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EDUCAÇÃO EM SAÚDE II Bruna Becker Políticas públicas de educação em saúde Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os aspectos que fundamentam a política nacional de edu- cação em saúde. Descrever os eixos estratégicos que fundamentam a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEP–SUS). Explicar as principais metodologias e tecnologias para o fortalecimento do SUS. Introdução Como você deve imaginar, a educação em saúde é fundamental para o desenvolvimento de ações no contexto do SUS. As políticas relacionadas à qualificação do serviço de saúde e à educação da população e dos profissionais são ferramentas de gestão que contribuem para a melhoria dos indicadores de saúde e do cuidado prestado à comunidade. Neste capítulo, você vai estudar as políticas públicas relacionadas à educação em saúde e conhecer algumas ferramentas utilizadas para o fortalecimento do SUS. Fundamentos da política nacional de educação em saúde A Constituição Federal de 1988, em seu art. 200, inciso III, defi ne que o SUS tem a competência de ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde (BRASIL, 1988). Assim, as questões relacionadas à educação em saúde integram as ações de planejamento do Ministério da Saúde (MS). Ao longo dos anos, diversas políticas públicas voltadas à capacitação e à orientação dos usuários e comunidades têm sido executadas no território brasileiro. O modelo de gestão do SUS preconiza a gestão participativa e compartilhada entre as esferas de gestão em saúde (federal, estadual e municipal). Nesse sentido, o MS estabelece um processo de cooperação entre as instâncias gestoras para os assuntos e ações estratégicas de educação em saúde (BRASIL, 2007a). O MS tem a responsabilidade e o compromisso de contemplar os prin- cípios e diretrizes preconizados pelo SUS para a integralidade da atenção à saúde individual e coletiva. A responsabilidade constitucional do SUS é que estratégias como a educação em saúde se tornem importantes na lógica de transformação social. A educação em saúde como processo político se propõe a dar subsídios para o indivíduo conhecer mais sobre o cuidado em saúde, o que permite a sua emacipação social nesse campo da vida. A seguir, veja as principais diretrizes operacionais que compõem a política de educação em saúde: promover ações de educação em saúde nas diversas comunidades, considerando as suas necessidades e as suas características específicas — por exemplo, comunidades quilombolas, ribeirinhas, extrativistas, assentadas, indígenas e outras de interesse das políticas públicas de governo —, com vistas à construção coletiva do conhecimento e ao controle social; utilizar metodologias ativas, participativas e problematizadoras, sempre respeitando os princípios etnoculturais, os atores do processo e os princípios e diretrizes do SUS; construir um perfil situacional da população-alvo a fim de identificar e de diagnosticar padrões demográficos, sociais, econômicos, culturais e epidemiológicos; promover processos educativos que propiciem a construção social e a autonomia do indivíduo em seu cuidado com a saúde; fomentar a participação da gestão dos serviços e das instâncias de controle social no planejamento e na execução de ações; estabelecer formas de avaliação das ações já realizadas com o objetivo de fortalecimento; incentivar a participação da comunidade no controle social para o fortalecimento da participação popular e das diretrizes do SUS. Políticas públicas de educação em saúde2 Movimentos sociais como os relacionados à educação popular em saúde são fun- damentais para que se concretize na prática aquilo que é preconizado na política. Um dos grandes protagonistas dos movimentos de educação popular em saúde nos anos 1960 foi o educador Paulo Freire, que fomentou a importância de valorizar os aspectos sociais e culturais de cada indivíduo nos processos educativos. O chamado “saber popular”, nesse contexto, é uma importante ferramenta para compreender melhor o indivíduo, o que é essencial para a construção de espaços de aprendizado em saúde mais democráticos. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) A PNEPS subsidia as ações de educação em saúde e de educação popular em saúde. Nesse sentido, você deve compreender as diferenças entre os conceitos de educação em saúde, tema deste capítulo, e educação na saúde. Veja a seguir (BRASIL, 2009). Educação em saúde: segundo o MS, a educação em saúde é o processo que envolve os profissionais da saúde em sua atuação, os gestores que apoiam as ações no âmbito da educação em saúde e a população que precisa ser orientada quanto ao seu autocuidado. As ações de educação em saúde envolvem a autonomia do indivíduo e a sua emancipação. A ideia é que o sujeito seja capaz de tomar as suas próprias decisões sobre questões de saúde e doença. Educação na saúde: consiste na produção e na sistematização de con- teúdos relativos à formação e ao desenvolvimento dos profissionais de saúde, bem como à reorientação da formação em saúde. Nesse sentido, as ações de educação na saúde são destinadas à qualificação da força de trabalho do SUS, à formação acadêmica em saúde e à integração entre o ensino e os serviços. 