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1 EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE PÚBLICA 1 Sumário Epidemiologia Aplicada à Saúde Pública ................................................................................... 3 Modelos de atenção à saúde no Brasil .......................................................................................... 4 Transição epidemiológica no Brasil ................................................................................... 7 Sistemas de Informação em Epidemiologia ................................................................................. 21 Sistema de Informações de Nascidos Vivos – SINASC ................................................... 21 Sistema de Informações de Mortalidade – SIM ................................................................ 23 Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SI PNI .......................... 25 Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN ........................................... 26 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – SISAGUA ........................................................................................................................ 27 Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue – SisPNCD ............................... 28 Sistema de Informação em Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN ......................... 29 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Epidemiologia Aplicada à Saúde Pública A epidemiologia é definida como “o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde”. Assim, trata-se de uma disciplina fundamental no campo da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações (sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos etc.). Sua abordagem voltada a populações a difere da clínica, que estuda o mesmo processo, entretanto, em indivíduos. O conceito de epidemiologia evidencia sua abrangência e possibilidades de uso na saúde pública, sobretudo, no que se refere ao seu papel no desenvolvimento de estratégias de promoção e proteção à saúde, sendo fundamental para a formulação de políticas de saúde. Nesse contexto, a epidemiologia não é apenas uma disciplina teórica, mas também essencialmente prática. Sobre essas duas fases da epidemiologia e suas consequências, Barreto (2002, p.6) comenta: A Epidemiologia tem como principais objetivos descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde das populações humanas, proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, 4 controle e tratamento das doenças, e estabelecer prioridades, identificar fatores etiológicos no início das doenças. A epidemiologia trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou doença) da população. Modelos de atenção à saúde no Brasil Um sistema de serviço de saúde é formado por componentes e funções principais, entre eles: infraestrutura, organização, gestão, financiamento e prestação da atenção. Para o componente prestação da atenção, englobam-se as noções do modelo de atenção à saúde, incluindo-se o cuidado e a assistência; à intervenção; às ações ou às práticas de saúde. O debate sobre os modelos de atenção existentes, sobretudo a análise sobre a conservação, mudanças ou transformações de tais modelos, tem sido marcado pela crítica e redefinição de ideias oriundas de movimentos internacionais de reforma dos sistemas de saúde. Essas ideias se articulam, dinamicamente, como propostas surgidas da experimentação prática e elaboração de alternativas que refletem a especificidade das condições nas quais se desenvolve o processo de reforma sanitária no Brasil. De um modo geral, modelo significa uma representação simplificada da realidade onde se retém e destacam-se seus traços fundamentais. Em se tratando de aspectos relativos à saúde, refere-se a uma representação esquemática de um sistema de saúde no que tange à prestação da atenção ou assistência. Por isso, chamamos de modelo de atenção à saúde ou modelo assistencial. Paim (2013) destaca três definições de modelos de atenção à saúde, baseadas em enfoques teórico-conceituais distintos. Segue abaixo: 5 Considerando a conformação histórica do sistema de serviços de saúde no país, podem ser identificados modelos de atenção predominantes ou hegemônicos e propostas alternativas. Os modelos assistenciais podem atender a lógica da demanda ou das necessidades (PAIM, 2008). Assim, no Brasil, dois modelos convivem historicamente de forma contraditória ou complementar: o modelo médico assistencial hospitalocêntrico e o modelo sanitarista. O modelo médico assistencial hospitalocêntrico caracteriza-se pela ênfase no biologicismo, individualismo, na medicalização dos problemas de saúde, no privilégio da medicina curativa, no estímulo ao consumismo médico e é centrado na figura do médico. Suas bases conceituais fundamentam-se na clínica, forma de organização da prática médica surgida na Europa do século 18, a partir da redefinição do papel do hospital que passou a ser um lugar de observação, classificação e tratamento dos doentes. 