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EM_LIVRO REVISIONAL_VOL 03_LITERATURA PROFESSOR

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Livro de Revisão 3
Literatura
Vanessa de Paula Hey
©Editora Positivo Ltda., 2017 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) 
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
H615 Hey, Vanessa de Paula.
 Literatura : livro de revisão / Vanessa de Paula Hey . – 
Curitiba : Positivo, 2017.
 v. 3 : il.
 ISBN 978-85-467-1725-5 (aluno)
 ISBN 978-85-467-1714-9 (professor)
 1. Ensino médio. 2. Literatura – Estudo e ensino. I. Título.
CDD 373.33
Livro do ProfessorLivro do Professor
Ensino Médio
1. Pré-Modernismo
Contexto histórico
Na Europa, a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914) colocava fim à sensação de otimismo da Belle Époque, e algu-
mas tendências artísticas denominadas “vanguardas” promoviam uma ruptura em relação aos ideais estéticos tradicionais. 
No Brasil, um dos fatos que marcaram a transição do século XIX para o século XX foi a consolidação do regime repu-
blicano. Porém, a realidade de muitas pessoas não se encaixava no ideal de “ordem e progresso”, lema da república, e isso 
contribuiu para o surgimento de diversos conflitos, entre eles as Revoltas da Armada (a primeira em 1891 e a segunda em 
1893), a Guerra de Canudos (1896-1897), a Revolta da Vacina (1904) e a Revolta da Chibata (1910-1914). 
A industrialização de cidades como São Paulo atraiu migrantes e imigrantes em busca de oportunidades. Muitas vezes, 
esses trabalhadores substituíam a mão de obra escrava, nas lavouras de café. Acentuava-se a desigualdade com a exclusão 
social dos antigos escravizados, agora libertos.
Nesse contexto, mesmo com a influência de estéticas tradicionais do século XIX (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo 
e Simbolismo), a produção literária passou a ter uma visão mais crítica da realidade social.
Características gerais do Pré-Modernismo
 • Visão crítica da realidade brasileira: os autores escrevem sobre os problemas da realidade brasileira e os dilemas 
vividos pela sociedade, procurando diminuir a distância entre realidade e ficção. 
 • Retratos dos tipos humanos marginalizados: os personagens representam uma significativa parcela da popula-
ção brasileira que não se beneficia da política social e econômica da época – caboclos, sertanejos, mulatos, subur-
banos e funcionários públicos de baixo escalão. 
 • Regionalismo: descreviam diversas regiões do Brasil de forma crítica, e não de maneira idealizada como no 
Romantismo.
Principais autores e obras
Euclides da Cunha (1866-1909)
OS SERTÕES
• Minuciosa descrição 
de detalhes.
• Descrição de várias 
paisagens do Brasil.
• Procura retratar a 
realidade brasileira 
da forma que ela se 
apresenta.
Terra: Apresenta um estudo 
detalhado dos aspectos geo-
físicos do sertão nordestino, 
com a presença de elemen-
tos de Geologia, Botânica e 
Zoologia aliados a uma lin-
guagem literária de alto nível, 
que chama atenção para a 
grandiosidade da paisagem.
Homem: Explora a figura 
do sertanejo, descrito como 
sobrevivente, dadas as pés-
simas condições de vida pela 
ausência de recursos neces-
sários à sobrevivência – há a 
discussão sobre a forma de 
adaptação e superação das 
dificuldades.
Luta: Narração do conflito 
em si, que resultou no exter-
mínio de Canudos. Revolta 
motivada pela pobreza e pelo 
abandono do povo do interior 
do país, considerado “raça” 
inferior e responsável pelo 
atraso do desenvolvimento 
nacional.
CaracterísticasPartes
2 Livro de Revisão 3
Euclides da Cunha, engenheiro, jornalista, professor, 
ensaísta, historiador, sociólogo e poeta, foi convidado pelo 
jornal O Estado de S. Paulo para acompanhar a Guerra de 
Canudos como repórter. Enviou para o jornal a documen-
tação pormenorizada dos aspectos geográfico, botânico e 
zoológico que levantou a respeito da região, bem como os 
antecedentes sociológicos do conflito. Tais escritos trans-
formaram-se depois em sua grande obra: Os sertões (1902).
Monteiro Lobato (1882-1948)
Monteiro Lobato desempenhou as atividades de escri-
tor, editor, adido comercial e crítico de artes plásticas, além 
de ser grande defensor do desenvolvimento nacional.
Sendo um dos principais intelectuais brasileiros do 
início do século XX, destacou-se pelas críticas que teceu 
à péssima condição de vida das populações do país, em 
especial a dos caboclos. O escritor pertence a uma geração 
literária que se preocupou em analisar os problemas que 
comprometiam o desenvolvimento do Brasil. Essa geração 
refletiu sobre os fatos que faziam com que a nação viven-
ciasse o atraso e a pobreza.
A literatura foi o veículo utilizado pelo autor para suas 
denúncias. Muitas de suas obras apresentam o aspecto 
tragicômico e miserável do caipira do interior do vale do 
Paraíba, entre eles está uma de suas criações mais conheci-
das: Jeca Tatu – personagem do livro de contos Urupês – é 
analfabeto, doente e abandonado à sua própria sorte.
Lobato não se limitou à produção de obras adultas. 
Destacou-se também por sua vasta obra destinada ao 
público infantil, entre a qual se encontra o Sítio do Picapau 
Amarelo. Nesses escritos, Monteiro Lobato utilizou-se de 
temas, paisagens e personagens próximos da realidade 
infantil e também de mitos e do folclore brasileiro.
Principais obras 
 • Urupês (1918)
 • Cidades mortas (1919)
 • Negrinha (1920)
Lima Barreto (1881-1922)
Lima Barreto representou a sociedade urbana brasileira 
do fim do século XIX e do início do século XX, com desta-
que para a vida dos subúrbios, da gente humilde e margi-
nalizada (mulatos, loucos, alcoólatras, pobres). A periferia 
carioca surge em seus livros como um contraponto ao oti-
mismo do centro da cidade que vive o momento de Belle 
Époque.
Características dos romances de Lima Barreto
Gênero: mistura de ficção, documentário e crítica, além 
de serem profundamente autobiográficos. 
Temática: ressaltou temas como preconceito racial, cor-
rupção, burocracia e falsidade das relações intrapessoais. 
Linguagem: caracterizada como antiacadêmica, infor-
mal, jornalística e panfletária – o que, de um lado, serviu 
para antecipar as tendências formais propagadas pelos 
modernistas a partir de 1922 e, de outro, gerou ao escri-
tor acusações de que suas obras eram mal escritas. 
Lima Barreto rompeu – com muito humor, ironia e 
sátira – com o estilo de modelo ornamental e com a 
gramatiquice.
Principais obras
 • Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909): obra 
inspirada em grande parte das experiências pes-
soais do autor – que fora rejeitado e marginalizado 
socialmente.
 • Triste fim de Policarpo Quaresma (1911): seu romance 
mais expressivo. Nele, o autor critica o nacionalismo 
ingênuo e ufanista – o personagem principal será 
aniquilado por seus próprios ideais patriotas. 
Graça Aranha (1868-1931)
Graça Aranha apresenta em suas obras uma visão filosó-
fica e artística oriunda de diferentes fontes, que, por vezes, 
são contraditórias. Como autor pré-modernista escreveu 
apenas uma obra de destaque:
 • Canaã (1902) inaugurou na literatura brasileira a 
discussão sobre imigração europeia e lançou para 
debate alguns temas polêmicos, como o arianismo. 
Os personagens Milkau (defensor da igualdade das 
raças) e Lentz (que prega a superioridade da raça 
ariana) discutem sobre mestiçagem, indolência e 
a pobreza geral dos brasileiros que vivem naquela 
região. Essa obra reúne cenas realistas e meditações 
filosóficas; Simbolismo e Naturalismo se misturam a 
elementos românticos. 
3Literatura
Augusto dos Anjos (1884-1914)
Em seus versos, podem ser percebidas características parnasianas, simbolistas, naturalistas, realistas, expressionistas 
e, até mesmo, características próximas àquelas que seriam preconizadas pelos modernistas. Publicou uma única obra, 
intitulada Eu, de 1912. Quanto à temática, a morte seguida pela decomposição do indivíduo até sua redução a elemento 
químico e o vazio da existência humana são os temas mais frequentes. 
1. (FAAP – SP) Da obra Triste fim de PolicarpoQuaresma, 
considerada a obra‐prima do autor, escrita em 1915, 
pode‐se dizer que ao final o personagem:
X a) arrepende‐se de ter passado toda a sua vida defen-
dendo o nacionalismo;
b) arrepende‐se de ter‐se revoltado contra o governo 
republicano;
c) comemora a sua liberdade da prisão, ainda que com 
muita mágoa;
d) volta ao convívio da família e dos amigos, mesmo 
ciente de que eles não o ajudaram quando mais 
precisava.
e) acusa os políticos pela sua desgraça e vai viver no 
campo, nas terras que adquiriu já no fim da vida.
2. (UERJ) O personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro 
Lobato, tornou-se mais conhecido na década de 1930, por 
meio de anúncios publicitários, como o ilustrado abaixo:
 
Adaptado de www.miniweb.com.br
 Esse anúncio retratava aspectos da sociedade brasileira 
da época, expressando críticas principalmente às condi-
ções de: 
a) acesso à escolarização 
b) assistência médico-hospitalar 
X c) salubridade nas áreas rurais 
d) integração econômica regional
3. (ESPM – SP)
— O homem – notou Lentz a sorrir com ar de 
triunfo – há de sempre destruir a vida para criar a 
vida. E depois, que alma tem esta árvore? E que ti-
vesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.
E Milkau disse com a calma da resignação:
— Compreendo bem que é ainda a nossa con-
tingência essa necessidade de ferir a Terra, de 
arrancar do seu seio pela força e pela violência 
a nossa alimentação; mas virá o dia em que o 
homem, adaptando-se ao meio cósmico por uma 
extraordinária longevidade da espécie, receberá a 
força orgânica da sua própria e pacífica harmonia 
com o ambiente, como sucede com os vegetais; 
e então dispensará para subsistir o sacrifício dos 
animais e das plantas. Por ora nos conformare-
mos com este momento de transição... Sinto do-
lorosamente que, atacando a Terra, ofendo a fonte 
da nossa própria vida, e firo menos o que há de 
material nela do que o seu prestígio religioso e 
imortal na alma humana... 
