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Neurociência na educação como o cérebro aprende O cérebro é o centro de nossas funções mais vitais, das nossas emoções, da memória, do movimento e da cognição. Por isso, em pleno século XXI, é fundamental trazê-lo para o centro das discussões referentes à Educação. Desde os anos 1990, aclamados pela Ciência como “a década do cérebro”, muito se aprendeu sobre esse órgão. Embora muitos de seus processos continuem uma incógnita, as descobertas foram suficientes para trazer contribuições que poderiam revolucionar os métodos de ensino. Felizmente, hoje o educador pode contar com a Neurociência. Essa área do conhecimento, que estuda o sistema nervoso, suas estruturas, processos, funcionalidades e alterações que afetam o ser humano ao longo da vida, tem se mostrado importantíssima para o desenvolvimento de metodologias eficazes. Neste eBook, você terá uma introdução a esse mundo infinito que a Neurociência representa. Quer saber mais sobre o assunto? Introdução Expediente Autor: Lilian Larroca Revisão técnica: Andressa Tezza Revisão textual: Rômulo Faria Projeto gráfico: Áurea Camargo Diagramação: Bárbara Lorente Apoio: Ana Gabriela Souza, Diego Ribeiro, Nicoly Pierucci e Renata Dias Sistema Nervoso Desenvolvimento neuronal nos primeiros anos de vida Neuroplasticidade Como aprendemos Emoção e aprendizado Sono e aprendizado Funções conativas, cognitivas e executivas Voltar para o início 4 Neurociência na educação: como o cérebro aprende A Neurociência é o estudo do sistema nervoso. Portanto, não é possível aplicá- la sem saber quais são as estruturas que compõem esse sistema e suas funções, mesmo que de forma bastante resumida. O sistema nervoso é composto por duas partes: O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e medula espinhal. O sistema nervoso periférico é composto pelos nervos que saem da medula espinhal e do encéfalo e se dirigem às mais diferentes regiões do corpo. Juntas, essas duas partes do sistema nervoso comandam todas as ações do nosso corpo. Algumas delas funcionam automaticamente para preservar funções vitais como respiração, batimentos cardíacos, manutenção da temperatura corporal etc. Sistema Nervoso Sistema Nervoso Central e Periférico Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Periférico Voltar para o início 5 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Outras partes do sistema nervoso são responsáveis por receber estímulos do ambiente e gerar uma resposta do organismo. Nossos sentidos (visão, olfato, tato, paladar, sensação térmica, percepção da dor, equilíbrio) são conectados a nervos que comunicam essas sensações ao comando central. Ainda existem outras partes do sistema nervoso que são responsáveis por ações conscientes. Elas coordenam movimentos intencionais, com uma finalidade, ou coordenam as ações das funções executivas superiores, como pensamento, julgamento e tomada de decisão. Finalmente, tudo que acontece no nosso corpo depende da percepção, interpretação e comandos emitidos pelo cérebro. Ele é fundamental para as ações conscientes e inconscientes e não pode ser ignorado por quem se propõe a ensinar. Ainda voltando à estrutura do sistema nervoso, vamos falar sobre o sistema nervoso central. Como você viu, ele é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. A medula se localiza nas costas, sendo protegida pelas vértebras da coluna. A medula espinhal funciona como uma grande avenida. Ela capta estímulos percebidos pelos nervos tanto em órgãos internos quanto nas extremidades, levando-os ao encéfalo para interpretação e resposta. Tudo isso acontece em milésimos de segundos. Porém, a medula também desempenha a função inversa. Ela recebe ordens do cérebro e as leva aos nervos dos locais onde a ação ou movimento deve acontecer, como se fosse uma rede de distribuição de comandos. Quanto ao encéfalo, geralmente as pessoas têm uma ideia confusa do que realmente ele é. Muitas vezes, o encéfalo é chamado equivocadamente de cérebro. No entanto, o cérebro é apenas uma parte dessa estrutura. Voltar para o início 6 Neurociência na educação: como o cérebro aprende • tronco encefálico: fica na parte inferior do encéfalo, na região mais próxima à nuca. Ele é composto por estruturas como bulbo, ponte, mesencéfalo, entre outras. Extremamente importante, essa área coordena funções vitais. • cerebelo: o cerebelo se localiza na parte de trás da cabeça, abaixo do cérebro. Ele se parece com um cérebro menor e suas principais funções estão relacionadas à coordenação do equilíbrio e dos músculos. • cérebro: finalmente, temos o verdadeiro cérebro. Trata-se de uma camada superior do encéfalo, formada por um tecido composto por muitas dobras e que processa o que ouvimos, falamos, nossos pensamentos, julgamentos, raciocínio analítico, motricidade, visão, atenção, diversos