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Fichamento de Histórias da Gente, Colônia Brasileira - Capítulo 3

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Feito por: Julia Gabriela de Souza Firmiano. 
Estudante de Serviço Social – UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Material resultante das matérias acadêmicas do curso de Serviço Social 
Resumo do livro: Histórias da gente, Colônia Brasileira – Mary Del Priori
Capítulo 3: Tempo de unir-se, tempo de família 
Mas em vez de "tempo de amar", melhor seria dizer tempo de se unir a alguém. E de se juntar, para sobreviver. [...] Entre nós, durante mais de quinhentos anos, os casamentos não se faziam de acordo com a atração sexual recíproca ou a paixão. Eles mais se realizavam por interesses econômicos ou familiares. Entre os mais pobres, o matrimônio ou a ligação consensual era uma forma de organizar o trabalho cotidiano. [...] labor incessante e árduo não deixasse muito espaço para a paixão sexual. [...] beijos e carícias - eram raridade. Para os homens, contudo, as chances de manter ligações extraconjugais eram muitas.
O europeu trouxe para o Novo Mundo uma maneira particular de organizar a família. Esse modelo, constituído por pai e mãe "casados perante a Igreja", correspondia aos ideais definidos pelo catolicismo.
Mas será que o europeu conseguiu impor esse tipo de família ao Novo Mundo? Inicialmente, foram poucos os homens que trouxeram mulheres e filhos. [...] Em 1549, padre Nóbrega comentava as uniões informais e a miscigenação: [...] O jesuíta tinha solução: mandar prostitutas de Portugal para o Brasil, "ainda que fossem erradas, se casarão todas muito bem"! [...] Como o contingente de mulheres brancas continuou baixo por muito tempo, os colonos escolhiam as índias como concubinas, com quem viviam "segundo os costumes da terra".
Entre colonos solteiros ou casados que tinham suas mulheres em Portugal não havia problema em "abarregar-se com suas escravas gentias". Os concubinatos incomodavam mais à Igreja do que às autoridades. Mas eles foram responsáveis pelas primeiras uniões e uma geração de mamelucos. [...] nasciam os "bastardos tidos com brasilas" o termo, no século XVI, significando ao mesmo tempo ilegítimo e mameluco. [...] eram chamadas "curibocas", na língua tupi.
[...] alguns aspectos importantes da vida indígena. O casamento era proibido entre filho e mãe, filho e irmã, pai e filha. Eles seguiam regras bem simples: desejando se unir, os homens se dirigiam a uma mulher e perguntavam sobre sua vontade de casar. Se a resposta fosse positiva, pedia-se permissão do pai ou parente mais próximo. Dada a permissão, os "noivos" se consideravam "casados". Não havia cerimônias e se ficassem fartos do convívio, consideravam a relação desfeita. Ambos podiam procurar novos parceiros [...]. Normalmente, os índios tratavam bem suas companheiras. Protegiam-nas, andavam juntos com elas dentro e fora da aldeia, se o inimigo aparecesse, lutavam, dando chance às mulheres de escapar. Quando os casais brigavam, podiam espancar-se mutuamente, sem interferência de terceiros. O adultério feminino causava grande horror. O homem enganado podia repudiar, expulsar e mesmo matar a mulher que tivesse cometido essa falta. Quando as mulheres engravidavam na relação extraconjugal, a criança era enterrada viva e a adúltera, trucidada. Havia uma grande liberdade sexual antes do casamento. As moças podiam manter relações com rapazes índios ou europeus, sem que isso lhes provocasse desonra. Posteriormente, casavam-se sem nenhum constrangimento.
A análise dos testamentos quinhentistas feita por Maria Beatriz Nizza da Silva revela a preocupação dos pais em educar e profissionalizar os filhos mamelucos. [...] os filhos naturais ou ilegítimos eram alforriados, registrava-se em documento o pedido de ensinar-lhes a ler e escrever e o aprendizado de um ofício. As filhas reservava-se, quando possível, um dote para lhes garantir um casamento.
[...] diferenças regionais na incorporação de mamelucos e bastardos às famílias de brancos No Nordeste, prevaleceu a endogamia acentuada pela presença flamenga. Frente ao estrangeiro calvinista, os senhores de engenho pernambucanos católicos se casaram, mais e mais, entre si, protegendo seus bens em favor da descendência legítima. Mamelucos herdando? Só se fosse filho de mulheres brancas. Filhos de negras e índias podiam ser excluídos. [...] Sem abandonar a prole ilegítima, os senhores de engenho evitavam sua legitimação.
Em São Paulo, por outro lado, era normal que se cuidasse dos filhos dos bastardos, sobretudo quando não havia herança a receber.