3Políticas públicas de educação em saúde A educação permanente em saúde é uma proposta ético-político-pedagógica que objetiva transformar e aprimorar a atenção à saúde, os processos de formação e qualificação dos profissionais e as práticas de educação na saúde. Além disso, busca promover ações e serviços numa perspectiva intersetorial (BRASIL, 2017a). A PNEPS, instituída em 2004 pelo MS, permite a realização de ações formais de educação na saúde. Para isso, considera as diferentes situações regionais, a importância da superação das desigualdades e as necessidades de formação para o desenvolvimento do SUS (BRASIL, 2007a). A principal estratégia da PNEPS é, sem dúvida, o fortalecimento do SUS mediante a formação de profissionais que problematizem a sua atuação e valorizem as especificidades dos espaços nos quais atuam. A partir desse objetivo, a PNEPS busca integrar ensino, ser- viço e comunidade e valorizar a regionalização da gestão em suas ações. Isso permite a criação de projetos de qualificação e o enfrentamento das principais necessidades e demandas do SUS em suas diversas localidades. A Portaria de Consolidação nº 6/ 2017, enfatiza o conceito pedagógico no setor da educação permanente em saúde e destaca que a sua execução deve ser conduzida por meio da prática e do cotidiano (BRASIL, 2017b, documento on-line): A Educação Permanente é aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o en- sinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho. A educação permanente baseia-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais [...] ela acontece no cotidiano das pessoas e das organizações. Ela é feita a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm. Propõe que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas e populações. Os processos de edu- cação permanente em saúde têm como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho. Veja alguns dos principais preceitos encontrados na PNEPS: pedagogia; ética; política; reflexão e problematização; ensino e serviço; intersetorialidade; redes. Políticas públicas de educação em saúde4 Eixos estratégicos da PNEP–SUS A Portaria nº 2.761, de 19 de novembro de 2013, instituiu a PNEP–SUS. Tal política reafi rma o compromisso com a universalidade,a equidade e a in- tegralidade; sem dúvida, também enfatiza a importância da participação popular no SUS. Além disso, as ações estratégicas propõem uma prática político-pedagógica com vistas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde por meio do diálogo entre a diversidade de saberes da população de diferentes regiões, valorizando os saberes populares e a ancestralidade, bem como incentivando a produção individual e coletiva de conhecimentos e a inserção dos indivíduos no SUS (BRASIL, 2013). A educação em saúde está diretamente vinculada à existência de práticas ativas nas comunidades. Nesse sentido, a educação popular torna-se uma ação que reorienta a execução do trabalho realizado nos serviços de saúde, possibilitando a construção de uma saúde integral e adequada à realidade da população (BRASIL, 2007b). O adjetivo “popular” presente na expressão “educação popular” não diz respeito a uma educação dirigida a uma parcela da população dita popular. O que está em jogo é o movimento de tornar os membros das populações diversas agentes ativos, em suas diferentes classes, para a construção de uma sociedade mais igualitária. Assim, “Na prática, a educação popular se expressa pelo diálogo, parte do saber e da vida dos sujeitos envolvidos nos processos sociais, de questionar as distâncias e hierarquias, e busca construir uma ci- dadania crítica e transformadora [...]” (FIOCRUZ, 2014, documento on-line). Além disso, considere que a Política Nacional de Educação Popular em Saúde está amparada em eixos estratégicos (BRASIL, 2017c, documento on-line): I – participação, controle social e gestão participativa; II – formação, comunicação e produção de conhecimento; III – cuidado em saúde; e IV – intersetorialidade e diálogos multiculturais. O primeiro eixo estratégico, que menciona a participação, o controle social e a gestão participativa, visa a ampliar e fortalecer o protagonismo popular, incentivando ações que mobilizem discussões sobre o direito à saúde, a qua- lificação dos processos de formulação, a implementação e o controle social de políticas públicas de saúde. O segundo eixo objetiva ressignificar as práticas de formação dos trabalhadores e atores sociais na perspectiva da educação popular. Nesse sentido, permite o enfrentamento dos diversos desafios por 5Políticas públicas de educação em saúde meio da produção do conhecimento e da sistematização dos saberes nas mais diferentes perspectivas. O eixo do cuidado em saúde, por sua vez, preconiza o fortalecimento