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Manual de DIreito Fiscal (3)

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- 
ISCED 
MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM 
CONTABILIDADE E AUDITORIA 
 
 
2º Ano 
Disciplina: DIREITO FISCAL 
Código: ISCED21-CJURCFE036 
Total Horas/1o Semestre: 125 
Créditos (SNATCA): 5 
Número de Temas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 i 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e 
contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, 
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências 
e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail: isced@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
 
 
mailto:isced@isced.ac.mz
http://www.isced.ac.mz/
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 ii 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos 
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
Autor dr. Ésio Cebola Alguineiro Magaio, Mestre em Ciências Jurídicas 
Público Forense 
Coordenação 
Design 
Financiamento e Logística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
 
Direcção Académica do ISCED 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) 
2016 
ISCED – BEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 iii 
 
Índice 
VISÃO GERAL ....................................................................................................................... 1 
BENVINDO À DISCIPLINA/MÓDULO DE DIREITO FISCAL .................................................................................1 
OBJECTIVOS DO MÓDULO ...........................................................................................................................1 
QUEM DEVERIA ESTUDAR ESTE MÓDULO ........................................................................................................1 
COMO ESTÁ ESTRUTURADO ESTE MÓDULO ....................................................................................................2 
ÍCONES DE ACTIVIDADE .................................................................................................................................4 
HABILIDADES DE ESTUDO ...............................................................................................................................4 
PRECISA DE APOIO? ......................................................................................................................................6 
TAREFAS (AVALIAÇÃO E AUTO-AVALIAÇÃO) ..................................................................................................7 
AVALIAÇÃO ..................................................................................................................................................8 
TEMA I – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 
UNIDADE TEMÁTICA: 1.1 INTRODUÇÃO, ÂMBITO E CONTEÚDO DO DIREITO FISCAL ................................ 11 
UNIDADE TEMÁTICA: 1.2. ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ............................................................. 12 
UNIDADE TEMÁTICA: 1.3 NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO FISCAL .......................................... 15 
UNIDADE TEMÁTICA: 1.4 RELAÇÕES DO DIREITO FISCAL COM OUTROS RAMOS DO DIREITO ................... 17 
UNIDADE TEMÁTICA: 1.5 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA .................... 21 
TEMA II – PRINCIPAIS FIGURAS TRIBUTÁRIAS .................................................................. 26 
UNIDADE TEMÁTICA: 2.1. O CONCEITO DE IMPOSTO, OBJECTIVOS E SUAS FASES ................................. 26 
UNIDADE TEMÁTICA: 2.2. DISTINÇÃO ENTRE IMPOSTO E TAXA ................................................................ 31 
UNIDADE TEMÁTICA: 2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS ..................................................................... 32 
UNIDADE TEMÁTICA: 2.4 NOÇÃO DO DIREITO FISCAL OU TRIBUTÁRIO ................................................... 36 
TEMA III – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO FISCAL ........................................... 38 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.1 FONTES DO DIREITO FISCAL ............................................................................. 38 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.2 EVOLUÇÃO DO DIREITO FISCAL ....................................................................... 41 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.3 AUTONOMIA DO DIREITO FISCAL ..................................................................... 46 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.4. PRINCÍPIOS DO DIREITO FISCAL ....................................................................... 49 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.5 NORMAS FISCAIS ............................................................................................ 51 
UNIDADE TEMÁTICA: 3.6 SOBERANIA DO DIREITO FISCAL ....................................................................... 54 
TEMA IV – INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO DO DIREITO FISCAL ..................................... 58 
UNIDADE TEMÁTICA: 4.1 A INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICO-FISCAIS .......................................... 58 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 iv 
 
UNIDADE TEMÁTICA: 4.2 A INTEGRAÇÃO DAS LACUNAS DO DIREITO FISCAL .......................................... 61 
UNIDADE TEMÁTICA: 4.3 APLICAÇÃO DA LEI FISCAL NO ESPAÇO E NO TEMPO ....................................... 62 
TEMA V – A RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL .......................................................................... 66 
UNIDADE TEMÁTICA: 5.1. PRESSUPOSTO DA RELAÇÃO DO IMPOSTO ...................................................... 66 
UNIDADE TEMÁTICA: 5.2 OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA ..................................................................... 67 
UNIDADE TEMÁTICA: 5.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL .......................................................... 69 
TEMA VI – FACTO EXTINTIVO DA RELAÇÃO JURÍDICA .................................................... 79 
UNIDADE TEMÁTICA: 6.1. CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO FISCAL ......................................................... 79 
UNIDADE TEMÁTICA: 6.2 DAÇÃO EM CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO FISCAL ........................................ 80 
UNIDADE TEMÁTICA: 6.3 PRESCRIÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL .............................................................. 80 
TEMA VII – GARANTIAS GERAIS E MEIOS DE DEFESA DO CONTRIBUINTE ...................... 82 
UNIDADE TEMÁTICA:7.1. GARANTIAS DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO FISCAL ................................. 82 
UNIDADE TEMÁTICA: 7.2. GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES ................................................................... 83 
TEMA VIII – IMPOSTOS DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL ......................................... 92 
UNIDADE TEMÁTICA:8.1. IMPOSTOS NACIONAIS ................................................................................... 92 
UNIDADE TEMÁTICA: 8.2. IMPOSTOS AUTÁRQUICOS ........................................................................... 105 
UNIDADE TEMÁTICA: 8.3. OUTROS IMPOSTOS .................................................................................... 108 
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA ....................................................................................... 119 
LISTA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA RELEVANTE ............................................................ 121 
GLOSSÁRIO ...................................................................................................................... 120 
 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 1 
 
Visão geral 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Direito Fiscal 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Direito Fiscal deverá ser 
capaz de: Conhecer a natureza do Direito Fiscal no Geral e em 
particular o Sistema Fiscal Moçambicano, o conceito do imposto e sua 
utilidade/contributo para as Finanças Públicas. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 Definir Direito Fiscal e sua ligação com outros ramos da Ciência. 
 Fazer um breve percurso histórico da disciplina. 
 Conhecer as diferentes fases e classificação dos Impostos; 
 Conhecer os processos de orientação do feedback. 
 Saber Interpretar o Sistema Fiscal Moçambicano. 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Direito Fiscal do ISCED e outros como Contabilidade 
e Finanças Públicas, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores 
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa 
disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se 
inscrever. Mas poderá adquirir o manual. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 2 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Direito Fiscal, para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Direito, à semelhança dos restantes do ISCED, está 
estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo 
os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor 
estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com 
atenção antes de começar o seu estudo, como componente de 
habilidades de estudos. 
 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/práticos. Problemas não resolvidos e actividades 
algumas práticas incluído estudo de caso. 
 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 3 
 
Outros recursos 
A equipa dos académico a e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro 
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso 
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elem deste 
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios 
que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e 
subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 4 
 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, 
classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica 
de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de 
actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados 
apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é 
importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos 
algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa 
rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se 
segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 5 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à 
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? 
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? 
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto 
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar 
que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e 
estudar,que saber tudo superficialmente. Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos 
de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Porque o estudante acumula um elevado volume 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 6 
 
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando 
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim 
ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, 
depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de 
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude 
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que 
está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto 
tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem 
o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar 
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está 
a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, 
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para 
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor 
altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do 
texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário 
sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe 
é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como 
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou 
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 7 
 
