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BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITARIO DE GURUPI CURSO DE AGRONOMIA – DISCIPLINA INTRODUÇÃO A ZOOTECNIA Prof. Marcela C.A.C. Silveira Tschoeke FATORES CLIMÁTICOS QUE INFLUENCIAM OS ANIMAIS E INFLUENCIAM NO RENDIMENTO DO REBANHO: temperatura, radiação solar, umidade, pressão atmosférica, vento e chuva. AMBIENTE É o conjunto de tudo que afeta a constituição, o comportamento e a evolução de um organismo e que não envolve diretamente fatores genéticos. A bioclimatologia aborda as relações entre os organismos e valores médios de temperatura, vento, umidade, luz em regiões determinadas. ADAPTAÇÃO É o resultado da ação conjunta de características morfológicas, anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e comportamentais, no sentido de promover o bem-estar e favorecer sobrevivência de um organismo em um ambiente específico. “Bioclimatologia: é o estudo dos efeitos do clima e dos fatores ambientais sobre os organismos vivos.” Medeiros e Vieira, 1997 IDADE (SEMANAS) TEMPERATURA (OC) 1 32 - 35 2 29 - 32 3 26 - 29 4 23 - 26 5 20 - 23 6 20 Tabela 1 — Temperatura ambiente ideal para criação de aves FASE TCI(ºC) ZCT(ºC) TCS (ºC) Recém-nascido 32 35 39 Adulta 15 18 a 28 32 Valores de TCI, ZCT e TCS de acordo com a fase das aves e bovinos Fonte:Curtis 1983. Recém-nascido 10 18-21 26 Adulto Europeu -10 -1 a 16 27 Indiano 0 10 a 27 35 A temperatura da pele pode variar independentemente da temperatura retal, pois além de estar relacionada a condições fisiológicas como vascularização da pele e taxa de sudorese, por ser uma temperatura de superfície; depende principalmente de fatores externos de ambiente como temperatura e umidade do ar, radiação solar e vento. Em geral, em ambiente quente, a temperatura da pele se eleva. Em ambiente quente de modo geral, os animais reduzem a taxa metabólica como um dos mecanismos de adaptação fisiológica para evitar a sobrecarga de calor no organismo (Medeiros e Vieira, 1997). Figura 1 — Representação esquemática simplificada das temperaturas efetivas. Adaptado de Curtis 1983, citado por Abreu, 2003. SEM DESVIO DE ENERGIA COM GASTO DE ENERGIA PARA TERMOGÊNESE OU TERMÓLISE Os animais têm desempenho diferenciado sob ESTRESSE TÉRMICO. O estresse térmico é definido como sendo o resultado da inabilidade do animal em dissipar calor eficientemente para manter a sua homeotermia (WEST, 1999). A produção e perda de calor são denominadas Termogênese e Termólise. A termogênese resulta do calor produzido pelo metabolismo e radiação (carboidratos, lipídeos e proteínas) A termólise resulta do fluxo de calor perdido para o ambiente. Tanto uma situação quanto a outra tem como objetivos manutenção da homeotermia. A manutenção da homeotermia é feita pelo aparelho termorregulador Bovinos de clima temperado em temperatura média acima de 21ºC, são subférteis. Podem viver em estresse térmico e aumentar a temperatura corporal até 41ºC. Na região tropical se o animal recebe alimentação e manejo adequado, mas não consegue estabelecer suficiente equilíbrio térmico com o ambiente, haverá desperdício de energia, porque esse equilíbrio ocorre em função, principalmente, do aumento da frequência respiratória, energia esta que seria usada para as funções produtivas. O efeito do calor na temperatura corporal é determinada não somente pelo clima (temperatura do ar, umidade e radiação solar), como também, pela disponibilidade de água e alimento. As fontes disponíveis de alimento e água em ambientes quentes exercem influência na temperatura do corpo através das interações fisiológicas entre o metabolismo energético que libera calor para mantença e atividade produtivas e a água que entra no sistema via metabolismo intermediário e resfriamento evaporative (respiração e sudorese). Como o corpo faz para manter a termoregulação? Medeiros e Vieira, 1997 http://salabioquimica.blogspot.com.br/2011/05/termorregulacao-parte-3.html TERMOGÊNESE - produção de calor no interior do organismo pela oxidação dos elementos nutritivos dos alimentos e energia