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DIREITO AMBIENTAL Edição 2023.1 Revisada Atualizada Ampliada CADERNO DE DIREITO AMBIENTAL APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 11 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ........................................................................................................... 12 1. REFORMULAÇÃO DOS VALORES REFERENTES AO MEIO AMBIENTE ............................ 12 2. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL ........................................... 12 2.1. FASE INDIVIDUALISTA ...................................................................................................... 12 2.2. FASE FRAGMENTÁRIA ..................................................................................................... 12 2.3. FASE HOLÍSTICA ............................................................................................................... 13 3. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE INTERNACIONAL ................................. 13 3.1. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO (1972) .................... 13 3.2. RELATÓRIO NOSSO FUTURO COMUM (1987) .............................................................. 14 3.3. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO/92 OU RIO/92) ..................................................................................................................................... 15 3.3.1. Agenda 21 .................................................................................................................... 15 3.3.2. Declaração do Rio ...................................................................................................... 15 3.3.3. Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima ..................................................... 15 3.3.4. Protocolo de Kyoto .................................................................................................... 15 3.3.5. Convenção sobre Diversidade Biológica................................................................ 16 3.3.6. Declaração de Florestas ........................................................................................... 16 3.4. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+10 – 2002) . 16 3.5. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+20 – 2012) . 16 3.6. ACORDO DE PARIS ........................................................................................................... 17 3.7. AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................... 18 4. OBJETO DO DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................... 19 5. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE .............................................. 20 5.1. CONCEITO (LEGAL) DE MEIO AMBIENTE ...................................................................... 21 5.2. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (JOSÉ AFONSO DA SILVA) ............................ 22 5.2.1. Meio ambiente natural (art. 225, §1º CF/88 c/c art. 3º, V Lei 6.938/81) ..................... 22 5.2.2. Meio ambiente artificial (ou construído) ...................................................................... 23 5.2.3. Meio ambiente cultural (art. 216 CF/88) ...................................................................... 24 5.2.4. Meio ambiente do trabalho (art. 200, VIII c/c art. 7º, XXII e XXIII CF/88) .................. 25 5.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO ART. 225 DA CF ............................................................... 26 5.4. ANÁLISE DO ART. 225 CF/88 ........................................................................................... 27 5.4.1. Art. 225, caput .............................................................................................................. 27 5.4.2. Art. 225, § 2º CF/88 ..................................................................................................... 29 5.4.3. Art. 225, § 1º CF/88 ..................................................................................................... 29 5.4.4. art. 225, §3º CF/88 ....................................................................................................... 40 5.4.5. Art. 225, §4º, da CF/88 ................................................................................................ 45 5.4.6. Art. 225, §5º, da CF ..................................................................................................... 46 5.4.7. Art. 225, §6º CF/88 ...................................................................................................... 46 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 2 5.4.8. Art. 225. §7º, da CF/88 ................................................................................................ 46 6. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL ...................................... 48 6.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA .................................................................................. 48 6.2. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL: A INCIDÊNCIA DA LC 140/11 ........................................................................................................... 48 6.3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA .......................................................................................... 50 7. PRINCÍPIOS DO MEIO AMBIENTE .......................................................................................... 54 7.1. PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL (ART. 225 CF/88 C/C PRINCÍPIO 01 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) ........................................................................................................................................... 54 7.2. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ART. 225 E 170, III E VI CF/88 C/C PRINCÍPIO 4 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) ...................................................................... 56 7.3. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU RESPONSABILIDADE ENTRE GERAÇÕES OU EQUIDADE (ART. 225, IN FINE CF/88 C/C PRINCÍPIO 3 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) .......................................................................................................... 58 7.4. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE (ART. 5º, XXII E XXIII CF/88) ............................................................................................................................................. 58 7.5. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ............................................................................................ 60 7.6. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (PRINCÍPIO 15 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) ............. 61 7.7. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP - PREVISÃO NO PRINCÍPIO 16 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) .......................................................................................................... 62 7.8. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR .............................................................................. 64 7.9. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR (PPR - ARTIGO 6º, INCISO II, DA LEI 12.305/2010) .................................................................................................................................. 65 7.10. PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA (PEE - O ARTIGO 6º, INCISO V, DA LEI 12.305/2010) .................................................................................................................................. 66 7.11. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO .......................................................................................... 67 7.11.1. Princípio da Informação ............................................................................................... 67 7.11.2. Princípio da Participação Comunitária ........................................................................ 69 7.11.3. Princípio da Educação Ambiental (art. 225, §1º, VI CF/88 c/c Declaração do Rio/92 – Princípio 19) ................................................................................................................................70 7.12. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE E PRINCÍPIO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO PROCESSO DECISÓRIO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO (DECLARAÇÃO DO RIO/92 – PRINCÍPIO 17). .............................................................................................................. 71 7.13. PRINCÍPIO DO CONTROLE OU DO LIMITE DO POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO (ART. 225, §1º, V CF/88) ............................................................................................................... 71 7.14. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (DECLARAÇÃO DO RIO/92 - PRINCÍPIOS 2, 5 E 7 - E ARTS. 77/78 DA LEI 9.605/98). ................................................................................................. 72 7.15. PRINCÍPIO DO NÃO RETROCESSO OU DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO ............ 73 SISNAMA (SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) — LEI 6938/81 ...................................... 75 1. CONCEITO DE SISNAMA ......................................................................................................... 75 2. COMPOSIÇÃO DO SISNAMA ................................................................................................... 75 2.1. ÓRGÃO SUPERIOR (CONSELHO DE GOVERNO) ......................................................... 75 2.2. ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO (CONAMA) .................................................... 75 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 3 2.2.1. Atos do CONAMA ........................................................................................................ 75 2.2.2. Composição do CONAMA ........................................................................................... 76 2.2.3. Competência do CONAMA .......................................................................................... 76 2.3. ÓRGÃO CENTRAL (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE) ................................................ 78 2.4. ÓRGÃOS EXECUTORES ................................................................................................... 78 2.4.1. IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) 78 2.4.2. ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Dec. 99274/90) .................................................................................................................................... 79 2.5. ÓRGÃOS SECCIONAIS (ÓRGÃOS ESTADUAIS E OUTROS ENTES)........................... 79 2.6. ÓRGÃOS LOCAIS .............................................................................................................. 79 3. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (art. 2º, Lei. 6.938/81)........... 79 4. OBJETIVO GERAL DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .................................... 80 5. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (ART. 9º L. 6938/81) .... 80 5.1. ART. 9º ................................................................................................................................ 80 5.2. ANÁLISE DOS INCISOS DO ART. 9º DA LPNMA (Lei 6.938/81) ..................................... 81 5.2.1. Inciso I: padrões de qualidade ambiental .................................................................... 81 5.2.2. Inciso II: zoneamento ambiental .................................................................................. 81 5.2.3. Inciso III: avaliação de impacto ambiental ................................................................... 82 5.2.4. Inciso IV: licenciamento ambiental .............................................................................. 82 5.2.5. Inciso V: incentivos ao empreendedor ........................................................................ 83 5.2.6. Inciso VI: criação de espaços territoriais especialmente protegidos .......................... 83 5.2.7. Inciso VI: criação do SINIMA ....................................................................................... 84 5.2.8. Inciso VIII: Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental .................................................................................................................................... 84 5.2.9. Inciso IX: cominação de penalidades disciplinares ou compensatórias ..................... 84 5.2.10. Inciso X: relatório de qualidade do meio ambiente ..................................................... 84 5.2.11. Inciso XI: garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente ........... 85 5.2.12. Inciso XII: cadastro de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos ambientais.................................................................................................................... 85 5.2.13. Inciso XIII: instrumentos econômicos .......................................................................... 86 6. EPIA/RIMA (ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE IMPACTO DO MEIO AMBIENTE) ............................................................................................................................. 88 6.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 88 6.2. BASE LEGAL: ART. 225, §1º, IV CF/88 E RESOLUÇÃO Nº 1/86 CONAMA. .................. 89 6.3. FUNÇÃO DO EPIA .............................................................................................................. 90 6.4. LICENÇA DE OPERAÇÃO CORRETIVA OU RETIFICADORA (LOC) ............................. 90 6.5. CONDICIONANTES DO EPIA/RIMA (HERMAN BENJAMIN) ........................................... 91 6.5.1. Prevenção aos danos ambientais ............................................................................... 91 6.5.2. Transparência administrativa ....................................................................................... 92 6.5.3. Consulta aos interessados .......................................................................................... 92 6.5.4. Motivação das decisões ambientais ............................................................................ 93 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 4 6.6. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 1º ................................................ 93 6.6.1. Impacto ambiental ........................................................................................................ 93 6.6.2. Saúde, segurança e o bem-estar da população: ........................................................ 94 6.6.3. Condições (atividades) sociais e econômicas ............................................................ 94 6.6.4. Biota ............................................................................................................................. 94 6.6.5. Condições estéticas e sanitárias do meio ambiente ................................................... 94 6.6.6. Qualidade dos recursos ambientais ............................................................................ 94 6.7. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 2º ................................................ 94 6.8. REQUISITOS DO EPIA/RIMA (REQUISITOS MÍNIMOS – RES. 01/86 CONAMA) ......... 96 6.8.1. Requisitos de conteúdo (diretrizes gerais – Art. 5º da RES 01/86 CONAMA) ........... 96 6.8.2. Requisitos técnicos (Art. 6º da RES 01/86 CONAMA)................................................ 98 6.8.3. Requisitos formais (art. 7º , 8º e 9º da RES 01/86 CONAMA) ................................. 100 6.8.4. Quadro esquemático dos requisitos do EIA .............................................................. 102 6.9. AUDIÊNCIA PÚBLICA (RESOLUÇÃO 09/87 CONAMA)................................................. 103 6.9.1. Introdução .................................................................................................................. 103 6.9.2. Legitimados para solicitar audiência pública ............................................................. 103 6.9.3.Vinculação do órgão licenciador à audiência pública ............................................... 104 6.10. VINCULAÇÃO DO ÓRGÃO LICENCIADOR AO EPIA/RIMA ...................................... 104 6.10.1. Vinculação do órgão licenciador à REALIZAÇÃO do EPIA/RIMA ............................ 104 6.10.2. Vinculação do órgão licenciador ao RESULTADO do EPIA/RIMA........................... 105 7. LICENCIAMENTO AMBIENTAL (LC 140/11 + L.6938/81 C/C RESOLUÇÃO 237/97 CONAMA) ........................................................................................................................................ 