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, 
E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a 
preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – 
CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com 
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para 
acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode 
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou 
administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em 
que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com 
relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa 
de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de 
debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, 
constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 8 
 
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (és). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, 
sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica 
e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização 
dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, 
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 9 
 
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, 
a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito 
pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 11 
 
 TEMA I – INTRODUÇÃO AO DIREITO FISCAL 
UNIDADE Temática: 1.1 Introdução,Âmbito e Conteúdo do Direito 
Fiscal 
UNIDADE Temática: 1.2 Actividade Financeira do Estado 
UNIDADE Temática 1.3 Natureza e Características do Direito Fiscal 
UNIDADE Temática 1.4 Relações do Direito Fiscal com os outros ramos 
do Direito 
UNIDADE Temática 1.5 Organização dos Serviços da Administração 
Tributária 
UNIDADE Temática: 1.1 Introdução, Âmbito e Conteúdo do Direito Fiscal 
1. INTRODUÇÃO 
Para a satisfação das necessidades públicas, o Estado (representante 
de todo e qualquer cidadão) deve possuir uma fonte de financiamento 
sustentável das suas actividades, através de receitas, tradicionalmente 
provenientes da cobrança de impostos (prestações compulsivas, 
pecuniárias ou em espécie) que podem revestir a natureza de impostos 
ou de taxas, ou da venda e exploração de bens do património público 
(receitas patrimoniais). 
Dentre as necessidades publicas, destacam-se a construção de infra-
estruturas imprescindíveis para a sobrevivência de todos nos, 
nomeadamente, estradas, pontes, escolas, pontes, escolas, hospitais, 
serviços básicos de electricidade, águas, saneamento básico a 
assistência medica e medicamentosa, edificando uma sociedade mais 
justa e solidaria, construída com base na contribuição de todos, e na 
qual, cada contribuição, por mínima que seja, desde que a medida 
da capacidade contributiva de cada um, é importante e concorre 
para o crescimento e desenvolvimento de Moçambique. 
Estas noções básicas de Direito Fiscal, como o direito dos impostos, são 
elaboradas no pressuposto de que há o 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 12 
 
domínio de conhecimentos mínimos relativos a Finanças Públicas e 
Direito Financeiro. 
De todo o modo, por cautela, vale a pena recapitular algumas nações 
que são importantes para o melhor domínio desta cadeira. 
No Direito Fiscal, como já se disse, em termos largos, integram-se as 
normas relativas à incidência e ao procedimento fiscal, isto é, as que 
disciplinam organizacional e procedimentalmente o lançamento, a 
liquidação e a cobrança dos impostos. 
Não fica aqui esgotado o âmbito do Direito Fiscal, abrangendo-se 
nele as normas respeitantes aos recursos administrativos e as normas 
de fiscalização de que despontam as relativas à inspecção tributária 
e as que se integram no Direito Penal e Contra-Ordenacional Fiscal, 
no Direito Processual Penal e no Direito Processual Fiscal (normas 
relativas às garantias contenciosas dos contribuintes e de disciplina do 
processo de impugnação judicial) e no Direito Processual Executivo 
Fiscal que regula a execução fiscal, isto é, integra as normas relativas 
às garantias do Estado, enquanto credor do imposto. 
UNIDADE Temática: 1.2. Actividade Financeira do Estado 
A actividade financeira pode ser exercida por entres públicos ou 
privados. 
As entidades públicas, máxime Estado, autarquias ou pessoas 
colectivas de direito público, são as que exercem actividades 
tendentes a satisfazer as necessidades públicas. A satisfação de 
muitas outras necessidades humanas pertencentes à actividade 
económica privada. 
A actividade financeira pública é complexa, heterogenia e tem 
especificidades advindas da circunstância e das necessidades que 
visam suprir não se situarem no plano de livres opções, nem obedecem 
às pressões do mercado que requer o equilíbrio entre o custo e a 
utilidade económica dos bens e serviços. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
 13 
 
Tal actividade é constituída por fenómenos que se situam no plano da 
obtenção e emprego de meios económicos e determinada por uma 
vontade política legítima, para a prossecução de resultados políticos, 
é de natureza pública2. 
A actividade financeira, ou, dito doutro modo, as finanças públicas, 
são reguladas por um complexo de normas jurídicas que constituem 
um ramo de Direito – O Direito Financeiro. 
O Direito Financeiro, baseado numa ideia de limitação de poderes 
das entidades públicas, constituí uma ”definição jurídica dos poderes 
das entidades públicas na obtenção e no emprego dos meios económicos 
destinados à realização dos seus fins”3E define um equilíbrio entre os 
interesses patrimoniais do Estado e os dos particulares. 
O Direito Financeiro abrange as receitas públicas, as despesas 
públicas e a sua articulação, e dele são excluídas as receitas de 
origem privada, cujas relações jurídicas são de outros ramos de 
Direito. 
O Direito Financeiro ou, mais rigorosamente, o Direito Financeiro 
Público, que tem em vista também acautelar os interesses dos 
particulares por regular a obtenção, a gestão e o dispêndio dos meios 
financeiros públicos, com a sua heterogeneidade normativa 
compreende as seguintes áreas ou ramos: 
a) - O Direito das Receitas; 
b) - O Direito das Despesas; e 
c) - O Direito da Administração ou de Gestão Financeira ou da 
Administração Fazendária. 
O domínio mais unificado do Direito da Administração Financeira é 
constituído pelo Direito Orçamental ou Orçamentária ou Direito da 
Contabilidade Pública, que deve ser considerado um sub-ramo do 
Direito Administrativo. 
 
2 SOARES MARTINEZ, Direito Fiscal, Almedina, Coimbra, 1993, p4 
3 SOARES MARTINEZ, ob. Cit, p. 6. 
 
ISCED CURSO: DIREITO; 20 Ano Disciplina/Módulo: Direito Fiscal 
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Estes ramos, por sua vez, admitem divisões, interessando mais para o 
nosso estudo as divisões relativas ao direito das receitas onde ganham 
espaço, o Direito dos Impostos, o Direito Tributário ou o Direito Fiscal. 
O Direito Tributário trata precisamente das receitas coactivas, na qual 
se destaca o Direito Fiscal, que é relativo ao mais importante sector 
das receitas coercivas, de carácter unilateral, que são os impostos. 
O Direito Fiscal seria, assim, um conjunto de normas que reflectem a 
incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança dos impostos. 
Vêm estas distinções a propósitos de que nesta disciplina não se cuida 
do direito dos outros tributos – os bilaterais, reconduzíveis a figuras 
da taxa, que encaixam em esquadria jurídica diferente dos impostos 
e, ainda, porque nela trataremos dos impostos ou outras figuras 
jurídicas que possam ser tratados como impostos, independentemente 
da norma ou configuração que tenham. 
Naturalmente que a fiscalidade pode ser entendida como conjunto de 
fenómenos económico-financeiros disciplinados por normas jurídicas 
que, como tal, seria objecto da Ciência das Finanças, por um lado, e 
do Direito Fiscal, por outro. 
 
Não há um conhecimento unitário do fenómeno fiscal participado dos 
métodos jurídico, económico-financeiro, sociológico e político que 
possa legitimar ou falar-se de ciência da fiscalidade4. 
De todo modo, antecipamo-nos, por economia de palavras e 
comodidade de exposição, a dizer que falar-se-á indistintamente de 
Direito Fiscal ou Direito Tributário ou simplesmente Fiscalidade para 
designar esta cadeira. 
Estamos a falar de pacto uma vez que é controvertida a semelhança 
entre o Direito Fiscal e o Direito Tributário. 
 
