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31 FACUMINAS EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE PÚBLICA

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1 
 
 
EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE PÚBLICA 
1 
 
 
Sumário 
 
Epidemiologia Aplicada à Saúde Pública ................................................................................... 3 
Modelos de atenção à saúde no Brasil .......................................................................................... 4 
Transição epidemiológica no Brasil ................................................................................... 7 
Sistemas de Informação em Epidemiologia ................................................................................. 21 
Sistema de Informações de Nascidos Vivos – SINASC ................................................... 21 
Sistema de Informações de Mortalidade – SIM ................................................................ 23 
Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SI PNI .......................... 25 
Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN ........................................... 26 
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – 
SISAGUA ........................................................................................................................ 27 
Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue – SisPNCD ............................... 28 
Sistema de Informação em Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN ......................... 29 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
Epidemiologia Aplicada à Saúde Pública 
 
A epidemiologia é definida como “o estudo da frequência, da distribuição e dos 
determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas 
populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde”. 
Assim, trata-se de uma disciplina fundamental no campo da saúde pública voltada para 
a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações (sociedades, 
coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos etc.). Sua abordagem 
voltada a populações a difere da clínica, que estuda o mesmo processo, entretanto, 
em indivíduos. 
O conceito de epidemiologia evidencia sua abrangência e possibilidades de uso 
na saúde pública, sobretudo, no que se refere ao seu papel no desenvolvimento de 
estratégias de promoção e proteção à saúde, sendo fundamental para a formulação 
de políticas de saúde. Nesse contexto, a epidemiologia não é apenas uma disciplina 
teórica, mas também essencialmente prática. Sobre essas duas fases da 
epidemiologia e suas consequências, Barreto (2002, p.6) comenta: 
 
 
 
A Epidemiologia tem como principais objetivos descrever a distribuição e a 
magnitude dos problemas de saúde das populações humanas, proporcionar dados 
essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
controle e tratamento das doenças, e estabelecer prioridades, identificar fatores 
etiológicos no início das doenças. A epidemiologia trata de qualquer evento 
relacionado à saúde (ou doença) da população. 
 
Modelos de atenção à saúde no Brasil 
 
Um sistema de serviço de saúde é formado por componentes e funções 
principais, entre eles: infraestrutura, organização, gestão, financiamento e prestação 
da atenção. Para o componente prestação da atenção, englobam-se as noções do 
modelo de atenção à saúde, incluindo-se o cuidado e a assistência; à intervenção; às 
ações ou às práticas de saúde. O debate sobre os modelos de atenção existentes, 
sobretudo a análise sobre a conservação, mudanças ou transformações de tais 
modelos, tem sido marcado pela crítica e redefinição de ideias oriundas de 
movimentos internacionais de reforma dos sistemas de saúde. Essas ideias se 
articulam, dinamicamente, como propostas surgidas da experimentação prática e 
elaboração de alternativas que refletem a especificidade das condições nas quais se 
desenvolve o processo de reforma sanitária no Brasil. 
De um modo geral, modelo significa uma representação simplificada da 
realidade onde se retém e destacam-se seus traços fundamentais. Em se tratando de 
aspectos relativos à saúde, refere-se a uma representação esquemática de um 
sistema de saúde no que tange à prestação da atenção ou assistência. Por isso, 
chamamos de modelo de atenção à saúde ou modelo assistencial. 
Paim (2013) destaca três definições de modelos de atenção à saúde, baseadas em 
enfoques teórico-conceituais distintos. Segue abaixo: 
5 
 
 
 
 
Considerando a conformação histórica do sistema de serviços de saúde no país, 
podem ser identificados modelos de atenção predominantes ou hegemônicos e 
propostas alternativas. Os modelos assistenciais podem atender a lógica da demanda 
ou das necessidades (PAIM, 2008). Assim, no Brasil, dois modelos convivem 
historicamente de forma contraditória ou complementar: o modelo médico assistencial 
hospitalocêntrico e o modelo sanitarista. 
O modelo médico assistencial hospitalocêntrico caracteriza-se pela ênfase no 
biologicismo, individualismo, na medicalização dos problemas de saúde, no privilégio 
da medicina curativa, no estímulo ao consumismo médico e é centrado na figura do 
médico. Suas bases conceituais fundamentam-se na clínica, forma de organização da 
prática médica surgida na Europa do século 18, a partir da redefinição do papel do 
hospital que passou a ser um lugar de observação, classificação e tratamento dos 
doentes. 
6 
 
 
O modelo sanitarista desenvolveu-se a partir das iniciativas desencadeadas 
com a intervenção do Estado sobre as condições de vida e saúde da população, em 
uma lógica extremamente diferente da procura individual por cuidados médicos. Esse 
modelo remete à ideia de campanha ou programa, sempre presente no imaginário 
social diante de uma necessidade coletiva (PAIM, 2008). Busca atender às 
necessidades de saúde da população a partir de campanhas (como as de vacinação), 
adoção de programas especiais (como o de controle de tuberculose) e ações de 
vigilância (especialmente sanitária e epidemiológica) 
 