de práticas populares em saúde. Ele permite a socialização de tecnologias em saúde e aprimora a sua articulação com o SUS. O último eixo estratégico, que engloba intersetorialidade e diálogos multiculturais, promove a visibilidade e o diálogo dos diferentes setores e atores com vistas ao fortalecimento de políticas e ações integrais (BRASIL, 2013). Segundo a Portaria nº 2.761, de 2013, que institui a PNEP–SUS, a política é orientada pelo diálogo, pela amorosidade, pela problematização, pela constru- ção compartilhada do conhecimento, pela emancipação e pelo compromisso com a construção de um projeto democrático e popular. A PNEP–SUS é composta por 11 objetivos específicos, que são funda- mentais para que ela se concretize nos serviços de saúde: promover o diálogo e a troca entre práticas e saberes populares e técnico- -científicos no âmbito do SUS, aproximando os sujeitos da gestão e dos serviços de saúde dos movimentos sociais populares, das práticas populares de cuidado e das instituições formadoras; fortalecer a gestão participativa nos espaços do SUS; reconhecer e valorizar as culturas populares, especialmente as várias ex- pressões da arte, como componentes essenciais das práticas de cuidado, gestão, formação e controle social e das práticas educativas em saúde; fortalecer os movimentos sociais populares, os coletivos de articulação social e as redes solidárias de cuidado e promoção da saúde na pers- pectiva da mobilização popular em defesa do direito universal à saúde; incentivar o protagonismo popular no enfrentamento dos determinantes e condicionantes sociais de saúde; apoiar a sistematização, a produção de conhecimentos e o compartilha- mento das experiências originárias do saber, da cultura e das tradições populares que atuam na dimensão do cuidado, da formação e da par- ticipação popular em saúde; contribuir com a implementação de estratégias e ações de comunicação e de informação em saúde identificadas com a realidade, as linguagens e as culturas populares; contribuir para o desenvolvimento de ações intersetoriais nas políticas públicas referenciadas na educação popular em saúde; apoiar ações de educação popular na atenção primária em saúde, for- talecendo a gestão compartilhada entre trabalhadores e comunidades, Políticas públicas de educação em saúde6 tendo os territórios de saúde como espaços de formulação de políticas públicas; contribuir com a educação permanente dos trabalhadores, gestores, conselheiros e atores dos movimentos sociais populares, incorporando aos seus processos os princípios e as práticas da educação popular em saúde; assegurar a participação popular no planejamento, no acompanhamento, no monitoramento e na avaliação das ações e estratégias para a imple- mentação da PNEP–SUS. As ações de educação popular em saúde realizadas nas mais diversas comunidades no território brasileiro são extremamente importantes para o desenvolvimento social e a amplicação do conhecimento da população em relação às suas condições de saúde. Algumas das ações são registradas em artigos científicos, cadernos e sites pelos profissionais e também pelas instâncias governamentais, com o intuito de divulgar experiências exitosas realizadas pelas equipes de saúde da família. O MS divulgou, em 2007, o primeiro Caderno de Educação Popular e Saúde, que contém relatos de experiências exitosas de educação em saúde. Em 2014, foi lançado o segundo volume, em que é possível conhecer novas práticas realizadas pelos profissionais de saúde. Nos links a seguir, você pode acessar ambas as publicações. Volume 1: https://qrgo.page.link/qYdnp Volume 2: https://qrgo.page.link/p8Sib Metodologias e tecnologias para o fortalecimento do SUS A educação em saúde como processo político de âmbito nacional vinculado ao SUS possui um enorme potencial estratégico para promover transformações na realidade das comunidades, nas práticas dos profi ssionais e na formação da força de trabalho em saúde. Em sua execução, a educação em saúde e a educação popular em saúde incorporam diversos atores — gestores, profi s- sionais de saúde, controle social, usuários, instituições de ensino, acadêmicos de cursos da saúde, etc. (RIO DE JANEIRO, 2018). Além disso, no contexto da política de educação permanente em saúde, é importante compreender que as práticas e ações se configuram como ferra- 7Políticas públicas de educação em saúde mentas de gestão. Por sua vez, os processos de trabalho em saúde são com- plexos e a qualificação dos profissionais encarregados deles é fundamental para que se atinjam melhores resultados. Portanto, as ações de educação permanente extrapolam o viés pedagógico e envolvem uma reflexão muito maior, relacionada àquilo que se preconiza nos princípios e diretrizes do SUS (RIO DE JANEIRO, 2018). Nesse sentido, diversas estratégias metodológicas e tecnológicas são utilizadas na construção de ações de educação em saúde, como você vai ver a seguir. EdPopSUS O Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS) é uma iniciativa