n° 3: Fontes do direito fiscal ............................................................. 28 
1.1 -Constituição e princípios constitucionais em matéria de tributação .............. 28 
1.2-Lei no sentido restrito ..................................................................................... 31 
1.3-Decreto-lei ....................................................................................................... 31 
1.4-Regulamento (Decreto, Diplomas Ministeriais, o Regulamento das Autarquias 
Locais) ................................................................................................................... 31 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
iv 
 
 
1.5-Contractos Fiscais ........................................................................................... 32 
1.6- Convenções internacionais ............................................................................. 32 
1.7- Sobre o valor das Ordens Internas da Administração, Jurisprudência, 
Doutrina e Costume ............................................................................................... 34 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 34 
Unidade Temática n° 4 – A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais .................... 36 
1 - A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais ............................................. 36 
2- Aplicação das Leis Fiscais no Tempo ............................................................... 38 
3- Aplicação da Lei no Espaço .............................................................................. 39 
4 – O conceito de dupla tributação ........................................................................ 40 
4.1. O Problema da Dupla Tributação Internacional ............................................. 46 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 47 
TEMA – II: TEORIA GERAL DO IMPOSTO 49 
Contextualização ................................................................................................... 49 
Unidade Temática n° 1: Conceito do imposto, distinção do imposto e figuras afins e a 
classificação dos impostos .............................................................................................. 50 
1.1 Aspectos gerais ................................................................................................ 50 
1.2 - O imposto e as figuras afins.......................................................................... 50 
1.3 Objectivos do imposto ..................................................................................... 52 
1.4 - Classificação dos impostos ........................................................................... 53 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 55 
Unidade Temática n° 2: Fases do imposto ...................................................................... 57 
1 - Fases do imposto .............................................................................................. 57 
1. 1– A incidência .................................................................................................. 57 
1.2 - A fase administrativa..................................................................................... 57 
1.2.1 - Lançamento ................................................................................................ 58 
1.2.2 - Liquidação .................................................................................................. 58 
1.2.3 - Cobrança ou Pagamento ............................................................................. 58 
1.3 - O processo de execução fiscal....................................................................... 59 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 60 
TEMA – III: GARANTIAS 62 
Contextualização do tema...................................................................................... 62 
Unidade Temática n° 1 - Garantias ................................................................................. 63 
1 - Garantias do sujeito activo ............................................................................... 64 
1.1 - Garantias especiais ........................................................................................ 64 
2 - Garantias do sujeito passivo ............................................................................. 65 
2.1 - Garantia geral ................................................................................................ 65 
2.2 - Garantias impugnatórias................................................................................ 66 
2.3 - Garantias não impugnatórias ......................................................................... 66 
2.4 - Garantias impugnatórias administrativas (graciosas) .................................... 66 
2.4.1. Reclamação graciosa ................................................................................... 66 
2.4.2 - Recurso hierárquico ................................................................................... 68 
Unidade Temática n°2: Garantias (Continuação.) .......................................................... 68 
2.5 - Garantias impugnatórias contenciosas .......................................................... 68 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
v 
 
 
2.5.1 - Tutela jurisdicional .................................................................................... 68 
2.5.2 - Conceito de Garantias Contenciosas .......................................................... 70 
2.5.3 - Recurso Contencioso .................................................................................. 70 
2.5.4 - As acções .................................................................................................... 71 
2.5.4.1 - Acção para reconhecimento de um direito ou interesse legalmente 
protegido ................................................................................................................ 71 
2.5.4.2 - Acção para intimação para prática de um comportamento ..................... 71 
3 - Princípios do contencioso fiscal ....................................................................... 71 
3.1 - Princípio da tutela jurisdicional efectiva ....................................................... 71 
3.2 - Principio do inquisitório e da verdade material ............................................ 72 
3.3 - Princípio da celeridade .................................................................................. 72 
3.4 - Princípio da cooperação ................................................................................ 73 
4 - Infracções fiscais .............................................................................................. 73 
4.1 - Competência para julgamento das transgressões fiscais ............................... 74 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 75 
TEMA – IV: O SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO 78 
Contextualização do tema ............................................................................................ 78 
Unidade Temática n° 1 - A Origem Histórica do Direito Tributário Moçambicano ........ 78 
1.1 - As formas iniciais do imposto em Moçambique ........................................... 78 
1.2 - O Mussoco e o imposto de palhota ............................................................... 78 
2 - Os impostos Directos ....................................................................................... 82 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 83 
Unidade Temática n°2: A fiscalidade em Moçambique após a independência. ............. 85 
1 - O sistema tributário vigente à data da independência ...................................... 85 
1.1 - Características do sistema ............................................................................. 85 
1.2 - Principais impostos em vigor ........................................................................ 86 
2 - Reforma Iniciada em 1978 ............................................................................... 87 
3 - O PRE e a reforma fiscal de 1987 .................................................................... 88 
4 - A reforma fiscal de 2002 e os novos impostos do Sistema fiscal 
moçambicano ......................................................................................................... 88 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 89 
Unidade Temática n°: 3Tributação em IRPS ................................................................... 91 
1 - Incidência objectiva ......................................................................................... 91 
1.1 - Rendimentos de trabalho dependente ............................................................ 91 
1.1.1 - Rendimentos de trabalho dependente não sujeitos ao IRPS ...................... 92 
1.1.2 - Rendimentos de trabalho dependente isentos ............................................ 93 
1.2 - Rendimentos empresariais e profissionais – 2ª categoria ............................. 93 
1.3 - Rendimentos de capitais – 3ª categoria (art. 9 do CIRPS) ............................ 93 
1.4 - Mais-valias – 3ª categoria ............................................................................. 93 
1.5 - Rendimentos 4ª categoria .............................................................................. 94 
1.6 - Ganhos em numerário e incrementos patrimoniais – 5ª categoria ................ 94 
2 - Incidência subjectiva ........................................................................................ 95 
Unidade Temática n°4: Pagamento do IRPS (continuação) ............................................ 96 
1 - Retenção na fonte ............................................................................................. 96 
1.1 - Retenções na fonte com natureza de pagamento antecipado ........................ 96 
1.2 - Retenção na fonte com natureza de pagamento definitivo ............................ 97 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
vi 
 
