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15/09/2023, 21:18 Disciplina Portal
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Psicologia Judiciária
Aula 8: Psicologia e Infância e Juventude
INTRODUÇÃO
Atualmente, a existência dos direitos da criança e o conhecimento do que lhe é prejudicial são óbvios. Entretanto, nem sempre foi assim.
As crianças eram menos que pessoas, aproximando-se da categoria de objetos, coisas, pequenos adultos a quem tudo se podia exigir. A
história de Mary Ellen Wilson, nascida em 1864 e �lha de imigrantes irlandeses é exemplar. Órfã de pai e com a mãe ausente para trabalhar,
acabou no Departamento de Caridades de Nova York, de onde foi adotada ilegalmente, por uma família que não a acolheu bem. Nos seis
anos seguintes, Mary Ellen quase nunca brincava fora de casa, não tinha roupas para se proteger do frio, nem cama para dormir. Apresentava
hematomas e marcas por todo o corpo e era forçada a realizar trabalhos manuais muito além da sua capacidade. Aos nove anos de idade,
Mary Ellen aparentava o desenvolvimento físico de uma criança de apenas cinco anos de idade.
Uma missionária metodista, ao visitar a família, a pedido de uma das vizinhas, con�rmou as suspeitas de maus-tratos e violência e tentou
alertar as autoridades sem sucesso. Assim, contatou o líder do movimento de proteção dos animais e fundador da “Sociedade Americana
para a Prevenção da Crueldade contra Animais” (ASPCA), que levou a situação para o tribunal. Como consequência, a mãe adotiva foi
condenada pelos maus-tratos. A criança cresceu, casou-se, teve duas �lhas e viveu até os 92 anos de idade.
Observamos, com a história de Mary Ellen, o quanto a criança era desprotegida; não tinha direitos. Nesta aula, conheceremos como essa
proteção ocorreu no Brasil e seus resultados.
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OBJETIVOS
Conhecer os documentos legais de proteção às crianças e adolescentes.
Compreender as medidas protetivas para crianças e adolescentes.
Analisar as questões relativas ao adolescente e o ato infracional.
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TRAJETÓRIA ATÉ O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA (1990)
A visão da infância e adolescência como objeto, não se resumia somente aos pobres, essa noção incluía famílias abastadas.
O abandono de bebês recém-nascidos ou de crianças era uma prática comum nos séculos XVII e XVIII no Brasil Colonial. Meninas e meninos
eram abandonados em calçadas, praias ou terrenos baldios, falecendo por falta de alimento, pelo frio, ou passando a conviver com todos os
males que as cidades em desenvolvimento já possuíam (ratos, lixo...).
Em alguns centros urbanos, no século XVIII, até 25% dos bebês eram abandonados e cerca de 70-80% faleciam antes de completar sete anos.
Os que sobreviviam, viviam da "indústria de trapos", reaproveitamento de "resíduos deixados pela urbanização“ ( imagem da esquerda) ou da
venda de jornais (imagem da direita). Fonte: Imagem da esquerda: //www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/RepublicaVelha.htm. Acesso em:
03 ago. 2017. / Imagem da direita: //www.laparola.com.br/acervo-de-fotos-historicas-do-brasil-disponivel-no-portal-brasiliana-fotográ�ca.
Acesso em: 03 ago. 2017.
Fonte da Imagem:
A Roda dos Expostos foi uma solução encontrada pela Igreja Católica, para esta situação. Copiando modelos europeus, foram inseridas as
primeiras rodas no Rio de Janeiro, em 1738, e em São Paulo, em 1896, com o objetivo de dar uma solução aos seguintes problemas:
Recém-nascidos já órfãos de mães (altas taxas de mortalidade materna no parto);
Impedir a prática do infanticídio;
“Salvar a reputação” de jovens (brancas), que mantinham em segredo a gravidez e precisavam depositar seus �lhos em algum lugar com o
benefício do anonimato.
Imagem: Roda dos expostos. Ilustração do séc. XIX. Fonte: <//www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/um-abrigo-para-bebes-
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/um-abrigo-para-bebes-abandonados-bz3wyr2ezy5uwepk6fn338d3i
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abandonados-bz3wyr2ezy5uwepk6fn338d3i (glossário)>. Acesso em: 03 ago. 2017.