6 O modelo sanitarista desenvolveu-se a partir das iniciativas desencadeadas com a intervenção do Estado sobre as condições de vida e saúde da população, em uma lógica extremamente diferente da procura individual por cuidados médicos. Esse modelo remete à ideia de campanha ou programa, sempre presente no imaginário social diante de uma necessidade coletiva (PAIM, 2008). Busca atender às necessidades de saúde da população a partir de campanhas (como as de vacinação), adoção de programas especiais (como o de controle de tuberculose) e ações de vigilância (especialmente sanitária e epidemiológica) Como integrantes do modelo médico assistencial hospitalocêntrico, podem ser mencionados o modelo médico assistencial privatista e o modelo de atenção gerenciada (managed care). Como exemplos do modelo sanitarista, cabem ser citados o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a Estratégia Saúde da Família (ESF). Pela posição que ocupava no cenário internacional, especialmente no período colonial, no império e na primeira república, o Brasil sofreu influência direta do que se passava na Europa e acabou copiando parte ou o todo de modelos adotados naquelespaíses, como França e Alemanha, celeiros de desenvolvimento da medicina científica na época. Com isso, o SUS “herdou” o modelo de atenção médico-assistencial hospitalocêntrico e privatista, tornando-se um espaço de conflitos e negociações áridas em torno das propostas de mudança e conservação do modelo de atenção. Pode-se constatar pelas informações citadas anteriormente que o modelo hegemônico de atenção à saúde no Brasil é o modelo médicoassistencial 7 hospitalocêntrico que subordina, inclusive, as ações e serviços que compõem o modelo sanitarista implementado no âmbito do SUS. No entanto, esse modelo vem apresentando sinais de crise, com presença de elevação dos gastos, redução da efetividade diante da mudança do perfil epidemiológico da população, crescente insatisfação dos sujeitos (trabalhadores e usuários), bem como falta de credibilidade e confiança por parte da população. Transição epidemiológica no Brasil Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas (OMRAM, 2001; SANTOS-PRECIADO et al., 2003). O processo engloba três mudanças básicas: 1. Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas. 2. Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos. 3. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos países desenvolvidos e mesmo por vizinhos latino- americanos como Chile, Cuba e Costa Rica. Novos e velhos problemas em saúde estão coexistindo, com destaque para as doenças crônicodegenerativas, embora as doenças transmissíveis ainda desempenhem um papel de importante destaque no perfil epidemiológico. É importante conhecer aspectos da transição epidemiológica para compreender a relação das pessoas com os serviços de saúde. A transformação dos perfis epidemiológicos no Brasil apresenta um caráter peculiar que não se conforma necessariamente ao modelo de substituição de doenças infecciosas e parasitárias por doenças crônico de generativas, acidentes e violências. 8 A avaliação do contexto brasileiro demonstra que a transição epidemiológica não tem seguido o mesmo padrão verificado na grande maioria dos países industrializados centrais do capitalismo Isso indica que no Brasil não ocorre uma transição epidemiológica propriamente dita, mas uma superposição de contextos epidemiológicos apresentados ao longo do tempo. Cenários como a reintrodução de processos infecciosos, como dengue e cólera, ou a persistência e o recrudescimento de outras, como malária, a tuberculose, a hanseníase e as leishmanioses, apontam para uma natureza não unidirecional. Entre as regiões brasileiras, as situações epidemiológicas evidenciam importantes contrastes, caracterizando, na realidade, uma “polarização geográfica”, existindo ainda a “polarização social” que se manifesta pelos desníveis nos indicadores de mortalidade e morbidade entre os diferentes grupos populacionais (PONTES et al., 2009). O processo de transição epidemiológica no Brasil não se resolve de maneira clara, criando uma situação em que a morbimortalidade persiste elevada para ambos os padrões, caracterizando uma transição prolongada; as situações epidemiológicas de diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização epidemiológica). Além disso, o envelhecimento rápido da população brasileira faz com que a sociedade se depare com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, outrora restritos aos países industrializados. Barreto et al (2005) enfatizam a necessidade da revisão da teoria da transição epidemiológica, segundo o contexto específico da América Latina. Para esses autores, as principais mudanças no padrão epidemiológico do Brasil seriam as descritas abaixo. 