Buscar

ESTADO E SOCIEDADE CIVIL - OS FUNDAMENTOS DA POLÍTICA SOCIAL


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

ESTADO E SOCIEDADE CIVIL: OS FUNDAMENTOS DA POLÍTICA SOCIAL
Manuella Wallesy de Siqueira Lessa
RESUMO
No seguinte texto abordaremos as concepções teórico-conceitual de Estado dos teóricos: Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Antonio Gramsci, no qual iremos nos posicionar em relação ao que traz os fundamentos da política social.
Palavras-chave: Sociedade Civil – Estado – Políticas Sociais - Neoliberal
ABSTRACT 
In the following we discuss the theoretical and conceptual theoretical conceptions of State: Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx and Antonio Gramsci, in which we position ourselves in relation to what brings the fundamentals of social policy.
Keywords: Civil Society - State - Social Policies - Neoliberal
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo adentrar nos fundamentos das políticas sociais, citando os teóricos e seus conceitos de Sociedade Civil e Estado, nas diversas fases da política no Brasil.
Na Contribuição para a Crítica da Economia Política (Roma, Editori Riuniti, 1974, pp. 745-749) Marx afirma: “Minha pesquisa chegou à conclusão que as relações jurídicas, bem como as formas de Estado, não podem ser compreendidas por si só, nem pela assim chamada evolução geral de espírito humano, mas têm suas raízes nas relações materiais da existência – cujo conjunto Hegel inclui no termo de sociedade civil, seguindo o exemplo dos ingleses e franceses do século XVIII – e que a anatomia da sociedade civil deve ser procurada na Economia Política”. Por conseguinte, não é o Estado que funda a sociedade civil, que absorve em si a sociedade civil, como afirmava Hegel; pelo contrário, é a sociedade civil, entendida como o conjunto das relações econômicas (essas relações econômicas são justamente a anatomia da sociedade civil), que explica o surgimento do Estado, seu caráter, a natureza de suas leis, e assim por diante. (GRUPPI, 1996, p. 27)
ESTADO E SOCIEDADE CIVIL
	Durante o capitalismo monopolista com as expressões da questão social, surge uma classe para atender outra, onde o Estado passa a desenvolver medidas econômicas e sociais para intervir nas mazelas que afligem a sociedade, que são decorrências da contradição capital x trabalho. Sabe-se que as políticas sociais estão associadas à sociedade burguesa, que é de caráter conservador, ou seja, é específica do modo de produção capitalista, que existe garantir a produção e a reprodução da sociedade.
O entendimento a cerca de Sociedade Civil tem se mostrado variado, visto que com o passar do tempo, até a modernidade, seu conceito vem se moldando ao longo da história. Passa por um crítico período ditatorial onde os trabalhadores não podem manifestar seus direitos, mas, no entanto, percebe-se que ao se organizarem podem fazer valer os seus direitos através de movimentos sociais para tentar conter a opressão do Estado. 
Hobbes era um contratualista, assim como Locke e Rousseau, ele afirmava que a origem do Estado e da Sociedade Civil está no contrato, onde o Estado é soberano, autoritário e absolutista, sendo ele quem define as leis e todos os cidadãos devem seguir suas ordens, ou seja, a Sociedade Civil está subordinada ao Estado, que é uma forte condição para a existência da sociedade, onde o homem é lobo do próprio homem. 
Locke defende o Estado livre, onde ele cria as leis que regulam a propriedade privada e a liberdade de compra e venda dos indivíduos, pois é um direito natural. Para ele o maior papel do Estado é garantir a propriedade privada sobre os meios de produção, visto que só pode existir mercado se houver a garantia da propriedade privada, na qual sua defesa está acima da defesa da vida, pois não é a propriedade que causa desordem ao Estado e sim o dinheiro que não é um bem de consumo e pode ser acumulado. 
Rousseau defendia que o Estado organizava a Sociedade Civil, pois para ele o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Defende a democracia, pois com ela haveria uma combinação entre liberdade e obediência. A liberdade é um direito natural do homem, mas com a propriedade privada o homem perde a liberdade e a igualdade, mas mesmo assim não deseja a extinção da mesma. 