Atenção!
Na década de 1920, havia o que se chamava Juízo Privativo de Menores e o primeiro Juiz de Menores do Brasil foi o Dr. José Cândido Albuquerque Mello
Mattos, expoente do pensamento da legislação da infância e juventude no Brasil. Ele criou vários estabelecimentos de assistência e proteção à infância
abandonada e delinquente, assim como organizou o primeiro Código, que ganhou o seu nome (Código Mello Mattos - Decreto nº 17.943-A
(https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm), de 12 de outubro de 1927).
DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR
Um dos aspectos mais importantes, que deve ser frisado quando examinamos o Código de Menores, Lei n. 6.697 de 10 de outubro de 1979
(glossário), é que a Doutrina da Situação Irregular, que se encontrava implícita no Código Mello Matos de 1927, foi o�cializada no artigo 2º
(glossário).
Nas palavras de Alyrio Cavallieri, Juiz de Menores e doutrinador da época, a situação irregular é percebida como estados que caracterizam o
destinatário das normas de Direito do Menor.
A partir da construção doutrinária de Cavallieri, é possível classi�car os destinatários do artigo 2º do Código de Menores (1979) da seguinte
maneira:
O menor abandonado materialmente.
O menor vítima.
O menor em perigo moral.
O menor em abandono jurídico.
O menor com desvio de conduta ou inadaptado.
O menor infrator.
No entanto, os direitos fundamentais de crianças e adolescentes passaram a ser assegurados pela Constituição Federal (1988) e pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA 1990). O ECA é identi�cado como a Lei Federal nº 8.069 de 13 de julho de 1990 (glossário), cujo
pilar é a doutrina de proteção integral, diferente da Doutrina do Código de Menores, que era chamada de Doutrina da Situação Irregular.
Desse modo, na formulação das políticas e no controle das ações ligadas às crianças e aos adolescentes, não apenas o Estado, mas a
sociedade e a família são convocadas para uma participação ativa e responsável.
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/um-abrigo-para-bebes-abandonados-bz3wyr2ezy5uwepk6fn338d3i
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
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Na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, o ECA (1990)
a�rma que elas devem ser protegidas de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
As crianças e os adolescentes precisam ser tratados com dignidade e
respeito!
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Fonte da Imagem:
As medidas de proteção à criança ou ao adolescente são aplicáveis sempre que seus direitos sofrerem ameaça ou violação, seja por ação ou
omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, ou por sua própria conduta (artigo 98, ECA, 1990).
Nesses casos, serão aplicadas as medidas protetivas encontradas no artigo 101 (ECA, 1990) (glossário).
De acordo com o artigo 129 (ECA,1990) (glossário), aos pais e/ou responsáveis pelas crianças ou adolescentes também poderão ser
aplicadas algumas medidas, já que, na maioria das vezes, as agressões, maus-tratos e abusos ocorrem na família e são realizados pelos
próprios familiares.
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Fonte da Imagem:
E, ainda, conforme o Art. 130:
Veri�cada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá
determinar, como medida cautelar,o afastamento do agressor da moradia comum.
APLICAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS
A aplicação das medidas protetivas, a que se refere o artigo 129, é atribuição do Conselho Tutelar, “órgão permanente e autônomo, não
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente” (Art. 131 do ECA,1990).
As atribuições do Conselho Tutelar são, de acordo com art. 136, do ECA:
I
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII.
II
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII.
III
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injusti�cado de suas deliberações.
IV
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente.
V
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência.
VI
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional.
VII
VII - expedir noti�cações.
VIII
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário.
IX
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente.
X
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal.
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XI
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da
criança ou do adolescente junto à família natural.
XII
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos pro�ssionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-
tratos em crianças e adolescentes.
Atenção!
Nas áreas da infância e juventude, no estabelecimento de medidas protetivas, o psicólogo trabalhará com questões ligadas à violência contra crianças e
adolescentes em consonância com o Conselho Tutelar no atendimento destes, de seus responsáveis e nas situações de abrigamento de crianças e
adolescentes, quando é impossível a convivência e segurança em seus lares.