9 A complexidade do cenário epidemiológico atual, caracterizado pela tripla carga de doenças na população (permanência de doenças agudas, aumento do peso relativo às condições crônicas e às causas externas), é decorrente, também, da forma de gestão das práticas sanitárias. Para o SUS, que pretende ser um sistema integrador, é fundamental implementar arranjos e estruturas organizativas na direção de seu fortalecimento. As práticas sanitárias, por exemplo, precisam de maior organicidade para desencadear ações oportunas que auxiliem na redução ou eliminação dos riscos à saúde e ampliem a capacidade de resposta do SUS. Na prática, é de extrema importância acompanhar os mapas de situação de saúde no Brasil, por meio da avaliação e monitoramento dos indicadores, a fim de traçar os perfis epidemiológicos e acompanhar possíveis mudanças, conservações e/ou transformações. Descobrir, investigar rapidamente e acompanhar patógenos emergentes de doenças e fatores envolvidos no surgimento do quadro são fundamentais nesse processo. Vejamos abaixo alguns indicadores que podem ser utilizados para ilustrar o peculiar processo de transição epidemiológica no Brasil: a) Perfil de mortalidade. b) Perfil das causas de internação. c) Perfil de doenças infecciosas persistentes (incluem-se a malária, a tuberculose, as leishmanioses, a esquistossomose, a doença de Chagas, a febre amarela silvestre e as hepatites virais, entre outras). 10 d) Perfil de doenças emergentes e reemergentes (Aids, dengue, a cólera pelo vibrio cholerae El Tor, hantavirose, febre chikungunya, febre pelo zika vírus). A ocorrência de doenças e agravos à saúde é um fenômeno que suscita grande interesse na identificação de seus fatores ou mecanismos causais, contribuindo, dessa maneira, para o desenvolvimento de ações de prevenção, controle e tratamento. Identificar causas é uma das maneiras do pensamento científico abordar a explicação das origens de um fenômeno. Vamos discutir as principais formas de explicação de agravos e doenças, apontando os modelos explicativos e suas características. A identificação e o entendimento acerca dos motivos pelos quais indivíduos e populações adoecem são temas centrais na epidemiologia. A causa seria um agente eficaz, e desvendá-la garante um conhecimento maior a respeito de um fenômeno estudado, na medida em que é possível intervir sobre um efeito quando se remonta à sua causa. Nesse sentido, muitos esforços foram e são despendidos na direção do aprimoramento de critérios e modelos que permitam qualificar associações como causais ou não causais. Compreender os mecanismos nos quais os fatores etiológicos agem e interagem, ocasionando doenças e agravos à saúde, evidencia possibilidades concretas de prevenção ou interrupção de processos mórbidos. Considerando essa premissa, serão brevemente apresentados três modelos explicativos da ocorrência de doenças: o modelo ecológico, a rede de causas e o modelo sistêmico. O modelo ecológico de explicação da ocorrência de doenças tornou-se bastante popular na área da saúde em meados do século 20, junto com a disseminação dos fundamentos da medicina preventiva. Trata a definição de saúde como resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo (ou populações humanas) e o ambiente no qual ele se insere. O agente e o hospedeiro são dependentes do ambiente que, ao mesmo tempo, pode ser modificado pelos dois. Quando ocorre a doença significa uma resposta à quebra do equilíbrio do sistema. Por fim, o modelo sistêmico explica os processos de adoecimento de uma forma “orgânica”, articulando todas as dimensões dos indivíduos, desde as biológicas (ligadas ao organismo humano e suas funções) passando por aquelas ligadas à vida11 dos indivíduos e à família, até as mais gerais vinculadas à estrutura da sociedade. Baseia-se na suposição de que as causas das doenças estão em diferentes sistemas de organização, desde o celular até o social, passando por níveis intermediários, como órgãos e os indivíduos. Embora esse modelo não cite claramente os fatores etiológicos passíveis de intervenção, como nos modelos ecológicos e de rede de causas, ele traz uma visão mais holística do processo saúde-doença, ao clarificar uma estrutura hierárquica entre os níveis de atuação das causas. Planejar e programar o desenvolvimento de ações em saúde pública exige um conhecimento detalhado das condições de vida e de trabalho das pessoas que residem em determinado território, bem como o entendimento dos fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença e suas implicações. Particularmente em países como o Brasil e outros da América Latina, a péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, assim como as condições precárias de habitação e ambiente, têm um papel muito importante nas condições de vida e saúde. Em um amplo estudo sobre as tendências da situação de saúde na Região das Américas recentemente publicado, a OPAS (1998) mostra, de forma inequívoca, que os diferenciais econômicos entre os países são determinantes para as variações nas tendências dos indicadores básicos de saúde e desenvolvimento humanos. A redução na mortalidade infantil, o incremento na esperança de vida, o acesso à água e ao saneamento básico, o gasto em saúde, a fecundidade global e o incremento na alfabetização de adultos foram função direta do Produto Nacional Bruto dos países. Segundo Pereira (1995), os fatores de determinação em saúde podem ser sintetizados conforme mostra a figura abaixo. 