 
1.3 - Pagamento por conta .....................................................................................97 
1.4 - Pagamento final ............................................................................................. 98 
2 - Apuramentos .................................................................................................... 98 
2.1 - Apuramento dos rendimentos líquidos de trabalho dependente (1ª 
categoria) ............................................................................................................... 98 
2.2 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 2ª categoria ................................. 98 
2.3 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 3ª categoria ................................. 99 
2.4 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 4ª categoria ............................... 101 
2.5 - Apuramento dos rendimentos líquidos da 5ª categoria ............................... 101 
3 - Rendimentos líquidos das categorias ao apuramento do IRPS final .............. 101 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 102 
Unidade Temática n°5: Tributação em IRPC ................................................................. 104 
1 - Aspectos gerais............................................................................................... 104 
2 - Isenções .......................................................................................................... 105 
3 - Período de tributação...................................................................................... 106 
Unidade Temática n°6: II – Determinação do IRPC (continuação) ............................... 106 
Esquema .............................................................................................................. 108 
Esquema .............................................................................................................. 109 
Esquema .............................................................................................................. 110 
Unidade Temática n°7: (Continuação) .......................................................................... 110 
1 - Sujeitos passivos residentes que não exerçam, a título principal, actividades de 
natureza comercial, industrial ou agrícola. .......................................................... 110 
2 - Sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável ...................... 112 
3 - Sujeitos passivos não residentes sem estabelecimento estável ...................... 112 
4 - Aplicação de métodos indirectos ................................................................... 113 
5 - Pagamentos antecipados ................................................................................ 113 
5.1 - Pagamento por conta ................................................................................... 113 
5.2 - Pagamento especial por conta ..................................................................... 114 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 114 
Unidade Temática n°8: Imposto Simplificado de Pequenos Contribuintes (ISPC) ........ 116 
1. Definição e contribuintes ........................................................................... 116 
2. Benefícios .................................................................................................. 117 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 118 
Unidade Temática n°9: O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) ......................... 120 
1 - Incidência ....................................................................................................... 120 
2 - Isenção ........................................................................................................... 120 
3 - Regimes de tributação .................................................................................... 121 
3.1 - Regime Normal ........................................................................................... 121 
3.2 - Regime simplificado ................................................................................... 122 
3.3 - Regime de isenção....................................................................................... 122 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 123 
Unidade Temática n°10: Outros impostos .................................................................... 124 
1 - Imposto sobre consumos específicos ICE ...................................................... 124 
2 - Direitos aduaneiros......................................................................................... 124 
3 - Imposto do selo .............................................................................................. 124 
4 - Imposto sobre as sucessões e doações ........................................................... 125 
5 - SISA ............................................................................................................... 126 
6 - Imposto Especial Sobre o Jogo ...................................................................... 127 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
vii 
 
 
7 - Imposto de reconstrução nacional IRN .......................................................... 127 
8 - Imposto sobre veículos ................................................................................... 128 
9 - Imposto sobre a Produção Mineira ................................................................ 128 
10 - Imposto sobre a superfície ........................................................................... 128 
11 - Imposto Específico da actividade petrolífera ............................................... 129 
12 - Imposto pessoal Autárquico ......................................................................... 129 
13 - Imposto predial autárquico ........................................................................... 129 
14 - Imposto autárquico da Sisa .......................................................................... 129 
15 - Imposto autárquico de veículos .................................................................... 129 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 130 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
viii 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
É com grande prazer que acolhemos o convite que a direcção da 
Universidade Aberta ISCED formulou no sentido de elaboração do 
módulo de Fiscalidade. Porém, no momento de organizar o conteúdo 
em observância ao programa facultado pela instituição tomamos 
consciência do compromisso que havíamos assumido. Como elaborar 
um módulo com uma bibliografia moçambicana deficiente, só 
colmatável através do recurso a obras estrangeiras. 
Assim, este módulo pretende motivar e auxiliar os estudantes para as 
problemáticas das diversas teorias relativas e subjacentes a Fiscalidade, 
mas, também naquilo que ela tem de inédito, que é o de trazer para o 
domínio público de uma forma sistemática, os fundamentos e a razão 
de ser das diversas transformações que o sistema tributário 
moçambicano se tem verificado. 
Longe de ser estático, este modulo exige uma permanente reedição 
para fazer face aos desafios da fiscalidade que esta em continuo 
processo de mudança na sociedade Moçambicana. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
ix 
 
 
 
 
ABREVIATURAS 
 
Al. Alínea 
 
AR – Assembleia da república 
Art.º – Artigo 
AT – Administração tributária 
CC – Código Civil 
CIR – Código do Imposto Sobre rendimento 
 
CIRPC – Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas 
CIRPS - Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares 
CIS – Código do Imposto de Selo 
CISD – código do imposto sobre as Sucessões e Doações 
 
CISPC – Código do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 
CIVA – Código do Imposto Sobrevalor Acrescentado 
CRM – Constituição da República de Moçambique 
 
CRPM – Constituição da República popular de Moçambique 
CS – Código do Sisa 
Dec. – Decreto 
 
ICE – Imposto sobre Consumos Específicos 
IPA – Imposto Pessoal Autárquico 
IPRA – Imposto Predial Autárquico 
 
IRN – Imposto de Reconstrução Nacional 
 
IRPC - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas 
IRPS - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares 
ISPC – Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 
ISSD – Imposto sobre as Sucessões e Doações 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE RECURSOS HUMANO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
x 
 
 
 
 
IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado 
 
LGT – Lei Geral Tributária (Lei 15/2002 de 26 de Junho) 
N° - Número 
OGE – Orçamento Geral do Estado 
 
PRE – Programa de Reabilitação Económica 
 
RCCI – Regulamento do Contencioso das Contribuições e Impostos 
 
RCIRPC – Regulamento do Código do Imposto sobre Rendimento de 
Pessoas Colectivas 
RCIRPS – Regulamento do Código do Imposto sobre Rendimento de 
Pessoas Singulares 
RGIT – Regimento Geral da Infracções Tributárias 
ss - Seguintes 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
11 
 
 
 
 
 
VISÃO GERAL 
 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Fiscalidade 
 
O mais importante em um Instituto Superior são as pessoas. Tudo o 
mais, a qualidade do ensino e da pesquisa, o respeito pela diversidade. 
Entre as pessoas que formam esta comunidade, destacam-se os 
estudantes. Assim, este módulo pretende motivar os estudantes para 
as problemáticas das relações fiscais na perspectiva de que esse 
fenómeno ocorre no jogo de mercado global, regional e nacional. 
 
 
 
 
Objectivos do Módulo 
 
Quando terminar o estudo, você será capaz de: 
 
a) Dominar a fiscalidade e o Direito Fiscal Moçambicano; 
 
b) Conhecer o Direito Fiscal e as normas que disciplinam a 
Fiscalidade; 
c) Conhecer a teoria geral do Direito Fiscal; 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
No final deste modulo esperamos que tenha capacidade de: 
a) Compreender as garantias dos Contribuintes; 
 
b) Especificar os crimes fiscais. 
 
d) Conhecer a relação jurídica Fiscal; 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
12 
 
 
 
 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
 
Este módulo destina-se a todos os estudantes do Instituto Superior de 
Ciências e Educação a Distância que inclui no plano curricular do seu 
curso a disciplina de Fiscalidade. 
 
