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DIREITO
AMBIENTAL
Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
CADERNO DE DIREITO AMBIENTAL
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 11
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ........................................................................................................... 12
1. REFORMULAÇÃO DOS VALORES REFERENTES AO MEIO AMBIENTE ............................ 12
2. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL ........................................... 12
2.1. FASE INDIVIDUALISTA ...................................................................................................... 12
2.2. FASE FRAGMENTÁRIA ..................................................................................................... 12
2.3. FASE HOLÍSTICA ............................................................................................................... 13
3. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE INTERNACIONAL ................................. 13
3.1. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO (1972) .................... 13
3.2. RELATÓRIO NOSSO FUTURO COMUM (1987) .............................................................. 14
3.3. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO/92
OU RIO/92) ..................................................................................................................................... 15
3.3.1. Agenda 21 .................................................................................................................... 15
3.3.2. Declaração do Rio ...................................................................................................... 15
3.3.3. Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima ..................................................... 15
3.3.4. Protocolo de Kyoto .................................................................................................... 15
3.3.5. Convenção sobre Diversidade Biológica................................................................ 16
3.3.6. Declaração de Florestas ........................................................................................... 16
3.4. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+10 – 2002) . 16
3.5. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+20 – 2012) . 16
3.6. ACORDO DE PARIS ........................................................................................................... 17
3.7. AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................... 18
4. OBJETO DO DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................... 19
5. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE .............................................. 20
5.1. CONCEITO (LEGAL) DE MEIO AMBIENTE ...................................................................... 21
5.2. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (JOSÉ AFONSO DA SILVA) ............................ 22
5.2.1. Meio ambiente natural (art. 225, §1º CF/88 c/c art. 3º, V Lei 6.938/81) ..................... 22
5.2.2. Meio ambiente artificial (ou construído) ...................................................................... 23
5.2.3. Meio ambiente cultural (art. 216 CF/88) ...................................................................... 24
5.2.4. Meio ambiente do trabalho (art. 200, VIII c/c art. 7º, XXII e XXIII CF/88) .................. 25
5.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO ART. 225 DA CF ............................................................... 26
5.4. ANÁLISE DO ART. 225 CF/88 ........................................................................................... 27
5.4.1. Art. 225, caput .............................................................................................................. 27
5.4.2. Art. 225, § 2º CF/88 ..................................................................................................... 29
5.4.3. Art. 225, § 1º CF/88 ..................................................................................................... 29
5.4.4. art. 225, §3º CF/88 ....................................................................................................... 40
5.4.5. Art. 225, §4º, da CF/88 ................................................................................................ 45
5.4.6. Art. 225, §5º, da CF ..................................................................................................... 46
5.4.7. Art. 225, §6º CF/88 ...................................................................................................... 46
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5.4.8. Art. 225. §7º, da CF/88 ................................................................................................ 46
6. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL ...................................... 48
6.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA .................................................................................. 48
6.2. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL: A
INCIDÊNCIA DA LC 140/11 ........................................................................................................... 48
6.3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA .......................................................................................... 50
7. PRINCÍPIOS DO MEIO AMBIENTE .......................................................................................... 54
7.1. PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO UM
DIREITO FUNDAMENTAL (ART. 225 CF/88 C/C PRINCÍPIO 01 DA DECLARAÇÃO DO
RIO/92) ........................................................................................................................................... 54
7.2. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ART. 225 E 170, III E VI CF/88
C/C PRINCÍPIO 4 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) ...................................................................... 56
7.3. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU RESPONSABILIDADE
ENTRE GERAÇÕES OU EQUIDADE (ART. 225, IN FINE CF/88 C/C PRINCÍPIO 3 DA
DECLARAÇÃO DO RIO/92) .......................................................................................................... 58
7.4. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE (ART. 5º, XXII E XXIII
CF/88) ............................................................................................................................................. 58
7.5. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ............................................................................................ 60
7.6. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (PRINCÍPIO 15 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92) ............. 61
7.7. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP - PREVISÃO NO PRINCÍPIO 16 DA
DECLARAÇÃO DO RIO/92) .......................................................................................................... 62
7.8. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR .............................................................................. 64
7.9. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR (PPR - ARTIGO 6º, INCISO II, DA LEI
12.305/2010) .................................................................................................................................. 65
7.10. PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA (PEE - O ARTIGO 6º, INCISO V, DA LEI
12.305/2010) .................................................................................................................................. 66
7.11. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO .......................................................................................... 67
7.11.1. Princípio da Informação ............................................................................................... 67
7.11.2. Princípio da Participação Comunitária ........................................................................ 69
7.11.3. Princípio da Educação Ambiental (art. 225, §1º, VI CF/88 c/c Declaração do Rio/92 –
Princípio 19) ................................................................................................................................70
7.12. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE E PRINCÍPIO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO
PROCESSO DECISÓRIO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO (DECLARAÇÃO DO
RIO/92 – PRINCÍPIO 17). .............................................................................................................. 71
7.13. PRINCÍPIO DO CONTROLE OU DO LIMITE DO POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO
(ART. 225, §1º, V CF/88) ............................................................................................................... 71
7.14. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (DECLARAÇÃO DO RIO/92 - PRINCÍPIOS 2, 5 E 7 -
E ARTS. 77/78 DA LEI 9.605/98). ................................................................................................. 72
7.15. PRINCÍPIO DO NÃO RETROCESSO OU DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO ............ 73
SISNAMA (SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) — LEI 6938/81 ...................................... 75
1. CONCEITO DE SISNAMA ......................................................................................................... 75
2. COMPOSIÇÃO DO SISNAMA ................................................................................................... 75
2.1. ÓRGÃO SUPERIOR (CONSELHO DE GOVERNO) ......................................................... 75
2.2. ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO (CONAMA) .................................................... 75
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2.2.1. Atos do CONAMA ........................................................................................................ 75
2.2.2. Composição do CONAMA ........................................................................................... 76
2.2.3. Competência do CONAMA .......................................................................................... 76
2.3. ÓRGÃO CENTRAL (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE) ................................................ 78
2.4. ÓRGÃOS EXECUTORES ................................................................................................... 78
2.4.1. IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)
78
2.4.2. ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Dec.
99274/90) .................................................................................................................................... 79
2.5. ÓRGÃOS SECCIONAIS (ÓRGÃOS ESTADUAIS E OUTROS ENTES)........................... 79
2.6. ÓRGÃOS LOCAIS .............................................................................................................. 79
3. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (art. 2º, Lei. 6.938/81)........... 79
4. OBJETIVO GERAL DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .................................... 80
5. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (ART. 9º L. 6938/81) .... 80
5.1. ART. 9º ................................................................................................................................ 80
5.2. ANÁLISE DOS INCISOS DO ART. 9º DA LPNMA (Lei 6.938/81) ..................................... 81
5.2.1. Inciso I: padrões de qualidade ambiental .................................................................... 81
5.2.2. Inciso II: zoneamento ambiental .................................................................................. 81
5.2.3. Inciso III: avaliação de impacto ambiental ................................................................... 82
5.2.4. Inciso IV: licenciamento ambiental .............................................................................. 82
5.2.5. Inciso V: incentivos ao empreendedor ........................................................................ 83
5.2.6. Inciso VI: criação de espaços territoriais especialmente protegidos .......................... 83
5.2.7. Inciso VI: criação do SINIMA ....................................................................................... 84
5.2.8. Inciso VIII: Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa
ambiental .................................................................................................................................... 84
5.2.9. Inciso IX: cominação de penalidades disciplinares ou compensatórias ..................... 84
5.2.10. Inciso X: relatório de qualidade do meio ambiente ..................................................... 84
5.2.11. Inciso XI: garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente ........... 85
5.2.12. Inciso XII: cadastro de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de
recursos ambientais.................................................................................................................... 85
5.2.13. Inciso XIII: instrumentos econômicos .......................................................................... 86
6. EPIA/RIMA (ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE IMPACTO DO
MEIO AMBIENTE) ............................................................................................................................. 88
6.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 88
6.2. BASE LEGAL: ART. 225, §1º, IV CF/88 E RESOLUÇÃO Nº 1/86 CONAMA. .................. 89
6.3. FUNÇÃO DO EPIA .............................................................................................................. 90
6.4. LICENÇA DE OPERAÇÃO CORRETIVA OU RETIFICADORA (LOC) ............................. 90
6.5. CONDICIONANTES DO EPIA/RIMA (HERMAN BENJAMIN) ........................................... 91
6.5.1. Prevenção aos danos ambientais ............................................................................... 91
6.5.2. Transparência administrativa ....................................................................................... 92
6.5.3. Consulta aos interessados .......................................................................................... 92
6.5.4. Motivação das decisões ambientais ............................................................................ 93
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6.6. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 1º ................................................ 93
6.6.1. Impacto ambiental ........................................................................................................ 93
6.6.2. Saúde, segurança e o bem-estar da população: ........................................................ 94
6.6.3. Condições (atividades) sociais e econômicas ............................................................ 94
6.6.4. Biota ............................................................................................................................. 94
6.6.5. Condições estéticas e sanitárias do meio ambiente ................................................... 94
6.6.6. Qualidade dos recursos ambientais ............................................................................ 94
6.7. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 2º ................................................ 94
6.8. REQUISITOS DO EPIA/RIMA (REQUISITOS MÍNIMOS – RES. 01/86 CONAMA) ......... 96
6.8.1. Requisitos de conteúdo (diretrizes gerais – Art. 5º da RES 01/86 CONAMA) ........... 96
6.8.2. Requisitos técnicos (Art. 6º da RES 01/86 CONAMA)................................................ 98
6.8.3. Requisitos formais (art. 7º , 8º e 9º da RES 01/86 CONAMA) ................................. 100
6.8.4. Quadro esquemático dos requisitos do EIA .............................................................. 102
6.9. AUDIÊNCIA PÚBLICA (RESOLUÇÃO 09/87 CONAMA)................................................. 103
6.9.1. Introdução .................................................................................................................. 103
6.9.2. Legitimados para solicitar audiência pública ............................................................. 103
6.9.3.Vinculação do órgão licenciador à audiência pública ............................................... 104
6.10. VINCULAÇÃO DO ÓRGÃO LICENCIADOR AO EPIA/RIMA ...................................... 104
6.10.1. Vinculação do órgão licenciador à REALIZAÇÃO do EPIA/RIMA ............................ 104
6.10.2. Vinculação do órgão licenciador ao RESULTADO do EPIA/RIMA........................... 105
7. LICENCIAMENTO AMBIENTAL (LC 140/11 + L.6938/81 C/C RESOLUÇÃO 237/97
CONAMA) ........................................................................................................................................ 105
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 105
7.1. CONCEITO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................. 106
7.2. NATUREZA JURÍDICA DA LICENÇA AMBIENTAL......................................................... 106
7.3. LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS ................................................................................... 106
7.3.1. Licença prévia ............................................................................................................ 106
7.3.2. Licença instalação ..................................................................................................... 107
7.3.3. Licença operação ....................................................................................................... 107
7.4. COMPETÊNCIA NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................... 107
7.4.1. Introdução .................................................................................................................. 107
7.4.2. Licenciamento ambiental no Brasil depois da LC 140/2011 ..................................... 108
7.4.3. Competência administrativa dos entes federativos em matéria ambiental .............. 108
7.4.4. A importância do licenciamento ambiental e a Resolução 237 do CONAMA .......... 108
7.4.5. Advento da Lei Complementar 140/2011 .................................................................. 108
7.4.6. Competência para o licenciamento ambiental atual ................................................. 109
7.4.7. Demora e custo do licenciamento ambiental ............................................................ 110
7.4.8. Atividade suplementar, subsidiária e fiscalização pelos Órgãos Ambientais ........... 110
7.4.9. Responsabilidade administrativa vinculada ao licenciamento ambiental: art. 17 da LC
140/11 112
7.4.10. Jurisprudência sobre competência ambiental ........................................................... 114
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7.5. RESOLUÇÃO 237/97 CONAMA ....................................................................................... 114
7.6. RESCINDIBILIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS OU RETIRADA............................ 116
7.6.1. Retirada temporária ................................................................................................... 116
7.6.2. Retirada definitiva (art. 19 Resolução 237/97 CONAMA) ......................................... 116
PROTEÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................................... 118
1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP – LEI 12651/12 – NOVO CFLO) ............ 118
1.1. CONCEITO DE APP ......................................................................................................... 118
1.2. ESPÉCIES ......................................................................................................................... 118
1.2.1. APP por força de lei ................................................................................................... 119
1.2.2. APP por ato do Poder Público (Art. 6º CFLO) ........................................................... 123
1.2.3. APP atípicas ............................................................................................................... 123
1.3. INTERVENÇÃO EM APP .................................................................................................. 123
1.3.1. Hipóteses de utilidade pública ................................................................................... 124
1.3.2. Hipóteses de interesse social .................................................................................... 124
1.4. REGRAS PARA INTERVENÇÃO OU SUPRESSÃO EM APP (PROCEDIMENTO
PRÓPRIO) .................................................................................................................................... 124
2. RESERVA LEGAL FLORESTAL (RLF – Art. 3º, inc. III CFLO) .............................................. 125
2.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 125
2.2. REGIME JURÍDICO .......................................................................................................... 125
2.3. MANEJO DA RESERVA LEGAL FLORESTAL ................................................................ 127
2.4. LOCALIZAÇÃO DA RESERVA LEGAL ............................................................................ 129
2.5. REDUÇÃO/AMPLIAÇÃO DA RESERVA LEGAL ............................................................. 130
2.6. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL ..................................................................................... 134
2.7. DAS ÁRVORES IMUNES AO CORTE (ART. 70, inc. II DO CÓDIGO FLORESTAL)..... 136
3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00 – LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - LSNUC) .................................................................................. 136
3.1. BASE LEGAL .................................................................................................................... 136
3.2. CONCEITO ........................................................................................................................ 137
3.3. DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ..................................... 137
3.3.1. Espécies de Unidades de Conservação ................................................................... 137
Criação da Unidade de Conservação ...................................................................................... 137
3.3.2. Composição (art. 6º L.9985/00) ................................................................................. 138
3.4. ESTUDO DAS ESPÉCIES DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (quanto ao seu objetivo,
domínio e características) ............................................................................................................ 138
3.4.1. Das Unidades de Conservação de Proteção Integral ............................................... 139
3.4.2. Das Unidades de Conservação de Uso Sustentável ................................................ 140
3.5. PLANO DE MANEJO ........................................................................................................ 145
3.5.1. Conceito ..................................................................................................................... 145
3.5.2. Conteúdo do Plano de Manejo .................................................................................. 145
3.6. CONSELHOS NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................................................... 147
3.7. MOSAICO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (ART. 26 DA LEI 9.985/00) .................. 148
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3.8. PESQUISA CIENTÍFICA NAS UC .................................................................................... 148
3.9. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (ART. 36 DA LEI 9.985/00) ........................................... 150
3.10. POPULAÇÕES TRADICIONAIS ................................................................................... 151
3.11. DESAPROPRIAÇÃO E INDENIZAÇÃO (ART.45 DA L.9985/00) ............................... 152
3.12. RESERVA DA BIOSFERA (ART. 41 DA L.9985/00) .................................................... 152
4.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 153
4.2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................. 153
4.3. OBJETO ............................................................................................................................ 153
4.4. OBJETIVO (ART. 6º DA L. 11.428/06) ............................................................................. 154
4.5. ALGUNS CONCEITOS ..................................................................................................... 154
4.5.1. Pequeno produtor que vive na Mata Atlântica (art. 3º, I) .......................................... 154
4.5.2. População Tradicional (art. 3º, II L.11.428/06) .......................................................... 155
4.6. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA ...................................................... 155
4.7. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA EM ÁREA RURAL........................ 155
4.7.1. Da vegetação PRIMÁRIA em ÁREA RURAL ............................................................ 156
4.7.2. Da vegetação SECUNDÁRIA em ÁREA RURAL ..................................................... 156
4.8. REGIME JURÍDICO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA EM ÁREA URBANA ..................... 157
4.8.1. Da vegetação primária ............................................................................................... 158
4.8.2. Da vegetação secundária .......................................................................................... 158
4.9. DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (ART. 17 L.11.428/06) ............................................. 159
4.9.1. Vedações ao corte e supressão de vegetação primária e secundária em estágio
avançado e médio de regeneração (art. 11 da L.11.428/06) .................................................. 161
5. LEI DE GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS (LGP - L.11.284/06) ..................................... 163
5.1. CONCEITOS ..................................................................................................................... 163
5.1.1. Florestas Públicas ...................................................................................................... 163
5.1.2. Recursos florestais .................................................................................................... 164
5.1.3. Manejo florestal sustentável ...................................................................................... 164
5.1.4. Concessão florestal ................................................................................................... 164
5.1.5. Unidade de manejo .................................................................................................... 165
5.1.6. Lote de concessão florestal ....................................................................................... 165
5.2. DA EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS NO BRASIL ....................................... 165
5.2.1. Da criação de florestas nacionais, estaduais e municipais e sua gestão direta (art. 17
da Lei 9.985/00 c/c art. 5º da Lei 11.284/06) ........................................................................... 165
5.2.2. Da destinação de florestas públicas às comunidades tradicionais (art. 6º
L.11.284/06) .............................................................................................................................. 166
5.2.3. Da concessão florestal, através de processo licitatório (art. 7º ao 9º da L.11.284/06)
167
5.3. DO PROCESSO DE OUTORGA DE CONCESSÃO FLORESTAL ................................. 169
5.3.1. Regras gerais ............................................................................................................. 169
5.3.2. Objeto da concessão florestal ................................................................................... 169
5.3.3. Licenciamento ambiental na concessão florestal ...................................................... 170
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5.3.4. Da habilitação para o processo licitatório da concessão florestal ............................ 171
5.3.5. Dos critérios de julgamento do processo licitatório da concessão florestal ............. 171
5.3.6. Do contrato de concessão florestal (art. 27 a 35 da 11284/06) ................................ 171
5.3.7. Proteção de concorrência .......................................................................................... 172
5.3.8. Extinção da concessão .............................................................................................. 173
5.3.9. Auditoria Florestal ...................................................................................................... 173
5.3.10. Florestas públicas e unidades de conservação ........................................................ 174
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS ........................................................................... 175
1. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL ........................................................ 175
1.1. BASE LEGAL .................................................................................................................... 175
1.2. CONCEITO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL (ART. 70 L.9605/98 C/C
ART. 1º DEC. 6514/08) ................................................................................................................ 175
1.3. DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE (ART. 72 L.9605/98) ..................... 176
1.3.1. Da advertência ........................................................................................................... 176
1.3.2. Da multa simples........................................................................................................ 177
1.3.3. Da multa diária ........................................................................................................... 177
1.3.4. Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração .............. 179
1.3.5. Destruição ou inutilização do produto ....................................................................... 180
1.3.6. Suspensão de venda e fabricação de produtos ........................................................ 180
1.3.7. Suspensão parcial ou total das atividades ................................................................ 180
1.3.8. Embargo de obra ou atividade................................................................................... 180
1.3.9. Da demolição ............................................................................................................. 181
1.3.10. Sanções restritivas, aplicáveis às PF’s e PJ’s .......................................................... 181
1.4. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................... 181
1.4.1. Regra geral................................................................................................................. 181
1.4.2. Interrupção da prescrição .......................................................................................... 182
1.4.3. Exercício o poder de polícia ...................................................................................... 182
2. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL (DEC. 6514/08 C/C L.9784/99). ............. 183
2.1. DA AUTUAÇÃO................................................................................................................. 183
2.1.1. Procedimento ............................................................................................................. 183
2.1.2.Vícios na autuação .................................................................................................... 183
2.2. DA DEFESA ...................................................................................................................... 184
2.3. DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO .................................................................................. 184
2.4. DOS RECURSOS ............................................................................................................. 185
RECURSOS HÍDRICOS .................................................................................................................. 188
1. BASE LEGAL ............................................................................................................................ 188
2. DOS FUNDAMENTOS (ART. 1º DA L.9433/97) ..................................................................... 188
3. DOS OBJETIVOS (ART. 2º DA L.9433/97) ............................................................................. 189
4. DOS INSTRUMENTOS (ART. 5º DA L.9433/97) .................................................................... 189
4.1. PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................. 190
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 8
4.2. ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES ..................................... 190
4.3. OUTORGA DOS DIREITOS DE USO DE RH .................................................................. 190
4.4. COBRANÇA PELO USO DE RH ...................................................................................... 192
4.5. COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS .................................................................................... 192
4.6. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RH .................................................................... 192
5. ESTRUTURA DO SISTEMA GERENCIAL DE RECURSOS HÍDRICOS ............................... 193
5.1. DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (ART. 35 DA L.9433/97) ..... 193
5.2. DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA (ARTS. 37 E 38 DA L.9433/97) ............... 194
5.3. ANA (Agência Nacional de Águas) ................................................................................... 195
5.4. AGÊNCIAS DE ÁGUA....................................................................................................... 195
5.5. ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL ............................................................................... 195
CÓDIGO FLORESTAL E GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS................................................. 197
2. DEFESA DA FLORA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL............................................................ 197
3. DEFESA DA FLORA EM ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL .............................................. 198
3.1. NORMAS GERAIS ............................................................................................................ 198
3.2. PRINCÍPIOS ...................................................................................................................... 198
4. USO IRREGULAR DA PROPRIEDADE .................................................................................. 201
4.1. NATUREZA REAL ............................................................................................................. 202
5. CONCEITOS NO CÓDIGO FLORESTAL ................................................................................ 202
5.1. AMAZÔNIA LEGAL ........................................................................................................... 202
5.2. ÁREA RURAL CONSOLIDADA ........................................................................................ 202
5.3. PEQUENA PROPRIEDADE OU POSSE RURAL ............................................................ 202
5.4. USO ALTERNATIVO DO SOLO ....................................................................................... 204
5.5. MANEJO SUSTENTÁVEL ................................................................................................ 204
5.6. UTILIDADE PÚBLICA, INTERESSE SOCIAL E ATIVIDADES DE BAIXO IMPACTO
AMBIENTAL ................................................................................................................................. 204
5.7. ÁREAS DE USO RESTRITO ............................................................................................ 206
5.7.1. Pantanais e Planícies Pantaneiras ............................................................................ 207
5.7.2. Áreas de inclinação entre 25 e 45 graus ................................................................... 207
6. USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL ........................................................................... 207
6.1. CONDIÇÕES PARA EXPLORAÇÃO DE APICUNS E SALGADOS ............................... 208
6.2. REGRAS PARA O LICENCIAMENTO ............................................................................. 208
6.3. REGULARIZAÇÃO DE OCUPAÇÃO E IMPLANTAÇÃO OCORRIDAS ANTES DE 22 DE
JULHO DE 2008 ........................................................................................................................... 208
7. PROTEÇÃO DAS ÁREAS VERDES MUNICIPAIS URBANAS .............................................. 208
8. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ............................. 209
9. EXPLORAÇÃO FLORESTAL ................................................................................................... 210
9.1. PLANO DE MANEJO SUSTENTÁVEL ............................................................................. 211
9.2. HIPÓTESES DE ISENÇÃO DO PLANO DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL .. 211
9.3. EMPREENDIMENTOS QUE UTILIZAM MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL ...................... 212
10. REPOSIÇÃO FLORESTAL .................................................................................................. 212
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 9
11. EXPLORAÇÃO FLORESTAL ............................................................................................... 213
12. DO CONTROLE DO DESMATAMENTO ............................................................................. 213
13. CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS .............................................. 213
13.1. DOCUMENTO DE ORIGEM FLORESTAL ................................................................... 214
13.2. EXPORTAÇÃO DE PLANTAS VIVAS E OUTROS PRODUTOS ORIUNDOS DA
FLORA NATIVA............................................................................................................................ 214
14. PROIBIÇÃO DO USO DO FOGO E CONTROLE DE INCÊNDIOS .................................... 214
15. PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE ....................................................................................................................................... 216
16. AGRICULTURA FAMILIAR .................................................................................................. 217
17. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS ............................................................................... 217
17.1. GESTÃO DIRETA .......................................................................................................... 218
17.2. DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES LOCAIS ............................................................... 218
17.3. CONCESSÃO FLORESTAL ......................................................................................... 219
17.3.1. Objeto da Concessão: exploração de produtos e serviços florestais ....................... 219
17.3.2. Exceções .................................................................................................................... 220
17.3.3. Limites o Contrato ...................................................................................................... 220
17.3.4. Regras do Licenciamento Ambiental......................................................................... 221
17.3.5. Extinção da concessão florestal ................................................................................ 221
18. SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO ................................................................................. 221
POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................... 222
2. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 223
3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................. 225
4. OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS....................................... 225
5. INSTRUMENTOS ..................................................................................................................... 227
6. PRIORIZAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS ............................................................ 231
7. PROIBIÇÕES............................................................................................................................ 232
Convém mencionar, por fim, que algumas espécies de destinação ou disposição final de
resíduos sólidos foram proibidas pela lei:.................................................................................... 232
8. PRAZO PARA REGULARIZAR A DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA . 232
POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO...................................................................... 234
2. COMPETÊNCIA ....................................................................................................................... 234
3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................. 236
4. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 237
POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ......................................................... 244
2. CONCEITOS RELEVANTES ................................................................................................... 245
3. OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ...................... 246
4. FUNDAMENTOS ...................................................................................................................... 246
5. INSTRUMENTOS ..................................................................................................................... 247
6. CLASSIFICACÃO DAS BARRAGENS .................................................................................... 247
7. PLANO DE SEGURANÇA DAS BARRAGENS ....................................................................... 248
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 10
8. PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL (PAE) .............................................................................. 249
9. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO .................................................................................... 251
10. JURISPRUDÊNCIA .............................................................................................................. 252
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 11
APRESENTAÇÃO
Olá!
Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria.
O Caderno de Direito Ambiental possui como base as aulas do Prof. Frederico Amado
(CERS) e da Profa. Vanessa Ferrari (G7), bem como aulas de segunda fase.
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito).
Destacamos que é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da
semana para ler no site do Dizer o Direito.
Além disso, no Caderno constam os principais artigos da lei, mas, ressaltamos, que é
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
Vamos juntos!! Bons estudos!!
Equipe Cadernos Sistematizados.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 12
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1. REFORMULAÇÃO DOS VALORES REFERENTES AO MEIO AMBIENTE
Há, ao longo dos anos, uma crescente preocupação com o meio-ambiente, ocorrendo uma
conscientização da necessidade de sua preservação. Constatou-se que não seria possível o uso
inconsequente dos recursos ambientais, visto que não são infinitos.
Por isso, surgiram inúmeras leis, tratados internacionais e a proteção ao meio ambiente,
inclusive, possui status constitucional.
2. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
No Brasil, podemos analisar a proteção ao meio ambiente a partir de três fases:
1ª FASE: individualista
2ª FASE: fragmentária
3ª FASE: holística
A seguir estudaremos cada fase de forma detalhada.
2.1. FASE INDIVIDUALISTA
Inicia-se com o descobrimento do Brasil (1500) e vai até a metade do Século XX (1950).
É considerada individualista, pois praticamente não havia proteção ao meio ambiente nas
Orientações Afonsinas e Manuelinas. A pouca proteção visava recursos que envolviam interesse
do reino, a exemplo do pau-brasil, de gêneros alimentícios, necessários à expansão marítima e à
prosperidade do próprio reino.
Em suma, pode-se afirmar que a questão ambiental no período colonial, imperial e
republicano foi deixada à margem.
2.2. FASE FRAGMENTÁRIA
Inicia-se em 1950 e vai até 1980.
É considerada fragmentária, pois a proteção ao meio ambiente é esparsa, preocupada com
a atividade econômica, não estabeleciam uma política ambiental e não reconheciam a natureza
difusa do meio ambiente.
Por exemplo, o Código de Águas considerava particulares as nascentes e as águas situadas
em terrenos particulares (art. 8º), Antigo Código Florestal; Lei de Proteção à Fauna, Código de
Mineração.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 13
2.3. FASE HOLÍSTICA
Inicia-se em 1981 até os dias de hoje. Foi concebida a partir da Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente (Lei 6.938/81).
A proteção do meio ambiente ganha planejamento, há uma proteção do meio ambiente como
um todo, de maneira integrada.
Compreende quatro relevantes marcos:
• Lei 6.938/1981 – que previu conceitos, princípios, responsabilidade civil ambiental e o
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA);
• Lei 7.347/1985 – que disciplinou Ação Civil Pública para defesa do meio ambiente;
• CF/88 – que trouxe um capítulo destinado ao meio ambiente, em seu artigo 225;
• Lei 9.605/1998 – que previu sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente.
Segundo Antônio Herman Benjamin, “somente a partir de 1981, com a promulgação da Lei
nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), ensaiou-se o primeiro passo em direção a
um paradigma jurídico-econômico que holisticamente tratasse e não maltratasse a terra, seus
arvoredos e os processos ecológicos essenciais a ela associados. Um caminhar incerto e talvez
insincero a princípio, empleno regime militar, que ganhou velocidade com a democratização em
1985 e recebeu extraordinária aceitação na Constituição de 1988”.
3. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE INTERNACIONAL
É comum que as provas cobrem o conhecimento sobre as conferências internacionais
realizadas na seara ambiental. Por isso, serão arroladas as principais:
1) Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano (1972);
2) Relatório “Nosso Futuro Comum” (1987);
3) Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92 ou Eco/92 - 1992);
4) Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10 - 2002);
5) Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20 - 2012);
6) Acordo de Paris (2015);
7) Agenda 2030 (2015).
3.1. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO (1972)
O Direito Ambiental tem início com a Conferência de Estocolmo (1972), realizada pela
ONU, com o intuito de discutir sobre o meio ambiente humano. A sua importância foi a realização
da “Declaração de Estocolmo”, que colocou o meio ambiente como direito humano, acarretando
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 14
numa grande influência na CF/88, que o colocou como direito fundamental (direito difuso). Vale
dizer, os socialistas não participaram desta Conferência.
Esta conferência é importante porque inaugurou a presença de questões ambientais na
pauta política mundial. Um marco para o direito ambiental internacional. A Declaração de Estocolmo
é uma declaração de princípios, e prevê o direito a uma vida saudável.
Consequência desta conferência foi a formação de dois grupos:
a) Preservacionistas: buscavam manter o grau máximo de atividade; diziam que se tinha
que colocar um final ao crescimento desordenado.
b) Desenvolvimentistas: querem o crescimento econômico a qualquer custo. Tese adotada
pelos países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil.
OBS.: Houve a formação de um terceiro grupo ― os
conservacionistas, que querem o desenvolvimento econômico,
porém possuem preocupação com o meio ambiente.
Estabeleceu duas premissas básicas:
• O homem possui direito ao desenvolvimento;
• O meio ambiente deve ser preservado.
3.2. RELATÓRIO NOSSO FUTURO COMUM (1987)
Em 1987 houve a criação da Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU),
na qual se editou o relatório “Nosso futuro comum” (ou “Brundtland”). Este relatório sistematizou o
Desenvolvimento Sustentável, que é utilizado até hoje.
O desenvolvimento sustentável consiste em atender às necessidades da geração presente
sem comprometer as gerações futuras.
Em 1983, a ONU montou uma comissão especial para estudar o meio ambiente e o
desenvolvimento. A comissão foi presidida por Gro Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega.
Daí o “apelido” dado ao Relatório Nosso Futuro Comum.
Cuidado com este conceito de desenvolvimento sustentável. O Relatório Brundtland é de
1987, mas em 1988 o constituinte incluiu a preocupação com “presentes e futuras gerações” no
nosso ordenamento jurídico, conforme art. 225 da CF.