4 Gomes, Nuno de Sá, Os sujeitos passivos da obrigação tributária, Revista de 
Ciência e Técnica Fiscal, nºs 196/198, Abril – Junho de 1975. 
 
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UNIDADE Temática: 1.3 Natureza e Características do Direito Fiscal 
1.3.1. Natureza do Direito FiscalO Direito Fiscal tem natureza institucional, as suas normas não se 
integram no Direito Comum, cuja disciplina é genérica, comum às mais 
diversas instituições. Visam, pelo contrário, disciplinar certos tipos de 
relações, constituídas na base das instituições tributárias, as quais 
encontram a sua origem na ideia-força, enraizada no seu meio social, 
da necessidade da contribuição dos patrimónios dos particulares para 
a sustentação da comunidade. Dir-se-á mesmo que essa raiz 
institucional dá unidade ao Direito Fiscal, através do sentido 
teleológico das suas normas, o qual provém daquela mesma raiz. 
No entanto, o Direito Fiscal, será o sistema de normas jurídicas que 
disciplinam as relações de imposto e definem os meios e os processos 
pelos quais se realizam os direitos emergentes daquelas relações. 
O Sistema Fiscal Moçambicano encontra sua constitucionalidade no 
art. 127º/1 Constituição da República de Moçambique (CRM), na qual 
visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado, e demais 
entidades públicas, realizar os objectivos da política económica do 
Estado e garantir uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza. 
Estabelecendo que os impostos são criados ou alterados por lei, que 
determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos 
contribuintes. 
No mesmo artigo, se determina que, ninguém pode ser obrigado a 
pagar impostos que não tenham sido criados nos termos da 
Constituição e cuja liquidação e cobrança não se façam nos termos da 
lei. Ressalva também que, no mesmo exercício financeiro, não pode 
ser alargada a base de incidência nem agravadas as taxas de 
impostos e que a lei fiscal não tem efeito retroactivo, salvo se for de 
conteúdo mais favorável ao contribuinte. 
 
 
 
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1.3.2. Características do Direito Fiscal 
O Direito Fiscal é uma ciência jurídica de normatividade que encerra 
o fenómeno fiscal como realidade social deontológica e não social 
fáctica. 
As regras do Direito Fiscal têm as características gerais das normas 
jurídicas, de generalidade, de abstracção, de hipoteticidade, de 
heteronomia e de imperatividade. 
A natureza institucional do Direito Fiscal leva a que as suas normas 
não se integrem do Direito Comum mas que disciplinem certos tipos de 
relações as quais encontram a sua origem, como atrás já dissemos, na 
ideia-força enraizada nas comunidades, da necessidade da 
contribuição dos patrimónios dos particulares para a sustentação da 
comunidade. 
O sentido teleológico das normas do Direito Fiscal leva a que, às 
vezes, pareça que este ramo se desvia dos restantes ramos do saber 
jurídico. 
Apesar de, como mais à frente se verá, estar numa relação forte com 
outras disciplinas jurídicas sem as quais seria penoso estudá-lo, não 
poucas vezes, desconsidera os conceitos já neles consagrados. 
O Direito Fiscal, como sub-ramo do Direito Financeiro e do Direito 
Tributário, adopta muitas das suas normas e conceitos. 
O Direito Fiscal absorve os conceitos com um sentido diferente do que 
tem em Direito Privado ou outros ramos de Direito e procede à sua 
reelaboração atribuindo-lhes sentido próprio ou específico com o qual 
melhor os adopta aos seus próprios interesse e objectivos; isto tudo é 
corolário, aliás, da ideia de que ao Direito Fiscal interessa sobretudo 
o aspecto económico das situações, independentemente da sua 
validade ou regularidade formal. 
 
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Por estas razões também se chama a este Direito de Direito de 
sobreposição5. 
UNIDADE Temática: 1.4 Relações do Direito Fiscal com outros Ramos do 
Direito 
1.4.1. Direito Fiscal, ciência fiscal e ciência técnica fiscal 
Segundo o prof. Nuno Sá Gomes, na sua obra Manual de Direito Fiscal 
– volume I-explica que “enquanto disciplina jurídica, o Direito Fiscal é 
uma ciência de normatividade pois o seu objecto está nas normas 
jurídico-fiscal, pelo que encara o fenómeno fiscal não como uma 
realidade social deontológica, mas sim como dever abstracto que tem 
o sentido de um dever efectivo”. Trata-se portanto, de um ramo de 
direito que integra regras que assumem todas as características das 
normas jurídicas em geral, isto é, generalidade, abstracção, 
hipoteticidade, heteronomia e imperatividade. 
Por sua vez, a ciência fiscal é um aspecto da ciência das finanças, que 
encara, portanto, o fenómeno fiscal, o imposto, numa óptica 
económica, como ingresso público, enquanto fenómeno social fáctico e 
não já normativo, procurando determinar regularidades económico-
financeiras entre os fenómenos estudados de forma a poder enunciar 
as Leis que a eles presidem. 
Porém, a doutrina dos anos 50, em França começou a falar em 
Ciências e Técnica Fiscal, não como um ramo ou um aspecto das 
Finanças públicas, mas antes como nova estruturação do saber teórico 
da fiscalidade. 
 
1.4.2. Direito Fiscal e o Direito Constitucional 
O Direito Fiscal subordina-se, tal como todas as normas de outros 
ramos de Direito, às regras constantes do direito constitucional e 
 
5 Lopes Pereira, J. F. Lemos e Cardoso Mota, AM, Teoria e Técnica dos Impostos, 
21ª edição, Rei dos Livros, Lisboa, 1997, pg. 14. 
 
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inerente ao Estado de Direito e que são constituídas por princípios que 
se impõem ao próprio legislador. Trata-se de princípios da 
constituição matéria do Estado de Direito que estudaremos a propósito 
das fontes do Direito Fiscal. É o que sucede, por exemplo, com a 
igualdade jurídica dos cidadãos, de resto consagrado no artigo 35 
da Constituição da República de Moçambique. 
Mas o próprio texto Constitucional conte normas de natureza fiscal 
que a doutrina designa de constituição fiscal, como sucede com as 
normas constantes do artigo 127 da CRM. 
 
1.4.3. Direito Fiscal e o Direito Administrativo 
Ainda que se reconheça a autonomia destes dois ramos de Direito, as 
relações entre si são bem íntimas. De facto, todas as actividades de 
lançamento, liquidação e cobrança dos impostos seguem um processo 
administrativo, que é conduzido por órgãos da Administração Pública. 
 
1.4.4. Direito Fiscal e o Direito Privado 
O Direito Fiscal, algumas das vezes, acolhe conceitos de direito 
privado, com o sentido técnico-jurídico que aí possuem. É o caso do 
conceito de obrigação: as regras da relação jurídica obrigacional do 
Estado-contribuinte, são as regras da obrigação do direito privado. 
Outras vezes, conceitos com um sentido próprio em direito privado são 
utilizados pelo direito fiscal noutro sentido. E no privado são utilizados 
pelo direito fiscal noutro sentido. É o que sucede por exemplo com o 
conceito de transmissão (da propriedade) de prédio, proprietário, 
comercio etc. 
 