Como está estruturado este módulo 
 
O módulo apresenta uma estrutura da seguinte maneira: 
 
Páginas introdutórias 
 
▪ Um índice completo. 
 
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades 
. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, 
objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades práticas, algumas incluindo estudo de caso. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
13 
 
 
 
 
 
Outros recursos 
 
A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em 
si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio 
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo 
para você explorar. Para tal o UnISCED disponibiliza na biblioteca do 
seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o 
seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para 
além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, 
pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda 
as possibilidades dos seus estudos. 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção 
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
14 
 
 
 
 
Comentários e sugestões 
 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- 
Pedagógico, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
. 
 
 
 
 
Ícones de actividade 
 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de 
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. 
Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar 
a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, 
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se 
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante 
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões 
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo 
dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
15 
 
 
 
 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de 
estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no 
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta 
sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em 
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de 
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com 
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo 
em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que 
já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar 
o útil ao agradável: Saber comprofundidade todos conteúdos de cada 
tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo 
superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 
(dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança 
de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar 
dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, 
pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da 
aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de 
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência 
entre o conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que 
estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e 
desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está 
a se formar. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
16 
 
 
 
 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, 
deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo 
será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma 
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: 
A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria 
de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e 
Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, 
nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus 
relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é 
imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma 
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo 
significado não conhece ou não lhe é familiar; 
 
Precisa de apoio? 
 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como 
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou 
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e 
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E- 
mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a 
preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico 
e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com 
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a 
Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre 
estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com 
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada para 
acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar 
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do 
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que 
permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação 
aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio 
ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater 
assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes 
nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas 
semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo 
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo 
os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os 
direitos do autor. 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem 
o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o 
respeito pelos direitos autorias devem caracterizar a realização dos 
trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED). 
 
Avaliação 
 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um 
mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos 
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um 
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante 
consta detalhada do regulamentado de avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência 
para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a 
nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
 
1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
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0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos 
e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a 
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos 
direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
 
 
 
TEMA – I: O DIREITO FISCAL E SEU ENQUADRAMENTO NO UNIVERSO DA CIÊNCIA JURÍDICA. 
 
Contextualização do tema 
Neste primeiro tema apresentamos a actividade financeira do estado, 
dentro da qual se enquadra o fenómeno fiscal. Apresentamos 
igualmente a noção do Direito fiscal, seu enquadramento no âmbito dos 
ramos de direito e as relações que este ramo autónomo mantém com 
os outros ramos de direito. 
Estrutura 
 
Este tema compreende 4 unidades temáticas. 
 
Tópicos das Unidades Temáticas 
 
Unidade Temática 1.1: Trata da actividade financeira do Estado, do 
fenómeno fiscal, do direito fiscal e seu enquadramento na ciência 
jurídica: São aspectos iniciais do nosso estudo; 
Unidade Temática Unidade Temática 1.2: Apresenta-mos e discutimos 
as relações de subordinação, coordenação e complementaridade 
estabelecidas entre o direito fiscal e outros ramos de direito; 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
19Unidade Temática 1.3: apresentamos as diversas fontes do direito 
fiscal, ou seja, as várias formas de manifestação e revelação das normas 
jurídico-fiscais; 
Unidade Temática 1.4 – Interpretação e aplicação das normas fiscais, 
aonde falamos de tópicos como os âmbitos territorial e temporal da 
vigência das normas fiscais e a admissibilidade ou não da integração das 
lacunas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
Específicos 
Objectivos: 
 
Resultados esperados neste tema: 
Ao terminar o estudo deste tema, você será capaz de: 
• Dominar os conceitos chaves conexos ao Direito Fiscal; 
• Relacionar o direito fiscal com outros ramos; 
• Explicar a teia de relações que o Direito fiscal estabelece com outros 
ramos de Direito; 
• Aprofundar as regras que regem a interpretação das normas do Direito 
Fiscal 
 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 1.1 Actividade Financeira e Direito Fiscal 
 
1- Actividade financeira 
 
1.1-Noções fundamentais 
As necessidades sentidas pelos indivíduos, quanto ao modo de 
satisfação, podem ser de satisfação activa ou satisfação passiva. As 
necessidades de satisfação activa exigem, para que sejam satisfeitas, 
uma certa actividade do necessitado, ou seja, só são satisfeitas 
mediante uma acção de quem as sente. As necessidades de satisfação 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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passiva são satisfeitas pela acção de outrem ou então pela simples 
existência do bem. 
De acordo com Teixeira Ribeiro (1997), desta circunstância de existirem 
necessidades que se satisfazem activamente e necessidades que se 
satisfazem passivamente, decorre as seguintes consequências: 
➢ Se a necessidade é de satisfação activa, o produtor dos bens 
pode exigir um preço pela utilização deles. Vigora aqui, o 
princípio de exclusão já que o preço exclui o acesso ao bem 
todas aquelas pessoas que não podem ou não querem pagar 
pelo produto; 
➢ Mas se a necessidade é de satisfação passiva, o produtor dos 
bens já não pode exigir pela utilização deles preço algum. 
É neste sentido que Waty (2004) enfatiza que enquanto as 
“necessidades de satisfação activa exigem, como a denominação 
sugere, uma actividade do consumidor, as necessidades do segundo 
tipo, as de satisfação passiva, não exigem qualquer tipo de actividade 
do consumidor, bastando, para a sua satisfação, a existência dos bens”, 
que são por natureza indivisíveis e de consumo irrival e inexclusível. 
Como o consumo dos bens de satisfação passiva não acarreta, por parte 
do consumidor, o pagamento de qualquer valor pelo seu uso, o 
produtor deles tem que arcar com a totalidade da factura. Neste caso, 
para a existência desses bens, das duas, uma: 
➢ Ou as despesas provenientes são arcadas por filantropos, 
beneméritos ou quaisquer outros particulares de boa vontade; 
➢ Ou terá que existir um ente cuja função é oferecer esses bens e 
serviços necessários à cobertura das necessidades de satisfação 
passiva. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
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Ora, como a primeira solução não é de todo confiável, a segunda, apesar 
de poder ser complementada pela primeira, é a ideal pois dada a 
essencialidade de alguns desses serviços ou bens2 seria de todo 
indesejável sujeitar os seus utentes à boa vontade dos beneméritos. É 
por isso que, como ensina Pene (2013) a produção desses bens deve 
estar, a cargo de uma entidade pública, pois por vezes só esta entidade 
pública detêm os meios de produção, ou esta entidade sendo detentora 
do jus imperii pode obrigar os indivíduos a suportar os custos inerentes 
a produção do bem, por exemplo por via de imposição da obrigação de 
pagar impostos e taxas. 
Em regra as necessidades de satisfação passiva são satisfeitas pela 
acção de um ente público, e designam-se necessidades públicas ou 
colectivas e os bens que as satisfazem designam-se necessidades 
públicas. 
 
