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11 FACUMINAS TRANSTORNOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA

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TRANSTORNOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 ............................................................................................................... 1 
TRANSTORNOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA ....................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2 
Transtornos de humor na infância e na adolescência ............................. 4 
Transtorno depressivo ........................................................................ 4 
Transtorno bipolar ............................................................................... 8 
Transtornos de Ansiedade (TA) ........................................................ 12 
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) ................. 14 
Crianças e adolescentes com deficiência mental e/ou transtorno mental
 .................................................................................................................... 16 
Dimensionando a deficiência mental e/ou o transtorno mental em 
crianças e adolescentes .............................................................................. 17 
REFERÊNCIAS .................................................................................... 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file://192.168.0.2/E$/Pedagogico/Controle%20-%20Cursos/POSTAGEM/SAÚDE%20E%20BEM-ESTAR/SAUDE%20MENTAL/TRANSTORNOS%20DA%20INFÂNCIA%20E%20DA%20ADOLESCÊNCIA/TRANSTORNOS%20DA%20INFÂNCIA%20E%20DA%20ADOLESCÊNCIA.docx%23_Toc63345665
 
 
 
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Transtornos de humor na infância e na 
adolescência 
 
O reconhecimento de que os transtornos mentais resultam de interações 
entre aspectos biológicos e ambientais que ocorrem ao longo do 
desenvolvimento baliza a relevância das apresentações clínicas durante a 
infância e adolescência. A prevalência de transtornos mentais na infância é em 
torno de 10% e hoje sabe-se que mais da metade dos transtornos mentais em 
adultos iniciam na infância ou na adolescência. Apesar disso, grande parte das 
crianças e adolescentes com alterações comportamentais permanece não 
diagnosticada. A não identificação dos transtornos mentais na infância e 
adolescência acarreta a perda de preciosa oportunidade terapêutica nas fases 
precoces do processo psicopatológico. 
O presente artigo tem por objetivo prover uma atualização em transtornos 
de humor em crianças e adolescentes. Para tanto, abordaremos aspectos 
específicos de desenvolvimento nos transtornos de humor enfatizando como a 
identificação precoce e a terapêutica adequada podem potencialmente modificar 
alterações a longo prazo. Deteremo-nos na abordagem do transtorno depressivo 
e do transtorno de humor bipolar na infância e na adolescência. Os transtornos 
de humor são frequentemente associados ao aumento da morbidade 
psicossocial e da mortalidade. Sua identificação precoce e seu efetivo 
tratamento tendem a reduzir seu impacto no ambiente familiar, social e 
acadêmico das crianças e dos adolescentes, além de reduzir o risco de suicídio, 
do uso de substâncias e da persistência do transtorno durante a vida adulta. 
 
Transtorno depressivo 
 
 O transtorno depressivo acomete 5% das crianças em idade escolar, sem 
diferenças significativas entre os gêneros. A prevalência aumenta para 4-9% 
durante a adolescência, na pós-puberdade, com progressiva predominância do 
sexo feminino. 
Ainda sem completo esclarecimento, o aumento do acometimento no 
sexo feminino ao final da puberdade (2:1) pode estar relacionado às 
 
 
 
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modificações hormonais características desse período, o que aumentaria a 
sensibilidade aos estressores ambientais6. Nas meninas a puberdade ocorre 
acompanhada de aumento de peso e de gordura corporal, o que modifica 
abruptamente a imagem corporal, deixando-as mais vulneráveis em um período 
que coincide com aumento da demanda social. Assim, a formação da imagem 
corporal que emerge após a puberdade parece contribuir para elevadas taxas 
de depressão em meninas pós-púberes. 
Evidências sugerindo que a puberdade precoce aumenta o risco para 
sintomas depressivos validam a hipótese de que modificações sociais, biológicas 
e psicológicas que ocorrem durante a maturação sexual estão envolvidas na 
etiologia e no aumento da prevalência de depressão durante a 
adolescência9.Por exemplo, durante a adolescência, o risco cumulativo para 
ocorrência de depressão aumenta entre 5 e 20%. 
A apresentação clínica do transtorno depressivo durante a infância e 
adolescência é variada, o que torna o processo diagnóstico complexo. Para que 
seja aventada a hipótese de transtorno depressivo maior, a criança ou o 
adolescente deve apresentar pelo menos duas semanas de alterações 
persistentes no humor, manifestadas por humor deprimido e/ou irritável ou perda 
de interesse. Sintomas associados incluem: sentimentos de desvalia, aumento 
ou redução do apetite ou do peso, insônia ou hipersonia, decréscimo da 
atividade, diminuição da concentração e da energia, pensamentos recorrentes 
de morte ou ideação suicida. Crianças tendem a ter menos sintomas 
melancólicos, desilusões e tentativas de suicídios que adultos deprimidos, mas 
são mais propensas a sintomas somáticos. Além disso, a irritabilidade, o mau 
humor e as reações intempestivas de agressividade fazem comumente parte do 
quadro clínico nessa faixa etária. Importante lembrar que o transtorno depressivo 
maior é uma síndrome e por isso inclui, além da mudança do humor (deprimido), 
sintomas associados que, juntos, formam o quadro clínico. Em crianças e 
adolescentes é importante que se investigue se os sintomas descritos são de 
intensidade suficiente para causar prejuízo em casa, na escola ou com os 
amigos. Os sintomas depressivos podem se apresentar com redução abrupta do 
rendimento escolar, na atenção, além de prejuízos nas relações sociais. Logo, a 
presença de uma alteração no padrão de funcionamento da criança é um 
parâmetro sugestivo de um quadro depressivo. Não é incomum o relato de 
 
 
 
