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Tendências contemporâneas
A redefinição de fronteiras geopolíticas, os inacreditáveis avanços científicos, as crises econômicas, a crescente violência urbana, o acesso imediato à informação são algumas características da vida no fim do século XX e início do XXI. A arte reflete esse quadro e multiplica tendências. 
Vamos ver como isso se manifesta na Literatura brasileira e portuguesa contemporâneas.
 Os extremos do século XX
Os valores da sociedade moderna passaram por transformações significativas com o término da Segunda Guerra. As décadas de 1960 e 1970 em especial, foram culturalmente efervescentes. O consumismo, a exploração de um ser humano por outro e os limites da consciência passaram a ser questionados. Surgiram músicas de protesto, movimentos contra a discriminação sexual e racial.
Uma palavra poderia ser escolhida como o símbolo da civilização contemporânea: informação. Com o surgimento da internet, a velocidade de transmissão de informações aumentou de tal maneira que a televisão perdeu o status de veículo mais rápido de transmissão de dados.
Nasce, com o século XXI, o repúdio ao conhecimento estanque, absoluto. 
O convite à interdisciplinaridade, à ética e à responsabilidade social soa como resistência a um tempo em que o ser humano rompeu os limites da civilização, ao utilizar os recursos da ciência para torturar e destruir, voltando, em muitos casos, ao estado de barbárie.
O fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeou um processo de rápida reorganização política que deu origem à globalização da economia: integração dos mercados mundiais, controlados por grandes corporações internacionais.
As pressões do mercado intensificam as distâncias entre ricos e miseráveis. Enquanto países como os Estados Unidos, a Alemanha e a Inglaterra assistem a um desenvolvimento econômico que favorece o acesso à educação, à produção artística, e possibilita a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, boa parte dos países africanos é massacrada por guerras étnicas, enfrenta a fome e a miséria de décadas de exploração nas mãos dos colonizadores estrangeiros e vê a ignorância crescer entre a população. 
Na África, por exemplo, uma criança morre a cada 3 segundos vitimada pela fome ou por doenças decorrentes da Aids. Esse é o altíssimo preço cobrado pela era dos extremos. 
O Brasil conheceu, nos vinte anos que seguiram o início do governo militar, iniciado em 1964, os tempos difíceis da ditadura, da repressão, da tortura. Paradoxalmente, o país teve, nesse período, uma intensa e rica produção cultural. 
O espírito de contestação que mobilizava europeus e norte-americanos influenciou também nossa cultura. Muitos se levantaram contra os problemas sociais, os preconceitos, a moralização hipócrita. Surgiram o Cinema Novo, o Tropicalismo, o teatro engajado, as músicas de protesto de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.
A Eleição indireta de Tancredo Neves em 1985 marcou o fim do regime militar. Com a morte de Tancredo, José Sarney, vice-presidente, tomou posse. Em 1990 foi substituído por Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura. 
Dois anos depois, Collor foi afastado após um processo de impeachment, assumindo o vice Itamar Franco. Fernando Henrique Cardoso foi eleito nas duas eleições seguintes. 1994 e 1998, e, em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para a presidência. Elegeu-se, em 2006, para mais um mandato presidencial. 
Em 31 de outubro de 2010, o Brasil elegeu a sua primeira presidente mulher: Dilma Rousseff. Nas eleições presidenciais de 2014, Dilma elegeu-se para um segundo mandato.
A literatura do mundo contemporâneo: um espelho fragmentado
A massificação tira a identidade das pessoas transforma o indivíduo em um ser anônimo. 
O consumo e a posse de mercadorias tornam-se medidas de sucesso profissional. 
Nesse contexto, a produção de arte também se massifica e através dos meios de comunicação visa alcançar o maior público possível. 
Na literatura, os efeitos da massificação são visíveis. Surgem os best-sellers, livros que viram moda e são divulgados em listas de livros mais vendidos nas revistas semanais. 
O desejo de possuir o livro que todos dizem estar lendo, assistir aos filmes de sucesso de bilheteria, entre outros exemplos, são importantes fatores para o consumo de bens culturais contemporâneos.
O que se percebe é que, por trás dos livros, filmes e músicas que alcançam sucesso imediato junto ao grande público, há uma indústria poderosa, capaz de fabricar ídolos, identificar, explorar e vender tendências para todos os gostos e todas as classes sociais. É esse mecanismo que está na base da massificação.