1.2-Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal 
Devido à carência de satisfação daquelas necessidades de satisfação 
passiva, existe a actividade financeira do Estado. Esta actividade 
financeira consiste na realização das despesas e arrecadação de receitas 
com vista a satisfação daquelas necessidades, nomeadamente através 
da produção de bens ou prestação de serviços. 
Entretanto, sendo o nosso estado um estado de direito, a manifestação 
da sua vontade colectiva não se dá de uma forma arbitrária. Por essa 
razão, a disciplina financeira não se subordina às vontades dos agentes 
e órgãos públicos: subordina-se sim ao direito, a um conjunto de 
normas jurídicas. É este conjunto de normas jurídicas que regulam a 
actividade financeira dos entes públicos que designa-se direito 
financeiro ou direito financeiro público. 
 
 
 
 
2 Como é o caso da segurança, saúde, educação, justiça, etc. 
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A actividade financeira compreende operações relativas à aquisição e 
gestão das receitas e à realização das despesas3. No direito financeiro 
de receitas encontramos os seguintes subsectores: o direito 
patrimonial, que é relativo as receitas patrimoniais, o direito do crédito 
publico, que regula o recurso ao crédito por parte das entidades 
publicas e a gestão da divida publica, e o direito tributário ou das 
receitas coactivas do estado. 
Já no que toca ao direito tributário, Ibrahimo (2002:16) reconhece o 
facto de a generalidade da doutrina usar indistintamente os termos 
direito fiscal e direito tributário. No entanto, o mesmo autor reconhece 
maior amplitude ao direito tributário, pois enquanto o direito fiscal se 
circunscreve ao estrito âmbito das receitas coactivas, máxime o 
imposto, já o direito tributário inclui, para além do imposto, outras 
cobranças como as taxas e outras categorias de receitas públicas. O 
direito tributário é o direito relativo aos tributos ou receitas coactivas, 
abrangendo quer os impostos quer as taxas. 
Portanto, o direito fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as 
relações que se estabelecem entre o Estado e os outros entes públicos, 
por um lado, e os particulares, por outro, por via do imposto, ou seja, 
conjunto de normas que regulam o imposto desde a incidência, 
lançamento, liquidação e cobrança. (Ibrahimo, op. Cit: 17) 
 
2- Natureza e Âmbito do Direito fiscal 
Quanto à natureza, o Direito fiscal é um ramo do direito público. De 
facto, aplicando qualquer tipo de critério a solução é mesma. Assim: 
pelo critério dos interesses, o Direito Fiscal destina-se à satisfação de 
necessidades da comunidade; pelo critério dos sujeitos, um deles é 
necessariamente o Estado, o credor e, pelo critério da posição dos 
 
3 Neste aspecto vale a posição de Waty para quem “o direito financeiro abrange as 
receitas públicas, as despesas públicas e a sua articulação e dele são excluídas as 
receitas de origem privada cujas relações jurídicas são de outros ramos de direito 
(Waty, op.cit: 17) 
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sujeitos, na relação fiscal o estado se apresenta revestido de poder de 
mando, do ius imperii. Portanto, qualquer que seja o critério perfilhado, 
desagua-se na mesma posição, a de que o direito fiscal é um ramo do 
direito público. 
No que tange ao âmbito do direito fiscal, ele se adscreve apenas às 
receitas coactivas unilaterais, sem nenhuma contrapartida directa, 
específica e imediata, ou seja, o direito fiscal disciplina os impostos. 
Estes possuem “uma suficiente dimensão para suscitar uma construção 
dogmática com alguma autonomia” (Sanches 2007: 65). O direito fiscal 
integra as normas de soberania fiscal, as normas de incidência, 
lançamento, liquidação e cobrança dos impostos, as normas relativas as 
garantias do sujeito activo e do sujeito passivo, as normas de 
procedimento, as normas de sancionamento,as normas de contencioso 
fiscal ou de processo, as normas relativas a cada imposto ou tipo de 
imposto. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – O fale da relação entre as necessidades de satisfação passiva e a 
actividade financeira do Estado? 
2 - Apresente o principal ponto que radica na distinção entre direito 
tributário e direito fiscal. 
3 – Certo dia, Ângelo que é estudante de Gestão afirmou que o direito 
tributário é ramo do direito fiscal e que ambos fazem parte do direito 
privado. Concorda? Justifique a tua posição. 
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Tópicos das respostas: 
 
1 – É para satisfação das necessidades de satisfação passiva que existe 
a actividade financeira do estado pois, havendo que fazer gastos em 
ordem a disponibilizar os respectivos bens e serviços, deve o Estado, 
com seu imperium, arrecadar receitas e fazer despesas. Por isso, são 
aquelas necessidades que ditam a actividade financeira do estado. 
2 – O direito tributário é mais extenso e inclui taxas e outras receitas 
além do imposto, ao passo que o direito fiscal se circunscreve ao 
imposto. 
3 – Não concordar com a afirmação. Porque é o direito fiscal que é ramo 
do direito tributário e ainda porque qualquer que seja o critério 
perfilhado (interesse, sujeitos e posição dos sujeitos) as duas áreas do 
direito se enquadram no âmbito do direito público. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
WATY, T.A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
25 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 2 - A Relações do Direito fiscal com 
Outros Ramos do Direito 
 
O ordenamento jurídico como um espaço jurídico onde são criadas e 
aplicadas normas jurídicas é constituído por normas de várias espécies 
e graus diferentes. Essa variedade de normas coabita ora de forma 
passiva, ora de forma conflituosa, ora de forma paritária e ainda mais 
de forma hierárquica. Por essa razão é de grande importância, sempre 
que se estuda um ramo de direito, situá-lo no universo dos outros 
ramos e determinar o tipo de relações específicas que estabelece com 
os outros ramos. Nesta esteira, relacionaremos, nesta Unidade 
Temática, o direito fiscal e outros ramos como o direito constitucional; 
o direito administrativo; o direito processual; o direito penal e o direito 
internacional. 
 