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alterações do comportamento apenas no ambiente familiar, mas sem prejuízo 
na escola ou no padrão de amizades. Nessas situações, faz-se necessária a 
mensuração da intensidade dos sintomas e principalmente a busca ativa de 
aspectos familiares que possam estar influenciando especificamente no 
aparecimento dos sintomas. 
No intuito de auxiliar no diagnóstico, além de uma detalhada anamnese, 
contamos com instrumentos psicométricos reconhecidos internacionalmente e 
validados no Brasil que auxiliam e norteiam o processo diagnóstico. Alguns 
exemplos: Children´s Depression Rating Scale (CDRS), Children´s Depression 
Inventory (CDI) e Kutcher Adolescent Depression Scale (KADS). O uso de
escalas para mensuração dos sintomas tem se tornado cada vez mais recorrente 
e tem por objetivo tornar a avaliação clínica mais objetiva. Entretanto, o processo 
diagnóstico não deve ser baseado em escores de escalas diagnósticas. Pelo 
contrário, as escalas complementam o pensamento diagnóstico, que deve 
compreender, além do checklist de sintomas, o entendimento do padrão de 
funcionamento basal do indivíduo e como os sintomas interferem nesse 
funcionamento. Não obstante, a avaliação clínica criteriosa inclui o entendimento 
da história familiar, incluindo a presença de transtornos de humor nos pais que, 
além da óbvia contribuição genética, potencialmente alterem o ambiente e a 
interação familiar, predispondo o desenvolvimento de sintomas nos filhos. É 
fundamental o esclarecimento de sintomas de humor, tanto nos pais quanto nos 
filhos, sua duração e o significado desses sintomas naquela determinada família. 
Uma vez realizado o diagnóstico, deve-se estar atento às possíveis 
comorbidades associadas. A presença de transtornos associados 
(comorbidades) é a regra em psiquiatria da infância e da adolescência. 
Aproximadamente 40 a 90% dos jovens com transtorno depressivo podem ter 
outros transtornos, e mais de 50% têm duas ou mais comorbidades diagnósticas. 
As comorbidades mais comuns ao transtorno depressivo são os transtornos de 
ansiedade, transtornos disruptivos (Transtorno de Oposição e Desafio e 
Transtorno de Conduta), Transtorno de Déficit de Atenção e de Hiperatividade 
(TDAH) e, nos adolescentes, transtornos de uso de substâncias. A avaliação 
detalhada do desenvolvimento pré-mórbido auxilia no entendimento dos 
transtornos associados, pois geralmente as comorbidades precedem o início dos 
sintomas depressivos, sendo a ansiedade o mais comum deles3. Por exemplo, 
 
 
 
7 
crianças com história de ansiedade de separação apresentam risco aumentado 
para o desenvolvimento de sintomas depressivos na adolescência. Em relação 
ao TDAH, existe uma história de sintomas, frequentemente desde a pré-escola, 
de hiperatividade, de desatenção e de impulsividade, e os sintomas depressivos 
podem intensificar sintomas preexistentes. É importante que o plano terapêutico 
inclua as comorbidades, pois a interação entre eles pode impossibilitar a melhora 
do quadro depressivo. 
No processo diagnóstico para transtornos depressivos, além da avaliação 
criteriosa dos sintomas depressivos e dos transtornos associados na criança, a 
investigação da presença de depressão nos pais/cuidadores é fundamental. As 
taxas de diagnóstico de depressão e de ansiedade em filhos de pais depressivos 
aumentam marcadamente (para avaliação de episódio depressivo bipolar, vide 
próxima seção). Depressão parental pode se manifestar como dificuldade em 
estabelecer rotinas para a criança na alimentação, no sono e na colocação de 
limites, visitas frequentes a médicos, pouca estimulação motora, além da 
indisponibilidade afetiva. Mães deprimidas tendem a observar de forma 
aumentada os sintomas nos filhos, o que pode estar associado à sintomatologia 
da mãe, e não propriamente à da criança. 
Frente à ampla gama de sintomas e de repercussões a serem observados 
não só nas crianças e nos adolescentes, como também nos pais/cuidadores, o 
plano terapêutico precisa abranger intervenções amplas e complementares. 
Psicoeducação, suporte familiar, contato com a escola, além das intervenções 
diretamente instituídas aos pacientes devem fazer parte do tratamento. Mesmo 
que não envolva terapia familiar, dificilmente o sucesso do tratamento de uma 
criança ou um adolescente é atingido sem o envolvimento intenso de seus 
pais/cuidadores. O adequado manejo das mães com depressão também é 
considerado um dos pilares do tratamento, pois está associado a uma menor 
incidência de diagnósticos psiquiátricos e melhor resposta ao tratamento com 
TCC em crianças, reforçando a necessidade de intervenções diretas aos 
cuidadores. 
Em jovens com quadro depressivo leve ou moderado, com moderada 
redução psicossocial e ausência de psicose ou de risco de suicídio clinicamente 
significante, pode-se iniciar o tratamento com psicoeducação, suporte e manejo 
dos estressores ambientais na família e na escola. Faz-se necessário observar 
 
 
 
8 
a resposta desse tipo de manejo após 4 a 6 semanas para avaliar êxito ou 
necessidade de outro tipo de intervenção. Naqueles com episódios depressivos 
mais severos, frequentemente é necessário tratamento medicamentoso 
associado a psicoterapia. 
As técnicas psicoterapêuticas que mais têm evidência de eficácia em 
crianças e adolescentes são a TCC (terapia cognitivo-comportamental) e a TIP 
(terapia interpessoal). A TCC parece prevenir novos episódios, com uma 
redução de 6 vezes no risco de recorrência nos primeiros 6 meses. A 
psicoterapia psicodinâmica também tem sido empregada, apesar da ausência 
de pesquisas empíricas avaliando esse tipo de intervenção. 
As únicas drogas aprovadas pelo Federal Drug Administration (FDA) para 
o tratamento de depressão em crianças são a Fluoxetina (a partir de 8 anos de 
idade) e o Escitalopram (após os 12 anos). Importante lembrar que, apesar do 
uso frequente na prática clínica, a Sertralina só é aprovada pelo FDA para TOC 
(Transtorno Obsessivo-Compulsivo) em crianças e adolescentes. OTADS 
(Treatmentof Adolescent Depression Study) demonstrou que a combinação TCC 
+ Fluoxetina parece ser a melhor combinação em comparação com outras 
intervenções quando avaliadas redução da ideação suicida, recuperação 
funcional e proporção de remissões. 
Mesmo com a avaliação diagnóstica e tratamentos adequados, os 
transtornos depressivos em crianças e adolescentes tendem a ser recorrentes. 
A probabilidade de recorrência alcança 20 a 60% após 1-2 anos da remissão 
dos sintomas e pode chegar a 70% após 5 anos. 
 
Transtorno bipolar 
 
O transtorno bipolar em crianças e adolescentes tem sido foco de 
controvérsia tanto no meio acadêmico como no clínico. Embora a presença de 
transtorno bipolar na infância e principalmente na adolescência seja 
incontestável (cerca de 60% dos adultos com o diagnóstico iniciam sintomas 
antes dos 18 anos31), a forma de como o diagnóstico é feito em etapas iniciais 
do desenvolvimento segue sendo foco de discussão. Aumentos alarmantes nas 
taxas de prevalência do diagnóstico geraram incredulidade e questionamento 
 
 
 