 
 
Como integrantes do modelo médico assistencial hospitalocêntrico, podem ser 
mencionados o modelo médico assistencial privatista e o modelo de atenção 
gerenciada (managed care). Como exemplos do modelo sanitarista, cabem ser citados 
o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a Estratégia Saúde da 
Família (ESF). 
Pela posição que ocupava no cenário internacional, especialmente no período 
colonial, no império e na primeira república, o Brasil sofreu influência direta do que se 
passava na Europa e acabou copiando parte ou o todo de modelos adotados naquelespaíses, como França e Alemanha, celeiros de desenvolvimento da medicina científica 
na época. Com isso, o SUS “herdou” o modelo de atenção médico-assistencial 
hospitalocêntrico e privatista, tornando-se um espaço de conflitos e negociações 
áridas em torno das propostas de mudança e conservação do modelo de atenção. 
Pode-se constatar pelas informações citadas anteriormente que o modelo 
hegemônico de atenção à saúde no Brasil é o modelo médicoassistencial 
7 
 
 
hospitalocêntrico que subordina, inclusive, as ações e serviços que compõem o 
modelo sanitarista implementado no âmbito do SUS. No entanto, esse modelo vem 
apresentando sinais de crise, com presença de elevação dos gastos, redução da 
efetividade diante da mudança do perfil epidemiológico da população, crescente 
insatisfação dos sujeitos (trabalhadores e usuários), bem como falta de credibilidade 
e confiança por parte da população. 
 
Transição epidemiológica no Brasil 
 
Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos 
padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica 
e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, 
sociais e econômicas (OMRAM, 2001; SANTOS-PRECIADO et al., 2003). O processo 
engloba três mudanças básicas: 
1. Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e 
causas externas. 
2. Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos 
grupos mais idosos. 
3. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra 
na qual a morbidade é dominante. 
No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com o modelo 
experimentado pela maioria dos países desenvolvidos e mesmo por vizinhos latino-
americanos como Chile, Cuba e Costa Rica. Novos e velhos problemas em saúde 
estão coexistindo, com destaque para as doenças crônicodegenerativas, embora as 
doenças transmissíveis ainda desempenhem um papel de importante destaque no 
perfil epidemiológico. É importante conhecer aspectos da transição epidemiológica 
para compreender a relação das pessoas com os serviços de saúde. 
A transformação dos perfis epidemiológicos no Brasil apresenta um caráter 
peculiar que não se conforma necessariamente ao modelo de substituição de doenças 
infecciosas e parasitárias por doenças crônico de generativas, acidentes e violências. 
8 
 
 
A avaliação do contexto brasileiro demonstra que a transição epidemiológica não tem 
seguido o mesmo padrão verificado na grande maioria dos países industrializados 
centrais do capitalismo Isso indica que no Brasil não ocorre uma transição 
epidemiológica propriamente dita, mas uma superposição de contextos 
epidemiológicos apresentados ao longo do tempo. 
Cenários como a reintrodução de processos infecciosos, como dengue e cólera, 
ou a persistência e o recrudescimento de outras, como malária, a tuberculose, a 
hanseníase e as leishmanioses, apontam para uma natureza não unidirecional. Entre 
as regiões brasileiras, as situações epidemiológicas evidenciam importantes 
contrastes, caracterizando, na realidade, uma “polarização geográfica”, existindo ainda 
a “polarização social” que se manifesta pelos desníveis nos indicadores de mortalidade 
e morbidade entre os diferentes grupos populacionais (PONTES et al., 2009). 
O processo de transição epidemiológica no Brasil não se resolve de maneira 
clara, criando uma situação em que a morbimortalidade persiste elevada para ambos 
os padrões, caracterizando uma transição prolongada; as situações epidemiológicas 
de diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização 
epidemiológica). Além disso, o envelhecimento rápido da população brasileira faz com 
que a sociedade se depare com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, 
outrora restritos aos países industrializados. 
Barreto et al (2005) enfatizam a necessidade da revisão da teoria da transição 
epidemiológica, segundo o contexto específico da América Latina. Para esses autores, 
as principais mudanças no padrão epidemiológico do Brasil seriam as descritas 
abaixo. 
9 
 
 
 