Guy Debord – A sociedade é dominada pelas imagens (imagem como determinação da realidade; imagem=espetáculo/recursos audiovisuais)
https://www.youtube.com/watch?v=GgAiOmjE3hs&ab_channel=CarolLangoni – o Show de Truman
No que diz respeito à literatura, a indústria cultural modifica de modo importante a relação entre os agentes do discurso, principalmente autores, leitores e obras. 
Com o objetivo declarado de garantir que o livro seja consumido pelo maior número possível de pessoas, editoras passam a trabalhar com estratégias de propaganda e marketing: textos escritos sob encomenda para agradar um consumidor, cujo perfil foi identificado por meio de pesquisas, campanhas publicitárias planejadas, para atingir especificamente esse público. 
Nessa perspectiva, a recepção do texto pelo leitor torna-se uma questão secundária, menos importante que o consumo da obra.
Sem discutir a qualidade literária desses livros, é necessário reconhecer que o processo de industrialização da cultura ampliou significativamente o mercado literário e acabou contribuindo para manter aberto o espaço para a publicação de obras de grande valor. 
O público leitor, restrito à elite até a década de 1940, cresceu e passou a contar com a adesão da classe média. Esse crescimento desencadeou a multiplicação do perfil do leitor. 
Hoje, há um público interessado em obras de autoajuda ou livros para colorir (nesse caso, não se trata sequer de leitura), outro que se interessa pelos romances “mais fáceis", o que compra livros para exibi-los na estante, e há ainda os leitores que buscam obras instigantes, com evidente qualidade literária. 
O Narrador – Walter Benjamin e A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica (mesmo autor)
Embora o conjunto de obras literárias produzidas a partir da década de 1950 apresente traços muito diversificados, algumas marcas da pós-modernidade podem ser identificadas em várias delas.
Marcas da produção pós-moderna
O desenvolvimento de novas tecnologias de reprodução e difusão da arte (fotografia, rádio, cinema, televisão, vídeo, computador) fez com que a separação entre a arte considerada culta e a denominada arte popular fosse desaparecendo. 
Alguns dos mais conhecidos artistas deste século investiram na reprodução de autênticos símbolos da sociedade de consumo. Um dos objetivos da arte pós-moderna é a sua comunicabilidade. 
Por isso, ela promove a incorporação de todas as estéticas passadas, combinando-as de modo inovador.
Outro traço característico de sua produção é a intertextualidade: textos escritos no passado são relidos a partir de uma visão paródica, muitas vezes com objetivo irônico. Esse procedimento, que já era utilizado pelos autores da primeira geração modernista, faz do texto uma grande colagem de outros textos.
O ser humano da sociedade pós-moderna parece cultivar uma postura niilista: ele não acredita em nada, não luta por nenhum ideal humanista, abandonou as ilusões que animaram a história em momentos anteriores (a religião, o progresso, a consciência, a utopia). 
Um mundo sem conceitos ou modelos produz um ser humano individualista, que se volta cada vez mais para si mesmo, preocupado em satisfazer seus desejos e alcançar suas metas.
Ficção contemporânea em Portugal
O clima de tensão política, interna e externa, vivido por Portugal, nas últimas três décadasdo século XX teve alguns importantes desdobramentos literários. Duas tendências se manifestam na produção dos autores contemporâneos: a continuidade dos romances de tom neorrealista, em que os enredos representam reconstruções ficcionalizadas do mundo real; e a busca de uma nova forma narrativa, livre das influências anteriores e mais compatível com a renovação que se inicia com o fim da ditadura salazarista.
Autores como Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires e Agustina Bessa-Luís consolidam sua obra ficcional, registrando seus nomes entre os importantes romancistas portugueses da segunda metade do século XX. Merece atenção especial, porém, a força dos romances de António Lobo Antunes e Jose Saramago, que contribuíram para expandir os limites da literatura portuguesa para muito além das fronteiras de seu país.
Lobo Antunes e as marcas indeléveis da guerra
Médico psiquiatra, António Lobo Antunes transformou-se após passar três anos em Angola, na fase final da Guerra Colonial. Da experiência na então colônia portuguesa na África, o escritor extraiu a matéria que definiria seus romances: o pesadelo da guerra. 
O mais conhecido romance de Lobo Antunes sobre o pesadelo colonial é “Os cus de Judas”, publicado em 1979. Nessa narrativa de clara inspiração autobiográfica, o leitor é tratado como interlocutor direto do narrador-protagonista, um médico português enviado para servir em Angola. A incapacidade de compreender a lógica da guerra em meio à qual se vê envolvido é intensificada pelo uso do fluxo de consciência.