1.4.5. Direito Fiscal e o Direito Internacional 
A integração da economia numa zona mais vasta do que o território 
nacional, tem também incidências no 
 
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campo fiscal. Esta circunstância levou ao estabelecimento de relações 
jurídicas entre os Estados, para evitar nomeadamente que a mesma 
situação seja tributada em mais de um deles ou em nenhum. 
O Governo de Moçambique tem vindo a celebrar, com diversos 
países, convecções para evitar estesfenómenos da dupla tributação 
e evasão fiscal internacional. 
Fazendo uma análise breve do que seja a dupla tributação diríamos 
que, do ponto de vista relativo da carga fiscal, este fenómeno existe 
sempre que os impostos de dois ou vários países se sobrepõem, de tal 
maneira que a pessoa tributável em mais de um país tenha de 
suportar uma carga fiscal mais elevada do que aquela a que estaria 
sujeita apenas a uma jurisdição fiscal. Há também dupla tributação 
quando um mesmo rendimento é tributado em mais do que um país. 
Os objectivos dos acordos para evitar a dupla tributação consistem 
em servir interesses dos países outorgantes, não sendo, contudo, os 
mesmos nos países desenvolvidos e nos países em vias de 
desenvolvimento. 
Para os países desenvolvidos por exemplo, o acordo para evitar a 
dupla tributação serve para privilegiar as suas empresas e técnicas 
pelo facto de permitirem a aplicação dos seus capitais e da sua 
tecnologia em outros países. Por esta razão estes países defendem o 
princípio de que a tributação do rendimento deve ser feita 
prioritariamente no país de origem da empresa ou dos técnicos. 
Os países em via de desenvolvimento por seu lado vêem nos acordos 
de dupla tributação uma forma de incentivar o investimento 
estrangeiro na medida em que estes acordos permitem fazer com que 
o investidor seja tributado apenas num dos países. Contudo estes 
países em via de desenvolvimento defendem que a forma de evitar a 
dupla tributação é a de permitir a tributação prioritariamente no país 
onde estes rendimentos são produzidos, argumentando que o país 
exportador do capital e tecnologia beneficia já de importação dos 
dividendos e dos royalties. 
 
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No caso particular do nosso país esta preocupação de dupla 
tributação internacional tem vindo a ser manifestada por diversas 
empresas pois apesar de alguns países, mesmo sem acordo, tomarem 
em consideração a carga fiscal nos países de origem do rendimento 
em consideração a carga fiscal suportada nos países de origem do 
rendimento outra há em que tal consideração não é feita sem os 
referidos acordos. 
Se uma dada empresa tiver uma mesma possibilidade de investimento 
em dois países e se houver com um desses países um acordo para 
evitar a dupla tributação, logicamente que a opção deste investidor 
será a de investir neste país. 
Ainda no nosso caso a ausência de um acordo para evitar a dupla 
tributação fiscal sobre o rendimento anula sobremaneira os incentivos 
fiscais concedido no quadro de investimento directo estrangeiro, pois 
a estes investidores e concedida uma isenção fiscal no nosso pais mas, 
o mesmo rendimento aqui isento de tributação e integralmente 
tributado no país de origem, o que significa na prática que, os recursos 
financeiros que o Tesouro Publico Moçambicano abdica pela via de 
isenção são transferidos para o tesouro daqueles países. 
 
1.4.6. Direito Fiscal e o Direito Criminal 
O não cumprimento das obrigações fiscais esta sujeito a sanções. Em 
todos os códigos de impostos existe um capítulo relativo às 
penalidades no qual se estabelecem as respectivas punições e as 
regras de procedimentos. 
Em alguns países admitem-se penas de prisão nas transgressões fiscais 
e, quando tal acontece, a relação do Direito Fiscal com o Direito 
Criminal geralmente é bastante forte pois aplicam-se por remissão ou 
por transgressão, as mesmas regras. 
No nosso caso, as dívidas fiscais até Dezembro/2002 não são 
convertíveis em prisão. Contudo, a reforma fiscal introduzida pela Lei 
 
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15/20026, estabelece a possibilidade de certas infracções fiscais 
poderem vir a ser consideradas crimes puníveis com a pena de prisão. 
No entanto, as normas fiscais impõem, logicamente, o cumprimento de 
certos deveres. Tais deveres podem consistir: 
a) Numa acção (por exemplo a representação de uma 
declaração fiscal); 
b) Ou numa omissão (por exemplo a não escrituração de um 
livro obrigatório). 
Pelo incumprimento, as mesmas leis conferem à administração poderes 
para imporem sanções que tem por regra, carácter pecuniário. 
As referidas normas são aplicáveis subsidiariamente: 
 As normas do Código Penal, do Código do Processo Penal e 
demais legislação complementar pertinente às infracções 
tributárias; 
 As disposições do Código Civil e legislação complementar 
pertinente relativamente à responsabilidade civil; 
 As normas previstas na legislação criminal e tributária na 
execução das multas. 
 
UNIDADE Temática: 1.5 Organização dos Serviços da Administração Tributária 
1.5. Organização dos Serviços da Administração Tributária 
Pela Lei n.º 1/2006, de 22 de Março, foi instituída a Autoridade 
Tributária de Moçambique (ATM), tendo por objectivos “assegurar a 
eficácia, a eficiência e a equidade na aplicação das políticas 
tributária e aduaneira do País, garantindo uma maior comodidade 
para os contribuintes no cumprimento das obrigações fiscais e criando 
 
6 Aprovado pelo Decreto 46/2002, de 26 de Dezembro. 
 
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uma maior capacidade de detecção sobre o incumprimento e evasão 
fiscal.” 
Nos termos do artigo 9 do respectivo Estatuto Orgânico, aprovado 
pelo Decreto n.º 29/2006, de 30 de Agosto, a Autoridade Tributária 
de Moçambique tem a seguinte estrutura orgânica: 
a) Direcção-Geral das Alfândegas; 
b) Direcção-Geral de Impostos; 
c) Direcção-Geral dos Serviços Comuns; 
d) Gabinete de Planeamento, Estudos e Cooperação 
Internacional; 
e) Gabinete de Controlo Interno; 
f) Gabinete de Comunicação e Imagem. 
O artigo 10 da Lei nº 1/2006, de 22 de Março, prevê também a 
existência de um Conselho da Fiscalidade, como órgão de consulta da 
ATM, com a missão de “analisar e acompanhar a evolução do sistema 
fiscal e das políticas tributárias, com vista a que se mantenham como 
instrumento decisivo de justiça social”. O Conselho da Fiscalidade é 
presidido pelo Presidente da ATM, integrando como membros 
permanentes: 
a) O Director-Geral das Alfândegas; 
b) O Director-Geral de Impostos; 
c) O Director-Geral dos Serviços Comuns; 
d) Os outros Directores-Gerais da Autoridade Tributária; 
e) Três representantes das associações empresariais; 
f) Peritos de reconhecido mérito, designados pelo Presidente da 
Autoridade Tributária. 
No que respeita especificamente à Direcção-Geral de Impostos (DGI), 
a mesma tem por função (artigo 15 do Estatuto Orgânico da ATM) a 
implementação da política e legislação tributária, e de todas as 
 
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acções de controlo e fiscalização necessárias à prossecução das suas 
competências, e integra as seguintes unidades orgânicas: 
a) Direcção de Controlo de Cobrança, Reembolsos e Benefícios 
Fiscais; 
b) Direcção de Auditoria, Fiscalização e Investigação; 
c) Direcção de Normação Tributária; 
d) Direcção do Contencioso Tributário. 
 