tipos de memória e etc. Nesta parte do encéfalo, acontecem as operações mais complexas que um ser humano realiza. Enfim, não poderíamos deixar de destacar que as principais células do sistema nervoso são os neurônios. Eles são formados por um núcleo, um número muito grande de dendritos e por um axônio, que é uma extensão, como se fosse uma cauda longa. Toda a transmissão de informações do sistema nervoso passa pelos neurônios. O estímulo chega aos dendritos, passa pelo núcleo e é enviado ao neurônio seguinte por meio do axônio. A parte do sistema nervoso central localizado dentro da nossa cabeça chama-se encéfalo e é dividido em três partes: Sistema Nervoso Central - Encéfalo Cérebro Cerebelo Tronco encefálico Buldo Mesencéfalo Ponte Voltar para o início 7 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Como tudo que acontece com o ser humano depende do funcionamento de seu sistema nervoso, o desenvolvimento neuronal é a chave para as realizações físicas e cognitivas que acontecem progressivamente. É importante observar que, quando o bebê nasce a termo e em condições normais, ele já conta com um conjunto de funções vitais em pleno funcionamento. Ele não depende mais do corpo da mãe para respirar, para que seu coração bata, e conta até mesmo com alguns reflexos de sobrevivência e proteção, como o reflexo de busca, de sucção, entre outros. No entanto, esse é só o início do desenvolvimento neuronal. Ao longo dos primeiros anos de vida, a criança precisa aprender a coordenar uma série de outras funções e movimentos, tanto físicos quanto cognitivos. Vale a pena destacar que o desenvolvimento dessas funções depende muito de dois tipos de processos. Existem os processos aditivos/progressivos, que são a proliferação neuronal (aumento na quantidade de neurônios), migração neuronal, sinaptogênese e mielinização. A mielinização é um processo de amadurecimento do substrato neural considerado aditivo/progressivo. Quando o bebê nasce, a maioria de seus neurônios e axônios ainda é revestida por uma substância chamada mielina, também conhecida como bainha de mielina. Desenvolvimento neuronal nos primeiros anos de vida Voltar para o início 8 Neurociência na educação: como o cérebro aprende A bainha de mielina funciona como um isolante em um fio elétrico. Ela reveste a estrutura, impedindo que o estímulo elétrico se desvie no meio do caminho. Portanto, à medida em que a criança cresce, a mielinização ocorre progressivamente, permitindo que ela consiga realizar as ações idealizadas. Esse processo de maturação e mielinização acontece em uma ordem pré-estabelecida. O desenvolvimento ocorre em um sentido céfalo-caudal e próximo-distal. Isso significa que primeiro o organismo trabalha na maturação das estruturas referentes ao encéfalo e suas adjacências para depois prosseguir para a parte mais baixa do corpo. Já em relação ao sentido próximo-distal, isso significa que primeiro o organismo tornará possível o controle do que fica na região central do corpo, já que ela abriga funções vitais ou mais importantes para a sobrevivência. Depois,a maturação continua na direção das extremidades, o que leva a praxia (coordenação motora) fina a ser um dos últimos aspectos a ser aperfeiçoado. Neurônio - Bainha de meilina Bainha de melina Voltar para o início 9 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Também existem os processos de amadurecimento do substrato neural considerados substrativos/regressivos. Entre eles, estão a morte neuronal (apoptose), retração axonal e degeneração sináptica. Portanto, nesse segundo tipo de processo, acontece uma morte ou desativação de neurônios, também conhecida como poda sináptica. Embora a verdadeira razão para esse processo ainda não seja conhecida, acredita-se que em um primeiro momento o organismo produz, como uma espécie de reserva, uma quantidade excessiva de neurônios, axônios e sinapses. Apesar de essa sequência e quantidade ser necessária para o desenvolvimento neuropsicomotor, em um determinado momento o organismo entende que pode reduzir o número de neurônios ou sinapses para aumentar a eficiência desse sistema de comunicação. Trata-se da poda sináptica. O desenvolvimento neuronal nos primeiros anos de vida é um tema bastante complexo. Afinal, ele não envolve apenas o pensamento. Existem muitas conquistas motoras, de linguagem, memória, passagem para o sistema simbólico que também dependem dessa maturação. Portanto, o desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) pode ser definido como uma sequência de maturações que levam a aquisições sucessivas, de acordo com o amadurecimento do sistema nervoso infantil. Nascimento 1 mês 6 meses 2 anos Voltar para o início 10 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Durante algum tempo, acreditou-se que o sistema nervoso só sofria alterações durante seu período de