Para Hegel o Estado funda a Sociedade Civil, porém agora como sociedade política regida pelo princípio da universalidade (TONET). É a partir da concepção de Hegel que Marx ao criticá-lo fundamenta seu conceito sobre Sociedade Civil, no qual para ele é a Sociedade Civil que funda o Estado, partindo para uma concepção da realidade social. Marx não nos deixou uma teoria sobre as formas de Estado, mas sim uma crítica a este, ele considera que o Estado é o resultado das classes sociais, estando sua origem ligada à propriedade privada. 
Para Gramsci a sociedade Civil é composta por uma rede de organizações. É uma das esferas sociais em que as classes organizam e defendem seus interesses, em que se confrontam projetos societários, na qual as classes e suas frações lutam para conservar ou conquistar a hegemonia (MONTANÕ E DURIGUETTO, 2010, p. 43).
De acordo com Gramsci o Estado não atua apenas de forma coercitiva, mas também exercita o consenso da sociedade para o implemento de suas ações e consolidação de sua hegemonia através de suas instituições (escolas, igrejas, entre outros). Para Gramsci, a Sociedade Civil e a Sociedade Política (superestrutura), juntamente com a Sociedade Econômica (estrutura), constituem a totalidade social, estando todas dialeticamente articuladas.
 Segundo Soares, o neoliberalismo ficou esquecido durante os anos dourados, com a crise estrutural do capitalismo na década de 70 voltou com força total, esse ideário defende a liberdade do individuo, mas reduz ao mínimo a atuação do Estado frente às políticas públicas. Para o neoliberalismo o que importa é o retrocesso nos direitos sociais ou mesmo a desativação dos programas sociais públicos, com o argumento de que as políticas sociais cerceiam a vida privada, e que tais políticas não passam de um desperdício dos recursos públicos. O Estado a cada dia que passa naturaliza as expressões da questão social e transfere suas responsabilidades com a sociedade, e implementam uma ideologia de que os serviços privados são melhores que os serviços públicos.
O que concerne às políticas sociais são três princípios orientadores do neoliberalismo: a descentralização, a privatização e a focalização. A descentralização usa o argumento que o cidadão pode definir onde quer colocar os seus gastos financeiros transferidos para Estados e municípios. A focalização é a redução dos gastos públicos através da adoção de uma política seletiva, assistindo aos cidadãos mais paupérrimos, como uma forma de apenas administrar essa pobreza e garantir a sobrevivência desses indivíduos. A privatização ocorre à redução dos investimentos públicos, com isso ocorre uma diminuição da qualidade dos serviços públicos, e o Estado transfere suas responsabilidades para as empresas privadas, terceirizando os serviços públicos. Com a diminuição da qualidade dos serviços públicos, tais como: saúde, educação, entre outros, os indivíduos passam a pagar por um serviço que é dever do Estado e direito dos cidadãos.
O Brasil é um país que já nasceu sob o domínio capitalista, no período ditatorial faz-se uma distinção entre Estado e Sociedade Civil como uma forma de esconder as contradições das classes sociais, o termo civil era para diferenciar a atuação dos militantes, que não aceitavam a forma de governo vigente. Já no fim da década 80, nesse período já havia terminado a ditadura militar no Brasil, o liberalismo defende a ideologia de que tudo o que vem do Estado é prejudicial e o que vem da Sociedade Civil não é. O Estado é considerado o primeiro setor que apresenta uma atuação neutra, o mercado o segundo setor que abrange a economia, e a Sociedade Civil o terceiro setor.
 A política neoliberal foi implementada no país no governo de Fernando Collor, e na sua forma de governabilidade os direitos sociais foram vistos como problema, as classes subalternas são vistas como uma ameaça parao progresso econômico e a democracia. Com a saída de Collor, assume em seu lugar Itamar Franco e com isso ocorre uma desaceleração da implantação do neoliberalismo. No governo de Fernando Henrique há uma estabilização da moeda nacional combatendo a inflação no país, pois o seu valor se igualava ao valor do dólar, em seu governo começa a privatização das empresas estatais lucrativas. No governo Lula houve uma continuação da forma de governabilidade do governante anterior, criou políticas assistencialistas e de caráter focalista, para administrar a pobreza, não houvesse melhoria significativa de condições dignas de vida da classe subalterna.