9 
em relação aos critérios utilizados nessa faixa etária, principalmente em relação 
ao papel da irritabilidade. 
Nos últimos 20 anos, houve um aumento de 500% no diagnóstico da 
doença em crianças e adolescentes nos Estados Unidos. Um exame minucioso 
desses indivíduos revelou que, em grande parte deles, o diagnóstico de 
transtorno bipolar estava sendo baseado em dois aspectos: curso crônico dos 
sintomas e irritabilidade. De fato, acreditava-se que o transtorno bipolar em 
crianças e em adolescentes se apresentava principalmente com irritabilidade 
crônica. Entretanto, estudos evidenciaram que irritabilidade crônica e episódica 
seguem trajetórias distintas: sintomas episódicos estão associados com mania 
e com transtorno bipolar, enquanto aqueles crônicos estão associados com 
depressão unipolar e com ansiedade. A diferenciação entre irritabilidade crônica 
e episódica clarificou a controvérsia acerca da fenomenologia do transtorno 
bipolar em jovens; além disso, proporcionou o entendimento das altas taxas de 
diagnóstico, já que indivíduos com sintomatologia crônica vinham recebendo o 
diagnóstico. Um diagnóstico específico para irritabilidade crônica foi criado, o 
Disruptive Mood Dysregulation Disorder (DMDD), e hoje faz parte do manual 
diagnóstico DSM-535. Atualmente, entende-se que o transtorno bipolar em 
crianças e adolescentes apresenta-se clinicamente de forma semelhante aos 
adultos, ou seja, com episódios claros de alteração do humor (mania ou 
depressão) e de alteração do funcionamento basal. 
 Os
episódios de mania são caracterizados por humor eufórico, 
aceleração do pensamento, diminuição da necessidade de sono, aumento de 
energia, verborragia, distração, grandiosidade, hipersexualidade, aumento de 
atividades prazerosas e agitação psicomotora. São necessários 4 dias para o 
diagnóstico de hipomania e 7 dias para o diagnóstico de mania. Assim como nos 
transtornos depressivos, o episódio de mania abrange sintomas concomitantes 
à elevação do humor; dentre esses, a grandiosidade é o sintoma mais 
comumente encontrado em indivíduos menores de 18 anos. É importante 
salientar que os episódios de mania são extremamente raros na infância. Um 
estudo epidemiológico em crianças pré-púberes, conduzido nos EUA, encontrou 
uma prevalência estimada de 0,1% de hipomania e nenhum caso de mania em 
crianças entre 9 e 13 anos de idade. Em adolescentes a prevalência é de cerca 
de 1%. 
 
 
 
10 
Durante o processo de avaliação e de diagnóstico do transtorno bipolar, 
a história clínica fornecida por uma detalhada anamnese permanece como 
principal instrumento diagnóstico. É indispensável a investigação ativa acerca da 
episodicidade dos sintomas: “É possível determinar quando os sintomas 
começaram?” “Têm havido alterações comportamentais significantes 
relacionadas ao comportamento basal da criança?” “As alterações ocorreram em 
resposta a algum evento?” “É possível distinguir claramente um episódio de 
humor e seus sintomas associados?”. No caso de episodicidade confirmada, 
uma apropriada avaliação para transtorno bipolar deve ser realizada. Do 
contrário, se a irritabilidade é considerada crônica, a investigação clínica deve 
direcionar-se a diagnósticos baseados na desregulação emocional38, dentre 
eles DMDD. Além disso, a investigação da episodicidade dos sintomas da 
apresentação é útil na diferenciação entre transtorno bipolar e TDAH, já que o 
último tem curso crônico e aparecimento precoce. O diagnóstico diferencial com 
TDAH é fundamental, já que o tratamento varia. Lembrando que indivíduos com 
TDAH frequentemente apresentam irritabilidade e labilidade emocional como 
parte do quadro clínico, que não configura transtorno bipolar. 
Outro aspecto a ser considerado se refere à depressão como primeiro 
sintoma na manifestação do transtorno bipolar. Quanto mais cedo ocorre a 
depressão, maior a chance da ocorrência de episódios de mania subsequentes. 
Alguns autores acreditam que 20 a 30% dos casos de depressão de início 
precoce desenvolverão episódios de mania, e outros sugerem que grande parte 
das crianças deprimidas evolui para transtorno bipolar. Deve-se estar atento a 
alguns sinais depressivos que são considerados preditivos e de risco para 
subsequentes episódios de mania em crianças e adolescentes: início muito 
precoce (<13 anos), alternância de retardo psicomotor com agitação, presença 
de sintomas psicóticos e, principalmente, história familiar positiva de transtorno 
bipolar. 
Uma vez realizado o diagnóstico de transtorno bipolar, o tratamento 
farmacológico é mandatório na população pediátrica tanto para manejo da fase 
aguda quanto para a prevenção de recorrências. Em crianças e adolescentes, o 
FDA aprova o uso de Aripiprazol, Quetiapina, Risperidona e Lítio, enquanto 
Olanzapina é aprovada somente para adolescentes. Antipsicóticos atípicos tem 
melhor eficácia e tolerabilidade quando comparados com anticonvulsivantes e 
 
 
 
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com o Lítio (tamanho de efeito de antipsicóticos atípicos 0.65, CI 0.53 to 0.78 vs. 
anticonvulsivantes e Lítio 0.24, 95% CI 0.06 to 0.41). Não há drogas aprovadas 
pelo FDA para depressão bipolar em crianças e adolescentes. As usadas na 
depressão bipolar adulta são comumente usadas para essa faixa etária. 
Quetiapina parece ser uma boa alternativa para adolescentes. Lítio e 
Lamotrigina são alternativas, e o tratamento adjunto com Inibidores Seletivos da 
Recaptação de Serotonina (ISRS) pode ser considerado com cautela. 
Além do tratamento farmacológico, os estudos têm mostrado resultados 
positivos na terapia cognitivo-comportamental para redução dos sintomas na 
depressão bipolar. Outras intervenções eficazes se relacionam à psicoeducação 
para pais e crianças e à terapia de família. 
A ligação entre agressividade e dinâmica familiar negativa segue uma via 
bidirecional bem documentada. O relacionamento da família é afetado quando a 
criança exibe comportamentos agressivos, assim como a comunicação familiar 
empobrecida pode aumentar a sintomatologia da criança. Por essa razão, a 
participação da família no tratamento é importante ferramenta a ser considerada. 
O ambiente familiar de crianças e de adolescentes com transtorno bipolar é 
caracterizado por maior conflito e hostilidade, por menor cordialidade, coesão e 
adaptabilidade que o ambiente familiar de adolescentes saudáveis. A 
agressividade contribui para uma pior qualidade do funcionamento familiar; logo, 
a intervenção em comportamentos agressivos pode contribuir para a 
estabilização tanto dos pacientes quanto dos pais. 
Tem-se observado que os transtornos do humor na infância e na 
adolescência têm recebido maior atenção nas últimas décadas com o 
progressivo reconhecimento dos transtornos mentais como processos que 
ocorrem ao longo do desenvolvimento. O reconhecimento adequado de 
alterações do humor em etapas precoces do desenvolvimento beneficia não 
apenas os pacientes, mas também suas famílias, uma vez que o tratamento de 
crianças e adolescentes abrange aspectos escolares, sociais e familiares. 
Acreditamos, portanto, que a abordagem terapêutica ampla propicie uma 
melhor qualidade de vida a todos os envolvidos no processo, com redução dos 
prejuízos atuais e prevenção de danos posteriores. 
 