desenvolvimento. Depois dessa etapa, entendia-se que ele se tornava uma estrutura rígida, e que lesões não eram passíveis de recuperação. Existia até mesmo uma máxima repetida por muitos profissionais: “neurônios perdidos jamais são reconstituídos”. No entanto, hoje sabe-se que isso não é verdade. Pesquisadores descobriram e comprovaram por meio de diversos estudos que o sistema nervoso possui uma característica chamada de neuroplasticidade ou plasticidade neural. A neuroplasticidade é a capacidade do sistema nervoso para modificar propriedades morfológicas e funcionais. Isso significa que, quando se depara com alterações ambientais e desafios, o encéfalo busca alternativas para superar esses obstáculos e se adaptar às novas condições. Na verdade, esse processo de reorganização dos circuitos neurais acontece permanentemente, e em todos nós. Existe um grande interesse em estudar como estimular a neuroplasticidade, especialmente em situações que exigem uma readaptação do cérebro para recuperar funções, como em casos de pacientes com lesões ou pessoas com atraso cognitivo devido à presença de síndromes e problemas congênitos. O conhecimento da neuroplasticidade e a possibilidade de descobrir como acelerá-la e direcioná-la é uma esperança para o tratamento de diversas doenças e disfunções cognitivas como o Alzheimer, a esclerose múltipla, dislexia, TDAH e entre outras. Neuroplasticidade Voltar para o início 11 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Falar em aprendizagem é falar de um espectro muito amplo de possibilidades. Não existe um único tipo de aprendizagem, pois ela é a aquisição ou modificação de habilidades, comportamentos, valores, conhecimentos e competências. Cada um desses aprendizados exige processos distintos. Muitas das aprendizagens acontecem por meio de observação, experiência, estudo e raciocínio. Enquanto algumas aprendizagens dependem apenas de observação e imitação, outras exigem um raciocínio profundo e complexo, que envolve o levantamento de hipóteses, observação da realidade, revisão de paradigmas anteriores e formulação de novos esquemas de pensamento. No contexto escolar, as aprendizagens simbólicas são extremamente valorizadas. Afinal, dois eixos centrais dos currículos são justamente a aquisição da leitura e escrita e também a capacidade de calcular, lidar com quantidades e relacioná-las em operações matemáticas. Vamos entender melhor cada uma delas: Como aprendemos Voltar para o início 12 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Em se tratando da linguagem, o aprendizado da leitura e da escrita é a capacidade de representar com símbolos uma ferramenta que as pessoas utilizam no dia a dia. Porém, isso depende de um processo de decodificação bastante complexo, que envolve: percepção fonológica adequada (capacidade de identificar sons); percepção fonêmica (capacidade para decompor uma palavra em sons individuais); reconhecimento dos símbolos que compõem a escrita; acesso léxico (vocabulário); memória ativa (capacidade de manter esses vários componentes na mente até que a palavra inteira seja identificada); conhecimento semântico (saber o significado das palavras). Essas são apenas algumas das principais tarefas do processo de decodificação da linguagem, inclui ainda um conhecimento no nível do discurso (sintaxe), gramática e outras habilidades. Por isso, para que as crianças aprendam a ler, é necessário proporcionar o estímulo certo nas diferentes etapas. Muito antes do processo de alfabetização formal, elas devem ter contato com os livros para se familiarizarem não só com os símbolos da escrita, mas com as histórias, com o fato de que aqueles desenhos comunicam. Ainda cedo, é muito importante que elas tenham contato com música e poesia, ou seja, com as rimas. Essa ação é fundamental para que elas desenvolvam a consciência fonológica e fonêmica, que será essencial para a percepção dos sons e para a decomposição das palavras em fonemas, que serão representados por letras. Finalmente, durante todo o processo de alfabetização formal, o professor deve saber como identificar as possíveis deficiências nesses processos que estão impedindo o progresso dos alunos, individual ou coletivamente. Assim, ele saberá como intervir para estabelecer uma base adequada para o aprendizado da leitura e escrita. O aprendizado da leitura Voltar para o início 13 Neurociência na educação: como o cérebro aprende A visão de que o aprendizado da Matemática se restringe aos números e cálculos é bastante limitada. Como Constance Kamii descreve em seu livro A criança e o número, as aquisições lógico-matemáticas são bastante amplas e começam muito antes da aprendizagem formal da disciplina. O aprendizado da Matemática começa quando a criança inicia seus processos de comparação e classificação de objetos, ainda na primeira infância. A melhor