Graça Aranha, Canaã
 No trecho acima, duas personagens alemãs expõem suas 
posições filosóficas antagônicas a respeito do mundo e do 
homem. No fragmento discutem a necessidade ou não do 
corte das árvores. Assinale a afirmação NÃO condizente:
a) Enquanto Lentz tem espírito agressivo, destruidor, 
Milkau é humanista, sensível.
b) Lentz defende a “lei do mais forte”, justificando que 
para haver vida é preciso haver morte.
X c) Milkau se mostra reticente sobre uma futura integra-
ção entre homem e natureza.
d) Há uma visão antecipatória de que agredir o planeta 
significa agredir o próprio homem.
e) Enquanto Lentz se mostra mais soberbo, Milkau tem 
uma postura mais humilde.
4 Livro de Revisão 3
4. (FAAP – SP) 
Olga falou aos contínuos, pedindo ser rece-
bida pelo marechal. Foi inútil. A muito custo 
conseguiu falar a um secretário ou ajudante de 
ordens. Quando ela lhe disse a que vinha, a fi-
sionomia terrosa do homem tornou‐se oca e sob 
as pálpebras correu um firme e rápido lampejo 
de espada:
— Quem, Quaresma? – disse ele. — Um trai-
dor! Um bandido!
Depois arrependeu‐se da veemência, fez com 
certa delicadeza:
— Não é possível, minha senhora. O marechal 
não a atenderá.
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma, São Paulo, Editora 
Martin Claret, 2006, pág. 210.
 Acima, um trecho das últimas páginas da obra de Lima 
Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma. Dessa obra, 
pode‐se afirmar que:
a) Policarpo Quaresma, depois de toda uma vida dedi-
cada ao nacionalismo, numa busca contínua pela 
valorização das coisas da nossa terra, como língua, 
geografia, cultura..., desencanta‐se com a corrupção 
na política e comete o suicídio na prisão.
b) Nessa obra, o personagem Policarpo Quaresma, um 
nacionalista fanático e estimulado por seu amigo, 
Ricardo Coração dos Outros, foi preso por exigir que 
toda a nação falasse unicamente a língua nativa, o 
tupi‐guarani e por isso foi morto na prisão.
c) Após algumas tentativas de convencer seus conterrâ-
neos de que a nova República não atendia aos anseios 
nacionalistas dos brasileiros, Policarpo Quaresma se 
desilude da política, torna‐se um perigoso terrorista, é 
preso e morto pela polícia, apesar dos pedidos de sua 
afilhada para libertá‐lo.
X d) Policarpo Quaresma era um personagem de bom 
caráter, por quem algumas pessoas sentiam admi-
ração e respeito, como sua afilhada Olga. Contudo, 
o nacionalismo fanático e ingênuo de Policarpo, em 
choque com as novas normas da República, o levaram 
à prisão para de lá não mais sair.
e) O personagem da obra de Lima Barreto, apesar de 
querer solucionar os problemas brasileiros, não tinha 
competência intelectual e emocional para tanto, por 
isso acabou terminando seus dias em um hospital 
psiquiátrico.
5. (UEL – PR) Nos textos a seguir, o jesuíta José de Anchieta 
e o escritor Euclides da Cunha apresentam imagens inu-
sitadas do sertão brasileiro. 
“O mal se espalha nos matos ou se esconde nas 
furnas e nos pântanos, de onde sai à noite sob 
as espécies da cobra e do rato, do morcego e da 
sanguessuga. Mas o perigo mortal se dá quando 
tais forças, ainda exteriores, penetram na alma 
dos homens.” 
(José de Anchieta citado por CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador 
e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 
2000. p. 66.) 
“É uma paragem impressionadora. 
As condições estruturais da terra lá se vincu-
laram à violência máxima dos agentes exteriores 
para o desenho dos relevos estupendos. O regime 
torrencial dos climas excessivos, sobrevindo de 
súbito, depois das insolações demoradas, e em-
batendo naqueles pendores, expôs há muito, ar-
rebatando-lhes para longe todos os elementos de-
gradados, as séries mais antigas daqueles últimos 
rebentos das montanhas [...], dispondo-se em ce-
nários em que ressalta, predominantemente, o as-
pecto atormentado das paisagens. [...] Dissociam-
-na [a terra] nos verões queimosos; degradam-na 
[a terra] nos invernos torrenciais.” 
(CUNHA, Euclides da. Os sertões. Ed. crítica org. por Walnice N. 
Galvão. São Paulo: Ática, 1998. p. 26.) 
 Com base nos textos, assinale a alternativa que apre-
senta a compreensão dos autores sobre o sertão. 
X a) Para Anchieta o sertão é o lugar do mal, onde o demô-
nio fica à espreita pronto para atacar, enquanto para 
Euclides é uma terra atormentada e martirizada em 
sua essência. 
b) Para Euclides o sertão é a confirmação da descrição 
idílica de Caminha, enquanto para Anchieta é o purga-
tório, onde jamais a palavra de Deus frutificará. 
c) Tanto para o jesuíta quanto para o escritor o sertão é 
o espaço do sertanejo fraco, que foge da luta contra a 
fúria dos elementos da natureza. 
d) Tanto para o jesuíta quanto para o escritor o sertão é 
o lugar da promessa de riqueza, que pode redimir os 
males da sociedade brasileira. 
e) Para Euclides o sertão é o espaço do encontro har-
monioso entre o homem e a natureza, enquanto para 
Anchieta é o lugar das delícias do paraíso cristão. 
5Literatura
2. Vanguardas europeias
Vanguardas na Europa
A partir do século XX, o termo vanguarda é utilizado para 
designar atitudes inovadoras, seja por meio de ideias, ações ou 
produções artísticas. 
Os movimentos vanguardistas não se limitam à produ-
ção literária, mas se aplicam à arte de maneira geral. Eram 
diversos grupos que tinham as seguintes características 
em comum: ruptura com o passado (rejeição radical das 
tendências artísticas tradicionais) e surgimento de novos 
processos criativos.
Cubismo
Liberdade de decompor e recompor a realidade. Nessa 
“recomposição”, diferentes perspectivas de uma mesma 
realidade poderiam ser representadas simultaneamente. 
Os cubistas fragmentaram a realidade por meio de 
estruturas geométricas, com o objetivo de revelar seus 
mais diversos ângulos. 
Principais características 
 • Abandono do discurso formal.
 • Não atribuíam grande importância à métrica e 
faziam uso de uma pontuação peculiar.
 • Textos se apresentam em fragmentos, nos quais os 
planos se sobrepõem.
 • Preza-se pela disposição gráfica das palavrasno 
texto. 
Futurismo
Elogio à velocidade e ao progresso.
Fundado por Filippo T. Marinetti com a publicação do 
Manifesto do Futurismo, pregava que a arte devia destruir 
o passado e a tradição e exaltar os avanços tecnológicos 
(mecânica, eletricidade, etc.), o dinamismo e a guerra.
Principais características
 • “Destruição” da sintaxe: as palavras eram dispostas 
“em liberdade”, os substantivos, por exemplo, eram 
postos ao acaso.
 • Uso de verbos no infinitivo, e a eliminação do adje-
tivo, o que daria ao substantivo maior destaque.
 • Repudio à inspiração, eliminação do eu.
Expressionismo
Deformação radical da realidade. 
Os pintores dessa vanguarda tinham como objetivo dar 
maior expressão aos sentimentos e às ideias por meio da 
distorção da realidade.
Na literatura
 • Intenso e violento descritivismo dos estados de 
alma humanos.
 • Linguagem que, muitas vezes, segue um fluxo de 
consciência. 
 • Imagens de sofrimento e de angústia. 
Dadaísmo
A arte da negação absoluta, do caos e da colagem.
Os artistas valorizavam o absurdo, o diferente e a 
falta de sentido entre os itens que compunham a obra, 
com o objetivo de negar e ridicularizar o mundo à sua 
volta.
Principais características 
 • Negação do passado, do presente e do futuro. 
 • Ridicularização dos pressupostos da arte tradiciona-
lista e da própria arte como um todo. 
 • Em seu processo criativo, adotou materiais consi-
derados sem nobreza, como resíduos, combina-
dos ao acaso, sem preocupação com ordem ou 
coerência.
Surrealismo
Arte do subconsciente e dos sonhos. 
Arte interessada no mundo interior, na liberdade, na 
expressão do inconsciente e na valorização do universo 
onírico (dos sonhos) e das alucinações.
6 Livro de Revisão 3
Principais características
 • Automatismo psíquico: mecanismo pelo qual se 
pretende exprimir, de forma verbal ou escrita, o fun-
cionamento real do pensamento.
 • Ditado do pensamento, sem que para isso haja uma 
repressão ou vigilância exercida pela razão. 
 • Escrita sem um planejamento prévio, bastante rápida 
para que não se esqueça o pensamento nem se 
tenha a vontade de reler aquilo que fora escrito.
Modernismo em Portugal
O início da República em Portugal é marcado pelo nacio-
nalismo, ideologia que deu origem ao Saudosismo – movi-
mento que visava resgatar o ânimo da nação portuguesa por 
meio da lembrança da época gloriosa das navegações, sem 
esquecer com isso das novas realizações. Desse grupo saudo-
sista, surge um conjunto de artistas modernistas, entre eles 
Fernando Pessoa, Almeida Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e 
o brasileiro Ronald de Carvalho.
O marco inicial do Modernismo em Portugal foi a publi-
cação da revista Orpheu (1915), que com apenas duas edi-
ções foi decisiva para a divulgação dessa nova consciência 
estética influenciada pelas vanguardas europeias. Tempos 
depois, há o lançamento da revista Presença (1927) com 
obras que refletiam o conflito vivenciado pelo homem 
moderno: carente de fé e incompatível com a sociedade. 
Entre os autores, encontram-se José Régio, Adolfo Casais 
Monteiro, João Gaspar Simões, entre outros. 