1.5.1. São competências da DGI: 
 Assegurar a arrecadação de impostos e de outras receitas do 
Estado cuja cobrança lhe seja cometida; 
 Executar a política tributária e realizar uma avaliação 
contínua da sua repercussão na ordem financeira, económica 
e social; 
 Controlar a aplicação das leis fiscaise a reintegração ou 
defesa dos respectivos interesses violados; 
 Prevenir e combater a fraude e evasão fiscais; 
 Assegurar o lançamento, a liquidação e a cobrança dos 
impostos cuja arrecadação esteja a seu cargo, e proceder à 
avaliação dos níveis de cobrança; 
 Exercer a acção de informação pública no domínio tributário; 
 Promover e realizar acções de auditoria e fiscalização 
tributária com vista à prevenção e combate à fraude e evasão 
fiscais; 
 Acompanhar e monitorar a execução dos benefícios fiscais e 
proceder à determinação e controlo da respectiva despesa 
fiscal; 
 Prestar esclarecimentos aos contribuintes acerca da 
interpretação das leis fiscais, suas obrigações e o modo mais 
cómodo e seguro de as cumprir; 
 Colaborar na elaboração das propostas de medidas de 
política e alterações à legislação no âmbito da sua actividade; 
 
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 Informar sobre os aspectos decorrentes da execução das leis 
fiscais; 
 Manter o registo actualizado dos contribuintes. 
Territorialmente, e no que respeita à organização dos serviços da 
administração tributária, o País encontra-se dividido em áreas fiscais, 
agrupando em regra cada uma delas a área de diversos distritos, 
com excepção da cidade de Maputo, a qual se encontra dividida em 
duas áreas (designadas de Bairros Fiscais). 
A cada uma dessas áreas fiscais corresponde uma Direcção de Área 
Fiscal (antigas repartições de Finanças) e junto de cada uma destas 
funciona também o respectivo Juízo das Execuções Fiscais, com a 
excepção uma vez mais da Cidade de Maputo, na qual funciona um 
único Juízo, agrupando as áreas dos dois Bairros Fiscais. 
As Direcções de Área Fiscal representam o elo de ligação principal 
dos contribuintes com os serviços da administração tributária, junto 
delas tendo lugar o cumprimento das respectivas obrigações 
(declarativas e outras). 
De referir que os órgãos da Administração Tributaria têm as 
obrigações que abaixo se alistam: 
a) Observar a Constituição e demais normas tributárias; 
b) Participar na execução da política tributária nacional; 
c) Proceder ao registo tributário dos contribuintes e fiscalizar a 
liquidação e pagamento dos tributos; 
d) Organizar informações estatísticas respeitantes a receitas e 
despesas tributárias; 
e) Aplicar tempestivamente penas de juros, multas ou coimas; 
f) Realizar inspecções em consonância com as leis tributárias em 
vigor; e 
g) Emitir instruções e circulares em assuntos da sua competência. 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
1) Deia o conceito do Direito Fiscal e o diferencie do Direito Financeiro. 
 
2) Que relação existe entre o direito fiscal e o direito tributário? 
 
3) O direito fiscal é comummente designado por direito dos impostos. Qual é a razão 
desta designação? 
 
4) Aborde de forma desenvolvida em torno da relação que se pode estabelecer entre 
o Direito Fiscal e o Direito Administrativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA II – PRINCIPAIS FIGURAS TRIBUTÁRIAS 
UNIDADE Temática: 2.1 O Conceito de Imposto, Objectivos e suas 
Fases 
UNIDADE Temática: 2.2 Distinção entre Impostos e Taxas 
UNIDADE Temática: 2.3 Classificação dos Impostos 
UNIDADE Temática: 2.4 Noção do Direito Fiscal ou Tributário 
 
UNIDADE Temática: 2.1. O Conceito de Imposto, Objectivos e suas Fases 
2.1. Conceito do Imposto 
Imposto – Consiste numa prestação coactiva definida por lei, de 
carácter pecuniário, definitiva e unilateral, sem carácter de sanção, 
revertendo a favor do Estado, com vista à realização de fins públicos. 
Também se define Imposto como sendo uma quantia em dinheiro, 
legalmente exigida pelo poder público, que deverá ser paga pela 
pessoa singular ou colectiva a fim de atender às despesas públicas 
feitas em virtude do interesse comum, sem levar em conta vantagens 
de ordem pessoal ou particular. 
Encontramos na primeira definição os caracteres fundamentais do 
Imposto: 
a) Coactiva → porque o Estado exige ao contribuinte a 
prestação, mesmo que seja necessário o uso de meios 
coercivos; 
b) Segundo a lei → visto ser a lei que permite ao Estado exigir 
o imposto, por via do princípio da legalidade; 
c) Pecuniário → uma vez que o imposto é pago, na generalidade 
dos casos através de meios monetários; 
d) Definitiva → dado que o contribuinte nunca será reembolsado, 
restituído, retribuído ou indemnizado, excepto se o imposto for 
cobrado indevidamente; 
 
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e) Unilateral/Sinalagmática → pois o contribuinte não recebe 
directamente nada em troca, face ao pagamento que 
efectuou; 
f) Sem carácter de sanção → sem fins sancionatórios (ao 
contrário da multa e da coima); 
g) A favor do Estado → é este quem arrecada o imposto, origem 
maior das suas receitas; 
h) Para satisfazer fins públicos → porque permite realizar 
despesas públicas. 
 
2.1.1. Objectivos do Imposto 
Como já sabemos, os impostos são criados para a satisfação dos fins 
públicos, expressão ampla que engloba objectivos fiscais (obtenção 
de receitas publicas) e extrafiscais (sociais, económicas etc.). 
Assim podemos distinguir os seguintes objectivos: 
a) Objectivos Fiscais 
Aqui os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento 
das despesas pública, isto e, “a satisfação das necessidades 
financeiras do Estado”. 
b) Objectivos Sociais 
Os impostos visam a “repartição justa da riqueza e dos rendimentos”, 
a “dimensão das desigualdades”, tendo em conta as necessidades e 
os rendimentos do agregado social, operando-se assim uma 
verdadeira redistribuição da riqueza. 
Por outro lado, os impostos podem adaptar a estrutura do consumo à 
evolução das necessidades de justiça social (onerando os consumes de 
luxo, por exemplo). 
c) Objectivos Económicos 
Além do mais, os impostos podem combater a inflação (reduzindo o 
rendimento disponível e, 
 
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consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo 
(tributando mais pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como 
o tabaco, o jogo, certas bebidas, as antiguidades, etc.), proteger as 
indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protectores 
durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento 
(indirectamente através de desagravamentos fiscais). 
 
2.1.2. Fases do Imposto 
O processo do imposto compreende as seguintes fases: 
1ª. Incidência 
Sabemos já que o imposto nasce quando surge uma norma legal que 
confere ao Estado a posição de credor do imposto e ao cidadão a 
situação de devedor do mesmo. Compete a Lei definir, embora de 
modo genérico e abstracto, o que e passível de imposto e quem é que 
fica sujeito a imposto. 
Esta fase, consiste em definir o campo de acção a nível dos sujeitos, 
actos bens e situações que ficarão sobre a alçada da figura de 
determinado imposto. Exemplo o IRPS incide sobre o rendimento das 
pessoas singulares. 
Temos, assim, dois aspectos sobre os quais pode ser encarada a 
incidência: o que esta sujeito a imposto (incidência real ou incidências 
material)e quem esta sujeito a imposto (incidência pessoal ou 
subjectiva). 
Haverá sempre lugar a imposto quando se mostrem reunidos todos os 
pressupostos de incidência referidos na lei. Pode, no entanto, o 
legislador abrir, por vezes, excepções as regras de incidência. Isto é, 
pode acontecer que estando reunidos os pressupostos de incidência, a 
própria lei, determine que determinados sujeitos ou certa material 
colectável não seja tributada. Estas excepções as regras de incidência 
chamam-se isenção. 
 