Portanto, se na prova a expressão “presentes e futuras gerações” vier vinculada ao âmbito
internacional, deve-se deduzir que se trata do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Porém, se
a expressão “presentes e futuras gerações” aparecer vinculada ao art. 225 da CF, pode-se falar
também em PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL. São semelhantes, mas a
nomenclatura pode causar confusão na hora da prova.
O relatório “Nosso Futuro Comum” precedeu o RIO/92 ou ECO/92 (“Cúpula da Terra”), na
qual foi realizada a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(desenvolvimento sustentável).
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 15
3.3. CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO/92
OU RIO/92)
Foi realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (Eco 92 ou Rio 92). Desta conferência,
resultaram:
a) Agenda 21;
b) Declaração do Rio;
c) Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima;
d) Protocolo de Kyoto;
e) Convenção sobre Diversidade Biológica.
f) Declaração de Florestas (princípios aplicáveis às florestas);
3.3.1. Agenda 21
É um programa de ação com diretrizes para implementação do desenvolvimento
sustentável. É uma tentativa de promover, em escala planetária, um novo padrão de
desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
É um documento PROGRAMÁTICO.
3.3.2. Declaração do Rio
É uma declaração de princípios do direito ambiental.
3.3.3. Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima
É um acordo multilateral voluntário, adotado em 09 de maio de 1992, em Nova York, um
mês antes da Conferência do Rio, mas que pode ser vinculado (por conta da abertura das
assinaturas, ocorrida no Rio). Trata-se de uma convenção nascida da necessidade de reduzir as
atividades poluentes.
3.3.4. Protocolo de Kyoto
Assinado na COP-3 (Conferência das Partes). É um protocolo adicional vinculado à
Convenção-quadro sobre Mudanças do Clima, e tem por objetivo a redução da emissão de gases
antropogênicos, que geram o efeito estufa (GEE – Gases de efeito estufa).
Meta: reduzir, em média, 5% das emissões do ano de 1990.
O Brasil não assumiu compromissos específicos quanto à redução de percentuais de
emissão de gases. Isso porque, quando assinado o Protocolo de Kyoto, o Brasil era considerado
um “país em desenvolvimento”. Porém, em 2009 foi sancionada a Lei 12.187/2009 (Política
Nacional de Mudanças Climáticas), em que há previsão de redução de emissões. Assim, apesar
de não estar vinculado à redução de emissões por instrumentos internacionais, o Brasil obrigou-se
voluntariamente a redução de emissões de GEE, conforme art. 12 da Lei 12.187/2009.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 16
Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como
compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases
de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um
décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove décimos por cento)
suas emissões projetadas até 2020.
Parágrafo único. A projeção das emissões para 2020 assim como o
detalhamento das ações para alcançar o objetivo expresso no caput serão
dispostos por decreto, tendo por base o segundo Inventário Brasileiro de
Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não
Controlados pelo Protocolo de Montreal, a ser concluído em 2010.
3.3.5. Convenção sobre Diversidade Biológica
É o principal documento mundial sobre biodiversidade. Os objetivos desta convenção são:
a) Conservação da diversidade biológica;
b) Uso sustentável dos recursos biológicos e seus componentes;
c) Distribuição justa e equitativa dos benefícios do uso dos recursos genéticos, com a
transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos
sobre tais recursos e tecnologias, mediante financiamento adequado.
Por meio do Decreto 4.339/2002, o Brasil instituiu a Política Nacional de Biodiversidade.
3.3.6. Declaração de Florestas
Esta tem pouca importância para provas, sendo sequer mencionada em alguns livros de
doutrina. Basta saber que foi firmada no Rio-92.
OBS: Tanto a Agenda 21 quanto a Declaração do Rio consistem no
que se chama de soft law, ou seja, direito flexível, não vinculante.
3.4. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+10 – 2002)
Aconteceu em Joanesburgo em 2002, na África do Sul. Dela resultaram dois documentos
oficiais:
• Declaração política;
• Plano de Implementação, que tem como objetivos:
- O combate à pobreza, que guarda estreita relação com os problemas ambientais;
- A mudança dos padrões de produção e consumo (já são utilizados recursos em quantia
30% superior à capacidade planetária).
3.5. CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+20 – 2012)
A declaração final da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre DesenvolvimentoSustentável), submetida dia 22 de junho de 2012 à ratificação de chefes de Estado e de governo
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 17
das Nações Unidas, é um texto de 53 páginas, com boas intenções e o lançamento dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável.
O texto reafirma os princípios processados durante conferências e cúpulas anteriores e
insiste na necessidade "de acelerar os esforços" para empregar os compromissos anteriores,
homenageando as comunidades locais, que "fizeram esforços e progressos". Vejamos os pontos
principais:
• "Políticas de economia verde" (3 páginas e meia do texto): "Uma das ferramentas
importantes" para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não devem
"impor regras rígidas", mas "respeitar a soberania nacional de cada país", sem
constituir "um meio de discriminação", nem "uma restrição disfarçada ao comércio
internacional". Eles devem, também, "contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento". "Cada país pode escolher uma
abordagem apropriada".
• Governança mundial do desenvolvimento sustentável: o texto decide "reforçar o quadro
institucional". A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é
substituída por um "fórum intergovernamental de alto nível". O PNUMA (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento) terá seu papel reforçado e valorizado como
"autoridade global e na liderança da questão ambiental", com os recursos "assegurados"
(os depósitos atualmente são voluntários) e uma representação de todos os membros
das Nações Unidas (apenas 58 participam atualmente).
• “Quadro de ação": em 25 páginas, correspondentes à metade do documento, o texto
propõe setores onde haja "novas oportunidades" e onde a ação seja "urgente",
notavelmente devido ao fato de as conferências anteriores terem registrado resultados
insuficientes. Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da pobreza,
segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, mudanças climáticas,
consumo e produção sustentáveis.
• “Objetivos de desenvolvimento sustentável”: nos moldes dos Objetivos do Milênio para
o desenvolvimento, a cúpula insiste na importância de se estabelecer os ODS (objetivos
do desenvolvimento sustentável) "em número limitado, conciso e voltado à ação",
aplicáveis a todos os países, mas levando em conta as "circunstâncias nacionais
particulares".
• Os meios de realização do desenvolvimento sustentável: "é extremamente importante
reforçar o apoio financeiro de todas as origens, em particular para os países em
desenvolvimento". "Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem
desempenhar um papel". A declaração insiste na "conjugação de assistência ao
desenvolvimento com o investimento privado". O texto insiste, também, na necessidade
de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento e sobre o "reforço de
capacidades" (formação, cooperação, etc.).
3.6. ACORDO DE PARIS
Discutido entre 195 países durante a COP21, em Paris, possuindo como único objetivo a
redução do aquecimento global.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 18
Para a entrada em vigor do acordo, que irá substituir a partir de 2020, o atual Protocolo de
Kyoto, 55 países que representam 55% das emissões de gases de efeito estufa precisavam ratificá-
lo. Isso aconteceu em 4 de novembro de 2016. Até junho de 2017, 195 países assinaram o acordo,
e 147 destes, entre eles o Brasil, o ratificaram.
O Acordo de Paris tem como principal objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa
para limitar o aumento médio de temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis pré-
industriais. Mas há várias metas e orientações que também são elencadas no acordo, tais como:
• esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC;
• recomendações quanto à adaptação dos países signatários às mudanças climáticas, em
especial para os países menos desenvolvidos, de modo a reduzir a vulnerabilidade a
eventos climáticos extremos;
• estimular o suporte financeiro e tecnológico por parte dos países desenvolvidos para
ampliar as ações que levam ao cumprimento das metas para 2020 dos países menos
desenvolvidos;
• promover o desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia e capacitação
para adaptação às mudanças climáticas;
• proporcionar a cooperação entre a sociedade civil, o setor privado, instituições
financeiras, cidades, comunidades e povos indígenas para ampliar e fortalecer ações de
mitigação do aquecimento global.
3.7. AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Em setembro de 2015, os 193 países membros das Nações Unidas adotaram uma nova
política global: a Agenda 20301 para o Desenvolvimento Sustentável, que tem como objetivo elevar
o desenvolvimento do mundo e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. O lema é não
deixar ninguém para trás.
Para tanto, foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com
169 metas – a serem alcançadas por meio de uma ação conjunta que agrega diferentes níveis de
governo, organizações, empresas e a sociedade como um todo nos âmbitos internacional e nacional
e também local.
Dentre os ODs listados, destacamos aqueles diretamente relacionados à proteção do meio
ambiente, a saber:
ODS 6: garantir acesso à água e ao saneamento para todos (ODS 6);
ODS 7: possibilitar acesso à energia limpa (ODS 7);
ODS 11: assegurar que as cidades e os assentamentos humanos sejam seguros, inclusivos,
sustentáveis;
ODS 12: oportunizar modalidades de consumo e produção sustentáveis;
1 https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/agenda-2030/o-que-e-a-agenda-2030/
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 19
ODS 13: adotar medidas para combater as mudanças climáticas e seus efeitos;
ODS 14: conservar e usar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos
marinhos;
ODS 15: proteger a vida sobre a terra.
4. OBJETO DO DIREITO AMBIENTAL
O objetivo do Direito Ambiental é a proteção ao meio ambiente, garantindo sadia qualidade
de vida para as presentes e futuras gerações, nos termos do art. 225 da CF.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
Culturalmente, o direito é voltado ao homem. Com isso, afirma-se que o Direito Ambiental é
ANTROPOCÊNTRICO, ou seja, o homem é a razão da tutela do meio ambiente, é um instrumento
de garantia para uma vida com qualidade para o homem. De acordo com esta visão, o meio
ambiente, em si, não é titular de direito, eis que a tutela é voltada para a satisfação das
necessidades humanas.
Há, ainda, as seguintes visões:
BIOCÊNTRICA: possui como objeto de tutela todas as espécies com vida: fauna, flora e o
homem. Há, no art. 225, §1º, VII, da CF referência, vejamos:
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
“ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. NÃO
CONFIGURADA A VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE
OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. MULTA JUDICIAL POR
EMBARGOS PROTELATÓRIOS. INAPLICÁVEL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
98 DO STJ. MULTA ADMINISTRATIVA. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA
FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. INVASÃO DO MÉRITO
ADMINISTRATIVO. GUARDA PROVISÓRIA DE ANIMAL SILVESTRE.
VIOLAÇÃO DA DIMENSÃO ECOLÓGICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
HUMANA. 1. Na origem, trata-se de ação ordinária ajuizada pela recorrente
no intuito de anular os autos de infração emitidos pelo Ibama e restabelecer
a guarda do animal silvestre apreendido. 2. Não há falar em omissão no
julgado apta a revelar a infringência aoart. 1.022 do CPC. O Tribunal a quo
fundamentou o seu posicionamento no tocante à suposta prova de bons tratos
e o suposto risco de vida do animal silvestre. O fato de a solução da lide ser
contrária à defendida pela parte insurgente não configura omissão ou
qualquer outra causa passível de exame mediante a oposição de embargos
de declaração. 3. Nos termos da Súmula 98/STJ: "Embargos de declaração
manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter
protelatório". O texto sumular alberga a pretensão recursal, posto que não
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 20
são protelatórios os embargos opostos com intuito de prequestionamento,
logo, incabível a multa imposta. 4. Para modificar as conclusões da Corte de
origem quanto aos laudos veterinários e demais elementos de convicção que
levaram o Tribunal a quo a reconhecer a situação de maus-tratos, seria
imprescindível o reexame da matéria fático-probatória da causa, o que é
defeso em recurso especial ante o que preceitua a Súmula 7/STJ: "A
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial."
Precedentes. 5. No que atine ao mérito de fato, em relação à guarda do
animal silvestre, em que pese à atuação do Ibama na adoção de providências
tendentes a proteger a fauna brasileira, o princípio da razoabilidade deve
estar sempre presente nas decisões judiciais, já que cada caso examinado
demanda uma solução própria. Nessas condições, a reintegração da ave ao
seu habitat natural, conquanto possível, pode ocasionar-lhe mais prejuízos
do que benefícios, tendo em vista que o papagaio em comento, que já possui
hábitos de ave de estimação, convive há cerca de 23 anos com a autora.
Ademais, a constante indefinição da destinação final do animal viola
nitidamente a dignidade da pessoa humana da recorrente, pois, apesar de
permitir um convívio provisório, impõe o fim do vínculo afetivo e a certeza de
uma separação que não se sabe quando poderá ocorrer. 6. Recurso especial
parcialmente provido.” (STJ, REsp 1.797.175/SP, Relator Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgamento 21.03.2019, Dje 13.05.2019)
Há em alguns Estados, a exemplo do RS, leis estaduais reconhecendo o direito do animal a
pleitear indenização por maus tratos junto com o seu tutor.
ECOCÊNTRICA: são objetos de proteção tanto os elementos abióticos (sem vida) quanto
os elementos bióticos (com vida). O objeto de proteção seria o planeta Terra como um todo.
5. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE
A CF/88 estabeleceu um capítulo ao meio ambiente (art. 225), recebendo influência da
Declaração do Meio Ambiente de Estocolmo e da Lei 6.938/81.
O legislador constitucional concentrou os princípios fundamentais em seu art. 225,
conferindo autonomia ao Direito Ambiental.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 21
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao
consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes
tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de
garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação
às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do caput
do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do
art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de
2022)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
5.1. CONCEITO (LEGAL) DE MEIO AMBIENTE
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem química,
física e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, I Lei 6.938/81).
Lei 6938/81 - Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas;
É um conceito abrangente, que aborda elementos BIÓTICOS (é tudo aquilo que tem vida –
ex.: flora e fauna) e ABIÓTICOS (é aquilo que não tem vida – ex.: água, solo e atmosfera).
OBS.: A expressão “biota” significa conjunto de seres vivos que vivem
em determinada região.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 22
Parte da doutrina faz uma crítica a este conceito legal por ser muito amplo, visto que inclui
o homem, os recursos hídricos, os recursos naturais etc. Segundo o professor, a definição deveria
abranger todas as espécies de meio ambiente.
5.2. CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (JOSÉ AFONSO DA SILVA)
É uma classificação meramente acadêmica, a fim de facilitar a compreensão da matéria.
Destaca-se que há uma fungibilidade entre as classificações, tendo em vista que um imóvel,
criado recentemente, que faça parte do meio ambiente artificial, poderá, em 500 anos, passar a
fazer parte do meio ambiente cultural (patrimônio material).
5.2.1. Meio ambiente natural (art. 225, §1º CF/88 c/c art. 3º, V Lei 6.938/81)
Divide-se em:
• Elemento BIÓTICO = é tudo aquilo que tem vida – ex.: flora e fauna
• Elemento ABIÓTICO = é aquilo que não tem vida – ex.: água, solo e atmosfera.
Art. 3º L.6938/81 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários (é a parte de um rio quese encontra em contato
com o mar), o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,
a fauna e a flora.
Art. 225, §1º CF/88: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
MEIO AMBIENTE
Natural
Biótico Abiótico
Artificial (ambiente
urbano)
Espaços
Fechados
Espaços
Abertos
Cultural
Patrimônio
Material
Patrimônio
Imaterial
Do Trabalho
Urbano Rural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 23
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao
consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes
tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de
garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação
às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do caput
do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do
art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de
2022)
Há, inclusive, uma diferenciação feita por Édis Milaré entre os Recursos Naturais e Recursos
Ambientais.
Vejamos:
5.2.2. Meio ambiente artificial (ou construído)
É o ambiente urbano, no qual há a intervenção ANTRÓPICA, ou seja, intervenção humana.
Divide-se em:
Espaços abertos = praças, ruas etc.
Espaços fechados = escolas, museus, teatros etc.
Previsão nos arts. 182/183 CF/88.
Art. 182 CF/88 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para
cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 24
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa
indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
valor real da indenização e os juros legais.
Art. 183 CF/88 - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem
ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Nesse contexto, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) figura como um dos diplomas mais
importantes.
5.2.3. Meio ambiente cultural (art. 216 CF/88)
É o patrimônio cultural, artístico etc.
Art. 216 CF/88 - Constituem patrimônio CULTURAL brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem (rol aberto):
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de
acautelamento e preservação.
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua consulta
a quantos dela necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de
bens e valores culturais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da
lei.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 25
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
reminiscências históricas dos antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual
de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária
líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados.
Divide-se em:
Patrimônio material - é o tombamento de imóveis, de cidades (ex.: Tiradentes, Olinda). O
órgão responsável pelo tombamento é o IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico Histórico Nacional
– autarquia federal). Regulado pelo Decreto 25/1937.
Patrimônio imaterial - inclui o registro, inventário, vigilância, desapropriação (são formas
de proteção cultural, previstas no § 1º do art. 216 CF/88).
● Registro = instrumento de proteção do patrimônio imaterial, no qual incluem as danças,
comidas, folclore nacional, samba (são todos registrados e NÃO tombados).
● Inventário = não está regulamentado. Visa relacionar os bens que guarnecem o local.
● Vigilância = é o poder de polícia, fiscalizando se o sujeito está cumprindo com suas
obrigações.
● Desapropriação = é uma intervenção no patrimônio particular mais agressiva, é supressiva
pois que resulta na saída do domínio particular para o público, utilizada com o intuito de proteger o
patrimônio.
5.2.4. Meio ambiente do trabalho (art. 200,VIII c/c art. 7º, XXII e XXIII CF/88)
Art. 200 CF/88 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei:
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
Art. 7º CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei.
O meio ambiente do trabalho busca uma preocupação com o obreiro/trabalhador (não é
preocupação tão somente com o que sai da empresa, mas também com o que ocorre lá dentro.
Ex.: Os ruídos dentro de uma fábrica.
Como o tema foi cobrado em concurso?
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 26
TJ/BA (2019) De acordo com a jurisprudência do STF, o conceito de meio
ambiente inclui as noções de meio ambiente cultural, artificial, natural e do
trabalho. Correta!
5.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO ART. 225 DA CF
O art. 225 da CF/88 possui outra classificação, segundo José Afonso da Silva:
1) Norma MATRIZ (art. 225, caput CF/88) = “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado...”
CF Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
2) Norma de EFETIVAÇÃO = para efetivar o meio ambiente ecologicamente equilibrado é
preciso norma de garantia (art. 225, §1º CF/88).
Art. 225, §1º CF/88: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
3) Normas ESPECÍFICAS (art. 225 §§2º ao 6º CF/88).
Art. 225 CF
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 27
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional,
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
5.4. ANÁLISE DO ART. 225 CF/88
5.4.1. Art. 225, caput
Traz o conceito constitucional de meio ambiente. Iremos analisar detalhadamente.
CF Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
“TODOS” = refere-se aos brasileiros e aos estrangeiros no Brasil. Parte da doutrina também
inclui neste rol:
• Os estrangeiros “em trânsito” no Brasil (que estão a passeio), fazendo uma interpretação
extensiva;
• Os seres vivos e não somente os seres humanos (é uma corrente minoritária que vem
ganhando força), sob o fundamento de que os animais são tutelados na CF/88.
“TÊM DIREITO” = ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Criou-se um direito
subjetivo oponível erga omnes (direito para todos, que pode ser exercido em face do Estado, mas
também do particular que esteja degradando o meio ambiente).
“MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO” = é o meio ambiente com saúde,
com salubridade, sem poluição. Na visão antropocêntrica seria a proteção do meio ambiente não
só para si próprio, mas também para a sadia qualidade de vida humana.
“BEM DO USO COMUM DO POVO” = a disciplina do direito civil e administrativo não se
adapta às condições do meio ambiente, por duas razões:
1. A responsabilidade por danos praticados ao meio ambiente não é exclusiva do Estado,
mas se atribui a qualquer um que praticar atos lesivos;
2. Não se permite a desafetação.
Desta forma, o bem de uso comum significa que é um bem jurídico autônomo, de interesse
público, o qual pode ser visto como: MICROBEM e MACROBEM. O microbem é a parte corpórea
do meio ambiente (fauna, flora, solo, recursos hídricos). Já o macrobem é a “alma” do meio
ambiente, ou seja, é a parte incorpórea, inapropriável, indisponível, indivisível e imaterial.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 28
Quando se tutela especificamente, a proteção recai sobre o microbem. Contudo, também se
pode tutelar o macrobem. Exemplo: Vazamento de óleo na Baía de Guanabara — afeta o meio
ambiente num todo, e por isso o MP ajuizará ação civil pública.
Um exemplo de cumprimento da função socioambiental da propriedade é o do art. 4º, I, da
Lei 12.651/2012, que dispõe acerca da manutenção de área de preservação permanente (APP) ao
longo das margens do rio. Vejamos:
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura
mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a
200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros;
Outro exemplo é do artigo 12 da Lei 12.651/2012, que prevê acerca a manutenção de 20%
da vegetação nativa a título de Reserva Legal na propriedade rural:
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstosno art.
68 desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/PA (2019) Rafael é proprietário de um imóvel rural com vegetação de
floresta no estado do Pará. Esse imóvel deixou de ter área de reserva legal
porque o proprietário anterior a suprimiu. Nessa situação, Rafael deve
reflorestar 80% de sua propriedade. Correta!
“IMPONDO-SE AO PODER PÚBLICO” = o Poder Público é um GESTOR do meio ambiente,
cabendo a ele a sua incolumidade, ou seja, obrigação de não poluir, não degradar, não permitir que
coloquem em risco o meio ambiente.
“E À COLETIVIDADE O DEVER DE DEFENDÊ-LO E PRESERVÁ-LO PARA AS
PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES” = tem-se que buscar um meio ambiente ecologicamente
equilibrado para gerações futuras que ainda não nasceram (estão por vir).
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 29
Obs.: PRESERVAR ≠ CONSERVAR = Possuem sentidos diferentes, não são sinônimos. As
leis até o ano de 2000 não faziam a diferenciação. Porém, a partir da Lei 9.985/00 passou a
diferenciá-las.
Preservar = manter o meio ambiente intocável só com o uso indireto, como pesquisas por
exemplo.
Conservar = deve-se contabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas e a
proteção ao meio ambiente.
- Áreas de preservação: reservas biológicas, por exemplo;
- Áreas de conservação: APA de Petrópolis, por exemplo.
5.4.2. Art. 225, § 2º CF/88
Por este dispositivo, reconheceu-se que a exploração de recursos minerais degrada o meio
ambiente e, por isso, quem a pratica deverá recuperar a parte que fora degradada, nos termos da
lei.
Art. 225, §2º CF/88: Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
5.4.3. Art. 225, § 1º CF/88
Traz obrigações para o Estado, no que tange ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
(Poder Público é poder executivo, legislativo e judiciário).
Como consequências jurídicas da natureza e do meio ambiente ecologicamente equilibrado
tem-se:
• Construção do brocardo “In Dubio Pro Natura” – na dúvida se interpreta em favor da
proteção ambiental;
• Não há “direito de poluir”;
• Inexiste direito adquirido em detrimento da proteção ambiental.
Nesse sentido:
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA 282
DO STF. FUNÇÃO SOCIAL E FUNÇÃO ECOLÓGICA DA PROPRIEDADE E
DA POSSE. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RESERVA
LEGAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELO DANO AMBIENTAL.
OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DIREITO ADQUIRIDO DE POLUIR. 1. A falta
de prequestionamento da matéria submetida a exame do STJ, por meio de
Recurso Especial, impede seu conhecimento. Incidência, por analogia, da
Súmula 282/STF. 2. Inexiste direito adquirido a poluir ou degradar o meio
ambiente. O tempo é incapaz de curar ilegalidades ambientais de natureza
permanente, pois parte dos sujeitos tutelados – as gerações futuras – carece
de voz e de representantes que falem ou se omitam em seu nome. 3.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 30
Décadas de uso ilícito da propriedade rural não dão salvo-conduto ao
proprietário ou posseiro para a continuidade de atos proibidos ou tornam
legais práticas vedadas pelo legislador, sobretudo no âmbito de direitos
indisponíveis, que a todos aproveita, inclusive às gerações futuras, como é o
caso da proteção do meio ambiente. 4. As APPs e a Reserva Legal justificam-
se onde há vegetação nativa remanescente, mas com maior razão onde, em
consequência de desmatamento ilegal, a flora local já não existe, embora
devesse existir. 5. Os deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm
natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou
posse. Precedentes do STJ. 6. Descabe falar em culpa ou nexo causal, como
fatores determinantes do dever de recuperar a vegetação nativa e averbar a
Reserva Legal por parte do proprietário ou possuidor, antigo ou novo, mesmo
se o imóvel já estava desmatado quando de sua aquisição. Sendo a hipótese
de obrigação propter rem, desarrazoado perquirir quem causou o dano
ambiental in casu, se o atual proprietário ou os anteriores, ou a culpabilidade
de quem o fez ou deixou de fazer. Precedentes do STJ. 7. Recurso Especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (STJ - REsp: 948921
SP 2005/0008476-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de
Julgamento: 23/10/2007, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: -->
DJe 11/11/2009)
a) Inciso I: “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas” = processos ecológicos essenciais são aqueles que
garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade e higidez do meio
ambiente.
Prover o manejo (intervenção humana) ecológico das espécies é lidar com elas de maneira
a conservá-las e se possível recuperá-las. Ex.: animais em extinção.
Manejo ecológico dos ecossistemas = é cuidar do equilíbrio das relações entre a
comunidade biótica e seu habitat. Ou seja, é realizar a gestão adequada dos ecossistemas
mantendo-os integralmente protegidos.
b) Inciso II: “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético”.
Patrimônio genético: consiste num conjunto de seres que habitam o planeta, incluindo os
seres humanos, animais, vegetais e os micro-organismos.
RESTAURAÇÃO
É a restituição de um
ecossistema ou de uma
população silvestre degradada o
mais proximo possível da sua
condição original. (art. 2º, inc.
XIV, da Lei nº 9.985/2000)
PRESERVAÇÃO
É o conjunto de métodos, procedimentos
e políticas que visem a proteção ao longo
prazo das espécies, habitats e
ecossistemas, além da manutenção dos
processos ecológicos, prevenindo a
simplificação dos sistemas naturais. (art.
2º, inc. V, da Lei nº 9.985/2000).
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 31
Biodiversidade: é a variedade de seres que habitam o planeta Terra.
Fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético: é parte
da biotecnologia, regulamentado pela Lei 11.105/05.
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/AC (2019) incumbe ao Poder Público preservar a diversidade e a
integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. Correta!
c) Inciso III: “definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção”.
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE/MG (2022) A Constituição da República dispõe que todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. Em seguida, o texto constitucional indica que, para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público definir, em todas as
unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente por meio de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. Correta!
Os espaços territoriais especialmente protegidos podem ser CRIADOS por DECRETO ou
LEI,no entanto, a sua alteração (seja para desafetá-los ou reduzi-los) somente pode ser por lei
específica.
1) Unidades de conservação (UC - Lei 9.985/00)
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UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO (UC - Lei
9.985/00)
RESERVA LEGAL (RL - arts.
3º, III e 12 CFLO)
ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE (APP - arts.
3º, II, 4º a 6º do CFLO)
SERVIDÃO AMBIENTAL
(arts. 9-A da Lei 6.938/81)
TOMBAMENTO
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 32
Lei que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, a
qual estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação.
Unidade de conservação consiste no espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob o regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (art. 2º, I, L.9985/00).
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao
qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
2) Reserva legal (RL - art. 3º, III e 12 do Código Florestal)
CFLO Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
III - RESERVA LEGAL: área localizada no interior de uma PROPRIEDADE
ou POSSE RURAL, delimitada nos termos do art. 12, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do
imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos
e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art.
68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive
para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada,
para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento.
§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de formações
florestais, de cerrado ou de campos gerais na Amazônia Legal será definido
considerando separadamente os índices contidos nas alíneas a, b e c do
inciso I do caput.
§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou
outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada pelo órgão
ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no
mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a
Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins de
recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento)
da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio
público e por terras indígenas homologadas.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 33
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o
Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para
até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-
Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu
território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio
público, devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas.
§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento
de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.
§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para
exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem
empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam
instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica.
§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de
rodovias e ferrovias.
Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal
previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração
para os percentuais exigidos nesta Lei.
§ 1o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas
situações consolidadas por documentos tais como a descrição de fatos
históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados
agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à
produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
§ 2o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia Legal,
e seus herdeiros necessários que possuam índice de Reserva Legal maior
que 50% (cinquenta por cento) de cobertura florestal e não realizaram a
supressão da vegetação nos percentuais previstos pela legislação em vigor
à época poderão utilizar a área excedente de Reserva Legal também para
fins de constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA
e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.
➔ QUESTÃO: no que consiste a cota de reserva ambiental – CRA?
CRA é a sigla para Cota de Reserva Ambiental. A compensação da Reserva Legal é um
mecanismo previsto no Código Florestal segundo o qual o proprietário ou possuidor que não estiver
cumprindo os percentuais de Reserva Legal em sua propriedade poderá regularizar a situação
adquirindo (comprando) CRAs.
Quem tem uma propriedade que cumpre os percentuais de Reserva Legal e possui
vegetação excedente (“a mais” do que exige a lei) pode emitir CRA e quem tem déficit de Reserva
Legal pode compensá-lo comprando CRA.
O novo Código Florestal adotou o critério do bioma para fins de compensação da Reserva
Legal. Assim, o § 2º do art. 48 previu que a CRA pode ser utilizada para compensar Reserva Legal
de imóvel situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Em outras palavras, o
proprietário que quiser adquirir CRA deverá comprar de imóveis rurais situados no “mesmo bioma”.
O STF entendeu que a aquisição de uma área no mesmo bioma é insuficiente como
mecanismo de compensação. Isso porque pode acontecer de, dentro de um mesmo bioma, existir
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 34
uma alta heterogeneidade de formações vegetais. Assim, pela redação legal, o proprietário poderia,
dentro de um mesmo bioma, “compensar” áreas com formações vegetais completamente
diferentes, já que, como dito, existe essa grande heterogeneidade.
Desse modo, o STF acolheu os argumentos técnicos no sentido de que as compensações
devem ser realizadas somente em áreas ecologicamente equivalentes, considerando-se não
apenas o mesmo bioma, mas também as diferenças de composição de espécies e estrutura dos
ecossistemas que ocorrem dentro de cada bioma.
RESUMINDO: STF entende que sedeve dar interpretação conforme a Constituição ao art.
48, § 2º, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica, não bastando
que a área seja do mesmo bioma.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/GO (2022) As áreas a serem compensadas devem estar localizadas no
mesmo bioma e possuir identidade ecológica, no mesmo Estado ou não.
Correta!
TJ/AL (2019) Suponha que determinado proprietário rural deseje instituir
servidão ambiental na área de sua propriedade, incidente sobre a parcela
correspondente à reserva legal mínima imposta nos termos do Código
Florestal (Lei n° 12.651/2012). Tal pretensão não encontra amparo legal, eis
que a servidão ambiental constitui uma limitação voluntária instituída pelo
proprietário da área que não substitui ou reduz as limitações impostas pela
reserva legal mínima. Correta!
3) Área de preservação permanente (APP – arts. 3º, II e 4º do Código Florestal)
CFLO Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
II - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP: área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura
mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a
200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura
mínima de:
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 35
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até
20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta)
metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na
licença ambiental do empreendimento;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer
que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta)
metros;
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente
a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo,
em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de
100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a
partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima
da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano
horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos
relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer
que seja a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima
de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e
encharcado.
§ 1o Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de
reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais.
§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior
a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos
incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa,
salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do
Meio Ambiente - Sisnama.