alternativa para potencializar essas aquisições é por meio das próprias brincadeiras e de situações comuns, estimulando o pensamento. Portanto, atividades simples como guardar os brinquedos de acordo com uma classificação (carrinhos em uma caixa, animais em outra caixa, bonecos de super-heróis em outra caixa) contribui para a formação da base desse pensamento lógico-matemático. A criança também pode ajudar nas tarefas domésticas e fazer dessas atividades um estímulo à classificação. Um exemplo é primeiro separar as roupas de cada membro da família. Depois, ela pode separá-las por tipo: camisetas, calças, roupa íntima, blusas, shorts, vestidos etc. Atividades de seriação também têm sua importância nesse processo. É importante que as crianças aprendam, gradualmente, a organizar os objetos do menor para o maior ou o contrário, colocar copos menores dentro dos maiores, estabelecendo critérios de comparação. Finalmente, para que uma criança aprenda os números, não basta apenas decorar a sequência numérica e recitá-la, sem uma noção verdadeira de quantidade. O grande desafio, na verdade, é o conceito de correspondência termo a termo. Para que essa aquisição aconteça, a criança precisa ser submetida a situações que exijam a aplicação de correspondência. Ao contráriodo que muitos pensam, isso é feito com situações simples, como colocar um prato na mesa para cada pessoa da família ou “dar” um carrinho para cada boneco. Esses conceitos são construídos, adquiridos a partir de situações concretas, e não simplesmente ensinados de forma abstrata. Nos primeiros anos escolares, que é onde se ensina os conceitos matemáticos fundamentais, a aula não deve se basear tanto na explicação, e sim na experimentação. Criar situações para que a criança realmente reflita, questione seus conceitos anteriores e entenda é essencial para que ela aprenda de verdade esses princípios fundamentais. A partir daí, ela terá uma base sólida para lidar com operações matemáticas e outros conteúdos mais abstratos no futuro. O aprendizado dos números Voltar para o início 14 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Emoções e razão estão mais interligadas do que as pessoas imaginam. Elas funcionam como um motor para a ação, pois o ser humano sempre busca atividades que melhorem sua sensação de bem-estar e evita tudo que causa incômodo ou insatisfação. Por isso, as emoções podem potencializar o aprendizado de uma criança ou fazê-la não gostar da escola e, consequentemente, do conteúdo. Se a sala de aula é um espaço onde o aluno se sente frustrado, magoado e ridicularizado, dificilmente sua resposta àquela situação será positiva. O centro das emoções no cérebro é o sistema límbico. Porém, essa área colabora com outras regiões, o que faz com que as funções emocionais trabalhem interligadas às funções cognitivas. Por isso, as emoções influenciam esses outros aspectos, e o contrário também acontece. Assim, quando o indivíduo se sente bem em um ambiente, os desafios despertam sua curiosidade e desejo de superação, ele recebe apoio de seus pares e do professor, suas funções cognitivas e executivas funcionam melhor. O contrário também acontece. Nas situações em que o estudante se sente inseguro, ridicularizado, frustrado, receoso ou ameaçado, suas funções executivas e cognitivas ficam bloqueadas. Assim, ele perde eficiência em seu funcionamento mental, prejudicando o processo de aprendizagem. Emoção e aprendizado Voltar para o início 15 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Nosso organismo precisa tanto de períodos de atividade quanto de descanso. Isso vale não só para o corpo, mas também para a mente. Durante o sono noturno, acontecem muitos processos, inclusive aqueles que se relacionam à aprendizagem. O sono é o período em que o organismo produz e libera hormônios e neurotransmissores. Essas substâncias atuam no cérebro, regulando uma série de funções. Dessa forma, ele contribui para consolidar memórias e aumentar a capacidade de atenção, melhorando o desempenho escolar. Nas crianças, o sono é ainda mais importante. Ele interfere em processos de produção e renovação de células, o que possibilita o crescimento. Por isso, a família precisa se certificar que as crianças têm a quantidade e qualidade ideal de horas de descanso. A qualidade é tão importante quanto a quantidade. O sono é dividido em várias etapas, sendo que algumas delas são superficiais e outras são mais profundos. Um desses estágios é o sono REM, que é essencial para consolidar memórias de longo prazo. Se, por diversas razões, a pessoa tem seu sono interrompido nesta fase, ela terá dificuldades para gravar as informações que recebeu ao longo do dia em sua memória. Por isso, os pais devem garantir que a criança tenha um cômodo calmo, onde possa dormir sem interferências. Também é válido diagnosticar problemas respiratórios