Fernando Pessoa (1888-1935)
Maior nome do Modernismo português, conhecido 
pela qualidade de sua produção artística e pelo diálogo que 
travou com a tradição literária de seu país. Pessoa foi um 
escritor bastante ativo no que diz respeito à quantidade: 
escreveu poemas, prosa, crítica, foi um excelente tradutor 
e é autor de obras assinadas por dezenas de heterônimos. 
É importante lembrar que há também poemas assinados 
com o próprio nome de Fernando Pessoa – essa parte de 
sua obra é chamada de ortônima.
Observação:
 • heterônimo – personalidade poética, máscara atra-
vés da qual o autor pode escrever obras sob pers-
pectivas totalmente novas e singulares.
 • ortônimo – obras assinadas com o nome oficial, de 
registro, do escritor.
 • pseudônimo – escolha feita por um artista de assi-
nar um texto ou uma obra utilizando um nome dife-
rente do oficial, de registro.
ORTÔNIMO
Fernando Pessoa (ele mesmo)
• uso formal de redondilhas;
• ritmo marcante e melódico;
• diálogo com a poesia tradicional portuguesa;
• sua produção reflete a insatisfação da alma humana (limitada e depressiva).
HETERÔNIMOS MAIS SIGNIFICATIVOS
Alberto Caeiro
• personalidade intelectual, abstrata e filosófica;
• vê a realidade de maneira objetiva e natural; 
• apresentou-se como um simples “guardador de rebanhos”;
• era o mestre dos demais heterônimos.
Álvaro de Campos
• personalidade urbana, influenciada pelo Futurismo;
• poeta que melhor sentiu o momento moderno em que estava inserido; 
• ao mesmo tempo que mostrava conhecimento profundo sobre os avanços industriais e tecnológicos 
típicos da sociedade moderna, demonstrava uma clara inadaptação ao universo urbano e ao ritmo 
das grandes cidades.
Ricardo Reis
• defensor do “carpe diem”;
• estudioso da cultura clássica;
• marcado por uma profunda simplicidade da concepção da vida e por uma intensa serenidade na 
aceitação da relatividade de todas as coisas;
• mostrou em suas obras a inevitabilidade da morte e da passagem de tempo, a inutilidade dos bens 
materiais e do apego. Representou a população artística portuguesa que mantinha a proximidade 
com a tradição.
7Literatura
Semana de Arte Moderna
Antes que a Semana ocorresse, alguns acontecimen-
tos foram marcantes para o panorama artístico brasileiro 
de então. Entre eles, estão a publicação da revista de artes 
O pirralho; o regresso de Oswald de Andrade da Europa – 
o escritor trouxera várias novidades, como o uso do verso 
livre; e a exposição expressionista do pintor Lasar Segall. 
O estopim...
Em 1917, Anita Malfatti regressa dos Estados Unidos e 
decide expor suas obras. Monteiro Lobato, então crítico de 
arte para o jornal O Estado de S. Paulo, escreveu um artigo 
intitulado “Paranoia ou mistificação?”, no qual tece várias 
críticas ao estilo adotado pela pintora, fruto das influên-
cias estrangeiras que tanto desagradavam o autor. O 
artigo provocou polêmica e dividiu as opiniões, ao mesmo 
tempo que serviu de estopim para o desenvolvimento do 
Modernismo no Brasil.
A Semana
A Semana de Arte Moderna aconteceu no Teatro Muni-
cipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. 
Entre seus participantes, estavam: 
 • Literatura – Mário de Andrade, Oswald de Andrade, 
Graça Aranha, Menotti del Picchia, Ronald de 
Carvalho, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, 
Ribeiro Couto, Plínio Salgado e outros.
 • Pintura e escultura – Di Cavalcanti, Anita Malfatti, 
Vicente do Rego Monteiro, Vítor Brecheret. 
 • Música – Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes e outros.
No primeiro dia do evento, o Theatro Municipal de São 
Paulo estava lotado. A abertura da Semana ficou por conta 
da palestra intitulada A emoção estética na arte moderna, de 
Graça Aranha. Na sequência, realizou-se a leitura de vários 
poemas, e Heitor Villa-Lobos apresentou um número musical. 
A segunda noite foi mais agitada. Teve como grande 
atração a conferência de Menotti del Picchia sobre arte esté-
tica, além da leitura de alguns poemas de Mário de Andrade, 
Oswald de Andrade e outros. A plateia ficou dividida entre 
aplausos e vaias. Também houve a leitura de “Os sapos” – 
poema que satiriza a estética parnasiana –, que fora hostili-
zada por ruídos e vaias. 
O fim da semana contou apenas com a metade de seu 
público, que se comportou de maneira mais tranquila. 
1. Sobre os objetivos da Semana de Arte Moderna de 1922, assinale V para verda-
deiro ou F para falso. 
a) ( F ) Recuperar as idealizações românticas ligadas à temática do índio brasileiro.
b) ( V ) Constituir, no campo das artes, a problemática da nacionalidade, ressalta-
das as peculiaridades do povo brasileiro.
c) ( F ) Desvalorizar a problemática regionalista contida nas lendas e mitos brasileiros.
d) ( F ) Valorizar o passado colonial, ressaltando a influência portuguesa sobre a 
gramática brasileira.
e) ( V ) Criar uma arte essencialmente brasileira,sobrepondo novas tendências às 
estéticas anteriores encontradas no Brasil.
f) ( V ) Empreender um comportamento iconoclasta, experimentando novas for-
mas poéticas.
g) ( V ) Sintetizar a poesia da nacionalidade pela integração de diversos aspectos 
culturais do país. 
h) ( F ) Impor novos rumos para a literatura, pois era a única forma de arte que sofria 
de falta de identidade.
8 Livro de Revisão 3
3. Primeira geração modernista
Contexto histórico
 • O governo era formado por representantes das oligarquias rurais de São Paulo e Minas Gerais, dada a importância 
da exportação de café para a economia nacional. 
 • O país passava por um processo de industrialização, criavam-se novas oportunidades profissionais para as classes 
não dominantes.
 • O grande contingente de imigrantes europeus alterava a estrutura social do Brasil. 
A proposta modernista era a de renovação dos padrões estéticos conservadores, desejavam que a arte refletisse essa 
nova realidade cosmopolita e industrializada, que estava de acordo com os ideais dessa nova burguesia. 
2. Assinale a alternativa em que os fatores apresentados 
não estejam totalmente de acordo com o que foi valori-
zado pela Semana de Arte Moderna. 
a) Adoção de algumas das conquistas das vanguardas. 
Inovações técnicas. Fluxo de consciência.
b) Colagem e montagem cinematográfica. Destruição de 
estruturas gramaticais. Paródia.
c) Desintegração da linguagem tradicional. Textos satíri-
cos. Enumeração caótica.
d) Incorporação do cotidiano. Linguagem coloquial. 
Poema-piada.
X e) Liberdade de expressão. Busca da expressão nacio-
nal. Idealização do índio.
3. (FAAP – SP) 
“Tabacaria” (fragmento)
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez 
absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que 
passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao 
degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.
Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos e outros poemas, Círculo do 
Livro, s/d, pág. 187.
 Nesse poema, Álvaro de Campos revela um aspecto bas-
tante marcante da sua personalidade, o niilismo, e no 
penúltimo verso deparamo‐nos com a palavra degredo. 
Podemos entendê‐la como:
X a) afastamento do contexto social.
b) pena de prisão perpétua.
c) punição por agressão a pessoas ou animais.
d) condenação sem motivação grave.
e) castigo eterno.
4. (ENEM) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou 
ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacio-
nal do início do século XX. Elogiada por seus mestres 
na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu 
trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de 
Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que 
valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros 
artistas modernistas
X a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadê-
micas europeias, valorizando as cores, a originalidade 
e os temas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até 
então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação 
artística nacional.
c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar 
fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática 
educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras 
retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada 
a tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, 
respeitando limites de temas abordados.
9Literatura
A maior parte do público não conseguiu entender ou não aceitou as propostas da Semana de Arte Moderna. Ela 
ganhou maior repercussão ao longo da história, pois passou a ser vista como um marco artístico que propôs novos rumos 
para a arte nacional, e que também representou a independência cultural brasileira, com produção comprometida com 
elementos nacionais. 
Nos anos seguintes, foram muitas as publicações que alimentaram tais ideais. Merecem destaque: 
 • Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade – propôs a incorporação das culturas indígenas e africanas 
na poesia brasileira, uma poesia que buscou se libertar de preconceitos linguísticos e, finalmente, uma poesia que 
valorizou a produção cultural do país.
 • Manifesto Antropofágico, também de Oswald de Andrade – sugeriu que o artista brasileiro se utilizasse das ten-
dências artísticas europeias como base para criação de uma nova arte nacional.
Características da primeira geração modernista
Os principais aspectos dessa geração foram: 
 • Valorização da cultura nacional – apesar da influência europeia existente no período, as obras de arte produzidas 
no Brasil incorporaram elementos tipicamente nacionais.
 • Busca pela cor local e por uma identidade nacional – mistura de fatores culturais nacionais aos de estrangeiros; 
utilização de uma linguagem mais informal e popular, próxima da fala simples do brasileiro comum (consequente 
distanciamento da rigidez formal das estéticas tradicionalistas); os temas desenvolvidos são comuns ao cotidiano.
AUTORES CARACTERÍSTICAS
Oswald de Andrade (1890-1954)
Participou ativamente do cenário cultural brasileiro no início do século XX. Escreveu o Manifesto da Poesia 
Pau-Brasil e o Manifesto Antropofágico. Como aspectos centrais de sua obra, é possível destacar: 
• mescla entre humor e lirismo;
• utilização de linguagem simples, de fácil acesso; 
• uso recorrente do poema-piada e da paródia; 
• destruição dos limites entre prosa e poesia.
Principais obras
Pau-Brasil (1925)
Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
Mário de Andrade (1893-1945)
Defendeu a liberdade de pesquisa, criação e expressão. Entre os pressupostos modernistas que colocou 
em prática, estão: 
• direito permanente à pesquisa estética; 
• atualização da inteligência artística brasileira; 
• estabilização da consciência criadora nacional.