dispendida no metabolismo basal, para o crescimento e toda atividade fisiológica produtiva. Bezerros por exemplo tem maior sensibilidade ao frio, decorrente da maior superfície corporal da ausência de calor de fermentação produzido pelo rúmen, bem como, da inadequação do aparelho termorregulador https://br.pinterest.com/pin/256353403776261972/ - aquisição de calor: quando a temperatura ambiente (à sombra ou ao sol) é superior à da superfície do corpo do animal, o corpo adquire calor que se propaga do ambiente para o animal, por radiação e condução, da radiação solar (direta ou refletida) e da temperatura do ar. https://pt.pngtree.com/freepng/summer-lovely-cartoon-hand-painted_3818671.html TERMÓLISE Eliminação de calor corporal com temperatura ambiente menor que a da superficie do corpo. O calor produzido no interior do organismo propaga-se para a superfície do corpo pela condutibilidade dos tecidos e pela circulação periférica. Quando na superfície do corpo a temperatura é mais elevada que a do ambiente, o calor passa para o ambiente pelos processos físicos de radiação, principalmente de condução, nos casos de contato direto com superfície menos quente que a do corpo (água, principalmente), ou de convecção (por efeito do vento). A eliminação de calor por radiação (condução e convecção) é influenciada: a) pela relação entre tamanho (peso) do indivíduo e sua superfície corporal; a superfície tende a diminuir à medida que aumenta o tamanho do animal; um animal pequeno tem mais superfície corporal por unidade de peso do que um grande. b) pelo desenvolvimento da pele em dobras, pregas, barbelas que aumentam a superfície do corpo; c) pela pelagem e sua conformação; d) pela existência de panículo adiposo muito desenvolvido, formando, como no suíno, espessa camada de cobertura (toucinho) que, por ser má condutora de calor, dificulta a propagação do calor interior do organismo para a pele e, consequente, a dissipação. PRODUÇÃO E SAÍDA DE CALOR O calor produzido pelo animal tem que ser dissipado ou perdido para a manutenção da homeostase Nos climas quentes, a evaporação é o principal processo de eliminação do excesso do calor corporal. Ela é prejudicada pela umidade do ar elevada e favorecida pelos ventos. A evaporação processa-se principalmente na superfície do corpo, mas ocorre também no seu interior, na intimidade do aparelho respiratório e urinário. Os animais que suam mais (zebu) urinam mais no inverno, enquanto os que suam pouco (taurinos) urinam mais no verão. Para aumentar a evaporação pela respiração, quando os demais aspectos do aparelho termorregulador não são suficientes para evitar a elevação da temperatura corporal, o animal acelera o ritmo respiratório. Por convecção: o aquecimento do ar inspirado, no interior do aparelho respiratório, rouba calor do organismo. Esta perda de calor ocorre em maior proporção, com temperatura ambiente baixa e aumenta com a aceleração do ritmo respiratório. Por condução: o aquecimento da água fria ingerida ou de outros alimentos ingeridos frios, no interior do aparelho digestivo, rouba calor ao corpo. A eliminação do calor por condução também ocorre com temperatura ambiente baixa, porém com temperatura ambiente elevada a ingestão de água é muito aumentada, chegando este aumento atingir nos bovinos, cerca de 400%. QUANDO HÁ AUMENTO DO RITIMO RESPIRATÓRIO O QUE OCORRE DENTRO DO ANIMAL? A ampliação das perdas evaporativas com a elevação da temperatura ambiente, tendem a aumentar a eliminação de substâncias iônicas como sódio (Na), potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca) e cloro (Cl), isto porque o aumento na reciclagem de água requer um incremento associado da reciclagem eletrolítica para mover a água através de vários fluidos para a superfície evaporativa (Medeiros e Vieira, 1997). Dentre os macrominerais que tem seus requisitos alterados nahipertermia, destacam-se o K e Na, em decorrência da elevada eliminação de cloreto de potássio (KCl), bicarbonato de potássio (KHCO3) e bicarbonato de sódio (NaHCO3) pelo suor e urina. A carência desses minerais causam outros problemas metabólicos (falha na contração muscular, retenção de placenta, perda de apetite, redução de peso). Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU) são considerados em um único valor os efeitos da temperatura de bulbo seco, da umidade relativa, da radiação e da velocidade do ar (Buffington et al. 1977). Avalia condições de conforto animal em condições de clima tropical, é calculado por meio da seguinte equação: ITGU = Tgn + 0,36.Tpo - 330,08 em que Tgn = temperatura de globo negro, em Kelvin (K); Tpo = temperatura do ponto de orvalho, em Kelvin (K). A temperatura de globo negro é obtida pelo termômetro de globo negro, instrumento de fácil confecção, que consiste em uma esfera oca, de cobre, com aproximadamente 0,15 m de diâmetro e 0,0005 m de espessura, pintada externamente com duas camadas de tinta preta fosca para maximizar a absorção de radiação solar; em seu interior é instalado um termopar ou termômetro, para a leitura da temperatura (Campos, 1986) ou com uso de esferas negras de PVC (tipo bóia de caixa d´água). Campos, a.t. Determinação dos índices de conforto térmico e da carga térmica de radiação em quatro tipos de galpões, em condições de verão para Viçosa - M.G. 1986. 66 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. Souza, c.f. Eficiência de diferentes tipos de bezerreiros, quanto ao conforto térmico, na primavera e no verão em Viçosa - M.G. 1992. 94 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Viçosa. Para relacionar os valores de ITGU com a sensação de conforto do animal, utilizamos a seguinte relação, que foi definida em 1976 pelo National Weather Service - USA, após treze anos de estudos: •valores de ITGU até 74 definem situação de conforto para bovinos; •de 74 a 78, situação de alerta; •de 79 a 84, situação perigosa, e acima de 84, emergência (Baêta, 1985). EFEITO DOS FATORES CLIMÁTICOS SOBRE OS ANIMAIS MORFOLOGIA PELAGEM CONSUMO DE ALIMENTOS REPRODUÇÃO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO PRODUÇÃO MORFOLOGIA Através de estudos sobre a adaptação dos animais domésticos, quatro “regras ecológicas” podem ser observadas (Medeiros e Vieira, 1997): a) Animais que habitam regiões quentes e úmidas possuem mais melanina do que as espécies que habitam regiões frias. b) As partes protuberantes do corpo (cauda, orelhas, extremidades, etc.) são menores em raças que habitam regiões frias. c) As raças menores de uma certa espécie habitam regiões mais frias e as raças maiores, as regiões mais quentes. d) A insulação do corpo, baseada no comprimento dos pelos e espessura do tecido adiposo, estão altamente relacionados com o clima. PELAGEM O animal adaptado ao trópico tem a pelagem suave e pele grossa, solta e muito vascularizada. Os bovinos europeus, tem a pelagem formada por uma capa exterior protetora e uma interna que retêm o calor. Nos trópicos esses bovinos, podem apresentar uma subfertilidade ou esterilidade, em função de uma disfunção da glândula pituitária (hipófise), em consequência da hipertermia. FILHOS PELAGEM PESO (KG) TOURO AFRIKANDER (PELAGEM LANOSA) X VACAS AFRIKANDER (PELA GEM LISA) 8 MESES LANOSA 135 8 MESES LISA 180 TOURO AFRIKANDER (PELAGEM LANOSA) X VACAS ABERDEEN ANGUS 7 ANOS LANOSA 385 7 ANOS LISA 612 http://www.farrapo.com.br/noticia/2/8194/Alta-destaca-os-melhores-touros-de-seu-catalogo-taurino-na-Expointer.html Medeiros e Vieira, 1997 EFEITOS DELETÉRIO DA LUZ ULTRAVIOLETA NOS ANIMAIS NO CASO DO FRIO... O melhor fenômeno de adaptabilidade dos animais expostos aos ventos frios e úmidos é sua pelagem composta por dois tipos de pelo, um interno que retêm o calor e outro externo protetor. Ambos tem cargas elétricas opostas: o interno positiva e o externo negativa. Quando o vento sopra sobre os animais, as cargas aumentam e os pelos se juntam estritamente formando uma capa isoladora a prova de chuva e frio. CONTRIBUIÇÃO NA RESISTÊNCIA A PRAGAS Os animais que tem a pele solta e grossa, panículos musculares bem desenvolvidos e um sistema nervoso pilomotor sensitivo, movem a pele rapidamente a mais leve irritação e repelem os carrapatos