12 Os fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença na contemporaneidade incluem: (macrodeterminantes). Segue abaixo. Além disso, é possível enumerar fatores determinantes relacionados ao indivíduo ( microdeterminantes) ou relacionados às comunidades/populações 13 É importante ressaltar que a sociedade espera que o setor da saúde cuide das pessoas e da população mediante ações individuais e coletivas, intervindo nos determinantes e condicionantes dessa área. Na medida em que a saúde tem sido reconhecida não apenas como a ausência de doença, o propósito almejado é que as pessoas possam ter uma vida com qualidade. Merecem destaque as ações sistemáticas e contínuas de coleta, análise, interpretação e disseminação de informação com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de problemas de saúde. Nesse cerne, o conhecimento sobre endemias, epidemias e pandemias é fundamental. Ainda que tradicionalmente esse conhecimento direcione a focalização de doenças infecciosas, atualmente esses conceitos também incluem seu uso para doenças crônico- degenerativas, os acidentes, as violências, entre outros. A endemia é definida como a presença habitual de uma doença, dentro dos limites esperados, em uma determinada área geográfica, por um período de tempo ilimitado. Pode, também, referir-se à ocorrência usual de uma determinada doença, dentro de uma área. Esse fenômeno ocorre quando há uma constante renovação de suscetíveis na comunidade, exposição múltipla e repetida destes a um determinado agente, isolamento relativo sem deslocamento importante da população em uma zona territorial. Por 14 exemplo: malária, febre amarela, doença de Chagas, esquistossomose etc. (MEDRONHO; WERNECK; PEREZ, 2009). A epidemia, por sua vez, é definida como a ocorrência em uma comunidade ou região, de um grupo de doenças de natureza similar, excedendo claramente a expectativa normal, derivada de uma fonte comum de propagação. Resulta, portanto, em um “claro excesso de casos em relação ao esperado” quando comparado à frequência esperada (ou habitual) de uma doença em uma determinada população, em um período determinado, não sendo necessariamente a “ocorrência de muitos casos” (RIBEIRO, 2012). O número de casos de uma epidemia vai variar de acordo com o agente, o tipo e o tamanho da população exposta, além do período e do local de ocorrência. A ocorrência de um único caso autóctone em uma região onde nunca tenha ocorrido ou que esteja há muitos anos livre de uma determinada doença, representa uma epidemia, pois demonstra uma alteração substantiva na estrutura epidemiológica relacionada à doença (MEDRONHO; WERNECK; PEREZ, 2009). Quando as condições facilitam a propagação de agentes infecciosos no ambiente e associam-se a um grande número de pessoas suscetíveis, pode ser dado espaço para o desenvolvimento de uma pandemia. O termo pandemia referese a uma epidemia de grandes proporções geográficas, ou seja, atingindo vários países, inclusive mais de um continente. Como exemplo, podemos citar a doença influenza A (H1N1) no ano de 2009, cujos primeiros casos ocorreram no México, expandindo-se para Europa, América do Sul, América Central, África e Ásia (RIBEIRO, 2012). A ocorrência de uma epidemia restrita a um espaço geográfico circunscrito é denominada surto. O surto consiste em uma ocorrência epidêmica, em que todos os casos estão relacionados entre si, acometendo uma área geográfica pequena e delimitada (como vilas ou bairros) ou uma população institucionalizada (como creches, asilos, escolas e presídios). Podemos citar como exemplo, a ocorrência de inúmeros casos de intoxicação alimentar em um asilo, após ingestão de alimentos contaminados. As etapas de investigação de epidemia ou surto incluem: 15 As três primeiras etapas são fundamentais. Em geral, no início da investigação, emprega-se uma definição de caso mais sensível, que envolve casos confirmados e casos prováveis. A intenção é facilitar a identificação, a extensão do problema e os grupos populacionais mais atingidos. Esse processo é fundamental, pois pode levar a elaboração de hipóteses importantes. O processo de confirmação de uma epidemia ou surto envolve o estabelecimento do diagnóstico da doença e do estado epidêmico. Torna-se imprescindível conhecer a frequência habitual de casos no lugar e período. A confirmação decorre da comparação dos coeficientes de incidências (antes e depois). As hipóteses são formuladas com vistas a identificar: fonte de infecção, transmissibilidade, agente etiológico, população em maior risco e período de exposição. O relatório final deverá ser enviado aos profissionais que prestaram assistência médica aos casos e aos participantes da investigação clínica e epidemiológica, representantes da comunidade, autoridades locais, administração central dos órgãos responsáveis pela investigação e controle do evento (BRASIL, 2009). Vale ressaltar que as epidemias podem ser classificadas didaticamente quanto à origem e quanto à duração. Quanto à origem, elas podem ser de fonte comum pontual ou fonte comum persistente (ou propagada). Quanto à duração, as epidemias podem ser classificadas como explosivas ou lentas. Acompanhe o detalhamento da classificação das epidemias na figura abaixo. 