 
A complexidade do cenário epidemiológico atual, caracterizado pela tripla carga 
de doenças na população (permanência de doenças agudas, aumento do peso relativo 
às condições crônicas e às causas externas), é decorrente, também, da forma de 
gestão das práticas sanitárias. Para o SUS, que pretende ser um sistema integrador, 
é fundamental implementar arranjos e estruturas organizativas na direção de seu 
fortalecimento. As práticas sanitárias, por exemplo, precisam de maior organicidade 
para desencadear ações oportunas que auxiliem na redução ou eliminação dos riscos 
à saúde e ampliem a capacidade de resposta do SUS. 
Na prática, é de extrema importância acompanhar os mapas de situação de 
saúde no Brasil, por meio da avaliação e monitoramento dos indicadores, a fim de 
traçar os perfis epidemiológicos e acompanhar possíveis mudanças, conservações 
e/ou transformações. Descobrir, investigar rapidamente e acompanhar patógenos 
emergentes de doenças e fatores envolvidos no surgimento do quadro são 
fundamentais nesse processo. Vejamos abaixo alguns indicadores que podem ser 
utilizados para ilustrar o peculiar processo de transição epidemiológica no Brasil: 
a) Perfil de mortalidade. 
b) Perfil das causas de internação. 
c) Perfil de doenças infecciosas persistentes (incluem-se a malária, 
a tuberculose, as leishmanioses, a esquistossomose, a doença de Chagas, a 
febre amarela silvestre e as hepatites virais, entre outras). 
10 
 
 
d) Perfil de doenças emergentes e reemergentes (Aids, dengue, a 
cólera pelo 
vibrio cholerae El Tor, hantavirose, febre chikungunya, febre pelo zika vírus). 
A ocorrência de doenças e agravos à saúde é um fenômeno que suscita grande 
interesse na identificação de seus fatores ou mecanismos causais, contribuindo, dessa 
maneira, para o desenvolvimento de ações de prevenção, controle e tratamento. 
Identificar causas é uma das maneiras do pensamento científico abordar a explicação 
das origens de um fenômeno. Vamos discutir as principais formas de explicação de 
agravos e doenças, apontando os modelos explicativos e suas características. 
A identificação e o entendimento acerca dos motivos pelos quais indivíduos e 
populações adoecem são temas centrais na epidemiologia. A causa seria um agente 
eficaz, e desvendá-la garante um conhecimento maior a respeito de um fenômeno 
estudado, na medida em que é possível intervir sobre um efeito quando se remonta à 
sua causa. Nesse sentido, muitos esforços foram e são despendidos na direção do 
aprimoramento de critérios e modelos que permitam qualificar associações como 
causais ou não causais. 
Compreender os mecanismos nos quais os fatores etiológicos agem e 
interagem, ocasionando doenças e agravos à saúde, evidencia possibilidades 
concretas de prevenção ou interrupção de processos mórbidos. Considerando essa 
premissa, serão brevemente apresentados três modelos explicativos da ocorrência de 
doenças: o modelo ecológico, a rede de causas e o modelo sistêmico. 
O modelo ecológico de explicação da ocorrência de doenças tornou-se bastante 
popular na área da saúde em meados do século 20, junto com a disseminação dos 
fundamentos da medicina preventiva. Trata a definição de saúde como resultado do 
equilíbrio dinâmico entre o indivíduo (ou populações humanas) e o ambiente no qual 
ele se insere. O agente e o hospedeiro são dependentes do ambiente que, ao mesmo 
tempo, pode ser modificado pelos dois. Quando ocorre a doença significa uma 
resposta à quebra do equilíbrio do sistema. 
Por fim, o modelo sistêmico explica os processos de adoecimento de uma forma 
“orgânica”, articulando todas as dimensões dos indivíduos, desde as biológicas 
(ligadas ao organismo humano e suas funções) passando por aquelas ligadas à vida11 
 
 
dos indivíduos e à família, até as mais gerais vinculadas à estrutura da sociedade. 
Baseia-se na suposição de que as causas das doenças estão em diferentes sistemas 
de organização, desde o celular até o social, passando por níveis intermediários, como 
órgãos e os indivíduos. 
Embora esse modelo não cite claramente os fatores etiológicos passíveis de 
intervenção, como nos modelos ecológicos e de rede de causas, ele traz uma visão 
mais holística do processo saúde-doença, ao clarificar uma estrutura hierárquica entre 
os níveis de atuação das causas. 
Planejar e programar o desenvolvimento de ações em saúde pública exige um 
conhecimento detalhado das condições de vida e de trabalho das pessoas que 
residem em determinado território, bem como o entendimento dos fatores 
determinantes e condicionantes do processo saúde-doença e suas implicações. 
Particularmente em países como o Brasil e outros da América Latina, a péssima 
distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, assim como as 
condições precárias de habitação e ambiente, têm um papel muito importante nas 
condições de vida e saúde. 
Em um amplo estudo sobre as tendências da situação de saúde na Região das 
Américas recentemente publicado, a OPAS (1998) mostra, de forma inequívoca, que 
os diferenciais econômicos entre os países são determinantes para as variações nas 
tendências dos indicadores básicos de saúde e desenvolvimento humanos. A redução 
na mortalidade infantil, o incremento na esperança de vida, o acesso à água e ao 
saneamento básico, o gasto em saúde, a fecundidade global e o incremento na 
alfabetização de adultos foram função direta do Produto Nacional Bruto dos países. 
Segundo Pereira (1995), os fatores de determinação em saúde podem ser sintetizados 
conforme mostra a figura abaixo. 
12 
 
 
 
 
 Os fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença na 
contemporaneidade incluem: 
 
(macrodeterminantes). Segue abaixo. 
 
