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Osteoporose Metabolismo do Osso: Esse processo tem base na ação conjunta de células ósseas de reabsorção (osteoclastos) e de formação (osteoblastos). A perda óssea na osteoporose resulta de um desequilíbrio deste processo. Citocinas/vias de sinalização importantes: • RANK / RANK-L / OPG • BMP/Wnt • DKK1 / esclerostina Os osteoblastos produzem RANKL e M-CSF, que se ligam em receptores específicos em células progenitoras dos osteoclastos e produzem osteoclastos. A osteoprotegerina, também conhecida como uma proteína de proteção óssea, é secretada por células osteoblásticas e age como um receptor competitivo que ao ligar-se so RANKL, impede a ligação deste ao RANK, inibindo a osteoclastogênese e favorecendo a formação óssea. Introdução: Osteoporose é um distúrbio ósseo sistêmico que se caracteriza por redução da massa óssea, desorganização da microarquitetura do osso e da diminuição da resistência óssea, com aumento do risco de fratura. A osteoporose pode ser classificada como primária (pós menopausa e senil), quando associada ao envelhecimento natural de homens e mulheres, ou secundária, quando associada a doenças sistêmicas ou condições que aceleram a perda de massa óssea. O uso de glicocorticoide é a principal causa de osteoporose secundária. • Tipo I (pós-menopausa): mulheres na pós menopausa, perda óssea acelerada, acomete osso trabecular, fraturas mais comuns são vertebrais e de punho (Colles). • Tipo II (senil): homens e mulheres após 70 anos, perda óssea lenta e progressiva, acomete osso trabecular e cortical, fraturas mais comuns são vertebrais e de quadril. Fisiopatologia: A osteoporose é decorrente de um processo multifatorial em que há um desbalanço entre a produção e reabsorção óssea. São fatores associados à diminuição de formação óssea: idade e deficiência de hormônio do crescimento. Já as deficiências de estrogênio, cálcio, vitamina D, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo e doenças inflamatórias causam osteoporose, principalmente, pelo aumento da reabsorção óssea. O pico da massa óssea ocorre em homens e mulheres em torno dos 30 anos. Os homens têm maior massa óssea que mulheres. A perda óssea osteoporótica afeta osso cortical e trabecular (cancellous). A espessura cortical e o tamanho das trabéculas diminuem, resultando em porosidade aumentada. A trabécula pode estar interrompida ou inteiramente ausente. A perda óssea trabecular ocorre mais rapidamente do que o osso cortical porque o osso trabecular é mais poroso e a recuperação óssea é mais alta. Contudo, a perda dos dois tipos contribui para a fragilidade do esqueleto. O principal mecanismo da osteoporose primária é o aumento da reabsorção óssea, que resulta em diminuição da massa óssea e deterioração microarquitetural, mas às vezes a formação óssea é prejudicada. Os mecanismos de perda óssea podem envolver: • Alterações locais na produção de citocinas, particularmente envolvendo citocinas como o ligante do receptor ativador do fator nuclear kapa B (RANKL), que aumenta a reabsorção óssea ao promover a diferenciação e a maturação dos osteoclastos • Resposta de formação óssea prejudicada durante a remodelação óssea, provavelmente causada pelo declínio relacionado à idade no número e atividade dos osteoblastos, parcialmente decorrente do aumento mediado pelas citocinas na proteína esclerostina • Outros fatores que afetam a reabsorção óssea como hormônio da paratireoide (PTH) e vitamina D. Quadro Clínico: Trata-se de uma doença silenciosa, em que os sintomas e os sinais clínicos são decorrentes já do desfecho da doença, que são fraturas de fragilidade (colo do fêmur, úmero proximal, rádio distal e vertebral). A fratura vertebral é a manifestação clinica mais comum da osteoporose e, na maioria das vezes, é assintomática, com suspeita na presença de perda progressiva de altura ou cifose importante. Já as fraturas de colo do fêmur e de rádio distal são sintomáticas e decorrentes de queda. Classificação da Fratura Vertebral: A fratura vertebral pode ser diagnosticada através da radiografia simples de coluna. É classificada de acordo com o local de fratura do corpo vertebral em anterior, posterior ou bicôncava (em “peixe”), e com grau de redução em grau I (20% a 25%), grau II (25% a 40%), grau III (>40%). Rastreio e Diagnóstico: O diagnóstico de osteoporose pode ser densitométrico, a partir do uso da densitometria óssea, e/ou na existência de fratura de fragilidade (diagnóstico clínico). O diagnóstico clinico da osteoporose é feito em indivíduos que tem fraturas tipicamente osteoporóticas de baixo impacto em rádio distal, úmero proximal, colo do fêmur e vertebral. O rastreamento de osteoporose on densitometria óssea deve ser solicitado, de modo geral, em mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos. Repetida de 1 a 2 anos. Existem outras indicações para o exame. Pela OMS a definição de osteoporose densitométrica é T-score < ou = - 2,5 DP. Outros valores de T-score: • Normal: > -1 • Osteopenia: > -2,5 É utilizado para mulheres na pós menopausa ou homens acima de 50 anos e compara os desvios padrão com uma população jovem saudável. Já o Z-score é utilizado em mulheres não menopausadas e homens abaixo os 50 anos, compara em desvios padrão com uma população da mesma idade e sexo. Nesta população se estabelece o diagnóstico de “baixa massa óssea para idade” quando Z-score < -2,0 DP. Os sítios