Principais obras
Pauliceia desvairada (1922)
Amar, verbo intransitivo (1927)
Macunaíma (1928)
Manuel Bandeira (1886-1968)
Foi um dos maiores poetas da literatura brasileira, dedicou muitos de seus versos aos assuntos comuns do 
cotidiano. Em sua obra, é possível perceber uma verdadeira paixão do poeta pela existência. Essa paixão 
reflete sua visão humana, marcada pela consciência da fragilidade da vida e dos paradoxos da condição 
humana. A morte é outro tema presente em sua obra, uma realidade próxima ao poeta, já que ele tinha 
sua saúde debilitada por conta da tuberculose. 
Principais obras
Carnaval (1919)
Libertinagem (1930) 
Estrela da manhã (1936)
10 Livro de Revisão 3
1. Entre os aspectos centrais da primeira geração moder-
nista, estão: 
 I. Os artistas tinham a intenção de construir uma arte 
totalmente nova, e para isso se voltaram contra o 
preciosismo estilístico, a linguagem acadêmica e as 
técnicas convencionais de versificação.
 II. Maior liberdade na composição de suas obras, tanto 
em relação ao conteúdo quanto em relação à forma.
 III. Incorporação de signos modernos às produções artís-
ticas, o que valorizou as imagens do cotidiano marca-
do pelo progresso.
 IV. Uso do humor, deboche e irreverência. 
 V. Busca de uma identidade nacional.
 Estão corretas as afirmações:
a) I, III, e IV.
b) II, III e V.
c) I, II, III e V.
d) III, IV e V.
X e) Todas as afirmações estão corretas. 
2. (ITA – SP) O poema abaixo, de Manuel Bandeira, per-
tence ao livro Lira dos cinquent’anos.
Velha chácara
A casa era por aqui...
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.
Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinquenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida... nos desenganos...)
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa...
– Mas o menino ainda existe.
 O poema apresenta uma diferença entre
 I. o passado (a infância) e o presente (a velhice) vivido 
pelo eu lírico.
 II. um espaço puramente natural (o campo) e outro so-
ciofamiliar (a casa).
 III. o que é desfeito pelo tempo (a casa) e o que ele não 
apaga (a lembrança).
 IV. a chácara (espaço ideal) e a cidade (espaço arrasadopela usura).
 Estão corretas apenas
X a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II e III. 
d) II, III e IV.
e) III e IV.
3. (IFNMG) Leia o seguinte fragmento do livro Literatura e 
sociedade, do crítico literário Antonio Candido:
“Na literatura brasileira há dois momentos de-
cisivos que mudam os rumos e vitalizam toda 
a inteligência: o Romantismo, no século XIX 
(1836-1870), e o ainda chamado Modernismo 
[...] (1922-1945)”. (p. 119)
 Sobre esses programas de arte, assinale a alternativa 
incorreta.
X a) As obras O guarani, Iracema, ambas de José de 
Alencar, e Macunaíma, de Mário de Andrade, fazem 
parte da produção literária indianista em prosa da 1.ª 
fase do Romantismo.
b) O Modernismo representa um projeto ousado de rup-
tura com a tradição acadêmica na literatura. O mulato 
e o negro são definitivamente incorporados como 
temas de estudo, inspiração e exemplo.
c) Tanto no Romantismo quanto no Modernismo, cada um 
a seu modo, há uma busca de identidade nacional e a 
tentativa de afirmação da peculiaridade literária do Brasil.
d) O Romantismo, estética literária motivada pela liber-
dade criadora, pelo ufanismo, pelo sentimentalismo 
e pelo escapismo, caracteriza-se por uma rejeição à 
tradição greco-latina na literatura.
11Literatura
4. (IFNMG)
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
ANDRADE, Oswald de. Erro de Português. In: Poesias reunidas. 5. ed. 
Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. p. 177.
 Assinale a alternativa incorreta.
a) Com o verso “Fosse uma manhã de sol”, o eu lírico 
levanta a hipótese de que se o índio estivesse em uma 
situação mais favorável teria invertido essa história.
b) Esse poema, assim como outros da 1.ª geração 
modernista (Modernismo de 1922), retoma fatos, 
textos e outros elementos da nossa história ou da 
nossa literatura, parodiando-os ou ironizando-os.
X c) O eu lírico desse poema questiona a própria lingua-
gem, sugerindo, por meio do “erro de português”, o 
uso de uma língua brasileira.
d) “O erro de português” refere-se à imposição da cul-
tura do colonizador ao índio brasileiro.
5. (FGV – SP) Em relação a Macunaíma, de Mário de 
Andrade – obra central do Modernismo e da literatura 
brasileira – só não é correto afirmar que
a) se trata de livro bastante autoral, ao mesmo tempo 
que constituído pelo agenciamento de materiais 
heteróclitos. 
b) sua personagem principal deriva de um mito indígena, 
colhido pelo autor na obra de um pesquisador estrangeiro. 
c) comporta a narrativa da busca de um objeto mágico, 
no que se assemelha, entre outras, a certas narrativas 
medievais de mesmo teor. 
X d) a crítica à preguiça do herói é proporcional ao apreço 
do autor pelo trabalho firme e produtivo. 
e) conjuga, em sua composição, um tom solene, de 
lenda, o registro satírico e procedimentos paródicos.
4. Segunda geração modernista
Contexto histórico
No mundo
A Crise de 29 (queda na bolsa de valores de Nova Iorque, 
em 1929) desencadeou uma crise financeira e econômica 
que começou nos Estados Unidos e se espalhou para outros 
centros urbanos do mundo. Resultado: falência, inflação, 
fome e desemprego. O capitalismo estava em crise.
Com o fortalecimento dos regimes totalitários, res-
ponsáveis pela difusão de ideias racistas e práticas militares 
e expansionistas, surgiram o nazismo na Alemanha, com 
Adolf Hitler; o fascismo na Itália, com Benito Mussolini; o 
salazarismo em Portugal, com António Salazar; o comu-
nismo na Rússia, com Joseph Stalin; e o franquismo na 
Espanha, com Francisco Franco. É esse contexto que dá ori-
gem à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
No Brasil
No Brasil da década de 1920, paulistas e mineiros ainda 
se alternavam no poder e conduziam a política brasileira de 
forma a beneficiar quase que exclusivamente seus respecti-
vos estados. Com a queda na bolsa de valores, o preço do café 
despencou, ocasionando a falência de muitos cafeicultores e 
o fim da República Velha e da política do café com leite. 
Iniciava-se, assim, a Era Vargas, quando então Getúlio 
Vargas sobe ao poder e governa a nação por cerca de 15 
anos, até 1945. Foi um governo ditatorial, marcado pela 
repressão e pela censura.
Características da segunda 
geração modernista
As artes, principalmente a literatura, dialogaram com 
esse contexto. As obras dessa geração apresentaram um 
amadurecimento formal e estilístico, se aproveitando 
das conquistas da geração anterior, porém privilegiando o 
projeto ideológico sobre o estético. Percebe-se um maior 
engajamento social e político por parte dos autores, que 
ampliaram seu horizonte temático e realizaram um aprofun-
damento crítico na análise da realidade.
12 Livro de Revisão 3
Romance regionalista de 30
Enquanto Rio de Janeiro e São Paulo ainda discutiam calorosamente as questões estéticas do Modernismo, um con-
junto de autores nordestinos (entre eles Gilberto Freyre e José Lins do Rego) publicavam, em 1926, o Manifesto Regiona-
lista, que enfatizava a necessidade de nossas letras se engajarem nas questões sociais e políticas do país.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO REGIONALISMO DE 30
Denúncia das mazelas sociais na realidade 
brasileira
Os autores preocupam-se com os problemas sociais de seu tempo, contemplando os 
processos históricos locais e mundiais. 
Influência do pensamento marxista
Muitos autores do período adotaram ideias socialistas e comunistas, o que ia contra a 
ideologia ditatorial da época. Devido a isso, autores foram presos e livros, que haviam sido 
censurados, destruídos.
Representação dos ciclos econômicos
Cada região brasileira tinha uma íntima relação com sua cultura econômica e com a 
forma como se organizavam suas comunidades. Entre os principais acontecimentos 
socioeconômicos que marcaram a época, têm-se: ciclo da cana-de-açúcar, ciclo da seca e 
da pecuária e ciclo do cacau. 
Graciliano Ramos (1892-1953)
Principais características do autor
 • Em sua obra, encontra-se tanto análise sociológica 
quanto psicológica.
 • Os romances são objetivos e sem concessões 
sentimentais.
 • Suas obras evidenciam o conflito entre o homem e 
o meio em que está inserido.
 • A linguagem tem estilo sóbrio e conciso, com uso 
de períodos curtos e mistura de elementos acadê-
micos a uma linguagem mais regional.
 • Os personagens, em geral,
 – são típicos representantes de classes sociais: 
coronel Paulo Honório, família de retirantes de 
Fabiano e o típico funcionário público Luís da Silva; 
 – são calados: há mais monólogos interiores em 
suas obras que diálogos vigorosos (simbolizando 
o drama da comunicação sofrido por muitos indi-
víduos humildes); 
 – configuram-se em personagens-narradores pro-
blemáticos: as histórias contadas em primeira pes-
soa apresentam protagonistas atormentados (Paulo 
Honório sente culpa pelo suicídio de sua esposa 
Madalena; João Valério, mesmo prosperando, 
enxerga-se como um fracassado, transformado em 
capitalista; Luís da Silva convive com a náusea e a 
angústia de ser menosprezado pelos que detinham 
o poder, assim como por suas próprias mágoas).
Principais romances 
 • São Bernardo (1934): narra a história de como o 
ciúme e a brutalidade inviabilizam a felicidade.
 • Angústia (1936): história de um crime passional com 
motivação social. 
 • Vidas secas (1938): narra o drama dos retirantes 
nordestinos.
Raquel de Queiroz (1910-2003)
Explora em suas obras o drama da seca. Sua linguagem 
é ao mesmo tempo concisa e dinâmica (por causa das téc-
nicas de discurso direto) e remete à tradição novelística 
popular. Seus textos também são caracterizados como 
ágeis, pela aproximação criada entre os fatos narrados.
Principal romance
O quinze (1930) retrata a grande seca de 1915, vivida 
pela autora na infância. Dessa obra, destacam-se duas 
situações: os efeitos produzidos pela seca (tanto para o 
vaqueiro quanto para o proprietário) e a relação afetiva 
entre Conceição (moça culta) e Vicente (homem rude). 