Saramago: o olhar o presente analisa o passado
Primeiro escritor de língua portuguesa a ser agraciado com o prêmio Nobel de Literatura, em 1998, José Saramago tornou-se mundialmente famoso com o romance Memorial do convento, no qual traça um retrato do Portugal barroco, durante o reinado de D. João IV. 
O livro tematiza a tensão entre o saber científico (representado pelo Frei Bartolomeu de Gusmão, o voador e sua passarola) e a força da fé e do misticismo (presente nos Autos de Fé e nos poderes de Blimunda). Essa obra caracteriza a identidade literária de Saramago: um novo tipo de romance histórico, em que a reconstrução do passado é feita por um narrador que, a partir do momento presente, avalia e comenta os episódios que vai contando.
Outra marca da ficção de Saramago é a construção de alegorias narrativas que representam momentos históricos específicos. Um bom exemplo desse procedimento pode ser encontrado em O ano de 1993, obra de caráter futurista escrita em 1975, um ano após a Revolução dos Cravos que pôs fim à ditadura de António Salazar.
Em um momento em que Portugal ainda precisava encontrar uma nova política e a sociedade tinha de enfrentar o desafio de resgatar a história dos longos anos sombrios, Saramago concebe um texto que é um misto de prosa e poesia
Ensaio sobre a cegueira
 ”Ouviram-se murmúrios de aprovação. O cego sentiu que o tomavam pelo braço, Venha, venha comigo, dizia-lhe a mesma voz. Ajudaram-no a sentar-se no lugar ao lado do condutor, puseram-lhe o cinto de segurança, Não vejo, não vejo, murmurava entre o choro, Diga-me onde mora, pediu o outro. Pelas janelas do carro espreitavam caras vorazes, gulosas da novidade. O cego ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as, Nada, é como se estivesse no meio de um nevoeiro, é como se tivesse caído num mar de leite, Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é negra, Pois eu vejo tudo branco, Se calhar a mulherzinha tinha razão, pode ser coisa de nervos, os nervos são o diabo, Eu bem sei o que é, uma desgraça, sim, uma desgraça, Diga-me onde mora, por favor, ao mesmo tempo ouviu-se o arranque do motor. Balbuciando, como se a falta de visão lhe tivesse enfraquecido a memória, o cego deu uma direcção, depois disse, Não sei como lhe hei-de agradecer, e o outro respondeu, Ora, não tem importância, hoje por si, amanhã por mim, não sabemos para o que estamos guardados, Tem razão, quem me diria, quando saí de casa esta manhã, que estava para me acontecer uma fatalidade como esta. Estranhou que continuassem parados, Por que é que não andamos, perguntou, O sinal está no vermelho, respondeu o outro, Ah, fez o cego, e pôs-se a chorar outra vez. A partir de agora deixara de poder saber quando o sinal estava vermelho.”
“Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.“
“Na morte, a cegueira é igual para todos”
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
0 "tsunami linguístico" de Valter Hugo Mãe
António jorge da silva, barbeiro, se vê obrigado a ir morar em um asilo, aos 84 anos e, acompanhado pela saudade, reflete sobre o sentido da velhice que, em lugar da sabedoria, traz esquecimento e remorso; maria da graça e Quitéria, duas "mulheres-a-dias" (empregadas domésticas, em Portugal), enfrentam uma rotina opressiva e sonham com a felicidade futura; a voz desolada de uma menina de 11 anos que começa a enfrentar a vida após a morte da sua irmã gêmea. 
Esses são alguns dos temas de romances do escritor Valter Hugo Mãe (nome artístico de Valter Hugo Lemos, que nasceu em Angola, mas se considera português), que nos revelam algumas das facetas do aclamado autor, a quem Saramago definiu como "tsunami linguístico, semântico e sintático".
Os rumos da prosa brasileira contemporânea
Um painel da produção ficcional brasileira contemporânea exige que se trate do conto, da crônica e do romance. É o que apresentamos a seguir, destacando algumas das principais temáticas em cada um desses gêneros narrativos.
O conto
Muitos escritores brasileiros contemporâneos têm optado pelo conto. . Uma explicação possível para essa preferência é a maior facilidade de, em textos curtos, explorar a semelhança entre a literatura e a notícia, tratando de situações anedóticas, que interessam mais ao leitor atual. 
Outro aspecto importante verificado nesses textos é o desejo de levar ainda mais adiante a liberdade criadora conquistada pelos modernistas. As experimentações são tantas que chegam a comprometer a existência, enredo e impedir a narração continuada.