que possam causar essas interrupções. Sono e aprendizagem Voltar para o início 16 Neurociência na educação: como o cérebro aprende A aprendizagem depende do bom funcionamento de uma tríade: as funções conativas, cognitivas e executivas. A conação é o estado de preparação do organismo para a realização de determinadas tarefas ou atividades. No caso da aprendizagem, essa preparação se dá pela motivação, pela predisposição emocional, pela percepção da importância daquele conhecimento ou porque outras situações de aprendizagem foram lúdicas, dinâmicas e agradáveis. As funções cognitivas também fazem parte dessa tríade. Elas são a percepção, atenção, linguagem, memória e as funções executivas. Portanto, é a partir delas que acontece muito do que chamamos de aprendizagem. As funções cognitivas são responsáveis pelo input, integração e output das informações. Isso significa que elas regulam a forma como nossa mente recebe os estímulos do ambiente, como os processa e, finalmente, como os comunica e os utiliza. Finalmente, as funções executivas não só completam a tríade da aprendizagem, mas coordenam todo esse processo neurofuncional. Elas regulam, supervisionam e controlam ações, emoções, pensamentos e comportamentos. As funções executivas compreendem a iniciação de um processo, a planificação, organização de estratégias, manutenção da atenção, adaptatividade e flexibilidade comportamental, mudanças estratégicas, o autocontrole, a avaliação, verificação de respostas adaptativas, entre outros. Funções conativas, cognitivas e executivas Portanto, as funções executivas funcionam como um maestro que permite o funcionamento perfeito e a sincronia dos outros dois conjuntos de funções — as conativas e as cognitivas — embora também sejam influenciadas por elas. Voltar para o início 17 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Finalmente, não poderíamos falar em Neurociência e deixar de abordar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Afinal, a escola não forma computadores e sistemas de informações, mas pessoas capazes de viver em sociedade. As competências socioemocionais são habilidades que capacitam as pessoas a lidarem consigo mesmas e com os outros. Assim, no primeiro grupo, temos autoconhecimento, autonomia, autoestima e resiliência, persistência, capacidade de solucionar problemas complexos, entre outros. Já no grupo das competências necessárias para o relacionamento com o próximo, podemos destacar a empatia, o respeito, a capacidade de solucionar conflitos por meio do diálogo e a colaboração. A influência das competências socioemocionais na qualidade de vida das pessoas é realmente grande. Elas interferem tanto na aquisição de conhecimentos como no convívio pacífico e satisfatório com nossos pares. Desenvolvimento de habilidades socioemocionais Voltar para o início 18 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Um estudante com uma boa autoestima e persistente, por exemplo, terá mais facilidade para aprender. Ele demonstrará uma atitude positiva diante do conteúdo, sentirá que é capaz de assimilá-lo e, mesmo que encontre algumas dificuldades, buscará alternativas para superar esses obstáculos. O mesmo acontece em relação ao convívio social. Uma pessoa empática consegue ler os sentimentos dos outros, solidarizar-se e ajudar a buscar soluções. Por outro lado, sua autoconfiança e autoestima contribuirão para que não aceite situações abusivas e saiba como evitá-las por meio de soluções pacíficas. As competências socioemocionais precisam ser aprendidas, e a escola tem um papel importante nesse desenvolvimento. Embora a família seja responsável pela socialização primária, é no ambiente escolar que surgem oportunidades mais amplas de convivência, bem como muitos conflitos entre as crianças. Portanto, elas precisam de mediação para entender como se aplicam as regras de convívio, as consequências de quebrá-las e como buscar apoio para solucionar situações em que se sentem injustiçadas. Também é necessário promover atividades que desenvolvam o espírito de cooperação mútua. Voltar para o início 19 Neurociência na educação: como o cérebro aprende A Neurociência é uma área de estudo extremamente ampla. Cada um dos aspectos que abordamos aqui, de forma introdutória, se desdobram em infinitos ramos de conhecimento e possibilidadesde intervenção. Esperamos que essa noção inicial ajude você a compreender a importância de, como educador, estudar cada vez mais esses temas. Desta forma, estaremos preparados não só para aplicar metodologias mais efetivas, mas para contribuirmos para a formação integral do ser humano. Considerações finais Voltar para o início 20 Neurociência na educação: como o cérebro aprende Gostou desse eBook? Então temos mais sugestões da Faz Educação & Tecnologia para você! 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