O psicólogo, nesses casos, irá elaborar relatório que possa fundamentar a decisão da autoridade judiciária competente, pela possibilidade de reintegração
familiar ou colocação em família substituta dessas crianças e adolescentes.
ADOÇÃO E ABRIGAMENTO
Os artigos 39 a 52 do ECA são relativos à adoção. Algumas questões tratadas a partir deste tema são:
Artigo 40
Art. 40 - o adotando deve contar, no máximo, com 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou
tutela dos adotantes.
Observação:
Guarda: Obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança e ao adolescente, conferindo
ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Tutela: Pressupõe a prévia decretação da perda do pátrio poder ou suspensão do pátrio poder e implica no
dever de guarda.
Artigo 41
Art. 41 - A adoção atribui a condição de �lho ao adotado, com mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo impedimentos matrimoniais.
Artigo 42
Art. 42 - Podem adotar maiores de 21 anos, independente do estado civil;
§3º O adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotado.
Artigo 45
Art. 45 - A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando:
§1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos
ou tenham sido destituídos do poder familiar.
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.
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Em 29 de julho de 2009, surgiu a Lei 12.010, que dispõe sobre adoção, alterando dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).
Observe algumas alterações:
Art. 19
§1° Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de
acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no
máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária
competente, com base em relatório elaborado por equipe
interpro�ssional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada
pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta
Lei.
§2° A permanência da criança e do adolescente em programa de
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos,
salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
§3° A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua
família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso
em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos
termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art.
101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
VOCÊ SABE O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ADOÇÃO?
Fonte da Imagem:
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O psicólogo terá um papel fundamental nesses casos. Há previsão, no ECA, de intervenção obrigatória de uma equipe técnica
interpro�ssional na adoção, com o intuito de elaborar laudo psicossocial (artigo 197-C do ECA, 1990).
O objetivo desse laudo é analisar a capacidade e o preparo dos candidatos para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável,
à luz dos requisitos e princípios desta Lei.
Na fase de habilitação dos candidatos à adoção, o psicólogo analisará os motivos que levam o habilitante a querer adotar.
Após a habilitação dos adotantes, no curso do processo de adoção, o psicólogo examinará:
O contexto psicológico de quem está sendo adotado;
Tudo que envolve o adotante, como suas expectativas, compreensões
da realidade, capacidade econômica, estrutura psicológica, entre
outros dados relevantes que podem interferir na futura convivência
entre as partes.
PDF
Leia aqui sobre O papel do psicólogo na Nova Lei Nacional da Adoção (2009) (galeria/aula8/docs/papel_psicologo_nova_lei.pdf).
O adolescente em con�ito com a lei
Para falarmos do adolescente em con�ito com a lei, é importante fazer uma linha do tempo, em relação à imputabilidade em nosso país e a
idade determinada pela lei.
Código Criminal do Império de 1830
Esse Código determinava que, até os 14 anos, as crianças e adolescentes eram considerados inimputáveis (ou seja, considerados incapazes para
responder pela conduta delituosa por não compreender a ilicitude do ato praticado).*
Código Penal da República, de 1890
Até 9 anos eram considerados inimputáveis. Entre os 9 e 14 anos, se não tivessem discernimento eram tidos como inimputáveis, e com discernimento
eram recolhidos para estabelecimentos disciplinares industriais até os 17 anos.
A pena de cumplicidade continuava existindo dos 14 aos 17 anos. A Lei 4.242/1921 eliminou o critério do discernimento e �xou em 14 anos a
inimputabilidade.
Código Mello Mattos (1927)
Classi�cação menorista. Os menores de 18 anos classi�cados como abandonados e/ou delinquentes; os delinquentes, com idade superior a 14 anos, não
eram submetidos a processo penal, mas a um processo especial de apuração de sua infração. A medida de internação ao delinquente era imposta por
todo o tempo necessário à sua educação (3 a 7 anos de duração).Código Penal de 1940 (Código Penal Atual)
A responsabilidade penal foi estabelecida aos 18 anos.