do MS em parceria com a Escola Politécnica em Saúde Joa- quim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz. As ações de educação popular em saúde são historicamente importantes na construção do direito à saúde. O EdPopSUS está fundamentado naquilo que foi proposto por Paulo Freire e por outros educadores, como Victor Vicent Valla. A PNEP–SUS está pautada na formação, na comunicação e na produçãodo conhecimento. Nesse sen- tido, busca ressignifi car e criar práticas que “[...] oportunizem a formação de trabalhadores e atores sociais em saúde na perspectiva da educação popular [...]” (BRASIL, 2013, documento on-line). Considerando a importância da educação popular em saúde, o EdPopSUS é um instrumento de apoio à política nacional. O curso é destinado a agentes comunitários de saúde e também a agentes de vigilância em saúde. Ele oferece subsídio aos trabalhadores no processo de conquista de direitos em saúde da população, além de contribuir para a participação social e o fortalecimento do SUS. Integração entre ensino e serviço A integração entre ensino e serviço pode ser compreendida como o processo de trabalho pactuado e integrado entre as instituições de ensino superior e os serviços de saúde municipais. Isso deve ocorrer por meio da atuação dos estudantes e professores dos cursos da área da saúde, juntamente aos traba- lhadores que atuam nos serviços de saúde e na gestão. O objetivo é qualifi car a atenção à saúde individual e coletiva, além de qualifi car a formação pro- Políticas públicas de educação em saúde8 fi ssional e alcançar maiores desenvolvimento e satisfação dos trabalhadores (ALBUQUERQUE et al., 2008). O processo de ensino e aprendizagem que se estabelece por meio da inte- gração entre o ensino e o serviço, ou seja, por meio da inserção dos alunos na atenção primária à saúde, dá origem a novas formas de organização do trabalho em saúde. Além disso, estimula a troca de saberes entre os atores envolvidos e contribui para a formação de um novo perfil profissional. Assim, melhora a qualidade dos serviços prestados aos usuários (BALDOINO; VERA, 2016). De acordo com Souza e Carcereri (2011), a integração entre ensino e serviço compreende o eixo do processo pedagógico que integra a universidade e os serviços de saúde. Essa estratégia beneficia o estudante e proporciona a ele a oportunidade de unir os conhecimentos teóricos à prática dos serviços e ainda refletir sobre a sua interação junto à comunidade. Educação a distância (EAD) O uso da tecnologia nas ações de educação em saúde é fundamental para a disseminação das práticas e para a qualifi cação dos profi ssionais. O trabalho educativo nos contextos locais difi cultava, muitas vezes, o acesso ao conheci- mento atualizado. Nesse sentido, a EAD se expandiu e proporciona o acesso à informação e à qualifi cação, principalmente no âmbito acadêmico. As tecnologias aplicadas ao contexto da educação são ferramentas estra- tégicas que potencializam a disseminação do conhecimento. Além disso, o aprendizado realizado por meio das tecnologias no contexto profissional é fundamental para que se alcance aquilo que é preconizado na PNEPS. Algumas ferramentas de tecnologia — como a Universidade Aberta do SUS (UNA–SUS), o Telessaúde e o Avasus — são estratégias de qualificação profissional e dos serviços de saúde (BRASIL, 2015). Problematização As ações estratégicas de educação que são articuladas na assistência trans- formam o processo de trabalho por meio da problematização e da refl exão, com vistas a qualifi car a população, o serviço e o cuidado. Existem diversas metodologias que podem ser aplicadas nas pesquisas e nas ações de educa- ção popular em saúde e educação permanente em saúde. Nessas áreas, se 9Políticas públicas de educação em saúde refl ete sobre a problematização dos processos de trabalho e o aprendizado da população por meio de situações cotidianas. Dessa forma, a escolha das metodologias de educação deve avaliar cada ação específi ca (RIO DE JANEIRO, 2018). Para que as metodologias sejam desenvolvidas adequadamente, é neces- sário problematizar as práticas de trabalho e do cotidiano da população. No Quadro 1, a seguir, você pode ver uma sequência de práticas que podem e devem ser problematizadas para que se reflita sobre os processos de trabalho (BRASIL, 2009). Fonte: Adaptado de Brasil (2009). Práticas Tarefas Atividades 1. Identificar problemas Ação, reflexão e investigação Estudos de caso, trabalho de campo, sistematização de dados locais, construção e priorização de problemas 2. Ampliar o conhecimento Acesso bibliográfico, acesso a dados, acesso a educação virtual e outras experiências Seminário de estudos, estágio in loco, grupos de discussão, teleconferências e redes interativas 3. Desenvolver competências específicas e da equipe Aquisição de competências e capacidades específicas Supervisão capacitante, treinamentos focalizados, oficinas de elaboração de projetos 4. Buscar soluções, colocá-las em prática e avaliá-las Coordenação