Emborao romance faça um retrato da seca e das péssimas 
condições de sobrevivência do povo nordestino, é válido 
notar que os personagens não são privilegiados na narra-
tiva por conta de sua classe social. Todas as segmentações 
da sociedade são vistas como sobreviventes heroicas de 
um inimigo comum: a seca.
13Literatura
José Lins do Rego (1901-1957)
Um dos idealizadores do Romance de 30. Seus roman-
ces foram criados a partir da sua vivência quando criança nos 
meios rurais. Eles refletem um mundo organizado segundo as 
convenções do patriarcalismo rural, no qual os indivíduos sem 
posses estão à mercê dos grandes proprietários de terra. Sua 
linguagem é descrita como fluída, livre e informal; ela procura 
registrar a vida nordestina e captá-la em um momento de 
transformação social e econômica (a falência dos engenhos, 
que passam a ser substituídos por usinas mais modernas).
Principais obras
 • Menino de engenho (1932): narra a infância de 
Carlinhos no engenho do avô.
 • Fogo morto (1943): obra responsável por sintetizar o 
ciclo do açúcar.
Jorge Amado (1912-2001)
Retratou em suas obras o ciclo do cacau, narrando as 
sangrentas disputas pela posse das terras mais produtivas 
para o cultivo do fruto no sul da Bahia. São histórias que 
envolvem lutas, negociações fraudulentas, assassinatos, 
exploração do trabalhador da terra, suborno e impunidade 
de políticos, incêndios criminosos, falsificação de docu-
mentos, etc. Já os romances proletários trazem a perspec-
tiva do trabalhador e das classes sociais marginalizadas. O 
autor denunciou também a miséria e a opressão sofrida 
pelo povo. 
Principais obras
 • Mar morto (1936): retrata a vida de pescadores baia-
nos e o universo em que estão inseridos.
 • Capitães da areia (1937): conta a história de um 
grupo de jovens marginalizados.
 • Terras do sem fim (1943): descreve as disputas de 
coronéis fazendeiros do interior da Bahia e o pro-
gresso de cidades motivado pelo plantio do cacau.
Poesia da Geração de 30
A seguir, são descritos os aspectos mais relevantes da 
estética desse período. 
 • Amadurecimento formal e estilístico: essa gera-
ção consolidou as conquistas da primeira geração 
modernista (entre elas a liberdade de expressão), 
abriu mão das ideias mais radicais e retomou certas 
tendências do passado.
 • Predomínio do projeto ideológico sobre o esté-
tico: as obras mostram um maior engajamento polí-
tico-social e um aprofundamento crítico ao analisar 
a realidade brasileira.
Principais características da poesia da 
Geração de 30
 • Temas sociais, políticos e econômicos tratados, por 
vezes, com muito humor e irreverência. Utilizou-
-se do verso livre e de uma linguagem coloquial. 
Formas fixas e tradicionais, como o soneto, foram 
reincorporadas à poesia; isso significou uma nova 
compreensão do papel da tradição.
 • A poesia desse período se preocupou, ainda, com 
as questões sociais de seu tempo, incorporou em 
seus temas as problemáticas nacionais e mundiais. 
Diante de uma realidade caótica, a Segunda Guerra 
Mundial e sua repercussão mundo afora, os poe-
tas passaram a questionar o sentido de “estar no 
mundo”, engajando-se em lutas sociais. 
 • Trabalhou com as trivialidades cotidianas, pensando 
nos novos padrões de família, trabalho e sociedade. 
Contemplou também a tendência espiritualista, 
relacionada a inquietações religiosas.
 • Apresentou uma variedade de temas, trabalhou 
com a temática amorosa e surrealista, utilizou-se de 
versos harmônicos e melancólicos, liras intimistas 
misturadas a desabafos de denúncia, protesto, soli-
dariedade e a união entre os homens.
Murilo Mendes (1901-1975)
Iniciou sua produção como modernista de primeira 
geração, escreveu paródias, sátiras, misturou o real com o 
irreal. Sua produção tardia seguiu uma tendência mais espi-
ritualista, buscou em sua poesia a essência do ser humano. 
Utilizou-se de uma linguagem complexa e fragmentada, 
de difícil interpretação.
Jorge de Lima (1893-1953)
Começou sua trajetória literária como poeta parna-
siano; depois, passou a utilizar o verso livre, seguindo as 
tendências modernistas. Considerado um dos poetas de 
maior qualidade da literatura brasileira, Jorge de Lima ado-
tou, ao final de sua carreira, uma temática mais religiosa.
14 Livro de Revisão 3
Mário Quintana (1906-1994)
As obras do autor são marcadas pelo humor sutil e uma 
leve melancolia. Apresenta também certos traços simbo-
listas, utilizando-se da fantasia e de imagens surrealistas 
do cotidiano. Poesia de caráter individual, de linguagem 
simples e melódica, traz em sua temática recordações da 
infância e da província.
Cecília Meireles (1901-1964)
Um dos aspectos fundamentais da sua poesia é a musi-
calidade. Seus versos – marcados pela riqueza métrica: ora 
medidos, ora livres, ora curtos, ora médios, ora longos – con-
tribuem para o desenvolvimento desse aspecto. A lingua-
gem utilizada em seus poemas é profundamente metafórica, 
apresenta caráter místico e, ao mesmo tempo, filosófico, 
seguindo um tom vago de abstração e imprecisão. O jogo de 
oposições também é comum, associando alegria e tristeza; 
eterno e efêmero; material e espiritual; presente e passado.
Vinicius de Moraes (1913-1980)
Escreveu, no início de sua carreira, versos longos, 
repletos de símbolos. Em seus primeiros escritos, é um 
poeta de grande rigor formal, místico e que segue uma 
tendência filosofante. Porém, no início dos anos 1930, 
Vinicius começa a se libertar do extremo formalismo e 
sua visão poética passa a se abrir para o mundo externo: 
marcado por grandes problemas, mas também por 
grandes amores e possibilidades. Sua poesia assume 
caráter mais social e sensual. Para além de sua produção 
poética, o autor também foi compositor (um dos cria-
dores da Bossa Nova) e fez parcerias com Tom Jobim, 
Toquinho e Chico Buarque.
Carlos Drummond de Andrade (1902-
1987)
Segundo a opinião de alguns críticos literários, o melhor 
poeta brasileiro. Ele é o poeta do sentimento do mundo, 
aquele que se interessou em retratar a vida sem mistificações. 
Sua poesia é marcada, principalmente, por um antilirismo 
intencional, pelo humor e pela ironia. Sua vasta produção 
poética pode ser dividida em quatro fases significativas:
1.ª fase (1930-1940): fase inicial do autor, tem como marca principal 
a ironia – influência da primeira geração modernista. As obras 
representativas desse período são Alguma poesia (1930) e Brejo das 
almas (1934).
2.ª fase (1940-1945): fase social do autor; reflexo de um mundo 
marcado por conflitos e guerras. O poeta apresenta uma poesia 
solidária ao homem universal. O eu poético é um ser que tem 
esperança na humanidade e na superação da guerra, acredita na 
paz. As obras mais representativas desse período são Sentimento do 
mundo (1940) e A Rosa do povo (1945).
3.ª fase (de 1945 até 1960): poesia metafísica. Perde-se o senso de 
esperança e solidariedade, pois o poeta mergulha em um ceticismo 
e pessimismo profundo. As obras mais representativas desse período 
são Novos poemas (1948) e Claro enigma (1951).
4.ª fase (de 1960 até 1987): marcado pelo processo de retrospectiva. 
Nesse período, o poeta produz antologias e poemas com temáticas já 
exploradas. Um elemento novo dessa fase é o amor natural – versos 
marcados por um erotismo e pela grande qualidade literária. 
1. (ITA – SP) Leia o poema “Inscrição na areia”, de Cecília 
Meireles.
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
 Nesse texto,
X a) há lirismo sentimental, pois, ao contrário do que o texto 
diz, nota-se que o amor tem importância para a autora.
b) percebe-se que a ironia tão comum na poesia moder-
nista desmonta a crença no amor romântico.
c) encontra-se a declaração da impossibilidade do amor 
romântico na poesia moderna.
d) o sentimentalismo do poema é bastante marcante 
(veja-se a pontuação), o que faz dele um texto de filia-
ção romântica.
e) a expressãodo amor é romântica, o que se nota pelas 
referências aos elementos da natureza. 
15Literatura
Algumas delas são:
 I. As obras realistas do século XIX (em particular os ro-
mances de Machado de Assis) retratam a burguesia 
rica, enquanto os romances de Graciliano Ramos re-
tratam apenas os retirantes vítimas da seca.
 II. No século XIX, o realismo tem preferência pela temáti-
ca do adultério feminino e do triângulo amoroso, tema 
este que não é central nas obras da Geração de 30, 
que se preocupam mais com a desigualdade social.
 III. Os romances machadianos são urbanos; as obras de 
Graciliano Ramos retratam, em geral, os ambientes 
rurais do Nordeste.
 IV. No realismo do século XIX, as personagens, em geral, 
são mesquinhas, vis e medíocres. Já na ficção realista 
dos anos 30, as personagens são, sobretudo, produ-
tos de um meio social adverso e injusto.
 Está(ão) correta(s)
a) apenas I, II e III.
b) apenas I, II e IV.
X c) apenas II, III e IV.
d) apenas III e IV.
e) todas.
4. (UNICAMP – SP) 
Ocupavam-se em descobrir uma enorme quan-
tidade de objetos. Comunicaram baixinho um 
ao outro as surpresas que os enchiam. Impossí-
vel imaginar tantas maravilhas juntas. O menino 
mais novo teve uma dúvida e apresentou-a timi-
damente ao irmão. Seria que aquilo tinha sido 
feito por gente? O menino mais velho hesitou, 
espiou as lojas, as toldas iluminadas, as moças 
bem-vestidas. Encolheu os ombros. Talvez aquilo 
tivesse sido feito por gente. Nova dificuldade che-
gou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão. 
Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O 
menino mais novo interrogou-o com os olhos. 
Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam 
nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas ti-
nham nomes. Puseram-se a discutir a questão in-
tricada. Como podiam os homens guardar tantas 
palavras? Era impossível, ninguém conservaria 
tão grande soma de conhecimentos. Livres dos 
nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. 
Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos 
que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas 
2. Complete as lacunas considerando os seguintes autores 
listados:
 1. Vinicius de Moraes
 2. Murilo Mendes
 3. Cecília Meireles
 4. Carlos Drummond de Andrade
 5. Mario Quintana
a) Uma das obras que melhor representa o estilo de 
 
é o Romanceiro da Inconfidência, uma narrativa em 
versos que reconstitui os episódios da Inconfidência 
Mineira – romance resultado de uma mistura de 
gêneros que mescla história e criação poética.
b) Um dos poetas mais conhecidos da literatura brasi-
leira. Valeu-se das formas clássicas, como o soneto, 
para cantar o amor. Um dos poemas mais famosos 
de 
é o “Soneto da fidelidade”.
c) Entre as características marcantes da produção de 
 
estão a inquietação e a originalidade. Considerado 
pela crítica o maior poeta brasileiro.
d) 
produziu uma poesia essencialmente pessoal, indivi-
dualista, de linguagem simples e melódica, apresen-
tada ora por sonetos, ora por textos curtos. 
e) 
começou sua trajetória literária como modernista, 
produzindo paródias, textos satíricos e misturando 
aspectos do real ao irreal. Mais tarde, após ter se 
convertido ao catolicismo, adota em sua produção 
uma tendência mais espiritualista. Considerado um 
dos poetas mais complexos da literatura brasileira. 
a) 1 – 2 – 3 – 4 – 5.
b) 2 – 3 – 5 – 1 – 4.
X c) 3 – 1 – 4 – 5 – 2.
d) 3 – 2 – 4 – 1 – 5.
e) 2 – 1 – 5 – 3 – 4.
3. (ITA – SP) Os romances de Machado de Assis e os de 
Graciliano Ramos são exemplos bem acabados da forte 
presença do realismo na Literatura Brasileira. Entretanto, 
há diferenças bem marcantes entre a ficção realista do 
século XIX e a ficção de cunho realista da Geração de 30. 
16 Livro de Revisão 3
de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, 
falavam baixo para não desencadear as forças es-
tranhas que elas porventura encerrassem.
Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 82.
Sinha Vitória precisava falar. Se ficasse calada, 
seria como um pé de mandacaru, secando, mor-
rendo. Queria enganar-se, gritar, dizer que era 
forte, e a quentura medonha, as árvores transfor-
madas em garranchos, a imobilidade e o silêncio 
não valiam nada. Chegou-se a Fabiano, amparou-o 
e amparou-se, esqueceu os objetos próximos, os 
espinhos, as arribações, os urubus que farejavam 
carniça. Falou no passado, confundiu-se com o 
futuro. Não poderiam voltar a ser o que já tinham 
sido?
Idem, p. 120.
a) O contraste entre as preciosidades dos altares da igreja 
e das prateleiras das lojas, no primeiro excerto, e as 
árvores transformadas em garranchos, no segundo, 
caracteriza o conflito que perpassa toda a narrativa de 
Vidas secas. Em que consiste este conflito? 
b) No primeiro excerto, encontra-se posta uma questão 
recorrente em Vidas secas: a relação entre lingua-
gem e mundo. Explique em que consiste esta relação 
nessa passagem. 
 
O conflito está no contraste entre dois mundos: o da seca 
(lugar precário em que os personagens nem mesmo têm 
representação linguística) e o mundo em que a seca, e por 
consequência a miséria, não são fatores determinantes. 
Ao confrontar esses dois trechos, o contraste entre um 
mundo cheio de riquezas (que os personagens nem mesmo 
conseguem nomear) e um mundo de miséria, precariedade, 
imobilidade e silêncio (universo a que pertencem) fica 
evidente.
Uma das maiores injustiças, da qual os personagens em Vidas 
secas são vítimas, é a privação, em relação à linguagem, 
a que o meio os submete. A partir do primeiro trecho, é 
possível concluir que os dois meninos têm limitações quanto 
à linguagem, eles nem mesmo acreditam que exista uma 
linguagem capaz de nomear tudo aquilo que estavam 
descobrindo (que ia além do mundo de privação em que eles 
viviam).
5. (UNICAMP – SP) Leia os excertos a seguir.
Um dia... Sim, quando as secas desaparecessem 
e tudo andasse direito... Seria que as secas iriam 
desaparecer e tudo andar certo? Não sabia.
Graciliano Ramos, Vidas secas. 118ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2012, 
p. 25.
Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia 
defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O 
demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e 
saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe tives-
sem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. 
Impossível, só sabia lidar com bichos.
Graciliano Ramos, Vidas secas. 118ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2012, 
p. 35.
a) Nos excertos citados, a seca e a falta de educação 
formal afetam a existência das personagens. Levando 
em conta o caráter crítico e político do romance, rela-
cione o problema da seca com a questão da escolari-
zação no que diz respeito à personagem Fabiano. 
b) “Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia 
defender-se, botar as coisas nos seus lugares.” 
Descreva uma passagem do romance em que, por 
não saber ler e escrever, Fabiano é prejudicado e não 
consegue se defender. 
 
A seca, considerado seu caráter climático e regional, tornava 
a vida do sertanejo bruta e escassa, porém não se constituía 
no único problema de Fabiano e de sua família; a falta de 
letramento, problema de ordem social, dificultava a relação 
dos personagens, em especial a de Fabiano, com o meio em 
que estava inserido – o vaqueiro nem mesmo conseguia se 
comunicar adequadamente com os outros. Aí está a origem 
da admiração que Fabiano sente por Seu Tomás Bolandeira, 
este conhecido como homem culto e letrado. O coronelismo 
nordestino, criticado pela obra, pode ser observado na relação 
estabelecida entre Fabiano e a terra – daí a opressão exercida 
pela figura impessoal do patrão. Tal opressão, somada à falta 
de escolarização do vaqueiro, torna a vida ainda mais escassa 
e miserável.
Uma dessas situações se encontra no capítulo “Contas”. Nele, 
Fabiano é claramente passado para trás pelo seu patrão (que 
ignora os erros efetuados no pagamento). Este, valendo-se do 
próprio poder e da ignorância de Fabiano, prejudica-o.
17Literatura
5. Terceira geração modernistaContexto histórico
A explosão de uma bomba atômica pôs fim a Segunda Guerra Mundial e deu início a uma nova era de pavor na huma-
nidade – que passou a sentir-se insegura diante de uma arma tão poderosa.
Na época, os dois países mais poderosos do mundo, União Soviética e Estados Unidos, dividiam o planeta em dois polos 
ideológicos, e a rivalidade entre essas nações causava medo em todo o planeta, visto que a tensão entre eles poderia, a 
qualquer momento, resultar em uma nova guerra. Essa disputa, sem que tenha havido conflito armado em escala global, é 
chamada de Guerra Fria (representada, sobretudo, por uma disputa por influência sob os demais países do planeta e por uma 
corrida espacial e armamentista).
No Brasil, tem-se a deposição de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo (1945). A liberdade que parecia finalmente 
pairar pela nação não dura mais do que 19 anos. Apesar de um breve surto de desenvolvimento, em 1964, o Exército 
toma o poder por meio de um golpe militar, dando início a um período de repressão e perseguições políticas, que duraria 
21 anos e ficou conhecido como Ditadura Militar.
O campo das artes também sofreu mudanças. A partir da década de 1940, observa-se um processo de renovação, que, 
de um lado, se apropria das conquistas da primeira geração modernista e, de outro, amplia e aprofunda as questões críticas 
e documentais da segunda geração.
Inventividade na prosa rosiana
Um dos mais consagrados escritores brasileiros, João Guimarães Rosa, surgiu efetivamente para a literatura em 
1946, com a publicação de Sagarana, um conjunto de contos. Sua consagração definitiva veio com a publicação de 
Grande sertão: veredas, em 1956, considerado pela crítica literária uma das mais importantes obras da literatura brasileira.
ASPECTOS CENTRAIS DA OBRA ROSIANA
Uso de linguagem absolutamente 
original e personalíssima
Recria a linguagem literária, utilizando vocabulário e sintaxe próprios, pensando e repensando 
cada palavra do texto. Para tal propósito, utiliza-se de recursos como neologismos, arcaísmos, 
hibridismos, etc.
Regionalismo universal
O Sertão é o mundo a ser explorado. Apesar de suas obras apresentarem caráter regional, com 
geografia definida (o Sertão Norte de Minas Gerais), o Sertão não é apenas uma região brasileira, 
é um espaço ficcional por onde circulam criaturas e personagens que representam conflitos da 
existência humana e que estão em permanente luta entre o mundo interior e exterior. Visando ao 
universalismo, o autor liberta-se dos limites físicos para analisar a alma humana. Trabalha com os 
temas de violência, valentia, misticismo, loucura, infância, amor, entre outros.
Prosa intimista do pós-guerra
Clarice Lispector (1920-1977) inaugurou na literatura brasileira o que ficaria conhecido como “prosa sem história”: nar-
rativas em que constam poucos acontecimentos objetivos e que dão espaço à dimensão psicológica dos personagens 
(seus sentimentos e reflexões), expressos por meio do fluxo de consciência. Em outras palavras, a autora era menos inte-
ressada em representar na sua obra fatos em si do que a repercussão desses fatos sobre o indivíduo.
Sua literatura é intimista e urbana, seus romances e contos se concentram na investigação do interior, do íntimo, dos 
personagens. A autora ainda se utiliza de um tom filosofante para expressar sensações difusas e complexas, como o fato de 
“estar no mundo”. Seu existencialismo reflete a eterna luta do ser humano em se adaptar ao mundo previamente organi-
zado. Sua linguagem atribui mais valor e sentido às palavras, demonstrando a preocupação não somente com aquilo que 
está sendo escrito, mas também com o que pode ser lido nas entrelinhas.
18 Livro de Revisão 3
Outro aspecto que caracteriza sua obra é a presença de epifanias, ou seja, revelações súbitas motivadas por aconteci-
mentos banais. Há uma espécie de crise existencial que pode desencadear momentos de revelação, nos quais os persona-
gens tomam consciência de algo importante. 
Principais obras
 • Laços de família (1960)
 • A paixão segundo G. H. (1964)
 • Felicidade clandestina (1971)
 • A hora da estrela (1971)
Reinvenção do regional
De maneira mais ampla, a Geração de 45 pode designar toda a produção literária (poesia e prosa) da terceira geração 
modernista. De forma mais restrita, a Geração de 45 caracteriza somente aqueles poetas que retornam à tradição formal. 