 A constituição federal foi afetada pelas ideias neoliberais, sem que atendesse as necessidades e os desejos da população. Em 1920, a economia do Brasil era o modelo agroexportador, com a revolução industrial e a chegada das indústrias houve no país uma migração da população rural para a zona urbana, essas pessoas iam em busca de empregos nessas indústrias das grandes cidades, e com isso houve um crescimento desordenado dos centros urbanos, esses trabalhadores viviam em condições precárias e insalubres, e acabavam adoecendo. Por conta dessa situação foi criado o CAPs (Caixa de Aposentadoria e Pensões), a assistência médica da previdência social (Lei Eloy Chaves), apenas as pessoas que trabalhavam com a carteira assinada tinha acesso a esses benefícios, os demais ficavam a mercê da ajuda, caridade e filantropia das Santas Casas de Misericórdia. Nos anos 30 foi criado Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública que atendiam ao mínimo as necessidades da classe trabalhadora advindas da industrialização.
Em 1985, o movimento de reforma sanitária, aliado a outros movimentos de esquerda da época, ascendeu, uma nova oportunidade para a discussão do projeto do Sistema Único de Saúde (SUS) como alternativa ao sistema de saúde em vigor foi legitimado em nível nacional na VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Nessa conferência houve uma grande participação dos setores organizados da Sociedade Civil, que pela primeira vez, tinha presença efetiva, não existente nas conferências nacionais de saúde anterior. [...] Em 1987, atendendo a conjuntura da época foi criado, através do decreto do então Presidente José Sarney, o SUDS (Sistema Único de Descentralizado de Saúde). (SOARES, 2008, p.39). O SUS foi legalizado, e essa vitória não garante a efetivação do direito.
A partir da Constituição de 1988 a saúde é proclamada como direito, sendo uma das políticas componentes da seguridade social. (SOARES, 2008, p.43) Não é mais necessário o indivíduo estar com vínculo empregatício para poder ter acesso à saúde. No Brasil ocorreu Universalização Excludente, pelo fato, de ter ocorrido um aumento dos investimentos dos setores privados na área da saúde, no país não ocorreu o Estado de Bem-Estar Social, por conta da implantação do estado neoliberal, onde o Estado transfere suas responsabilidades para o setor privado. O Estado deixa de investir nos serviços públicos, e com isso ocorre uma precarização desses serviços. O Estado se preocupa mais com a estabilização da moeda e com a queda inflacionária, do que com as pessoas que necessitam dos serviços públicos, prioriza mais o mercado, do que a população que necessita ter acesso às políticas públicas. E por conta da precarização, para ter acesso a uma saúde de qualidade as pessoas são obrigadas a comprar esse serviço, beneficiando os setores privados. E com isso ocorre a mercantilização da saúde.
No ideário neoliberal cidadão é aquele que está incluso no mercado de trabalho com a carteira assinada, e os demais são os pré-cidadãos.
 Tal estruturação e ampliação da esfera pública poderia se dar pela participação da classe subalterna nos organismos de estrutura estatal. Contudo, a flexibilização das relações trabalhistas, a precarização dos serviços públicos e outras consequências da adoção do projeto neoliberal fragilizam os movimentos oriundos das classes subalternas. Além disso, o próprio Estado, que coloca como diretriz de sua gestão e controle social sobre as políticas públicas impõe limites e dificuldades para a sua consolidação. (SOARES, 2008. p.47)
Após a Segunda Guerra Mundial a preocupação principal era a recuperação financeira os países ocidentais e de outro a superação dos países desenvolvidos. Tinha como primordial a participação da população para alcançar tal realização. Um argumento muito utilizado pelas teorias e políticas era a de democratização e modernização. Durante a ditadura militar a participação era algo proibido, nos anos 80 com a instauração da democracia, a participação era em prol dos interesses da coletividade, a participação foi importante para a organização de movimentos reivindicatórios. O estado cria estratégia para desmobilização dos movimentos sociais.