avaliados na densitometria óssea são coluna total e fêmur. Exames Complementares: RX Simples: Os ossos mostram radiodensidade diminuída e perda da estrutura trabecular, porém não até que cerca de 30% do osso tenha sido perdido. Entretanto, as radiografias simples são importantes para documentar as fraturas decorrentes da perda óssea. Perda da altura corporal vertebral e maior biconcavidade caracterizam as fraturas por compressão vertebral. Fraturas das vértebras torácicas podem causar encunhamento ventral no osso. Em ossos longos, embora os córtices sejam finos, a superfície do periósteo permanece lisa. As fraturas vertebrais em T4 ou acima levantam suspeitas de câncer em vez de osteoporose primária. Radiografias simples da coluna vertebral devem ser consideradas em pacientes mais velhos com lombalgia e sensibilidade localizada na coluna vertebral. FRAX Brasil/Calculadora ABRASSO: Avaliar risco de fratura osteoporótica maior e fratura de quadril nos próximos 10 anos!!! • Calculadora que leva em consideração alguns fatores de risco para osteoporose • Pode ser usado para avaliar se há indicação para realização de DXA ou para avaliar se há alto risco para fraturas! • Se alto risco para fraturas por fragilidade: merece tratamento! Outros Exames: Uma avaliação das causas secundárias da perda óssea deve ser considerada para um paciente com uma classificação Z ≤ -2,0 ou se houver suspeita clínica de causa secundária de perda óssea secundária. Testes laboratoriais devem incluir: • Cálcio, magnésio e fósforo séricos • Nível de 25-hidroxi-vitamina D • Tests hepáticos, para identificar diminuição da fosfatase alcalina (hipofosfatasia) • Níveis de PTH (hiperparatireoidismo) • Níveis séricos de testosterona nos homens (hipogonadismo) • Dosagem de cálcio e creatinina em urina de 24 horas (hipercalciúria) Tratamento: Não Farmacológico: Mudanças nos hábitos de alimentação, prática de exercícios físicos e tratamento de possíveis morbidades associadas à osteporose têm papel importante na preservação da massa óssea e na prevenção de fraturas. A abordagem não medicamentosa da osteoporose inclui: • Manter níveis adequados de 25(OH)vitamina D o >30 ng/mL o Necessidade 800UI/dia • Manutenção e melhora da mobilidade; • Aconselhamento nutricional à ingesta adequada de cálcio à 1000 – 1200mg de cálcio elementar/dia. • Tratamento de doenças associadas e diminuição dos fatores de risco; • Tratamento de morbidades associadas a fraturas. Farmacológico: O tratamento farmacológico é considerado para os pacientesque, a critério clínico, não teriam dimimuição adequada do risco de fratura apenas com tratamento não farmacológico. Mulheres na pós- menopausa e homens com 50 anos ou mais que apresentem uma fratura prévia de quadril ou vértebra e aqueles com T-score menor ou igual a -2,5 na coluna ou colo femural têm, a critério clínico, indicação de tratamento farmacológico. Os pacientes com osteopenia (T-score menor que -1 e maior que -2,5) podem ser submetidos a tratamento farmacológico na dependência da avaliação clínica dos fatores de risco associados à perda de massa óssea. • Fármacos antirreabsortivos [p. ex., bisfosfonatos, tratamento de reposição hormonal, modulador seletivo do receptor de estrogênio, ligante ativador do receptor do fator nuclear kappa-B (RANKL) (denosumabe)] • Anabolizantes (p. ex., análogos do paratormônio (PTH) como teriparatida e abaloparatida) • Romosozumabe, um anticorpo monoclonal contra a esclerostina com efeitos anti- reabsortivos e anabólicos Os objetivos do tratamento da osteoporese são preservar a massa óssea, prevenir fraturas, diminuir a dor e preservar a função. Bisfosfonatos são terapia medicamentosa de primeira linha. Inibindo a reabsorção óssea, os bisfosfonatos preservam a massa óssea e podem diminuir as fraturas vertebrais e do quadril em 50%. A remodelação óssea é reduzida após 3 meses da terapia com bisfosfonatos e a diminuição do risco de fraturas é evidente tão cedo quanto 1 ano após o início da terapia. A densitometria óssea seriada, quando realizada para monitorar a resposta terapêutica, deve ser feita em intervalos de 2 anos ou mais. Os bisfosfonatos podem ser administrados por via oral ou IV. Os bisfosfonatos incluem: • Alendronato (10 mg uma vez ao dia ou 70 mg por via oral 1 vez/semana) • Risedronato (5 mg por via oral uma vez ao dia; 35 mg por via oral 1 vez por semana ou 150 mg por via oral 1 vez por mês) • Ácido zoledrônico (5 mg IV 1 vez/ano) • Ibandronato por via oral (150 mg 1 vez por mês) ou IV (3 mg 1 vez a • cada 3 meses) Bisfosfonatos orais devem ser tomados com o estômago vazio com um copo cheio (250 mL) de água, e o paciente deve permanecer em pé por pelo menos 30 minutos (60 minutos para ibandronato) e não ingerir nada mais por via oral durante esse período. Bisfosfonatos orais podem causar irritação esofágica. Distúrbios do esôfago que retardam o tempo de trânsito e sintomas de distúrbios gastrintestinais superiores são contraindicações relativas aos bisfosfonatos orais. Bisfosfonatos IV são indicados se o paciente não tolerar ou não conseguir se adaptar aos bisfosfonatos orais. Referências Bibliográficas: 1. SanarFlix - Apostila Reumatologia - Osteoporose 2. SanarFlix - Super Material - Osteoporose 3. CURRENT Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento - 2a edição, Artmed 4. Resumos da Med RX Simples: FRAX Brasil/Calculadora ABRASSO: Outros Exames: Não Farmacológico: Farmacológico: