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As ciências do cuidado em saúde e interface com a feminização

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DESCRIÇÃO
O processo de feminização e sua inter-relação com os conceitos de masculinidade e
feminilidade socialmente construídos e subsidiados por questões de gênero, classe, raça e
etnia no cuidado em saúde.
PROPÓSITO
A temática da feminização do cuidado é importante para a formação do profissional da saúde,
pois traz reflexões e problematiza aspectos relativos à saúde da população no âmbito das
questões de gênero que devem ser reproduzidas na prática profissional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir os conceitos de masculinidade e feminilidade e seus contrastes com os conceitos de
machismo e feminismo
MÓDULO 2
Relacionar o contexto histórico da conceituação de feminização com a construção do cuidado
em saúde
MÓDULO 3
Analisar o cuidado em saúde com base nas conexões entre gênero, etnia e classe
INTRODUÇÃO
Desde o nascimento, aprendemos que homens e mulheres têm papéis diferentes na sociedade,
começando pelas diferenças sexuais. Acredita-se que o homem possa exercer uma relação de
poder sobre as mulheres, a chamada dominação masculina, a depender da cultura. Quando um
bebê nasce, dependendo do sexo, a sociedade estipula que ele deverá se vestir com
determinada cor. Meninas desde cedo são orientadas a comportar-se e pensar de maneira
diferente, reproduzindo fragilidades, dependências e submissão. Meninos são incentivados a
serem independentes, fortes e valentes, sem expor sentimentos e emoções.
A mulher esteve submetida prioritariamente às funções de procriação e cuidado com os filhos
ao longo de muitos anos. Contudo, com a evolução da sociedade e a inserção da mulher no
mercado de trabalho, as mulheres lançaram-se gradualmente a muitas oportunidades
profissionais, além de muitas continuarem dedicando-se em seus papeis familiares.
Dizemos então que as relações de gênero são socialmente construídas, mas não são
imutáveis; ao contrário, elas podem se modificar de acordo com a sociedade e com o tempo.
Na nossa sociedade, por exemplo, é visível que muitas mudanças estão acontecendo e, para
entendermos essas transformações, precisamos compreender as relações de gênero e poder
existentes nos diferentes contextos sociais, sem deixarmos de considerar as questões de raça,
classe e etnia, apresentando um olhar diferenciado para as mulheres negras e indígenas, que
vivem situações de vulnerabilidade social e estão sempre à margem do sistema de saúde.
Nesse conteúdo, vamos entender as mudanças graduais e a feminização do cuidado a partir do
contexto histórico e cultural, abordando o conceito de alguns termos importantes que se
estabelecem nesse mundo moderno.
MÓDULO 1
CONCEITUAÇÃO DE MASCULINIDADE E
FEMINILIDADE E AS CONTRAPOSIÇÕES COM
CONCEITOS DE MACHISMO E FEMINISMO
Tanto a masculinidade quanto a feminilidade são construídos de forma sociocultural. A
sociedade estabelece atributos, comportamentos e papéis dos homens e das mulheres.
Em uma sociedade patriarcal, ou seja, em um sistema em que homens mantêm o poder
primário, estabelecendo dominação sobre o gênero feminino, é comum observarmos o
predomínio dos homens em funções de liderança, criando um sistema de hierarquia de gênero
na sociedade.
 EXEMPLO
A maioria dos cargos de alto escalão executivo é ocupado por homens e, quando assumidos
por mulheres, o salário é visivelmente menor.
Qual, então, seria o conceito de masculinidade e feminilidade?
A palavra masculinidade é muito antiga, derivada do termo latim masculinus, que começou a
ser utilizada apenas em meados do século XVIII, em um momento em que se tentava
diferenciar os sexos com critérios mais evidentes. Inicialmente, não havia um modelo concreto
que definisse a sexualidade humana; falava-se em monismo sexual, ou seja, a mulher era vista
como um homem invertido ou como um representante inferior do homem.
 Distinguir os conceitos de masculinidade e feminilidade e seus contrastes com os
conceitos de machismo e feminismo
No que diz respeito à feminilidade, sabe-se que o constructo se remete a atributos biológicos,
comportamentais voltados às meninas e às mulheres. E sabe-se que, contemporaneamente, as
construções sociais a respeito do que se entende por feminilidade, dizem respeito a traços de
gentileza, sensibilidade e empatia, contudo, todos cercados de efeitos socioculturais.
 COMENTÁRIO
Podemos dizer que as transformações da sociedade implicam a evolução dos conceitos de
masculinidade e feminilidade, como é o caso da transição da sociedade medieval para a
moderna.
O Período Medieval, ou Idade das Trevas, como nomeado por muitos historiadores,
caracterizou-se por uma sociedade estática e hierarquizada, com pouca mobilidade social, ou
seja, o sistema era definido por camadas sociais, e os indivíduos dificilmente conseguiam
alcançar uma posição mais elevada.
Neste contexto, já existia um padrão de organização de conduta masculina e feminina.
Entretanto, a masculinidade foi intensificada com a criação de alguns órgãos institucionais,
como o Exército Nacional, que estabelecia um ideal de masculinidade, além de estabelecer a
disciplinarização e a hierarquização exacerbada que perdura até hoje.
CONSTRUÇÃO DE MASCULINIDADE E
FEMINILIDADE
A noção de masculinidade em homens socializados no universo militar foi pautada no
comportamento autenticamente masculino que havia sido estipulado na época, iniciando com
um padrão físico, evoluindo para uma maturidade típica do sexo masculino e intensificando
com o casamento, em que o homem passa a ser o provedor do lar.
Na sociedade medieval, a mulher era vista como um ser racionalmente inferior e um objeto de
dominação pelos homens, com funções específicas de procriação e cuidados com o lar. Vale
destacar que as mulheres também executavam ofícios externos, como colheita, tear,
artesanato, entretanto, qualquer atividade que não fosse intelectual ou militar era vista como
inferior.
A religiosidade e o misticismo também tiveram suas participações na evolução do conceito de
masculinidade e feminilidade, contribuindo para a construção dos padrões e, ainda hoje, muitas
religiões agem em prol da manutenção da forma como homens e mulheres deveriam agir
socialmente. Veja!
HOMEM
Na Idade Média, o ideal hegemônico de masculinidade construído pela religião torna o homem
uma categoria sacra, que deve ser capaz de gerar descendentes e precisam também vigiar
suas mulheres para mantê-las puras.

MULHER
A mulher, por sua vez, é simbolizada nas figuras bíblicas de Eva (mulher pecadora), e Virgem
Maria (mulher pura), e nesse período essa dualidade é bem visível. Eva é considerada um ser
demoníaco, e desobediente, enquanto Maria é virtuosa, casta, de natureza perfeita. Uma (Eva) é
a mulher; a outra (Maria) é o que a mulher deveria ser ou a figura idealizada da mãe.
Percebe-se que toda essa construção social contribuiu para estipular padrões na sociedade e
estabelecer uma inferioridade do corpo feminino, considerando o feminino subalterno.
Vamos traçar então o perfil masculino e feminino a partir da masculinidade e feminilidade
construída ao longo de todo esse processo:
SER HOMEM
Significa ser forte, não demonstrar fragilidades ou emoções e que apresentem
comportamentos e atitudes.

SER MULHER
Significa ser delicada, de caráter virtuoso e apta para cuidar de si e da família,
responsabilizando-se pela harmonia conjugal.
Com base no que foi estudado, conceitua-se a masculinidade como sendo um conjunto de
regras ou padrões sociais que caracterizam o ser homem e a feminilidade como um conjunto
de regras ou padrões sociais que caracterizam o ser mulher. Vale lembrar que as construções
do que se concebe para os conceitos são influenciados por fatores socioculturais.
Vejamos o seguinte exemplo para entendermos essa diferenciação: durante a infância,
meninos e meninas são ensinados a utilizar brinquedos diferentes. Enquanto os indivíduos do
sexo masculino brincam de carrinho, de futebol e se divertem mais frequentemente ao ar livre,
indivíduos do sexo feminino são direcionadasa brincadeiras dentro de casa, que incluem
bonecas e atividades do lar.
Com base no que já estudamos até aqui, podemos dizer que a masculinidade e a feminilidade
dizem respeito a um conjunto de códigos sociais construídos por meio de exigências, padrões
e práticas adquiridas ao longo dos anos, que sofrem um processo de diferenciação,
dependendo do local, do tempo e da cultura de cada sociedade.
MAS O QUE DIFERE A MASCULINIDADE DO
MACHISMO E A FEMINILIDADE DO FEMINISMO?
Cuidado! Não devemos confundir os termos. Como vimos, a masculinidade e a feminilidade
são padrões estipulados pela sociedade para definir as características do ser homem e do ser
mulher.
Os termos machismo e feminismo surgiram justamente por conta dessa imposição da
sociedade. A origem do pensamento machista tem suas raízes na consolidação da
masculinidade. Como já falamos, os códigos sociais atribuídos ao homem e à mulher criam
uma superioridade entre os indivíduos, tratando-se então de uma dominação de poder dos
homens sobre as mulheres.
 SAIBA MAIS
Quando falamos em machismo, estamos tratando das atitudes baseadas na discriminação
feminina, que desqualifica e inferioriza a mulher ou o sexo feminino.
Historicamente, o termo “machismo” foi usado inicialmente durante as décadas de 1960 e 1970
por grupos de mulheres organizadas, com o objetivo de criticar a sociedade patriarcal. Em
termos de relações de poder, o machismo traz para a sociedade que é natural o homem exercer
a autoridade sobre a mulher, e essa naturalização acaba gerando um hábito.
Consequentemente, essa tendência à naturalização contribui para a perpetuação e
continuidade da submissão feminina.
O machismo intensifica-se nas relações conjugais e sexuais; a sociedade tende a julgar as
mulheres por terem mais de um parceiro sexual, enquanto os homens são enaltecidos pelo
mesmo comportamento.
O marido, quando fere os princípios de fidelidade no casamento, na maioria das vezes, sua
atitude é justificada pelo fato de ser homem, o denominado “normal masculino”, ou seja, o que
é inerente ao sexo masculino.
Já as mulheres são denominadas “vulgares” e devem aceitar a infidelidade do marido, pois são
designadas a preservar o casamento. Dessa forma, a liberdade do homem é colocada como
essencial quando comparada à feminina, obedecendo a uma dupla moral.
Assim, o machismo pode ser visto como um sistema que comporta dois núcleos, o dominante
e o dominado, baseado no argumento do sexo. O homem no papel de dominante exerce o
poder sobre a mulher, o núcleo dominado.
Por mais que o cenário de submissão da mulher esteja se modificando, ainda é muito comum o
machismo em nossa sociedade. Vejamos os exemplos de alguns estereótipos de gênero que
se transformam em concepções machistas:
Mulheres não servem para dirigir automóveis, apenas para dirigir fogões.
Mulheres cuidam do lar, homens vão para o bar.
Ela conseguiu um cargo melhor na empresa? Deve estar saindo com o chefe!
Em meio a toda essa insatisfação com os códigos sociais que modulam o comportamento
feminino durante o momento histórico de ascensão dos movimentos de libertação, surgem os
movimentos feministas, também chamados de feminismo. Mas, antes de entrarmos nessa
temática, precisamos compreender que o feminismo não se trata de um movimento de
mulheres contra homens, ou seja, não é uma luta travada entre sexos.
Na realidade, os movimentos feministas são definidos como coletivos de lutas das mulheres
por direitos e emancipação, quebrando os paradigmas das relações de poder e ampliando a
participação de mulheres no mercado de trabalho, na política e na sociedade em geral.
O termo feminismo foi empregado pela primeira vez nos Estados Unidos da América (EUA),
durante o século XIX, e substituiu expressões como “movimentos de mulheres”. Surgia nesse
período uma expressão da tomada de consciência das mulheres e rebelião contra a sociedade
patriarcal que transformou a vida de milhares de mulheres.
 VOCÊ SABIA
Vale destacar que o feminismo tem várias vertentes, ou seja, não existe apenas um tipo de
feminismo. Porém, todos eles congregam para o mesmo objetivo, não sendo eles, portanto,
movimentos divergentes.
Vamos pensar assim: mulheres são diferentes umas das outras, agem de forma diferente, têm
visões diversas e, para abranger o complexo mundo feminino, é necessário que haja uma
doutrina plural, a fim produzir transformações políticas, sociais e ideológicas na sociedade.
Portanto, é assim que devemos pensar o feminismo.
O feminismo surge na tentativa de acabar com o preconceito ou discriminação baseada no
gênero feminino, com o abuso de poder para com as mulheres e a exploração sexista. E tem
buscado transformar a sociedade a partir das lutas coletivas. Como estudado por Arruza,
Bhattacharya e Fraser (2019), em seu livro Feminismo para os 99%: um manifesto, o feminismo
que interessa tem que ser aquele que está pautado em:
LIBERDADE

DIREITO AO BEM VIVER

LUTA CONTRA A OPRESSÃO
 COMENTÁRIO
Para isso, precisamos avançar nas lutas sociais, ampliando o protagonismo feminino, na
tentativa de derrubar o sistema patriarcal e instituir um modelo pautado pela igualdade de
gênero, raça e classe.
Vejamos alguns exemplos de conquistas do movimento feminista que transformaram a
sociedade.
O DIREITO À EDUCAÇÃO
Com a imposição dos padrões sociais, as mulheres ficaram mais especificamente vinculadas
ao trabalho e ao cuidado da família. Essa feminização do cuidado era visível, e a sociedade
limitava a educação apenas ao gênero masculino. Em 1827, as brasileiras conseguiram a
autorização para estudar, graças às bandeiras levantadas por Nísia Floresta, autora do livro
Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1989), sendo considerada então a primeira
feminista do Brasil.
DIREITO AO VOTO FEMININO
As transformações ocorridas no século XX impulsionaram as discussões sobre o direito
feminino à participação política. Esse movimento ficou conhecido como sufragista, contou com
a participação de um grande número de mulheres em sua composição e alcançou grande
sucesso, pois as mulheres conquistaram o direito ao voto em vários países de forma gradual.
DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS
O movimento feminista começou a questionar também a liberdade sexual e reprodutiva da
mulher na sociedade e obteve grandes conquistas no Brasil e no mundo. No Brasil, observam-
se os avanços principalmente nas políticas de saúde da mulher e no direito ao uso de métodos
contraceptivos.
MASCULINIDADE E FEMINILIDADE, E AS
CONTRAPOSIÇÕES COM MACHISMO E
FEMINISMO
A especialista Ana Isabella Sousa Almeida reflete sobre os conceitos de masculinidade e
feminilidade, e as contraposições com conceitos de machismo e feminismo.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
A masculinidade na Antiguidade
O papel da religião na construção da feminilidade
VERIFICANDO O APRENDIZADO
UM RESGATE HISTÓRICO DO CAMPO DA
SAÚDE E A FEMINIZAÇÃO DO CUIDADO
Falaremos agora sobre as influências sociais no campo da saúde.
O campo da saúde tem muitas complexidades. Quando estudamos a história da saúde,
começamos a entender o quão complexo é esse mundo. Ao longo do tempo, as concepções
sobre saúde e doença se modificaram, evoluindo a partir do contexto cultural, político, religioso,
econômico e social.
MÓDULO 2
 Relacionar o contexto histórico da conceituação de feminização com a construção do
cuidado em saúde
Em outras palavras, esses conceitos dependem do lugar e da conjuntura do momento.
Entretanto, o Brasil, mesmo possuindo práticas de cuidado próprias advindos da cultura
indígena e populares, sofreu grande influência do modelo terapêutico europeu.
 COMENTÁRIO
Isso nos leva a refletir que, mesmo considerando que as concepções de cuidado variam com a
cultura e com o local, há fatos maiores que podem influenciar a comunidade; neste caso, a
rápida difusão do capitalismo no mercado de trabalho mundial.
O modelo de sociedade patriarcal tem determinado que homens são superiores a mulheres,estipulando a centralidade da mulher no seio da família como mãe, cuidadora e do lar.
Historicamente, a ciência e/ou campo científico sempre foi ocupado por homens. Mas as
mudanças foram ocorrendo de forma gradual e, embora as mulheres tenham conquistado mais
espaço na sociedade, a pouca representatividade da mulher em cargos de alto escalão na
política e profissões ditas como exclusivas de homens é visível.
Vejamos: quantas mulheres que exercem a profissão de engenheira eletricista você conhece? E
quantas mulheres que exercem a profissão de enfermeira ou professora você conhece?
Temos uma explicação para tais fatos: a masculinidade e a feminilidade estabelecem códigos
sociais para definir o ser homem e o ser mulher, e com a evolução da sociedade e a sua
inserção no mercado de trabalho, as mulheres migraram para profissões e ocupações
historicamente “femininas”, tais como professoras, parteiras e enfermeiras.
Quando falamos do cuidado em saúde, observamos que o campo da Medicina se encontrava
estruturado em um modelo biologicista, dominado também por saberes masculinos e que
organizava inclusive as práticas terapêuticas. As profissões vistas como “a arte de cuidar”,
voltadas exclusivamente para o cuidado e, geralmente, dominadas por mulheres, como é o
caso da Enfermagem, foram segregadas para o campo da “não ciência”, provocando uma
demora para serem reconhecidas como ciências, sendo identificadas como saber/fazer
científico bastante tempo depois.
MAS AFINAL, QUAL O CONCEITO DE
FEMINIZAÇÃO?
A feminização refere-se ao ato de feminizar, ou seja, atribuir um aspecto feminino, ou tornar
algo ou um espaço mais feminino. Tal ato tem dimensões diversas, que incluem aspectos
sociais, laborais, políticos, entre outros. Para entendermos essas dimensões, vejamos os
seguintes exemplos.
A FEMINIZAÇÃO NA POLÍTICA
Ainda hoje o processo de feminização na política segue de forma lenta e gradual; ainda não há
uma partilha de poder igualitária entre homens e mulheres. Há inúmeras tentativas de inserção
das mulheres na política, com campanhas de incentivo à participação feminina na política e
com a criação de estratégias e leis que garantam a igualdade de gênero na política, porém
ainda há muito no que se avançar.
A FEMINIZAÇÃO NO MAGISTÉRIO
Culturalmente, após a inserção da mulher no mercado de trabalho, muitas delas migraram para
a docência; no entanto, trouxeram estereótipos característicos da feminilidade, atribuindo
significados femininos às atividades docentes.
A FEMINIZAÇÃO DA POBREZA
O conceito de feminização da pobreza foi introduzido por Diane Pearce em 1978 (NOVELLINO,
2004). Podemos dizer que a feminização da pobreza perpassa a evolução da pobreza. Por
exemplo, se temos um declínio exponencial na pobreza do gênero masculino e apenas um
declínio discreto na pobreza do feminino, podemos inferir que ali a feminização da pobreza se
constrói. Em outras palavras, interessa aqui conhecer quais são as consequências econômicas
e sociais de ser mulher e que conduzem à pobreza.
DIANE PEARCE
Essa autora destacou como o número de lares em que só a mulher ficava responsável pelo
sustento de filhos menores de idade estava aumentando naquela época. Mas aqui temos que
ter cuidado, pois esse conceito tem caráter diferenciado; ele não se refere ao quantitativo de
mulheres mais pobres na sociedade comparadas a homens ou às alterações nos níveis de
pobreza em domicílios que são chefiados por mulheres.
A feminização faz parte do processo de construção social e histórica das relações de gênero,
principalmente no trabalho. Aqui, falaremos mais especificamente sobre a feminização do
trabalho em saúde.
No início, a Medicina era uma área dominada por saberes biologistas e exclusivamente
masculinos. No decorrer da evolução do mundo, os fazeres práticos específicos das áreas
cuidadoras começaram a ser aceitas como domínio científico. Esse fato se deve inteiramente
às conquistas femininas, a despeito das lutas travadas por mulheres, em busca de
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representatividade. Portanto, dizemos que o campo da saúde sofreu e vem sofrendo ainda um
processo de feminização.
FEMINIZAÇÃO DA “CIÊNCIA DO CUIDADO”
Desde os primórdios, a feminilidade institui o caráter cuidador da mulher, e tais características
foram então incorporadas às práticas assistenciais.
Atualmente, com o maior contingente de trabalhadoras do gênero feminino, a área de
Enfermagem foi a pioneira na feminização do cuidado, e ainda hoje, há seletividade entre os
gêneros nessa profissão. Porém, as mulheres parteiras também fizeram parte desse processo,
e há de se questionar se, talvez, esta tenha sido a pioneira, tendo em vista que as comunidades
indígenas já instituíam esse cuidado às mulheres. Entretanto, enquanto algumas profissões
responsáveis pelo cuidado foram sofrendo feminização, outras, como as ocupações de
parteiras, perderam espaço para o modelo médico-centrado amparado pela ciência masculina.
A evolução histórica nos mostra que, com a medicalização e a institucionalização do parto, as
mulheres perderam suas autonomias como parteiras, e foi visível o deslocamento de gênero,
percebendo então a figura do homem médico no cenário do parto.
 SAIBA MAIS
Com o avanço tecnológico e as práticas de cuidado cada vez mais “medicalizadas”, ocorreu a
organização das instituições e das práticas terapêuticas, e colocaram a profissão de
enfermagem como exclusiva do gênero feminino. Isso responde também ao fato de que as
instituições religiosas e caritativas eram as principais responsáveis por esse cuidado e apenas
aceitavam mulheres para realizar os cuidados nas crianças, adultos e idosos que necessitavam
de serviços filantrópicos.
Esse período foi marcado pelo reforço da feminilidade, à medida que tais instituições
associavam a figura da mulher mãe ao papel de cuidadora. Posteriormente, outras profissões
de cunho “cuidativo”, como Psicologia, Nutrição, Fisioterapia e Serviço Social emergiram no
campo da saúde e foram caracterizadas pela presença da divisão sexual no trabalho, em
decorrência de essa prática “cuidativa” ser vista como algo próprio ou natural do gênero
feminino.
Em relação à Medicina, área dominada por homens, as mudanças foram gradativas. O fato de
as faculdades de Medicina restringirem a entrada de mulheres foi uma das causas desse
processo ser tão lento. Atualmente, conseguimos ver mais frequentemente a presença de
mulheres dentro das faculdades de Medicina e dentro dos serviços de saúde executando suas
funções médicas.
 COMENTÁRIO
Ainda é visível, entretanto, a opressão sobre as mulheres médicas associadas à discriminação
de gênero, principalmente quando elas optam por especialidades com maior quantitativo de
homens médicos.
A feminização da Medicina perpassa também a dominação masculina, e assim, inclina as
mulheres para determinadas especialidades médicas culturalmente voltadas ao profissional do
sexo feminino, como a Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia e Dermatologia, reforçando os
estereótipos femininos e segregando homens e mulheres.
Com base em tudo que estudamos até aqui, podemos dizer que a feminização do cuidado foi
fruto de uma construção histórica, social e cultural que reverencia a cultura machista e o
sistema patriarcal, e que ainda se encontra em processo de constante evolução.
Para fixarmos o conteúdo exposto, vamos observar os seguintes pontos importantes sobre o
resgate histórico do campo da saúde e a feminização do cuidado:
1
O campo da saúde vem sofrendo feminização ao longo dos anos.
A feminização consiste em atribuir aspectos feminino a algo.
2
3
Quando falamos em feminização do cuidado, estamos nos referindo às transformações sociais
e históricas nas relações de gênero dentro da ciência do cuidado.
A sociedade machista e patriarcal, além das imposições da feminilidade, induziu as mulheres a
migrarem para profissões de caráter cuidativo e assistencial.
4
5
As práticas médicas vêm sofrendo transformações aolongo dos anos, porém ainda é visível a
segregação entre homens e mulheres.
A FEMINIZAÇÃO DO CUIDADO COMO UMA
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA, SOCIAL E
CULTURAL
A especialista Ana Isabella Sousa Almeida fala sobre como a feminização do cuidado foi fruto
de uma construção histórica, social e cultural e suas implicações.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
O modelo patriarcal na Saúde
A feminização da política e da pobreza
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CUIDADO E SAÚDE E SUAS INTERSEÇÕES
ENTRE GÊNERO / CLASSE / RAÇA / ETNIA
MÓDULO 3
 Analisar o cuidado em saúde com base nas conexões entre gênero, etnia e classe
Para finalizar nosso conteúdo, falaremos sobre a diversidade de um sistema histórico e cultural
complexo.
 SAIBA MAIS
Para entendermos o cuidado em saúde e o processo saúde e doença, devemos considerar que
múltiplos fatores podem influenciar na promoção, prevenção e recuperação da saúde dos
indivíduos. Vivemos em uma sociedade plural, que apresenta indivíduos distintos e com
representações diversas; assim sendo, devemos traçar estratégias que contemplem esse
multiculturalismo, criando ações que considerem haver uma interrelação de várias culturas
nesse ambiente.
Há uma diversidade expressiva no Brasil, que implica reinvindicações e conquistas de grupos
chamados de minorias (negros, índios, mulheres, homossexuais). Esse fato torna-se muito
importante ao estudarmos o cuidado em saúde.
Estamos considerando haver um sistema histórico-cultural complexo na nossa sociedade, no
qual pessoas são marcadas por especificidades de gênero, classe, raça e etnia e influenciadas
pelas evoluções geracionais.
A maneira como o indivíduo foi inserido no meio social e a construção de hierarquias sociais
impactaram no processo de cuidado e organização da saúde. Inicialmente, quando falamos de
classe social e saúde, fazemos a seguinte pergunta: como as pessoas menos favorecidas
tinham acesso à saúde antes da implantação do Sistema Único de Saúde - SUS?
 RESPOSTA
Antes da criação do SUS, o atendimento ao serviço de saúde era para poucos. A saúde ficava a
cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), e apenas
funcionários assalariados com carteira assinada e seus dependentes tinham assistência
médica, enquanto o restante da população padecia sem atendimento ou contava com a
caridade dos serviços filantrópicos.
Partindo dessa reflexão, podemos dizer que a distribuição irregular de serviços de saúde no
Brasil contribuiu em grande parte para a concretização das desigualdades em saúde ainda
existentes.
Os grupos sociais, segregados por classes sociais, ou organizados por posição social, nos
mostram que é evidente que, quanto menor a posição social, menor é seu acesso ao serviço de
saúde. Então, a distribuição de renda e as condições socioeconômicas, quando relacionadas à
taxa de mortalidade, mostram que pessoas de posição econômica inferior têm menos
assistência à saúde, e logo, menos chance de recuperação.
O contexto social é um importante fator que deve ser considerado, pois são visíveis as
vulnerabilidades existentes em nossa sociedade, e não se pode pensar a saúde pública sem
refletir sobre essa realidade.
Quando falamos sobre gênero e cuidado em saúde, precisamos refletir em relação à
construção social do ser homem e do ser mulher.
A masculinidade e a feminilidade estruturadas pelas sociedades patriarcais consideram a
mulher mais frágil e o homem mais forte. Assim sendo, os reflexos dessa imposição são
perceptíveis no processo de saúde e adoecimento dos indivíduos, refletindo, então, na procura
pelos serviços de saúde por mulheres e na longevidade feminina.
Ao revisarmos a história das lutas feministas, encontraremos que os códigos sociais
produzidos acabaram determinando como se daria a inserção da mulher no serviço de saúde.
Na perpetuação da ideia da mulher como reprodutora, mãe e cuidadora, observamos um
serviço de saúde com serviços voltados apenas para cuidados com reprodução, com políticas
públicas de saúde abarcando apenas demandas relativas à gravidez e ao parto, traduzindo
então uma visão restrita da saúde da mulher, baseando-se em sua especificidade biológica.
Apenas na segunda metade da década de 1980, com a criação do Programa de Atenção
Integral de Saúde da Mulher - PAISM e as intensas lutas em prol da liberdade feminina, os
cuidados em saúde da mulher tiveram uma nova abordagem, incluindo também o direito a
métodos contraceptivos.
Podemos dizer que as relações de gênero perpassam todas as dimensões da vida social, e os
cuidados em saúde ganham algumas especificidades em determinadas áreas, como por
exemplo a saúde mental. Ao tentarmos compreender o sofrimento psíquico entre homens e
mulheres, é impossível não pensarmos no que está por trás desse problema. A construção
social reproduz a atitude e os comportamentos na esfera do sofrimento psíquico.
Vejamos os seguintes estressores psicossociais que podem levar mulheres a adoecer
mentalmente e que são reflexos das desigualdades de gênero:
Mulheres não recebem salários compatíveis com a complexidade das funções que
executam.
Mulheres têm dupla jornada de trabalho: fora de casa e executando as tarefas do lar.
Mulheres estão mais frequentemente sujeitas a assédio sexual e moral, devido às
relações abusivas de poder dentro das relações laborais.
Esses são exemplos clássicos de fatores que agravam as condições de saúde mental de
indivíduos do gênero feminino e contribuem para colocá-las no topo da lista de indivíduos
acometidos por um problema de saúde mental.
RAÇA E ETNIA: RACISMO COMO DETERMINANTE
SOCIAL DA SAÚDE
Antes de iniciarmos este tópico, primeiramente, devemos compreender o conceito de
determinante social.
Esse termo é muito trabalhado na área de saúde coletiva e reflete as condições econômicas,
sociais, psicológicas e culturais que influenciam na ocorrência de problemas de saúde.
Atualmente, a inclusão das condições raciais como determinante social da saúde ampliou o
conceito e tornou seus significados mais abrangentes.
É notável que as heranças históricas do racismo são responsáveis pelas desigualdades de
acesso aos serviços de saúde à população negra e aos povos indígenas, por exemplo. A
invisibilidade desses grupos sociais os coloca à margem de uma assistência de saúde pouco
igualitária.
Embora as mudanças sociais ocorram e a inserção de políticas públicas de saúde voltadas às
minorias étnicas e raciais seja real, ainda há muito no que se avançar em aspectos de
acessibilidade e integralidade na assistência em saúde a esses grupos. Mas, então, como
pensar o racismo como determinante social da saúde? Vamos olhar pela representação dessa
ideologia.
O racismo não se restringe apenas à população negra; tem-se debatido o racismo no Brasil
também contra povos indígenas, pois acredita-se que essas populações tiveram pouco espaço
nos debates raciais no Brasil. Assim sendo, esse conceito nos mostra a soberania de setores
considerados ou autoconsiderados racialmente superiores. É perceptível a menor
representatividade desses grupos nas escolas, nas faculdades (especialmente em cursos com
padrões elitistas) e consequentemente em postos de trabalho mais qualificados.
Em relação ao cuidado em saúde, pessoas negras e indígenas sempre estiveram à margem do
sistema, e ainda hoje, práticas discriminatórias e segregação racial e étnica são frequentes
dentro da assistência à saúde, o que torna extremamente difícil a adesão desse grupo ao
tratamento de qualquer que seja o processo de adoecimento. As expressões do racismo,
enquanto integrante do processo saúde-doença, nos mostram as iniquidades na assistência ao
mesmo tempo em que demarcam as condições de saúde da população.
ALGUNS EXEMPLOS DE INEQUIDADE NOS
CUIDADOS E ASSISTÊNCIA
O racismo resulta em vulnerabilidade para doenças. Vejamos alguns exemplos.
A pandemia da covid-19
Essa emergência sanitária acentuou as desigualdades sociais e raciais presentes em nossa
sociedade. Visivelmente,a maioria das pessoas negras mora em comunidades periféricas com
menores oportunidades de educação e de emprego. Quando empregados, na maioria das
vezes, estão desenvolvendo atividades voltadas a serviços braçais, ocupando assim postos
precários e, consequentemente, dependendo mais do sistema de saúde.
Durante a pandemia da covid-19, grande parte da população negra não teve as mesmas
perspectivas que as demais classes sociais ou raciais. A inviabilidade de trabalhar e/ou estudar
remotamente, as estruturas sanitárias inadequadas e a impossibilidade de praticar o
isolamento social, sob pena de não garantir sua própria subsistência, são fatores que sem
dúvida contribuem para a alta taxa de mortalidade por covid-19 em pessoas negras.
Mulheres negras frequentemente são profissionalmente trabalhadoras domésticas, e muitas
não foram afastadas de suas funções, o que as torna vulneráveis à infecção do coronavírus.
Todas essas pontuações devem nos levar a refletir como as questões raciais estão
relacionadas diretamente com o processo saúde e doença.
Assistência integral de saúde a população indígena
Tomando a história como referência, os grupos indígenas sempre tiveram suas próprias
práticas de cuidado; porém, com a colonização, esse cuidado passou a ter influência da raça
branca, inicialmente de ordens religiosas.
A população indígena sempre viveu à margem do sistema de saúde; porém, com a evolução da
sociedade, a implantação do SUS e a implementação do Distrito Sanitário Especial Indígena, o
DSEI, esse cenário sofreu modificações. Mas ainda há dificuldades de acesso, cobertura e
aceitabilidade.