 A convocação de uma assembleia nacional constituinte e a promulgação da constituição vigente, o Estado procura instituir um regime democrático, que era algo que a população tanto ansiava. 
 A participação social nos conselhos de saúde, denominada controle social, é também recomendada na resolução nº 333/ 20013 do conselho nacional de saúde, cuja composição deve obedecer a seguinte paridade de 50% do número total de conselheiros são de representação dos usuários, 25% dos profissionais de saúde e 25% resultante distribuídos entre prestadores dos serviços públicos e privados. Os representantes dos usuários devem ser indicados pelas entidades ou movimentos a que pertencem. (SOARES, 2008. p.51). 
 A democracia participativa não é bem vista aos olhos dos capitalistas, pois não é do interesse dos mesmos que a sociedade se torne independentes. São colocados limites e dificuldades para desmobilizar a organização dos movimentos sociais.
 O controle social no Brasil se iniciou no século passado com o sanitarismo campanhista, o Estado atuava controlando as doenças transmissíveis, para que os capitalistas não se contaminassem e a classe trabalhadora não tivesse a sua força de trabalho comprometida, e com isso afetar a produção das mercadorias e os capitalistas não tivesse os seus lucros prejudicados. Esse controle social durou aproximadamente 70 anos, foi exercido pela população marginalizada do trabalho informal e sobre a força de trabalho. 
 Com a abertura da Política Social no Brasil, aos poucos a participação comunitária no setor de saúde passou a ser exercida por quem fazia oposição partidária ao governo, dentre os quais, movimentos sociais, trabalhadores de saúde, intelectuais e estudantes que lutavam pela universalização do direito a saúde. (SOARES, 2008, p.55)
 As políticas sociais surgem como uma forma de conter os conflitos entre capital x trabalho para que a burguesia mantivesse o seu domínio e como manter a ordem da sociedade vigente.
 Partindo do aspecto legal, o sentido de controle social inscrito na constituição de 1988 diz respeito à participação da população na elaboração, implementação e fiscalização das políticas sociais [...] Bravo e Souza fazem uma análise das quatro posições teóricas e políticas que embasam o debate sobre o controle nacional de saúde e o controle social. A primeira, baseada no aparato teórico de Gramsci, parte da contradição de classe, visualizado os conselhos como arena de conflitos em que grupos diferentes estão em disputa [...] A segunda baseia-se na concepção do consenso de Habermas e dos neo-habermasianos, e considera os conselhos como espaço consensual em que grupos com diferentes interesses convergem, pactuações, para o interesse de todos. A terceira é a influencia estruturalista althusseriana do marxismo, que nega a historacidade e a dimensão política do real. Analisando o Estado e as instituições como aparelhos repressivos da dominação da burguesia. [...] A quarta, é a representada pela tendência neoconservadora política, que questiona a democracia participativa, defendendo apenas a democracia participativa, rejeita osconselhos, por considerá-los canais de participação incompatíveis com esta última. (SOARES, 2008, p.58)
 	Segundo o plano de atuação efetiva e a política de saúde estão em debate, onde esse debate envolve questões complexas, reflexo da própria estrutura do Estado, que caracterizavam desde problemas intensos de estrutura e funcionamento, desinteresse dos governos em democratizar a política de saúde, até corporativismo de seus membros, que por não terem base política e técnica não conseguem reivindicar a política deliberativa no colegiado. Um fator determinante para que, no âmbito dos conselhos, haja algum controle social na perspectiva das classes subalternas é a articulação dos segmentos que compões em torno de um projeto comum para a sociedade, a partir da construção de uma vontade coletiva, obtendo desta forma um posicionamento em bloco mais efetivo dentro dos conselhos, ampliando seu poder de intervenção (CORREIA, 1996, p.14).
	A classe trabalhadora tem pouco âmbito no poder de construção ou intervenção devido a uma herança genética no processo histórico de ser controladas pela burguesia. As classes subalternas sempre foram controladas seja no âmbito politico econômico deixando claro que o Estado exerce esse poder desde os primórdios, das lutas entre trabalhadores e patrões.