 
Além disso, é possível enumerar fatores determinantes relacionados ao 
indivíduo ( microdeterminantes) ou relacionados às comunidades/populações 
13 
 
 
 
 É importante ressaltar que a sociedade espera que o setor da saúde cuide das 
pessoas e da população mediante ações individuais e coletivas, intervindo nos 
determinantes e condicionantes dessa área. Na medida em que a saúde tem sido 
reconhecida não apenas como a ausência de doença, o propósito almejado é que as 
pessoas possam ter uma vida com qualidade. 
Merecem destaque as ações sistemáticas e contínuas de coleta, análise, 
interpretação e disseminação de informação com a finalidade de recomendar e adotar 
medidas de prevenção e controle de problemas de saúde. Nesse cerne, o 
conhecimento sobre endemias, epidemias e pandemias é fundamental. Ainda que 
tradicionalmente esse conhecimento direcione a focalização de doenças infecciosas, 
atualmente esses conceitos também incluem seu uso para doenças crônico-
degenerativas, os acidentes, as violências, entre outros. 
A endemia é definida como a presença habitual de uma doença, dentro dos 
limites esperados, em uma determinada área geográfica, por um período de tempo 
ilimitado. Pode, também, referir-se à ocorrência usual de uma determinada doença, 
dentro de uma área. 
Esse fenômeno ocorre quando há uma constante renovação de suscetíveis na 
comunidade, exposição múltipla e repetida destes a um determinado agente, isolamento 
relativo sem deslocamento importante da população em uma zona territorial. Por 
14 
 
 
exemplo: malária, febre amarela, doença de Chagas, esquistossomose etc. 
(MEDRONHO; WERNECK; PEREZ, 2009). 
A epidemia, por sua vez, é definida como a ocorrência em uma comunidade ou 
região, de um grupo de doenças de natureza similar, excedendo claramente a 
expectativa normal, derivada de uma fonte comum de propagação. 
Resulta, portanto, em um “claro excesso de casos em relação ao esperado” 
quando comparado à frequência esperada (ou habitual) de uma doença em uma 
determinada população, em um período determinado, não sendo necessariamente a 
“ocorrência de muitos casos” (RIBEIRO, 2012). 
O número de casos de uma epidemia vai variar de acordo com o agente, o tipo 
e o tamanho da população exposta, além do período e do local de ocorrência. A 
ocorrência de um único caso autóctone em uma região onde nunca tenha ocorrido ou 
que esteja há muitos anos livre de uma determinada doença, representa uma 
epidemia, pois demonstra uma alteração substantiva na estrutura epidemiológica 
relacionada à doença (MEDRONHO; WERNECK; PEREZ, 2009). 
Quando as condições facilitam a propagação de agentes infecciosos no 
ambiente e associam-se a um grande número de pessoas suscetíveis, pode ser dado 
espaço para o desenvolvimento de uma pandemia. O termo pandemia referese a uma 
epidemia de grandes proporções geográficas, ou seja, atingindo vários países, 
inclusive mais de um continente. Como exemplo, podemos citar a doença influenza A 
(H1N1) no ano de 2009, cujos primeiros casos ocorreram no México, expandindo-se 
para Europa, América do Sul, América Central, África e Ásia (RIBEIRO, 2012). 
A ocorrência de uma epidemia restrita a um espaço geográfico circunscrito é 
denominada surto. O surto consiste em uma ocorrência epidêmica, em que todos os 
casos estão relacionados entre si, acometendo uma área geográfica pequena e 
delimitada (como vilas ou bairros) ou uma população institucionalizada (como creches, 
asilos, escolas e presídios). Podemos citar como exemplo, a ocorrência de inúmeros 
casos de intoxicação alimentar em um asilo, após ingestão de alimentos 
contaminados. 
As etapas de investigação de epidemia ou surto incluem: 
15 
 
 
 
As três primeiras etapas são fundamentais. Em geral, no início da investigação, 
emprega-se uma definição de caso mais sensível, que envolve casos confirmados e 
casos prováveis. A intenção é facilitar a identificação, a extensão do problema e os 
grupos populacionais mais atingidos. Esse processo é fundamental, pois pode levar a 
elaboração de hipóteses importantes. 
O processo de confirmação de uma epidemia ou surto envolve o 
estabelecimento do diagnóstico da doença e do estado epidêmico. Torna-se 
imprescindível conhecer a frequência habitual de casos no lugar e período. A 
confirmação decorre da comparação dos coeficientes de incidências (antes e depois). 
As hipóteses são formuladas com vistas a identificar: fonte de infecção, 
transmissibilidade, agente etiológico, população em maior risco e período de 
exposição. 
O relatório final deverá ser enviado aos profissionais que prestaram assistência 
médica aos casos e aos participantes da investigação clínica e epidemiológica, 
representantes da comunidade, autoridades locais, administração central dos órgãos 
responsáveis pela investigação e controle do evento (BRASIL, 2009). 
Vale ressaltar que as epidemias podem ser classificadas didaticamente quanto 
à origem e quanto à duração. Quanto à origem, elas podem ser de fonte comum 
pontual ou fonte comum persistente (ou propagada). Quanto à duração, as epidemias 
podem ser classificadas como explosivas ou lentas. 
Acompanhe o detalhamento da classificação das epidemias na figura abaixo. 
16 
 