Para Gilberto Freyre, com ou sem mamelucos, a família rural foi o mais importante fator de colonização. [...] Agia de forma mais eficiente para o desbravamento da terra do que qualquer companhia de comércio.
Já Sérgio Buarque de Holanda observou que a família prevalecia como centro de todas as organizações.
Os escravos, juntamente com parentes e empregados, dilatavam o círculo no qual o senhor de engenho era o todo-poderoso pater-familias.
Para os dois autores, a soma da tradição patriarcal portuguesa com a colonização agrária e escravista resultou no chamado patriarcalismo brasileiro. Tanto no interior quanto no litoral, ele garantia a união entre parentes, a obediência dos escravos e a influência política de um grupo familiar sobre os demais. Uma grande família impunha sua lei e ordem nos domínios que lhe pertenciam. O chefe cuidava dos negócios e tinha absoluta autoridade sobre a mulher, filhos, escravos, empregados e agregados.
Elas incluíam, também, parentes, filhos ilegítimos ou os de criação, afilhados. Sua influência era enorme e se estendia, muitas vezes, aos vizinhos. Havia uma relação de dependência e solidariedade entre seus membros.
[...] outros tipos de família vicejavam nessa época: famílias pequenas de solteiros e viúvos, de mães e filhos vivendo sem pais. Entre as camadas mais pobres, eram comuns as tradicionais ligações consensuais, sobretudo nas áreas de passagem, urbanização acelerada ou mineração. [...] Tais ligações, então chamadas de concubinárias, podiam ser, e eram, muito estáveis. [...] O que era precário era sua situação material. Mas a estima, o respeito e a solidariedade eram características que se encontravam tanto num tipo de família, quanto no outro. Assim como as tensões ou violências, presentes, em ambas, também.
As africanas, por sua vez, vieram engrossar as "uniões à moda da terra". Os portugueses já estavam familiarizados com elas, pois, desde o século XV, eram enviadas para Portugal. [...] Daí as famílias de mestiços e mulatos. [...] não pressupunham o casamento oficial. As pessoas se escolhiam por que se gostavam, passando a trabalhar juntas e a ter filhos.
O fato de no Brasil Colonial as cidades serem distantes umas das outras fazia com que a maioria das pessoas morasse "pelos sertões ou matos". Elas também, tinham dificuldade em cumprir os preceitos da religião. [...] Como a maioria vivia na roça, os filhos ajudavam na lavoura. [...] os homens ligavam muito para a fidelidade da companheira. Quando se sentiam traídos era comum ameaçar e espancar suas mulheres. Mas elas davam o troco. Abandonadas, não hesitavam em tentar envenená-los ou pediam ajuda aos irmãos e parentes para aplicar-lhes uma boa surra.
Graças às grandes ondas migratórias, alguns centros urbanos ficavam com mais mulheres do que homens. Elas cuidavam do pequeno comércio, da lavoura, da plantação e dos animais domésticos. Algumas, mais abastadas, eram fazendeiras, comerciantes de escravos e de tropas. [...] hoje, chamamos de lares monoparentais. [...] Longe de revelar qualquer fragilidade social, tais famílias permitiam às matriarcas traçar agendas extremamente positivas [...].
E os escravos? A Igreja Católica não só permitia como defendia seu direito ao casamento, inclusive com pessoas livres. Os senhores mais ricos costumavam casar seus escravos no mesmo dia em que batizavam as crianças nascidas no engenho. [...] O trabalho na lavoura, a época de colheita ou de moagem da cana, servia para que homens e mulheres se encontrassem. [...] A escolha da companheira muitas vezes causava disputas violentas, ameaças e até mortes. Os escravos preferiamunir-se com companheiras da mesma origem étnica. Chama-se a este fenômeno endogamia. [...] permitia ao casal organizar seu mundo com os mesmos hábitos e tradições da sua região de origem na África.
De acordo com as Constituições primeiras do Arcebispado da Bahia, os escravos tinham o "direito humano e divino" de casar-se com outros escravos ou livres. O senhor não podia impedi-los. A Igreja chegou a lembrar que a multiplicação de famílias cativas só poderia ajudar os proprietários.
Casamentos mistos entre livres e escravos levantavam questões problemáticas. Quando índias se casavam com escravos, quando esses eram vendidos, elas tinham que acompanha-los no novo cativeiro, colocando o problema da mobilidade geográfica da população de cor. [...] Os filhos destes casais eram chamados "servos". A diferente condição jurídica dos cônjuges fez com que muitas mulheres tentassem comprar a liberdade de seus maridos. Quando o senhor negava o pedido, elas recorriam aos governadores ou mesmo ao rei, que concedia a liberdade como uma "graça".
Amores, amor, famílias e família: plural
Nas cidades, as uniões consensuais entre homens e mulheres escravos ou entre alforriados ou livres também eram correntes. Aí também prevalecia o padrão endogâmico de casamento. [...] permanência de casamentos dentro do mesmo grupo, sobretudo quando se tratava de uniões legalizadas: brancos com brancos, pardos com pardos, crioulos com crioulos, pretos com pretos. As uniões mistas, que fizeram Henri Koster louvar a miscigenação como algo corriqueiro, eram menos correntes e se davam à margem do sistema oficial de casamentos.
A família escrava se apoiava numa forma de solidariedade muito forte: a espiritual. Escolhendo para padrinhos ou madrinhas de seus filhos amigos ou companheiros de trabalho ou de etnia, os descendentes de africanos formavam um tipo de família onde laços com a tradição africana eram muito importantes. Os padrinhos ficavam encarregados de proteger e ajudar o afilhado até o final da vida, servindo para forjar uma rede de informações das diversas "nações" que fazia circular as notícias sobre os familiares vendidos a proprietários diferentes. Havia sempre a possibilidade de reencontrarem-se irmãos, pais e mães ou outros parentes.
Nas senzalas, quando aumentava a importação de africanos, os crioulos se fechavam entre si. A entrada de novos homens era sentida como uma ameaça. [...] Mas o aumento do tráfico no século XIX acabou por rompê-lo, pois aqui chegavam cada vez mais indivíduos vindos de diferentes origens.
[...] Homens velhos se casavam com moças [...] e moços, com mulheres décadas mais velhas. Os mais velhos, prestigiados na tradição africana, dominavam o mercado de mulheres férteis; os cativos jovens, excluídos do acesso a estas, acabavam com mulheres em idade bem superior.
Quanto ao tempo de amar dos grupos afrodescendentes, [...] Há diferenças entre casamentos de livres e de escravos. Os primeiros podiam se casar quando quisessem ou pudessem.
A família senhorial apresentava algumas características também encontradas no restante da sociedade. Ela podia ser "extensa" englobando familiares e agregados, parentes, filhos bastardos e concubinas. Ou podia ser monoparental. Essa era em geral liderada por viúvas que viviam com seus filhos e irmãos ou irmãs solteiras. Em ambos os casos, eram comuns as núpcias entre parentes próximos, primos e até meios-irmãos. Graças aos casamentos "endogâmicos", as famílias senhoriais aumentavam sua área de influência, aumentando também suas terras, escravos e bens. O casamento com "gente igual" era altamente recomendável e poucos eram os jovens que rompiam com essa tradição. O dia a dia destes grupos trans. corria em meio ao grande número de pessoas. As mulheres pouco saíam de suas casas, empregando seu tempo em bordados e costuras, ou no preparo de doces, bolos e frutas em conserva. Eram chamadas de "minha senhora", pelos maridos.
Embora a Igreja considerasse o vínculo do matrimônio indissolúvel esse nem sempre se extinguia com a morte de um dos cônjuges. Crises? Sim. Separações e anulações do contrato, enclausuramento de mulheres em conventos femininos, bigamias e mesmo assassinato do cônjuge ocorriam. [...] Tentativas de envenenamento, várias. O uso do vidro moído mistura do aos alimentos era corrente.
Era comum que homens de condição elevada obtivessem "seguro real" para cuidar de suas causas em liberdade, mesmo quando bastante evidente o crime. Em geral, eram desculpados por cometer crimes "por paixão e arrebatamento". Já a gente de cor não encontrava o mesmo apoio junto aos magistrados, pois esses não achavam que negros e mulatos tivessem honra a defender [...].
Se havia diferenças entre assassinos pobres e ricos, havia pior distinção entre homens e mulheres. Enquanto entre as segundas não se colocava sequer a possibilidade de serem desculpadas por matarem seus maridos adúlteros, o marido traído que matasse a adúltera não tinha qualquer punição. Ele estava protegido pelas Ordenações Filipinas: "Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar ações a ela, como ao adúltero, salvo se o marido for peão e o adúltero fidalgo ou pessoa de maior qualidade." A condição social do parceiro de adultério era levada em conta. A da adúltera não contava. Morria a plebeia ou a nobre.
Outra forma de punição feminina era a reclusão nos conventos, muitas vezes, perpétua. Para trancafiá-las era preciso uma permissão da autoridade, fosse essa do rei, do vice-rei ou do bispo. E, a partir de 1808, do intendente geral da polícia do Rio de Janeiro [...]. O encarceramento podia ser para sempre, bastando, para isso, sustentá-las com alimentos lá dentro.
Violência entre cônjuges? Muita e desde sempre. [...] alguns maridos dedicarem tratamento impar às suas amantes: não alimentavam suas famílias, mas cobriam de mantimentos a "outra". Vestiam a amásia enquanto a esposa andava em andrajos. Faziam a mulher trabalhar, enquanto a concubina, muitas vezes mulata e negra, era "tratada como senhora da casa" [...] Na crise do matrimônio, a mulher era a primeira à sofrer [...].
A fragilidade do casamento não resistia, muitas vezes, à violência e ao abandono. Há registros de mulheres que fogem de seus cônjuges, voltam para a casa dos pais, tentam refazer suas vidas. Quem julgava os comporta-mentos, apoiando um ou outro lado do casal, era a comunidade. Vizinhos, amigos e parentes se uniam ao cônjuge ofendido para apoiá-lo perante os bispos que visitavam as paróquias distantes avaliando sua situação. [...] Mas, se a mulher "andava vagabunda", era "adúltera" ou "meretriz", perdia os apoios comunitários. [...] Vale lembrar que a atividade comercial de muitas mulheres lhes dava independência suficiente para estabelecer novos amores. [...].
Em pesquisas sobre roceiros pobres, a historiadora Maria Luíza Marcílio comprovou que as uniões consensuais eram a regra. E, quando havia casamentos, eles mais respeitavam o calendário das colheitas do que o religioso. Aquele de "papel passado" mais interessava às famílias proprietárias, interessadas na transmissão do patrimônio a seus herdeiros. Nas roças de alimentos, localizadas pelos sertões, apesar da austeridade moral e a estabilidade conjugal o casamento legal de livres ou escravos tinha pouco significado. Entre cativos, a taxa de mulheres era inferior à dos homens e a dispersão nas roças dificultava a escolha do cônjuge.
Mas havia quem, no casamento oficial ou fora dele, vivesse feliz para sempre. Caso, por exemplo, de Francisca, ou Chica da Silva, e o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira. Embora casado, ele fez vida conjugal com a ex-escrava que alforriou e com quem teve treze filhos, [...]. 
Chica da Silva foi uma boa mãe e esposa honrada. Quando o marido foi obrigado a retornar para Portugal, assumiu a educação das filhas, mantendo-se fiel ao esposo. Cada uma das filhas recebeu do pai uma fazenda como herança e, assim, realizaram seus casamentos com homens bem posicionados socialmente.
À medida que as famílias iam se adaptando às realidadesdo meio, a Igreja atraía mais e mais fiéis. O casamento foi transformado num sacramento regulamentado que deveria ser obedecido e só concedido mediante a bênção ido padre. O objetivo dependia de várias regras a serem respeitadas: os impedimentos. [...].
O controle era importante, pois a bigamia foi um fenômeno conheci do na colônia.
Ao final do século XVIII, as "uniões à moda da terra" deram progressivamente lugar aos casamentos [...]. A partir do Concílio de Trento, em 1545, a Igreja desenvolveu uma doutrina em torno do matrimônio, estabelecendo, inclusive, a necessidade do consentimento dos cônjuges e de seus pais, encarregados de proverem dotes ao casal. A união sexual se tornou "um mistério" e "sacramento" que assegurava dignidade e legitimidade ao ato. Antes realizada às portas de qualquer igreja, no século XVII, a cerimônia passou a ter lugar em frente ao altar com a bênção nupcial auferida por um padre. Os nubentes não usavam trajes especiais para o enlace, mas vestiam suas melhores roupas. Os "manuais laicos de casamento", em apoio às normas da Igreja, justificavam as vantagens da vida de casado tanto sobre o ponto de vista patrimonial quanto para evitar os desregramentos da vida de solteiro.
Muitos casais usaram o sacramento como forma de inserção e de mobilidade social. Ao fugir à pecha da relação condenada e ilegítima, mais e mais mestiços, mulatos e brancos ou negros pobres procuravam manter seu status dentro do grupo de origem. Formavam laços de parentesco com pessoas de sua mesma realidade social, evitando manchar a descendência da família, além de inserir homens e mulheres de cor, nos costumes dos brancos. Eles conquistavam, assim, direitos civis e respeito perante os demais membros da comunidade.
Melhor época para celebração? Fora do "tempo proibido" ou "tempo de penitência", na Quaresma e no Advento. Sextas-feiras, dia da Paixão e morte de Jesus eram evitados, assim como os domingos, [...]. Ao ato religioso, por vezes coletivo, seguiam-se as festas de bodas com música, comezaina e bebida a fartar.

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