 
1 - Direito fiscal e direito constitucional 
A constituição é aquele manancial inesgotável do qual brotam os 
princípios fundamentais que alicerçam todo o ordenamento jurídico e 
que materializam ou devam materializar toda aspiração de um povo. 
Neste prisma, o direito fiscal como outro e qualquer ramo de direito 
infraconstitucional mantém relações estreitas com a fonte, da qual se 
deve alimentar continuamente. De facto, é na constituição que o direito 
fiscal busca os seus princípios directores respeitantes à disciplina 
jurídica dos impostos. Destarte, o conjunto de normas constitucionais 
que estabelecem as balizas norteadoras do regime do imposto designa- 
se por constituição fiscal. No nosso ordenamento são de grande 
importância os arts. 45 al. c), 100, 127, 179, n˚2 al. o), todos da CRM. 
Portanto, o direito fiscal é subordina-se às regras e princípios de 
natureza constitucional, os quais não pode viola-los sob pena de 
inconstitucionalidade. 
UnISCED CURSO: GESTÃO DE EMPRESAS; 2
0 Ano Disciplina/Módulo: Fiscalidade 
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2 - Direito fiscal e direito administrativo 
Estes dois ramos de direito mantêm relações estreitas de coordenação. 
De facto, os órgãos responsáveis pela colecta e administração dos 
impostos pertencem à administração, e justifica-se que sejam também 
regidos pelo direito administrativo. Mas além disso, é de extrema 
importância o facto de alguns institutos estudados nos cursos de direito 
fiscal, como por exemplo as normas de organização dos serviços 
administrativos e as competências dos funcionários que lançam, 
liquidam e cobram impostos, serem disciplinados pelo direito 
administrativo. 
 
3 - Direito fiscal e direito processual 
O direito processual como direito instrumental também mantém 
relações estreitas com o direito fiscal na medida em que podem surgir, 
no âmbito das relações fiscais, quaisquer matérias controvertidas que 
careçam de ser dirimidos. Neste caso, recorrer-se-á ao processo fiscal. 
 
4 - Direito fiscal e direito penal 
O direito fiscal estabelece relações com o direito penal na medida em 
que existe um direito fiscal penal, constituído por um conjunto de 
normas que prevêem a violação de preceitos tributários e estatuem as 
respectivas sanções. Mas também as normas do direito penal são 
subsidiariamente aplicáveis ao direito fiscal penal, sobre tudo nos casos 
em que a infracção fiscal constitui crime fiscal a que corresponda pena 
de prisão ou multa convertida em prisão. 
 
5 - Direito fiscal e direito internacional 
Nas convenções internacionais encontramos normas fiscais de fonte 
internacional relativas a dupla tributação internacional ou que 
estabelecem regimes fiscais específicos em matéria diplomática, 
religiosa, militar e económica. 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 – Que entendes por relação entre o direito fiscal e outros ramos de 
direito? 
2 – Diga a palavra-chave que caracteriza a relação entre o direito fiscal 
e o direito constitucional 
3 – Que relação existe entre direito fiscal e direito administrativo? 
 
Tópicos das respostas: 
 
1- Conjunto de elos de subordinação, coordenação ou 
complementaridade que mantém o Direito Fiscal em contacto 
com os outros ramos de direito 
2- A palavra-chave é subordinação, já que as normas do direito 
fiscal devem obedecer os princípios constitucionais. 
3- Complementaridade. O direito fiscal socorre-se sempre das 
normas do direito administrativo para prosseguir seus fins. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
 
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WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 3: Fontes do direito fiscal 
 
1- Fontes do direito fiscal 
 
A expressão fonte de direito é polissémica e admite vários 
entendimentos. Entretanto o sentido que nos interessa para efeitos da 
nossa cadeira é o técnicojurídico pelo qual fontes de direito são os 
revestimentos pelos quais os preceitos jurídicos se revelam, são 
anunciados, se apresentam, isto é, os modos de formação e de 
revelação das normas jurídicas4. É em conformidade com este sentido 
que o art. 7 n° 1 da LGT advoga serem fontes normativas dos impostos 
a CRM, a lei, o decreto-lei, o decreto, os diplomas ministeriais, os 
regulamentos das autarquias locais, o contracto fiscal e as convenções 
internacionais. Examinaremos sucessivamente as fontes enunciadas 
neste preceito legal. 
 
1.1 -Constituição e princípios constitucionais em matéria de tributação 
A primeira e mais importante fonte do direito fiscal é a constituição da 
república, lei fundamental que contém de uma forma genérica os 
princípios gerais que norteiam todo o ordenamento jurídico. É nela 
onde encontramos princípios respeitantes a disciplina jurídica dos 
impostos e que estabelecem limites ao poder tributário. Neste caso e à 
luz da CRM, podemos distinguir os seguintes princípios: princípio da 
legalidade tributária, princípio da igualdade tributária, princípio da 
 
 
4Pene, 2013: 25 
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eficiência funcional, princípio de não retroactividade e princípio de não 
aplicação analógica. 
Segundo o Pene (2013) o princípio de legalidade5 tem por base a ideia 
de auto-contribuição, isto é, à definição dos impostos pelos próprios 
cidadãos ou através dos seus representantes. Este princípio visa 
fundamentalmente a tutela dos valores de segurança jurídica e de 
protecção de confiança nas leis fiscais assegurando especialmente a 
cognoscibilidade, a previsibilidade e a calculabilidade dos impostos. 
Este princípio tem consagração constitucional nomeadamente através 
dos arts. 100 e 127 n° 2 que dispõe que os impostos são criados e 
alterados por lei. Este entendimento é reforçado pelo art. 179 n°2 al. o) 
que confere à Assembleia da República a competência exclusiva em 
matéria da definição das bases da política de impostos e o sistema fiscal. 
Com este último preceito constitucional fica mais do que claro que 
apenas por lei ordinária, isto é, aquela que promana do órgão legislativo 
por excelência, é que pode criar, alterar ou extinguir o imposto. Nota- 
se pois que estamos perante o princípio da legalidade na vertente da 
reserva da lei material pelo que o princípio de legalidade fiscal implica 
que o parlamento estabelecerá os elementos essenciais dos impostos 
de forma tão completa quanto possível. 
Entretanto, a mesma CRM, no n˚3 do art.127 determina que “ninguém 
deve ser obrigado a pagar impostos cuja liquidação e cobrança não se 
façam nos termos da lei”. Ora, como não há nenhum outro dispositivo 
constitucional que sujeita esta matéria à lei strito senso, como acontece 
 
5 
Que teve a primeira consagração na lei n˚15/2002, de 26 de Junho e posteriormente 
na constituição de 2004. O art.3 da lei 15/2002, de 26 de Junho, sujeita ao princípio de 
legalidade fiscal o estabelecimento dos impostos, bem com a incidência, a taxa, os 
benefícios fiscais, as garantias e as obrigações dos contribuintes e administração 
tributaria e o regime das infracções tributarias. 
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30 
 