 
 
Pode-se destacar uma lista de apontamentos que refletem a relevância dos 
conhecimentos apresentados até aqui, considerando especialmente a finalidade 
central de prover as bases técnicas para subsidiar os profissionais de saúde na 
elaboração e implementação de ações e programas de saúde. Especialmente no 
tocante à epidemiologia, temos: 
 Identificar e descrever o comportamento epidemiológico das doenças. 
 Detectar epidemias e descrever o processo de transmissibilidade. 
 Avaliar magnitude das medidas de morbidade. 
 Recomendar adoção oportuna de medidas de prevenção e controle. 
 Atividades de notificação de doenças e agravos,além de casos suspeitos. 
 Avaliar o impacto de medidas de intervenção. 
 Os profissionais de saúde têm como desafio permanente trabalhar 
para o desenvolvimento da consciência sanitária dos gestores municipais dos sistemas 
de saúde, para que passem a priorizar as ações de saúde pública e trabalhem na 
perspectiva de atuação em problemas de saúde prioritários, em cada 
espaço geográfico. Nesse contexto, a epidemiologia é uma ferramenta fundamental, 
pois ajuda a conhecer a distribuição de fatores de risco e agravos na população, 
embasando estratégias de prevenção e controle. 
 
 
 
17 
 
 
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) 
 
O Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 
– SNVE através da Lei nº 6.259/1975 e Decreto nº 78.231/76. O SNVE tornou 
obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas através de uma 
portaria (Brasil, 2005). 
E em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância 
Epidemiológica onde definiu normas técnicas utilizadas para a vigilância de cada 
doença (Brasil, 2005). 
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, e definiu a vigilância 
epidemiológica na Lei nº 8.080/90 como “um conjunto de ações que proporciona o 
conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” 
(Brasil, 2005). 
Essa definição ampliou o conceito do SNVE e as ações de vigilância 
epidemiológica tiveram uma reorganização do sistema de saúde brasileiro, 
caracterizada pela descentralização de responsabilidades e integralidade da 
prestação de serviços (BRASIL, 2005 b). Atualmente, a lista de doenças transmissíveis 
de notificação obrigatória, no Brasil, foi definida através da Portaria nº 1.271, de 6 de 
junho de 2014, a qual define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, 
agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em 
todo o território nacional 
. A Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014, ressalta que a autoridade de saúde que 
receber a notificação compulsória imediata deverá informá-la - em até 24 
(vinte e quatro) horas desse recebimento - às demais esferas de gestão do SUS, o 
conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos. A notificação é realizada através do 
preenchimento da Ficha de Notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
– SINAN. 
A intenção da vigilância epidemiológica é fornecer orientação técnica constante 
para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a 
execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse 
18 
 
 
fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como 
dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida (BRASIL, 
2009). 
São funções da vigilância epidemiológica: 
 Coleta de dados; 
 Processamento dos dados coletados; 
 Análise e interpretação dos dados processados; 
 Recomendação das medidas de controle apropriadas; 
 Promoção das ações de controle indicadas; 
 Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
 Divulgação de informações pertinentes (BRASIL, 2009) 
 
O Dado é entendido como “um valor quantitativo referente a um fato ou 
circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu qualquer espécie de tratamento 
estatístico”, ou “a matéria-prima da produção de informação” (BRASIL, 2009). A 
Informação é definida como “o conhecimento obtido a partir dos dados”, “o dado 
trabalhado” ou “o resultado da análise e combinação de vários dados”, o que implica 
em interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, 
associada a um referencial explicativo sistemático” (BRASIL, 2009). 
 
A coleta de dados ocorre em todos os três níveis de atuação do sistema de 
saúde, ou seja, no nível municipal, estadual e federal (BRASIL, 2009). Segue a figura 
abaixo. 
 
19 
 
 
 
As notificações são úteis em pelo menos quatro situações (BRASIL, 2009): 
a. Medidas de controle implementadas de acordo com as evidências 
encontradas no local; 
b. Para identificar as falhas nas medidas de controle adotadas; 
c. Indicadores que reflitam o quadro epidemiológico da doença na 
coletividade; d. avaliação do impacto das medidas de controle. 
A notificação deve ser sigilosa, não podendo ser divulgada fora do âmbito 
médico-sanitário – em caso de risco para a comunidade –, sendo respeitado o direito 
de anonimato dos cidadãos. Assim, quando não forem registrados casos de doenças 
notificáveis no decorrer do período, deve-se proceder à notificação negativa (BRASIL, 
2009). 
A Notificação negativa é a notificação da não-ocorrência de doenças de 
notificação compulsória na área de abrangência da unidade de saúde; demonstra que 
o sistema de vigilância e os profissionais da área estão alertas para a ocorrência de 
tais eventos. 
 
 
20 
 
 
É dever de todo cidadão comunicar, à autoridade sanitária local, a ocorrência 
de fato, comprovado ou suspeito, de caso de doença transmissível; sendo obrigatória 
a médicos e outros profissionais de saúde, no exercício da profissão, bem como aos 
responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e 
ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados de doenças e agravos 
(BRASIL, 2005). 
De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o sistema de vigilância 
epidemiológica trabalha vários tipos de dados. Sua base é a notificação de casos 
suspeitos e/ou confirmados de doenças, objetos de notificação compulsória, embora 
ele possa, também, utilizar dados de mortalidade ou dados coletados em prontuários 
médicos, por exemplo. 
Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância 
Epidemiológica são os dados demográficos, ambientais e socioeconômicos; dados de 
morbidade e os dados de mortalidade (Brasil, 2009). 
 
Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos 
 
Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais. Os dados 
sobre o número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser descritos de acordo 
com as características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio, 
escolaridade, ocupação, condições de saneamento, etc (Brasil, 2009). 
Os indicadores demográficos e socioeconômicos são importantes para a 
caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, às quais se 
vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância (Brasil, 2009). 
Os dados sobre aspectos climáticos e ecológicos também podem ser necessários para 
a compreensão do fenômeno analisado (Brasil, 2009). 
Como exemplo de dados demográficos, tem no Brasil os Indicadores e Dados 
Básicos para a Saúde – IDB que fazem parte de uma ação integrada de base nacional 
que utiliza dados do Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
– IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e Ministério da Previdência 
Social. 
21 
 
 
 
Sistemas de Informação em Epidemiologia 
 
Os sistemas de informação transformam os dados em informações para que 
possam ser usadas para a tomada de decisão, formulação ou orientação de políticas 
públicas. 
 
Na epidemiologia são muitos sistemas utilizados para a coleta de dados. 
Iremos citar alguns: 
 
Sistema de Informações de Nascidos Vivos – SINASC 
 
O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC, remeter a figura 
15, foi implantado oficialmente a partir de 1990, com o objetivo de coletar dados sobre 
os nascimentos informados em todo território nacional e fornecer dados sobre 
natalidade para todos os níveis do Sistema de Saúde (BRASIL, 2014). 
 
A implantação do SINASC ocorreu de forma gradualem todos os estados do 
22 
 
 
Brasil. E desde o ano de 1994 vem apresentando em muitos municípios um número maior de 
registros do que o publicado pelo IBGE com base nos dados de Cartório de Registro Civil 
(BRASIL, 2014). 
O documento de entrada do sistema é a Declaração de Nascido Vivo - DN, 
padronizada em todo o país, remeter a Figura 16. A DN é impressa em três vias 
previamente numeradas, pelo Ministério da Saúde. É distribuída gratuitamente às 
Secretarias Estaduais de Saúde que as fornecem às Secretarias Municipais de Saúde 
(BRASIL, 2014). 
Desde junho de 2012, a Lei nº 12.662 transformou a Declaração de Nascido 
Vivo (DN) em documento de identidade provisória, aceita em todo o território nacional. 
Utilizada anteriormente apenas como forma de registro do nascimento de crianças 
vivas, a DN passou a ter valor oficial (Brasil b, 2014). 
O controle da numeração bem como a emissão e distribuição dos formulários 
para as Secretarias Estaduais de Saúde é de competência exclusiva do Ministério da 
Saúde, pela sua Secretaria de Vigilância em Saúde (Art. 12 da Portaria nº 116 
MS/SVS/ 2009) (BRASIL, 2011). 
As Secretarias Estaduais de Saúde são responsáveis pela distribuição dos 
formulários diretamente ou através de suas instâncias regionais de saúde, às 
Secretarias Municipais de Saúde e aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, que 
estabelecerão controle sobre a distribuição e utilização do documento padrão em sua 
esfera de gerenciamento do sistema (Art. 13 da Portaria nº 116 MS/SVS / 2009) 
(BRASIL, 2011). 
 As Unidades notificadoras que recebem os formulários das Secretarias 
Municipais de Saúde (BRASIL, 2011): 
 Estabelecimento e Serviço de Saúde, inclusive o de atendimento ou 
internação domiciliar, 
 Cartório de Registro Civil, 
 A portaria 116 prevê também a distribuição de formulários para 
profissionais de saúde e parteiras tradicionais (estas apenas quando reconhecidas e 
vinculadas à unidade de saúde), que realizem atendimento a parto domiciliar, 
mediante cadastramento e controle da Secretaria Municipal de Saúde. 
23 
 
 
O SINASC contempla variáveis importantes, como: idade da mãe, sexo do 
recém-nascido, peso ao nascer, duração da gestação, grau de instrução da mãe, 
índice de Apgar, tipo de parto, paridade, estabelecimento onde ocorreu o parto e 
município de origem da mãe (ROMERO, 2007). 
 