§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que
trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e
sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no
período de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de
novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do
solo e seja protegida a fauna silvestre.
§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas
áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da
aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:
I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de
recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com
norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;
II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão
de recursos hídricos;
III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;
IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.
V - não implique novas supressões de vegetação nativa.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 36
Art. 5o Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração
de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição,
desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor
das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno, conforme
estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de
30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa
mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área
urbana.
§ 1o Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput,
o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano
Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em
conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder
a 10% (dez por cento) do total da Área de Preservação Permanente.
§ 2o O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório
Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei,
deverá ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano
Básico Ambiental e aprovado até o início da operação do empreendimento,
não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de
instalação.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPF (2022) O plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo
curto nas várzeas – faixa de terra cultivável junto às margens e que fica
exposta no período de menor volume de água dos rios ou lagos – é admitido
nos assentamentos e projetos de reforma agrária, nas terras indígenas desde
que já demarcadas e nas demais áreas com titulação definitiva de povos e
comunidades tradicionais que façam uso coletivo do seu território, contanto
que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, não sejam
utilizados produtos agrotóxicos, seja conservada a qualidade da água e do
solo e seja protegida a fauna silvestre. Errada!
4) Servidão ambiental (art. 9-A L. 6938/81)
Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica,
pode, por instrumento público ou particular ou por termoadministrativo
firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os
recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir,
no mínimo, os seguintes itens:
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos
um ponto de amarração georreferenciado;
II - objeto da servidão ambiental;
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor;
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental.
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação
Permanente e à Reserva Legal mínima exigida.
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão
ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva
Legal.
§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de
imóveis competente:
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 37
I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental;
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental.
§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental
deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.
§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração
da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título,
de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.
§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de SERVIDÃO
FLORESTAL, nos termos do art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como de SERVIDÃO
AMBIENTAL.
5) Tombamento e inventário.
Com a intenção de proteger bens que possuam valor histórico, artístico, cultural,
arquitetônico, ambiental e que, de certa forma, tenham um valor afetivo para a população, é que se
tem o instituto do tombamento, caracterizado pela intervenção do Estado na propriedade, e
regulamentado por normas de Direito Público.
O vocábulo tombamento é de origem portuguesa, e é utilizado no sentido de registrar algo
que é de valor para uma comunidade, protegendo-o através de legislação específica. Dentre os
precedentes normativos dispostos na legislação brasileira acerca do tombamento e da proteção ao
patrimônio histórico, artístico e cultural, destaca-se o Decreto – Lei 25/37, que ordena a proteção
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e a Lei 3.924/61, que dispõe sobre os Monumentos
Arqueológicos e Pré–Históricos.
O tombamento pode ter por objeto bens móveis e imóveis que tenham interesse cultural ou
ambiental para a preservação da memória e outros referenciais coletivos em diversas escalas,
desde uma que se refira a um Município até uma em âmbito mundial. Estes bens podem ser:
fotografias, livros, acervos, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, bairros,
cidades, regiões, florestas, cascatas.
Na esfera federal, o tombamento é realizado pela União, através do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
O bem objeto de tombamento não terá sua propriedade alterada, nem precisará ser
desapropriado, pelo contrário, porém, deverá manter as mesmas características que possuía na
data do tombamento. Seu objetivo é a proibição da destruição e da descaracterização desse bem,
não havendo dessa forma, qualquer impedimento para a venda, aluguel ou herança de um bem
tombado, desde que continue sendo preservado.
Unidade de
Conservação
(UC)
Reserva Legal
(RL)
Área de
Preservação
Permanente
(APP)
Servidão
Ambiental (SA)
Tombamento,
inventário etc.
Consiste no
espaço territorial
e seus recursos
ambientais,
incluindo as
águas
Área localizada
no interior de
uma
PROPRIEDADE
ou POSSE
RURAL,
Área protegida,
coberta ou não
por vegetação
nativa, com a
função ambiental
de preservar os
O proprietário ou
possuidor de
imóvel, pessoa
natural ou
jurídica, pode,
por instrumento
Com a intenção
de proteger bens
que possuam
valor histórico,
artístico, cultural,
arquitetônico,
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 38
jurisdicionais,
com
características
naturais
relevantes,
legalmente
instituído pelo
Poder Público,
com objetivos de
conservação e
limites definidos,
sob regime
especial de
administração,
ao qual se
aplicam
garantias
adequadas de
proteção.
delimitada nos
termos do art.
12, com a função
de assegurar o
uso econômico
de modo
sustentável dos
recursos naturais
do imóvel rural,
auxiliar a
conservação e a
reabilitação dos
processos
ecológicos e
promover a
conservação da
biodiversidade,
bem como o
abrigo e a
proteção de
fauna silvestre e
da flora nativa.
recursos
hídricos, a
paisagem, a
estabilidade
geológica e a
biodiversidade,
facilitar o fluxo
gênico de fauna
e flora, proteger
o solo e
assegurar o
bem-estar das
populações
humanas. A
estipulação dos
limites das APP
está na lei (art.
4º), sem prejuízo
do poder
executivo criar
outras (art. 6º).
público ou
particular ou por
termo
administrativo
firmado perante
órgão integrante
do Sisnama,
limitar o uso de
toda a sua
propriedade ou
de parte dela
para preservar,
conservar ou
recuperar os
recursos
ambientais
existentes,
instituindo
servidão
ambiental.
ambiental e que,
de certa forma,
tenham um valor
afetivo para a
população, é que
se tem o instituto
do tombamento,
caracterizado
pela intervenção
do Estado na
propriedade, e
regulamentado
por normas de
Direito Público.
d) Inciso IV: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade” = o propósito de se realizar o estudo prévio de impacto ambiental
(EPIA/RIMA) é em razão da significativa degradação ambiental. E a publicidade visa exclusivamente
o sigilo industrial.
e) Inciso V: “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” = já visto.
f) Inciso VI: “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente” = já visto.
g) Inciso VII: “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade” = as práticas que colocam em risco a função ecológica ou que possam exterminar as
espécies são:
- A caça profissional;
- Pesca clandestina;
- Introdução de espécies exóticas ou alienígenas (é a 2ª espécie de extinção da
biodiversidade, pois a 1ª é o desmatamento).
As leis estaduais do RN e RJ que autorizaram a “briga de galo” foram consideradas
inconstitucionais (ADI 3776/RN).
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 39
Com base neste inciso, o STF considerou inconstitucional a prática de vaquejada.
PROCESSO OBJETIVO – AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
– ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO. Consoante dispõe a
norma imperativa do § 3º do artigo 103 do Diploma Maior, incumbe ao
Advogado-Geral da União a defesa do ato ou texto impugnado na ação direta
de inconstitucionalidade, não lhe cabendo emissão de simples parecer, a
ponto de vir a concluir pela pecha de inconstitucionalidade. VAQUEJADA –
MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANIMAIS – CRUELDADE MANIFESTA –
PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALIDADE.
A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos
culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações,não
prescinde da observância do disposto no inciso VII do artigo 225 da Carta
Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade.
Discrepa da norma constitucional a denominada vaquejada. (ADI 4983,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-087 DIVULG 26-04-2017 PUBLIC 27-04-
2017)
Pouco mais de um mês, após esta decisão do STF (ADI 4983/CE), o Congresso Nacional
editou a Lei 13.364/2016, que foi alterada pela Lei 13.873/2019 a fim de reforçar a ideia de que as
atividades de rodeio, vaquejada e laço são bens de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro.
Art. 1º Esta Lei reconhece o rodeio, a vaquejada e o laço, bem como as
respectivas expressões artísticas e esportivas, como manifestações culturais
nacionais, elevam essas atividades à condição de bens de natureza imaterial
integrantes do patrimônio cultural brasileiro e dispõe sobre as modalidades
esportivas equestres tradicionais e sobre a proteção ao bem-estar animal.
Art. 2º O rodeio, a vaquejada e o laço, bem como as respectivas expressões
artísticas e esportivas, são reconhecidos como manifestações culturais
nacionais e elevados à condição de bens de natureza imaterial integrantes do
patrimônio cultural brasileiro, enquanto atividades intrinsecamente ligadas à
vida, à identidade, à ação e à memória de grupos formadores da sociedade
brasileira.
O Congresso Nacional poderia editar esta Lei, em tese, contrariando o que decidiu o STF
na ADI 4983?
Sim, porque a decisão do STF restringiu-se a uma lei do Ceará, que permitia a realização
da vaquejada naquele Estado. O efeito vinculante do acórdão se limita a isso. Assim, esta lei do
Ceará é inconstitucional e ninguém pode contrariar isso. A decisão do STF não impede, contudo,
que o Congresso Nacional ou mesmo outros Estados editem leis permitindo a vaquejada.
Formalmente, tais leis não violam a decisão do STF.
O STF (ADPF 640 – Info 1030) decidiu, também com base no art. 225, § 1º, VII, da CF, que
é inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais
apreendidos em situação de maus-tratos.
Vale ressaltar que o sacrifício de animais é até permitido, mas somente em situações
excepcionais. Um exemplo é o caso do sacrifício de animais em rituais religiosos de matrizes
africanas, desde que não sejam cometidos excessos ou crueldades (STF RE 496.601). Além disso,
nos casos comprovados de doenças, pragas ou outros riscos sanitários, também é possível justificar
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 40
o sacrifício de espécimes animais. Esses dois exemplos, contudo, são diferentes da situação em
exame, que trata do abate imediato de animais apreendidos em situação de maus-tratos,
circunstância que a norma do art. 225, §1º, VII, da CF/88, não autoriza.
As decisões judiciais e as interpretações administrativas que justificam o abate preferencial
e imediato desses animais violam também o princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF/88). Isso,
porque inexiste autorização legal expressa que possibilite o abate no caso específico de apreensão
em situação de maus-tratos, conforme se observa da literalidade do art. 25, §§ 1º e 2º, combinado
com o art. 32 da Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), bem assim dos arts. 101, 102 e 103
do Decreto nº 6.514/2008.
h) Inciso VIII: “manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao
consumo final, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente
sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em relação a estes,
especialmente em relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do
caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do art. 155 desta
Constituição”
O inciso VIII foi incluído pela EC 123/2022 com a finalidade de estabelecer regime fiscal
favorecido para os biocombustíveis destinados ao consumo final, na forma de lei complementar, a
fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir
diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação à contribuição ao PIS e da
COFINS, PIS-Importação e COFINS-Importação, bem como em relação ao ICMS.
Além disso, enquanto não entrar em vigor a lei complementar referida, o diferencial
competitivo dos biocombustíveis ao consumidor final em relação aos combustíveis fósseis será
garantido: (i) pela manutenção, em termos percentuais, da diferença entre as alíquotas aplicáveis a
cada combustível fóssil e aos biocombustíveis que lhe sejam substitutos em patamar igual ou
superior ao vigente em 15 de maio de 2022; ou (ii) alternativamente, quando o diferencial
competitivo não for determinado pelas alíquotas, ele será garantido pela manutenção do diferencial
da carga tributária efetiva entre os combustíveis.
5.4.4. art. 225, §3º CF/88
Art. 225, § 3º CF/88- As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
Este dispositivo trata da responsabilidade no meio ambiente. Há três tipos:
Preventiva = é o licenciamento ambiental e corresponde à essência do direito ambiental.
Repressiva = analisada sob a ótica administrativa e penal. Ou seja, tem-se a
responsabilidade administrativa (arts. 70 a 76 Lei 9.605/98 c/c Dec. 6.514/08) e a responsabilidade
penal (Lei 9.605/98), a qual recai sobre a PJ.
Não se exige mais a dupla imputação para a responsabilidade.
STF: "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a
responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à
simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 41
da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla
imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014).
Reparadora = corresponde à responsabilidade civil objetiva (art. 14, §1º Lei 6.938/81), onde
se adota duas teorias:
Art. 14, §1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo,
é o poluidor obrigado, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE
CULPA, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal, por danos causados ao meio ambiente.
● Teoria do Risco Integral, uma modalidade extremada da doutrina do risco para justificar
o dever de indenizar mesmo nos casos de fato exclusivo da vítima, em caso fortuito (evento causado
pela ação humana de terceiros) ou de força maior (evento causado pela natureza). Ou seja, a
presença destas excludentes não seria suficiente para excluir o nexo causal e, consequentemente,
o dever de indenizar.
Sergio Cavalieri Filho, ao comentar o artigo 14, § 1º da Lei 6.938/81, ressalta que o artigo
225 § 3º, da Constituição, recepcionou o já citado art. 14 § 1º, da Lei 6.938/81, criando a
responsabilidade objetiva baseada no risco integral, ou seja, na teoria segundo a qual não se
admitem excludentes de responsabilidade. O autor aduz que "se fosse possível invocar o caso
fortuito ou a força maior como causas excludentes de responsabilidade civil por dano ecológico,
ficaria fora da incidência da lei a maior parte dos casos de poluição ambiental”.
● Teoria do Risco Criado (ou Risco Proveito), nos parece apontar o principal motivo da
introdução da responsabilidade objetiva no direito brasileiro. Ela é consequência de um dos
princípios básicos da proteção do meio ambiente em nível internacional - o princípio do poluidor-
pagador - consagrado nas Declarações Oficiais da Conferência da ONUsobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (RIO-92 - UNCED). Uma consequência importante dessa linha de fundamentação
da responsabilidade objetiva pelo dano ambiental é a possibilidade de admitir fatores capazes de
excluir ou diminuir a responsabilidade como o caso fortuito e a força maior, o fato criado pela
própria vítima (exclusivo ou concorrente), a intervenção de terceiros e, em determinadas
hipóteses, a licitude da atividade poluidora. Assim sendo, a simples prática da
atividade/obra/empreendimento responsabiliza o empreendedor.
O nexo de causalidade implica que a responsabilidade objetiva em matéria de dano
ambiental afasta qualquer perquirição e discussão de culpa, não prescinde do nexo causal entre o
dano havido e a ação ou omissão de quem cause o dano. Para se pleitear reparação há
necessidade da demonstração do nexo causal entre a conduta e a lesão ao meio ambiente. Assim,
para haver a responsabilização imprescindível ação ou omissão, evento danoso e relação de
causalidade.
Com relação à licitude da atividade exercida, verifica-se que, no direito brasileiro, a
responsabilidade civil pelo dano ambiental não é típica, independe da ofensa a standard legal ou
regulamento específico. É irrelevante a licitude da atividade. Pouco importa que determinado ato
tenha sido devidamente autorizado por autoridade competente ou que estejam de acordo com
normas de segurança exigidas, ou que as medidas de precaução tenham sido devidamente
adotadas. Se houve dano ambiental, resultante da atividade do poluidor, há nexo causal que faz
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 42
surgir o dever indenizatório. A legalidade do ato não importa, basta a simples potencialidade de
dano, para que a responsabilidade civil seja objetiva.
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE/MG (2022) A sociedade empresária Delta obteve licença ambiental junto
ao órgão público competente do ente federativo Beta para instalação e
operação de um posto de combustível.
Após o início da operação do posto, o cidadão João ajuizou ação popular na
defesa do meio ambiente, alegando e comprovando, de forma inequívoca,
que, durante a fase de instalação do empreendimento, a sociedade
empresária Delta promoveu a supressão vegetal de uma área de 10 hectares
em área ambientalmente protegida de Mata Atlântica, sem qualquer tipo de
posterior restauração florestal ou compensação ambiental.
O empreendedor Delta se defendeu alegando que obteve as licenças
ambientais necessárias e que foi fiscalizado pelo órgão ambiental na fase de
construção do posto.
No caso em tela, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido
de que a pretensão do autor popular merece prosperar, pois se aplica a
responsabilidade civil objetiva do empreendedor, regida pela teoria do risco
integral, que se justifica pelo princípio do poluidor-pagador e pela vocação
redistributiva do Direito Ambiental, não havendo que se falar em causas
excludentes da responsabilidade. Correta!
➔ QUESTÃO: E a responsabilidade do Estado no que tange a degradação ambiental?
Resposta: Recairá sobre o Estado a responsabilidade civil OBJETIVA (art. 37, §6º
CF/88), salvo quando o dano causado pelo Poder Público na omissão do exercício do poder de
polícia, a responsabilidade do Estado é SUBJETIVA (seja quando o serviço público não funcionou,
funcionou tardiamente ou funcionou mal). Ou seja, o Estado passa para o polo passivo da ação civil
pública, respondendo conjuntamente com o empreendedor (Resp 647.493/SC).
Vale dizer que a ação de reparação por danos ambientais é imprescritível.
Art. 37, §6º CF/88. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
I) Quanto ao nexo causal = em alguns casos não é preciso nem demonstrar o nexo causal
(Resp 1.056.540/GO):
A obrigação de recuperar a degradação ambiental é do titular da
propriedade do imóvel, mesmo que não tenha contribuído para a
deflagração do dano, tendo em conta sua natureza propter rem.
II) No que tange à responsabilidade por danos ambientais, em razão do princípio da
precaução, cabe ao empreendedor provar que a sua atividade não é causadora de danos
ambientais (ou seja, nesta hipótese, há inversão do ônus da prova).
O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório,
competindo a quem supostamente promoveu o dano ambiental
comprovar que não o causou ou que a substância lançada ao meio
ambiente não lhe é potencialmente lesiva.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 43
As formas de reparação dos danos ambientais são:
a) Restauração natural (ou restauração “in specie”) = privilegia-se a recuperação no local
onde ocorreu o dano.
b) Compensação ecológica = aplicada quando não foi possível a restauração natural.
Existem vários tipos de compensação ecológica. Quando tratar de responsabilidade civil por danos
ambientais, corresponderá à recuperação de outra área e não àquela onde ocorreram os danos
ambientais.
c) Indenização pecuniária = não sendo possível a realização da reparação natural e
compensação ecológica caberá a indenização pecuniária que será revertida para o FUNDO
(EIA/RIMA).
Observe que há uma ordem preferencial entre elas, pelo que esquematizamos:
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE (2022) Alfredo, em 2015, represou um curso d’água que cortava seu
imóvel, para construir um pequeno parque aquático para seus netos. Durante
as obras, Alfredo causou poluição hídrica e supressão vegetal em área de
preservação permanente, tudo sem qualquer autorização do poder público.
Em 2020, Alfredo vendeu o imóvel a Joaquim, sendo certo que até a presente
data não houve recuperação ou compensação pelos danos ambientais
provocados e as piscinas naturais construídas permanecem sendo utilizadas.
O Ministério Público - MP instaurou inquérito civil para apurar a ocorrência de
danos ambientais e obteve um laudo da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente confirmando e descrevendo tais danos. Em 2022, o MP ajuizou
ação civil pública em face de Joaquim, pleiteando medidas para a
recomposição ambiental. No caso em tela, de acordo com a jurisprudência
dos Tribunais Superiores, é imprescritível a pretensão de reparação civil de
dano ambiental e as obrigações ambientais possuem natureza propter rem,
podendo o MP cobrá-las de Alfredo e/ou Joaquim. Correta!
TJ/PA (2022) A sociedade Alfa Ltda., após obter licença ambiental para
construção de estacionamento em área inserida em Estação Ecológica, é
processada em ação civil pública, em razão do dano ambiental causado. O
autor da ação comprova erro na concessão da licença, tendo em vista que é
vedada a construção dentro da referida Unidade de Conservação. Em defesa,
a sociedade Alfa Ltda. alega que realizou a construção amparada em licença
ambiental presumidamente válida. A ação deve ser acolhida, tendo em vista
que os danos ambientais são regidos pelo modelo da responsabilidade
objetiva e pela teoria do risco integral. Correta!
Restauração natural
Compensação
ecológica
Indenização
Pecuniária
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 44
DPE/AP (2022) A responsabilidade por danos ambientais impõe que a
indenização deve abranger a totalidade dos danos causados, não sendo
possível suprimir as despesas referentes à atividade empresarial. Correta!
TRF4 (2022) A responsabilidade civil por danos ambientais é solidária entre
o poluidordireto e o indireto, o que permite que a ação seja ajuizada contra
qualquer um deles, sendo facultativo o litisconsórcio. Correta!
MPE/SC (2021) Um cidadão, por descuido, iniciou um incêndio em sua
propriedade, situada em área rural coberta pelo bioma campos, o que
resultou na destruição da vegetação nativa de outras duas propriedades
vizinhas. Caso o cidadão venda a sua propriedade, o novo proprietário deverá
responder por eventuais obrigações ambientais ainda pendentes de
cumprimento, haja vista a sua natureza real.
TJ/AC (2019) O princípio da responsabilização integral envolve o dever do
poluidor, pessoa física ou jurídica, de arcar com as consequências de sua
conduta lesiva contra o meio ambiente, tanto na seara civil e administrativa,
quanto na penal. Correta!
Percebe-se, portanto, que a responsabilidade civil por dano ambiental é tema recorrente em
concursos e frequente questionada no STJ e no STF. Colacionamos abaixo as ementas de alguns
recentes julgados sobre a temática.
A empresa que efetua irregularmente a lavra de minério, enriquecendo-se
ilicitamente, não pode pretender o ressarcimento dos custos operacionais
dessa atividade contra legem, sob o argumento de que a não remuneração
ensejaria o locupletamento sem causa da União.
STJ. 1ª Turma.REsp 1860239-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
09/08/2022 (Info 746).
Caso concreto: ação civil pública foi ajuizada, em 2018, contra particular e o
Município em razão de maus-tratos identificados desde 2012 em abrigo
clandestino de animais. A particular instalou o abrigo em área pública
abandonada. Na vistoria, que ocorreu 6 anos após a ocupação, havia 107
cães com diversos problemas. Firmado termo de ajustamento de conduta, a
área foi desocupada. Porém, verificou-se a mudança do canil clandestino
para outro imóvel, igualmente com problemas e sem licença. Nessa feita,
identificou-se contaminação ambiental do solo e instalação desautorizada de
poço. Na ACP, buscou-se a determinação para o município acolher os
animais em local adequado, com acompanhamento veterinário e
encaminhamento para doação ou destinação a entidades de proteção.
Não há que se falar em ilegitimidade passiva da municipalidade que, ciente
dos fatos por anos, deixou de tomar medidas efetivas para sua solução,
penalizando os animais submetidos ao “abrigo”, o que não pode mesmo ser
tolerado, inclusive diante da dimensão ecológica da dignidade humana.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2024982-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
14/06/2022 (Info 742).
Caso concreto: ACP ajuizada pela União objetivando condenação dos réus
na obrigação de restauração de área degradada e ao pagamento de valor
total do lucro obtido com a extração ilegal de areia e argila. O TRF fixou a
indenização no montante de 50% do faturamento total da empresa
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 45
proveniente da extração irregular do minério, por ter descontado as despesas
referentes à atividade empresarial (impostos e outras).
O STJ não concordou com o TRF. A indenização deve abranger a totalidade
dos danos causados ao ente federal, sob pena de frustrar o caráter
pedagógico-punitivo da sanção e incentivar a impunidade de empresa
infratora, que praticou conduta grave com a extração mineral irregular.
STJ. 2ª Turma.REsp 1923855-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
26/04/2022 (Info 734).
É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.
STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020
(Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983).
O princípio da insignificância é inaplicável em sede de responsabilidade civil
ambiental.
STJ. 2ª Turma. AREsp 667867/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
17/10/2018.
Por fim, anotamos as súmulas aprovados pelo STJ em matéria de responsabilidade civil
ambiental:
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu
à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem,
sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos
anteriores, à escolha do credor.
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em
tema de Direito Ambiental.
5.4.5. Art. 225, §4º, da CF/88
Art. 225, §4º CF/88. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais.
Tal dispositivo trata dos biomas brasileiros (vale dizer que falta inclusão do cerrado, da
caatinga e dos pampas gaúchos). Estes foram protegidos, em virtude de sua fragilidade. A palavra
“patrimônio nacional” que consta neste dispositivo não possui sentido jurídico e sim sentido de
propriedade (o valor destes biomas para a proteção ambiental).
Vale ressaltar que somente um destes biomas possui lei específica o regulando — a Mata
Atlântica (Lei 11.428/06), cuja cobrança é recorrente nos concursos públicos.
Ressalta-se que a Mata Atlântica integra o patrimônio nacional, mas não é bem da União.
EMENTA: Competência. Crime previsto no artigo 46, parágrafo único, da Lei
nº 9.605/98. Depósito de madeira nativa proveniente da Mata Atlântica. Artigo
225, § 4º, da Constituição Federal. - Não é a Mata Atlântica, que integra o
patrimônio nacional a que alude o artigo 225, § 4º, da Constituição
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 46
Federal, bem da União. - Por outro lado, o interesse da União para que
ocorra a competência da Justiça Federal prevista no artigo 109, IV, da Carta
Magna tem de ser direto e específico, e não, como ocorre no caso, interesse
genérico da coletividade, embora aí também incluído genericamente o
interesse da União. - Consequentemente, a competência, no caso, é da
Justiça Comum estadual. Recurso extraordinário não conhecido.
(RE 300244, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em
20/11/2001, DJ 19-12-2001 PP-00027 EMENT VOL-02054-06 PP-01179)
5.4.6. Art. 225, §5º, da CF
Art. 225 CF, §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
5.4.7. Art. 225, §6º CF/88
Art. 225, § 6º CF/88 - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Por este dispositivo, a localização da usina é aprovada através de lei federal. Porém, isso
não desobriga o Poder Público Federal de realizar o licenciamento ambiental, em especial o Estudo
Prévio de Impacto Ambiental para a sua instalação. Exemplo: Angra I e Angra II.
Quem efetiva o licenciamento é o IBAMA com a colaboração da CNEN (Comissão Nacional
de Energia Nuclear).
5.4.8. Art. 225. §7º, da CF/88
A Lei 13.364/2016, acima mencionada, sozinha, não teria força jurídica suficiente para
superar a decisão do STF. Isso porque, na visão do Supremo, a prática da vaquejada não era
proibida por ausência de lei. Ao contrário, a Corte entendeu que, mesmo havendo lei
regulamentando a atividade, a vaquejada era inconstitucional por violar o art. 225, § 1º, VII, da
CF/88.
Ciente disso, o Congresso Nacional decidiu alterar a própria Constituição, nela inserindo a
previsão expressa de que são permitidas práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais.
Veja a íntegra do § 7º que foi inserido pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88:
Art. 225. (...)
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não
se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradascomo bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que
assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Foi uma tentativa de superação legislativa da jurisprudência (reversão jurisprudencial), uma
manifestação de ativismo congressual.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 47
A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina de
“efeito backlash”. Em palavras muito simples, efeito backlash consiste em uma reação
conservadora de parcela da sociedade ou das forças políticas (em geral, do parlamento) diante de
uma decisão liberal do Poder Judiciário em um tema polêmico.
George Marmelstein resume a lógica do efeito backlash ao ativismo judicial2:
• Em uma matéria que divide a opinião pública, o Judiciário profere uma decisão liberal,
assumindo uma posição de vanguarda na defesa dos direitos fundamentais.
• Como a consciência social ainda não está bem consolidada, a decisão judicial é
bombardeada com discursos conservadores inflamados, recheados de falácias com
forte apelo emocional.
• A crítica massiva e politicamente orquestrada à decisão judicial acarreta uma
mudança na opinião pública, capaz de influenciar as escolhas eleitorais de grande
parcela da população.
• Com isso, os candidatos que aderem ao discurso conservador costumam conquistar
maior espaço político, sendo, muitas vezes, campeões de votos.
• Ao vencer as eleições e assumir o controle do poder político, o grupo conservador
consegue aprovar leis e outras medidas que correspondam à sua visão de mundo.
• Como o poder político também influencia a composição do Judiciário, já que os
membros dos órgãos de cúpula são indicados politicamente, abre-se um espaço para
mudança de entendimento dentro do próprio poder judicial.
• Ao fim e ao cabo, pode haver um retrocesso jurídico capaz de criar uma situação
normativa ainda pior do que a que havia antes da decisão judicial, prejudicando os
grupos que, supostamente, seriam beneficiados com aquela decisão.”
A EC 96/2017 é inconstitucional? Este será um belíssimo e imprevisível debate.
No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda
constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites
previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda
constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa
emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o
processo legislativo para edição de emendas.
Segundo o art. 60, § 4º, da CF/88, não é permitida a edição de emenda constitucional que
acabe ou enfraqueça:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
2 Disponível em: https://direitosfundamentais.net/2015/09/05/efeito-backlash-da-jurisdicao-constitucional-reacoes-politicas-a-atuacao-
judicial/)
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 48
Essas são as chamadas “cláusulas pétreas”, ou seja, o núcleo intangível da Constituição
Federal. A grande dúvida é a seguinte: a proibição de que os animais sofram tratamento cruel,
prevista no art. 225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art.
60, § 4º, IV)? Segundo Marcio Cavalcante, SIM. Conforme já explicado, o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira geração, não podendo ser abolido
nem restringido, ainda que por emenda constitucional. Resta saber, no entanto, como o STF
entenderá o tema após o backlash, considerando que a primeira decisão foi extremamente
apertada.
6. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL
6.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
Prevista no art. 23, III, IV, VI e VII CF/88), trata-se de uma COMPETÊNCIA COMUM (entre
todos os entes federados) para a proteção do meio ambiente.
Art. 23 CF/88 - É competência COMUM da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
VI - proteger o meio ambiente (todas as modalidades) e combater a poluição
em qualquer de suas formas; É o mais importante!
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa
e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Parágrafo único - Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Esta competência administrativa está associada ao poder de polícia (art. 70 CTN) e ao
licenciamento ambiental. O § único do art. 23 da CF/88 foi regulado pela Lei Complementar 140/11.
Obs.: O CPC/15 revogou a preferência da União que constava na Lei
Geral do Tombamento.
6.2. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL: A
INCIDÊNCIA DA LC 140/11
Esta lei traz basicamente o seguinte:
1) Objetivos, finalidades e conceitos;
Destaque para o art.3º da referida LC.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 49
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a
que se refere esta Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção
do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação
da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição
de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de
atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País,
respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
2) Instrumentos de cooperação;
É um rol exemplificativo.
Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes
instrumentos de cooperação institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares
com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da
Constituição Federal;
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e
Comissão Bipartite do Distrito Federal;
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os
requisitos previstos nesta Lei Complementar;
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo
a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.
§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados
com prazo indeterminado.
§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por
representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental
compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.
§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por
representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos
Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e
descentralizada entre os entes federativos.
§ 4o A Comissão Bipartitedo Distrito Federal será formada, paritariamente,
por representantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal,
com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e
descentralizada entre esses entes federativos.
§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão
sua organização e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos
internos.
Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de
ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o
ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a
executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio
ambiente.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art241
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art241
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 50
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos
do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio,
devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações
administrativas a serem delegadas.
3) Ações de Cooperação;
4) Disposições finais e transitórias.
Esta lei, basicamente, distribuiu a competência entre os entes federados.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/GO (2019) Os instrumentos de cooperação institucional dos convênios,
acordos de cooperação técnica e outros similares com órgãos e entidades do
Poder Público podem ser firmados com prazo indeterminado, respeitado o
art. 241 da Constituição Federal. Correta!
6.3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Prevista no art. 24, VI. VI e VIII CF/88, trata-se de uma COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
Caberá à União estabelecer normas gerais, cujo objetivo é coordenar e uniformizar a
legislação no país. Entretanto, no Direito Ambiental estas normas não precisam ser editadas através
de lei, pois se permite a edição por meio de Resoluções do CONAMA.
Exemplo: Resolução 237/97 (que versa sobre o licenciamento ambiental - LA) e Resolução
01/86 (que versa sobre o estudo prévio de impacto ambiental - EPIA). Deste modo, o CONAMA
possui poder regulamentar (poder infrarregulamentar).