16 Pode-se destacar uma lista de apontamentos que refletem a relevância dos conhecimentos apresentados até aqui, considerando especialmente a finalidade central de prover as bases técnicas para subsidiar os profissionais de saúde na elaboração e implementação de ações e programas de saúde. Especialmente no tocante à epidemiologia, temos: Identificar e descrever o comportamento epidemiológico das doenças. Detectar epidemias e descrever o processo de transmissibilidade. Avaliar magnitude das medidas de morbidade. Recomendar adoção oportuna de medidas de prevenção e controle. Atividades de notificação de doenças e agravos,além de casos suspeitos. Avaliar o impacto de medidas de intervenção. Os profissionais de saúde têm como desafio permanente trabalhar para o desenvolvimento da consciência sanitária dos gestores municipais dos sistemas de saúde, para que passem a priorizar as ações de saúde pública e trabalhem na perspectiva de atuação em problemas de saúde prioritários, em cada espaço geográfico. Nesse contexto, a epidemiologia é uma ferramenta fundamental, pois ajuda a conhecer a distribuição de fatores de risco e agravos na população, embasando estratégias de prevenção e controle. 17 Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) O Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica – SNVE através da Lei nº 6.259/1975 e Decreto nº 78.231/76. O SNVE tornou obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas através de uma portaria (Brasil, 2005). E em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica onde definiu normas técnicas utilizadas para a vigilância de cada doença (Brasil, 2005). O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, e definiu a vigilância epidemiológica na Lei nº 8.080/90 como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (Brasil, 2005). Essa definição ampliou o conceito do SNVE e as ações de vigilância epidemiológica tiveram uma reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades e integralidade da prestação de serviços (BRASIL, 2005 b). Atualmente, a lista de doenças transmissíveis de notificação obrigatória, no Brasil, foi definida através da Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014, a qual define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional . A Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014, ressalta que a autoridade de saúde que receber a notificação compulsória imediata deverá informá-la - em até 24 (vinte e quatro) horas desse recebimento - às demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos. A notificação é realizada através do preenchimento da Ficha de Notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN. A intenção da vigilância epidemiológica é fornecer orientação técnica constante para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse 18 fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida (BRASIL, 2009). São funções da vigilância epidemiológica: Coleta de dados; Processamento dos dados coletados; Análise e interpretação dos dados processados; Recomendação das medidas de controle apropriadas; Promoção das ações de controle indicadas; Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; Divulgação de informações pertinentes (BRASIL, 2009) O Dado é entendido como “um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria-prima da produção de informação” (BRASIL, 2009). A Informação é definida como “o conhecimento obtido a partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da análise e combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada a um referencial explicativo sistemático” (BRASIL, 2009). A coleta de dados ocorre em todos os três níveis de atuação do sistema de saúde, ou seja, no nível municipal, estadual e federal (BRASIL, 2009). Segue a figura abaixo. 19 As notificações são úteis em pelo menos quatro situações (BRASIL, 2009): a. Medidas de controle implementadas de acordo com as evidências encontradas no local; b. Para identificar as falhas nas medidas de controle adotadas; c. Indicadores que reflitam o quadro epidemiológico da doença na coletividade; d. avaliação do impacto das medidas de controle. A notificação deve ser sigilosa, não podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário – em caso de risco para a comunidade –, sendo respeitado o direito de anonimato dos cidadãos. Assim, quando não forem registrados casos de doenças notificáveis no decorrer do período, deve-se proceder à notificação negativa (BRASIL, 2009). A Notificação negativa é a notificação da não-ocorrência de doenças de notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde; demonstra que o sistema de vigilância e os profissionais da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos. 20 É dever de todo cidadão comunicar, à autoridade sanitária local, a ocorrência de fato, comprovado ou suspeito, de caso de doença transmissível; sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde, no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados de doenças e agravos (BRASIL, 2005). De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o sistema de vigilância epidemiológica trabalha vários tipos de dados. Sua base é a notificação de casos suspeitos e/ou confirmados de doenças, objetos de notificação compulsória, embora ele possa, também, utilizar dados de mortalidade ou dados coletados em prontuários médicos, por exemplo. Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são os dados demográficos, ambientais e socioeconômicos; dados de morbidade e os dados de mortalidade (Brasil, 2009). Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais. Os dados sobre o número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser descritos de acordo com as características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, etc (Brasil, 2009). Os indicadores demográficos e socioeconômicos são importantes para a caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, às quais se vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância (Brasil, 2009). Os dados sobre aspectos climáticos e ecológicos também podem ser necessários para a compreensão do fenômeno analisado (Brasil, 2009). Como exemplo de dados demográficos, tem no Brasil os Indicadores e Dados Básicos para a Saúde – IDB que fazem parte de uma ação integrada de base nacional que utiliza dados do Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e Ministério da Previdência Social. 21 Sistemas de Informação em Epidemiologia Os sistemas de informação transformam os dados em informações para que possam ser usadas para a tomada de decisão, formulação ou orientação de políticas públicas. Na epidemiologia são muitos sistemas utilizados para a coleta de dados. Iremos citar alguns: Sistema de Informações de Nascidos Vivos – SINASC O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC, remeter a figura 15, foi implantado oficialmente a partir de 1990, com o objetivo de coletar dados sobre os nascimentos informados em todo território nacional e fornecer dados sobre natalidade para todos os níveis do Sistema de Saúde (BRASIL, 2014). A implantação do SINASC ocorreu de forma gradualem todos os estados do 22 Brasil. E desde o ano de 1994 vem apresentando em muitos municípios um número maior de registros do que o publicado pelo IBGE com base nos dados de Cartório de Registro Civil (BRASIL, 2014). O documento de entrada do sistema é a Declaração de Nascido Vivo - DN, padronizada em todo o país, remeter a Figura 16. A DN é impressa em três vias previamente numeradas, pelo Ministério da Saúde. É distribuída gratuitamente às Secretarias Estaduais de Saúde que as fornecem às Secretarias Municipais de Saúde (BRASIL, 2014). Desde junho de 2012, a Lei nº 12.662 transformou a Declaração de Nascido Vivo (DN) em documento de identidade provisória, aceita em todo o território nacional. Utilizada anteriormente apenas como forma de registro do nascimento de crianças vivas, a DN passou a ter valor oficial (Brasil b, 2014). O controle da numeração bem como a emissão e distribuição dos formulários para as Secretarias Estaduais de Saúde é de competência exclusiva do Ministério da Saúde, pela sua Secretaria de Vigilância em Saúde (Art. 12 da Portaria nº 116 MS/SVS/ 2009) (BRASIL, 2011). As Secretarias Estaduais de Saúde são responsáveis pela distribuição dos formulários diretamente ou através de suas instâncias regionais de saúde, às Secretarias Municipais de Saúde e aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, que estabelecerão controle sobre a distribuição e utilização do documento padrão em sua esfera de gerenciamento do sistema (Art. 13 da Portaria nº 116 MS/SVS / 2009) (BRASIL, 2011). As Unidades notificadoras que recebem os formulários das Secretarias Municipais de Saúde (BRASIL, 2011): Estabelecimento e Serviço de Saúde, inclusive o de atendimento ou internação domiciliar, Cartório de Registro Civil, A portaria 116 prevê também a distribuição de formulários para profissionais de saúde e parteiras tradicionais (estas apenas quando reconhecidas e vinculadas à unidade de saúde), que realizem atendimento a parto domiciliar, mediante cadastramento e controle da Secretaria Municipal de Saúde. 23 O SINASC contempla variáveis importantes, como: idade da mãe, sexo do recém-nascido, peso ao nascer, duração da gestação, grau de instrução da mãe, índice de Apgar, tipo de parto, paridade, estabelecimento onde ocorreu o parto e município de origem da mãe (ROMERO, 2007). Sistema de Informações de Mortalidade – SIM O Sistema de Informação Sobre Mortalidade - SIM desenvolvido pelo Ministério da Saúde, em 1975 para coletar dados sobre mortalidade no país (BRASIL, 2014). Apresentam variáveis que permitem, a partir da causa mortis atestada pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. O documento básico e essencial à coleta de dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito – DO, remeter a Figura 17, que consequentemente, alimenta o SIM (BRASIL, 2014). De acordo com o artigo 115 do Código de Ética Médica, Artigo 1º da Resolução nº 1779/2005 do Conselho Federal de Medicina e a Portaria SVS nº 116/2009, a responsabilidade na emissão da DO é do profissional médico. A Declaração de Óbito - DO deve ser enviada aos Cartórios de Registro Civil para liberação do sepultamento, bem como para a tomada de todas as medidas legais em relação à morte (BRASIL, 2014). A Declaração de Óbito é impressa e preenchida em três vias pré-numeradas sequencialmente. Sua emissão e distribuição para os estados são de competência exclusiva do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014). A distribuição para os municípios fica a cargo das Secretarias Estaduais de Saúde. Às Secretarias Municipais de Saúde cabe o controle na distribuição das D.O entre os estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de Verificação de Óbitos, Cartórios do Registro Civil, profissionais médicos e outras instituições que dela façam uso legal e permitido. Compete às Secretarias de Saúde (Estado e Municípios) o recolhimento das primeiras vias da Declaração de Óbito, junto aos Estabelecimentos de Saúde e aos cartórios (BRASIL, 2014). 