Entre eles, o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999). 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA OBRA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Objetividade e antilirismo
Constata e retrata a realidade de maneira objetiva. Une o rigor formal à temática social. Em seus poemas 
metalinguísticos, gostava de afirmar que sua produção não era fruto da inspiração, e sim de um intenso trabalho 
com o texto. Negava o sentimentalismo e o irracionalismo.
Concisão e precisão
Produziu uma poesia calculadamente racional, utilizando-se de linguagem enxuta e concisa. Em sua obra, a palavra 
concreta toma a vez da abstrata; percebe-se a ausência de melodia e a preferência pelo mundo exterior.
Metalirismo Há, em vários de seus poemas, uma reflexão sobre o fazer poético e a poesia.
Engajamento e denúncia
A partir da década de 1950, o autor apresenta uma poesia cada vez mais engajada nas questões nordestinas: os 
retirantes, as suas tradições, os engenhos, etc. Seus versos denunciam os problemas socioeconômicos da região.
1. (CEFET – MG)
“A obra de João Cabral de Melo Neto apresenta-
-se quase isolada em nosso panorama literário, 
por não existir uma linhagem ostensiva na qual 
ela se possa inscrever, à exceção, talvez, da dicção 
de um Graciliano Ramos. Cabral não se coaduna 
com a geração de 1945, à qual cronologicamente 
pertence, e tampouco se caracteriza como simples 
continuador do complexo estético e ideológico da 
poesia de 1922. Essa situação faz dele um autor 
que desbrava uma nova trilha [...]”.
SECCHIN, Antonio Carlos. João Cabral: do fonema ao livro. In: 
MELO NETO, João Cabral de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 2008. p. XIII.
 Entre os fatores estéticos responsáveis pela singulari-
dade da poesia de João Cabral no panorama da literatura 
brasileira, destaca-se a(o)
a) emprego da linguagem coloquial impregnada de ele-
mentos do cotidiano.
X b) recusa ao lirismo tradicional centrado nos sentimen-
tos do eu poético.
c) humor em relação aos problemas históricos da socie-
dade brasileira.
d) questionamento incessante acerca da própria ativi-
dade poética.
e) valorização da forma em detrimento do conteúdo dos 
poemas.
2. (CEFET – MG) 
“Não a forma encontrada
como uma concha, perdida
nos frouxos areais
como cabelos;
19Literatura
não a forma obtida
em lance santo ou raro,
tiro nas lebres de vidro
do invisível;
mas a forma atingida
como a ponta do novelo
que a atenção, lenta,
desenrola,
aranha, como o mais extremo
desse fio frágil, que se rompe
ao peso, sempre, das mãos
enormes.”
“Psicologia da composição” [Trecho]. In: Melhores poemas de João 
Cabral de Melo Neto. São Paulo: Global, 2010. p. 46.
 Em declarações e entrevistas dadas ao longo de sua tra-
jetória literária, João Cabral manifestou reiteradas vezes 
sua posição acerca do fazer poético. O comentário que 
se refere a uma concepção de escrita semelhante à 
exposta no poema é
a) “O homem terá sempre duas formas de linguagem: 
a matemática, da ciência, que é racional; e a afetiva, 
que não é só da poesia, mas também da música e 
de outras formas de expressão” (O século, Lisboa, 10 
abr. 1968).
b) “Considero-me antimelódico, mas não antimusical. 
Não sou musical para o ouvido por deficiência, mas 
me considero musical no sentido de que música não 
é só melodia embalante, mas construção de sons no 
tempo” (Zero Hora, 19 jan. 1976).
c) “Os escritores se afastaram do público porque se 
afastaram de seus assuntos por diversos motivos: 
inclusive medo e comodismo; de 1937 em diante, 
muitos dos assuntos correntes na literatura da época 
se fizeram perigosos” (Jornal de Letras, 14 out. 1953).
d) “Literaturanão é só o ato de captar na obra literária uma 
determinada coisa: há a contraparte, que é a capacidade 
de comunicar a coisa captada. Hoje em dia, muita gente 
só se preocupa com a primeira parte, isto é, em exprimir 
bem o que quer dizer” (Manchete, 27 jun. 1953).
X e) “A verdade é que em matéria de criação eu acredito 
mais no trabalho do que na espontaneidade [...] Eu 
acho o trabalho essencial na criação artística, e é atra-
vés do trabalho que a pessoa chega a uma expressão 
autêntica” (Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 19 
mai. 1986).
3. (ESPM – SP)
Sou homem de tris-
tes palavras. De que era 
que eu tinha tanta, tanta 
culpa? Se o meu pai, 
sempre fazendo ausên-
cia: e o rio-rio-rio – o 
rio – pondo perpétuo. 
Eu sofria já o começo da velhice – esta vida era só 
o demoramento.
Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, 
cansaços, perrenguice de reumatismo.
E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De 
tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar 
do vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que 
bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se 
despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo 
da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. 
Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha 
tranquilidade.
Sou o culpado do que nem sei, de dor em aber-
to, no meu foro. Soubesse – se as coisas fossem 
outras. E fui tomando ideia.
João Guimarães Rosa. “A Terceira Margem do Rio”, Primeiras Estórias, 
Nova Fronteira, 2005.
 O personagem sente-se: 
a) humilhado pela atitude vigorosa do pai. 
b) solitário, por ser muito idoso. 
c) obstinado, à procura do pai. 
d) obcecado pela ideia da morte próxima. 
X e) culpado, embora não consiga identificar sua falta.
4. (UECE) 
O milagre das folhas
Não, nunca me acontecem milagres. Ouço 
falar, e às vezes isso me basta como esperança. 
Mas também me revolta: por que não a mim? 
Por que só de ouvir falar? Pois já cheguei a ouvir 
conversas assim, sobre milagres: “Avisou-me 
que, ao ser dita determinada palavra, um obje-
to de estimação se quebraria.” Meus objetos se 
quebram banalmente e pelas mãos das empre-
gadas. Até que fui obrigada a chegar à conclusão 
de que sou daqueles que rolam pedras durante 
séculos, e não daqueles para os quais os seixos já 
20 Livro de Revisão 3
vêm prontos, polidos e brancos. Bem que tenho 
visões fugitivas antes de adormecer – seria mila-
gre? Mas já me foi tranquilamente explicado que 
isso até nome tem: cidetismo (sic), capacidade 
de projetar no campo alucinatório as imagens 
inconscientes.
Milagre, não. Mas as coincidências. Vivo de 
coincidências, vivo de linhas que incidem uma na 
outra e se cruzam e no cruzamento formam um 
leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo 
que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falas-
se nele, já estaria falando em nada.
Mas tenho um milagre, sim. O milagre das fo-
lhas. Estou andando pela rua e do vento me cai 
uma folha exatamente nos cabelos. A incidência 
da linha de milhares de folhas transformadas em 
uma única, e de milhões de pessoas a incidên-
cia de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas 
vezes que passei a me considerar modestamente 
a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro 
a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o 
mais diminuto diamante. 
Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre 
os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a 
fora: não me interessa fetiche morto como lem-
brança. E também porque sei que novas folhas 
coincidirão comigo.
Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei 
Deus de uma grande delicadeza.
LISPECTOR, Clarice. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Organização 
e introdução. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2007. p. 186-187. 
 Nos estudos sobre a obra de Clarice Lispector, fala-se da 
epifania (ou revelação) que se dá com a personagem. Em 
determinado momento do texto, a personagem passa a 
entender algo que, para ela, estava escondido ou obscuro. 
 Assinale a opção cujo trecho transcrito indica esse 
momento na crônica. 
a) “Até que fui obrigada a chegar à conclusão de que 
sou daqueles que rolam pedras durante séculos...” 
b) “Vivo de coincidências, vivo de linhas que incidem 
uma na outra e se cruzam...” 
c) “Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os 
objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: 
não me interessa fetiche morto como lembrança.” 
X d) “Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de 
uma grande delicadeza.” 
5. (UNICAMP – SP) Os versos seguintes fazem parte do 
poema “Um chamado João” de Carlos Drummond de 
Andrade em homenagem póstuma a João Guimarães 
Rosa. Trabalhe a questão a partir da leitura do poema. 
Um chamado João 
João era fabulista? 
fabuloso? 
fábula? 
Sertão místico disparando 
no exílio da linguagem comum? 
Projetava na gravatinha 
a quinta face das coisas 
inenarrável narrada? 
Um estranho chamado João 
para disfarçar, para farçar 
o que não ousamos compreender? 
[...] 
Mágico sem apetrechos, 
civilmente mágico, apelador 
de precípites prodígios acudindo 
a chamado geral? 
[...] 
Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
deve pegar. 
(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã, 22/11/1967, 
publicado em Rosa, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2001.) 
a) No título, ‘chamado’ sintetiza dois sentidos com que a 
palavra aparece no poema. Explique esses dois senti-
dos, indicando como estão presentes nas passagens 
em que ‘chamado’ se encontra.
O sentido com que essa palavra aparece no verso “um 
estranho chamado João” é “denominado”, “alguém cujo 
nome é”. A palavra é empregada para indicar de quem está se 
falando, especificando-se que se trata de alguém cujo nome 
é João. A leitura do poema permite identificar que o João 
mencionado é o escritor Guimarães Rosa. Ao fazer menção 
apenas ao nome “João”, enfatiza-se o caráter “comum” do 
nome, tornando universal algumas das características desse 
autor. No verso “a chamado geral?”, essa palavra adquire o 
sentido de “exortação”, podendo ser entendido que o próprio 
João Guimarães Rosa atende a um pedido, a uma “exortação” 
própria ao ser humano em geral.
21Literatura
b) Na primeira estrofe do poema, ‘fábula’ é derivada em ‘fabulista’ e ‘fabuloso’. Mostre de que modo a formação morfo-
lógica e a função sintática das três palavras contribuem para a formação da imagem de Guimarães Rosa.