105 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 105 7.1. CONCEITO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................. 106 7.2. NATUREZA JURÍDICA DA LICENÇA AMBIENTAL......................................................... 106 7.3. LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS ................................................................................... 106 7.3.1. Licença prévia ............................................................................................................ 106 7.3.2. Licença instalação ..................................................................................................... 107 7.3.3. Licença operação ....................................................................................................... 107 7.4. COMPETÊNCIA NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................... 107 7.4.1. Introdução .................................................................................................................. 107 7.4.2. Licenciamento ambiental no Brasil depois da LC 140/2011 ..................................... 108 7.4.3. Competência administrativa dos entes federativos em matéria ambiental .............. 108 7.4.4. A importância do licenciamento ambiental e a Resolução 237 do CONAMA .......... 108 7.4.5. Advento da Lei Complementar 140/2011 .................................................................. 108 7.4.6. Competência para o licenciamento ambiental atual ................................................. 109 7.4.7. Demora e custo do licenciamento ambiental ............................................................ 110 7.4.8. Atividade suplementar, subsidiária e fiscalização pelos Órgãos Ambientais ........... 110 7.4.9. Responsabilidade administrativa vinculada ao licenciamento ambiental: art. 17 da LC 140/11 112 7.4.10. Jurisprudência sobre competência ambiental ........................................................... 114 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 5 7.5. RESOLUÇÃO 237/97 CONAMA ....................................................................................... 114 7.6. RESCINDIBILIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS OU RETIRADA............................ 116 7.6.1. Retirada temporária ................................................................................................... 116 7.6.2. Retirada definitiva (art. 19 Resolução 237/97 CONAMA) ......................................... 116 PROTEÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................................... 118 1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP – LEI 12651/12 – NOVO CFLO) ............ 118 1.1. CONCEITO DE APP ......................................................................................................... 118 1.2. ESPÉCIES ......................................................................................................................... 118 1.2.1. APP por força de lei ................................................................................................... 119 1.2.2. APP por ato do Poder Público (Art. 6º CFLO) ........................................................... 123 1.2.3. APP atípicas ............................................................................................................... 123 1.3. INTERVENÇÃO EM APP .................................................................................................. 123 1.3.1. Hipóteses de utilidade pública ................................................................................... 124 1.3.2. Hipóteses de interesse social .................................................................................... 124 1.4. REGRAS PARA INTERVENÇÃO OU SUPRESSÃO EM APP (PROCEDIMENTO PRÓPRIO) .................................................................................................................................... 124 2. RESERVA LEGAL FLORESTAL (RLF – Art. 3º, inc. III CFLO) .............................................. 125 2.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 125 2.2. REGIME JURÍDICO .......................................................................................................... 125 2.3. MANEJO DA RESERVA LEGAL FLORESTAL ................................................................ 127 2.4. LOCALIZAÇÃO DA RESERVA LEGAL ............................................................................ 129 2.5. REDUÇÃO/AMPLIAÇÃO DA RESERVA LEGAL ............................................................. 130 2.6. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL ..................................................................................... 134 2.7. DAS ÁRVORES IMUNES AO CORTE (ART. 70, inc. II DO CÓDIGO FLORESTAL)..... 136 3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00 – LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - LSNUC) .................................................................................. 136 3.1. BASE LEGAL .................................................................................................................... 136 3.2. CONCEITO ........................................................................................................................ 137 3.3. DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ..................................... 137 3.3.1. Espécies de Unidades de Conservação ................................................................... 137 Criação da Unidade de Conservação ...................................................................................... 137 3.3.2. Composição (art. 6º L.9985/00) ................................................................................. 138 3.4. ESTUDO DAS ESPÉCIES DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (quanto ao seu objetivo, domínio e características) ............................................................................................................ 138 3.4.1. Das Unidades de Conservação de Proteção Integral ............................................... 139 3.4.2. Das Unidades de Conservação de Uso Sustentável ................................................ 140 3.5. PLANO DE MANEJO ........................................................................................................ 145 3.5.1. Conceito ..................................................................................................................... 145 3.5.2. Conteúdo do Plano de Manejo .................................................................................. 145 3.6. CONSELHOS NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................................................... 147 3.7. MOSAICO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (ART. 26 DA LEI 9.985/00) .................. 148 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 6 3.8. PESQUISA CIENTÍFICA NAS UC .................................................................................... 148 3.9. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (ART. 36 DA LEI 9.985/00) ........................................... 150 3.10. POPULAÇÕES TRADICIONAIS ................................................................................... 151 3.11. DESAPROPRIAÇÃO E INDENIZAÇÃO (ART.45 DA L.9985/00) ............................... 152 3.12. RESERVA DA BIOSFERA (ART. 41 DA L.9985/00) .................................................... 152 4.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 153 4.2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................. 153 4.3. OBJETO ............................................................................................................................ 153 4.4. OBJETIVO (ART. 6º DA L. 11.428/06) ............................................................................. 154 4.5. ALGUNS CONCEITOS ..................................................................................................... 154 4.5.1. Pequeno produtor que vive na Mata Atlântica (art. 3º, I) .......................................... 154 4.5.2. População Tradicional (art. 3º, II L.11.428/06) .......................................................... 155 4.6. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA ...................................................... 155 4.7. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA EM ÁREA RURAL........................ 155 4.7.1. Da vegetação PRIMÁRIA em ÁREA RURAL ............................................................ 156 4.7.2. Da vegetação SECUNDÁRIA em ÁREA RURAL ..................................................... 