 
 
 
 
12 
Transtornos de Ansiedade (TA) 
 
O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 4ª. Edição 
Revisada (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, 
Text Revision - DSM-IV-TR) classifica os transtornos primários de ansiedade em: 
Transtorno do Pânico, Fobias Específicas, Transtorno de Ansiedade Social ou 
Fobia Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno 
Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) 
e Transtorno de Estresse Agudo. O Transtorno de Ansiedade de Separação, 
classificado dentro da seção de transtornos primariamente diagnosticados na 
infância, também faz parte do grupo dos transtornos de ansiedade. Embora o 
TOC e TEPT sejam classificados dentro do grupo de transtornos de ansiedade 
na classificação diagnóstica atual, alguns autores defendem outros 
agrupamentos, tendo em vista que tanto um como outro apresentam 
especificidades importantes no que se refere às bases biológicas e ao 
tratamento (Hollander et al., 2008, Resick and Miller, 2009). 
Poucos estudos se dedicaram a estudar diferenças dentre os transtornos 
de ansiedade. Embora uma boa parte dos pesquisadores acredite que esses 
transtornos compartilhem fatores etiológicos comuns, tanto genéticos quanto 
ambientais, é também consenso de que há diferenças do ponto de vista 
fisiopatológico entre eles. A elucidação dos mecanismos compartilhados e 
comuns entre os transtornos de ansiedade é também uma área de interesse para 
pesquisas futuras. 
Estudos prospectivos demonstraram que cerca de 90% dos casos de 
transtornos de ansiedade na idade adulta já preenchiam critérios na infância e 
adolescência (Kim-Cohen et al., 2003). Alguns autores associam características 
de inibição do comportamento já aos quatro meses de idade a sintomas de 
ansiedade na infância, indicando que as manifestações clínicas podem ser 
realmente muito precoces (Kagan et al., 1999). Há que se considerar ainda que 
tanto uma continuidade homotípica (p.ex., um transtorno ansioso na infância 
preceder um transtorno ansioso na vida adulta) quanto uma comorbidade 
sequencial (p.ex. um transtorno ansioso na infância preceder depressão
ou 
 
 
 
13 
abuso de álcool na vida adulta) são frequentes nos casos de ansiedade na 
infância (Kim-Cohen et al., 2003). 
Sugere-se que as trajetórias de desenvolvimento anormais para os 
transtornos de ansiedade envolvam ações precoces de genes e ambiente 
resultando na desregulação de circuitos cerebrais que influenciam o 
processamento de estímulos aversivos. Embora alguns processos anormais 
estejam descritos, um deles merece uma maior atenção neste projeto: o viés 
atencional para ameaças e recompensas. 
O limiar para um indivíduo com transtorno de ansiedade para ter sua 
atenção capturada por estímulo moderadamente aversivos no ambiente é menor 
do que para indivíduos sem transtornos de ansiedade. Por essa razão, podemos 
dizer que a atenção de indivíduos com transtornos de ansiedade está enviesada 
para estímulos ameaçadores no ambiente. O paradigma que utilizamos para 
avaliação desse processo mental chama-se “dot-probe” (Mogg et al., 1997). 
Esse processo mental é um dos principais candidatos para avaliação dos seus 
componentes biológicos (com a investigação dos paradigmas com neuroimagem 
funcional e de genética). A importância deste paradigma está no fato de que 
estudos recentes mostraram que tarefas cognitivas com o intuito de modificar 
esses vieses (treinamento atencional), são capazes de melhorar sintomas de 
ansiedade, oportunizando uma nova forma de tratamento para transtornos de 
ansiedade na infância e adolescência. No entanto, os mecanismos biológicos e 
as indicações terapêuticas (isto é, quem pode se beneficiar do tratamento), ainda 
não estão claras (Hakamata et al., 2010). 
Estudos mostram que duas regiões cerebrais estão mais envolvidas 
nesse processo mental: a amígdala cerebral e o córtex pré-frontal, 
principalmente a expansão ventral. Especula-se que disfunções nesse circuito 
sejam responsáveis por reações anormais de ansiedade e caracterizem os 
transtornos de ansiedade na infância e adolescência (Monk et al., 2006). Estudos 
nessa área visam estudar fenômenos como o medo condicionado, isto é, um 
processo pelo qual uma associação é formada entre um estímulo neutro, como 
uma luz ou um som e um estímulo aversivo, como um choque elétrico (Pine, 
2007). Estes estudos também apontam para um importante papel da amígdala 
e algumas regiões do córtex pré-frontal, assim como para o striatum e o cíngulo 
anterior (Pine, 2007). 
 
 
 
14 
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) 
 
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é atualmente 
classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento. Ele é caracterizado 
pela presença de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Apresenta três 
subtipos principais: 
(1) Predominantemente Desatento; 
(2) Predominantemente Hiperativo/Impulsivo; 
(3) Subtipo Combinado. Assim como os TA e como qualquer outro 
transtorno psiquiátrico, o TDAH é resultado de interações complexas entre genes 
e ambiente. No entanto, como há uma concordância muito maior para os 
sintomas dos transtorno entre gêmeos monozigóticos do que em dizigóticos 
(estimativa de herdabilidade), estima-se que esse transtorno tem um 
componente genético bastante importante, sendo que cerca de 60% da 
variabilidade de sintomas desse transtorno pode ser explicada por fatores 
genéticos (Larsson et al., 2012). 
A prevalência do TDAH é bastante elevada, sendo um dos transtornos 
psiquiátricos mais prevalentes na infância e adolescência, com taxas de 
prevalência de aproximadamente 5% ao redor do mundo (Polanczyk et al., 
2007). Além disso, uma boa parte dos pacientes persiste com sintomas mesmo 
na vida adulta. 
No que se refere à neuropsicologia, diversas teorias acerca dos 
processos mentais envolvidos no TDAH foram elaboradas. A teoria mais 
difundida é a de um déficit único no controle inibitório, isto é, pacientes com 
TDAH teriam dificuldade de inibir uma ação quando há uma forte tendência para 
executá-la (Barkley, 1997). No entanto, uma série de outros estudos 
encontraram déficits em outros domínios das funções mentais, como déficits 
motivacionais, representados pelo conceito de delay aversion (aversão à espera) 
(Sonuga-Barke, 2005) e até mesmo em outros processamentos básicos como o 
processamento temporal (Castellanos et al., 2006) e oscilação entre 
mecanismos neurais relacionados a funções ativas e estados de conectividade 
intrínseca (Castellanos and Proal, 2012, Castellanos et al., 2005, Sonuga-Barke 
and Castellanos, 2007). Outros modelos mais complexos, como o modelo 
 