 
 
 
no caso da criação do imposto e, ainda tendo em contas que o art. 143 
da CRM considera actos legislativos as leis e os decretos-leis, é de 
entender na mesma senda que Pene (2013) que a lei ai referida será tal 
como no art. 100 e n˚2 do art.127, lei parlamentar. Atendendo e 
considerando que a liquidação e a cobrança não constituem matérias 
de competências exclusivamente do parlamento, por não se 
encontrarem abrangidas nas expressões “políticas dos impostos” e 
“sistema fiscal”, poderão ser legisladas apenas por via de uma lei ou de 
um decreto-lei autorizado. 
O princípio de igualdade fiscal sempre se reconduziu ao princípio geral 
da igualdade no seu sentido material, e teve ideias de generalidade ou 
universalidade, segundo a qual todos devem pagar impostos, e 
uniformidade, ao exigir que o dever de pagar impostos seja sempre 
aferido pelo mesmo critério, da capacidade contributiva. Alem disso, na 
selecção e articulação dos factos tributários, o legislador tem de tomar 
em consideração factos reveladores de capacidade contributiva, 
definindo como objecto (matéria colectável) de cada imposto um 
determinado pressuposto económico (rendimento, património ou 
consumo) que seja manifestado dessa capacidade. 
O princípio da eficiência tutela o valor do bem comum, promovendo a 
prossecução dos interesses públicos extra-fiscais constitucionalmente 
relevantes que devem ser prosseguidos pelo Estado e outros entes 
públicos. É por esta razão que Wagner (apud Pene, op cit:30-31) advoga 
que o imposto deveria assumir uma função político-social dirigida a 
correcção da repartição dos rendimentos e do património resultante 
dos mecanismos de mercado operando em livre concorrência. Por essa 
razão, o princípio da eficiência funcional, que tem consagração 
constitucional no n˚1 do art.127, legitima o uso do sistema fiscal para a 
prossecução de fins extra-fiscais relevantes, como por exemplo a 
redistribuição do rendimento. 
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31 
 
 
 
 
Outro princípio constitucional é o da anualidade do imposto. Este 
princípio preconiza que a cobrança dos impostos deve ser previamente 
autorizada anualmente, e esta autorização é da competência da AR 
nomeadamente através da aprovação do OGE6. Aliás, a este respeito o 
art. 130 n˚2 da CRM determina que o OGE deve especificar as receitas 
e as despesas. De salientar que o princípio de anualidade também se 
aplica aos beneficiários fiscais, já que estes são verdadeiras despesas 
que devem ser orçamentadas anualmente. 
 
1.2-Lei no sentido restrito 
Lei parlamentar ou lei no sentido restrito resulta do princípio da 
legalidade tributária, na vertente da reserva da lei formal, 
relativamente a criação e alteração de impostos e estabelecimento dos 
seus elementos essenciais. 
 
1.3-Decreto-lei 
É fonte de direito fiscal, embora não se possa de forma inovadora, 
determinar os elementos essenciais dos impostos, pois por imperativos 
do princípio de legalidade tributária a criação dos impostos e a 
normatividade dos elementos essenciais dos impostos é matéria da lei 
da AR. 
 
1.4-Regulamento (Decreto, Diplomas Ministeriais, o Regulamento das Autarquias Locais) 
São três tipos essências de regulamentos fiscais: os regulamentos 
aprovados pelo Governo por via de decretos; os actos de competências 
dos Ministros, aprovados através de diplomas ministeriais e as 
deliberações de certas entidades públicas menores (autarquias locais). 
Face ao princípio de legalidade fiscal, os regulamentos, tal como os 
decretos-leis, não podem de forma inovadora criar impostos, altera-los 
ou determinar os seus elementos essenciais. Os regulamentos devem 
apenas ser normas meramente complementares ou de execução, 
 
6Aprovação essa que faz parte do rol das actividades da exclusiva competência da 
AR: art. 179 n˚2 al. M) da CRM 
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visando apenas determinar os aspectos técnicos que dêem 
desenvolvimento à legislação tributária (art 11 da LGT). 
 
1.5-Contractos Fiscais 
Segundo al. g) do art.7 da LGT os contratos fiscais fazem parte do leque 
de fontes normativas dos tributos. Estes contratos fiscais são 
celebrados entre administração e o seu sujeito passivo, e visam a 
atribuição de benefícios ou incentivos fiscais, podendo por vezes 
revestir a forma de lei-contratos ou leis pacteadas. Através deles, a 
administração se obriga para com os particulares a não lhes aplicar o 
regime tributário normal ou a conceder-lhes determinados 
desagravamentosfiscais. 
Parte da doutrina defende, e com alguma legitimidade, que os 
contractos fiscais não são admissíveis porque, face ao princípio da 
legalidade, os elementos essenciais dos impostos encontram-se 
abrangidos pela reserva da lei e, face ao princípio de igualdade, todos 
que dispõe de capacidade contributiva devem suportar o imposto, não 
sendo admissíveis favores individuais. Mas outra doutrina há que 
entende que o fundamento para a celebração de contractos fiscais em 
matérias dos beneficiários fiscais é o princípio de eficiência funcional, 
implícito na parte final do n˚1 do art.127 da CRM. Em todo o caso e 
seguindo a ideia de Nuno Gomes (Apud Pene, op. Cit: 37), os contractos 
fiscais em matéria dos beneficiários fiscais só serão constitucionalmente 
legítimos, quando autorizados por leis fiscal formal que defina os 
beneficiários a conceder e os pressupostos objectivos e subjectivos da 
respectiva concessão ao menos em termos genéricos. 
 