Art. 24 CF/88 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
CONCORRENTEMENTE sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-
se-á a estabelecer normas gerais.
Os Estados e o Distrito Federal possuem competência SUPLEMENTAR (art. 24, §2º CF/88)
que pode ser:
- Competência Suplementar SUPLETIVA = cabe preencher as lacunas da norma geral;
- Competência Suplementar COMPLEMENTAR = visa pormenorizar/detalhar a norma geral.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
Vale dizer que inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa PLENA, para atender a suas peculiaridades. A superveniência de lei federal
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 51
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, §§ 3º e 4º
CF/88).
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.
Em relação à competência dos Municípios, a jurisprudência entende que podem legislar,
desde que façam de forma fundamentada, bem como trate de matérias de interesse local.
Vejamos alguns destaques de jurisprudência sobre competência para legislar sobre direito
ambiental:
Info 1076: É inconstitucional — por invadir a competência legislativa geral da
União (art. 24, VI, §§ 1º e 2º, da CF/88) e violar o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado (art. 225, § 1º, IV, da CF/88) — norma estadual
que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente.
STF. Plenário. ADI 4529/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 21/11/2022.
Info 1073: É constitucional – formal e materialmente – lei municipal que
obriga à substituição de sacos e sacolas plásticos por sacos e sacolas
biodegradáveis.
Os municípios — no limite de seu interesse local e desde que em harmonia
com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados — possuem
competência para legislar sobre meio ambiente, e, caso sua regulamentação
seja mais protetiva, pode ter prevalência sobre a legislação federal ou
estadual.
STF. Plenário. RE 732686/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/10/2022
(Repercussão Geral – Tema 970) (Info 1073).
Info 1061 - O Poder Executivo tem o dever constitucional de fazer funcionar
e alocar anualmente os recursos do Fundo Clima, para fins de mitigação das
mudanças climáticas, estando vedado seu contingenciamento, em razão do
dever constitucional de tutela ao meio ambiente (CF, art. 225), de direitos e
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (CF, art. 5º, § 2º), bem
como do princípio constitucional da separação dos poderes (CF, art. 2º c/c
art. 9º, § 2º, LRF).
STF. Plenário. ADPF 708/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
1º/7/2022 (Info 1061).
Info 1060 - São formalmente inconstitucionais as leis estaduais que
interferem em matérias relacionadas à atividade nuclear e à energia, uma vez
que, ao disporem sobre os assuntos, incorrem em indevida invasão da
competência privativa da União para explorar tais serviços e legislar a seu
respeito (art. 21, XII, “b”, XIX e XXIII e art. 22, IV e XXVI, da CF/88).
Com base nesse entendimento, o STF declarou a inconstitucionalidade do
art. 209 da Constituição do Estado do Paraná, que dizia:
Art. 209. Observada a legislação federal pertinente, a construção de centrais
termoelétricas e hidrelétricas dependerá de projeto técnico de impacto
ambiental e aprovação da Assembleia Legislativa; a de centrais
termonucleares, desse projeto, dessa aprovação e de consulta plebiscitária.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 52
STF. Plenário. ADI 7076/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
24/6/2022 (Info 1060).
Info 1042/STF- É inconstitucional lei estadual que legitime ocupações em
solo urbano de área de preservação permanente (APP) fora das situações
previstas em normas gerais editadas pela União.
STF. Plenário. ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
17/12/2021 (Info 1042).
Info 1014 STF: É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses
de dispensa e simplificação do licenciamento ambiental para atividades de
lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da União para editar
normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art.
24, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal. Vale ressaltar também que o
estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que
torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às
atividades de mineração afronta o caput do art. 225 da Constituição por
inobservar o princípio da prevenção.
Info 975 STF: É constitucional lei estadual que proíbe a utilização de animais
para desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, de
higiene pessoal, perfumes e seus componentes. A proteção da fauna é
matéria de competência legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88). A Lei
federal nº 11.794/2008possui uma natureza permissiva, autorizando a
utilização de animais em atividades de ensino e pesquisas científicas, desde
que sejam observadas algumas condições relacionadas aos procedimentos
adotados, que visam a evitar e/ou atenuar o sofrimento dos animais. Mesmo
o que o tema tenha sido tratado de forma mais restrita pela lei estadual, isso
não se mostra inconstitucional porque, em princípio, é possível que os
Estados editem normas mais protetivas ao meio ambiente, com fundamento
em suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse,
conforme o caso.
Info 919 STF: Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito
de veículos, sejam eles motorizados ou não, transportando cargas vivas nas
áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei municipal invade
a competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado
vivo na área urbana e de expansão urbana de seu território, transgrediu a
competência da União, que já estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a
política agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua
fiscalização. Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de
proteção aos animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional.
Esta desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação
federal já prevê uma série de instrumentos para garantir, de um lado, a
qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população e, de outro,
a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte
quanto no seu abate.
Info 857 STF - o Município é competente para legislar sobre o meio ambiente,
juntamente com a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse
local e desde que esse regramento seja harmônico com a disciplina
estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 53
CF/88). Se o Município legislar sobre Direito Ambiental, fazendo de forma
fundamentada segundo seus interesses locais, não há, em princípio, violação
às regras de competência.
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE/MG (2022) O Estado Ômega editou lei dispondo que todo Termo de
Cooperação e/ou instrumento similar a ser celebrado entre os órgãos
componentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, no Estado
Ômega, deverá ser previamente aprovado pela Assembleia Legislativa.
Consoante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a citada legislação é
inconstitucional, por violação ao princípio da separação de poderes, haja vista
que representa indevida ingerência do Poder Legislativo sobre o Executivo
em matéria de cunho administrativo ambiental. Correta!
AGE/MG (2022) O Estado Alfa, alegando buscar o atendimento às suas
peculiaridades regionais, editou lei ampliando os casos de ocupação
antrópica em áreas de preservação permanente (APP) previstos na norma
federal vigente. Com a nova legislação estadual, o ente federativo Alfa
pretende legitimar ocupações em solo urbano de APP, fora das situações
previstas em normas gerais editadas pela União. De acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma estadual é
inconstitucional, porque está em descompasso com as normas gerais
editadas pela União, flexibilizando e diminuindo a proteção ao meio ambiente,
tornando-o mais propenso a sofrer danos. Correta!
PGE/SC (2022) Por meio de emenda à sua Constituição, o Estado Beta editou
a seguinte norma: “Observada a legislação federal pertinente, a construção
de centrais termelétricas e hidrelétricas dependerá de projeto técnico de
impacto ambiental e aprovação da Assembleia Legislativa; a de centrais
termonucleares, desse projeto, dessa aprovação e de consulta plebiscitária”.
De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o artigo
inserido na Constituição do Estado Beta é inconstitucional, formalmente,
porque incorre em indevida invasão da competência privativa da União para
explorar serviços relacionados à atividade nuclear e à energia e legislar a seu
respeito. Correta!
PGE/AL (2021) Esse princípio estabelece que cabem à União as matérias de
interesse geral e cabem aos estados os assuntos de interesse regional.
Correta!
TJ/SP (2021) O Município é competente para legislar sobre meio ambiente
com a União e o Estado, no limite do interesse local e desde que tal
regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes
federados. Correta!
MPE/AP (2021) A competência para legislar sobre responsabilidade por dano
ao meio ambiente é privativa da União. Errada!
MPE/AP (2021) O pagamento de multa ambiental imposta ao infrator pela
União não afasta a exigibilidade de pena pecuniária imposta pelo município,
ainda que relacionada ao mesmo fato. Correta!
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 54
MPE/AP (2021) A competência legislativa suplementar de um ente estadual
para atender a interesse regional não lhe autoriza a dispensa de
licenciamento instituído em normas gerais por lei federal. Correta!
7. PRINCÍPIOS DO MEIO AMBIENTE
7.1. PRINCÍPIO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO UM
DIREITO FUNDAMENTAL (ART. 225 CF/88 C/C PRINCÍPIO 01 DA DECLARAÇÃO DO
RIO/92)
Significa que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. É um direito
fundamental (direito matriz), pois é a partir deste que se irradia para novas interpretações do
legislador constitucional e infraconstitucional.
Meio ambiente ecologicamente equilibrado significa um meio ambiente não poluído, com
salubridade e sadia qualidade de vida (quanto mais se aproxima à dignidade da pessoa humana,
mais essencial ele se torna).
Art. 225 CF/88 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 55
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade. Serviu de fundamento para a
inconstitucionalidade das rinhas de galo e da vaquejada. (a EC 96/2017
considera possível).
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigaçãode reparar os danos
causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são PATRIMÔNIO
NACIONAL, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
PRINCÍPIO 1 (RIO/92) – Os seres humanos estão no centro das
preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida
saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
Art. 170 CF/88. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação.
Trata-se de um direito de terceira geração, qual seja: direito difuso.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/PE (2022) A Lei nº 6.938/1981, que Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá
outras providências, no art. 2º , I prevê que [...] o meio ambiente é patrimônio
público a ser necessariamente assegurado e protegido [...]. Logo, o meio
ambiente é bem que integra o interesse difuso dos indivíduos. Correta!
MPE/CE (2020) Com relação ao tratamento constitucional dado à questão
ambiental, é correto afirmar que a Constituição Federal de 1988 estabelece
que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é não só um direito, mas
também um dever de toda a coletividade e do poder público. Correta!
MPE/CE (2020) Reconhece o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, um direito fundamental de segunda geração, segundo a
jurisprudência do STF. Errada!
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 56
MPE/MG (2019) Em conformidade com a Constituição vigente, incumbe ao
poder público, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, exceto facultar, na forma da lei, para instalação
de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade. Errada!
TJ/RO (2019) Sobre Constituição e o Meio Ambiente, é correto afirmar que a
expressão “bem de uso comum do povo”, que define o meio ambiente na
Constituição, refere-se muito mais a interesse, ou necessidade, do que a
propriedade ou domínio. Correta!
TJ/AL (2019) A disciplina constitucionalmente estabelecida para a proteção
do meio ambiente introduziu, como obrigação do poder público, a definição
dos espaços territoriais a serem especialmente protegidos, impondo tal
obrigação a todas as unidades da federação, sem, contudo, estabelecer um
conceito único de espaço territorial especialmente protegido, podendo tal
proteção alcançar áreas públicas ou privadas. Correta!
7.2. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ART. 225 E 170, III E VI CF/88 C/C
PRINCÍPIO 4 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92)
Art. 225 CF/88 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Art. 170 CF/88. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
III - função social da propriedade;
(...)
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação.
PRINCÍPIO 4 (RIO/92) – Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a
proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de
desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.
Desenvolvimento sustentável é aquele economicamente factível, ecologicamente
adequado, socialmente justo e culturalmente equitativo, sem discriminações. Em outras palavras, é
compatibilizar o desenvolvimento da atividade econômica e a proteção do meio ambiente.
Pertinente a este tema, são as visões de como os seres se relacionam com o universo e a
influência disso no meio ambiente. Temos o antropocentrismo, o biocentrismo e o
ecocentrismo. Vejamos:
1) Antropocentrismo: o homem é o centro do universo (de todas as relações). Os animais e
os recursos naturais são utilizados por ele. A consequência é a destruição do meio ambiente.
A CF/88 tem essência antropocêntrica.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 57
2) Biocentrismo: o centro do universo são os seres vivos (flora e fauna). Há proteção jurídica
dos animais, tornando-se sujeito de direito (para alguns doutrinadores). Há uma passagem
em nossa CF/88 de biocentrismo (art. 225, VII: “(...) proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais à crueldade”).
Exemplo: Rinhas de galo (leis estaduais que as autorizaram foram consideradas
inconstitucionais) e o caso da vaquejada (a EC 96/2017 considera possível).
3) Ecocentrismo: é a ecologia o centro do universo (visão radical).
Obs.: Posição a ser adotada = ANTROPOCENTRISMO ALARGADO,
ou seja, há uma preocupação em unir o ser humano com o animal.
Trata-se de uma visão abrandada do antropocentrismo, mais
globalizada e ética, na qual se valoriza a interdependência entre os
seres humanos e os elementos da natureza.
É sem dúvida alguma, necessário conciliar o antropocentrismo e o ecocentrismo, pois o meio
ambiente não pode ser considerado algo a ser destinado pura e simplesmente a satisfação dos
desejos humanos, e nem tão pouco um bem autônomo, sem qualquer finalidade para o homem.
O sistema ANTROPOCÊNTRICO ALARGADO nos traz uma superação dialética das
posições extremadas anteriores, cada um desses elementos contém, pelo menos virtualmente, uma
parte do outro, pois o homem é também um pedaço da natureza, e em contrapartida, a natureza
produz a hominização, de onde resulta um jogo permanente de interações, que contribuem para
redefinir os termos existentes.
➔ QUESTÃO: Ocorrendo conflito entre atividades econômicas e proteção ao meio
ambiente. Qual prevalecerá?
Resposta: Em conformidade com a ADI 3540/DF, deve-se primeiramente compatibilizá-las,
porém quando não for possível, prevalecerá a proteção ao meio ambiente.
Ementa: (...) O princípio do desenvolvimento sustentável, além de
impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte
legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado
brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as
exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a
invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre
valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja
observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos
mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio
ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser
resguardado em favor das presentes e futuras gerações (...). A atividade
econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios
destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente (...). ADI
3540/DF (31.08.05)ATENÇÃO, a Lei 13.186/2015 estabelece a Política de Educação para
o Consumo Sustentável com o objetivo de estimular a adoção de
práticas de consumo e de técnicas de produção ecologicamente
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 58
sustentáveis. Segundo a Lei, “consumo sustentável” é o uso dos
recursos naturais de forma a proporcionar qualidade de vida para a
geração presente sem comprometer as necessidades das gerações
futuras.
7.3. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU RESPONSABILIDADE
ENTRE GERAÇÕES OU EQUIDADE (ART. 225, IN FINE CF/88 C/C PRINCÍPIO 3 DA
DECLARAÇÃO DO RIO/92)
Cria-se um sujeito de direito indeterminado.
Art. 225, in fine CF/88 = “... o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
RIO 92 PRINCÍPIO 3 – O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de
modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de
gerações presentes e futuras.
É o princípio de ética entre as gerações, havendo duas leituras: a leitura SINCRÔNICA e a
leitura DIACRÔNICA.
1) Sincrônica (presentes gerações) = o acesso desta geração não pode comprometer o
acesso das gerações futuras. Solidariedade sincrônica, porque diz respeito a toda geração
atual ante aos problemas e às possíveis soluções ambientais. Todas as comunidades,
desta mesma geração, devem se implicar na continuidade da experiência humana.
2) Diacrônica (futuras gerações) = “A segunda, a diacrônica ('através do tempo'), é aquela que
se refere às gerações do após, ou seja, as que virão depois de nós na sucessão do tempo”.
Solidariedade diacrônica implica que as diferentes gerações não podem esquecer da
proteção a um meio ambiente equilibrado que herdarão ou deixarão das/para as outras
gerações.
Como o tema foi cobrado em concurso?
Delegado/AM (2022) A Constituição da República, em seu Art. 225, dispõe
que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. A parte final do dispositivo deixa claro que as
presentes gerações devem observar a preservação do meio ambiente,
adotando políticas ambientais que permitam às presentes e futuras gerações
a utilização do meio ambiente, não podendo usufruir dos recursos ambientais
de forma a privar seus descendentes desses recursos naturais. Trata-se do
princípio de Direito Ambiental do(a) solidariedade intergeracional. Correta!
7.4. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE (ART. 5º, XXII E XXIII
CF/88)
A propriedade só se legitima a partir do momento que se atende à função social e à
coletividade.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 59
CF Art. 5º
XXII - é garantido o direito de propriedade
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
A função social da propriedade pode ser:
Urbana (art. 182, §2º CF/88) = deve-se cumprir o plano diretor do Município, conforme
preconiza o Estatuto da Cidade – art. 39 L. 10.257/01. A propriedade urbana cumpre sua função
social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.
CF Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
EC Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos
quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das
atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta
Lei.
Rural (art. 186 CF/88)
Art. 186 CF/88 - A função social é cumprida quando a propriedade RURAL
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;(fator econômico)
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;(FATOR AMBIENTAL)
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; (fator
social)
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores. (Fator social)
A função social não LIMITA o direito de propriedade. É elemento essencial interno da
propriedade, o conteúdo do direito de propriedade. Não há que se falar em limitação, mas sim no
uso da propriedade, conforme o direito (deve-se observar a PPP, cumprindo com o art. 5º, XXIII
CF/88).
OBS: Onde não há função, não há autonomia de vontade. A função
tem ideia de obrigação e quando cumprida, pode-se usar a
propriedade com certa liberdade (função socioambiental).
A função pode ser:
1) Positiva (obrigação de fazer). Exemplo: Na propriedade rural (não tendo reserva legal
florestal e não a fazendo, receberá uma sanção – multa de R$ 500,00 por dia, segundo
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 60
o art. 35 do Dec. 6514/08). Quanto à propriedade urbana, há o limite de ruído. Caso
queira ultrapassá-lo terá que fazer vedação acústica.
Dec. 6514/08 Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal:
Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$
500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração da área de reserva
legal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
2) Negativa (obrigação de não fazer) = não poluir, não degradar, não emitir ruídos etc.
Art. 1228 CC/02. § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
7.5. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
Lida com o RISCO CONHECIDO (dica mnemônica: “na prevenção tenho a Visão do risco”).
Deve-se agir antecipadamente, quando se têm dados, pequenas informações ambientais.
Exemplo: sabemos que o garimpo traz consequências desastrosas ao meio ambiente.
Assim, deve-se aplicar este princípio, através dos meios de efetivação:
• EPIA/RIMA - se caracteriza por ser um estudo multidisciplinar realizado por profissionais
das mais diferentes áreas (equipe multidisciplinar), com o objetivo de identificar os
aspectos positivos e negativos de um empreendimento, indicando os métodos
disponíveis para mitigação dos impactos ambientais;
• Licenciamento - é uma forma do Poder Público controlar atividades que vão utilizar
recursos naturais. Consiste em um procedimento administrativo no qual o órgão
ambiental competente para o licenciamento licencia a localização (Licença Prévia – LP),
a instalação (Licença de Instalação – LI) e a operação (Licença de Operação – LO) de
atividades que utilizam recursos naturais;
• Poder de polícia ambiental (segue a mesma ótica do art. 78 do CTN, ou seja, equivale
ao poder de polícia administrativo).
O que justifica o princípio da prevenção?
1) A impossibilidade de retorno do “status quo ante”, ou seja, os danos ambientais, em
regra, são irreversíveis. Ex.: Chernobyl, Hiroshima etc.
2) A extinção de uma espécie da fauna e da flora.
O direito ambiental visa o binômio: PREVENÇÃO e REPARAÇÃO.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/CE (2020) Ao avaliar um pedido de autorização do uso de determinado
agrotóxico, o órgão ambiental competente, pautado em estudos científicos,
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 61
autorizou o uso do produto.Para decidir, considerou que, no atual estágio do
conhecimento científico, inexiste comprovação de efeitos nocivos à saúde
humana decorrentes da exposição ao referido agrotóxico, conforme
parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde. Considerando-se
que, nessa situação hipotética, o risco de exposição ao agrotóxico possa ser
mensurado, é correto afirmar, com base na jurisprudência do STF, que a
decisão do órgão ambiental está pautada no princípio da prevenção. Correta!
7.6. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (PRINCÍPIO 15 DA DECLARAÇÃO DO RIO/92)
Trabalha-se com o RISCO DESCONHECIDO/INCERTO, ou seja, o perigo abstrato. Não se
tem dados/pesquisas (há incerteza científica).
RIO 92 PRINCÍPIO 15 – De modo a proteger o meio ambiente, o PRINCÍPIO
DA PRECAUÇÃO deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo
com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou
irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser
utilizada como razão para postergar medidas eficazes e
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Art. 54 (Lei 9605/98). Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar
de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Ex1: Aquecimento global: não se tem pesquisa conclusiva sobre os seus efeitos daqui a
40 anos.
Ex2: Organismos geneticamente modificados (Lei 11.105/05): não se tem pesquisa
conclusiva.
Por este princípio, há inversão do ônus da prova, ou seja, cabe ao empresário comprovar
que sua intervenção não vai causar danos ao meio ambiente. Também se trabalha com a ideia da
espera da informação, isto é, “IN DUBIO PRO NATURA” ― na dúvida não intervenha no meio
ambiente.
Nesse sentido:
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de
degradação ambiental.
O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório,
competindo a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar
que não o causou ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é
potencialmente lesiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 01/12/2009.
O autor precisará provar apenas que existe um nexo de causalidade provável
entre a atividade exercida e a degradação ambiental. Sendo isso provado,
fica transferido para a concessionária o encargo (ônus) de provar que sua
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 62
conduta não ensejou riscos ou danos para o meio ambiente. STJ. 3ª Turma.
AgInt no AREsp 1311669/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 03/12/2018.
Aquele que cria ou assume o risco de danos ambientais tem o dever de
reparar os danos causados e, em tal contexto, transfere-se a ele todo o
encargo de provar que sua conduta não foi lesiva. STJ. 1ª Turma. REsp
1.049.822/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 23/04/2009.
Prognose negativa = faz-se o exercício da probabilidade, onde a proíbe. Exemplo: Foi o
que aconteceu com os alimentos geneticamente modificados, na década de 70.
No Info 829 o STF analisou a violação do princípio da precaução pela Lei 11.934/2009.
Afirmou que o princípio da precaução não é absoluto e sua aplicação não pode gerar temores
infundados. O Estado deve agir de forma proporcional. O eventual controle pelo Poder Judiciário
quanto à legalidade e à legitimidade na aplicação desse princípio há de ser realizado com prudência,
com um controle mínimo, diante das incertezas que reinam no campo científico. Os limites
estabelecidos pela Lei nº 11.934/2009 e pela Resolução Normativa 398/2010 da ANEEL, estão de
acordo com a Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) e com
as recomendações da OMS. Não existem estudos científicos na Suíça mais esclarecedores que os
já produzidos no restante do mundo e que justifiquem a obrigatoriedade de se adotar os padrões ali
estabelecidos em detrimento dos níveis fixados pela OMS.
O legislador brasileiro e a ANEEL fizeram uma opção legislativa e administrativa por um
critério e não se pode afirmar que esteja inadequado. Ao contrário, estudos desenvolvidos pela
OMS demonstram que não há evidências científicas convincentes de que os valores de campos
eletromagnéticos nos limites estabelecidos pela ICNIRP causem efeitos adversos à saúde. Assim,
o Estado brasileiro adotou as necessárias cautelas, pautadas pelo princípio constitucional da
precaução, não tendo havido violação deste postulado na adoção dos critérios eleitos pela Lei nº
11.934/2009. No futuro, caso surjam efetivas e reais razões científicas e/ou políticas para a revisão
do que se deliberou no âmbito normativo, o espaço para esses debates e a tomada de novas
definições serão respeitados.
Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/AM (2021) In dubio pro ambiente ou in dubio pro natura: na dúvida sobre
o perigo de uma certa atividade para o ambiente, decide-se a favor do
ambiente e contra o potencial poluidor. Tal afirmação, no âmbito do Direito
Ambiental, relaciona-se, direta ou indiretamente, ao princípio da precaução.
Correta!
MPE/SC (2019) O princípio ambiental da prevenção não se confunde com o
princípio ambiental da precaução. O princípio da prevenção se aplica quando
existem elementos seguros para afirmar que uma determinada atividade é
perigosa, sendo que têm por objetivo impedir a ocorrência de danos ao meio
ambiente, por meio da imposição de medidas acautelatórias antes da
implantação de empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras. Correta!
7.7. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP - PREVISÃO NO PRINCÍPIO 16 DA
DECLARAÇÃO DO RIO/92)
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 63
RIO 92 PRINCÍPIO 16 – Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio,
arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem
procurar promover a INTERNALIZAÇÃO dos custos ambientais e o uso
de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse
público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.
Princípio cautelar e economicamente aplicável ao direito ambiental. Possui dois aspectos:
1) Preventivo: é a internalização das externalidades negativas;
2) Reparador: ocorrendo algum dano ambiental, o empreendedor será responsável pela
reparação dos danos causados ao meio ambiente. Exemplo: uma catástrofe natural danifica
um depósito de resíduos, causando vazamento. A responsabilidade em matéria ambiental é
objetiva (art. 14, §1º, da Lei 6.938/81), havendo dever de reparação. É o que ocorreu em
Mariana/MG.
“Pacífica a jurisprudência do STJ de que, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei
6.938/1981, o degradador, em decorrência do princípio do poluidor-pagador,
previsto no art. 4º, VII (primeira parte), do mesmo estatuto, é obrigado,
independentemente da existência de culpa, a reparar – por óbvio que às suas
expensas – todos os danos que cause ao meio ambiente e a terceiros
afetados por sua atividade, sendo prescindível perquirir acerca do elemento
subjetivo, o que, consequentemente, torna irrelevante eventual boa ou má-fé
para fins de acertamento da natureza, conteúdo e extensão dos deveres de
restauração do status quo ante ecológico e de indenização” (passagem do
REsp 769.753, de 08.09.2009).”
*Internalização = corresponde ao PROCESSO DE PRODUÇÃO.
*Externalidade = é tudo aquilo que está FORA do processo produtivo.
PPP = ao invés de lançar efluentes em rios, deve-se instalar estação de tratamento, filtro
para gases etc.
O empreendedor deve internalizar os custos de prevenção, monitoramento e reparação
dos danos causados ao meio ambiente.Obs.: Há na doutrina diferenciação entre poluidor direto e poluidor
indireto. O primeiro é o responsável diretamente pelo dano ambiental.
Ex.: Empresa responsável por um determinado acidente ambiental. O
segundo, por sua vez, é aquele que se beneficia da atividade poluente,
consumindo um determinado produto que é oriundo de uma atividade
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 64
considerada poluente, ou quem cria os elementos necessários para
que a poluição ocorra, permitindo que o bem a ser consumido seja
lesivo ao meio ambiente
Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/TO (2022) De acordo com preceitos legais, quem utiliza o recurso
ambiental com fins econômicos deve suportar seus custos por força do
princípio do poluidor-pagador. Correta!
TJ/RO (2019) Determinada indústria química elimina seus rejeitos no rio que
abastece uma cidade, alterando as características do meio ambiente e
prejudicando a segurança e o bem-estar da população. Nesse caso, o
princípio ambiental que visa à internalização das externalidades ambientais
negativas e busca impedir a socialização dos custos ambientais é o princípio
do usuário-pagador. Errada!
MPE/PI (2019) À luz do direito ambiental, a referida obrigatoriedade de
compra de sacolas plásticas é um exemplo de aplicação do princípio do
poluidor-pagador. Correta!
7.8. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR
Trata-se de um princípio complementar ao Princípio do Poluidor-Pagador. oriundo de um
julgado do STF - ADI 3378/DF -, com fulcro no art. 4º, VII L. 6938/81.
Art. 4º L. 6938/81: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao USUÁRIO, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.
Para este princípio, devem-se quantificar os recursos naturais para evitar o custo zero, já
que este leva à hiper exploração e consequentemente à escassez. Exemplo: seria a água potável
no mundo.
• “Usuário” é aquele que faz uso de recurso ambiental e sem causar degradação, diferente
do “poluidor”.
• “Poluidor” é aquele que direta ou indiretamente causa degradação
Crise hídrica em SP, multa para as pessoas que estavam desperdiçando.
Deve estar prevista em lei, o que mostra simbiose com princípio da legalidade (art. 19 da
Lei 9.433/97).
Art. 19 da Lei 9433/97. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação
de seu real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e
intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 65
Ementa: O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador,
este a significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade
social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4.
Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação
ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação
do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro
meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente
compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente
ecologicamente garantido em sua higidez. 6. Ação parcialmente procedente.
ADI 3378/DF (08.04.08)
Lei nº 9.985/00 Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo
órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do
Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no
regulamento desta Lei.
§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos
para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado
pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008)
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas
apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser
contemplada a criação de novas unidades de conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste
artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável
por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao
Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo.
Visa, em suma:
• Racionalizar o uso;
• Arrecadar recursos a serem revertidos ao meio ambiente;
• Funcionar como medida educativa;
• Quantificar o recurso natural para evitar escassez;
• Evitar o custo zero;
• Evitar o uso abusivo.
7.9. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR (PPR - ARTIGO 6º, INCISO II, DA LEI
12.305/2010)
Relacionado ao poluidor-pagador. Previsto no artigo 6º, inciso II, da Lei 12305/2010. Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 66
Lei 12305/10 Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
II - o poluidor-pagador e o PROTETOR-RECEBEDOR;
Poluidor-pagador (STJ - princípio da responsabilidade): finalidade punitiva.
Protetor-recebedor: finalidade de reconhecimento; aquele que protege o meio ambiente,
deve ser reconhecido por suas iniciativas em razão de serviços ambientais que aproveitem toda a
sociedade. Pode-se justificar tratamento jurídico, econômico, orçamentário distinto para empresas
que poluem e que protegem, sem que isso ofenda a isonomia.
Visão sistêmica da gestão dos resíduos sólidos.
Há no artigo 41 do Código Florestal fixação de programa de apoio e incentivo à preservação
e recuperação do meio ambiente, com a possibilidade de pagamento ou incentivo a serviços
ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos
ecossistemas, consagrando o referido princípio.
Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do
cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à
conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e
boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com
redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do
desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os
critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de
ação:
I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária
ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que
gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente:
a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a
diminuição do fluxo de carbono;
b) a conservação da beleza cênica natural;
c) a conservação da biodiversidade;
d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;
e) a regulação do clima;
f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico;
g) a conservação e o melhoramento do solo;
h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e
de uso restrito;
Como o tema foi cobrado em concurso?
TRF4 (2022) Admite-se o pagamento por serviços ambientais relacionados
com o regime de conservação das águas e dos serviços hídricos para a
conservação do meio ambiente, como forma de promoção do
desenvolvimento ecologicamente sustentável. Correta!
7.10. PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA (PEE - O ARTIGO 6º, INCISO V, DA LEI 12.305/2010)
Lei 12305/10 Art. 6º São princípiosda Política Nacional de Resíduos Sólidos:
V - a ECOEFICIÊNCIA, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a
preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 67
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;
Compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços
qualificados, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do
impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à
capacidade de sustentação estimada do planeta (art. 6º, V, da Lei 12.305/2010). Ineficiência pode
levar à interdição. Só pode ficar no mercado quem for ecoeficiente.
7.11. PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO
Subdivide-se em três subprincípios, quais sejam:
1) Princípio da Informação;
2) Princípio da Participação Comunitária;
3) Princípio da Educação Ambiental.
7.11.1. Princípio da Informação
Previsões:
1) Lei 10.650/03 - garante a todos os cidadãos o acesso às informações de dados ambientais
públicos, salvo o sigilo industrial.
L.10.650/03 Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o acesso público aos dados e
informações ambientais existentes nos órgãos e entidades integrantes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, instituído pela Lei no6.938,
de 31 de agosto de 1981.
2) Declaração do Rio:
PRINCÍPIO 10 da Declaração do Rio/92. A melhor maneira de tratar
questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de
todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter
acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que
disponham autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais
e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a
oportunidade de participar em processos de tomada de decisões. Os
Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a participação
pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado
acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que
diz respeito à compensação e reparação de danos.
3) CF/1988:
Art. 5º, XXXIII CF/88: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado.
Art. 225, §1º, IV CF/88: “Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 68
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.”