 SAIBA MAIS
Essa dificuldade está relacionada à herança histórica de escravidão do povo indígena e à
invisibilidade desse grupo. A própria imposição da cultura branca e europeia trouxe impactos
futuros para a representatividade desse grupo em relação ao cuidado em saúde.
A tentativa de substituir o saber popular pelo saber científico impactou na aceitabilidade desse
grupo às práticas cuidativas empregadas na sociedade moderna. A mulher indígena sofre
machismo dentro e fora da comunidade indígena.
Mesmo que muitas mulheres já participem de lutas indígenas e atividades de caça e pesca, o
cuidado da casa, dos filhos e do marido ainda é de responsabilidade da mulher, e o índice de
analfabetismo nesse gênero ainda é alto. Podemos observar, então, os preceitos da
feminização do cuidado também muito presentes na população indígena.
As mulheres que saem de suas comunidades e vão vivenciar outros cenários, seja em busca de
educação ou de espaço no mercado de trabalho, sofrem intensas discriminações, e isso
impacta consideravelmente no cuidado em saúde.
O Ministério da saúde (2009) afirma que mulheres indígenas são grupos bastante vulneráveis a
doenças de âmbito nutricional, pois apresentam carências nutricionais em função das
alterações fisiológicas e hormonais que ocorrem ao longo do tempo. Porém, as ações de saúde
tanto em âmbito assistencial quanto preventivo voltadas a esse grupo específico ainda são
insuficientes.
A violência obstétrica
O termo refere-se aos abusos obstétricos sofridos por mulheres nos serviços de saúde durante
a gravidez, parto e pós-parto. Como já pontuamos, pessoas negras têm mais dificuldade de
acesso aos serviços de saúde. Em vista disso, mulheres negras também têm menos acesso ao
pré-natal e às informações inerentes à gestação.
 VOCÊ SABIA
Evidenciando o racismo e reproduzindo o machismo, mulheres negras são mais
frequentemente violentadas; isso nos mostra que os resquícios do sistema escravagista e
colonialista reproduziram na sociedade a ideia de que as mulheres negras são mais fortes e
tolerantes à dor do que as brancas, ditas frágeis. Nesse sentido, temos a representação das
categorias gênero e raça apontando as disparidades no cuidado em saúde.
Por fim, ao concluirmos, não podemos esquecer que as articulações entre gênero, raça/etnia e
classe social são categorias importantes e expressam a amplitude do campo da saúde. Por
meio dessas interseções, podemos construir políticas públicas que contemplem os grupos
mais vulneráveis e promovam mudanças no espaço social e nos serviços de saúde.
PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS E
SEGREGAÇÃO RACIAL E ÉTNICA NA
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
A especialista Ana Isabella Sousa Almeida aborda práticas discriminatórias e segregação racial
e étnica na assistência à saúde.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Fatores que afetam a saúde da mulher
O racismo como determinante social da saúde
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a feminização do cuidado foi construída histórica e culturalmente. A feminização
do cuidado emergiu quando a feminilidade imposta pela sociedade determinou que as funções
femininas deveriam estar direcionadas especificamente para o cuidado do lar e dos filhos.
É necessário que o debate sobre o machismo e o feminismo seja ampliado para as categorias
gênero, raça e etnia. Nesse sentido, observa-se que as mulheres, em geral, procuram mais
frequentemente o serviço de saúde.
Populações indígenas e negras sofrem com a dificuldade de acesso, aceitabilidade e cobertura
do serviço de saúde, o que impacta diretamente os indicadores de saúde.
 PODCAST
Agora, a especialista Ana Isabella Sousa Almeida encerra o tema falando sobre a interrelação
do cuidado e saúde com as categorias gênero, raça e etnia e seus antecedentes históricos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARRUZA, C.; BHATTACHARYA, T.; FRASER, N. Feminismo para os 99%: um manifesto. 1. ed. São
Paulo, SP: Boitempo, 2019.
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2009.
CHOR, D.; STERN, A.M.; SANTOS, R.V. Raça, saúde e discriminação: perspectivas históricas e
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COSTA JÚNIOR, F. M.; COUTO, M. T. Geração e categorias geracionais nas pesquisas sobre
saúde e gênero no Brasil. Saúde e Sociedade, v. 24, n. 4, p. 1299-1315, 2015.
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In: XXVIII ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. Caxambu, 2004.
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SANTOS, M. P. A et al. População negra e covid-19: reflexões sobre racismo e saúde. Estudos
avançados, v. 34, n. 99, 225-243, 2020.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Pesquise e acesse o Glossário de Termos Feministas, disponível no Portal América
Media, para entender termos específicos da área.
Aprofunde a leitura no artigo Mulheres negras: moldando a teoria feminista e veja como
Bell Hooks, uma das mais importantes feministas negras da atualidade, oferece uma
visão mais ampla das lutas de mulheres e apresenta as várias nuances do feminismo.
CONTEUDISTA
Ana Isabella Sousa Almeida

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