e outros insetos com mais facilidade do que os de pele fina e pelagem lanosa que tem panículos musculares pouco desenvolvidos. A literatura reporta que os animais cujo pelo se eriça quando parece que vai chover, repelem os carrapatos e as moscas. Os músculos eretores dos pelos fazem que estes se eriçam e, provavelmente, estimule a secreção sebácea. Os parasitos internos constituem a priori um problema para animais, tanto em criação extensiva como intensiva. CONSUMO DE ALIMENTOS As aves reduzem a ingestão de alimentos na razão de 1,5% para cada aumento de 1ºC na temperatura ambiente acima de 25ºC (Oliveira et al. 2006) https://avesui.ciente.live/auditorio-de-inovacoes/auditorio-de- inovacoes-webinar-2/ Oliveira et al. 2006 Para ganhar o mesmo peso, os cordeiros usaram rações com 60% de alimentos concentrados e 40% de volumosos a 27ºC, enquanto que a 4ºC necessitam de 40% de concentrados e 60% de volumosos (Medeiros, Vieira, 1997) Imagem da internet DIFERENÇA ENTRE CONCENTRADOS E VOLUMOSOS VOLUMOSOS são alimentos com alto teor de fibra bruta, mais que 18%, e baixo valor energético. Exemplo: pastagens, fenos, silagens CONCENTRADOS ENERGÉTICOS são alimentos com menos de 20% de proteína bruta. Exemplo: milho, mandioca, gorduras e óleos de origem vegetal ou animal. CONCENTRADOS PROTEICOS são alimentos com mais de 20% de proteína bruta. Exemplo: farelo de soja, farinha de sangue e osso. 0 20 40 60 80 100 120 07:00 – 08:50 09:00 – 11:50 12:00 – 14:30 17:00 – 20:50 21:00 – 23:50 00:00 – 03:20 PASTANDO COMENDO RAÇÃO RUMINANDO CAMINHANDO TOMANDO ÁGUA ÓCIO EM PÉ ÓCIO DEITADA Figura 1 Representação gráfica do tempo utilizado pastando, comendo ração, ruminando, caminhando, tomando água, em ócio em pé e em ócio deitado em diferentes horários, média dos dois tipos de pastagem SILVEIRA, et al. 2011 Tempo gasto com a apreensão do alimento: média de 8 horas (4-14 horas), ou seja, 30% do tempo de avaliação Ruminação: 4-9 horas distribuídas em quinze a vinte vezes por dia o que varia conforme a dieta e perturbações do ambiente ou seja, de 16% a 37,5% do tempo de avaliação Ócio : 5-12horas por dia, ou seja, de 20% a 50% do tempo de avaliação PASTANDO 33% RUMINANDO 32% COMENDO RAÇÃO 9% CAMINHANDO 7% TOMANDO ÁGUA 0% ÓCIO 19% PASTEJO CONTÍNUO PASTANDO 31% RUMINANDO 31% COMENDO RAÇÃO 6% CAMINHANDO 3% TOMANDO ÁGUA 1% ÓCIO 28% ROTACIONADO (Pires, 2006) O pastejo é mais intenso de 16 às 19 horas, com pico de pastejo às 17 horas (Zanine et al. 2007) EFETO SOBRE A INGESTÃO DE ALIMENTO E ÁGUA Ruminantes Variações no ambiente térmico induzem diminuição no fluxo sanguíneo para o rúmen, redução da motilidade ruminal e da atividade ruminatória. Quando um ruminante se acha sob estresse de calor, reduz a ingestão de todos os tipos de alimentos, mas os volumosos sofrem maior redução. Não ruminantes De modo geral há aumento da quantidade de ingestão de água em galinhas poedeiras sob estresse térmico (35 a 38º.C) e após 26º.C há diminuição do consumo de ração (Carter, 1981). Foi observado também redução na conversão alimentar das aves. (em bovinos) Medeiros e Vieira, 1997 Tabela 1: Ingestão de água (L/cab) de animais dispostos ao sol ou com sombreamento. EFEITOS DO AMBIENTE TROPICAL SOBRE A REPRODUÇÃO Em regiões tropicais e subtropicais os animais sofrem efeito do estresse térmico sobre a função reprodutiva. O mais comum é a redução da taxa de concepção em certas épocas do ano. È importante identificar em alguns casos se essa variação não é devido a falta de alimentação. Foi identificado por Badingaet al (1985) e Thatcher et al (1984) que observaram o resultado de 6555 inseminações em três raças, na Flórida. Observaram que a taxa de concepção caía muito nos meses de verão (junho a agosto). DETECÇÃO DE ESTRO A eficiência reprodutiva de um rebanho é afetada pela ausência de estro, detecção deficiente de cio e inseminação ou monta não efetiva. Uma das observações é que na exposição dos animais a altas temperaturas há uma redução de cerca de dez horas no período de manifestação do cio nas vacas. ALTERAÇÕES HORMONAIS DURANTE O CICLO ESTRAL A acomodação