 
 
15 
cognitivo-energético, são de especial importância (Sergeant, 2000), pois 
fornecem alternativas de integração de diversas dessas dimensões. Este modelo 
propõe que a eficiência do processamento de informações é determinada pela 
interação entre mecanismos computacionais da atenção, fatores de estado ou 
“pools” energéticos (“arousal”, ativação e “effort”) e um controle executivo. No 
entanto, uma série de questões ainda permanecem em aberto no TDAH, 
especialmente a especificidade desses achados e a relevância clínica da 
qualificação desses déficits. 
Do ponto de vista da neuroimagem, Shaw e colaboradores (2007) 
destacaram a importância do acompanhamento do desenvolvimento da doença 
para uma melhor compreensão do processo psicopatológico. Os autores 
conduziram um estudo longitudinal com ressonância magnética estrutural em 
crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em 
comparação com controles normais. Eles utilizaram a espessura cortical como 
uma medida de maturação cerebral e descreveram que as crianças com TDAH 
atingiram o pico de sua espessura cortical, em média, três anos após os 
controles (Shaw et al., 2007). Mais do que isso, seus resultados evidenciaram 
que, ao invés de um desvio do desenvolvimento típico, o TDAH reflete um atraso 
em processos de maturação. Portanto, para descobrir a origem das doenças 
mentais, pesquisadores precisarão entender a inter-relação de fatores genéticos 
e ambientais em fases específicas do desenvolvimento, seu impacto no 
desenvolvimento cerebral e, por fim, a progressão fenotípica resultante desta 
complexa interação (Kieling et al., 2008). Vale ressaltar que a visão dos 
transtornos mentais como transtornos do desenvolvimento não se restringe 
àqueles transtornos que se manifestam claramente já a partir da infância e da 
adolescência. 
A justificativa para esta tese está no fato de que a maioria dos transtornos 
mentais tem rotas na infância e um curso crônico ao longo da vida. Por essa 
razão, o estudo da fisiopatologia dos transtornos mentais na infância é 
primordial. Este conhecimento pode representar um avanço importante para 
entender a complexa relação entre os diversos fatores de risco e psicopatologia. 
Desta forma, a combinação das neurociências à clínica psiquiátrica apresenta-
se como uma alternativa promissora de avançar o conhecimento nessa área e, 
 
 
 
16 
em longo prazo, podem ser determinantes para o desenvolvimento de 
estratégias claras de prevenção de acordo com o modelo médico. 
 
Crianças e adolescentes com deficiência mental e/ou 
transtorno mental 
 
Desde que começamos a nos debruçar sobre a temática da infância e da 
adolescência com deficiência e/ou transtorno mental no que se refere à garantia 
do direito à convivência familiar, um grande desafio vem permeando nossos 
estudos: de caracterizar a população a qual nos referimos. Os diagnósticos 
clínicos, embora forneçam pistas valiosas, ao menos aos olhos mais treinados 
de técnicos, ainda assim não são suficientes para darem conta da complexidade 
envolvida nessa difícil, porém necessária tarefa de situarmos quem são as 
crianças e os adolescentes que se constituem enquanto foco de nosso estudo. 
O desafio, que em parte é teórico-conceitual e também clínico, reside (1.) 
no fato de que a conceituação do que vem a ser deficiência mental
e/ou 
transtorno mental não é dada a priori, de modo que pode oscilar em função do 
alcance que se pretende ter e da intenção com a qual se pretende fazer uso de 
um ou outro termo e (2.) nas muitas maneiras pelas quais a deficiência mental 
e/ou o transtorno mental podem incidir sobre crianças e adolescentes e suas 
famílias e serem por estes apropriados e vivenciados. 
Independente da categoria na qual foram agrupados e da forma como 
eles próprios puderam lidar com o que lhes acometia, o fato é que crianças e 
adolescentes com deficiência mental e/ou transtorno mental permaneceram 
“invisíveis” ao longo do tempo. Deste modo, esquecidos em instituições de cunho 
asilar, comumente ligadas à perspectiva filantrópica, ou mesmo escondidos no 
seio de suas famílias, essas crianças e esses adolescentes ficaram inclusive fora 
do foco de preocupações das políticas públicas, o que também reforçou o 
desconhecimento que recai ainda hoje sobre eles. Quem e quantos são? Como 
vivem? Onde estão? O que se entende aqui por deficiência mental e/ou 
transtorno mental em crianças e adolescentes? 
Partimos do pressuposto de que a especificidade da deficiência mental 
e/ou do transtorno mental em crianças e adolescentes traz peculiaridades em 
 
 
 
17 
relação à garantia do direito à convivência familiar. Sendo assim, o presente 
capítulo reflete nosso esforço de aproximar o olhar sobre esse grupo, permitindo, 
com isso, que possamos apurar nossa visão em relação a essas crianças e 
esses adolescentes, para que, então, possamos discutir sobre as dificuldades 
em garantir que eles vivam com suas famílias. 
 
Dimensionando a deficiência mental e/ou o transtorno 
mental em crianças e adolescentes 
 
 É fato que houve um avanço nos últimos anos no sentido de dimensionar 
a deficiência e/ou o transtorno mental em crianças e adolescentes. Apesar disso, 
os números que se têm ainda estão longe de poderem fornecer um panorama 
satisfatório a respeito dessa população. Isto porque, além de serem escassas e 
muito gerais, as informações produzidas por esses números parecem em parte 
ainda refletir e reproduzir as confusões inerentes à definição e à diferenciação 
conceitual de transtorno mental e deficiência mental, conforme veremos adiante. 
Segundo a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com 
Deficiência26, as primeiras pesquisas demográficas que contemplaram a 
temática do que hoje nomeamos deficiência datam do ano de 1872 e nesta 
época restringiram-se a investigar um conjunto específico de defeitos corporais. 
Foi no Censo de 1920 que se incluiu a categoria deficiência mental como 
também foco de mensuração, assim permanecendo até o Censo de 1940. A 
partir de então os dados acerca da população com deficiência deixaram de ser 
coletados, o que se justificou pela grande dificuldade de se recolher informações 
precisas sobre a deficiência, na época chamada de idiotismo, cretinismo ou 
mesmo alienação mental. 
 Foi a partir da década de 1980 que a deficiência voltou a ser incluída nas 
pesquisas domiciliares27 no Brasil, o que foi também motivado pelo aumento de 
movimentos organizados em prol da garantia dos direitos das pessoas com 
deficiência, dando visibilidade a este grupo e às questões por eles suscitadas. 
No âmbito das conquistas obtidas pelas lutas encampadas pelos movimentos 
organizados, vale mencionar a promulgação da Lei No. 7853, de 24 de outubro 
de 1989, a primeira legislação brasileira voltada especificamente para a temática 
 