4) Lei da Política Nacional de Biossegurança;
Art. 40 da L. 11.105/05: Os alimentos e ingredientes alimentares destinados
ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir
de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus
rótulos, conforme regulamento.
5) O SISNAMA.
6) Lei 12.305/2010
Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação
dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos,
com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a
recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua
sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de
2007;
Conforme alerta o prof. Márcio Cavalcanti, do Dizer o Direito, o acesso a informações
públicas é um direito simultaneamente autônomo e funcional.3
Além de a prestação de contas e controle do governo pela sociedade ser princípio básico
das democracias, o direito de acesso viabiliza a participação adequada da população na tomada de
decisões coletivas e participação na coisa pública.
No âmbito ambiental, o direito de acesso à informação encontra-se reconhecido no direito
internacional, em diversas normas que visam dar cumprimento ao Princípio 10 da Declaração do
Rio.
Na América Latina e Caribe, o Acordo de Escazú dispõe sobre a matéria. Embora não
internalizado, pendente de ratificação, o direito nacional reflete princípios semelhantes por todo o
ordenamento, desde o nível constitucional, que se espalham em variadas leis federais.
Tal entendimento caminha na construção daquilo que se denomina “Estado de Direito
Ambiental”, que consiste em medidas de governança mutuamente estruturantes devem estar
presentes; entre elas, a divulgação de informações, a participação pública e o accountability, e não
só no papel, senão na prática (FULTON, Scott; BENJAMIN, Antonio Herman. Environmental Rule
of Law and the critical role of Courts in achieving sustainablewater resources. Enviromental Law
Reporter, v. 48, n. 3, March 2018).
Em suma, o ainda incipiente Estado de Direito Ambiental, também dito Estado Ecológico de
Direito ou Estado Socioambiental de Direito (Environmental Ruleof Law), brasileiro contempla
dentre as medidas de transparência ambiental, entre outras:
3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Direito à informação ambiental e obrigação do Estado com a transparência. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f03704cb51f02f80b09bffba15751691>. Acesso em: 16/01/2023
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 69
i) o dever estatal de produzir relatórios de execução de projetos ambientais, como os Planos
de Manejo de APAs;
ii) o dever estatal de publicar tais relatórios na internet, com periodicidade adequada; e
iii) a averbação das APAs nos registros de imóveis rurais, mediante requisição direta do
Ministério Público aos ofícios.
Neste sentido, recentemente, o STJ fixou as seguintes teses em incidente de assunção de
competência:
Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro
compreende:
i) o dever de publicação, na internet, dos documentos ambientais detidos pela
Administração não sujeitos a sigilo (transparência ativa);
ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a informações
ambientais específicas não publicadas (transparência passiva); e
iii) direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível para
a Administração (transparência reativa);
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência
ambiental, sendo ônus da Administração justificar seu descumprimento,
sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos:
i) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas
para a opção de não publicar;
ii) na transparência passiva, de enquadramento da informação nas razões
legais e taxativas de sigilo; e
iii) na transparência ambiental reativa, da irrazoabilidade da pretensão de
produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações
facultativas sobre o imóvel, de interesse público, inclusive as ambientais;
Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro
competente a averbação de informações alusivas a suas funções
institucionais.
STJ. 1ª Seção. REsp 1857098-MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
11/05/2022 (Tema IAC 13) (Info 737).
Como o tema foi cobrado em concurso?
PGE/SC (2022) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem afirmando que, no
regime de transparência brasileiro, vige o princípio da máxima divulgação: a
publicidade é regra, e o sigilo, exceção,sem subterfúgios, anacronismos
jurídicos ou meias-medidas. Assim, informa o STJ que o ainda incipiente
Estado de Direito Ambiental, também dito Estado Ecológico de Direito ou
Estado Socioambiental de Direito (Environmental Rule of Law) brasileiro,
contempla diversas medidas de transparência ambiental.
Nesse contexto, o STJ fixou tese vinculante em incidente de assunção de
competência no sentido de que o Ministério Público pode requisitar
diretamente ao oficial de registro competente a averbação de informações
alusivas a suas funções institucionais. Correta!
7.11.2. Princípio da Participação Comunitária
Este princípio se desdobra em três aspectos: administrativo, judicial e legislativo.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 70
Por este princípio, a população vai poder participar na formação de políticas públicas
ambientais, através dos Conselhos de Meio Ambiente, no âmbito federal (CONAMA), estadual
(CONSEMA) e municipal (cada município terá o seu conselho).
Só pode efetuar o licenciamento ambiental o ente federativo que possua Conselho de Meio
Ambiente, que terá caráter deliberativo, pois visa realizar decisões (não pode ser de caráter
consultivo, de opinião).
No aspecto ADMINISTRATIVO existem as AUDIÊNCIAS públicas (é a possibilidade de que
um órgão ambiental ofereça informações à população, em seguida esta fala suas críticas e
apontamentos — EPIA/RIMA). Exemplo: Os Comentários escritos ao Estudo Prévio de Impacto
Ambiental. Além disso, há as CONSULTAS públicas com previsão constitucional. Elas são mais
abrangentes do que as audiências, pois deixam disponível para qualquer pessoa o seu acesso à
internet, cujo objetivo é deixar comentários sobre uma licitação ambiental.
Uma vez prevista a audiência pública ela DEVE ser realizada, não podendo ser substituída
por consulta pública, sob pena de macular a licença (ou seja, de gerar nulidade), dando azo à ação
civil pública.
No aspecto JUDICIAL têm-se os seguintes instrumentos: ação civil pública (ACP), ação
popular (AP - qualquer cidadão pode ajuizar), mandado de segurança coletivo (MSC) e até ADI.
Quanto ao aspecto LEGISLATIVO há previsão de iniciativa popular, referendo e plebiscito,
conforme prevê o art. 14 CF/88.
Neste sentido inclusive, o STF considerou inconstitucionais normas que impeçam a
participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas ambientais:
São inconstitucionais as normas que, a pretexto de reestruturarem órgãos
ambientais, afastam a participação da sociedade civil e dos governadores do
desenvolvimento e da formulação de políticas públicas, bem como reduzem,
por via de consequência, o controle e a vigilância por eles promovidos.
Com base nesse entendimento, o STF declarou a inconstitucionalidade:
• do art. 5º do Decreto nº 10.224/2020, que extinguiu a participação da
sociedade civil no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio
Ambiente; e
• do Decreto nº 10.239/2020, especificamente no ponto em que excluída a
participação de governadores no Conselho Nacional da Amazônia Legal; e
• do inciso CCII do art. 1º do Decreto nº 10.223/2020, especificamente no
ponto em que se extinguiu o Comitê Orientador do Fundo Amazônia.
STF. Plenário. ADPF 651/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022
(Info 1052).
7.11.3. Princípio da Educação Ambiental (art. 225, §1º, VI CF/88 c/c Declaração do Rio/92 –
Princípio 19)
Art. 225, § 1º, VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
Este dispositivo constitucional foi regulamentado pela Lei 9.795/99, que criou a Política
Nacional de Educação Ambiental. Tal princípio deve ser analisado, sob dois aspectos:
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 71
1º) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino: a educação ambiental
tem que estar presente desde o ensino fundamental até o médio, em nível escolar.
2º) Conscientização pública para a preservação do meio ambiente: vai convergir com o
princípio da informação e participação comunitária.
Declaração do Rio/92 Princípio 19: É indispensável um trabalho de
educação em questões ambientais, visando tanto às gerações jovens
como aos adultos, dispensando a devida atenção ao setor das populações
menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública bem-
informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das
comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, relativamente à
proteção e melhoramento do meio ambiente, em toda a sua dimensão
humana.
Um exemplo concreto deste princípio é o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade — é uma autarquia federal criada em 2007, que possui como objetivo primordial a
educação ambiental.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/AP (2021) Assinale a opção que indica o princípio do direito ambiental
segundo o qual os cidadãos têm o direito de participar da elaboração de
políticas públicas ambientais e de obter de órgãos públicos informações
referentes à defesa do meio ambiente. Princípio democrático. Correta!
7.12. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE E PRINCÍPIO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO PROCESSO
DECISÓRIO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO (DECLARAÇÃO DO RIO/92 –
PRINCÍPIO 17).
A ubiquidade visa colocar a questão ambiental no epicentro dos direitos humanos, ou seja,
todas as decisões, projetos e políticas públicas devem contemplar a questão ambiental ou variável
ambiental de maneira simples para que se possa enxergá-la.
Declaração do Rio/92 – Princípio 17: “A AVALIAÇÃO do impacto
ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades
planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o
meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional
competente”.
Este princípio efetiva-se através do EPIA/RIMA, onde se faz primeiramente a avaliação
ambiental para em seguida realizar a avaliação econômica (posição do STJ).
Vale ressaltar a diferença entre a EPIA/RIMA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental e
Relatório de Impacto Ambiental) e a Avaliação Ambiental Estratégica. A primeira ocorre quando se
avalia apenas um empreendimento/projeto. Já a segunda ocorre quando se têm planos, programas
e projetos governamentais. A consequência está na diferença do impacto ambiental entre elas.
7.13. PRINCÍPIO DO CONTROLE OU DO LIMITE DO POLUIDOR PELO PODER PÚBLICO
(ART. 225, §1º, V CF/88)
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 72
Art. 225, § 1º, V CF/88 - controlar a produção (de energia nuclear), a
comercialização e o emprego de técnicas, métodos (de biotecnologia) e
substâncias (agrotóxicos) que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente.
Significa que o Poder Público tem a obrigação de controlar o poluidor através do
licenciamento ambiental, poder de polícia ambiental e de auditorias ambientais.
Nas auditorias ambientais o projeto já está em andamento e possui o objetivo de verificar o
cumprimento do contrato administrativo, sem prejuízo do poder de polícia.
Exemplo: Lei 11.284/06 (lei que trata de florestas públicas — podendo explorar através de
auditorias do Poder Público, de ONG’s com certificação do INMETRO etc.).
7.14. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (DECLARAÇÃO DO RIO/92 - PRINCÍPIOS 2, 5 E 7 - E
ARTS. 77/78 DA LEI 9.605/98).
Cooperar é agir conjuntamente. Pode ser visto sob dois aspectos: INTERNACIONAL e
INTERNO. O dano ambiental é transfronteiriço.
No que tange ao aspecto de cooperação internacional, os impactos ambientais são
transnacionais (não se circunscrevem às fronteiras dos países). Exemplo: Uruguai X Argentina —
Uruguai possui uma fábrica de celulose, cujos impactos ambientais afetam diretamente a Argentina.
Possui previsão na Declaração do Rio/92 (Princípios 2, 5 e 7) e nos arts. 77/78 da Lei
9.605/98.
Princípio 2 - Os Estados,de acordo com a Carta das Nações Unidas e com
os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus
próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de
desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob
sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de
outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
Princípio 5 – Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa
essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de padrões
de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do
mundo.
Princípio 7 - Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para
a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do
ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a
degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a
responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do
desenvolvimento sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por
suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e
recursos financeiros que controlam.
Art. 77 da Lei 9.605/98. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública
e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 73
ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus,
quando solicitado para:
I - produção de prova;
II - exame de objetos e lugares;
III - informações sobre pessoas e coisas;
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham
relevância para a decisão de uma causa;
V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos
tratados de que o Brasil seja parte.
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça,
que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para
decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
§ 2º A solicitação deverá conter:
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
II - o objeto e o motivo de sua formulação;
III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;
IV - a especificação da assistência solicitada;
V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.
Art. 78 da LEI 9.605/98. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e
especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser
mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e
seguro de informações com órgãos de outros países.
Por outro lado, quanto à cooperação no âmbito interno, há a presença de duas formas:
• Cooperação entre o Poder Público.
• Federalismo Cooperativo (art. 225 CF/88).
O federalismo cooperativo significa que todos os entes têm o dever de cooperação para
proteção do meio ambiente.
7.15. PRINCÍPIO DO NÃO RETROCESSO OU DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO
Por este princípio, deverá o legislador evoluir na edição de normas ambientais cada vez mais
protetivas, não devendo, em regra, flexibilizar normas ambientais, que seria um grande retrocesso.
É um princípio que tem ganhado muito destaque nos últimos, como se confere dos julgados
abaixo transcritos:
A revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis
necessários ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição
ou atualização, compromete a observância da Constituição Federal, da
legislação vigente e de compromissos internacionais.
STF. Plenário. ADPF 747/DF e STF. Plenário. ADPF 749/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 13/12/2021 (Info 1041).
O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de
preservação permanente no cálculo do percentual de instituição da reserva
legal do imóvel, não retroage para alcançar situações consolidadas antes de
sua vigência.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 74
Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de
forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal
a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental.
STJ. 1ª Turma. REsp 1646193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel.
Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 673).
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/MS (2022) O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato
jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, razão
pela qual o cumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta deve ser
regido pelo Código Florestal vigente à época da celebração do acordo.
Correta!
MPF (2022) Há possibilidade de cômputo das áreas de preservação
permanente (zonas específicas nas quais se exige a manutenção da
vegetação) para o cálculo do percentual da reserva legal de imóvel (fração de
vegetação nativa a ser mantido no imóvel), até mesmo porque o Código
Florestal levou em consideração a salvaguarda da segurança jurídica e do
desenvolvimento nacional ao estabelecer uma espécie de “marco zero na
gestão ambiental do país”, sendo, consectariamente, constitucional a fixação
da data de 22 de julho de 2008 como marco para a incidência das regras de
intervenção em área de preservação permanente ou de reserva legal.
Correta!
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 75
SISNAMA (SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) —
LEI 6938/81
1. CONCEITO DE SISNAMA
Conjunto de entes/órgãos ambientais responsáveis pela efetivação da política nacional do
meio ambiente. O SISNAMA não possui personalidade jurídica e quem a possui são os órgãos/entes
que o integram.
2. COMPOSIÇÃO DO SISNAMA
Composto por:
1) Órgão Superior (Conselho de Governo);
2) Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA);
3) Órgão Central (Ministério do Meio Ambiente);
4) Órgãos Executores (IBAMA e ICMBIO);
5) Órgãos Seccionais (órgãos estaduais e outros entes);
6) Órgãos Locais.
2.1. ÓRGÃO SUPERIOR (CONSELHO DE GOVERNO)
Tem como função assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional
e nas diretrizes do meio ambiente e dos recursos ambientais. É composto por Ministros de estado
e Secretários-Gerais.
2.2. ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO (CONAMA)
2.2.1. Atos do CONAMA
O CONAMA tem competência para os seguintes atos:
1) Resolução: Ato típico de Conselho. Aqui se criam as normas gerais do meio
ambiente.
2) Recomendação: São editadas quando o CONAMA orienta os órgãos ambientais
estaduais e municipais sobre a implementação de políticas e programas ambientais.
Normalmente é usado quando se dirige ao Poder Executivo Federal (Presidente da
República) sugerindo algo (recomendar).
3) Proposição: Quando as Comissões de Meio Ambiente do Congresso Nacional se
dirigem ao Conselho de Governo.
4) Moção: É para assuntos diversificados (com caráter aberto). Exemplo: Reclamação
sobre o Código Ambiental de Santa Catarina.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 76
5) Julgar recursos: (art. 8º, III L.6938/81): COMPETIA ao CONAMA decidir, como
última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre
as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA. Mas tal previsão revogada.
Lei 6938/81 Art. 8º Compete ao CONAMA:
III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso,
mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas
pelo IBAMA; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) (Revogado pela Lei
nº 11.941, de 2009)
2.2.2. Composição do CONAMA
Composto pelo:
1) Plenário;
2) CIPAM (Comitê de Integração de Política Ambiental);
3) Câmaras Temáticas;
4) Grupos Assessores.
1) Plenário
Compostopor 108 Conselheiros. Há 05 grupos:
● Representantes do Governo Federal;
● Representantes dos Governos Estaduais;
● Representantes dos Governos Municipais;
● Representantes da Sociedade Civil;
● Representantes do Setor Empresarial.
2) CIPAM (Comitê de Integração de Política Ambiental)
Tem a função de atuar como Secretária Executiva do CONAMA.
3) Câmaras Temáticas
É nas Câmaras Temáticas que se inicia o debate sobre um determinado assunto que fora
abordado anteriormente pelos grupos assessores.
4) Grupos Assessores
Os grupos assessores debatem sobre um determinado assunto e enviam às Câmaras
Temáticas que irão relatar/elaborar um projeto e encaminhá-lo ao CIPAM.
2.2.3. Competência do CONAMA
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 77
Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, dos Conselheiros do CONAMA e dos órgãos
ambientais estaduais, normas e critérios para o licenciamento de atividades ou potencialmente
poluidores. Quem define normas gerais de licenciamento ambiental é o CONAMA (Resolução
237/97).
Obs.: A parte final do art. 8º, I encontra-se desatualizada, tendo em
vista há licenciamento federal, estadual e municipal.
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos
ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem
assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação
dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras
ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas
consideradas patrimônio nacional.
Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das
possíveis consequências ambientais de projetos públicos e privados, requisitando as informações
indispensáveis ao exame da matéria. Assim sendo, pode o CONAMA pedir autorização do
EPIA/RIMA se este projeto for em áreas de patrimônio nacional, em especial.
Obs.: A função de realização de estudos e projetos, atualmente é feita
pelos órgãos ambientais que fazem o licenciamento ambiental (na
esfera federal, o IBAMA). Isso não é mais feito pelo CONAMA
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou
condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais,
e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais.
Isto porque, no Brasil, boa parte dos empresários vive de financiamento de órgãos estatais (ex.:
BNDES), que podem conceder a elas benefícios fiscais, desde que as empresas possuam
consciência ecológica (cumpre com a legislação ambiental — art. 12 L. 6938/81).
Ex.: Se um banco privado ao liberar os benefícios através de financiamento, não verifica se
a empresa cumpre com a legislação e esta gera danos ao meio ambiente, o banco privado passará
para o polo passivo da ação civil pública (responsabilidade subjetiva).
Art. 12 L. 6938/81 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos
governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses
benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das
normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA.
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste artigo
deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de
equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria
da qualidade do meio ambiente.
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 78
Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por
veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes.
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, principalmente os hídricos.
A doutrina considera a competência mais importante, pois é a ampla, dando margem para a
sua atuação em diversas áreas não mencionadas nos demais incisos.
Por fim, apesar de parte da doutrina defender que as resoluções do CONAMA extrapolam
sua competência, o STF as aceita, a exemplo da ADPF dos pneus usados, em que se manteve as
resoluções do CONAMA que vedam a importação, exceto de países do MERCOSUL. Por isso,
afirma-se que possui poder regulamentar
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas
funções, o Presidente do CONAMA. (Incluído pela Lei nº 8.028, de 1990)
2.3. ÓRGÃO CENTRAL (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE)
Tem a função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar como órgão federal a política
nacional e as diretrizes governamentais para o meio ambiente.
Órgãos auxiliares: IBAMA, ICMBIO, ANA (Agência Nacional das Águas – agência
reguladora) e Instituto Jardim Botânico.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/SC (2021) Um cidadão, por descuido, iniciou um incêndio em sua
propriedade, situada em área rural coberta pelo bioma campos, o que
resultou na destruição da vegetação nativa de outras duas propriedades
vizinhas.
A Fundação do Meio Ambiente (FATMA), como órgão central do SISNAMA,
poderá multar o cidadão e embargar a sua propriedade, considerando a falta
de autorização para queimadas. Errada!
2.4. ÓRGÃOS EXECUTORES
2.4.1. IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)
Tem a função de implementar a política nacional do meio ambiente.
É uma autarquia federal. Cuida dos recursos renováveis (quem cuida dos recursos não
renováveis é o Ministério de Minas e Energia).
Possui competência para:
• Exercer poder de polícia (aplicação de multas).
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 79
• Para realizar licenciamento de obras e atividades de impacto nacional (é aquele que
ultrapassa as fronteiras do Brasil) ou regional (é aquele que abrange dois ou mais
Estados-membros).
2.4.2. ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Dec. 99274/90)
Foi incluído como órgão executor do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação) pela Lei 9.985/00.
É uma autarquia federal.
Possui a finalidade de realizar a gestão das unidades de conservação criadas no âmbito
federal.
2.5. ÓRGÃOS SECCIONAIS (ÓRGÃOS ESTADUAIS E OUTROS ENTES)
De caráter executivo, essa instância do SISNAMA é composta por órgãos (em geral, são as
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente) e entidades estaduais (FUNAI, Fundação Palmares etc.)
responsáveis pela execução de programas e projetos, assim como pelo controle e fiscalização de
atividades degradadoras do meio ambiente.
2.6. ÓRGÃOS LOCAIS
Trata-se da instância composta por órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades em suas respectivas jurisdições. São, quando elas
existem, as Secretarias Municipais de Meio Ambiente.
Pode um órgão local ambiental efetuar licenciamento ambiental, desde que possua
Conselho de Meio Ambiente com caráter deliberativo e plano diretor (este último, com cidades com
mais de 20 mil habitantes).
Exemplo: Shopping Center pode ser licenciado (verifica-se o impacto local que não poderá
abrangeroutros Municípios).
Como o tema foi cobrado em concurso?
Procurador Municipal Florianópolis (2022) No âmbito municipal, o
SISNAMA é estruturado por Órgãos Locais, responsáveis pelo controle e
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. Correta!
3. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (art. 2º, Lei. 6.938/81)
Os princípios trazidos no diploma regem toda a sistemática da política de proteção do meio
ambiente, sendo recorrentemente cobrados nas provas. Por isso, transcrevemos o art. 2º:
Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 80
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando
o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.
OBS: é muito comum misturarem nas provas os princípios e os
objetivos, portanto, faça uma leitura atenta dos arts. 2º e 4º da Lei.
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE/MG (2022) As opções a seguir apresentam objetivos da Política
Nacional do Meio Ambiente – PNMA, de acordo com o texto da Lei nº
6.938/1981, à exceção de uma. Assinale-a. A priorização absoluta da
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico em
relação ao desenvolvimento econômico-social. Correta!
TJ/PR (2019) Os princípios expressos na Lei n.º 6.938/1981 — Política
Nacional do Meio Ambiente — incluem a racionalização do uso do solo, do
subsolo, da água e do ar e a recuperação de áreas degradadas. Correta!
4. OBJETIVO GERAL DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e a proteção da dignidade da vida humana.
A doutrina entende que o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é o principal objetivo da
Lei 6.938/81, pois versa sobre a proteção do meio ambiente com a compatibilização do
desenvolvimento das atividades econômicas.
5. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (ART. 9º L. 6938/81)
5.1. ART. 9º
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 81
Lei 6938/81 Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
5.2. ANÁLISE DOS INCISOS DO ART. 9º DA LPNMA (Lei 6.938/81)
5.2.1. Inciso I: padrões de qualidade ambiental
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (do ar, água e solo), em regra, pelo
CONAMA, através de suas Resoluções.
Citam-se, como exemplos, os seguintes padrões estabelecidos pelo CONAMA:
• Limite à poluição sonora;
• Limite à poluição atmosférica de ciclomotores, motociclos e veículos similares novos;
• Limite à poluição dos corpos hídricos e suas classificações
• Limite à poluição atmosférica de fontes fixas.
5.2.2. Inciso II: zoneamento ambiental
II - o zoneamento ambiental;
Zoneamento ambiental que é denominado hoje de ZONEAMENTO ECOLÓGICO
ECONÔMICO.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 82
Zoneamento consiste num instrumento para planejar e ordenar o território brasileiro,
harmonizando as relações econômicas, sociais e ambientais. Em suma, cuida do uso e ocupação
do solo.
Existem restrições nos zoneamentos: numa zona mista (urbana e rural) não pode uma
indústria funcionar depois das 20h, por exemplo. Em zona residencial não se pode ter boate, por
exemplo. Atualmente, está mapeando a Amazônia Legal (zoneamento).
5.2.3. Inciso III: avaliação de impacto ambiental
III - a avaliação de impactos ambientais;
São os estudos ambientais, tais como:
1) EPIA/RIMA = EPIA (Estudo Prévio de Impactos Ambientais) / RIMA (Relatório de Impacto
do Meio Ambiente).
AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) ≠ EPIA/RIMA
Gênero Espécie (de estudos ambientais)
2) Relatório Ambiental Preliminar (RAP) e Relatório de Viabilidade Ambiental (RVA): São
estudos simplificados, ou seja, não demandam a realização do EPIA/RIMA. Não
podem ser usados para estudos ambientais em obras de grande impacto que causem
danos ambientais degradantes.
3) AAE (Avaliação Ambiental Estratégica) = Quando se tem: planos, programas e políticas
governamentais, que visam avaliar um conjunto de várias obras/empreendimentos.
Exemplo: PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
AAE (Avaliação Ambiental
Estratégica)
AIA (Avaliação de Impacto
Ambiental)
Quando se tem: planos, programas e
políticas governamentais, que visam
avaliar um conjunto de várias
obras/empreendimentos.
Visa projetos e empreendimento
singulares (individuais). Ex.: Licenciar
uma rodovia, ferrovia etc. Gênero
(EPIA/RIMA)
5.2.4. Inciso IV: licenciamento ambiental
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 83
O licenciamento ambiental (Resolução 237/97 do CONAMA) e a revisão de atividades efetiva
ou potencialmente poluidoras.
OBS.: Os itens I ao IV são INSTRUMENTOS DE COMANDO-
CONTROLE, ou seja, o Poder Público traz as normas e depois realiza
a fiscalização se estas estão sendo cumpridas.
5.2.5. Inciso V: incentivos ao empreendedor
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia,voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
Possibilidade do empreendedor tem de realizar a gestão ambiental, que pode ser:
1) ISO 14.001
Consiste num sistema de gestão ambiental que certifica o cumprimento de normas
ambientais pelas empresas. Exemplo: ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que
certifica o ISO 14.001.
2) P + L (Produção + Limpa)
Estratégia ambiental preventiva e integrada que envolve processos, produtos e serviços de
maneira a reduzir os riscos de curto e longo prazo para o ser humano e o meio ambiente. Vale dizer
que esta expressão (P+L) surgiu com a ONU, cujo objetivo é fazer com que as empresas adotem
medidas preventivas para causar menor impacto ambiental possível. Ex.: Instalações de filtros para
gases poluentes, instalação de estações de tratamento de esgoto e de resíduos etc.
3) Rotulagem ambiental (ou Selo Ambiental ou Selo Ecológico)
Muitas empresas tomam conhecimento que os consumidores preferem consumir produtos
ambientalmente favoráveis e por isso produzem produtos que possuam certificações, que são os
selos ambientais.
4) “Cluster” (Conglomerados Ambientais)
Ocorre quando tem que reunir no mesmo parque industrial, várias empresas que possuem
ligação. Ex.: Empresa A lança dejeto que será usado pela empresa B como insumo, cujo objetivo é
evitar o turismo da poluição. Assim sendo, onde as empresas produzem, lá devem tratar os danos
ambientais preferencialmente.
5.2.6. Inciso VI: criação de espaços territoriais especialmente protegidos
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e
reservas extrativistas.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 84
5.2.7. Inciso VI: criação do SINIMA
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
O SINIMA (Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente) é previsto no art. 11,
II do Dec. 99274/90.
Artigo 11 Dec. 99274/90 - Para atender ao suporte técnico e administrativo
do CONAMA, o IBAMA, no exercício de sua secretaria-executiva, deverá:
II - coordenar, por meio do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio
Ambiente-SINIMA, o intercâmbio de informações entre os órgãos integrantes
do SISNAMA; e...
O SINIMA é composto por:
1) Redes computacionais livres que permitam a integração entre os órgãos ambientais
do SINIMA (trocas de informações) — Princípio sobre a Informação Ambiental.
2) Por tudo aquilo associado aos dados e informações ambientais que devem constar nos
Cadastros Técnicos Federais (que são dois = Atividades e Instrumentos) e ambos
integram o SINIMA.
5.2.8. Inciso VIII: Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa
ambiental
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
O cadastro é obrigatório, sob pena de multa para pessoa física e pessoa jurídica que se
dedique à consultoria técnica sobre questões ambientais. É igualmente obrigatório à indústria de
comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva
e potencialmente poluidoras.
Vale dizer que é um cadastro público, o fato de estar inscrito neste cadastro não significa
certificação de qualidade. A cada dois anos deve ser renovada a inscrição neste cadastro e não se
paga taxa por isso.
Por fim, àqueles que são condenados por crimes ambientais ou infrações administrativas
ambientais previstas na Lei 9.605/98 podem ter seu cadastro suspenso.
5.2.9. Inciso IX: cominação de penalidades disciplinares ou compensatórias
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental, que são reguladas pelo Dec.
6514/08.
5.2.10. Inciso X: relatório de qualidade do meio ambiente
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 85
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA;
A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.
Este relatório sintetiza, sistematiza e analisa informações ambientais para a gestão dos
recursos naturais e conservação dos ecossistemas em nosso país. O público-alvo são os gestores
de meio ambiente federais, estaduais e municipais, atores privados de educação e pesquisa,
organismos internacionais, organizações não governamentais; meios de comunicação e o público
em geral.
Assim, a proposta de elaboração do RQMA4 pelo Ibama consiste na fundamentação legal
deste mandato institucional, da definição de uma metodologia e da proposição de estratégias e de
ações conjuntas para o cumprimento dos objetivos propostos.
5.2.11. Inciso XI: garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
O Poder Público tem a obrigação de prestar informações ambientais, em razão do
princípio da informação ambiental, na qual garante o acesso da população sobre algumas
informações relativas à matéria ambiental. Resguarda-se apenas o sigilo industrial.
Se não há informação sobre aquelas informações, a população pode exigir que o Poder
Público a produza — é o chamado direito público subjetivo.
5.2.12. Inciso XII: cadastro de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de
recursos ambientais
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou hostilizadoras dos
recursos ambientais. Este cadastro é previsto no art. 17, II L.6938/81. O fato de estarem inscritos
neste cadastro não desobriga as pessoas jurídicas de obterem as licenças ambientais. É
obrigatório, sob pena de multa. Este cadastro fará o mapeamento das empresas que se dedicam a
atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de
produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da
fauna e flora.
Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas
físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras
4 Os últimos relatórios assinados pelo Ibama podem ser acessados nos links a seguir: https://www.gov.br/ibama/pt-
br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/2022/2022-06-03_RQMA_Brasil_2020.pdf e https://www.gov.br/ibama/pt-
br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/RQMA_2013.pdf.
https://www.gov.br/ibama/pt-br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/2022/2022-06-03_RQMA_Brasil_2020.pdf
https://www.gov.br/ibama/pt-br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/2022/2022-06-03_RQMA_Brasil_2020.pdf
https://www.gov.br/ibama/pt-br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/RQMA_2013.pdf
https://www.gov.br/ibama/pt-br/phocadownload/qualidadeambiental/relatorios/RQMA_2013.pdf
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 86
e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos
potencialmenteperigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e
subprodutos da fauna e flora.
O Poder Público criou uma TAXA DE CONTROLE DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL,
vinculada a este cadastro (art. 17-B L. 6938/81). O fato gerador desta taxa é o exercício de poder
de polícia conferido ao IBAMA.
Art. 17-B L. 6938/81. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia
conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA para controle e fiscalização das atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.
Como o tema foi cobrado em concurso?
PGE/MS (2021) Visando o desempenho de atividade de fiscalização
ambiental mediante a utilização de parcela de recursos obtidos por meio da
taxa de controle e fiscalização ambiental (TCFA), o estado da Federação
poderá formalizar com o IBAMA convênio.