	Sobre os conselhos de gestores de saúde, torna-se claro que os obstáculos enfrentados pelos conselhos setoriais são inúmeros, mas para os conselhos de gestores de saúde, são bem maiores, uma vez que seu poder deliberativo é limitado ao âmbito de unidade, ficando restrito, em sua maioria, exclusivamente a questões administrativas. (SOARES, 2008) Os conselhos só terão êxito com a participação ativa de todos os membros, conselheiros e a comunidade, ou seja, os representantes do povo que possam falar sobre o assunto, das melhorias, dos objetivos, as formas de comunicação entre si e os gestores, e a própria sociedade se enxergarem como sujeito de direito.
A pesquisa de Souza e Cavalcante (2008) serviu para mostrar deficiências do controle social em Alagoas, seja devido a não participação da população, seja pela manipulação do gestor nos conselhos, o que é reforçado pela subserviência dos usuários.
Segundo os autores é de suma importância à participação de todos para construir um conselho de saúde em relação aos interesses de todos, e que a participação ativa de funcionários, gestores, sindicatos, trabalhadores, usuários, etc. para garantir a efetivação, ou seja, garantir que as verbas, as consultas, o atendimentos as demandas, seja de responsabilidade da gestão pública que estão inseridos nos conselhos sejam presentes e participantes nas reuniões e decisões.
No entanto, foi constatado que apesar dos conselheiros terem boa participação, há um grande conflito entre os usuários, profissionais de saúde e governo (já constatado por Cavalcante em sua pesquisa).
CONCLUSÃO
Para Gramsci, as relações econômicas são fundamentos da sociedade, relata que o Estado = sociedade política + sociedade civil, isto é hegemonia aliada à coerção, sua elaboração se dá no contexto teórico de combate ao liberalismo, que via o Estado como guardião neutro das liberdades e ao economicismo. Ivo Tonet cita Guilherme Mota em seu artigo, pois o mesmo relata que: na sociedade civil no Brasil os direitos civis são usurpados por um Estado que deveria ser neutro, que intervém de forma mínima para a melhoria de vida dos indivíduos, acaba os desprotegendo e infringindo direitos que lhes são garantidos pela constituição do país. Democracia e cidadania são expressões da sociedade burguesa, pensar nessas expressões é esquecer as limitações da sociedade e atribuir um poder que a sociedade não tem. A ideologia de governo forte é uma imagem que é necessária para alienação da classe trabalhadora, que acaba julgando que o mesmo é capaz de resolver os problemas sociais, quando apenas os administra. A classe trabalhadora queria algo a mais que a ajuda, caridade e filantropia e passaram a se organizar politicamente reivindicando por melhores condições de vida, de saúde e de trabalho. O Estado cria as políticas publicas como uma forma de mediar conflitos entre capital x trabalho e de conter a classe trabalhadora, a intenção do Estado ao criar as políticas públicas era de administrar a pobreza e não de sanar os problemas sociais existentes. O Estado ao investir mesmo que de forma precarizada na saúde, foi com a intenção de que a classe trabalhadora melhor reproduzisse a sua força de trabalho para não intervir na produção de mercadorias na sociedade capitalista, e assim atender aos interesses da classe dominante que não teem seus lucros prejudicados. Sem contar que a classe subalterna tendo acesso à saúde, uma saúde que não é de qualidade e sim precarizada passam adoecem menos. Com a criação do SUS e a saúde passando a ser uma política social, passou a ser um direito do cidadão e dever do Estado, pois antes a classe subalterna só tinha acesso a saúde através da filantropia das Santas Casas de Misericórdia.
 
REFERÊNCIAS
BEHRING, Elaine Rossetti. Fundamentos de Política Social. Pdf
GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel. Tradução de Dario Canali, 14º edição, Porto Alegre L&PM, 1996.
MONTANÕ, Carlos. DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, Classe e Movimento Social. São Paulo: Cortez Editora, 2010.
SOARES, Jinadiene. Os conselhos de saúde em Alagoas: uma análise teórica conjuntural. 2008, Alagoas.
TONET, Ivo. Do conceito de Sociedade Civil.
WEFFORT, Francisco Correia. Os Clássicos da Política - Col. Fundamentos - Vol.1. Editora Ática.