de condutas e trabalho em rede Grupos operativos de qualidade, oficinas de programação local, avaliação de processos e resultados Quadro 1. Práticas de trabalho Políticas públicas de educação em saúde10 Diálogo Por meio do diálogo respeitoso e de uma escuta ativa, as ações de educação em saúde possibilitam o conhecimento dos diversos contextos sociais dos atores. Além disso, é possível a construção de estratégias que visam a mudar a realidade de saúde da população. Amorosidade A amorosidade permite que as ações de educação em saúde extrapolem os conhecimentos científi cos e valorizem os sentimentos, as trocas emocionais e a sensibilidade. Por meio do vínculo afetivo é que se fortalecem os laços e a perspectiva de que o outro possui direitos, além de uma história e de necessidades próprias. Emancipação Essa metodologia pressupõe que os diversos atores envolvidos se constituam como sujeitos que conhecem o seu processo de saúde e doença. A ideia é promover mais autonomia e conhecimento no autocuidado, contrapondo a noção de que o médico é o centro do processo. Além disso, a emancipação enfatiza a construção coletiva e o saber compartilhado. Valorização da experiência Essa metodologia valoriza todos os conhecimentos do indivíduo, permite maior interação e aprendizado entre o educador e o educando, bem como valoriza questões étnico-raciais. Além disso, envolve os atores em uma refl exão sig- nifi cativa sobre aspectos relacionados à realidade (como problemas de saúde, renda, meio ambiente, educação, habitação). Por meio dessa refl exão, busca-se identifi car as causas da situação dos sujeitos, da sua realidade. Além disso, a valorização da experiência permite a construção de um plano de ações que solucionem todos ou parte dos problemas identifi cados. Por fi m, ela possibilita a organização de um grupo permanente para a realização de ações. 11Políticas públicas de educação em saúde ALBUQUERQUE, V. S. et al. A integração ensino-serviço no contexto dos processos de mudança na formação superior dos profissionais da saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 3, p. 356–362, 2008. BALDOINO, A. S.; VERAS, R. M. Análise das atividades de integração ensino-serviço desenvolvidas nos cursos de saúde da universidade Federal da Bahia. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 50, n. esp., p. 17–24, 2016. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Resolução nº 15, de 30 de março de 2017c. Dispõe sobre o Plano Operativo para implementação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS). Disponível em: https://www.conass.org.br/wp-content/uploads/2016/04/ CIT_15_2017.pdf. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017a. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/ prc0002_03_10_2017.html. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017b. Consolidaçãodas normas sobre o financiamento e a transferência dos recursos fe- derais para as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0006_03_10_2017.html. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 1.127, de 04 agosto de 2015. Ins- titui as diretrizes para a celebração dos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES), para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/23/ COAPES-PORTARIA-INTERMINISTERIAL-N1.127%20-DE-04%20DE-AGOSTO-DE-2015.pdf. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007a. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/ prt1996_20_08_2007.html. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.761, de 19 de novembro de 2013. Institui a Polí- tica Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do SistemaÚnico de Saúde (PNEPS-SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/ prt2761_19_11_2013.html. Acesso em: 05 ago. 2019. Políticas públicas de educação em saúde12 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departa- mento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de educação popular e saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ caderno_educacao_popular_saude_p1.pdf. Acesso em: 05 ago. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departa- mento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa. Caderno de educação popular em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/2_caderno_educacao_popular_saude.pdf. Acesso em: 05 ago. 2019. FIOCRUZ. Educação popular em saúde. 2014. Disponível em: http://www.edpopsus. epsjv.fiocruz.br/educacao-popular-em-saude. Acesso em: 05 ago. 2019. RIO DE JANEIRO. Superintendência de Educação em Saúde. Bases para diálogos e reflexões em educação permanente em saúde. Rio de Janeiro: SED, 2018. Disponível em: https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MTkzMTY%2C. Acesso em: 05 ago. 2019. SOUZA, A. L.; CARCERERI, D. L. Qualitative study of the teaching-service integration in an undergraduate dentistry course. Interface, Botucatu, v, 15, n. 39, p. 1071–1084, 2011. 13Políticas públicas de educação em saúde
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