156 4.8. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA EM ÁREA URBANA ..................... 157 4.8.1. Da vegetação primária ............................................................................................... 158 4.8.2. Da vegetação secundária .......................................................................................... 158 4.9. DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (ART. 17 L.11.428/06) ............................................. 159 4.9.1. Vedações ao corte e supressão de vegetação primária e secundária em estágio avançado e médio de regeneração (art. 11 da L.11.428/06) .................................................. 161 5. LEI DE GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS (LGP - L.11.284/06) ..................................... 163 5.1. CONCEITOS ..................................................................................................................... 163 5.1.1. Florestas Públicas ...................................................................................................... 163 5.1.2. Recursos florestais .................................................................................................... 164 5.1.3. Manejo florestal sustentável ...................................................................................... 164 5.1.4. Concessão florestal ................................................................................................... 164 5.1.5. Unidade de manejo .................................................................................................... 165 5.1.6. Lote de concessão florestal ....................................................................................... 165 5.2. DA EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS NO BRASIL ....................................... 165 5.2.1. Da criação de florestas nacionais, estaduais e municipais e sua gestão direta (art. 17 da Lei 9.985/00 c/c art. 5º da Lei 11.284/06) ........................................................................... 165 5.2.2. Da destinação de florestas públicas às comunidades tradicionais (art. 6º L.11.284/06) .............................................................................................................................. 166 5.2.3. Da concessão florestal, através de processo licitatório (art. 7º ao 9º da L.11.284/06) 167 5.3. DO PROCESSO DE OUTORGA DE CONCESSÃO FLORESTAL ................................. 169 5.3.1. Regras gerais ............................................................................................................. 169 5.3.2. Objeto da concessão florestal ................................................................................... 169 5.3.3. Licenciamento ambiental na concessão florestal ...................................................... 170 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 7 5.3.4. Da habilitação para o processo licitatório da concessão florestal ............................ 171 5.3.5. Dos critérios de julgamento do processo licitatório da concessão florestal ............. 171 5.3.6. Do contrato de concessão florestal (art. 27 a 35 da 11284/06) ................................ 171 5.3.7. Proteção de concorrência .......................................................................................... 172 5.3.8. Extinção da concessão .............................................................................................. 173 5.3.9. Auditoria Florestal ...................................................................................................... 173 5.3.10. Florestas públicas e unidades de conservação ........................................................ 174 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS ........................................................................... 175 1. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL ........................................................ 175 1.1. BASE LEGAL .................................................................................................................... 175 1.2. CONCEITO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL (ART. 70 L.9605/98 C/C ART. 1º DEC. 6514/08) ................................................................................................................ 175 1.3. DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE (ART. 72 L.9605/98) ..................... 176 1.3.1. Da advertência ........................................................................................................... 176 1.3.2. Da multa simples........................................................................................................ 177 1.3.3. Da multa diária ........................................................................................................... 177 1.3.4. Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração .............. 179 1.3.5. Destruição ou inutilização do produto ....................................................................... 180 1.3.6. Suspensão de venda e fabricação de produtos ........................................................ 180 1.3.7. Suspensão parcial ou total das atividades ................................................................ 180 1.3.8. Embargo de obra ou atividade................................................................................... 180 1.3.9. Da demolição ............................................................................................................. 181 1.3.10. Sanções restritivas, aplicáveis às PF’s e PJ’s .......................................................... 181 1.4. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................... 181 1.4.1. Regra geral................................................................................................................. 181 1.4.2. Interrupção da prescrição .......................................................................................... 182 1.4.3. Exercício o poder de polícia ...................................................................................... 182 2. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL (DEC. 6514/08 C/C L.9784/99). ............. 183 2.1. DA AUTUAÇÃO................................................................................................................. 183 2.1.1. Procedimento ............................................................................................................. 183 2.1.2.Vícios na autuação .................................................................................................... 183 2.2. DA DEFESA ...................................................................................................................... 184 2.3. DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO .................................................................................. 184 2.4. DOS RECURSOS ............................................................................................................. 185 RECURSOS HÍDRICOS .................................................................................................................. 188 1. BASE LEGAL ............................................................................................................................ 188 2. DOS FUNDAMENTOS (ART. 1º DA L.9433/97) ..................................................................... 188 3. DOS OBJETIVOS (ART. 2º DA L.9433/97) ............................................................................. 189 4. DOS INSTRUMENTOS (ART. 5º DA L.9433/97) .................................................................... 189 4.1. PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................. 190 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 8 4.2. ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES ..................................... 190 4.3. OUTORGA DOS DIREITOS DE USO DE RH .................................................................. 190 4.4. COBRANÇA PELO USO DE RH ...................................................................................... 192 4.5. COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS .................................................................................... 192 4.6. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RH .................................................................... 192 5. ESTRUTURA DO SISTEMA GERENCIAL DE RECURSOS HÍDRICOS ............................... 193 5.1. DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (ART. 35 DA L.9433/97) ..... 