 
A primeira expressão “fábula” é um substantivo, já “fabulista” e “fabuloso” são adjetivos. Todas essas expressões respondem à pergunta 
do primeiro verso: “João era...?”. Desta maneira, a mesma estrutura sintática, que é composta de termos morfologicamente diferentes, 
ou seja, de classes gramaticais diferentes, ajudam a produzir a imagem de um dos maiores romancistas brasileiros: João Guimarães 
Rosa. Ele era considerado uma lenda (fábula), que desenvolvia muito bem seu trabalho (fabuloso) de escrever fábulas (fabulista). 
6. Literatura contemporânea I
A primeira etapa do estudo da literatura brasileira 
contemporânea compreenderá a poesia do período de 
1945 até 1970, que ficou conhecido como pós-moderno. 
Entre os grandes acontecimentos dessa fase, têm-se: nas-
cimento da TV Tupi (primeira TV brasileira); Primeira 
Bienal de Arte Moderna, em São Paulo; surgimento da 
poesia concreta; surgimento da Bossa Nova e da Tropi-
cália; e inauguração de Brasília.
Concretismo e 
Neoconcretismo
O Concretismo surgiu oficialmente em 1956, com 
a Exposição Nacional de Arte Concreta, idealizada por 
Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos 
(autores da revista Noigandres). O Concretismo buscava ser 
uma manifestação artística ajustada à realidade da época, 
isso porque dialogou com os novos meios de comunica-
ção, com o consumismo, com as tecnologias e, finalmente, 
com as inovações no campo do design e da arquitetura.
Essa nova estética abandonou as formas mais tra-
dicionalistas, abriu mão dos versos e das estrofes e se 
concentrou nas palavras, estas exploradas a partir de três 
dimensões, sintetizadas na expessão: “verbivocovisual”.• Verbi (nível semântico): trabalho com o significado 
que cada palavra assume no poema.
• Voco (nível sonoro): trabalho com palavras de sono-
ridade expressiva ou semelhantes entre si.
• Visual (nível gráfico-visual): trabalho com a dimen-
são visual dos poemas (disposição das palavras, 
das formas e dos espaços na página).
Além disso, o Concretismo rejeitou o lirismo e se afas-
tou de questões sociais e metafísicas, fazendo com que 
a forma se sobrepusesse ao conteúdo, e a objetividade à 
subjetividade. Essa poesia traz ao leitor a possibilidade de 
múltiplas leituras, podendo ser lida na horizontal, na verti-
cal, na diagonal ou mesmo em outros sentidos.
O Neoconcretismo surgiu no final da década de 1950, 
motivado pelo descaso do Concretismo quanto às questões 
sociais. Consolidou-se a partir da década de 1960, sendo 
uma manifestação mais preocupada com a realidade e que 
procurava denunciar os problemas sociais e políticos brasi-
leiros, principalmente após o Golpe Militar de 64. 
As principais características dessa estética são a liber-
dade de experimentação e a retomada da subjetividade. 
Entre seus representantes, estão Thiago de Mello, Affonso 
Romano de Sant’Anna e, principalmente, Ferreira Gullar.
Poesia Práxis
O idealizador dessa tendência foi Mário Chamie, que 
publicou no posfácio de seu livro Lavra lavra o “Manifesto 
didático da poesia práxis”. Assim como o Neoconcretismo, 
esse movimento surgiu como dissidência do Concretismo. 
Os poetas da Práxis valorizavam o texto em si e seu signifi-
cado social, trabalharam com a estrutura de versos, levando 
em consideração a posição das palavras nos versos (ou seja, 
o significado que a palavra adquire com as outras palavras 
que compõe o poema). Outro nome importante do movi-
mento foi Cassiano Ricardo, que também havia participado 
da Geração de 22.
22 Livro de Revisão 3
Tropicalismo
Também conhecido como Tropicália, foi uma manifes-
tação cultural de massa que surgiu em 1967, com a partici-
pação dos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil. 
Mesmo o eixo principal sendo focado na tentativa de 
inovar a música popular brasileira (MPB), o movimento 
acompanhou uma tendência de internacionalização da 
cultura, dialogando com algumas vanguardas europeias e 
norte-americanas, entre elas a Pop Art. O que fez com que 
o movimento se estendesse ao cinema, às artes plásticas e 
à literatura.
Apresentou uma visão mais alegórica do país por 
meio de contrastes entre arcaico e moderno, regional e 
universal, agrário e urbano, popular e erudito; misturou 
elementos musicais distintos: berimbau, guitarra, tambo-
res e instrumentos indígenas; e aproximou as linguagens 
popular e erudita, usando recursos como ironia e humor 
(assim como na primeira geração modernista).
Poesia marginal
A poesia marginal foi assim chamada por estar 
“à margem” do processo editorial convencional – os 
poemas eram impressos em pequenas gráficas ou por 
meio de mimeógrafos; sua distribuição era feita de 
mão em mão, e não havia grandes preocupações com 
o julgamento da crítica literária em relação ao trabalho 
realizado.
Desta maneira, é possível afirmar que a poesia margi-
nal foi um movimento de contracultura, caracterizado por 
linguagem e temática bastante ecléticas, que ao mesmo 
tempo que incorporou as inovações dos primeiros moder-
nistas também se apropriou da poesia visual da década de 
1960. Sua linguagem é marcada pela ironia e pelo colo-
quialismo. Seus principais autores foram Paulo Leminski, 
Chacal, Ana Cristina Cesar, Francisco Alvim, Cacaso e 
Waly Salomão. 
A produção de poesia fora do eixo editorial convencio-
nal, iniciativa dos poetas marginais, favoreceu o surgimento 
de excelentes escritores, embora pouco conhecidos. A 
poesia deixou de ser vista como um produto “requintado”, 
de circulação restrita, e passou a dar voz a realidades que 
haviam sido poucas vezes privilegiadas pela produção 
poética. Temáticas específicas surgem e determinam uma 
mudança radical na linguagem poética, como, por exem-
plo, violência, solidão, discriminação, fragilidade humana e 
sexualidade.
1. (UFV – MG) O texto abaixo é a primeira estrofe do poema “ovonovelo”, do poeta concretista Augusto de Campos. 
 É CORRETO afirmar que o poema: 
a) enfatiza a subjetividade do poeta moderno. 
X b) faz uso construtivo dos espaços brancos da 
página. 
c) emprega o verso tradicional. 
d) produz um lirismo intimista.
(CAMPOS, Augusto de. Apud. CLÜVER, Claus. Iconicidade e 
isomorfismo em poemas concretos brasileiros. O eixo e a roda. 
Revista de literatura brasileira, Belo Horizonte, v. 13, p. 26, jul.- 
dez. 2006.) 
23Literatura
e) Trata-se de texto poético que destoa do conjunto da 
obra Toda poesia por utilizar redondilhas maiores e 
menores.
3. (ESPM – SP)
 MARIO CHAMIE (*1933 †2011) 
 Foi poeta (movimento Práxis), 
crítico literário e locutor (Rede 
Record). Formado em Direito 
pela USP. Foi secretário munici-
pal de Cultura de SP e criou a 
Pinacoteca Municipal, o Museu 
da Cidade e o Centro Cultural 
São Paulo. Lecionou por mais 
de 30 anos na ESPM-SP.
Fantasma
Um fantasma ausente
põe tijolo sobre
tijolo ao seu redor.
Primeiro mede o terreno
Divide o espaço.
Calca com o pé
a planta
que não floresce.
Mas que cresce
sob estacas
de cimento.
Depois, a ausência
se preenche.
O fantasma move
a cal, a pedra, a pá.
O fantasma move
o corpo já presente
do lugar em que está.
Presente e ausente,
um fantasma se acasala
Move seu corpo
de carne e osso.
Come a própria argamassa
e se desfaz
no próprio fosso.
Tijolo sobre tijolo
um fantasma fez seu poço.
(MARIO CHAMIE, Espaço Inaugural, 1955)
2. (UEL – PR)
Não há vagas 
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço 
do arroz 
não cabe no poema. 
Não cabem no poema o gás 
a luz o telefone 
a sonegação 
do leite 
da carne 
do açúcar
do pão 
O funcionário público 
não cabe no poema 
com seu salário de fome 
sua vida fechada 
em arquivos. 
Como não cabe no poema 
o operário 
que esmerila seu dia de aço 
e carvão 
nas oficinas escuras 
– porque o poema, senhores, 
está fechado: 
“não há vagas” 
Só cabe no poema 
o homem sem estômago 
a mulher de nuvens 
a fruta sem preço 
O poema, senhores, 
não fede 
nem cheira 
(GULLAR, F. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. p. 162.)
 Sobre o poema Não há vagas, de Ferreira Gullar, é cor-
reto afirmar. 
a) Ao ser aproximada de um ato lúdico como o fazer 
poesia, a crítica social é atenuada e perde força. 
b) A ruptura com o verso tradicional situa o poema no 
contexto da primeira geração modernista. 
X c) Nota-se uma conjunção entre a reflexão sobre o fazer 
poético e a preocupação com a realidade social adversa. 
d) A crítica política e a reflexão sobre a literatura pre-
sentes no poema configuram exceção na produção 
poética de Ferreira Gullar. 
24 Livro de Revisão 3
a) Este poema de Cacaso (1944-1987) dialoga com 
várias vozes que falaram sobre a paisagem e o 
homem brasileiro. Justifique a referência ao “cartão-
-postal” do título, através de expressões usadas na 
primeira estrofe. 
“Cartão-postal” é uma referência às imagens tipicamente 
brasileiras encontradas no poema. São elas: o luar do 
sertão e a verde mata vista pela mulata de olhos verdes 
(representando a miscigenação brasileira).
b) O poema se constrói sobre uma imagem suposta de 
brasileiro. Qual é essa imagem? 
c) Quais as expressões poéticas que desmentem a feli-
cidade obrigatória do eu do poema? 
São as expressões utilizadas ao fim do poema: “na imensa 
solidão” e “lívido de medo e de amor”.
 
A imagem suposta do brasileiro é a de que ele é um ser “ma-
nhoso”, “que finge que vai, mas não vai”, e isso pode estar 
relacionado tanto à imagem de que o brasileiro busca tirar pro-
veito de todas as situações (sobretudo pelos sentidos possíveis 
para “ser manhoso” – “fazer manha” – e para os atribuídos 
ao verbo “fingir”) quanto ao próprio “jogo de cintura”, isto é, à 
capacidade de adaptar sua conduta para conseguir seus pro-
pósitos.
7. Literatura contemporânea II
As mudanças

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