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A isenção fiscal pode ser objectiva (no caso de ser em função do 
objecto) ou subjectiva (se for em função dos sujeito. A isenção pode 
ser ainda total ou parcial. 
 
2ª. Lançamento 
Corresponde ao momento do início da aplicação da lei. É a fase em 
que, do geral e abstracto da incidência, se passa ao individual e 
concreto; é a fase em que se processam as operações conducentes à 
identificação particular dos sujeitos passivos e à determinação 
concreta da matéria colectável sobre que vai incidir o imposto. 
A fase de lançamento encerra dentro de si, um conjunto de operações 
conducentes a identificar, por um lado o contribuinte devedor do 
imposto e por outro, a matéria colectável ou objecto do imposto, isto 
é, o bem, acto ou situação pela qual vai incidir o imposto, e destacam-
se dois grandes momentos nesta fase: 
a) A identificação do contribuinte que se pode fazer com base 
na declaração do próprio (que é a forma mais comum), por 
declaração de terceiros, por simples actividade do fisco ou 
mesmo por indicação de certos serviços públicos; e 
b) A fixação da material colectável, que pode ser feita também 
com base na declaração do contribuinte, por fixação directa 
pela administração fiscal, por fixação feita por comissões 
específicas estabelecidas na lei e, algumas vezes, por acordo. 
Nos principais impostos que compõem actualmente o sistema fiscal 
(IRPS, IRPC, IVA), as operações de lançamento são efectuadas pelo 
próprio contribuinte, por isso se fala, a este propósito, em auto 
lançamento do imposto. 
3ª. Liquidação 
Esta é a fase que se determina o montante de imposto – a colectar – 
a imputar ao contribuinte. É a operação aritmética de aplicação de 
uma taxa à matéria colectável apurada na fase do lançamento, para 
 
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determinação do montante exacto de imposto devido pelo sujeito 
passivo (colecta). Naqueles impostos em que a lei prevê a 
possibilidade de deduções à colecta, a liquidação abrange também 
os cálculos decorrentes destas deduções. 
Hoje generaliza-se a tendência para agrupar sob a mesma 
designação "liquidação", quer as operações de liquidação 
propriamente ditas que acabámos de referir, quer as operações de 
lançamento mencionadas no ponto anterior. Ao usarmos agora a 
expressão "liquidação", temos, pois, que distinguir entre uma 
liquidação em sentido estrito (a operação aritmética de aplicação de 
uma taxa à matéria colectável) e uma liquidação em sentido amplo, 
que abarca tanto a dita operação aritmética, a liquidação em sentido 
estrito, como todas as outras operações de lançamento. 
Em regra a liquidação é feita, nos impostos directos pela 
administração fiscal, e nos impostos indirectos pelo contribuinte. 
Importa realçar que a liquidação esta sujeita a caducidade. Ocorrido 
o facto gerador do imposto, ela só poderá ter lugar dentro de um 
prazo de cinco anos, para o caso dos impostos sobre o Rendimento 
ou, no caso do sisa e do imposto sucessório, dentro dum prazo de vinte 
anos. Estes prazos não são de prescrição, mas de caducidade, como 
se acentuou. Daí que, extinto o direito a liquidação, não se encontre 
necessariamente prescrito o direito a cobrança dos impostos, cujo 
prazo é de vinte anos. 
 4ª. Cobrança 
Cobrança e pagamento são expressões que traduzem a mesma 
realidade jurídica. A primeira assumida do ponto de vista da 
 administração fiscal, que cobra o imposto; a segunda encarada do 
ponto de vista do contribuinte, que o paga. É a fase final da vida do 
imposto, para que tende toda a relação jurídica fiscal. Com a 
cobrança (pagamento) os valores correspondentes ao imposto vão 
dar entrada nos cofres do Estado e com isso a relação jurídica fiscal, 
normalmente, extinguir-se-á. 
 
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UNIDADE Temática: 2.2. Distinção entre Imposto e Taxa 
O Imposto, é uma prestação obrigatória estabelecida pela lei a favor 
de entidades que exerçam funções públicas e para satisfação de fins 
públicos que não constituam sanção de actos ilícitos. 
Taxa, é uma prestação avaliável em dinheiro, exigida por uma 
entidade pública, como contrapartida individualizada pela utilização 
de um bem de domínio público, ou de um serviço público. Elas são 
devidas pela utilização individual de serviços públicos ou de bens de 
domínio publico, de que todos necessitam abstractamente, mas que só 
alguns procuram activamente, ou pela remoção de um limite jurídico à 
actividade dos particulares mediante a concessão de autorizações 
administrativas. 
No plano da economia financeira a separação entre imposto e taxa 
pode estabelecer-se com relativa facilidade, na base do critério da 
divisibilidade ou indivisibilidade dos serviços públicos. As taxas, são 
progressivas porque aumentam mais que proporcionalmente, há 
medida que o rendimento aumenta, taxa progressiva, é a taxa que 
varia mais que proporcionalmente à variação do rendimento. O 
Estado e as outras entidades públicas prestam serviços cuja utilidade 
não é divisível pelos cidadãos. A defesa nacional e a diplomacia 
constituem exemplos nítidos de serviços públicos indivisíveis e, 
consequentemente, suportados pelo imposto. 
De outros serviços públicos, porém, extraem os particulares utilidades 
individualizáveis. É o caso dos serviços de instrução, de justiça e de 
muitos outros, ora quando através dos serviços públicos se prestam 
utilidades particulares, individualizáveis, quando esses serviços são 
divisíveis, em suma, há a possibilidade de realizar a sua cobertura 
financeira, ou parte dela, através do pagamento de prestações 
exigíveis dos particulares que utilizam tais serviços. 
Atendendo à diversidade de estruturação legal, o vínculo jurídico de 
taxa tem por causa a prestação por uma entidade pública de 
 
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utilidades individualizadas. Quer dizer que a taxa, como aliás o preço 
também apresenta origem sinalagmática. 
É este aspecto precisamente que separa com nitidez a taxa de 
imposto. Porque a taxa tem por causa a realização de uma utilidade 
individualizada, ela depende de outro vínculo jurídico, o que não 
acontece com o imposto. 
Deste modo, a diferença fundamental entre o imposto e a taxa reside 
no facto de aquele ser uma prestação unilateral e a taxa ser uma 
prestação bilateral ou sinalagmática, isto é, com uma contraprestação 
específica, individual, imediata e directa (serviço prestado). A 
verdade é que a distinção entre imposto e taxa assume especial 
relevância no que se refere ao princípio da legalidade: o imposto só 
pode ser criado por lei da Assembleia da República, enquanto que a 
taxa, nem sempre é assim. 
 