5.2.13. Inciso XIII: instrumentos econômicos
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Instrumentos econômicos, como:
1) Seguro ambiental
Até o presente momento, não está regulamentado. A ideia central deste seguro ambiental é
fazer com que as empresas que realizam o licenciamento ambiental devam pagar o mesmo, onde
as seguradoras passarão a auxiliar na fiscalização dos empreendimentos potencialmente danosos
ao meio ambiente.
2) Concessão florestal
Delegação onerosa feita pelo Poder Público do direito de praticar o manejo florestal
sustentável para a exploração de serviços (ex.: hotel de ecoturismo) e recursos florestais. Deve
haver procedimento licitatório, cuja modalidade é a concorrência.
3) Servidão ambiental (art. 9º-A L.6938/81)
Ocorre mediante anuência do órgão ambiental competente, o proprietário rural pode instituir
servidão ambiental, pela qual voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, total
ou parcialmente, a direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais existentes na
propriedade.
Vale dizer que não se pode realizar servidão ambiental em reserva legal florestal e nem em
área de preservação permanente.
O principal objetivo da servidão é valorizar o imóvel (ou prédio) dominante, adicionando-lhe
funcionalidade, beleza e comodidade. Como já explicitado, é uma relação imóvel - imóvel, de
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 87
modo que o direito do titular se prende à coisa, não à pessoa, que o detém apenas no status de
proprietário do bem, e enquanto perdurar a relação dominical.
Constituindo-se de servidão ambiental, averbada na transcrição ou matrícula no registro de
imóveis, a propriedade gozará de incentivos tributários, como isenção do Imposto Sobre a Renda
do Proprietário, isenção do Imposto Territorial Rural (para áreas de cobertura vegetal primária ou
estágio médio e avançado de regeneração), compensação da Reserva Legal e dedução do Imposto
Sobre a Renda do Doador Ambiental. Além disso, o Projeto prevê incentivos creditícios que
abrangem a Servidão Ambiental.
Lei 6938/81 Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural
ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo
administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o
uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou
recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão
ambiental. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).
§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir,
no mínimo, os seguintes itens:
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos
um ponto de amarração georreferenciado;
II - objeto da servidão ambiental;
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor;
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental.
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente
e à Reserva Legal mínima exigida.
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão
ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.
§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de
imóveis competente:
I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental;
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental.
§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental
deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.
§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração
da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título,
de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.
§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos
termos do art. 44-A da Lei no4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser
consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão ambiental.
Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou
perpétua.
§ 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.
§ 2o A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários
e de acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do
Patrimônio Natural - RPPN, definida no art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho
de 2000.
§ 3o O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-
la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em
favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a
conservação ambiental como fim social.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 88
Art. 9o-C. O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão
ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel.
§ 1o O contrato referido no caput deve conter, no mínimo, os seguintes itens:
I - a delimitação da área submetida a preservação, conservação ou
recuperação ambiental;
II - o objeto da servidão ambiental;
III - os direitos e deveres do proprietário instituidor e dos futuros adquirentes
ou sucessores;
IV - os direitos e deveres do detentor da servidão ambiental;
V - os benefícios de ordem econômica do instituidor e do detentor da servidão
ambiental;
VI - a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusive medidas
judiciais necessárias, em caso de ser descumprido.
§ 2o São deveres do proprietário do imóvel serviente, entre outras obrigações
estipuladas no contrato:
I - manter a área sob servidão ambiental;
II - prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as condições dos
recursos naturais ou artificiais;
III - permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo detentor da servidão
ambiental;
IV - defender a posse da área serviente, por todos os meios em direito
admitidos.
§ 3o São deveres do detentor da servidão ambiental, entre outras obrigações
estipuladas no contrato:
I - documentar as características ambientais da propriedade;
II - monitorar periodicamente a propriedade para verificar se a servidão
ambiental está sendo mantida;
III - prestar informações necessárias a quaisquer interessados na aquisição
ou aos sucessores da propriedade;
IV - manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área objeto
da servidão;
V - defender judicialmente a servidão ambiental.
Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/AP (2022) São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
Zoneamento ambiental, avaliação de impactos ambientais e licenciamento e
a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Correta!
6. EPIA/RIMA (ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE IMPACTO DO
MEIO AMBIENTE)
6.1. INTRODUÇÃO
É possível encontrar duas expressões (que na verdade, significama mesma coisa):
● EPIA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental – criada pela CF/88); ou
● EIA (Estudo de Impacto Ambiental – oriunda antes da CF/88, criada pela Resolução nº1/86
do CONAMA.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 89
QUESTÃO: Qual a diferença entre EPIA e o RIMA?
Resposta: O EPIA (Estudo Prévio de Impacto Ambiental) é um documento/estudo técnico,
complexo, amplo em que se realizam as pesquisas de campo, a revisão da literatura e todos os
estudos ambientais decorrentes.
Já o RIMA (Relatório de Impacto do Meio Ambiente) é um documento gerencial, que deve
ser apresentado de maneira clara, objetiva e didática. Deve ser compreensível à população. O RIMA
é um espelho do EPIA, já que traduz as suas conclusões, isto é, não existe RIMA desassociado
do EPIA.
6.2. BASE LEGAL: ART. 225, §1º, IV CF/88 E RESOLUÇÃO Nº 1/86 CONAMA.
Previsão na CF:
Art. 225, §º CF/88. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.
“Exigir” = não há discricionariedade do órgão ambiental entre realizar ou não o EPIA. O
pressuposto do EPIA é a significativa degradação do meio ambiente, em caso de se ter uma obra
ou atividade que a cause.
“Na forma da lei” = até hoje não foi editada tal lei. Então, quem regulamenta a EPIA? Há
divergências:
1ª corrente) trata de reserva legal absoluta;
2ª corrente) trata de reserva legal relativa;
3ª corrente) quem regulamenta a EPIA é a L.6938/81.
O STF entende que “na forma da lei” seria reserva legal absoluta (1ª corrente). Porém,
adotando este entendimento, o EPIA/RIMA não teria fundamentação.
Adotando a 2ª corrente (MAJORITÁRIA – doutrina) podem-se aceitar as resoluções editadas
pelo CONAMA. Logo, a Resolução nº 1/86 foi formalmente recepcionada pelo texto
constitucional.
A 3ª corrente entende que a L.6938/81, art. 9º, III que trata do AIA (Avaliação de Impacto
Ambiental), na qual justificaria o EPIA/RIMA.
ATIVIDADE OU
EMPREENDIMENTO
CAUSANDO
SIGNIFICATIVA
DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL
Terá que realizar o
EPIA/RIMA
Sendo deferido
consegue-se a LICENÇA
PRÉVIA
NÃO CAUSANDO
SIGNIFICATIVA
DEGRADAÇÃO
AMBIENTAL
Realiza ESTUDOS
AMBIENTAIS
SIMPLIFICADOS
LICENÇA PPRÉVIA
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 90
Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986
6.3. FUNÇÃO DO EPIA
Possui a função primordial de preservar e monitorar os impactos ambientais e figura como
instrumento de materialização dos princípios da prevenção e precaução.
Normalmente, o empreendedor faz primeiro uma avaliação econômica de seu projeto para
depois realizar o EPIA, que é uma regra de bom-senso, visto que é necessário primeiramente
analisar os impactos ambientais. O EPIA é realizado antes das obras/empreendimentos.
Desta forma, a avaliação técnica do impacto deve ter certa proximidade com a execução do
projeto. Mudanças radicais no meio ambiente ou novos dados, no período entre a elaboração e
execução do projeto, exigem a elaboração não de um EPIA, mas, sim, de uma Licença de
Operação Corretiva ou Retificadora, conforme previsto no art. 34 do Decreto 4.340/2002, que
regulamentou os artigos da Lei 9.985/2000.
Decreto 4340/02, Art. 34. Os empreendimentos implantados antes da edição
deste Decreto e em operação sem as respectivas licenças ambientais
deverão requerer, no prazo de doze meses a partir da publicação deste
Decreto, a regularização junto ao órgão ambiental competente mediante
licença de operação corretiva ou retificadora.
Ou seja, para os empreendimentos que já têm licença de operação, estes não devem
elaborar um EPIA/RIMA, pois o estudo não seria mais que um caro capricho da Administração
imposto ao empreendedor, no qual todos os aspectos técnicos que poderiam ser levantados
estariam prejudicados pelo início das operações há anos.
Para esses casos a lei orienta para que seja elaborada uma Licença de Operação Corretiva,
medida já adotada por diversos Estados do Brasil, como Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Santa
Catarina, pois evita um digladiar entre princípios constitucionais, bem como, não macula um ato
jurídico perfeito, que foi a primeira licença obtida pelo empreendimento.
A Licença de Operação Corretiva, ao mesmo tempo em que reconhece e respeita as
licenças de operação já dadas, ainda permite que essas empresas, junto com o órgão competente
ambiental, elaborem programas para a atualização dos estudos científicos apresentados quando
da licença prévia.
6.4. LICENÇA DE OPERAÇÃO CORRETIVA OU RETIFICADORA (LOC)
Usando estudo comparativo, para requerer a Licença de Operação Corretiva (LOC) nos
Estados que já adotam esse mecanismo, os empreendimentos devem formalizar um pedido à
entidade responsável pelo licenciamento ambiental, em que se iniciará um processo administrativo
que culminará em visitas técnicas de pessoal deste órgão às usinas, que juntamente com técnicos
daquela empresa, verificarão como está a situação que envolve o meio ambiente naquele
empreendimento, se elaborando dessa troca de informações, um Plano de Controle Ambiental
(PAC).
Enfim, um estudo que levará em conta os anos de funcionamento da empresa, bem como
sua relação com o meio ambiente durante todo esse período.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 91
De se notar, ainda, que as empresas que já estão instaladas não trabalhavam sem qualquer
fiscalização ambiental, pois, seguindo as respectivas Leis Estaduais, eram submetidas a auditorias
ambientais periódicas.
Importante também esclarecer que a Licença de Operação Corretiva não se confunde com
Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC). Enquanto esse é oriundo de um
"ato lesivo", a Licença de Operação Corretiva não é oriunda de ato lesivo algum e tem por objetivo
regularizar os empreendimentos que se iniciaram antes da exigência legal do EPIA/RIMA.
6.5. CONDICIONANTES DO EPIA/RIMA (HERMAN BENJAMIN)
1) Prevenção aos danos ambientais;
2) Transparência administrativa;
3) Consulta aos interessados;
4) Motivação das decisões ambientais;
Vejamos:
6.5.1. Prevenção aos danos ambientais
Antes de se realizar as obras, faz-se as análises de possíveis impactos ambientais e por
isso pode-se adotar medidas preventivas para minimizar ou mitigar. Todavia, quando não for
possível a medida preventiva, realizam-se as medidas compensatórias (art. 36, Lei 9985/00).
Art. 36 Lei 9.985/00. Nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo
órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do
Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no
regulamento desta Lei.
1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos
para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado
pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008)
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas
no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada
a criação de novas unidades de conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou
sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste
artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável
por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao
Grupode Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo.
Este dispositivo foi objeto de ADI (ADI 3378/DF).
ADI 3378/DF (08.04.08) Ementa: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 92
9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA
COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS
DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE
PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação
ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio
da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de
financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De
igual forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por não
se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres
aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da
compensação, de acordo com a compostura do impacto ambiental a ser
dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000
densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo
de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos
ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente desrespeito
ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como
instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as
presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir
essa finalidade constitucional. Medida amplamente compensada pelos
benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente
garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não
pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000.
O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado
proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se
assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da
fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação
parcialmente procedente.
Como o tema foi cobrado em concurso?
PGE/SC (2022) A sociedade empresária Alfa protocolizou requerimento de
licença ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental,
assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em
estudo de impacto ambiental e seu respectivo relatório - EIA/RIMA
apresentados. No caso em tela, consoante dispõe a Lei nº 9.985/2000, em
regra, a sociedade empresária Alfa será obrigada a apoiar a implantação e
manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral.
Correta!
6.5.2. Transparência administrativa
É uma obrigação constitucional, onde se deve ter a publicidade. Ou seja, um dos principais
objetivos do EPIA é a transparência administrativa quanto aos efeitos ambientais de um
determinado projeto. Sendo assim, todo empresário quando realizar um licenciamento ambiental
necessita realizar o EPIA/RIMA, que será publicada, através de um “extrato”.
6.5.3. Consulta aos interessados
São as audiências públicas. Quem for sofrer os possíveis impactos ambientais devem ser
consultados, através destas audiências (Resolução nº 9/87 CONAMA).
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101710/lei-9985-00
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 93
6.5.4. Motivação das decisões ambientais
Toda decisão no âmbito ambiental deve ser motivada ou fundamentada, sob pena de se
ajuizar ação judicial, seja ação popular ou ação civil pública.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/AC (2022) A exigência de estudo de impacto ambiental (EIA) para o
licenciamento de atividade apta a causar degradação ao ambiente decorre do
princípio da prevenção. Correta!
MPE/AC (2022) O licenciamento ambiental é procedimento administrativo
restrito à concessão de licença prévia aos empreendimentos de grande porte.
Errada!
MPE/AC (2022) O órgão ambiental está vinculado às conclusões do EIA, de
modo que, se este for desfavorável à concessão da licença ambiental, a
administração não poderá concedê-la. Errada!
TJ/MS (2020) O Ministério Público ajuizou uma ação civil pública visando à
declaração de nulidade de licenciamento ambiental conduzido por estudo
ambiental diverso do Estudo de Impacto Ambiental e Respectivo Relatório
(EIA-RIMA). O Magistrado deverá
determinar a produção de prova pericial para aferir a necessidade de
elaboração do EIA-RIMA no licenciamento ambiental. Correta!
6.6. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 1º
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
6.6.1. Impacto ambiental
Consiste em qualquer alteração das propagandas químicas, físicas ou biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante de atividades humanas que
afetem direta/indiretamente:
1) A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
2) As condições (atividades) sociais e econômicas;
3) A biota;
4) As condições estáticas e sanitárias do meio ambiente;
5) Que afetam a qualidade dos recursos ambientais.
O impacto ambiental que interessa é aquele causado por atividade humana (antrópica). O
impacto ambiental causado pela natureza pode ser: abalos sísmicos, onda vermelha.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 94
No entanto, têm-se impactos ambientais positivos, como por exemplo, o Aterro do Flamengo
(RJ).
6.6.2. Saúde, segurança e o bem-estar da população:
Saúde = fábrica que produz e lança gases no ar prejudicando a saúde da população.
Segurança = é aquela atividade que pode causar erosão, desabamento. Inclui também,
nesta hipótese, a segurança pública, já que possui correlação direta entre o desmatamento e a
criminalidade.
Bem-estar = fábrica que produz resíduo.
6.6.3. Condições (atividades) sociais e econômicas
Quando se tem uma cidade turística e nela se descobre uma fonte de minérios. Daí passa-
se a exercer a atividade de exploração, acarretando num prejuízo econômico e social para aquela
cidade (turismo).
6.6.4. Biota
É um conjunto de seres vivos que habitam em uma determinada região (flora e fauna).
6.6.5. Condições estéticas e sanitárias do meio ambiente
Condições estéticas: é a paisagem (já foi comprovado que em áreas onde há muito
desmatamento, sem vegetação possui os maiores índices de suicídios).
Condições sanitárias = é o caso, por exemplo, de se jogar lixo na praia.
6.6.6. Qualidade dos recursos ambientais
Os recursos ambientais estão previstos no art. 3º L.6938/81 e caso sejam afetados
acarretará num impacto ambiental. Os recursos ambientais são: a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas e os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da
biosfera.
Art.3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
...
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos
da biosfera, a fauna e a flora.
6.7. ANÁLISE DA RESOLUÇÃO 01/86 DO CONAMA ART. 2º
O que é SIGNIFICATIVA degradação ambiental?
O art. 2º da Resolução nº 1/86 traz um rol de atividades que se presumem causadoras de
significativa degradação ambiental.
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 95
Art. 2º Resolução nº 1/86. Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto
Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem
submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em
caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio
ambiente, tais como:
I. estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento;
II. ferrovias;
III. portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV. aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, art. 48, do Decreto Lei nº 32,
de 18 de novembro de 1966;
V. oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;
VI. linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kw;
VII. obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para quaisquer fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento
ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação,
retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição
de bacias, diques;
VIII. extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX. extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X. aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
XI. usina de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10 MW;
XII. complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hidróbios;
XIII. distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI;
XIV. exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100ha (cem hectares) ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV. projetos urbanísticos, acima de 100ha (cem hectares) ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos
órgãos municipais e estaduais competentes;
XVI. qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos
similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia ;
XVII. projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000ha, ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas
áreas de proteção ambiental.
Obs.: É um rol exemplificativo, em razão da expressão “tais como”,
além disso, a referida resolução é de 1986 e até os dias atuais
surgiram novas atividades que causam impactos ambientais, como,
por exemplo: assentamento de reforma agrária, Pró-álcool etc.
Este rol exemplificativo são hipóteses de presunção ABSOLUTA ou RELATIVA para a
realização do EPIA/RIMA? Resposta: Há divergências:
1ª corrente) MAJORITÁRIA = presunção absoluta, onde se tem que realizar o EPIA/RIMA;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 96
2ª corrente) MINORITÁRIA = presunção relativa, pois o empresário pode comprovar que sua
atividade não necessariamente causará significativa degradação ambiental
6.8. REQUISITOS DO EPIA/RIMA (REQUISITOS MÍNIMOS – RES. 01/86 CONAMA)
1) Requisitos de conteúdo (diretrizes gerais);
2) Requisitos técnicos;
3) Requisitos formais.
O empreendedor se dirige ao órgão competente que emitirá TERMO DE REFERÊNCIA, em
que estabelecerá quais os estudos que o empresário terá que realizar obrigatoriamente. O órgão
ambiental pode exigir mais requisitos do que os supracitados, porém deverá consignar no TERMO
DE REFERÊNCIA, sob pena de preclusão administrativa.
6.8.1. Requisitos de conteúdo (diretrizes gerais – Art. 5º da RES 01/86 CONAMA)
RES 01/86 Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à
legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes DIRETRIZES
GERAIS:
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas
fases de implantação e operação da atividade ;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto,
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;
lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental
o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município,
fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e
características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os
prazos para conclusão e análise dos estudos.
São quatro as diretrizes:
• Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização confrontando-as com a
hipótese de não execução do projeto;
• Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implementação e
operação da atividade;
• Definir os limites da área de influência do projeto que deve ter como referencial a bacia
hidrográfica;
• Considerar a compatibilidade com os planos e programas governamentais.
Vejamos:
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 97
1) Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização confrontando-as com
a hipótese de não execução do projeto
Quando o empreendedor realiza o EPIA/RIMA já tem o projeto pronto e deverá já saber
quais alternativas tecnológicas que deverá adotar (ex.: energia eólica).
Qualquer licenciamento ambiental começa com uma certidão de localização emitida pela
Prefeitura Municipal, para saber se o local onde se quer exercer a atividade é adequado, seja em
zona urbana, ou no caso de área de unidade de conservação (nas zonas de amortizamento não se
pode realizar atividade).
CUSTO ZERO ou HIPÓTESE ZERO = é a não realização do projeto. É um exercício de
futuro, ou seja, o empresário terá que desenvolver um estudo de como a área ficará com a
realização da obra, bem como ficará a área caso não seja realizada a obra daqui a alguns anos.
Daí, pode o custo zero ser adotado pelo órgão competente e o empresário não realizar seu projeto.
ATENÇÃO!
É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental no sistema
responsável pela integração (Redesim) para o funcionamento de empresas
que exerçam atividades de risco médio nos termos da classificação
estabelecida em ato do Poder Público.
O licenciamento ambiental dispõe de base constitucional e não pode ser
suprimido, ainda que de forma indireta, por lei. Também não pode ser
simplificado a ponto de ser esvaziado, salvo se a norma que o excepcionar
apresentar outro instrumento apto a assegurar a proteção ao meio ambiente
com igual ou maior qualidade.
Nesse contexto, a simplificação do procedimento pelo argumento da
desburocratização e desenvolvimento econômico, com controle apenas
posterior, configura retrocesso inconstitucional, pois afasta os princípios da
prevenção e da precaução ambiental. A automaticidade, por sua vez,
contraria norma específica sobre o licenciamento ambiental, segundo a qual
as atividades econômicas potencial ou efetivamente causadoras de impactoambiental estão sujeitas ao controle estatal.
Não possui fundamento constitucional válido a vedação da coleta adicional,
pelos órgãos competentes, de dados que não tenham sido disponibilizados
na Redesim previamente ou no ato do protocolo do pedido de licenciamento.
STF. Plenário. ADI 6808/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022
(Info 1052).
É inconstitucional a legislação estadual que, flexibilizando exigência legal
para o desenvolvimento de atividade potencialmente poluidora, cria
modalidade mais simplificada de licenciamento ambiental.
É inconstitucional lei estadual que regulamenta aspectos da atividade
garimpeira, nomeadamente, ao estabelecer conceitos a ela relacionados,
delimitar áreas para seu exercício e autorizar o uso de azougue (mercúrio)
em determinadas condições.
STF. Plenário. ADI 6672/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
14/9/2021 (Info 1029).
É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e
simplificação do licenciamento ambiental para atividades de lavra a céu
aberto por invadir a competência legislativa da União para editar normas
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 98
gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§
1º e 2º, da Constituição Federal.
Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de
licenciamento ambiental estadual que torne menos eficiente a proteção do
meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta o caput
do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da prevenção.
STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021
(Info 1014).
2) Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implementação e
operação da atividade
Todo licenciamento é composto por três fases:
1ª fase) Prévia (localização): observa-se a localização se está correta/adequada;
2ª fase) Instalação: quando se começa a construir/edificar, ou seja, materializa-se o projeto;
3ª fase) Operação: é quando se começa efetivamente a funcionar.
No EPIA/RIMA tem que constar quais são os impactos ambientais que poderão ocorrer na
fase de IMPLEMENTAÇÃO/INSTALAÇÃO e OPERAÇÃO.
3) Definir os limites da área de influência do projeto que deve ter como referencial a bacia
hidrográfica
Só se consegue identificar os impactos ambientais diretos, pois os indiretos são
imprevisíveis/incertos e terá como referência a bacia hidrográfica.
Importância: Realiza-se a audiência pública, em razão desta área de influência onde o
projeto será concretizado.
4) Considerar a compatibilidade com os planos e programas governamentais
O Poder Público, às vezes, quer implementar uma área de prevenção ambiental ou área
residencial, no local onde o empresário quer realizar sua atividade. Deve inclusive os planos e
programas governamentais estarem em conformidade com a LOA – Lei Orçamentária Anual.
6.8.2. Requisitos técnicos (Art. 6º da RES 01/86 CONAMA)
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as
seguintes ATIVIDADES TÉCNICAS:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição
e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de
modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do
projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 99
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
sócio economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos,
históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a
sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses
recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e
negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a
médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre
elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,
avaliando a eficiência de cada uma delas.
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambiental
o órgão estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município
fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área.
Conforme a RES 01/86, temos o seguinte:
1) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com a completa descrição dos
recursos naturais, tais como existem, considerando os seguintes aspectos: a) o meio
físico, b) meio biológico dos ecossistemas, c) o meio socioeconômico.
2) Análise dos impactos ambientais e de suas alternativas;
3) Definição das medidas mitigadoras dos impactos ambientais negativos;
4) Elaboração do Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos
Ambientais e dos parâmetros a serem considerados.
Vejamos cada um desses requisitos pormenorizadamente:
1) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com a completa descrição dos
recursos naturais, tais como existem, considerando os seguintes aspectos:
a) O meio físico = Indaga-se: como é o solo? Tem recursos minerais no solo?
b) Meio biológico dos ecossistemas = Indaga-se: Tem animais na área? Tem fauna e flora
ameaçadas de extinção?
c) O meio socioeconômico = Indaga-se: Quais as atividades econômicas que existem lá?
Quais os monumentos históricos que existem naquela área?
2) Análise dos impactos ambientais e de suas alternativas
Deve-se fazer análise:
a) De impactos ambientais positivos e negativos;
b) De impactos de curto, médio e longo prazo;
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 100
c) Dos benefícios sociais e fiscais;
d) Dos ônus do impacto ambiental.
3) Definição das medidas mitigadoras dos impactos ambientais negativos
Reconhece-se que há impactos negativos e que por isso devem ser mitigados (ex.:
instalações de filtros, estação de esgoto etc.).
4) Elaboração do Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos
Ambientais e dos parâmetros a serem considerados
Exs.: Angra I, II e III.
6.8.3. Requisitos formais (art. 7º , 8º e 9º da RES 01/86 CONAMA)
Composto por:
1) Equipe multidisciplinar (art. 7º e 8º da RES. 01/86 CONAMA, art. 69-A da Lei 9605/98 e
Decreto 6514/08)
2) RIMA (art. 9º da RES 01/86 CONAMA)
1) Equipe multidisciplinar (art. 7º e 8º RES 01/86 CONAMA, art. 69-A da Lei 9605/98 e
Decreto 6514/08)
O empreendedor paga para que esta equipe realize o EPIA (art. 8º RES 01/86). Possui
responsabilidade penal e administrativa pelo estudo que faz.
A equipe multidicisplinar deve estar inscrita no cadastro técnico federal de atividades e
instrução de defesa ambiental, isso inclui o advogado.
RES 01/86 CONAMA Artigo 7º - O estudo de impacto ambiental será
realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou
indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente
pelos resultados apresentados.Esse dispositivo choca com o disposto no art. 11 da Res. 237/97, que afirma que os estudos
serão realizados às expensas do empreendedor. Assim, deve-se considerar que prevalece o art.11
e esse dispositivo se considera insubsistente.
Res. 237/97 Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento
deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas
do empreendedor.
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os
estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e
penais
Continuando Res 01/86
Artigo 8º - Correrão por conta do proponente do projeto todas as
despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 101
ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos
e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos
e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e
fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias,
Art. 69-A L.9605/98. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão
florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
omissão:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1o Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano
significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa,
incompleta ou enganosa.
Decreto 6.514/2008 (Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao
meio ambiente).
Art. 82. Elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou relatório
ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso, seja nos sistemas
oficiais de controle, seja no licenciamento, na concessão florestal ou em
qualquer outro procedimento administrativo ambiental:
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão
de reais).
2) RIMA
Quando se faz o EPIA, deve-se fazer em seguida o RIMA. O EPIA consiste num documento
técnico, já o RIMA num documento objetivo, compreensível ao público. É o espelho mais simples
do EPIA.
O art. 9º da Resolução 01/86 CONAMA traz os tópicos do RIMA. O empreendedor deve
disponibilizar no mínimo cinco cópias do RIMA.
Art. 9º Resolução 01/86 CONAMA- O relatório de impacto ambiental - RIMA
refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade
com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a
área de influência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia,
os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões,
resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área
de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e
operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os
horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos,
técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e
interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 102
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e
comentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e
adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em
linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e
demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender
as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
consequências ambientais de sua implementação.
Os requisitos do EPIA estão no “TERMO DE REFERÊNCIA”: O empreendedor que fará uma
obra de grande impacto vai ao órgão ambiental pedir autorização para EPIA. O órgão ambiental lhe
dará um documento chamado “termo de referência” com requisitos para estudo do impacto com
exigências além dos requisitos do EPIA. Não pode o órgão no meio do estudo exigir mais requisitos,
só pode exigir mais requisitos no Termo (no início), sob pena de preclusão administrativa.
Obs.: Terminado o EPIA, faz-se o RIMA. Deve entregá-lo ao órgão e
este abre a fase de comentários, ou seja, as pessoas comentam
sobre o estudo (será sempre escrito)!
6.8.4. Quadro esquemático dos requisitos do EIA
REQUISITOS DE
CONTEÚDO (DIRETRIZES
GERAIS – ART. 5º DA RES
01/86 CONAMA)
REQUISITOS TÉCNICOS
(ART. 6º DA RES 01/86
CONAMA)
REQUISITOS FORMAIS
(ART. 7º , 8º E 9º DA RES
01/86 CONAMA)
1) Contemplar todas as
alternativas tecnológicas e de
localização confrontando-as
com a hipótese de não
execução do projeto;
2) Identificar e avaliar os
impactos ambientais gerados
nas fases de
IMPLEMENTAÇÃO e
OPERAÇÃO da atividade;
3) Definir os limites da área de
influência do projeto que
deve ter como referencial a
bacia hidrográfica;
4) Considerar a
compatibilidade com os
1) Diagnóstico ambiental da
área de influência do projeto,
com a completa descrição
dos recursos naturais, tais
como existem, considerando
os seguintes aspectos: a) o
meio físico, b) meio biológico
dos ecossistemas, c) o meio
socioeconômico.
2) Análise dos impactos
ambientais e de suas
alternativas;
3) Definição das medidas
mitigadoras dos impactos
ambientais negativos;
1) Equipe multidisciplinar
(art. 7º e 8º da RES. 01/86
CONAMA, art. 69-A da LEI
9.605/98 e Decreto 6514/08).
2) RIMA (art. 9º da RES 01/86
CONAMA).
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 103
planos e programas
governamentais.
4) Elaboração do Programa
de Acompanhamento e
Monitoramento dos
Impactos Ambientais e dos
parâmetros a serem
considerados.
6.9. AUDIÊNCIA PÚBLICA (RESOLUÇÃO 09/87 CONAMA)
6.9.1. Introdução
É um instrumento de informação e consulta aos interessados, pois eles sofrerão
consequências do empreendimento. Possui como requisito formal essencial: a publicação em edital
no órgão oficial de imprensa e jornal de grande circulação para que em 45 dias haja manifestação
dos interessados para requerer a audiência pública. Quando solicitada e não realizada audiência
pública, a licença concedida será inválida.
RES 09/87 Art. 1º - A Audiência Pública referida na
RESOLUÇÃO/CONAMA/N.º 001/86, tem por finalidade expor aos
interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA,
dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a
respeito.
Art. 2º. § 1º - O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do
RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo
que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública.
§ 2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do
Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade.
6.9.2. Legitimados para solicitar audiência pública
RES 09/87 Art.2º - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado
por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais
cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência
pública.
1) Qualquer órgão ambiental licenciador, ex officio;
2) MP Federal ou Estadual;
3) Entidade da sociedade civil (não precisa ser entidade ambientalista);
4) 50 ou mais cidadãos.
Pode haver mais de uma audiência pública em decorrência da complexidade do tema.
Realizada em local de fácil acesso.
Na audiência pública, o órgão ambiental leva as informações sobre o projeto e em seguida,
a população dará a sua opinião. A audiência pública não é mecanismo de convencimento, até
porque o órgão ambiental não licenciou.
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 104
Após a audiência pública, lavrar-se-á a ata de forma sucinta e recolhem-se as informações
e documentos da população para encaminhá-los ao órgão ambiental. Em seguida, o órgão
ambiental pode emitir:
- EPIA/RIMA favorável;
- EPIA/RIMA desfavorável.
6.9.3. Vinculação do órgão licenciador à audiência pública
Não obstante a evolução legislativa, a audiência pública ainda não permite uma eficaz
participação do público atingido no processo decisório do EIA/RIMA. Isso porque ela é posterior à
entrega do estudo e não vincula a decisão do órgão licenciador. Serve apenas de subsídio à decisão
final sobre o EIA/RIMA e oportuniza a indagação do público à equipe multidisciplinar, ao proponente
do projeto e ao próprio órgão licenciador ambiental acerca do conteúdo do estudo.