Código de Menores (1979)
trouxe a preocupação com os jovens-adultos (entre 18 e 21 anos) que, mesmo atingindo a maioridade, não podiam ser inseridos na sociedade. Estes
jovens permaneciam sob a jurisdição dos juízes de menores, portanto, sujeitos ainda às previsões do Código de Menores.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON866/galeria/aula8/docs/papel_psicologo_nova_lei.pdf
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VOCÊ SABIA?
Regidos pelo Código Criminal do Império de 1830, em alguns casos os menores de 14 anos respondiam como os maiores de 14 anos por
meio da Teoria da Ação com Discernimento, ou seja, a imputação de responsabilidade penal ao menor de 14 anos, em função de uma
pesquisa da sua consciência em relação à prática da ação criminosa.
Nos casos desses menores, eles eram enviados à Casa de Correção até os 17 anos. Entre os 14 e os 17 anos, os infratores sofriam a
chamada pena de cumplicidade (2/3 do que cabia ao adulto infrator) e os maiores de 17 e menores de 21 anos gozavam de atenuante da
menoridade.
O ECA (1990) excluiu da aplicação de Medida Socioeducativa a
criança, ou seja, até 12 anos de idade incompletos que pratica ato
infracional. Para isso, o artigo 105, do Estatuto (ECA, 1990), determina
que sejam aplicadas as medidas de proteção do artigo 101.
Para que �quem claras as diferenças entre o Código de menores (1979) e o Estatuto da criança e do adolescente (1990), observe com
atenção o quadro:
Constituição Federal de 1988
CF - art. 228 - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Estatuto da Criança e Adolescente (1990)
Em 1990, foi sancionado o Estatuto da Criança e Adolescente, que de�ne o ato infracional, no artigo 103, como “a conduta descrita como crime ou
contravenção penal” praticado por crianças e adolescentes.
A inimputabilidade infanto-juvenil (art. 104 ECA) esclarece que os menores de 18 anos estão sujeitos a medidas socioeducativas, considerando a idade do
adolescente (12 anos completos até 18 anos incompletos) na data do fato.
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ASPECTO CÓDIGO DE MENORES (1979) ESTATUTO (ECA,1990)
Doutrinário Situação irregular Proteção integral
Caráter Filantrópico (glossário) Política pública
Fundamento Assistencialista Direito subjetivo (glossário)
Centralidade Judiciário Município
Institucional Estatal Cogestão c/ sociedade civil
Organização Piramidal hierárquica (glossário) Rede (glossário)
Gestão Monocrática (glossário) Democrática
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
CIDADANIA
Fonte da Imagem:
Com o ECA (1990), o adolescente torna-se sujeito de direitos, em desenvolvimento. A proposta, então, é a educação para cidadania, ou seja,
uma justi�cativa estruturante para os adolescentes em con�ito com a lei.
DESENVOLVIMENTO
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Fonte da Imagem:
A proposta na aplicação das medidas é fornecer um suporte social para internalização das leis, respeitando os direitos como: convivência
familiar e comunitária, educação, lazer, entre outros. O objetivo é o pleno desenvolvimento do adolescente.
SANÇÃO
Fonte da Imagem:
As Medidas Socioeducativas (artigos 112 a 125, ECA, 1990) são medidas com caráter pedagógico, visando a reintegração do jovem em
con�ito com a lei à vida social, assim como caráter sancionatório, como resposta à sociedade pela lesão provocada pelo adolescente.
GRAVIDADE DOS ATOS
Fonte da Imagem:
A aplicação das medidas socioeducativas deve estar de acordo com as características da infração, circunstâncias sociofamiliares e
disponibilidade de programas. Elas apresentam aspectos coercitivos e educativos, estabelecendo uma gradação de acordo com a gravidade
do delito cometido e/ou sua reiteração.
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REINTEGRAÇÃO SOCIAL
Fonte da Imagem:
Desse modo, o objetivo é garantir o acesso do adolescente às oportunidades de superar sua condição de exclusão. É uma tentativa de formar
valores positivos e de participação na vida social. Como �cou claro, no quadro comparativo entre o Código de Menores (1979) e o ECA
(1990), o trabalho a ser realizado é um trabalho em rede com a família e a comunidade participando, mesmo nos casos de privação de
liberdade.