UNIDADE Temática: 2.3. Classificação dos Impostos 
Os Impostos têm a classificação que abaixo sealista: 
a) Impostos directos e indirectos 
Os impostos directos, visam atingir faculdades contributivas 
permanentes, estáveis, enquanto os indirectos, visam atingir 
faculdades contributivas intermitentes, instáveis, passageiras, é aquele 
que geralmente tem inspirado as leis e contabilidade pública. São 
impostos directos, aqueles cujo lançamento se baseia na elaboração 
prévia de um rol nominativo de contribuintes (ex.: IRPPS, IRPC e ISPC); 
e indirectos os outros (ex.: IVA, ICE e Direitos Aduaneiros). 
Quanto ao sujeito activo: 
b) Impostos Estaduais e não Estaduais: 
Nem sempre o Estado é credor do imposto, o sujeito activo da relação 
jurídico-tributária. Esta constitui-se, muitas vezes, em benefício de uma 
 
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Autarquia Local ou de um Instituto Público. Daí a separação dos 
impostos estaduais e não estaduais. A origem de uns e de outros é 
legal e, portanto, estadual; mas só em relação aos primeiros o Estado 
se apresenta como credor (ex.: IRPS, IRPC e IVA). 
Note-se que os impostos não estaduais são os estruturados no sentido 
da sua atribuição a uma entidade diversa do Estado. Mas acontece 
frequentemente que a receita de um imposto estadual seja cedida 
pelo Estado a outra entidade pública (ex. As Autarquias). 
 
Quanto ao período de tempo em que ocorrem: 
 Impostos Periódicos - quando os factos ou situações que dão 
origem ao imposto se repetem, no tempo, com carácter de 
continuidade (IRPS,IRPC e IVA); 
 
 Impostos de Obrigação única - quando os factos ou situações 
não se repetem com carácter de periodicidade, mas ocasional 
ou esporadicamente. 
c) Impostos reais e pessoais: 
Os impostos reais, visam a atribuição de bens económicos, de riqueza, 
em termos objectivos, sem que nessa tributação se vão reflectir as 
condições pessoais do contribuinte, os impostos pessoais, pelo 
contrário, procuram atingir certos bens por pertencerem, ou 
respeitarem a determinadas pessoas, cuja capacidade contributiva e 
outras circunstâncias pessoais, são tidas em conta, através de alguns 
aspectos da tributação. 
Raramente se encontrarão impostos que visem apenas aspectos 
pessoais. Mas pode admitir-se a classificação na base do maior ou 
menor relevo desses aspectos. Assim, segundo o critério da 
predominância, serão reais, além de todos os impostos de consumo, 
do selo e aduaneiros, os impostos prediais. Segundo este mesmo 
critério de predominância, de aspectos objectivos ou subjectivos, serão 
pessoais o imposto sucessório e o IRPS, 
 
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cujas taxas e outros elementos variam, não apenas em função da 
capacidade contributiva mas também em função de outros factores 
respeitantes à pessoa do contribuinte. 
Tendo de reconhecer-se que os impostos indirectos são sempre reais, 
ou objectivos, nota-se facilmente que a destrinça oferece interesse 
escasso, do ponto de vista jurídico, porquanto no campo dos impostos 
directos é fácil distinguir diversidade de tratamento quanto ao 
nascimento e à estrutura da obrigação de imposto entre reais e os 
pessoais. 
Em função do tipo de taxas aplicáveis, os impostos (em particular os 
impostos directos) classificam-se ainda em: 
a) Proporcionais – quando a respectiva taxa permanece fixa, 
qualquer que seja o montante da matéria colectável (é 
exemplo o IRPC); 
b) Progressivos – quando a respectiva taxa é tanto mais 
elevada quanto maior seja o montante da matéria colectável 
(é exemplo o IRPS); 
c) Degressivos – quando o imposto é essencialmente de taxa 
proporcional, mas se estabelecem taxas mais suaves 
aplicáveis no patamar inferior da pirâmide dos rendimentos 
colectáveis (constituiu exemplo em Moçambique o antigo 
Imposto Profissional); 
d) Regressivos – quando a respectiva taxa varia em função 
inversa do rendimento colectável (o Imposto Pessoal 
Autárquico e o Imposto de Reconstrução Nacional, com as suas 
taxas de quantitativo fixo. 
Durante muito tempo a doutrina clássica considerou os impostos 
directos e, em particular, o imposto progressivo, como os mais 
adequados à aplicação e realização de critérios e objectivos de 
justiça social. 
E se examinado a esta luz, o actual sistema tributário moçambicano 
teria de classificar-se como profundamente injusto, pois que cerca de 
75% das receitas fiscais totais do Estado 
 
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provêm dos impostos indirectos (IVA, ICE, direitos de importação, etc.), 
representando o imposto progressivo (IRPS) pouco mais de 10% das 
mesmas receitas. 
Esta doutrina vem porém a ser progressivamente questionada desde 
ainda os anos 80, designadamente à luz de critérios de eficácia fiscal, 
apontando-se a grande ineficiência na aplicação do princípio do 
imposto progressivo (em particular no que respeita à tributação dos 
rendimentos de capital, pela progressiva sofisticação que os mesmos 
podem revestir), a crescente mobilidade dos capitais no quadro da 
globalização da economia, a debilidade dos serviços de 
administração tributária face aos níveis de evasão verificados em 
todos os casos em que não tem aplicabilidade o princípio da retenção 
na fonte, entre outros factores. 
Por outro lado, sublinha-se a maior eficácia de formas de tributação 
tipo IVA, bem como as virtualidades da tributação selectiva de certo 
tipo de consumos, indiciadores de determinadas formas de riqueza. 
De referir ainda que, embora a obtenção de recursos financeiros pelo 
Estado seja a razão de ser do imposto, através do mesmo podem ser 
prosseguidos importantes objectivos extrafiscais, como por exemplo: 
 Objectivos de redistribuição do rendimento e da riqueza 
nacional, através do imposto progressivo (apesar dos factores 
negativos que acima apontados); 
 Orientação de consumos, através de formas de tributação 
selectiva tipo ICE; 
 Penalização e desencorajamento de consumos socialmente 
nocivos (tributação fortemente gravosa do tabaco e do 
álcool); 
 Incentivo de determinadas actividades económicas, sujeitando 
a taxas efectivas mais favoráveis os correspondentes 
rendimentos, e bem assim a orientação de investimentos para 
zonas menos desenvolvidas do território nacional. 
Um outro objectivo extra-fiscal tradicionalmente associado aos 
direitos de importação (que em muito 
 
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justificava a própria razão de ser dos mesmos) era a protecção da 
indústria nacional. As políticas de progressiva liberalização das trocas 
comerciais e de “desarmamento” aduaneiro afectam de forma 
irreversível a realização de tal objectivo. 
UNIDADE Temática: 2.4 Noção do Direito Fiscal ou Tributário 
Ao debruçarmos sobre a doutrina do Direito Fiscal ou Tributário há 
que realçar que na prática não existem diferenças acentuadas entre 
o âmbito das matérias dadas nos manuais de direito fiscal e o âmbito 
das matérias dadas nos manuais de direito tributário. 
Tradicionalmente as doutrinas portuguesas, francesa, alemã, austríaca 
e suíça, etc., preferem a terminologia de “direito dos impostos ou 
direito fiscal”, ao passo que as doutrinas italiana, espanhola e 
brasileira têm optado pela terminologia de ”direito dos tributos ou 
direito tributário“7. 
O Direito dos Impostos, Direito Tributário, ou Direito Fiscal, é o ramo 
de Direito Financeiro que corresponde á insuficiênciado património e 
do domínio para suportarem as despesas crescentes das comunidades 
políticas. É assim logicamente supletório, no sentido de que visa a 
preencher aquela insuficiência. 
A doutrina moçambicana tem perfilhado a primeira orientação 
terminológica, uma vez que a Constituição em vigor, prevê um sistema 
fiscal, em que se impõe o princípio de legalidade dos impostos e das 
respectivas taxas nos termos dos nºs. 2 e 4 do artigo 127 da CRM. 
Apesar de que actualmente o legislador ordinário tem preferido a 
segunda orientação, com aprovação das Leis nºs. 1/2006 e 2/2006, 
ambas de 22 de Março, que cria a Autoridade Tributaria de 
Moçambique e estabelece os princípios gerais do ordenamento 
jurídico tributário moçambicano e aplicável a todos os tributos 
nacionais e autárquicos, respectivamente. 
 