Tal como hoje está prevista, a audiência pública é de pouca eficácia, não só informativa, como
quanto ao poder de participação e influência na decisão relativa ao licenciamento.
O que a prática vem demonstrando é que o envolvimento do público, no mais das vezes, é
"formal, previsível e orientado", tanto em relação àqueles que pretendem a implantação de um
projeto, quanto em relação aos que o rechaçam.
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/MS (2020) A audiência pública no processo de licenciamento ambiental
não obriga o órgão responsável pelo licenciamento ambiental a acolher as
contribuições dela decorrentes, desde que apresente justificativa. Correta!
6.10. VINCULAÇÃO DO ÓRGÃO LICENCIADOR AO EPIA/RIMA
6.10.1. Vinculação do órgão licenciador à REALIZAÇÃO do EPIA/RIMA
Com relação aos empreendimentos passíveis de ocasionar significativa degradação ao meio
ambiente, os quais ensejam a prévia elaboração de EIA, conforme acima exposto, a doutrina, diante
da dificuldade de se precisar o conceito de SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO (o qual pode ser
considerado como um conceito jurídico indeterminado), é praticamente uníssona em afirmar que as
hipóteses constantes do artigo 2º da Resolução n°. 01/86 são regidas pelo princípio da
obrigatoriedade, ou seja, a Administração Pública deve exigir a elaboração do EIA naqueles casos.
Assim, considera-se que o rol é meramente exemplificativo no sentido de somatória de atividades,
mas considerado obrigatório para as relacionadas.
Milaré afirma, baseando-se no teor do parágrafo único do artigo 3° da Resolução n°. 237/97,
que a presunção de gravidade de impacto das atividades e obras constantes do rol do artigo 2º da
Resolução n°. 01/86 é juris tantum, ou seja, comporta prova em contrário, produzida pelo
empreendedor.
Resolução n°. 237/97 CONAMA Art. 3º- A licença ambiental para
empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO do meio dependerá de
prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o
meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 105
realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a
regulamentação.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade
ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa
degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao
respectivo processo de licenciamento.
6.10.2. Vinculação do órgão licenciador ao RESULTADO do EPIA/RIMA
Foi mencionado que a licença ambiental não pode ser confundida com a licença
administrativa, sendo também ato vinculado por excelência, devido aos princípios próprios que
regem o Direito Ambiental. Já se sabe, igualmente, que o EIA/RIMA é orientado a trazer elementos
que auxiliem o processo decisório, devendo o estudo, pois, ser anterior à concessão de qualquer
das licenças, até mesmo da licença prévia.
1ª corrente (MAJORITÁRIA) = órgão ambiental não está vinculado às conclusões do
EPIA/RIMA. Ou seja, ainda que o EPIA seja favorável, o órgão ambiental pode não licenciar, e ainda
que o EPIA seja desfavorável, o órgão ambiental pode deferir a licença, desde que motivado —
“discricionariedade sui generis” decorrente do próprio texto constitucional, que permite o sopeso
entre a proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento econômico. O EPIA está no plano da
motivação do órgão ambiental.
2ª corrente) Se o EPIA é favorável vincula o órgão ambiental e por isso deve conceder a
licença prévia. Um EPIA desfavorável não vincula.
Saliente-se que o EIA não vincula obrigatoriamente a decisão a ser tomada pela
Administração Pública nesse licenciamento ambiental, uma vez que esse estudo não fornece uma
resposta absoluta e inquestionável sobre os danos que possam surgir. A necessidade de
interpretação do conteúdo do estudo se apresenta imprescindível, tendo em vista a importância de
analisar a conveniência e oportunidade em autorizar o projeto do proponente, assim como
disponibilizar as soluções possíveis para afastar ou reduzir a magnitude dos diversos impactos
ambientais negativos.
7. LICENCIAMENTO AMBIENTAL (LC 140/11 + L.6938/81 C/C RESOLUÇÃO 237/97
CONAMA)
INTRODUÇÃO
Se o EIA/RIMA for aprovado pelo órgão ambiental, o empreendedor obtém licença prévia,
faltando obter apenas as outras duas licenças, quais sejam: licença instalação e licença operação.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 106
7.1. CONCEITO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
É o procedimento em que o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e operação de empreendimento e atividades que utilizem recursos ambientais, que sejam
efetivas ou potencialmente poluidores e àqueles que sob qualquer forma possam causar
degradação ambiental. Em outras palavras, consiste num instrumento preventivo da Política
Nacional do Meio Ambiente que visa compatibilizar o desenvolvimento econômico com a proteção
do meio ambiente.
É um instrumento complexo que objetiva alcançar as licenças ambientais. Deve seguir
ordem do licenciamento ambiental, e a finalidade é atingir a licença de OPERAÇÃO, após a licença
PRÉVIA e licença de INSTALAÇÃO.
A licença ambiental diferencia-se da licença do direito administrativo, embora haja
divergências.
7.2. NATUREZA JURÍDICA DA LICENÇA AMBIENTAL
1ª corrente) é uma autorização (defendida pelo TCU);
2ª corrente) é uma licença administrativa (Édis Milaré);
3ª corrente) é licença com contornos próprios, singulares (Paulo de Bessa). Não se confunde
com:
● licença administrativa → é ato unilateral e vinculado. Também não pode a licença
ambiental ser licença administrativa, porque esta gera direito adquirido e licença ambiental não pode
gerar direito adquirido a poluir, por exemplo.
● autorização → é ato discricionário e precário e a licença ambiental não pode ser precária!
Desta forma, a licença ambiental deve ser realizada de forma sui generis, pois pode ser
revogada, cassada, anulada (possui contornos próprios).
7.3. LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS
Como dito, percorremos o seguinte caminho:
1) Licença prévia;
2) Licença instalação;3) Licença operação.
Vejamos:
7.3.1. Licença prévia
Prazo máximo de 05 anos;
Elenca série de condicionantes (requisitos) para a próxima licença;
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 107
Aprova localização, concepção do projeto;
Atesta a viabilidade ambiental do projeto.
7.3.2. Licença instalação
Prazo máximo de 06 anos;
Vai edificar, o projeto ganhará materialidade (condicionantes);
Têm condicionantes para a próxima licença (de operação);
Terminou de construir, não pode funcionar, precisa da licença de operação, se cumprir
os condicionantes das licenças anteriores.
7.3.3. Licença operação
Prazo mínimo de 04 anos e máximo de 10 anos;
Para iniciar o funcionamento, deve verificar se cumpriu as condicionantes anteriores.
É possível pedir licença de renovação quando estiver vencendo a licença de operação (até
120 dias antes de vencer). Se o órgão ambiental não analisar nesses 120 dias, a licença
automaticamente se prorroga até a apreciação pelo órgão ambiental.
O órgão ambiental terá o prazo de 06 meses para analisar cada licença. Na hipótese de
EPIA/RIMA o prazo é de 01 ano.
Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/PA (2022) O ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que
deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, é normativamente definido como licença ambiental. Correta!
TJ/SP (2021) A respeito da previsão de licenças ambientais, é possível
afirmar que na doutrina prevalece o entendimento de que as hipóteses de
atividades estabelecidas pela Resolução no 001/1986 estão regidas pelo
princípio da obrigatoriedade, ou seja, a Administração deve determinar a
elaboração do EUA, presumindo-se a necessidade. Correta!
7.4. COMPETÊNCIA NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
7.4.1. Introdução
Essas regras estão, atualmente, dispostas na LC 140, de 8 de dezembro de 2011, que veio
a lume para disciplinar a cooperação entre os vários entes da federação “nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das
paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora”.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 108
Nesse sentido, revogou as disposições da Resolução CONAMA 237/97 que tratavam da
competência, corrigindo uma distorção que havia devido ao fato de a Resolução determinar
competência administrativa sem haver nenhuma lei que lhe desse suporte.
7.4.2. Licenciamento ambiental no Brasil depois da LC 140/2011
Como visto, licenciamento ambiental brasileiro, fundamentado na Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente, tinha a Resolução CONAMA 237/1997 como principal norma delimitadora das
atribuições dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) dentro do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). A Lei Complementar 140, de 08/12/2011, passou a regular,
agora de forma constitucional, tais atribuições.
7.4.3. Competência administrativa dos entes federativos em matéria ambiental
Sob pena de se violar a independência dos entes federativos, somente a Constituição
Federal pode estabelecer as atribuições de cada um e indicar como estas serão delimitadas.
De acordo com o artigo 225, da CF, a atuação do poder público é fundamental para a
preservação e defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado para estas e futuras gerações.
Em seu artigo 23, foi estabelecida a competência comum dos entes federativos, onde a proteção
do meio ambiente, em todas suas dimensões ganha destaque (art. 23, III, IV, VI, VII, IX etc.) e ficou
claro que tanto a União como os Estados, Distrito Federal e Municípios têm o dever de proteger o
meio ambiente.
7.4.4. A importância do licenciamento ambiental e a Resolução 237 do CONAMA
Nesta tarefa do poder público de proteger o meio ambiente ressalta-se o licenciamento
ambiental como um instrumento preventivo, indispensável para empreendimentos ou atividades
potencialmente poluentes e caracterizado pelo controle prévio do poder público para se evitar a
poluição.
Antes da regulamentação efetivada por meio da Resolução 237/1997, especificamente em
relação ao licenciamento ambiental, surgiram problemas para se definir em que instância federativa
deveria ser este efetivado, ao ponto de serem exigidos, em algumas oportunidades, licenciamentos
simultâneos nas esferas municipal, estadual e federal, gerando-se insegurança jurídica e ônus
desnecessários para os empreendedores.
Para acabar com esta polêmica e, principalmente, instituir o sistema de licenciamento
ambiental único, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) instituiu a resolução 237/1997
estabelecendo, entre outras questões, como se daria esta distribuição de atribuições comuns aos
entes federativos. Entretanto, de acordo com a Constituição Federal (art. 23, parágrafo único),
caberia à Lei Complementar tal função, razão pela qual a doutrina apontava a inconstitucionalidade
da resolução.
7.4.5. Advento da Lei Complementar 140/2011
Com o advento da Lei Complementar 140/2011, estas competências materiais (ou
administrativas ou executivas) comuns dos entes federativos relativas à proteção ao meio ambiente,
agora estão regulamentadas. No que tange ao licenciamento ambiental, verifica-se que as normas
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 109
estabelecidas na Resolução 237/1997 foram ratificadas, sem maiores alterações, por tal Lei
Complementar, permanecendo o sistema único de licenciamento pelos órgãos executores do
Sistema Nacional de Meio Ambiente (art. 13), com a garantia de manifestação não vinculante dos
órgãos ambientais das outras esferas federativas.
A Lei Complementar 140/2011 ratifica o conceito de licenciamento ambiental já previsto na
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e na Resolução CONAMA 237/97 como destinado a “[...]
atividades ou empreendimento utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental” (art. 2º, I).
7.4.6. Competência para o licenciamento ambiental atual
No que tange à competência para licenciamento ambiental dos entes federativos verifica-se
que, como regra, foi mantido o critério da abrangência do impacto: se local, cabe aos MUNICÍPIOS
(desde que definidos pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente); se extrapola mais de um
município dentro de um mesmo ESTADO, cabe a este o licenciamento e se ultrapassa as fronteiras
do estado ou do país cabe ao ÓRGÃO FEDERAL ESPECÍFICO.
Além disso, cabe à UNIÃO o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
1) Localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona
econômica exclusiva;
2) Localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
3) Localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
4) De caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas;
5) Relativos à energia nuclear;
6) Que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da
Comissão Tripartite Nacional (“formada, paritariamente, por representantes dos Poderes
Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de
fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos”).(art. 7º, XIV).
Para os Estados foi adotado o critério da competência licenciatória residual (pode
licenciar aquilo que não for da atribuição da União e dos Municípios), sendo-lhe expressamente
estabelecida, assim como para os municípios a atribuição para licenciamento de atividades ou
empreendimentos em unidades de conservação estaduais ou municipais respectivamente, com
exceção de área de proteção ambiental (APA). (arts. 8º, XIV e XV e 9º, XIV, “b”).
Art. 8o São ações administrativas dos Estados:
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o
disposto nos arts. 7o e 9o;
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo
Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 110
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta
Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
7.4.7. Demora e custo do licenciamento ambiental
Foi concretizada na Lei Complementar 140/2011 a preocupação com os constantes atrasos
dos órgãos ambientais nos procedimentos de licenciamento ambiental atualmente efetivados (art.
14) e com a proporcionalidade que deve ser verificada entre as taxas para o licenciamento
ambiental, especificadas por estes órgãos, e o verdadeiro custo e complexidade do serviço prestado
pelo órgão licenciador (art. 13, §3º).
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos
para tramitação dos processos de licenciamento.
§ 1o As exigências de complementação oriundas da análise do
empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela autoridade
licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas
decorrentes de fatos novos.
§ 2o As exigências de complementação de informações, documentos ou
estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de
aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo
empreendedor.
§ 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença
ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela
dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art.
15.
§ 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com
antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo
de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados,
ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as
atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
...
§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros
serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a
complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.
Vale ressaltar que os prazos para o licenciamento, bem como outras regras atinentes a esta
atividade, ainda são regulamentados pela resolução CONAMA 237/1997 que permanece em vigor
naquilo que não contraria a Lei Complementar 140/2011.
7.4.8. Atividade suplementar, subsidiária e fiscalização pelos Órgãos Ambientais
Em caso de inexistência de órgão ambiental executor ou deliberativo ou ainda em caso de
atraso injustificado no procedimento de licenciamento imputável ao órgão ambiental licenciador,
outro ente federativo de maior abrangência atuará em caráter SUPLETIVO, através de seu
respectivo órgão licenciador ou normativo (arts. 14, §3º e 15).
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 111
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:
...
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente
federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas
nesta Lei Complementar;
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos
para tramitação dos processos de licenciamento.
§ 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença
ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela
dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no
art. 15.
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações
administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes
hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Estado ou no Distrito Federal, a UNIÃO deve desempenhar as ações
administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Município, o ESTADO deve desempenhar as ações administrativas
municipais até a sua criação; e
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado e no Município, a UNIÃO deve desempenhar as ações
administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.
Foi estabelecida ainda a figura da atuação SUBSIDIÁRIA, consistente na “ação do ente da
Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências
comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições
[licenciatórias]” e que se dará, entre outras formas, através de apoio técnico, científico,
administrativo ou financeiro (art. 2º, III c/c art. 16).
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:
III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no
desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando
solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições
definidas nesta Lei Complementar.
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por
meio de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem
prejuízo de outras formas de cooperação.
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente
originariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei Complementar
A Lei Complementar referida estabelece também a competência FISCALIZATÓRIA dos
entes federativos, permanecendo a atribuição comum de todos estes entes para a adoção de
medidas urgentes para se evitar o dano ambiental, embora a competência para lavrar auto de
infração e procedimento administrativo seja do órgão licenciador (art. 17).
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização,
conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração
ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 112
legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada
ou autorizada.
...
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade
ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar
medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando
imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgãoque detenha a
atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/AL (2019) Considerando a competência dos órgãos dos diferentes entes
federativos para licenciamento de empreendimentos potencialmente
poluidores, tem-se que, a partir da edição da Lei Complementar n° 140/2011,
cada empreendimento ou atividade serão submetidos a licenciamento
ambiental de um único ente federativo, o qual terá competência também para
fiscalizar e lavrar autos de infração correlatos à atividade ou empreendimento
licenciado.
7.4.9. Responsabilidade administrativa vinculada ao licenciamento ambiental: art. 17 da LC
140/11
Até a LC 140/11, o STF dividia a competência para licenciar e para fiscalizar, afirmando que
seriam atuações independentes. Com o advento da LC 140/11 esse panorama mudou:
Atualmente, quem licencia (ente federativo que tem a competência para licenciar) deve,
prioritariamente, exercer a competência de fiscalização sobre essa obra ou atividade licenciada.
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou
autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar
auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a
apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 1º Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração
ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir
representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de
seu poder de polícia.
§ 2º Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade
ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá
determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências
cabíveis.
Ex.: obra licenciada pelo Estado-membro e que está provocando degradação na área,
conforme constata o fiscal do IBAMA; Nesse caso, embora seja servidor de órgão federal, poderá
o referido fiscal lavrar auto de infração e suspender a atividade, devendo, ato contínuo, comunicar
o órgão ambiental do Estado-membro.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 113
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o
caput.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/SP (2022) A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos
ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador. Correta!
PGE/AL (2021) Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) o licenciamento ambiental localizado
em zona econômica exclusiva ou desenvolvido em parceria com país
limítrofe. Correta!
PGE/GO (2021) Foram submetidos ao licenciamento ambiental conduzido
pelo Estado de Goiás cinco empreendimentos com absoluta sinergia entre
eles e que serão instalados em áreas limítrofes. Neste cenário, o órgão
licenciador poderá conduzir um único licenciamento considerando o conjunto
de empreendimentos. Correta!
MPE/SC (2021) Sobre o caso a seguir, responda: Uma empresa pretende
instalar, em determinado município, uma indústria que trabalhará com
extração de cerâmica e produção de telhas. Para tanto, ela solicitou o
licenciamento ambiental ao órgão de meio ambiente do estado.
I- Para que seja viável o licenciamento da atividade em questão, a prefeitura
do município deverá declarar, mediante certidão, que o local e o tipo de
empreendimento estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e
à ocupação do solo. Correta!
II- O órgão estadual de meio ambiente deverá expedir licença de instalação
caso conclua pela viabilidade ambiental do empreendimento. Errada!
III - Para conseguir o licenciamento do referido empreendimento, a empresa
necessariamente deverá estar inscrita no Cadastro Técnico Federal de
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos
Ambientais (CTF). Correta!
IV - Antes da expedição da licença, o órgão estadual de meio ambiente
deverá desenvolver o estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e emitir o
respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA), para evitar, mitigar e
compensar os impactos ambientais do empreendimento. Errada!
TJ/GO (2021) Na gestão da fauna silvestre, compete aos estados controlar a
apanha de espécimes, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros
e à pesquisa científica. Correta!
Delegado PC/RN (2021) De acordo com a Constituição da República de
1988, a competência material ambiental é comum a todos os entes da
federação, a quem cabe proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas. Para tal, os entes devem atuar de forma
coordenada, cooperando uns com os outros, para não haver desperdício de
forças e recursos. Nesse contexto, a Lei Complementar nº 140/2011dispõe
que os entes federativos podem valer-se, entre outros, do seguinte
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 114
instrumento de cooperação institucional delegação de atribuições de um ente
federativo a outro, respeitados os requisitos previstos na referida lei.
TJ/MS (2020) O Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) deliberou
que os licenciamentos ambientais conduzidos por Estudo de Impacto
Ambiental e Respectivo Relatório (EIA-RIMA) serão estaduais e os demais,
salvo aqueles de competência da União (Lei Complementar Federal n° 140,
de 08 de dezembro de 2011), serão municipais. A presente deliberação é
nula, pois o critério selecionado está em desacordo com a normativa que rege
o tema. Correta!
7.4.10. Jurisprudência sobre competência ambiental
A seguir compilamos julgados recentes sobre a competência ambiental, tema fortíssimo para
as provas de concursos públicos e frequente nas discussões dos Tribunais.
INFO 1079/STF - LC 140/2011 foi declarada constitucional.
A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante
atribuição prévia e estática das competências administrativas de fiscalização
ambiental aos entes federados, atende às exigências do princípio da
subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação, cuja
finalidade é conferir efetividade nos encargos constitucionais de proteção dos
valores e direitos fundamentais.
Vale ressaltar, no entanto, que dois dispositivos da Lei merecem
interpretação conforme:
§ 4º do art. 14 da LC 140/2011:
É inconstitucional regra que autoriza estado indeterminado de prorrogação
automática de licença ambiental.
Assim, a omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na
manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação de licenças
ambientais instaura a competência supletiva do art. 15.
§ 3º do art. 17 da LC 140/2011:
A prevalência do auto de infração lavrado pelo órgão originalmente
competente para o licenciamento ou autorização ambiental não exclui a
atuação supletiva de outro ente federado, desde que comprovada omissão
ou insuficiência na tutela fiscalizatória.
No exercício da cooperação administrativa cabe atuação suplementar —
ainda que não conflitiva — da União com a dos órgãos estadual e municipal.
STF. Plenário. ADI 4757/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/12/2022
(Info 1079).
INFO 1076/STF - É inconstitucional — por invadir a competência legislativa
geral da União (art. 24, VI, §§ 1º e 2º, da CF/88) e violar o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado(art. 225, § 1º, IV, da CF/88) — norma
estadual que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
STF. Plenário. ADI 4529/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 21/11/2022
(Info 1076).
7.5. RESOLUÇÃO 237/97 CONAMA
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 115
O art. 10 traz o “iter procedimental”, isto é, o caminho até chegar à licença:
Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes
etapas:
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,
necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença
a ser requerida;
Vai até o órgão ambiental que estabelecerá os estudos necessários — é o TERMO DE
REFERÊNCIA.
Obs.: O licenciamento ambiental inicia-se com certidão de uso e
ocupação do solo expedida pelo Poder Executivo Estadual.
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor,
acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes,
dando-se a devida publicidade;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA ,
dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização
de vistorias técnicas, quando necessárias;
Análise dos documentos e pode-se fazer vistoria técnica.
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em
decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais
apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma
solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham
sido satisfatórios;
Solicitação de esclarecimentos e complementações, uma única vez, que deverá ser
cumprida no prazo de 4 meses pelo empreendedor, sob pena de iniciar tudo novamente. Nesta
fase, o prazo de 6 a 12 meses para o órgão ambiental emitir licença, ficará suspenso.
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente;
Audiência pública é só para o EPIA/RIMA, desde que os legitimados requeiram, pois no
licenciamento normal não precisa de audiência pública.
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando
couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos
e complementações não tenham sido satisfatórios;
Solicitação de esclarecimentos e solicitações decorrentes de audiências públicas (só haverá
no caso de EPIA/RIMA).
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico;
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 116
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
7.6. RESCINDIBILIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS OU RETIRADA
OBS: o que as diferencia é o grau de irregularidade.
7.6.1. Retirada temporária
A licença pode ser suspensa.
Na retirada temporária haverá prazo para regularização.
7.6.2. Retirada definitiva (art. 19 Resolução 237/97 CONAMA)
A licença pode ser revogada, anulada, cassada.
1) Anulação = quando há ilegalidade na expedição da licença, na origem;
2) Cassação = quando não se cumpre os termos da licença, logo a ilegalidade não é na origem
e sim no exercício da atividade (legalidade posterior).
3) Revogação = quando há graves riscos para o meio ambiente e a saúde humana.
Ex.: Em casos de desastres naturais que inviabilizam a atividade não será cabível indenização.
Por outro lado, caso o plano diretor realize o zoneamento urbano e decida retirar o empreendimento
de lá, caberá a indenização.
Art. 19, Resolução 237/97 CONAMA – O órgão ambiental competente,
mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as
medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida, quando ocorrer:
I – Violação (cassação) ou inadequação (revogação) de quaisquer
condicionantes ou normas legais.
RETIRADA
(DECISÃO
MOTIVADA)
Temporária Suspensão
Definitiva
Anulação
Cassação
Revogação
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 117
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a
expedição da licença (anulação).
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde (revogação).
ATENÇÃO: Em obra pública antes da licitação tem que realizar
estudos ambientais quando da realização do projeto básico. A
exceção encontra-se nos contratos de concessão, que não será
necessária a realização de estudo prévio.
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
(...)
XXV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com
nível de precisão adequado para definir e dimensionar a obra ou o serviço,
ou o complexo de obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com
base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição
dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes
elementos:
(...)
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 118
PROTEÇÃO AMBIENTAL
1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP – LEI 12651/12 – NOVO CFLO)
O Código Florestal abrange não só florestas, mas também outros tipos de vegetação.
1.1. CONCEITO DE APP
Conforme o art. 3º do Código Florestal, corresponde à área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da flora e da fauna, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas.
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas;
Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/TO (2022) Em termos legais, uma área protegida, não coberta por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos,
a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas, é denominada área de preservação permanente.
Correta!
MPE/SC (2019) A Lei Federal n. 12.651/2012, conhecida como Código
Florestal, define como área de preservação permanente somente a coberta
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas. Errada!
1.2. ESPÉCIES
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 119
1.2.1. APP por força de lei
É aquela decorrente de sua localização.
1) Nas matas ciliares (art. 4º, inc. I CFLO)
2) Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais (art. 4º, inc. II CFLO)
3) Em caso de reservatório artificial (art. 4º, inc. III CFLO)
4) Nas nascentes e "olhos d'água" (art. 4º, IV, CFLO)
5) Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na
linha de maior declive (art. 4º, inc. V, CFLO)
6) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues (art. 4º, inc. VI
CFLO)
7) Os manguezais em toda sua extensão (art. 4º, inc. VII CFLO)
8) Nas bordas dostabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais (art. 4º, inc. VIII CFLO)
9) No topo de morros, montes, montanhas e serras (art. 4º, inc. IX CFLO)
10) Em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação (art. 4º, inc. X, CFLO)
Vejamos:
1) Nas matas ciliares (art. 4º, inc. I CFLO)
As florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios ou de qualquer
curso d'água natural, perene (água corrente) e intermitente (aquele que, naturalmente, não
apresenta escoamento superficial em alguns períodos do ano; seca em período de escassez de
chuva), excluídos os efêmeros (que têm escoamento superficial apenas durante ou imediatamente
após períodos de precipitação), desde o seu nível mais alto em faixa marginal.
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
Es
p
éc
ie
s
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e
A
P
P
APP por força de lei (art. 4º L.12651/12 – Novo
Código Florestal);
APP por ato do Poder Público (art. 6º - CFLO)
APPs atípicas
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 120
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura
mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a
200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros;
2) Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais (art. 4º , inc. II CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas NATURAIS, em faixa com largura
mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até
20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta)
metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
Em suma:
● em área urbana consolidada = faixa de APP é de 30 metros;
● em área rural, com até 20 hectares = faixa de APP é de 50 metros
● em área rural, com mais de 20 hectares = faixa de APP é de 100 metros.
3) Em caso de reservatório artificial (art. 4 , inc. III CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na
licença ambiental do empreendimento
4) Nas nascentes e "olhos d'água" (art. 4º, IV, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 121
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer
que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
Raio mínimo de 50 metros de largura.
A definição de nascente envolve perenidade (característica do que é perene = duradouro).
Ocorre que o STF afirmou que não se pode negar proteção também aos entornos das nascentes e
dos olhos d´água intermitentes.5
Na ocasião, o STF decidiu dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3o, XVII e ao
art. 4o, IV, para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos
d ́água intermitentes configuram área de preservação permanente.
Como o tema foi cobrado em concurso?
Delegado Polícia/GO (2022) Em um auto de prisão em flagrante por crime
ambiental, constou um relato sobre os atos e fatos praticados pelo agente A,
afirmou-se que a prática criminosa restou configurada pela intervenção
humana, inerente à construção de imóvel localizado em área de preservação
permanente (APP). Tal local onde consta a referida intervenção humana é
descrito e caracterizado como ambiente protegido “olho d’ água”. Conforme
a Lei Federal nº 12.605/2012, o ambiente protegido conhecido como “olho d’
água” é o afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
Correta!
MPE/RS (2021) Configuram Área de Preservação Permanente as áreas no
entorno das nascentes e olhos d’água perenes, em um raio de, no mínimo,
cinquenta metros, não sendo consideradas Área de Preservação Permanente
aquelas situadas no entorno de nascentes e olhos d’água intermitentes.
Errada!
MPE/SC (2019) De acordo com decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI n. 4.903, foi reconhecida a caracterização das
nascentes e olhos d'água intermitentes como áreas de preservação
permanente, de modo que, atualmente, a proteção do entorno destas áreas
abrange o raio mínimo de 50 (cinquenta) metros no entorno das nascentes e
dos olhos d’água perenes e intermitentes, nos termos do art. 4º, IV, da Lei
Federal n. 12.651/2012. Correta!
5) Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100%
na linha de maior declive (art. 4º, inc. V, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente
a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012). Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/517f24c02e620d5a4dac1db388664a63>. Acesso em: 10/01/2023.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 122
6) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues (art. 4º, inc.
VI, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
7) Os manguezais em toda sua extensão (art. 4º, inc. VII, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
8) Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em
faixa nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais (art. 4º, inc. VIII, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo,
em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
9) No topo de morros, montes, montanhas e serras (art. 4º, inc. IX, CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de
100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a
partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima
da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano
horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos
relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
10) Em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação (art. 4º, inc. X,
CFLO)
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer
que seja a vegetação;11) Veredas (art. 4º, inc. XI, CFLO)
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima
de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e
encharcado.
Atenção!!
§ 1o Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de
reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 123
1.2.2. APP por ato do Poder Público (Art. 6º CFLO)
É aquela instituída administrativamente, por ato do Poder Público. Em regra, se dá por
Decreto. Tais espécies caíram em desuso atualmente, em razão do surgimento de outros institutos.
Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando
declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas
cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou
mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de
terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou
histórico;
APP substituída por tombamento
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias. Vale dizer que de acordo com a
L. 6766/79, art. 4º, III (Lei de Parcelamento do Solo Urbano), ao longo das faixas de domínio público
das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não edificável de 15 (quinze)
metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica.
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades
militares.
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
1.2.3. APP atípicas
Estão previstas em outros diplomas, a exemplo do art. 197 da CE de SP:
Art. 197 CESP - São áreas de preservação permanente:
I - os manguezais;
II - as nascentes, os mananciais e matas ciliares;
III - as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem como
aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de migratórios;
IV - as áreas estuarinas;
V - as paisagens notáveis;
VI - as cavidades naturais subterrâneas.
1.3. INTERVENÇÃO EM APP
➔ QUESTÃO: É possível exercer atividade econômica em APP?
Resposta: Em regra NÃO, pois as APP’s são insuscetíveis de atividade econômica, salvo
casos excepcionais em que o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou
supressão de vegetação em APP para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 124
utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de
baixo impacto ambiental. (Resolução 369/2006 do CONAMA).
1.3.1. Hipóteses de utilidade pública
1) Atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
2) Obras de infraestrutura, de serviços públicos de transporte, saneamento e energia;
3) Pesquisa e extração de substâncias minerais, exceto areia, argila, saibro e cascalho;
4) Pesquisa arqueológica;
5) Implantação de áreas verdes públicas em área urbana;
6) Obras de captação e condução de água e de efluentes tratados.
1.3.2. Hipóteses de interesse social
1) As atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa. Busca
evitar incêndios e perpetuação de espécies invasoras (colocação de uma planta
vinda da África que devasta a vegetação local), por exemplo.
2) Manejo agroflorestal ambientalmente sustentável, praticado em pequena propriedade ou
posse rural (quando se intervém no meio ambiente).
3) Regularização fundiária sustentável em área urbana. Esta ocorre quando a população
invade encostas de morro, realiza construções irregulares e lá vive. É preciso regularizar
tal área, pois acabam invadindo a APP.
4) Atividades de extração de areias, argila, saibro e cascalho.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPF (2022) Os manguezais são área de preservação permanente, por isso,
mesmo quando a sua função ecológica esteja comprometida, não podem
sofrer supressão de vegetação nativa para a execução de obras habitacionais
e de urbanização ainda que inseridas em projetos de regularização fundiária
de interesse social em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população
de baixa renda. Errada!