A vida urbana: violência, frustração e anonimato
Os temas desenvolvidos pela ficção em prosa, além de continuarem tendências já observadas na ficção brasileira, incorporaram elementos do cotidiano urbano contemporâneo, como a violência.
A fragmentação dos elementos da narrativa ajuda a enfatizar problemas psicológicos, religiosos, filosóficos e morais, exacerbados pela vida nos grandes centros urbanos.
O Senhor conhece um tipo azarado? Esse sou eu. Em janeiro bati o carro, carro não tinha seguro. Depois roubam o toca-fitas, nem era meu. Vendi os bancos para um colega e recebo só a metade. Em março, despedido da firma onde trabalhei sete anos. Empresto o último dinheirinho a outro amigo, que não me paga. Vou a um bailão, não danço e acabo apanhando.
TREVISAN, Dalton. 111 ais. Porto Alegre:L&PM, 2000, p. 47
Entre os contistas mais conhecidos e consagrados cuja obra desenvolve essa temática, destacam-se João Antônio, Dalton Trevisan, Sérgio Sant'Anna, Ricardo Ramos, Luiz Vilela, Domingos Pellegrini Jr., Inácio de Loyola Brandão e Rubem Fonseca.
Dentre os autores mais novos, Luiz Ruffato conquistou a crítica e faz sucesso entre os leitores com contos que abordam a vida urbana a partir da perspectiva do homem comum, anônimo. 
O maravilhoso explode no realismo fantástico
Uma vertente nova que surgiu na prosa contemporânea foi o realismo fantástico, que tematiza a tensão dos limites entre o possível e o impossível entre real e o sobrenatural. Aqui no Brasil, a vertente fantástica foi trabalhada com maestria pelo mineiro Murilo Rubião e por J. J. Veiga. 
Os contos do gaúcho Moacyr Scliar também se aproximam dessa vertente, não por tratar diretamente do sobrenatural, mas por adotar o insólito, o pouco comum, como eixo narrativo.
Nos contos desses autores, o extraordinário surge em meio à vida cotidiana, como se dela fizesse parte. 
Em O centauro no jardim (1980) de Moacyr Scliar, por exemplo, um menino nasceu centauro e é isolado do mundo pelos pais. 
O elementofantástico acaba por iluminar alguns aspectos da realidade e fazer com que sejam objeto de reflexão mais cuidadosa. 
Nesse conto, o fantástico permite refletir a respeito do estranhamento causado pelo diferente em uma sociedade em que tudo é massificado.
A ficção intimista: encontros e desencontros, vida e morte
Os dramas do relacionamento amoroso e do sofrimento gerado pelas desilusões também são expostos, contando com a cumplicidade do leitor para preencher todos os vazios que o narrador se recusa a explicar.
Olha, estou escrevendo só para dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você queria que tudo não me deixa. [...]
ABREU, Caio Fernando. Carta para além do muro, In Caio 3D: o essencial da década de 1970. Rio de Janeiro
A crônica
Transitando entre o conto e a notícia, a crônica é um gênero narrativo muito popular na literatura contemporânea.
A crônica dá ao escritor uma liberdade muito grande, porque parte de um acontecimento cotidiano que desperta a sensibilidade do cronista e o leva à reflexão. Por esse motivo, ela pode ser lírica, memorialista, política, social, policial, esportiva. Falando sobre a crônica, o escritor Rodolfo Konder revelou o que o leva a escrever esse tipo de texto: 
"O essencial é a emoção que cada texto, com seu mistério e sua harmonia, vai provocar em você, que me ouve e lê. Este é o sabor da crônica".
Gênero de forte tradição na literatura brasileira, desenvolvido por grandes romancistas, como Machado de Assis e José de Alencar, ou poetas como Drummond e Bandeira, a crônica conta com espaço fixo nos principais jornais do país. Rubem Braga, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino foram alguns dos nomes que ajudaram a manter vivo o prestígio do gênero.
O romance
Talvez o romance seja o gênero ficcional em que a literatura brasileira tenha se mantido mais conservadora, embora seja possível identificar alguns experimentalismos. O desejo de conquistar um maior número de leitores estimulou a produção de gêneros mais populares, como a narrativa ficcional, a policial e a de ficção científica, que convivem com outras vertentes preexistentes.
Herdeiros de uma forte tradição no romance brasileiro, alguns escritores contemporâneos deram prosseguimento às narrativas regionais. Um dos mais conhecidos nessa vertente é João Ubaldo Ribeiro. Seus romances combinam a abordagem regional à reconstituição histórica, como é o caso de Viva o povo brasileiro.

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