1.6- Convenções internacionais 
Conforme referido no n˚1 do art.18 da CRM as normas constantes dos 
tratados e acordos internacionais, validamente aprovados e ratificados, 
vigoram na ordem interna após a sua publicação no boletim da 
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república e enquanto vincularem internacionalmente o Estado 
Moçambicano. Estas normas tem na ordem jurídica interna o mesmo 
valor que os actos normativos infraconstitucionais da Assembleia da 
República e do Governo, consoante a forma de recepção, isto por forca 
do disposto no n˚2 da disposição retro referida. 
Considera-se inconstitucional o n˚1 dot.7 da lei n˚15/2002, de 26 de 
Junho que prescreve que as normas do direito internacional que 
vigoram directamente na ordem interna prevalecem sobre a lei 
ordinária. Em matéria fiscal assume relevância as convenções bilaterais 
para evitar ou eliminar a dupla tributação internacional, e estas 
convenções estabelecem regras de tributação de competências para 
tributar e regras de repartição de poder de tributar entre os Estados 
celebrantes. 
Porem, tratando-se de convenções que versem sobre matérias da 
competência da AR, como é o caso de taxas, benefícios fiscais e 
garantias dos contribuintes, deverão ser ratificados pela AR, isto por 
forca do disposto na al. f) do n˚2 do art.179 da CRM. 
Assim, as convenções que versem sobre matérias da competência do 
Governo são nos termos da al. g) do n˚1 do art.204 da CRM, tendo o 
mesmo valor que os decretos, donde resulta que as norma da 
convenção ratificada pela AR podem ser revogadas ou derrogadas por 
lei da AR e as normas de convenção ratificada pelo Governo podem ser 
revogadas ou derrogadas por decreto, só assim faz sentido o n˚2 do 
art.65 do CIRPC que dispõe que quando existe convenção para evitar a 
dupla tributação internacional celebrada por Moçambique, a dedução 
por dupla tributação internacional a efectuar nos termos do CIRPC, não 
pode ultrapassar o imposto pago no estrangeiro nos termos previstos 
pela convenção. 
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1.7- Sobre o valor das Ordens Internas da Administração, Jurisprudência, Doutrina e Costume 
As ordens internas (despachos interpretativos, as instruções e as 
circulares) emanadas pela Administração Fiscal para esclarecer ou 
uniformizar o entendimento da lei e o procedimento dos serviços 
desenvolvem a sua eficácia exclusivamente na ordem interna da 
administração de onde provem. Elas não constituem fontes do direito 
fiscal, porquanto a sua força vinculativa se acha circunscrita ou limitada 
a um sector da ordem administrativa, não vinculam nem o contribuinte, 
nem os tribunais. Entretanto, as ordens internas têm o mérito de 
uniformizar a aplicação do direito pelos agentes da administração e 
reduzir as demandas entre estes e os sujeitos passivos. 
A jurisprudência e a doutrina têm sido apresentadas como fontes 
mediatas do direito fiscal, pois a jurisprudência, apesar de não ser fonte 
do direito permite um prognóstico sobre como o direito será aplicado. 
Neste sentido, os acórdãos de uniformização da jurisprudência pelo 
Tribunal Supremo ou Tribunal Administrativo e as declarações de 
inconstitucionalidade e ilegalidade pelo Conselho Constitucional, 
constituem fontes imediatas do direito fiscal. 
O costume é fonte autónoma de produção jurídica no direito 
internacional. No âmbito fiscal, o único costume ou prática reiterada 
com convicção de obrigatoriedade aceite é a isenção fiscal atribuída aos 
representantes do corpo diplomático. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
Chegado ao fim desta Unidade Temática, faça a recapitulação e 
responda as seguintes questões: 
1 - Debruce sobre os princípios constitucionais respeitantes à 
disciplina jurídica do imposto 
2 – Fale da admissibilidade dos contratos fiscais como fontes do direito 
fiscal 
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Tópicos das respostas: 
 
1 - É nela onde encontramos princípios respeitantes a disciplina jurídica 
dos impostos e que estabelecem limites ao poder tributário. Neste caso 
e à luz da CRM, podemos distinguir os seguintes princípios: princípio da 
legalidade tributária, princípio da igualdade tributária, princípio da 
eficiência funcional, princípio de não retroactividade e princípio de não 
aplicação analógica. 
2 – Apresentar o facto de parte da doutrina entender que esses 
contratos violam os princípios da legalidade e igualdade que presidem 
o direito fiscal e a existência de outra doutrina que fundamenta a 
necessidade dos mesmos contratos, socorrendo-se do princípio de 
eficiência funcional, implícito na parte final do n˚1 do art.127 da CRM. 
Concluir com o entendimento contemporâneo de que os contractos 
fiscais em matéria dos beneficiários fiscais só serão constitucionalmente 
legítimos, quando autorizados por leis fiscal formal que defina os 
beneficiários a conceder e os pressupostos objectivos e subjectivos da 
respectiva concessão ao menos em termos genéricos. 
NB: Certamente que conseguiu responder as perguntas. Mesmo assim, 
sugerimos que volte a ler os apontamentos e no caso de dificuldade veja 
os manuais indicados e consulte o tutor. 
Leituras aconselhadas: 
 
Ibrahimo, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade, ARTC Editora, Maputo. 
Martinez, S. (2000). Direito Fiscal, 10. Ed, Almedina, Coimbra, 2000 
Nabais, J.C. Almedina; & Pene, C. (2013). direito Fiscal, 5ª ed., 
apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, Escolar 
Editora, Maputo. 
 
Saldanha S, J. L. (2007). Manual de Direito Fiscal, 3ª ed. Coimbra 
editora, Coimbra. 
WATY, T. A. (2004). Introdução ao direito fiscal, W &W editora, 
Maputo. 
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WATY, T. A. (2004). Introdução à Finanças Públicas e Direito 
Financeiro, W & W editora, Maputo. 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade Temática n° 4 – A Interpretação e Aplicação das 
Normas Fiscais 
 
1 - A Interpretação e Aplicação das Normas Fiscais 
As posições a favor da existência das regras especiais da interpretação 
das normas são expressas através de dos princípios, designadamente: 
“in dúbio contra fiscum e odiosa restringenda” e “in dúbio pró fisco”. 
Sobre os fundamentos do princípio “in dúbio contra fiscum e odiosa 
restringenda” Vasco Guimarães refere que a visão de então considerava 
o imposto como algo excepcional e atentatório da dignidade dos 
cidadãos, só admissível em casos excepcionais e perfeitamente 
limitados pelo que em caso de dúvida a solução seria de ser contra o 
fisco. 
A “in dúbio pró fisco” baseia-se na convicção de que o poder não se 
exerce arbitrariamente, nem violentamente e nem em beneficio de um 
só individuo, ou voluntariamente prestado, pelos contribuintes através 
dos votos dos seus representantes no parlamento, pelo que em casosde duvidas, para os defensores deste principio, prevalece o interesse 
geral (a tributação), pelo que as normas fiscais devem ser interpretadas 
a favor do fisco. 
As normas fiscais em regra são interpretadas como quaisquer outras 
normas jurídicas, de acordo com os princípios gerais da hermenêutica 
jurídica, salvo quando se trate de normas de incidência, taxas, garantias 
dos contribuintes, benefícios fiscais, bem como as normas físicas 
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sancionatórias. Neste prisma, dispõe o n˚1 do art.10 da LGT que “na 
determinação do sentido das normas tributárias e na qualificação dos 
factos a que as mesmas se aplicam são observadas as regras e princípios 
gerais de interpretação e aplicação das leis”. Assim na interpretação das 
normas tributárias deve tomar-se em consideração os critérios 
consagrados no art.9 do Código Civil (CC). 
Nos termos do código civil a interpretação não deve cingir-se a letra da 
lei, mas reconstruir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo 
em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei 
foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada, 
devendo ter o mínimo de correspondência verbal, com a letra da lei, 
presumindo o intérprete que o legislador consagrou as soluções mais 
acertadas e soube exprimir os seus pensamentos em termos 
adequados. Um aspecto importante é o facto de não ser admissível a 
integrações analógicas das lacunas referentes às normas abrangidas 
pelo princípio da legalidade. (art. 10 N° 5 da LGT) 
Portanto, quanto a interrogação de lacunas, dispõe o n˚5 do art.10 da 
LGT que as normas abrangidas pelo princípio da legalidade não são 
susceptíveis de integração analógica7. Em reforço, vem o art. 5 n˚6 da 
lei n˚15/2002 de 26 de Junho, referir que as normas que determinam a 
incidência e as isenções não são susceptíveis de interpretação extensiva 
nem analógica. 
 