193 5.2. DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA (ARTS. 37 E 38 DA L.9433/97) ............... 194 5.3. ANA (Agência Nacional de Águas) ................................................................................... 195 5.4. AGÊNCIAS DE ÁGUA....................................................................................................... 195 5.5. ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL ............................................................................... 195 CÓDIGO FLORESTAL E GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS................................................. 197 2. DEFESA DA FLORA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL............................................................ 197 3. DEFESA DA FLORA EM ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL .............................................. 198 3.1. NORMAS GERAIS ............................................................................................................ 198 3.2. PRINCÍPIOS ...................................................................................................................... 198 4. USO IRREGULAR DA PROPRIEDADE .................................................................................. 201 4.1. NATUREZA REAL ............................................................................................................. 202 5. CONCEITOS NO CÓDIGO FLORESTAL ................................................................................ 202 5.1. AMAZÔNIA LEGAL ........................................................................................................... 202 5.2. ÁREA RURAL CONSOLIDADA ........................................................................................ 202 5.3. PEQUENA PROPRIEDADE OU POSSE RURAL ............................................................ 202 5.4. USO ALTERNATIVO DO SOLO ....................................................................................... 204 5.5. MANEJO SUSTENTÁVEL ................................................................................................ 204 5.6. UTILIDADE PÚBLICA, INTERESSE SOCIAL E ATIVIDADES DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ................................................................................................................................. 204 5.7. ÁREAS DE USO RESTRITO ............................................................................................ 206 5.7.1. Pantanais e Planícies Pantaneiras ............................................................................ 207 5.7.2. Áreas de inclinação entre 25 e 45 graus ................................................................... 207 6. USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL ........................................................................... 207 6.1. CONDIÇÕES PARA EXPLORAÇÃO DE APICUNS E SALGADOS ............................... 208 6.2. REGRAS PARA O LICENCIAMENTO ............................................................................. 208 6.3. REGULARIZAÇÃO DE OCUPAÇÃO E IMPLANTAÇÃO OCORRIDAS ANTES DE 22 DE JULHO DE 2008 ........................................................................................................................... 208 7. PROTEÇÃO DAS ÁREAS VERDES MUNICIPAIS URBANAS .............................................. 208 8. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ............................. 209 9. EXPLORAÇÃO FLORESTAL ................................................................................................... 210 9.1. PLANO DE MANEJO SUSTENTÁVEL ............................................................................. 211 9.2. HIPÓTESES DE ISENÇÃO DO PLANO DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL .. 211 9.3. EMPREENDIMENTOS QUE UTILIZAM MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL ...................... 212 10. REPOSIÇÃO FLORESTAL .................................................................................................. 212 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 9 11. EXPLORAÇÃO FLORESTAL ............................................................................................... 213 12. DO CONTROLE DO DESMATAMENTO ............................................................................. 213 13. CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS .............................................. 213 13.1. DOCUMENTO DE ORIGEM FLORESTAL ................................................................... 214 13.2. EXPORTAÇÃO DE PLANTAS VIVAS E OUTROS PRODUTOS ORIUNDOS DA FLORA NATIVA............................................................................................................................ 214 14. PROIBIÇÃO DO USO DO FOGO E CONTROLE DE INCÊNDIOS .................................... 214 15. PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ....................................................................................................................................... 216 16. AGRICULTURA FAMILIAR .................................................................................................. 217 17. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS ............................................................................... 217 17.1. GESTÃO DIRETA .......................................................................................................... 218 17.2. DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES LOCAIS ............................................................... 218 17.3. CONCESSÃO FLORESTAL ......................................................................................... 219 17.3.1. Objeto da Concessão: exploração de produtos e serviços florestais ....................... 219 17.3.2. Exceções .................................................................................................................... 220 17.3.3. Limites o Contrato ...................................................................................................... 220 17.3.4. Regras do Licenciamento Ambiental......................................................................... 221 17.3.5. Extinção da concessão florestal ................................................................................ 221 18. SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO ................................................................................. 221 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................... 222 2. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 223 3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................. 225 4. OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS....................................... 225 5. INSTRUMENTOS ..................................................................................................................... 227 6. PRIORIZAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS ............................................................ 231 7. PROIBIÇÕES............................................................................................................................ 232 Convém mencionar, por fim, que algumas espécies de destinação ou disposição final de resíduos sólidos foram proibidas pela lei:.................................................................................... 232 8. PRAZO PARA REGULARIZAR A DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA . 232 POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO...................................................................... 234 2. COMPETÊNCIA ....................................................................................................................... 234 3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................. 236 4. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 237 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ......................................................... 244 2. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 245 3. OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ...................... 246 4. FUNDAMENTOS ...................................................................................................................... 246 5. INSTRUMENTOS ..................................................................................................................... 