1.4. REGRAS PARA INTERVENÇÃO OU SUPRESSÃO EM APP (PROCEDIMENTO
PRÓPRIO)
1) Inexistência de alternativa técnica e locacional;
2) Atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos d’água;
3) Averbação da reserva legal florestal;
4) Inexistência de risco de agravamento de processos com enchentes, erosão etc.
O órgão competente para aplicar tal procedimento é o órgão ambiental estadual.
➔ QUESTÃO: Em área urbana, pode o órgão ambiental municipal autorizar a supressão
em APP urbana?
Resposta: Sim, desde que o Município tenha Plano Diretor e Conselho de Meio Ambiente, de
caráter deliberativo. Vale ressaltar que antes, deve o Município solicitar um parecer técnico ao órgão
ambiental estadual.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 125
Obs1: Intervenção e supressão em nascentes, veredas, dunas e
mangues só podem ocorrer nas hipóteses de UTILIDADE PÚBLICA.
Obs2: Implementação de reservatório artificial, o proprietário deverá
adquirir a área de seu entorno ou desapropriá-la.
➔ QUESTÃO: Pode o ser humano, animais entrar em APP?
Resposta: A dessedentação (matar a sede) é permitida.
➔ QUESTÃO: A APP é tributável?
Resposta: Para a doutrina, a área rural não é computada para fins de ITR. Entretanto, a
área urbana dependerá de legislação específica de cada Município. O governo federal já
reconheceu que APP não é tributável.
ATENÇÃO: Quanto às águas correntes e dormentes = a fixação da
marginal da APP vem se modificando com o tempo. Assim sendo, caso
se tenha uma construção consolidada em área que passa a ser
considerada de preservação permanente, não há necessidade de
demoli-la, em virtude do princípio da razoabilidade.
2. RESERVA LEGAL FLORESTAL (RLF – Art. 3º, inc. III CFLO)
2.1. CONCEITO
É a área localizada no interior de uma propriedade ou posse RURAL, excetuada a APP,
necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à construção e reabilitação dos processos
ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e da flora nativas
(diferencia-se da APP, pois esta abrange propriedade urbana e rural).
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
...
III - RESERVA LEGAL: área localizada no interior de uma propriedade ou
posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o
uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover
a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa;
2.2. REGIME JURÍDICO
Obrigação propter rem, vejamos:
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 126
STJ: A jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de que os
deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm natureza de obrigação
propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse, independente do
fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação ambiental. Casos
em que não há falar em culpa ou nexo causal como determinantes do
dever de recuperar a área de preservação permanente. (AgRg no Resp
1.367.986/SP - Relator: Min. Humberto Martins – decisão publicada no DJe
de 12.03.2014)
Art. 17.A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação
nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer
título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art.
68 desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive
para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada,
para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento.
§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de formações
florestais, de cerrado ou de campos gerais na Amazônia Legal será definido
considerando separadamente os índices contidos nas alíneas a, b e c do
inciso I do caput.
§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta
ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada pelo órgão
ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no
mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a
Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins de
recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento)
da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio
público e por terras indígenas homologadas.
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o
Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para
até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-
Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu
território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio
público, devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas.
§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento
de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.
§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para
exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem
empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam
instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 127
§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou
desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de
rodovias e ferrovias.
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/MG (2022) No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal
poderá ser agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes. Correta!
MPE/SC (2021) Um cidadão, por descuido, iniciou um incêndio em sua
propriedade, situada em área rural coberta pelo bioma campos, o que
resultou na destruição da vegetação nativa de outras duas propriedades
vizinhas. O cidadão deverá recompor 20% da vegetação nativa da área
destruída pelo incêndio, a título de área de preservação permanente (APP).
Errada!
TJ/PR (2019) Em uma área completamente preservada, com bioma intacto,
localizada em sua integralidade no bioma cerrado, existe uma propriedade
particular de 100 ha, dos quais 40 ha constituem reserva legal com a devida
averbação na matrícula do imóvel e com o registro no cadastro ambiental
rural (CAR). Nessa situação, o limite máximo de hectares que o proprietário
poderá destinar para fins de instituição de servidão ambiental corresponde a
65 ha. Correta!
TJ/BA (2019) Em 2006, um imóvel rural localizado no bioma caatinga e fora
da Amazônia Legal foi completamente desmatado por seu proprietário, que,
em decorrência disso, foi autuado, no mesmo ano, pelo órgão ambiental
federal competente e penalizado com multa.
Nessa situação hipotética, para eximir-se do pagamento da multa, basta ao
proprietário inscrever o imóvel no Cadastro Ambiental Rural, aderir ao
Programa de Regularização Ambiental, assinar termo de compromisso e
reparar integralmente o dano. Correta!
2.3. MANEJO DA RESERVA LEGAL FLORESTAL
➔ QUESTÃO: É possível a supressão da reserva legal florestal?
Resposta: Não pode ser suprimida. Autoriza-se apenas o MANEJO FLORESTAL
SUSTENTÁVEL, através do plano de manejo. Na pequena propriedade é possível computar o
plantio de árvores frutíferas ornamentais e industriais em sistema intercalar de um consórcio com
espécies nativas.
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação
nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer
título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1o Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo
sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama, de
acordo com as modalidades previstas no art. 20.
§ 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse
rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama deverão estabelecer
procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais
planos de manejo.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 128
§ 3o É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva
Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008.
§ 4o Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis,
deverá ser iniciado, nas áreas de que trata o § 3o deste artigo, o processo de
recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da
data da publicação desta Lei, devendo tal processo ser concluído nos prazos
estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental - PRA, de que trata
o art. 59.
.
Art. 20. No manejo sustentável da vegetação florestal da Reserva Legal,
serão adotadas práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo
sustentável sem propósito comercial para consumo na propriedade e manejo
sustentável para exploração florestal com propósito comercial.
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como
frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar:
I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos,
quando houver;
II - a época de maturação dos frutos e sementes;
III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da
espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas,
cipós, bulbos, bambus e raízes.
Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com
propósito comercial depende de autorização do órgão competente e deverá
atender as seguintes diretrizes e orientações:
I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da
vegetação nativa da área;
II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que
favoreçam a regeneração de espécies nativas.
Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem
propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de
autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados
previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume
explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos.
Art. 24. No manejo florestal nas áreasfora de Reserva Legal, aplica-se
igualmente o disposto nos arts. 21, 22 e 23.
Como o tema foi cobrado em concurso público? MPE/PR (2019) A Lei n.
12.651/2012 (Código Florestal) estabelece critérios para que os órgãos
competentes autorizem o manejo sustentável para exploração florestal
eventual, mesmo que sem propósito comercial e para consumo no próprio
imóvel. Errada!
➔ QUESTÃO: O que é pequena propriedade para o Código Florestal?
Resposta: É aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro de
sua família, cuja renda bruta seja proveniente no mínimo em 80% da atividade agroflorestal.
http://www.iceni.com/infix.htm
CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 129
Art. 3º, V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada
mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar
rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda
ao disposto no art. 3o da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;
Lei 11326/06 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar
e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,
atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos
fiscais;
II - utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida
pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
A pequena propriedade não pode superar/ultrapassar:
- 150 hectares da Amazônia Legal;
- 50 hectares do polígono das secas;
- 30 hectares em outras regiões do país.
OBS.: A pequena propriedade no bioma Mata Atlântica é de no
máximo de 50 hectares, tendo que ter 80% da renda bruta, conforme
prevê a L. 11.428/06 (lei regulamenta tal bioma). Vale dizer que o art.
225, §4º CF/88 traz os grandes biomas brasileiros e lá diz que cada
um deles será regulamentado por uma lei específica.
L. 11.428/06 – Regulamenta o Bioma Mata Atlântica
Art. 3o Consideram-se para os efeitos desta Lei:
I - pequeno produtor rural: aquele que, residindo na zona rural, detenha a
posse de gleba rural não superior a 50 (cinquenta) hectares, explorando-a
mediante o trabalho pessoal e de sua família, admitida a ajuda eventual de
terceiros, bem como as posses coletivas de terra considerando-se a fração
individual não superior a 50 (cinquenta) hectares, cuja renda bruta seja
proveniente de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais ou do
extrativismo rural em 80% (oitenta por cento) no mínimo;
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/MG (2022) O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal
com propósito comercial estará dispensado da autorização do órgão
competente, desde que previamente comprovado que será assegurada a
manutenção da diversidade das espécies. Errada!
2.4. LOCALIZAÇÃO DA RESERVA LEGAL
➔ QUESTÃO: Como se define a localização da reserva legal florestal?
Resposta: Quem aprova e define é o órgão ambiental estadual, que deverá considerar a
função social da propriedade, observados os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 130
Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar
em consideração os seguintes estudos e critérios:
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área
de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra
área legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
§ 1o O órgão estadual integrante do Sisnama ou instituição por ele habilitada
deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a inclusão do imóvel no
CAR, conforme o art. 29 desta Lei.
§ 2o Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da
área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser
imputada sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer
órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não
formalização da área de Reserva Legal.
2.5. REDUÇÃO/AMPLIAÇÃO DA RESERVA LEGAL
➔ QUESTÃO: É possível reduzir/ampliar uma reserva legal florestal?
Resposta:
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais
mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art.
68 desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I (Amazônia legal), o poder público
poderá REDUZIR a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para
fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por
cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de domínio
público e por terras indígenas homologadas.
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I (Amazônia legal), o poder público
ESTADUAL, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá
REDUZIR a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o
Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65%
(sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de
conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e
por terras indígenas homologadas.
Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE
estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público
FEDERAL poderá:
I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante
recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de imóveis
com área rural consolidada, situados em área de floresta localizada na
Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da propriedade,
excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos
recursos hídricos e os corredores ecológicos;
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 131
Na Amazônia Legal = é possível reduzir para 50% da propriedade — tendo que ser ouvido
os seguintes órgãos: Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura e CONAMA (tem que
estar previsto no zoneamento).
II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos
percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas nacionais de
proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito
estufa.
No território nacional = Pode-se ampliar os índices de reserva legal florestal em até 50%;
Nos cerrados = pode-se ampliar em 50% do índice de 35% (aumento de 17,5%), ou seja,
pode-se ter propriedade em cerrados de 52,5%.
Em outras regiões = pode-se ampliar em 50% do índice de 20%, ou seja, pode-se ter
propriedade em 30%.
§ 1o No caso previsto no inciso I do caput, o proprietário ou possuidor de
imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e averbada em área
superior aos percentuais exigidos no referido inciso poderá instituir servidão
ambiental sobre a área excedente, nos termos da Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e Cota de Reserva Ambiental.
§ 2o Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos
- ZEEs segundo a metodologia unificada, estabelecida em norma federal,
terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da publicação desta Lei, para
a sua elaboração e aprovação.
A reservalegal florestal deve ser averbada, a partir do novo CFLO, no CAR (Cadastro
Ambiental Rural).
Art. 12, § 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de
floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada pelo
órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido
no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão
ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art.
29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão,
a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta
Lei.
§ 1o A inscrição da Reserva Legal no CAR será feita mediante a apresentação
de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas
geográficas com pelo menos um ponto de amarração, conforme ato do Chefe
do Poder Executivo.
§ 2o Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de
compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente do Sisnama,
com força de título executivo extrajudicial, que explicite, no mínimo, a
localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas pelo
possuidor por força do previsto nesta Lei.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 132
No caso de posse é preciso ter reserva legal florestal. O órgão ambiental vai assinar um
“Termo de Ajustamento de Conduta” (TAC) com o posseiro e tal termo terá força de título executivo
extrajudicial.
§ 3o A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações
assumidas no termo de compromisso de que trata o § 2o.
§ 4o O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório
de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação
desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar
fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com
a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
§ 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente,
no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento,
exigirá do proprietário ou possuidor rural:
I - identificação do proprietário ou possuidor rural;
II - comprovação da propriedade ou posse;
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo
a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de
amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos
remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente,
das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também
da localização da Reserva Legal.
§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de
reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a
necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28
de agosto de 2001.
§ 3o A inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades e
posses rurais, devendo ser requerida até 31 de dezembro de 2017,
prorrogável por mais 1 (um) ano por ato do Chefe do Poder
Executivo. (Redação dada pela Lei nº 13.295, de 2016)
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a
localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão
ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no inciso III do
§ 1o do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos do caput,
deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de registro de
imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo de
compromisso já firmado nos casos de posse.
Atenção!!! Vejamos os comentários trazidos pelo Dizer o Direito6 sobre a presente situação:
6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Área de reserva legal e registro da sentença declaratória de usucapião. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7eb7eabbe9bd03c2fc99881d04da9cbd>. Acesso em: 05/01/2023.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10267.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10267.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13295.htm#art4
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 133
João é posseiro de um imóvel rural há muitos anos e propôs ação de usucapião a fim de se
tornar o proprietário do terreno. A sentença foi julgada procedente, declarando que João adquiriu a
propriedade.
Vale lembrar que a sentença de usucapião deve ser registrada no Cartório de Registro de
Imóveis para que nele fique consignado que o novo proprietário é aquela pessoa que teve em seu
favor a sentença de usucapião. Em outras palavras, João deverá averbar a sentença de usucapião
no Cartório de Registro de Imóveis para ser considerado proprietário.
Ocorre que o juiz que sentenciou a ação de usucapião condicionou o registro da sentença
no Cartório do Registro de Imóveis ao prévio registro da Área Legal no CAR (Cadastro Ambiental
Rural). Em outras palavras, o juiz afirmou que a usucapião só poderia ser averbada se, antes, o
autor inscrevesse a Área de Reserva Legal no CAR.
Agiu corretamente o magistrado? Ele poderia ter feito essa exigência?
SIM. Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja
registrada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no
Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A Lei nº 12.651/2012 (novo Código Florestal) instituiu o Cadastro Ambiental
Rural (CAR), que passou a concentrar as informações ambientais dos imóveis
rurais, sendo dispensada a averbação da reserva legal no Registro de
Imóveis (art. 18, § 4º). Assim, ante esse novo cenário normativo, como
condição para o registro da sentença de usucapião no Cartório de Registro
de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no CAR.
A nova lei não pretendeu reduzir a eficácia da norma ambiental, pretendeu
tão somente alterar o órgão responsável pelo "registro" da reserva legal, que
antes era o Cartório de Registro de Imóveis, e agora passou a ser o órgão
ambiental responsável pelo CAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1356207-SP, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/4/2015 (Info 561).
Como o tema foi cobrado em concurso?
AGE/MG (2022) O Código Florestal prevê que fica criado o Cadastro
Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre
Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional,
obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base
de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico
e combate ao desmatamento.
Nesse contexto, consoante dispõe a Lei nº 12.651/2012, a inscrição no CAR
é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses
rurais. Correta!
➔ QUESTÃO: É possível reserva legal florestal em área urbana?
Resposta: Não é possível. Pode acontecer de uma área urbana avançar para uma área
rural, atingindo a reserva legal florestal — significa que tal área se tornará zona urbana, porém,
deve-se manter a reserva legal florestal, pois não pode uma norma local (municipal) se sobrepor a
uma norma geral (Código Florestal).
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CS - DIREITO AMBIENTAL2023.1 134
E se desapropriar uma propriedade rural, a sua reserva legal
florestal entra no cálculo para determinar a área improdutiva? O STJ
e o STF entendem que, se a reserva florestal NÃO estiver averbada
no registro imobiliário antes da vistoria, não poderá ser excluída da
área total do imóvel desapropriado para efeito de cálculo da
produtividade do imóvel rural. Para a jurisprudência, a reserva legal
precisa estar devidamente identificada e averbada na matrícula do
imóvel a fim de que seja possível saber se o proprietário vem
cumprindo ou não as obrigações positivas e negativas que a legislação
ambiental lhe impõe.
2.6. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL
Quem a definirá será o órgão ambiental estadual. Há algumas possibilidades, conforme art.
31 a 33 e 70 do Código Florestal):
Art. 31. A exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de
domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos nos arts. 21, 23
e 24, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama,
mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS
que contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e
manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea
forme.
§ 1o O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e científicos:
I - caracterização dos meios físico e biológico;
II - determinação do estoque existente;
III - intensidade de exploração compatível com a capacidade de suporte
ambiental da floresta;
IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do volume de
produto extraído da floresta;
Recompor a área em 1/10 a cada 03 anos, com espécies nativas, de acordo com critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente (supondo que a área está zerada, esta
demorará 30 anos para recompor).
V - promoção da regeneração natural da floresta;
Regeneração natural = o órgão fecha a área para que haja a regeneração (tem que ser
tecnicamente possível).
VI - adoção de sistema silvicultural adequado;
VII - adoção de sistema de exploração adequado;
VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente;
IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.
Compensação ambiental, por outra área equivalente em importância ecológica e extensão,
desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme
critérios estabelecidos em regulamento.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 135
Caso isto não seja possível, adota-se o critério de maior proximidade possível dentro da
mesma bacia hidrográfica e dentro do mesmo Estado.
Se o Poder Público criou uma unidade de conservação de domínio público (ex.: Parque
Nacional), ele terá que obrigatoriamente desapropriar. Porém, nem sempre o Poder Público dispõe
de recursos financeiros e por isso é possível que uma pessoa adquira a propriedade que será
desapropriada, desonerando-se da reserva legal florestal.
§ 2o A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama confere ao
seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal
sustentável, não se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental.
§ 3o O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão ambiental
competente com as informações sobre toda a área de manejo florestal
sustentável e a descrição das atividades realizadas.
§ 4o O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações
e atividades desenvolvidas na área de manejo.
§ 5o Respeitado o disposto neste artigo, serão estabelecidas em ato do Chefe
do Poder Executivo disposições diferenciadas sobre os PMFS em escala
empresarial, de pequena escala e comunitário.
§ 6o Para fins de manejo florestal na pequena propriedade ou posse rural
familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer procedimentos
simplificados de elaboração, análise e aprovação dos referidos PMFS.
§ 7o Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de PMFS
incidentes em florestas públicas de domínio da União.
Art. 32. São isentos de PMFS:
I - a supressão de florestas e formações sucessoras para uso alternativo do
solo;
II - o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas fora das Áreas
de Preservação Permanente e de Reserva Legal;
III - a exploração florestal não comercial realizada nas propriedades rurais a
que se refere o inciso V do art. 3o ou por populações tradicionais.
Art. 33. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-prima florestal
em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de:
I - florestas plantadas;
II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão competente do Sisnama;
III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão competente do
Sisnama;
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 136
IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente do
Sisnama.
§ 1o São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que
utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou
que detenham autorização para supressão de vegetação nativa.
§ 2o É isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele que utilize:
I - costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes da atividade
industrial
II - matéria-prima florestal:
a) oriunda de PMFS;
b) oriunda de floresta plantada;
c) não madeireira.
§ 3o A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal não desobriga o
interessado da comprovação perante a autoridade competente da origem do
recurso florestal utilizado.
§ 4o A reposição florestal será efetivada no Estado de origem da matéria-
prima utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas,
conforme determinações do órgão competente do Sisnama.
Art. 70. Além do disposto nesta Lei e sem prejuízo da criação de unidades de
conservação da natureza, na forma da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000,
e de outras ações cabíveis voltadas à proteção das florestas e outras formas
de vegetação, o poder público federal, estadual ou municipal poderá:
I - proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmicas, em perigo
ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies necessárias à
subsistência das populações tradicionais, delimitando as áreas
compreendidas no ato, fazendo depender de autorização prévia, nessas
áreas, o corte de outras espécies;
II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua localização,
raridade, beleza ou condição de porta semente;
III - estabelecer exigências administrativas sobre o registro e outras formas
de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à extração,
indústria ou comércio de produtos ou subprodutos florestais.
2.7. DAS ÁRVORES IMUNES AO CORTE (ART. 70, inc. II DO CÓDIGO FLORESTAL)
Art. 70. Além do disposto nesta Lei e sem prejuízo da criação de unidades de
conservação da natureza, na forma da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000,
e de outras ações cabíveis voltadas à proteção das florestas e outras formas
de vegetação, o poder público federal, estadual ou municipal poderá:
II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua localização,
raridade, beleza ou condição de porta-se mente;
3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (LEI 9.985/00 – LEI DO SISTEMA NACIONAL DAS
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - LSNUC)
3.1. BASE LEGAL
A Lei 9.985/00 regulamenta os incisos I, II e III do art. 225, §1º da CF/88.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 137
CF Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
I - preservar e restaurar os processosecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
3.2. CONCEITO
Lei 9985/00 Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao
qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
Obs: o art. 2º da Lei 9.985/2000 traz uma série de conceitos
recorrentemente cobrados em concurso, revise com atenção este
ponto!
3.3. DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
3.3.1. Espécies de Unidades de Conservação
1) Unidades de PROTEÇÃO INTEGRAL
Visa à proteção efetiva ao meio ambiente. Não se tem atividade econômica, admitindo-se
somente o uso INDIRETO, tais como: pesquisa científica, observação, coleta etc.
2) Unidades de USO SUSTENTÁVEL
Devem compatibilizar atividade econômica com proteção ao meio ambiente. Admite-se o
uso de parcela de seus recursos naturais.
Criação da Unidade de Conservação
É criada por ato do Poder Público (em regra, através de Decreto), precedido de estudo
técnico e consultas públicas — Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade.
ATENÇÃO: Para criação de estação ecológica e reserva biológica não
é necessária a consulta pública, bastando apenas o estudo técnico.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 138
É possível converter uma unidade de uso sustentável em unidade de proteção integral, pelo
mesmo diploma legal (ex.: se foi criado por decreto, será convertido por decreto), observado os
estudos técnicos e consulta pública. Todavia, para DESAFETAR/REDUZIR uma unidade de
conservação só pode ser feita através de lei específica (art. 225, §1º, I a III CF/88).
Art. 225 CF/88
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
...
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
3.3.2. Composição (art. 6º L.9985/00)
Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas
atribuições:
I – ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA, com as atribuições de acompanhar a implementação
do Sistema;
II - ÓRGÃO CENTRAL: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de
coordenar o Sistema; e
III - ÓRGÃOS EXECUTORES: o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em
caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de
implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as
unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas
esferas de atuação.
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do
Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas
para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de
manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma
categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a
estas, uma clara distinção.
1) Órgão consultivo e deliberativo (CONAMA);
2) Órgão central (Ministério do Meio Ambiente);
3) Órgãos Executores - ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – Autarquia );
- IBAMA (supletivo);
- Órgãos Estaduais e Municipais (ex.: Parque Estadual, Área de
Proteção Estadual).
3.4. ESTUDO DAS ESPÉCIES DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (quanto ao seu objetivo,
domínio e características)
Estudaremos aqui o seguinte:
1) Unidades de Proteção Integral (UPI - art. 8º da LSNUC)
1.1) Estação Ecológica (EE);
1.2) Reserva Biológica (RB);
1.3) Parque Nacional (PN);
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 139
1.4) Monumento Natural (MN);
1.5) Refúgio de Vida Silvestre (RVS).
2) Unidades de Uso Sustentável (UUS - art. 14 da LSNUC)
2.1) Área de Proteção Ambiental (APA);
2.2) Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE);
2.3) Floresta Nacional (FN);
2.4) Reserva Extrativista (RE);
2.5) Reserva de Fauna (RF);
2.6) Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS);
2.7) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Obs.: A diferença entre estas duas espécies de unidade de
conservação é que na de Proteção Integral, admite-se apenas o uso
indireto de recursos naturais, salvo em alguns casos. Não se admite a
atividade econômica. Já na de Uso Sustentável, utiliza-se parcela de
recursos naturais cumulativamente com a proteção ambiental,
compatibilizando com a atividade econômica.
3.4.1. Das Unidades de Conservação de Proteção Integral
1) Estação Ecológica (EE)
I) Objetivo: Preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.
II) Domínio: Posse e domínio PÚBLICO, ou seja, as áreas particulares no seu interior
deverão ser desapropriadas.
III) Características: possibilidade de realização de pesquisas científicas, permitindo apenas,
no máximo, 3% da área, desde que os 3% não excedam a 1.500 hectares.
2) Reserva Biológica (RB)
I) Objetivo: Preservação integral da biota e dos demais elementos naturais em seus limites
(não se permite qualquer pesquisa científica).
II) Domínio: posse e domínio PÚBLICO, ou seja, a área particular no seu interior deverá ser
desapropriada.
3) Parque Nacional (PN)
I) Objetivo: Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica.
II) Domínio: Domínio PÚBLICO e áreas privadas que deverão ser desapropriadas.
III) Características: permite-se a realização de pesquisa científica, atividade de interpretação
e educação ambiental, atividade de recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.
4) Monumento Natural (MN)
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 140
I) Objetivo: Preservar ambientes naturais raros, singulares e de grande beleza cênica.
II) Domínio: Admite-se a existência de áreas PARTICULARES, desde que sejam
compatíveis com a unidade de conservação e com a anuência dos proprietários. Caso haja
discordâncias destes, será realizada a desapropriação.
5) Refúgio de Vida Silvestre (RVS)
I) Objetivo: Proteger ambientes naturais em que se asseguram condições para a existência
e reprodução de espécies e comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
II) Domínio: Admite-se a existência de áreas PARTICULARES, desde que sejam
compatíveis com a unidade de conservação e com a anuência dos proprietários. Caso haja
discordâncias destes, será realizada a desapropriação.
Obs: Mnemônico para gravar as espécies de UPI: ESte PARQUE
RESERVA um MONUMENTAL REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE.
Como o tema foi cobrado em concurso?
MPE/GO (2019) As unidades de conservação da Reserva Biológica, da
Floresta Nacional e do Parque Nacional integram as Unidades de Proteção
Integral. Errada!
MPE/SC (2019) A categoria de unidade de conservação de proteção integral,
denominada Monumento Natural, não pode ser constituída por áreas
particulares. Errada!
MPE/SC (2019) As unidades de conservação de proteção integral, da
categoria Parque Nacional, quando criadas pelo Estadoou Município, serão
denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.
Correta!
3.4.2. Das Unidades de Conservação de Uso Sustentável
1) Área de Proteção Ambiental (APA)
I) Objetivo: Disciplinar o processo de ocupação da unidade, assegurar a sustentabilidade no
uso dos recursos naturais e proteger a diversidade biológica.
II) Domínio: Domínio PÚBLICO e áreas PRIVADAS.
III) Características: É uma área de GRANDE EXTENSÃO, com certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos bióticos, abióticos, estéticos e culturais, importantes para o bem-estar
e qualidade de vida das populações. Respeitados os limites constitucionais é possível ter restrições
à propriedade privada.
2) Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE)
I) Objetivo: manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso
admissível dessas áreas.
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II) Domínio: terras PÚBLICAS e PRIVADAS.
III) Características: é uma APA de PEQUENA EXTENSÃO (diminutiva), com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares
raros da biota regional.
3) Floresta Nacional (FN)
I) Objetivo: é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e
possui como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos para a exploração sustentável de florestas nativas (ex.:
ecoturismo).
II) Domínio: posse e domínio PÚBLICO, onde as áreas particulares devem ser
desapropriadas.
III) Características: Se houver população tradicional no momento da sua criação, elas
poderão ficar, desde que compatíveis à floresta nacional. A pesquisa científica é permitida e
incentivada.
4) Reserva Extrativista (RE)
I) Objetivo: proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas e assegurar o
uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A subsistência se dá com o extrativismo e a
complementação da sua renda é com a agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno
porte.
II) Domínio: Domínio PÚBLICO. A população assina o contrato de concessão de direito real
de uso. As áreas privadas devem ser desapropriadas.
III) Características: É proibida a exploração de recursos minerais (ao contrário da RDS –
ver abaixo), bem como a caça (seja a armadora como a profissional). A pesquisa científica é
permitida e incentivada.
5) Reserva de Fauna (RF)
I) Objetivo: área natural com populações, animais de espécies nativas, terrestres ou
aquáticas, residentes ou migratórias adequadas para estudos técnico-científicos para o manejo
econômico sustentável de recursos faunísticos.
II) Domínio: posse e domínio PÚBLICO, com possibilidade de áreas particulares
desapropriadas.
III) Características: NÃO pode ter caça, seja amadora ou profissional.
6) Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS - art. 20 da L.9985/00)
Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que
abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas
sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo
de gerações (pelo menor nº de geração: pai-filho) e adaptados às
condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 142
I) Objetivo: Preservar a natureza e ao mesmo tempo assegurar as condições e os meios
necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida das populações
tradicionais e a exploração dos recursos naturais por estas (§1º do art. 20 da L.9985/00).
II) Domínio: Domínio PÚBLICO e terras particulares devem ser desapropriadas, apesar do
§2º, art. 20 não ter sido incisivo.
Art. 20§ 2º da L.9985/00. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de
domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites
devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que
dispõe a lei.
III) Características: é permitida e incentivada a visitação pública e a pesquisa científica
voltada para a conservação da natureza (§5º do art. 20 da L.9985/00).
Obs.: A L.9985/00 não aborda a vedação de exploração de recursos
minerais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
Vale dizer que no Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as
zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos e será
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade (§6º do art. 20 da L.9985/00).
7) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPDN - art. 21 da L.9985/00)
I) Objetivo: é uma área privada gravada com perpetuidade com o objetivo de conservar a
diversidade biológica.
II) Domínio: terras PRIVADAS/PARTICULARES;
III) Características: É permitida a pesquisa científica, bem como a visitação com objetivos
turísticos, recreativos e educacionais; o gravame de perpetuidade constará de termo de
compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público,
e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis (§1º, art. 21 L.9985/00); são
isentas de ITR; podem ser encontradas em âmbito estadual e municipal.
Obs1.: De acordo com art. 21, §3º da L.9985/00, os órgãos integrantes
do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação
técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio
Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e
de Gestão da unidade.
Obs2: no âmbito federal foi instituída pela Lei 13.668/2018 a
possibilidade de concessão de áreas de UC para a iniciativa privada,
esta lei incluiu o art. 14-C na Lei 11.516/2007:
“Art. 14-C . Poderão ser concedidos serviços, áreas ou instalações de
unidades de conservação federais para a exploração de atividades de
visitação voltadas à educação ambiental, à preservação e
conservação do meio ambiente, ao turismo ecológico, à interpretação
ambiental e à recreação em contato com a natureza, precedidos ou
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CS - DIREITO AMBIENTAL 2023.1 143
não da execução de obras de infraestrutura, mediante procedimento
licitatório regido pela Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
Art. 21. § 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e
oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva
Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo
ou de Proteção e de Gestão da unidade.
Note que há unidades que podem ser instituídas em áreas particulares e outras não,
devendo ser desapropriadas. É um ponto bastante recorrente em provas, por isso esquematizando,
temos o seguinte cenário:
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Proteção Integral
Estação Ecológica
Posse e domínio públicos.
Áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas.
Reserva Biológica
Parque Nacional
Monumento Natural Pode ser constituído por áreas
particulares, desde que compatível com
os objetivos da unidade com a utilização
da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários.
Refúgio da Vida Silvestre
Uso Sustentável
Área de Proteção Ambiental
Áreas públicas e particulares.
Área de Relevante Interesse
Ecológico
Floresta Nacional
Posse e domínio públicos.
Áreas particulares incluídas em seus
limites serão desapropriadas.
Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento
Sustentável
Reserva Extrativista
Áreas públicas. Haverá concessão de uso
às populações extrativistas tradicionais.
Áreas particulares devem ser
desapropriadas.
Reserva Particular do
Patrimônio Natural
Áreas particulares, gravadas com
perpetuidade.
Como o tema foi cobrado em concurso?
PC/AM (2022) De acordo