 
 
18 
da deficiência. Dentre as várias normas gerais elencadas por esta lei visando à 
garantia dos direitos, assim como a efetiva integração social das pessoas com 
deficiência, é pertinente mencionarmos aqui o seu artigo 17. Nele ficou 
estabelecido que o censo de 199028, bem como os que se seguissem a ele, 
deveriam incluir questões referentes à problemática da pessoa com deficiência, 
no intuito de se obter um dimensionamento desta em âmbito nacional. 
É importante dizer, contudo, que o próprio texto da Lei 7853/89 não 
especifica o que se entende por pessoas com deficiência e nem delimita os tipos 
de deficiência existentes, o que só foi feito onze anos mais tarde, no Decreto No. 
3298, de 20 de dezembro de 1999, o qual regulamenta a Lei 7853/89. 
Independente da clareza em relação ao público para o qual se destina, o fato da 
referida lei ter estabelecido a obrigatoriedade da inclusão em Censos nacionais 
de temáticas referentes às pessoas com deficiência, se constituiu enquanto um 
importante avanço, já que este tipo de informação é fundamental para subsidiar 
a formulação de políticas públicas voltadas a essa população específica. 
O Censo de 1991 apontou que a incidência da deficiência em geral na 
população brasileira era de 1,4%. Vale explicar que este Censo agrupou as 
deficiências pesquisadas em apenas dois tipos - mental e física. Os dados 
oficiais mais recentes de que dispomos29, relativos a um mapeamento global da 
população brasileira e que incluem a deficiência, são aqueles encontrados no 
Censo realizado no ano de 2000. Esta nova contagem populacional mostrou que 
dentro do universo de quase 170 milhões de pessoas mapeadas pelo Censo, 
24,6 milhões apresentavam algum tipo de deficiência, o que representava 14,5% 
da população. O aumento de 13,1 pontos percentuais no número de pessoas 
com deficiência em comparação ao apontado pelo Censo de 1991 chama 
atenção e, na verdade, é explicado pelas mudanças ocorridas nos critérios de 
delimitação do que é ou não considerado deficiência. 
Desse modo, enquanto o Censo de 1991 tomou como base um conceito 
mais estreito de deficiência, o Censo de 2000 ampliou este conceito. Seguindo 
orientações internacionais, as questões formuladas pelo Censo 2000 para 
pesquisar sobre a deficiência privilegiaram, portanto, a avaliação das 
incapacidades para se definir, então, as deficiências de acordo com o quanto 
elas interferiam nas condições físicas e mentais das pessoas entrevistadas. Vale 
dizer que as questões incluídas no Censo foram definidas em parceria com a 
 
 
 
19 
então Corde30 – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência, do Ministério da Justiça e estão afinadas com a Classificação 
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, que integra a família de 
classificações desenvolvidas pela OMS, já mencionada no item 2.1 do presente 
estudo. (IBGE, 2003) 
É interessante depreendermos do texto que expõe os resultados do 
Censo 2000, que a proporção percentual de pessoas com deficiência varia muito 
de um país para outro, o que se dá justamente em função dos critérios escolhidos 
por cada região para definir o conceito de deficiência. Assim, é possível vermos 
que, por exemplo, enquanto no Brasil o Censo apontou para a existência de 
14,5% da população como tendo algum tipo de deficiência no ano de 2000, no 
México o percentual encontrado para o mesmo ano foi de apenas 2,31% da 
população. Isso torna premente a adoção, por parte dos diversos países, de 
sistemas e critérios de classificação compatíveis, a fim de permitir a comparação 
dos dados. 
A temática da deficiência foi abordada no Censo de 2000 através de cinco 
questões, as quais englobavam cinco tipos de deficiência: mental, física, motora, 
auditiva e visual. Com exceção da deficiência mental, na qual se investigou 
apenas a existência de deficiência mental permanente, para os outros quatro 
tipos foi considerado também o grau de incapacidade provocado pela 
deficiência, o qual se dividiu em: incapaz; com grande dificuldade; com alguma 
dificuldade permanente; sem nenhuma dificuldade. 
Cabe esclarecer que, de acordo com os critérios adotados, as perguntas 
do Censo 2000 tinham maior interesse em saber da capacidade de determinado 
sujeito que apresenta uma alteração de uma estrutura ou função corporal, de 
realizar suas atividades e estabelece gradações para
esta capacidade. Parte-se 
de uma compreensão social31 de que a deficiência seria fruto da interação entre 
o sujeito que apresenta determinado comprometimento de estrutura ou função 
do corpo e o meio, o qual estará ou não preparado para lidar com esta 
dificuldade. 
Assim, por exemplo, em relação à deficiência visual, a pergunta do Censo 
foi: “Como avalia a sua capacidade de enxergar?” (IBGE, 2003, anexo). 
Orientando o respondente de que ele deveria fazer sua avaliação 
considerando a correção através de óculos ou lentes de contato, o entrevistado 
 
 
 
20 
deveria avaliar se ele próprio se dizia “incapaz”; “com grande dificuldade”; “com 
alguma dificuldade” ou se apresentava “nenhuma dificuldade” de enxergar. 
Apenas se o entrevistado se considerou como possuindo “nenhuma dificuldade” 
de enxergar é que ele não foi incluído na contagem de pessoas que 
apresentavam uma deficiência visual, de modo que se ele respondeu qualquer 
uma das outras três respostas possíveis, ele passou a integrar este grupo de 
pessoas com deficiência visual no Censo. É importante observar que apenas 
para a deficiência mental as possibilidades de resposta não contemplaram tal 
gradação de dificuldade, o que nos parece se justificar no fato de que em relação 
à deficiência mental o respondente foi interrogado diretamente se havia alguma 
deficiência mental que limitasse suas atividades. 
A deficiência mental, a propósito, interesse maior do presente estudo, foi 
definida no Censo de 2000 como: 
retardamento mental resultante de lesão ou síndrome irreversível, que se 
caracteriza por dificuldades ou limitações intelectuais associadas a duas ou mais 
áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, 
autodeterminação, cuidados com saúde e segurança, aprendizagem, lazer, 
trabalho, etc. (IBGE, 2003, p. 29, grifos nossos) 
Uma importante observação deve ser aqui acrescentada, a de que, 
segundo o IBGE, não foram consideradas como deficiência mental “as 
perturbações ou doenças mentais como autismo, neurose, esquizofrenia e 
psicose” (IBGE, 2003, p. 29; IBGE, 2000, p. 100), as quais, vale frisar, 
comumente são identificadas como transtorno mental. Dessa forma, para fins de 
investigação do Censo, a deficiência mental, ao menos nos critérios adotados, 
ficou reduzida ao que se denominou retardamento mental, conforme apontado 
inclusive na definição de deficiência mental considerada no Censo, acima 
transcrita, e exclui o transtorno mental a partir da explicitação dos diagnósticos 
desconsiderados. 
Esta informação suscita uma série de questionamentos em relação à 
confiabilidade dos números produzidos no que diz respeito à possibilidade de 
refletirem exclusivamente a realidade das pessoas com deficiência mental. Isto 
porque, para tal, seria necessário que o recenseador e/ou o informante do 
Censo, a nosso ver, pudessem distinguir com clareza a deficiência mental (no 
Censo tomada enquanto retardamento mental), das outras classificações 
 