24 O SIM funciona como fonte de dados e de informação que subsidiam a tomada de decisão em diversas áreas da assistência à saúde. Como exemplo, alguns indicadores específicos de mortalidade que podem ser construídos a partir do SIM (BRASIL, 2014): Em relação à Mortalidade Infantil: taxa de mortalidade infantil; taxa de mortalidade neonatal precoce; taxa de mortalidade neonatal tardia; taxa de mortalidade pós-neonatal e taxa de mortalidade perinatal. Em relação à Mortalidade Específica: taxa de mortalidade materna; taxa de mortalidade proporcional por grupo de causas; taxa de mortalidade proporcional por causas mal definidas; taxa de mortalidade proporcional por doenças diarreicas agudas em menores de 5 anos; taxa de mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório; taxa de mortalidade proporcional por causas externas; taxa de mortalidade proporcional por neoplasias malignas; taxa de mortalidade proporcional por acidente de trabalho; taxa de mortalidade proporcional por diabetes mellitus; taxa de mortalidade proporcional por cirrose hepática; taxa de mortalidade proporcional por AIDS e taxa de mortalidade proporcional por afecções originadas do período perinatal. O SIM foi avaliado pela OMS como um sistema de qualidade intermediária em um estudo publicado em 2005. Apenas 23 países alcançaram o conceito de alta qualidade. O Brasil ficou no mesmo bloco de países como França, Itália, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Rússia, Holanda, Suíça, entre outros que constituem o bloco dos países ricos (BRASIL, 2014). Os dados brasileiros, avaliados pelo estudo em referência, antecedem às várias iniciativas adotadas, a partir de 2005, pelo Ministério da Saúde visando ao aprimoramento da qualidade e da cobertura do SIM. Dentre essa iniciativas destaques devem ser dados (1) ao projeto de redução da proporção de óbitos com causas mal definidas, (2) desenvolvimento de novos aplicativos informatizados, (3) administração de curso de formação e de capacitação para codificadores de causas básicas, dentre outros (BRASIL, 2014). Os resultados derivados das iniciativas de aprimoramento do SIM, adotadas pelo Ministério da Saúde, indicam clara melhoria na qualidade da informação sobre mortalidade no Brasil. A redução na proporção de óbitos por causas mal definidas; a diminuição na proporção de registros com campos ignorados ou em branco em diversas variáveis; a redução no intervalo de tempo entre a ocorrência de eventos, sua 25 captação pelo sistema e a transferência para o Ministério da Saúde são indicadores que revelam resultados inequívocos de qualidade do sistema (BRASIL, 2014). Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SI PNI O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização - SI – PNI é formado por um conjunto de sistemas (Brasil, 2014): Avaliação do Programa de Imunizações - API. Por faixa etária, as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal, por unidade básica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde, estado e país. Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de imunização. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal. Estoque e Distribuição de Imunobiológicos - EDI. Gerencia o estoque e a distribuição dos imunobiológicos. Contempla o âmbito federal, estadual, regional e municipal. Eventos Adversos Pós-vacinação - EAPV. 26 Permite o acompanhamento de casos de reação adversa, ocorridos pósvacinação e a rápida identificação e localização de lotes de vacinas. Para a gestão federal, estadual, regional e municipal. Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão - PAIS. Sistemautilizado pelos supervisores e assessores técnicos do PNI para padronização do perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. Desenvolvido para a supervisão dos estados. Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de Vacinação - PAISSV. Sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imunizações para padronização do perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. Desenvolvido para a supervisão das salas de vacina. Apuração dos Imunobiológicos Utilizados - AIU. Permite realizar o gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para calcular as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. Desenvolvido para a gestão federal, estadual, regional e municipal. Sistema de Informações dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais - SICRIE. Registra os atendimentos nos CRIEs e informa a utilização dos imunobiológicos especiais e eventos adversos. Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN é alimentado, principalmente, através das notificações e investigações de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória 27 (Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014). Mas os estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde importantes em sua região como varicela no estado de Minas Gerais ou difilobotríase no município de São Paulo. (BRASIL, 2014). O fluxo das informações do SINAN está representado na figura abaixo. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – SISAGUA O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano - SISAGUA foi criado em 2001. É um instrumento do Vigiagua que tem como propósito auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da água para consumo humano, como parte integrante das ações de prevenção dos agravos transmitidos pela água e de promoção da saúde, previstas no Sistema Único de Saúde – SUS (Brasil, 2014). Esse gerenciamento é realizado a partir dos dados gerados rotineiramente pelos profissionais do setor saúde (Vigilância) e responsáveis pelos serviços de abastecimento de água (Controle), tendo como referência a norma de potabilidade vigente (Portaria MS n° 2914/2011), a abrangência desta portaria é demonstrada na figura 6. Visa promover a melhoria da qualidade da água destinada à população a 28 partir da geração de informações em tempo hábil para planejamento, tomada de decisão e execução de ações de saúde relacionadas à água para consumo humano (Brasil, 2014). A abrangência da Portaria MS nº 2914/2011 está representado na figura abaixo. Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue – SisPNCD O Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue - SisPNCD foi criado pelo Ministério da Saúde para substituir ao Sistema de Informação da Febre Amarela e Dengue (SISFAD). O Programa opera em dois módulos: web e local. O módulo Web do SisPNCD é a ferramenta de gerenciamento do sistema. Por meio dele os gestores dos níveis federal e estadual podem cadastrar os dados de controle do sistema e monitorar a entrada de dados realizada no município, através de relatórios (SisPNCD, 2013). O módulo Local do SisPNCD é o módulo de digitação de dados das fichas de campo do Programa Nacional de Controle da Dengue. Através dele, o município ou Coordenadoria Regional de Saúde digita os dados coletados no trabalho de campo, e os envia à base central, onde poderão ser acessados e monitorados através de relatórios (SisPNCD,2013). 29 Sistema de Informação em Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN tem como propósito realizar o diagnóstico descritivo e analítico da situação alimentar e nutricional da população. Auxilia no conhecimento dos problemas nutricionais nas áreas geográficas, segmentos sociais e grupos de pessoas de maior risco aos agravos nutricionais. Além disso, avalia o estado nutricional de indivíduos para obter o diagnóstico precoce dos possíveis desvios nutricionais, seja baixo peso ou sobrepeso/obesidade (Brasil, 2004). O SISVAN acompanha os indivíduos em todas as fases da vida: criança, adolescente, adulto, idoso e gestante. Esse acompanhamento pode ser por demanda espontânea do indivíduo em uma unidade de saúde ou ao Programa Saúde da Família, Programa de Agente Comunitário de Saúde – PACS e outros estabelecimentos de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde – SUS (Brasil, 2004). 30 REFERÊNCIAS BARRETO, M. L. Papel da epidemiologia no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Brasil: histórico, fundamentos e perspectivas. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 5, supl.1, p. 4-17, nov. 2002. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2016. BARRETO, S. M. et al. Análise da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde, da Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia e os serviços de Saúde, Brasília, v. 14, n. 1, p. 41-68, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Brasil. Curso Básico em Vigilância Epidemiológica (CBVE). Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde. 2005. Página 34. Brasil. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 7ª ed. – Brasília: Ministério da Saúde. 2009. Brasil. Conceitos e definições em saúde. Coordenação de Assistência Médica e Hospitalar. Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde. Ministério da Saúde. Brasília – Brasil. 1977. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/0117conceitos.pdf. Brasil. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6ª ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Brasil b. Manual dos centros de referência para imunobiológicos especiais. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Brasil. DATASUS. SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Portaria MS/GM nº 737 de 16/05/01 publicada no DOU nº 96 seção IE, de 18/05/01. Série E. Legislação de Saúde; n. 8. 31 Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Disponível em: http://matriz.sipia. gov.br/images/acervo/portaria737.pdf. BRASIL. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC. Ministério da Saúde. 2014. Disponível em: http://svs.aids.gov.br/cgiae/sinasc/ . BRASIL b. Declaração de Nascido Vivo é emitida após o parto. 2014. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e- justica/2012/06/declaracaodenascido-vivo-e-emitida-apos-o-parto . Brasil. Manual de Instruções para o preenchimento da Declaração de Nascido Vivo. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Brasília. Ministério da Saúde. 2011. Brasil c. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Ministério da Saúde. 2014. Disponível em: http://svs.aids.gov.br/cgiae/sim/ . BRASIL d. SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Ministério da Saúde. 2014. 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