do organismo animal ao estresse ao calor implica em alterações metabólicas de modo a se equilibrarem as funções orgânicas relacionadas a termólise, metabolismo da água e termogênese. Esses mecanismos também alteram a secreção de hormônios relacionados a reprodução. Altas temperaturas ambientes no momento da inseminação implica em altas temperaturas uterinas e, caso as fêmeas não estejam adaptadas, essas afetam a taxa de concepção. O estresse ao calor reduz o fluxo de sangue ao útero, aumentando a temperatura uterina e afetando o aporte de água, eletrólitos, nutriente e hormônios ao órgão. Uma possível consequência é a morte do embrião nas fases iniciais da gestação. Estruturas observadas 20º.C 30º.C a 42º.C Embriões normais 51,5% 20,% Embriões anormais 13,2% 26,8% Embriões retardados 16,2% 34,2% Óvulos não fecundados 19,1% 18,3% DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO Efeito do estresse térmico nos primeiros sete das de gestação de vacas da raça Holandesa Segundo Biggers et al (1985) o estresse térmico não afetou a concepção de vacas inseminadas, entretanto houve tendência a maior mortalidade embrionária. Foi observado também redução o peso dos embriões. Fonte: Putney et al (1988) citado por Silva (2000) GESTAÇÃO AVANÇADA E PERIPARTO A exposição de ovelhas prenhes ao calor resulta no nascimento de cordeiros mais leves, menos desenvolvidos que o normal e aumento de mortalidade de animais mais novos (Brown et al 1971, Hopkins et al, 1980). Segundo Hopkins et al (1980), a causa dos efeitos do estresse térmico seriam devido a alterações metabólicas causadas por hipertermia no próprio feto. Quanto a bovinos, em observações por 23 anos, na Florida, os dados mostram que bezerros da raça Holandesa paridos no verão pesaram cerca de menos 6kg que os que nasceram em épocas mais frias (Thatcher et al, 1982 Collier et al 1980). EFEITO SOBRE O MACHO A temperatura retal dos machos geralmente é diferente (5º.C a 6º.C, no carneiro) da temperatura no testículo. Qualquer aumento da temperatura no testículo afeta a qualidade do sêmen. EFEITOS SOBRE O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Os estudos mostram que animais com melhor característica de adaptação a ambientes quentes são os que tem melhor desempenho nesses ambientes. Animais selecionados que ganham peso em temperaturas estressantes não tem o mesmo desempenho em temperaturas não estressantes. Ragsdale et al (1957) observaram que animais Shorthorn e Santa Gertrudis mantidos a 27º.C apresentaram menor peso corporal que os mantidos a 10º.C Brahman por outro lado apresentaram peso mais elevado a 27º.C em todas as idades. O estresse térmico também reduz os níveis de T3 (triiodotironina) e hormônio de crescimento, somatotrófico. As evidências indicam que a interferência negativa do estresse ao calor sobre o ganho de peso e desenvolvimento corporal tem origem direta na alteração quantitativa e qualitativa na ingestão de alimento e na alteração de metabolismo, principalmente pelo controle endócrino (triiodotironina e tiroxina). Em frangos o estresse térmico (acima de 38º.C) afeta o ganho de peso, a conversão alimentar, a pigmentação e o empenamento. Ambientes demasiadamente secos (30%) são perigosos nas primeiras duas a três semanas após a eclosão dos ovos, devido a susceptibilidade das aves novas à perdas d’água e pequena capacidade de estocar o líquido. EFEITO SOBRE A PRODUÇÃO No caso da produção de leite a zona de termoneutralidade está entre -5º.C e 21º.C, para vacas Holandesas, 24º.C para Jersey e Pardo Suíça e 29º.C para raças tropicais (Johnson, 1965). No caso da produção de ovos, a temperatura ideal está entre 21 e 26º.C. entre 26 e 29º.C há leve redução no tamanho dos ovos (0,33g para cada 1º.C de aumento de temperatura) e qualidade da casca e entre 29º.C e 32º.C há redução significativa o tamanho dos ovos, qualidade da casa e afetaria a produção. De 35 a 38º.C pode haver prostração das aves (Carter, 1981). Adaptado de Zimbelman, Collier, 2011, citado por LALLEMAND ANIMAL NUTRITION EFEITO DO ESTRESSE NA PRODUÇÃO DE LEITE Metabolismos