7 Cfr. NABAIS, José Casalta, Direito Fiscal, 4ª edição, Almedina, Coimbra, Maio de 
2007; págs. 6 e ss. 
 
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EXERCÍCIOS 
1. Os impostos enquanto receitas públicas visam certos objectivos económicos, sociais e 
jurídicos. 
a) O que entendes por imposto? 
b) Enuncie os objectivos do imposto. 
c) Porquê razão os impostos são receitas coactivas? 
2. Quanto ao sujeito activo, os impostos podem classificar-se em Estaduais e não 
Estaduais. Sustente a afirmação com argumentos convincentes. 
3. Distinga o Imposto da Taxa. 
4. Coloque Verdadeiro (V) ou Falso (F) as questões que se seguem: 
 
a) O imposto é uma prestação sinalagmática, não correspondendo assim à 
prestação de imposto qualquer contraprestação específica a favor do 
contribuinte. A prestação de imposto confere ao contribuinte o direito de exigir 
qualquer contraprestação específica, directa e imediata; 
b) Desde que haja necessidade de aumentar o nível de arrecadação de receitas 
para fazer face as despesas públicas, o Governo pode decidir agravar as 
taxas dos impostos durante o exercício económico; 
c) Os impostos só são exigidos a favor de entidades públicas, como também 
podem sê-lo a favor de entes que não sendo públicas; 
d) Num Estado de Direito, ao contrário da anterior prática do Estado absoluto, a 
actividade financeira se exerce de forma arbitrária, ou seja, se subordina às 
conveniências ou vontades dos agentes e órgão público; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA III – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO FISCAL 
UNIDADE Temática: 3.1 Fontes do Direito Fiscal 
UNIDADE Temática: 3.2 Evolução do Direito Fiscal 
UNIDADE Temática: 3.3 Autonomia do Direito Fiscal 
UNIDADE Temática: 3.4 Princípios do Direito Fiscal 
UNIDADE Temática: 3.5 Normas Fiscais 
UNIDADE Temática: 3.6 Soberania do Direito Fiscal 
 
UNIDADE Temática: 3.1 Fontes do Direito Fiscal 
Não se estuda nenhuma disciplina da enciclopédia jurídica sem se 
conhecer e discutir as respectivas fontes. Elas podem ser do 
conhecimento, genéticas (materiais ou reais que são as fontes de 
origem – causa de Direito), de validade e de juridicidade. 
A expressão “fonte de direito”, numa acepção técnico-jurídica, refere-
se aos modos de formação e de revelação das regras jurídicas, ou 
seja, às formas do seu aparecimento e manifestação. 
De referir que, a mesma expressão admite diversos entendimentos, ou 
conteúdos. Um substancial respeita à origem e à razão vinculativa das 
normas; outro formal, abrange os revestimentos pelos quais os 
preceitos jurídicos se revelam, são enunciados, se apresentam aos seus 
destinatários. 
O entendimento consagrado é o de que as fontes de Direito, na 
acepção tecnico-juridica ou formal, são modos de formação e 
revelação das regras jurídicas, ou seja, as formas do seu 
aparecimento e manifestação. Esta acepção é a que interessa à 
ciência do Direito e, obviamente, ao Direito Fiscal. 
 
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No entanto, destacam-se as seguintes as fontes de direito: 
3.1.1. A Lei 
Normas jurídica criada e imposta por uma autoridade com poder 
para o fazer (poder legislativo); 
Embora juridicamente a palavra ”Lei” possa ser utilizada numa 
acepção extremamente ampla, equivalente a direito (quando, por 
exemplo, dizemos que a lei proíbe ou impõe), aquela palavra, com 
sentido de fonte de direito, ainda pode ter significados diversos: 
 Um significado lato, para designar toda e qualquer norma 
jurídica criada por decisão e imposição de uma autoridade 
competente para tal, distinguindo-se por isso do costume; 
 Um significado restrito, para designar apenas os diplomas 
emanados da Assembleia da República. 
Assim, naturalmente perante a palavra» lei» não podemos deixar de 
determinar, por interpretação, qual a extensão do sentido em que é 
utilizada. 
De acordo com sua hierarquia, vamos considerar a lei constitucional, 
as leis da Assembleia da República e os Decretos do Conselho de 
Ministro e os regulamentos (que podem ser Decretos do Conselho de 
Ministro ou Diplomas Ministeriais). 
3.1.2. O Costume 
Norma jurídica resultante da prática repetida e habitual de uma 
conduta encarada como obrigatória. “Tacitus consensuspopuli longa 
cosutudineinveteratus” (prática reiterada e constante com convicção 
de obrigatoriedade), há-de afirmar-se como fonte de Direito. Mas 
não parece que tal aconteça no campo tributário, onde as normas não 
são criadas espontaneamente pelos destinatários. Não é o princípio 
da legalidade do imposto que leva a afastar o costume daquele 
campo. Porquanto como se sabe, esse princípio domina apenas alguns 
aspectos da tributação, especialmente o 
 
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da incidência fiscal. Mesmo assim, é difícil admitir que outros aspectos, 
como o lançamento, o da liquidação ou da cobrança, possam 
conformar-se com a disciplina de normas consuetudinárias. 
O costume não pode ser fonte de direito fiscal, no domínio dos 
elementos essenciais dos impostos, como decorre do princípio da 
legalidade. Mesmo quanto aos restantes aspectos, apenas existem 
certas praxes burocráticas, donde seguramente não brotam normas 
jurídicas vinculativas. 
3.1.3. A Jurisprudência 
Nem a jurisprudência nem a doutrina constituem fontes imediatas de 
Direito Fiscal, salvo, quanto à primeira. Os Tribunais, normalmente, 
não criam normas jurídicas através das suas sentenças e dos seus 
acórdãos. 
Convém salientar que a lei e o costume são fundamentalmente modos 
de formação das normas (fontes directas ou imediatas), enquanto a 
jurisprudência e a doutrina são modos de revelação (fontes indirectas 
ou mediatas) daquelas normas, pois não criam normas jurídicas. 
No caso da jurisprudência, os assentos vinculam os tribunais a uma 
determinada interpretação da Lei. 
No entanto, a jurisprudência e a doutrina desempenham um papel do 
maior relevo como fontes mediatas de Direito Fiscal, pela influência 
que exercem na evolução dos sistemas de Direito Positivo. E esta 
influência é ainda mais marcada no campo do Direito Fiscal, por se 
tratar de um ramo de Direito que tem sofrido ultimamente e está 
sofrendo, grandes e profundas alterações, as quais são muito 
frequentemente influenciadas pela opinião dos doutrinadores e pelas 
orientações jurisprudenciais. 
3.1.4. Doutrina 
A doutrina não é fonte do direito fiscal. Apesar de largo 
desenvolvimento aos cultores