 
 
21 
diagnósticas que não deveriam ser consideradas como deficiência mental 
(autismo, neurose, esquizofrenia, psicose), geralmente entendidas como 
transtorno mental. 
A fim de compreendermos de que maneira a delimitação da deficiência 
mental enquanto retardamento mental foi passada para os recenseadores e, 
portanto, contemplada na etapa de coleta de dados do Censo 2000, recorremos 
ao manual que orientou o treinamento dos profissionais que trabalharam nesta 
fase. Como já era de se esperar, o referido manual pouco ajuda na tarefa de 
desfazer as confusões conceituais. 
A pergunta do Censo que contemplou a temática da deficiência mental é: 
“Tem alguma deficiência mental permanente que limite as suas atividades 
habituais? (Como trabalhar, ir à escola, brincar, etc.)” (IBGE, 2003, p. 145) O 
manual orientou apenas que os recenseadores lessem para o entrevistado esta 
pergunta e as opções de resposta (sim ou não) e marcassem a quadrícula 
correspondente à resposta fornecida, sem nenhuma interpretação pessoal. Uma 
única nota parece tentar, de alguma forma, orientar a delimitação do que foi 
considerado deficiência mental. Ela diz assim: “Em geral, a deficiência mental se 
manifesta na infância ou até os dezoito anos de idade” (IBGE, 2000, p. 101). No 
entanto, este esclarecimento pouco contribui para a diferenciação entre o que 
vem a ser deficiência mental no Censo e os demais diagnósticos que ele orienta 
não considerar, já que muitos desses diagnósticos podem ter início, ou mesmo 
costumam ter início, na infância, como o autismo, por exemplo. Além disso, 
mesmo que o recenseador tivesse recebido capacitação suficiente para 
conseguir realizar esta distinção diagnóstica, ainda assim não poderia fazê-lo, já 
que devia, como já dissemos, apenas ler a pergunta e marcar a resposta dada 
pelo informante, sem fazer nenhuma interpretação. 
Desse modo, a distinção a qual estamos nos referindo ficou 
completamente a cargo do informante, o qual só teria condição de fazê-la caso 
possuísse conhecimentos teórico-clínicos para tal, o que corresponde à minoria 
da população. Contudo, vale mencionar que o questionário também não 
forneceu esclarecimento algum ao informante acerca do que estava 
considerando como deficiência mental. A própria pergunta do Censo, abrangente 
e vaga, parece, portanto, não permitir que o informante pudesse considerar as 
 
 
 
22 
distinções conceituais que o Censo diz terem sido consideradas, mesmo que o 
informante tivesse capacidade de fazê-lo. 
Ora, apesar do Censo afirmar que alguns diagnósticos não estavam 
incluídos na pergunta sobre deficiência mental, todas essas observações feitas 
acima nos permitem supor que muito provavelmente os números encontrados 
refletem uma realidade que não se reduz à perspectiva que toma a deficiência 
metal enquanto retardamento mental, mas englobam também vários outros 
diagnósticos, os quais, vale dizer, referem-se ao transtorno mental. O Censo é 
claro ao dizer que partiu da perspectiva que privilegia a incapacidade e a 
funcionalidade em detrimento da classificação diagnóstica, mas é contraditório 
ao afirmar que a deficiência mental foi pesquisada no Censo apenas como 
retardamento mental permanente, de modo que outros diagnósticos foram 
deixados de fora. 
Diante da metodologia adotada, que se baseou completamente na 
resposta dada pelo informante, sem nenhum juízo de valor por parte do 
recenseador, somado ao fato do informante não ter sido orientado em relação 
ao recorte que reduz deficiência a retardamento mental permanente, não nos 
parece possível que o Censo tenha condições de afirmar que tal recorte, de fato, 
se deu.32 Assim, parece-nos plausível supor que os números encontrados pelo 
Censo 2000 refletem uma população bem maior do que aquela que apresenta 
uma deficiência mental conforme definida pelo Censo, e que, portanto, muito 
provavelmente incluem também outros diagnósticos comumente identificados 
como transtorno mental. O que queremos dizer com isso é que, embora o Censo 
afirme que teve como foco exclusivo a deficiência mental desconsiderando o 
transtorno mental, a nosso ver, parece possível supormos que o transtorno 
mental também esteja de certa forma incluído nos dados divulgados, dada a 
forma frouxa com que as definições conceituais foram passadas aos 
respondentes do Censo. 
Contextualizada a discussão acerca dos parâmetros de definição da 
deficiência mental no Censo e dos problemas inerentes a isto identificados por 
nós, passemos finalmente aos números divulgados pelo Censo 2000, com um 
recorte específico para a deficiência mental na faixa etária que corresponde à 
infância e à adolescência, quando pertinente. Sempre que possível também 
apresentaremos informações referentes ao Estado do Rio de Janeiro, local onde 
 
 
 