das aves em altas temperaturas Entre os fatores ambientais, os fatores térmicos representados por temperatura do ar, umidade, radiação térmica e movimentação do ar são aqueles que afetam mais diretamente a ave, pois comprometem sua função vital mais importante: a manutenção da própria homeotermia. As aves são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. São também consideradas uma “bomba térmica” de baixa eficiência porque 80% da energia ingerida é utilizada para manutenção da homeotermia e apenas 20% é utilizada para a produção. As aves, diferente dos outros animais, não possuem glândulas sudoríparas que ajudam a perder calor corporal para manter uma temperatura constante. As aves se desprendem do excesso de calor corporal de quatro maneiras diferentes. Se pode perder calor corporal por meio da radiação que ocorre na superfície da pele da ave e escapa pelo ar até outro objeto (por exemplo, outra ave). O calor pode transferir-se diretamente pela condução a objetos mais frios com os quais a ave está em contato, tais como gaiola, ninhos, ou os pisos de sarrafos. O calor corporal também pode perder-se no ar do meio ambiente por convecção. Quando as temperaturas ambientais então entre 28°C e 35°C as perdas de calor por radiação, por condução, e por convecção são normalmente adequadas para manter a temperatura corporal da ave. A medida que a temperatura chega perto da temperatura da ave de 41°C, a eficiência da perda de calor diminui. A este ponto a evaporação da água do trato respiratório se torna um mecanismo de mais perda de calor na ave. (Checco, 2010). ALTERNATIVAS PARA DIMINUIR O ESTRESSE TÉRMICO ATIVIDADE AVALIATIVA A escolha do material genético mais apropriado para as condições de cada propriedade inclui a decisão sobre as espécies, raças ou linhagens mais adaptadas às condições ambientais locais. É correta a seguinte alternativa: ( ) do ponto de vista da bioclimatologia, animais com pele escura e pelos lisos e claros são os mais apropriados para climas quentes e com muita radiação solar ultravioleta. ( ) a criação de zebuínos é especialmente adequada à realidade de campo nas regiões do Estado de Santa Catarina onde há maior prevalência de carrapatos, pois zebuínos apresentam resistência a esses parasitas, ou seja, têm uma predisposição inata a formar muito rapidamente grandes quantidades de anticorpos contra esses agentes. ( ) animais de raças de pequeno porte, e que portanto geralmente apresentam um padrão de desenvolvimento tardio, são os mais apropriados para locais onde há menor abundância de alimento. ( ) a evaporação respiratória é uma forma pouco eficiente de perda de temperatura corporal na espécie Gallus gallus; portanto, na avicultura deve-se escolher as raças que possuem mais glândulas sudoríparas, o que facilita a evaporação cutânea. ( ) a criação de bufalinos não é possível em locais onde não haja disponibilidade de água para banho, pois essa espécie somente consegue perder calor corporal através do mecanismo de condução. Fonte: concurso Epagri, 2006 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU Paulo Giovanni de. Modelos de aquecimento. In: IV Ssimpósio BrasilSsul de avicultura. 08 a 10 de abril de 2003 — Chapecó, SC – Brasil MEDEIROS, L.F.D. VIEIRA, D.H. Bioclimatologia animal. http://wp.ufpel.edu.br/…/Apostila- de-Bioclimatologia-Animal…OLIVEIRA, Rita Flávia Miranda de et al . Efeitos da temperatura e da umidade relativa sobre o desempenho e o rendimento de cortes nobres de frangos de corte de 1 a 49 dias de idade. R. Bras. Zootec., Viçosa , v. 35, n. 3, p. 797-803 PEREIRA, J.C.C. Fundamentos de bioclimatologia aplicados à produção animal. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2005. 195p PIRES, M. de F. Á. Manejo nutricional para evitar o estresse calórico. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2006. 4 p. (Embrapa Gado de Leite. Comunicado Técnico, 52). SILVA, Roberto Gomes da. Introdução a Bioclimatologia Animal. São Paulo: Nobel, 2000.286p http://wp.ufpel.edu.br/bioclimatologiaanimal/files/2011/03/Apostila-de-Bioclimatologia-Animal.pdf