 
 
 
 
 
 
7 O mesmo se diz das normas fiscais sancionatórias em virtude da 
conjugação dos arts. 60 da CRM, 9 do Código Penal e n˚2 do art.3 da lei 
n˚15/2002,de 26 de Junho. 
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2- Aplicação das Leis Fiscais no Tempo 
A aplicação das normas fiscais no tempo reduz-se a três problemas: o 
da entrada em vigor das normas fiscais, a cessação da vigência das 
normas fiscais e a sucessão das normas fiscais no tempo. 
Às leis fiscais aplica-se a norma geral sobre a entrada em vigor da lei, se 
não contiverem outra disposição, e cessam a sua vigência no prazo nelas 
fixado (caducidade) ou quando revogadas. Porem, atendendo e 
considerando que a entrada em vigor e a cessação de vigência das 
normas fiscais não assume no direito fiscal qualquer especificidade, 
vamos limitar-nos a sucessão das normas fiscais no tempo, ou seja, o 
problema de retroactividade das normas fiscais. 
Uma norma é retroactiva quando se refere na sua previsão a factos 
ocorridos anteriormente a sua entrada em vigor, tenham tais factores 
o valor de factos tributários ou de factos impeditivos. Relativamente a 
sucessão das normas fiscais no tempo, o n˚5 do art.127 da CRM dispõe 
nos seguintes termos: a lei fiscal não tem efeito retroactivo salvo se for 
de conteúdo mais favorável ao contribuinte. E conforme o número 
acima, quando a norma fiscal se mostra mais favorável para o 
contribuinte a retroactividade não esta afastada, salvo se puser em 
causa o caso julgado. 
Observa-se que este princípio da aplicação retroactiva da lei mais 
favorável aplica-se as contravenções e transgressões fiscais apesar de 
estas não terem natureza criminal, isto por força do art.57 da CRM que 
estabelece que, na República de Moçambique as leis só podem ter 
efeitos retroactivos quando beneficiarem os cidadãos e outras pessoas 
jurídicas, bem como do já referido no n˚5 do art.127 da CRM. 
A nível legal, o art.12 da LGT prescreve que as normas fiscais 
ordenadoras do sujeito passivo aplicam-se, somente, aos factos 
posteriores a sua entrada em vigor e, quanto as normas sobre 
procedimento e processo, dispõe o n˚3 
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do mesmo art.12 que as mesmas são de aplicação imediata, sem 
prejuízo das garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente 
constituídos pelos sujeitos passivos e salvo disposição legal em sentido 
contrário. 
 
3- Aplicação da Lei no Espaço 
Da territorialidade do imposto resulta a delimitação do âmbito de 
aplicação no espaço das normas fiscais. Numa concepção material e 
moderna do princípio da territorialidade, a lei fiscal de um determinado 
Estado pode aplicar-se para além das suas fronteiras, desde que a lei 
desse Estado estabeleça elementos de conexão (subjectiva ou 
objectiva) que coloque uma determinada situação tributária 
internacional na esfera das leis fiscais internas, de modo a que a lei fiscal 
desse estado seja aplicável aquela situação ocorrida naquele estado. 
Sobre esta matéria Alberto Xavier salienta que o elemento de conexão 
é o elemento da previsão normativa que, fixando a localização de uma 
situação da vida num certo ordenamento tributário, tem como efeito 
determinar o âmbito de aplicação as leis desse ordenamento a essa 
mesma situação. Esses elementos de conexão visam superar as 
deficiências que resultam da aplicação exclusiva do princípio da 
territorialidade e responder as formas de evasão e fraude fiscal. 
Fala-se também de casos em que a lei presume ou ficciona elementos 
de conexão, por exemplo quando a lei considera como residentes em 
território moçambicano os tripulantes ou aeronaves ao serviço de 
entidades com residência sede ou direcção efectiva em território 
moçambicano, quando a lei considera como residentes em território 
moçambicano as pessoas que constituem o agregado familiar desde 
que no território moçambicano resida qualquer das pessoas a quem 
incumba a direcção efectiva do agregado. 
Conforme se depreende, pode a lei moçambicana, com base num 
elemento de conexão (ex. o domicilio, a sede e a residência) tributar os 
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rendimentos ou lucros auferidos fora do território moçambicano ou 
imóveis ai situados. Portanto, os elementos de conexão devem ser 
escolhidos de modo a evitar situações de impossibilidade ou dificuldade 
de coercibilidade que seguramente verificar-se-ia com o uso da 
nacionalidade. 
 
4 – O conceito de dupla tributação 
É relativamente fácil determinar a origem do fenómeno de dupla 
tributação, este reside no choque de duas ou várias soberanias fiscais. 
Só a dupla tributação internacional será objecto do nosso estudo, mas 
um fenómeno análogo pode produzir – se então de um fenómeno de 
dupla ou múltipla tributação interna. 
Fiscalistas e economistas estão todavia de acordo para denunciarem a 
nocividade do fenómeno de dupla tributação e para se esforçarem por 
o fazer desaparecer, ou atenuar os seus efeitos. A sua eliminação foi 
procurada por razões de ordem moral e sobretudo económica, a dupla 
tributação internacional culmina com efeito numa repartição injustas 
das cargas fiscais entre os contribuintes conforme tem interesses no 
estrangeiro ou se entregam a actividades limitadas ao território 
nacional, por outro lado constitui um obstáculo importante para o 
comércio e os investimentos internacionais. Será necessário 
esforçarem-se por dar da dupla tributação uma definição exaustiva de 
natureza a permitir a sua eliminação. 
I. A origem da dupla tributação (ou múltipla) tributação – o 
conflito de duas (ou varias) soberanias fiscais. 
a) A noção de soberania fiscal - uma entidade territorial, 
beneficiando ou não da soberania política, é reputada gozar da 
soberania fiscal assim que dispuser de um sistema fiscal 
apresentando

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