Para que você conheça essas medidas, vamos apresentá-las resumidamente, esperando que você aprofunde os seus estudos na leitura do
material indicado nesta aula.
ADVERTÊNCIA
Admoestatória, informativa, formativa e imediata.
REPARAÇÃO DO DANO
Restituição do bem, ressarcimento e/ou compensação da vítima.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
Adequado acompanhamento e apoio da entidade que recebe o adolescente, além da utilidade do trabalho realizado para o adolescente.
LIBERDADE ASSISTIDA
Acompanhamento personalizado da equipe de orientadores sociais ligada aos programas de proteção e/ou formativos.
SEMILIBERDADE
Afasta o adolescente do convívio familiar e da comunidade de origem, mas não restringe o direito de ir e vir. É um processo de transição entre
a internação e o retorno à comunidade.
INTERNAÇÃO
Para atos infracionais graves. Limitação do direito de ir e vir. Avaliação em períodos máximos de 6 meses. Tempo máximo de internação 3
anos. Permissão para atividades externas a critério da equipe e do Juiz. Esta internação deve ser em um estabelecimento apenas para
adolescentes.
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ATIVIDADES
Questão 1 - (CESPE OAB 2007) As medidas que podem ser aplicadas pela autoridade competente ao adolescente que pratique ato infracional
não incluem a:
Obrigação de reparar o dano.
Liberdade assistida.
Inserção em regime de semiliberdade.
Prestação de trabalhos forçados.
Nenhuma das respostas acima.
Justi�cativa
Questão 2 - (MP/ES_2005) Ao romper de�nitivamente com a doutrina da situação irregular, até então admitida pelo Código de Menores (Lei
6.697, de 10.10.79), a Lei 8.069/90 (ECA) estabeleceu como diretriz básica e única no atendimento de crianças e adolescentes:
A doutrina da proteção integral à criança e ao adolescente.
A doutrina dos direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente.
A doutrina da proteção especial à criança e ao adolescente.
A Declaração dos Direitos da Criança.
O Princípio da dignidade da pessoa humana.
Justi�cativa
Glossário
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ART. 2º PARA OS EFEITOS DESTE CÓDIGO, CONSIDERA-SE EM SITUAÇÃO
IRREGULAR O MENOR
I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de:
a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável;
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;
Il - vítima de maus-tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável;
III - em perigo moral, devido a:
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes;
b) exploração em atividade contrária aos bons costumes;
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável;
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária;
VI - autor de infração penal.
Parágrafo único. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de menor, ou
voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato judicial.
ART. 101.
Art. 101. Veri�cada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,dentre outras, as seguintes medidas:
I - o encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento o�cial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas o�ciais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa o�cial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.
ART. 129.
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e programas o�ciais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
II - inclusão em programa o�cial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o �lho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
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VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - suspensão ou destituição do poder familiar.
FILANTRÓPICO
Filantropia signi�ca humanitarismo, é a atitude de ajudar o próximo, de fazer caridade.
DIREITO SUBJETIVO
O Direito subjetivo se caracteriza por ser um atributo da pessoa. Ele faz dos seus sujeitos, titulares de poderes, obrigações e faculdades estabelecidos
pela lei. Disponível em: <www.infoescola.com/direito/direito-subjetivo/ (//www.infoescola.com/direito/direito-subjetivo/)> Acesso em: 7 mai. 2017.
MONOCRÁTICA
Gestão realizada por apenas um órgão.
PIRAMIDAL HIERÁRQUICA
Do escalão mais alto para o escalão mais baixo.
REDE
Um conjunto de unidades ou equipamentos que prestam serviços públicos. A palavra rede, nesses casos, é utilizada para indicar a vinculação dessas
unidades a um órgão central controlador ou gestor das políticas de atendimento. Disponível em:
<//www2.uol.com.br/aprendiz/designsocial/travessia/politica_traba.htm (//www2.uol.com.br/aprendiz/designsocial/travessia/politica_traba.htm)>.
Acesso em: 07 mai. 2017.
https://www.infoescola.com/direito/direito-subjetivo/
https://www2.uol.com.br/aprendiz/designsocial/travessia/politica_traba.htm

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