Sistema de Informações de Mortalidade – SIM 
 
O Sistema de Informação Sobre Mortalidade - SIM desenvolvido pelo Ministério 
da Saúde, em 1975 para coletar dados sobre mortalidade no país (BRASIL, 2014). 
Apresentam variáveis que permitem, a partir da causa mortis atestada pelo 
médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam 
para a eficiência da gestão em saúde. O documento básico e essencial à coleta de 
dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito – DO, remeter a Figura 17, 
que consequentemente, alimenta o SIM (BRASIL, 2014). 
De acordo com o artigo 115 do Código de Ética Médica, Artigo 1º da Resolução 
nº 1779/2005 do Conselho Federal de Medicina e a Portaria SVS nº 116/2009, a 
responsabilidade na emissão da DO é do profissional médico. A Declaração de Óbito 
- DO deve ser enviada aos Cartórios de Registro Civil para liberação do sepultamento, 
bem como para a tomada de todas as medidas legais em relação à morte (BRASIL, 
2014). 
A Declaração de Óbito é impressa e preenchida em três vias pré-numeradas 
sequencialmente. Sua emissão e distribuição para os estados são de competência 
exclusiva do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014). 
A distribuição para os municípios fica a cargo das Secretarias Estaduais de 
Saúde. Às Secretarias Municipais de Saúde cabe o controle na distribuição das D.O 
entre os estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de 
Verificação de Óbitos, Cartórios do Registro Civil, profissionais médicos e outras 
instituições que dela façam uso legal e permitido. Compete às Secretarias de Saúde 
(Estado e Municípios) o recolhimento das primeiras vias da Declaração de Óbito, junto 
aos Estabelecimentos de Saúde e aos cartórios (BRASIL, 2014). 
24 
 
 
O SIM funciona como fonte de dados e de informação que subsidiam a tomada 
de decisão em diversas áreas da assistência à saúde. Como exemplo, alguns 
indicadores específicos de mortalidade que podem ser construídos a partir do SIM 
(BRASIL, 2014): Em relação à Mortalidade Infantil: taxa de mortalidade infantil; taxa 
de mortalidade neonatal precoce; taxa de mortalidade neonatal tardia; taxa de 
mortalidade pós-neonatal e taxa de mortalidade perinatal. Em relação à Mortalidade 
Específica: taxa de mortalidade materna; taxa de mortalidade proporcional por grupo 
de causas; taxa de mortalidade proporcional por causas mal definidas; taxa de 
mortalidade proporcional por doenças diarreicas agudas em menores de 5 anos; taxa 
de mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório; taxa de mortalidade 
proporcional por causas externas; taxa de mortalidade proporcional por neoplasias 
malignas; taxa de mortalidade proporcional por acidente de trabalho; taxa de 
mortalidade proporcional por diabetes mellitus; taxa de mortalidade proporcional por 
cirrose hepática; taxa de mortalidade proporcional por AIDS e taxa de mortalidade 
proporcional por afecções originadas do período perinatal. 
O SIM foi avaliado pela OMS como um sistema de qualidade intermediária em 
um estudo publicado em 2005. Apenas 23 países alcançaram o conceito de alta 
qualidade. O Brasil ficou no mesmo bloco de países como França, Itália, Bélgica, 
Alemanha, Dinamarca, Rússia, Holanda, Suíça, entre outros que constituem o bloco 
dos países ricos (BRASIL, 2014). 
Os dados brasileiros, avaliados pelo estudo em referência, antecedem às várias 
iniciativas adotadas, a partir de 2005, pelo Ministério da Saúde visando ao 
aprimoramento da qualidade e da cobertura do SIM. Dentre essa iniciativas destaques 
devem ser dados (1) ao projeto de redução da proporção de óbitos com causas mal 
definidas, (2) desenvolvimento de novos aplicativos informatizados, (3) administração 
de curso de formação e de capacitação para codificadores de causas básicas, dentre 
outros (BRASIL, 2014). 
Os resultados derivados das iniciativas de aprimoramento do SIM, adotadas 
pelo Ministério da Saúde, indicam clara melhoria na qualidade da informação sobre 
mortalidade no Brasil. A redução na proporção de óbitos por causas mal definidas; a 
diminuição na proporção de registros com campos ignorados ou em branco em 
diversas variáveis; a redução no intervalo de tempo entre a ocorrência de eventos, sua 
25 
 
 
captação pelo sistema e a transferência para o Ministério da Saúde são indicadores 
que revelam resultados inequívocos de qualidade do sistema (BRASIL, 2014). 
Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SI PNI 
 