23 
foram feitas as duas pesquisas do CIESPI que dialogam com a presente 
dissertação. 
Do total
de 24,6 milhões de pessoas (14,5%) que apresentavam, em 
2000, pelo menos uma das deficiências enumeradas (mental, física, visual, 
auditiva e motora), 2,8 milhões se declararam ou foram declaradas como tendo 
uma deficiência mental permanente, o que correspondia a 1,7% da população 
total. No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, em 2000 contávamos com uma 
população composta por 14 milhões de habitantes, dos quais 2,1 milhões 
(14,8%) foram identificados como tendo pelo menos uma das deficiências 
enumeradas, de modo que a proporção guarda equivalência com aquela 
encontrada em âmbito nacional. Ainda no Rio de Janeiro, 254.445 pessoas 
foram declaradas ou se declararam como tendo uma deficiência mental 
permanente, o que representava 1,8% da população total do Estado, estando 
este número também proporcional com o encontrado para o Brasil. (IBGE, 2003) 
De um modo geral as informações fornecidas pelo IBGE pelas tabulações 
feitas sobre a deficiência, são muito amplas e, na grande maioria das vezes, não 
nos permitem observar como determinado item se apresenta especificamente 
para a deficiência mental ou mesmo para o recorte de idade da infância e da 
adolescência, que é o que nos interessa aqui. Em função disso, nos valeremos 
de um valioso trabalho realizado pelo CIESPI e publicado recentemente33, no 
qual foram feitas novas tabulações com foco na deficiência mental em crianças 
e adolescentes no Brasil, a partir das informações coletadas pelo Censo 2000. 
Em 2000, portanto, havia 617.880 crianças e adolescentes com 
deficiência mental34 no Brasil, o que correspondia a 1% da população total de 
crianças e adolescentes naquele ano. É interessante notar que a deficiência 
mental, dentre os outros tipos, era a que apresentava maior prevalência entre 
crianças e adolescentes, já que os outros tipos de incapacidade correspondiam 
a 0,6% do universo de crianças e adolescentes no Brasil, o que equivalia a 
325.706 pessoas. É importante ver também como a incidência de deficiência 
mental em crianças e adolescentes aumentava proporcionalmente ao aumento 
da idade. Deste modo, enquanto que apenas 0,6% das crianças de 0 a 3 anos 
apresentavam deficiência mental, esse percentual mais que dobrava quando 
focamos na faixa etária de 15 a 17 anos, para a qual encontramos a incidência 
de deficiência mental em 1,3% dos adolescentes. Este aumento pode ser 
 
 
 
24 
explicado tanto pela dificuldade de se identificar a incidência de algum problema 
mental em crianças pequenas, como também pelo fato de que muitos destes 
problemas irrompem a partir da adolescência. (Rizzini e Menezes, 2010) 
Em relação à cor, não foram encontradas diferenças significativas entre 
crianças e adolescentes com ou sem deficiência mental, de modo que a 
proporção era equivalente. Já em relação ao sexo, observou-se que a deficiência 
mental era mais comum em meninos – 57,8% para aqueles que apresentavam 
apenas deficiência mental e 56,5 para os que tinham deficiência mental 
associada a outra deficiência – do que em meninas. (ibid.) Não sabemos 
exatamente o que justifica esta diferença entre sexos no que se refere aos 
números encontrados pelo Censo 2000. Contudo, estudos apontam que elas são 
frequentemente observadas. 
Em artigo35 publicado em 2004 pela Sociedade Brasileira de Pediatria 
sobre retardo mental, foi mencionado que é consenso de que o retardo mental é 
mais comum no sexo masculino do que no feminino, com proporções que variam 
de 1,3 a 1,9 para 1. Além disso, cabe ainda dizer que em outros transtornos 
mentais abarcados pela CID-10, que são mais comuns na infância e algumas 
vezes coexistem com o diagnóstico de retardo mental, também se observa esta 
diferença entre sexos. Um bom exemplo está no autismo, que, lembremos, 
integra o grupo dos Transtornos do Desenvolvimento Psicológico36 da CID-10. 
Segundo artigo37 publicado em 2009, a proporção de autismo em meninos e 
meninas pode chegar a até 4:1, respectivamente. No entanto, esta proporção 
tende a diminuir - embora continue existindo - em casos em que se compara 
meninos e meninas com comprometimentos intelectuais mais severos, ou seja, 
com retardo mental mais grave, de modo que nestas condições a proporção 
encontrada é de 1,3 casos de meninos para cada 1 caso de menina. 
Além de indicadores mais gerais, as tabulações feitas pelo CIESPI 
também nos oferecem informações sobre a escolarização de crianças e 
adolescentes com e sem deficiência. Chama atenção a grande diferença tanto 
no que diz respeito à frequência quanto ao acesso de crianças e adolescentes 
com deficiência em relação àqueles que não possuem algum tipo de dificuldade. 
Assim, vemos que, em relação à frequência à escola, tomando como base, por 
exemplo, a faixa etária de 7 a 14 anos, que corresponde ao ensino fundamental, 
94,9% das crianças e dos adolescentes que não possuem deficiência 
 
 
 
25 
frequentavam a escola em 2000. Este percentual caia para 72,7% entre crianças 
e adolescentes que apresentam apenas deficiência mental. É quando focamos 
nas crianças e nos adolescentes que apresentavam uma deficiência mental 
associada a outra deficiência que essas diferenças se acirravam ainda mais, já 
que para a mesma faixa etária de 7 a 14 anos, registrava-se que apenas 31,2% 
destas crianças e destes adolescentes estavam inseridos no sistema formal de 
ensino. 
Cabe acrescentar ainda que, dentre as crianças e os adolescentes que, 
na época o Censo 2000, não frequentavam a escola, verificou-se que grande 
parte deles nunca havia frequentado, com percentuais que correspondiam a 
71,6% para os que apresentam apenas deficiência mental e 92% para as 
crianças e os adolescentes que, além da deficiência mental, apresentavam 
outros comprometimentos. Todas essas informações acerca da (não) inserção 
no ambiente escolar chamam a atenção e podem ser explicadas tanto pela 
dificuldade das escolas em se adequarem para receber estas pessoas que 
apresentam demandas diferenciadas, como também das dificuldades da família 
em garantir o acesso continuado de seus filhos ao ambiente escolar. 
No que diz respeito mais especificamente ao recorte do transtorno mental 
propriamente dito, não encontramos estudos que apontem a prevalência deste 
no Brasil. Contudo, segundo a Organização Mundial de Saúde, pesquisas feitas 
em países desenvolvidos e em desenvolvimento apontaram para o fato de que, 
durante a vida, em torno de 25% das pessoas apresentam algum tipo de 
transtorno mental, levando em consideração todos aqueles tipos reunidos no 
capítulo V38 da CID-10. Em relação especificamente à prevalência de 
transtornos mentais em crianças e adolescentes a OMS (2001) apresenta cifras 
que variam entre 10 e 20%. No entanto, a OMS problematiza que estes 
percentuais tão elevados de morbidez em crianças e adolescentes devem ser 
relativizados. Isso porque, como a infância e a adolescência são períodos de 
desenvolvimento, pode ser difícil se estabelecer o limite entre o que diz respeito 
ao desenvolvimento normal e o que se refere propriamente a uma 
“anormalidade”. Em relação à prevalência geral de retardo mental - tomado aqui 
enquanto deficiência mental - o estudo divulgado pela OMS apontou que ela 
varia entre 1 e 3%, estando esta proporção de acordo com os números 
apontados pelo Censo 2000. Segundo a OMS, o retardo mental costuma ter 
 
 
 
26 
maior incidência em países em desenvolvimento, o que se justifica “devido a uma 
incidência maior de lesões e anóxia no recém-nascido e de infecções cerebrais 
na primeira infância”. (ibid., p. 34) 
 
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