247 6. CLASSIFICACÃO DAS BARRAGENS .................................................................................... 247 7. PLANO DE SEGURANÇA DAS BARRAGENS ....................................................................... 248 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 10 8. PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL (PAE) .............................................................................. 249 9. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO .................................................................................... 251 10. JURISPRUDÊNCIA .............................................................................................................. 252 CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 11 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno de Direito Ambiental possui como base as aulas do Prof. Frederico Amado (CERS) e da Profa. Vanessa Ferrari (G7), bem como aulas de segunda fase. Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos que é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Além disso, no Caderno constam os principais artigos da lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 12 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1. REFORMULAÇÃO DOS VALORES REFERENTES AO MEIO AMBIENTE Há, ao longo dos anos, uma crescente preocupação com o meio-ambiente, ocorrendo uma conscientização da necessidade de sua preservação. Constatou-se que não seria possível o uso inconsequente dos recursos ambientais, visto que não são infinitos. Por isso, surgiram inúmeras leis, tratados internacionais e a proteção ao meio ambiente, inclusive, possui status constitucional. 2. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL No Brasil, podemos analisar a proteção ao meio ambiente a partir de três fases: 1ª FASE: individualista 2ª FASE: fragmentária 3ª FASE: holística A seguir estudaremos cada fase de forma detalhada. 2.1. FASE INDIVIDUALISTA Inicia-se com o descobrimento do Brasil (1500) e vai até a metade do Século XX (1950). É considerada individualista, pois praticamente não havia proteção ao meio ambiente nas Orientações Afonsinas e Manuelinas. A pouca proteção visava recursos que envolviam interesse do reino, a exemplo do pau-brasil, de gêneros alimentícios, necessários à expansão marítima e à prosperidade do próprio reino. Em suma, pode-se afirmar que a questão ambiental no período colonial, imperial e republicano foi deixada à margem. 2.2. FASE FRAGMENTÁRIA Inicia-se em 1950 e vai até 1980. É considerada fragmentária, pois a proteção ao meio ambiente é esparsa, preocupada com a atividade econômica, não estabeleciam uma política ambiental e não reconheciam a natureza difusa do meio ambiente. Por exemplo, o Código de Águas considerava particulares as nascentes e as águas situadas em terrenos particulares (art. 8º), Antigo Código Florestal; Lei de Proteção à Fauna, Código de Mineração. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 13 2.3. FASE HOLÍSTICA Inicia-se em 1981 até os dias de hoje. Foi concebida a partir da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). A proteção do meio ambiente ganha planejamento, há uma proteção do meio ambiente como um todo, de maneira integrada. Compreende quatro relevantes marcos: • Lei 6.938/1981 – que previu conceitos, princípios, responsabilidade civil ambiental e o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA); • Lei 7.347/1985 – que disciplinou Ação Civil Pública para defesa do meio ambiente; • CF/88 – que trouxe um capítulo destinado ao meio ambiente, em seu artigo 225; • Lei 9.605/1998 – que previu sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Segundo Antônio Herman Benjamin, “somente a partir de 1981, com a promulgação da Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), ensaiou-se o primeiro passo em direção a um paradigma jurídico-econômico que holisticamente tratasse e não maltratasse a terra, seus arvoredos e os processos ecológicos essenciais a ela associados. Um caminhar incerto e talvez insincero a princípio, empleno regime militar, que ganhou velocidade com a democratização em 1985 e recebeu extraordinária aceitação na Constituição de 1988”. 3. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE INTERNACIONAL É comum que as provas cobrem o conhecimento sobre as conferências internacionais realizadas na seara ambiental. Por isso, serão arroladas as principais: 1) Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano (1972); 2) Relatório “Nosso Futuro Comum” (1987); 3) Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92 ou Eco/92 - 1992); 4) Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10 - 2002); 5) Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20 - 2012); 6) Acordo de Paris (2015); 7) Agenda 2030 (2015). 3.1. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO (1972) O Direito Ambiental tem início com a Conferência de Estocolmo (1972), realizada pela ONU, com o intuito de discutir sobre o meio ambiente humano. A sua importância foi a realização da “Declaração de Estocolmo”, que colocou o meio ambiente como direito humano, acarretando CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 14 numa grande influência na CF/88, que o colocou como direito fundamental (direito difuso). Vale dizer, os socialistas não participaram desta Conferência. Esta conferência é importante porque inaugurou a presença de questões ambientais na pauta política mundial. Um marco para o direito ambiental internacional. A Declaração de Estocolmo é uma declaração de princípios, e prevê o direito a uma vida saudável. Consequência desta conferência foi a formação de dois grupos: a) Preservacionistas: buscavam manter o grau máximo de atividade; diziam que se tinha que colocar um final ao crescimento desordenado. b) Desenvolvimentistas: querem o crescimento econômico a qualquer custo. Tese adotada pelos países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil. OBS.: Houve a formação de um terceiro grupo ― os conservacionistas, que querem o desenvolvimento econômico, porém possuem preocupação com o meio ambiente. Estabeleceu duas premissas básicas: • O homem possui direito ao desenvolvimento; • O meio ambiente deve ser preservado. 3.2. RELATÓRIO NOSSO FUTURO COMUM (1987) Em 1987 houve a criação da Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU), na qual se editou o relatório “Nosso futuro comum” (ou “Brundtland”). Este relatório sistematizou o Desenvolvimento Sustentável, que é utilizado até hoje. O desenvolvimento sustentável consiste em atender às necessidades da geração presente sem comprometer as gerações futuras. Em 1983, a ONU montou uma comissão especial para estudar o meio ambiente e o desenvolvimento. A comissão foi presidida por Gro Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega. Daí o “apelido” dado ao Relatório Nosso Futuro Comum. Cuidado com este conceito de desenvolvimento sustentável. O Relatório Brundtland é de 1987, mas em 1988 o constituinte incluiu a preocupação com “presentes e futuras gerações” no nosso ordenamento jurídico, conforme art. 225 da CF. Portanto, se na prova a expressão “presentes e futuras gerações” vier vinculada ao âmbito internacional, deve-se deduzir que se trata do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Porém, se a expressão “presentes e futuras gerações” aparecer vinculada ao art. 225 da CF, pode-se falar também em PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL. São semelhantes, mas a nomenclatura pode causar confusão na hora da prova. O relatório “Nosso Futuro Comum” precedeu o RIO/92 ou ECO/92 (“Cúpula da Terra”), na qual foi realizada a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (desenvolvimento sustentável). CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 15 3.3. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO/92 OU RIO/92) Foi realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (Eco 92 ou Rio 92). Desta conferência, resultaram: a) Agenda 21; b) Declaração do Rio; c) Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima; d) Protocolo de Kyoto; e) Convenção sobre Diversidade Biológica. f) Declaração de Florestas (princípios aplicáveis às florestas); 3.3.1. Agenda 21 É um programa de ação com diretrizes para implementação do desenvolvimento sustentável. É uma tentativa de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É um documento PROGRAMÁTICO. 3.3.2. Declaração do Rio É uma declaração de princípios do direito ambiental. 3.3.3. Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima É um acordo multilateral voluntário, adotado em 09 de maio de 1992, em Nova York, um mês antes da Conferência do Rio, mas que pode ser vinculado (por conta da abertura das assinaturas, ocorrida no Rio). Trata-se de uma convenção nascida da necessidade de reduzir as atividades poluentes. 3.3.4. Protocolo de Kyoto Assinado na COP-3 (Conferência das Partes). É um protocolo adicional vinculado à Convenção-quadro sobre Mudanças do Clima, e tem por objetivo a redução da emissão de gases antropogênicos, que geram o efeito estufa (GEE – Gases de efeito estufa). Meta: reduzir, em média, 5% das emissões do ano de 1990. O Brasil não assumiu compromissos específicos quanto à redução de percentuais de emissão de gases. Isso porque, quando assinado o Protocolo de Kyoto, o Brasil era considerado um “país em desenvolvimento”. Porém, em 2009 foi sancionada a Lei 12.187/2009 (Política Nacional de Mudanças Climáticas), em que há previsão de redução de emissões. Assim, apesar de não estar vinculado à redução de emissões por instrumentos internacionais, o Brasil obrigou-se voluntariamente a redução de emissões de GEE, conforme art. 12 da Lei 12.187/2009. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 16 Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove décimos por cento) suas emissões projetadas até 2020. Parágrafo único. A projeção das emissões para 2020 assim como o detalhamento das ações para alcançar o objetivo expresso no caput serão dispostos por decreto, tendo por base o segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, a ser concluído em 2010. 3.3.5. Convenção sobre Diversidade Biológica É o principal documento mundial sobre biodiversidade. Os objetivos desta convenção são: a) Conservação da diversidade biológica; b) Uso sustentável dos recursos biológicos e seus componentes; c) Distribuição justa e equitativa dos benefícios do uso dos recursos genéticos, com a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias, mediante financiamento adequado. Por meio do Decreto 4.339/2002, o Brasil instituiu a Política Nacional de Biodiversidade. 3.3.6. Declaração de Florestas Esta tem pouca importância para provas, sendo sequer mencionada em alguns livros de doutrina. Basta saber que foi firmada no Rio-92. OBS: Tanto a Agenda 21 quanto a Declaração do Rio consistem no que se chama de soft law, ou seja, direito flexível, não vinculante. 3.4. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+10 – 2002) Aconteceu em Joanesburgo em 2002, na África do Sul. Dela resultaram dois documentos oficiais: • Declaração política; • Plano de Implementação, que tem como objetivos: - O combate à pobreza, que guarda estreita relação com os problemas ambientais; - A mudança dos padrões de produção e consumo (já são utilizados recursos em quantia 30% superior à capacidade planetária). 3.5. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+20 – 2012) A declaração final da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre DesenvolvimentoSustentável), submetida dia 22 de junho de 2012 à ratificação de chefes de Estado e de governo CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 17 das Nações Unidas, é um texto de 53 páginas, com boas intenções e o lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O texto reafirma os princípios processados durante conferências e cúpulas anteriores e insiste na necessidade "de acelerar os esforços" para empregar os compromissos anteriores, homenageando as comunidades locais, que "fizeram esforços e progressos". Vejamos os pontos principais: • "Políticas de economia verde" (3 páginas e meia do texto): "Uma das ferramentas importantes" para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não devem "impor regras rígidas", mas "respeitar a soberania nacional de cada país", sem constituir "um meio de discriminação", nem "uma restrição disfarçada ao comércio internacional". Eles devem, também, "contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento". "Cada país pode escolher uma abordagem apropriada". • Governança mundial do desenvolvimento sustentável: o texto decide "reforçar o quadro institucional". A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é substituída por um "fórum intergovernamental de alto nível". O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) terá seu papel reforçado e valorizado como "autoridade global e na liderança da questão ambiental", com os recursos "assegurados" (os depósitos atualmente são voluntários) e uma representação de todos os membros das Nações Unidas (apenas 58 participam atualmente). • “Quadro de ação": em 25 páginas, correspondentes à metade do documento, o texto propõe setores onde haja "novas oportunidades" e onde a ação seja "urgente", notavelmente devido ao fato de as conferências anteriores terem registrado resultados insuficientes. Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis. • “Objetivos de desenvolvimento sustentável”: nos moldes dos Objetivos do Milênio para o desenvolvimento, a cúpula insiste na importância de se estabelecer os ODS (objetivos do desenvolvimento sustentável) "em número limitado, conciso e voltado à ação", aplicáveis a todos os países, mas levando em conta as "circunstâncias nacionais particulares". • Os meios de realização do desenvolvimento sustentável: "é extremamente importante reforçar o apoio financeiro de todas as origens, em particular para os países em desenvolvimento". "Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem desempenhar um papel". A declaração insiste na "conjugação de assistência ao desenvolvimento com o investimento privado". O texto insiste, também, na necessidade de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento e sobre o "reforço de capacidades" (formação, cooperação, etc.). 3.6. ACORDO DE PARIS Discutido entre 195 países durante a COP21, em Paris, possuindo como único objetivo a redução do aquecimento global. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 18 Para a entrada em vigor do acordo, que irá substituir a partir de 2020, o atual Protocolo de Kyoto, 55 países que representam 55% das emissões de gases de efeito estufa precisavam ratificá- lo. Isso aconteceu em 4 de novembro de 2016. Até junho de 2017, 195 países assinaram o acordo, e 147 destes, entre eles o Brasil, o ratificaram. O Acordo de Paris tem como principal objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis pré- industriais. Mas há várias metas e orientações que também são elencadas no acordo, tais como: • esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC; • recomendações quanto à adaptação dos países signatários às mudanças climáticas, em especial para os países menos desenvolvidos, de modo a reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos; • estimular o suporte financeiro e tecnológico por parte dos países desenvolvidos para ampliar as ações que levam ao cumprimento das metas para 2020 dos países menos desenvolvidos; • promover o desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia e capacitação para adaptação às mudanças climáticas; • proporcionar a cooperação entre a sociedade civil, o setor privado, instituições financeiras, cidades, comunidades e povos indígenas para ampliar e fortalecer ações de mitigação do aquecimento global. 3.7. AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Em setembro de 2015, os 193 países membros das Nações Unidas adotaram uma nova política global: a Agenda 20301 para o Desenvolvimento Sustentável, que tem como objetivo elevar o desenvolvimento do mundo e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. O lema é não deixar ninguém para trás. Para tanto, foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com 169 metas – a serem alcançadas por meio de uma ação conjunta que agrega diferentes níveis de governo, organizações, empresas e a sociedade como um todo nos âmbitos internacional e nacional e também local. Dentre os ODs listados, destacamos aqueles diretamente relacionados à proteção do meio ambiente, a saber: ODS 6: garantir acesso à água e ao saneamento para todos (ODS 6); ODS 7: possibilitar acesso à energia limpa (ODS 7); ODS 11: assegurar que as cidades e os assentamentos humanos sejam seguros, inclusivos, sustentáveis; ODS 12: oportunizar modalidades de consumo e produção sustentáveis; 1 https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/agenda-2030/o-que-e-a-agenda-2030/ CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 19 ODS 13: adotar medidas para combater as mudanças climáticas e seus efeitos; ODS 14: conservar e usar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos; ODS 15: proteger a vida sobre a terra. 