 
 
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização - SI – PNI é formado 
por um conjunto de sistemas (Brasil, 2014): 
 Avaliação do Programa de Imunizações - API. 
Por faixa etária, as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura 
vacinal, por unidade básica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde, 
estado e país. Fornece informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e 
envio de boletins de imunização. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, 
regional e municipal. 
 Estoque e Distribuição de Imunobiológicos - EDI. 
Gerencia o estoque e a distribuição dos imunobiológicos. Contempla o âmbito federal, 
estadual, regional e municipal. 
 Eventos Adversos Pós-vacinação - EAPV. 
26 
 
 
Permite o acompanhamento de casos de reação adversa, ocorridos 
pósvacinação e a rápida identificação e localização de lotes de vacinas. Para a gestão 
federal, estadual, regional e municipal. 
 Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão - PAIS. 
Sistemautilizado pelos supervisores e assessores técnicos do PNI para padronização 
do perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. 
Desenvolvido para a supervisão dos estados. 
 Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de 
Vacinação - PAISSV. 
Sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imunizações para padronização do 
perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. 
Desenvolvido para a supervisão das salas de vacina. 
 Apuração dos Imunobiológicos Utilizados - AIU. 
Permite realizar o gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para 
calcular as perdas técnicas a partir das doses aplicadas. Desenvolvido para a gestão 
federal, estadual, regional e municipal. 
 Sistema de Informações dos Centros de Referência 
 em 
Imunobiológicos Especiais - SICRIE. 
Registra os atendimentos nos CRIEs e informa a utilização dos imunobiológicos 
especiais e eventos adversos. 
 
Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN 
 
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN é alimentado, 
principalmente, através das notificações e investigações de casos de doenças e 
agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória 
27 
 
 
(Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014). Mas os estados e municípios podem incluir outros 
problemas de saúde importantes em sua região como varicela no estado de Minas Gerais ou 
difilobotríase no município de São Paulo. (BRASIL, 2014). O fluxo das informações do SINAN 
está representado na figura abaixo. 
 
 
 
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo 
Humano – SISAGUA 
 
O Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo 
Humano - SISAGUA foi criado em 2001. É um instrumento do Vigiagua que tem como 
propósito auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da água 
para consumo humano, como parte integrante das ações de prevenção dos agravos 
transmitidos pela água e de promoção da saúde, previstas no Sistema Único de Saúde 
– SUS (Brasil, 2014). 
Esse gerenciamento é realizado a partir dos dados gerados rotineiramente 
pelos profissionais do setor saúde (Vigilância) e responsáveis pelos serviços de 
abastecimento de água (Controle), tendo como referência a norma de potabilidade 
vigente (Portaria MS n° 2914/2011), a abrangência desta portaria é demonstrada na 
figura 6. Visa promover a melhoria da qualidade da água destinada à população a 
28 
 
 
partir da geração de informações em tempo hábil para planejamento, tomada de 
decisão e execução de ações de saúde relacionadas à água para consumo humano 
(Brasil, 2014). A abrangência da Portaria MS nº 2914/2011 está representado na figura 
abaixo. 
 
 
Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue – SisPNCD 
 
O Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue - SisPNCD foi criado 
pelo Ministério da Saúde para substituir ao Sistema de Informação da Febre Amarela 
e Dengue (SISFAD). 
O Programa opera em dois módulos: web e local. 
O módulo Web do SisPNCD é a ferramenta de gerenciamento do sistema. Por 
meio dele os gestores dos níveis federal e estadual podem cadastrar os dados de 
controle do sistema e monitorar a entrada de dados realizada no município, através de 
relatórios (SisPNCD, 2013). 
O módulo Local do SisPNCD é o módulo de digitação de dados das fichas de campo 
do Programa Nacional de Controle da Dengue. Através dele, o município ou Coordenadoria 
Regional de Saúde digita os dados coletados no trabalho de campo, e os envia à base central, 
onde poderão ser acessados e monitorados através de relatórios (SisPNCD,2013). 
29 
 
 
 
Sistema de Informação em Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN 
 
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN tem como propósito 
realizar o diagnóstico descritivo e analítico da situação alimentar e nutricional da 
população. Auxilia no conhecimento dos problemas nutricionais nas áreas geográficas, 
segmentos sociais e grupos de pessoas de maior risco aos agravos nutricionais. Além 
disso, avalia o estado nutricional de indivíduos para obter o diagnóstico precoce dos 
possíveis desvios nutricionais, seja baixo peso ou sobrepeso/obesidade (Brasil, 2004). 
O SISVAN acompanha os indivíduos em todas as fases da vida: criança, 
adolescente, adulto, idoso e gestante. Esse acompanhamento pode ser por demanda 
espontânea do indivíduo em uma unidade de saúde ou ao Programa Saúde da Família, 
Programa de Agente Comunitário de Saúde – PACS e outros estabelecimentos de 
saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde – SUS (Brasil, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
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