4. OBJETO DO DIREITO AMBIENTAL O objetivo do Direito Ambiental é a proteção ao meio ambiente, garantindo sadia qualidade de vida para as presentes e futuras gerações, nos termos do art. 225 da CF. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Culturalmente, o direito é voltado ao homem. Com isso, afirma-se que o Direito Ambiental é ANTROPOCÊNTRICO, ou seja, o homem é a razão da tutela do meio ambiente, é um instrumento de garantia para uma vida com qualidade para o homem. De acordo com esta visão, o meio ambiente, em si, não é titular de direito, eis que a tutela é voltada para a satisfação das necessidades humanas. Há, ainda, as seguintes visões: BIOCÊNTRICA: possui como objeto de tutela todas as espécies com vida: fauna, flora e o homem. Há, no art. 225, §1º, VII, da CF referência, vejamos: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. “ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. NÃO CONFIGURADA A VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. MULTA JUDICIAL POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. INAPLICÁVEL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 98 DO STJ. MULTA ADMINISTRATIVA. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. INVASÃO DO MÉRITO ADMINISTRATIVO. GUARDA PROVISÓRIA DE ANIMAL SILVESTRE. VIOLAÇÃO DA DIMENSÃO ECOLÓGICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. 1. Na origem, trata-se de ação ordinária ajuizada pela recorrente no intuito de anular os autos de infração emitidos pelo Ibama e restabelecer a guarda do animal silvestre apreendido. 2. Não há falar em omissão no julgado apta a revelar a infringência aoart. 1.022 do CPC. O Tribunal a quo fundamentou o seu posicionamento no tocante à suposta prova de bons tratos e o suposto risco de vida do animal silvestre. O fato de a solução da lide ser contrária à defendida pela parte insurgente não configura omissão ou qualquer outra causa passível de exame mediante a oposição de embargos de declaração. 3. Nos termos da Súmula 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". O texto sumular alberga a pretensão recursal, posto que não CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 20 são protelatórios os embargos opostos com intuito de prequestionamento, logo, incabível a multa imposta. 4. Para modificar as conclusões da Corte de origem quanto aos laudos veterinários e demais elementos de convicção que levaram o Tribunal a quo a reconhecer a situação de maus-tratos, seria imprescindível o reexame da matéria fático-probatória da causa, o que é defeso em recurso especial ante o que preceitua a Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial." Precedentes. 5. No que atine ao mérito de fato, em relação à guarda do animal silvestre, em que pese à atuação do Ibama na adoção de providências tendentes a proteger a fauna brasileira, o princípio da razoabilidade deve estar sempre presente nas decisões judiciais, já que cada caso examinado demanda uma solução própria. Nessas condições, a reintegração da ave ao seu habitat natural, conquanto possível, pode ocasionar-lhe mais prejuízos do que benefícios, tendo em vista que o papagaio em comento, que já possui hábitos de ave de estimação, convive há cerca de 23 anos com a autora. Ademais, a constante indefinição da destinação final do animal viola nitidamente a dignidade da pessoa humana da recorrente, pois, apesar de permitir um convívio provisório, impõe o fim do vínculo afetivo e a certeza de uma separação que não se sabe quando poderá ocorrer. 6. Recurso especial parcialmente provido.” (STJ, REsp 1.797.175/SP, Relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgamento 21.03.2019, Dje 13.05.2019) Há em alguns Estados, a exemplo do RS, leis estaduais reconhecendo o direito do animal a pleitear indenização por maus tratos junto com o seu tutor. ECOCÊNTRICA: são objetos de proteção tanto os elementos abióticos (sem vida) quanto os elementos bióticos (com vida). O objeto de proteção seria o planeta Terra como um todo. 5. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE A CF/88 estabeleceu um capítulo ao meio ambiente (art. 225), recebendo influência da Declaração do Meio Ambiente de Estocolmo e da Lei 6.938/81. O legislador constitucional concentrou os princípios fundamentais em seu art. 225, conferindo autonomia ao Direito Ambiental. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 21 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de 2022) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 5.1. CONCEITO (LEGAL) DE MEIO AMBIENTE Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem química, física e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, I Lei 6.938/81). Lei 6938/81 - Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; É um conceito abrangente, que aborda elementos BIÓTICOS (é tudo aquilo que tem vida – ex.: flora e fauna) e ABIÓTICOS (é aquilo que não tem vida – ex.: água, solo e atmosfera). OBS.: A expressão “biota” significa conjunto de seres vivos que vivem em determinada região. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 22 Parte da doutrina faz uma crítica a este conceito legal por ser muito amplo, visto que inclui o homem, os recursos hídricos, os recursos naturais etc. Segundo o professor, a definição deveria abranger todas as espécies de meio ambiente. 5.2. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (JOSÉ AFONSO DA SILVA) É uma classificação meramente acadêmica, a fim de facilitar a compreensão da matéria. Destaca-se que há uma fungibilidade entre as classificações, tendo em vista que um imóvel, criado recentemente, que faça parte do meio ambiente artificial, poderá, em 500 anos, passar a fazer parte do meio ambiente cultural (patrimônio material). 5.2.1. Meio ambiente natural (art. 225, §1º CF/88 c/c art. 3º, V Lei 6.938/81) Divide-se em: • Elemento BIÓTICO = é tudo aquilo que tem vida – ex.: flora e fauna • Elemento ABIÓTICO = é aquilo que não tem vida – ex.: água, solo e atmosfera. Art. 3º L.6938/81 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários (é a parte de um rio quese encontra em contato com o mar), o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Art. 225, §1º CF/88: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; MEIO AMBIENTE Natural Biótico Abiótico Artificial (ambiente urbano) Espaços Fechados Espaços Abertos Cultural Patrimônio Material Patrimônio Imaterial Do Trabalho Urbano Rural http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 23 V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de 2022) Há, inclusive, uma diferenciação feita por Édis Milaré entre os Recursos Naturais e Recursos Ambientais. Vejamos: 5.2.2. Meio ambiente artificial (ou construído) É o ambiente urbano, no qual há a intervenção ANTRÓPICA, ou seja, intervenção humana. Divide-se em: Espaços abertos = praças, ruas etc. Espaços fechados = escolas, museus, teatros etc. Previsão nos arts. 182/183 CF/88. Art. 182 CF/88 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 24 § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Art. 183 CF/88 - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Nesse contexto, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) figura como um dos diplomas mais importantes. 5.2.3. Meio ambiente cultural (art. 216 CF/88) É o patrimônio cultural, artístico etc. Art. 216 CF/88 - Constituem patrimônio CULTURAL brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem (rol aberto): I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. § 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 25 § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. Divide-se em: Patrimônio material - é o tombamento de imóveis, de cidades (ex.: Tiradentes, Olinda). O órgão responsável pelo tombamento é o IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico Histórico Nacional – autarquia federal). Regulado pelo Decreto 25/1937. Patrimônio imaterial - inclui o registro, inventário, vigilância, desapropriação (são formas de proteção cultural, previstas no § 1º do art. 216 CF/88). ● Registro = instrumento de proteção do patrimônio imaterial, no qual incluem as danças, comidas, folclore nacional, samba (são todos registrados e NÃO tombados). ● Inventário = não está regulamentado. Visa relacionar os bens que guarnecem o local. ● Vigilância = é o poder de polícia, fiscalizando se o sujeito está cumprindo com suas obrigações. ● Desapropriação = é uma intervenção no patrimônio particular mais agressiva, é supressiva pois que resulta na saída do domínio particular para o público, utilizada com o intuito de proteger o patrimônio. 5.2.4. Meio ambiente do trabalho (art. 200,
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