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HISTÓRIA DO DIREITO Regras simples de convivência, baseadas na interpretação das relações sociais e fenômenos da natureza, com forte ligação com a religião; Estes costumes eram passados de geração a geração de maneira oral; Não havia divisão entre direito, moral e religião; Preservação da humanidade e evitar o caos sociais = punição para o homicídio; Instinto de autoproteção = instituto da legítima defesa; Observação das consequências da filiação fruto de casamento consanguíneo = proibição do incesto; Respeito à experiência e autoridade dos mais velhos = punição maior para o parricida; parricida: que ou aquele que matou o pai, a mãe, ou qualquer outro ascendente. Origem da palavra "direito" Vem do Latim De Rectum, situação em que a balança está perpendicular ao solo, demonstrando “equilíbrio”. O Que é o Direito? Conjunto de normas de conduta que regula a vida em sociedade. Seu objetivo é resolver os conflitos sociais. Quando o Direito Surgiu? Ele existe desde as primeiras sociedades. É anterior ao Estado e à escrita. Como se sabe? Estudos antropológicos realizados com povos nativos, que vivem ainda de acordo com costumes antigos. Direito Primitivo - 1/4 Exemplos de Normas Primitivas 1. Organização social/jurídica - Liderança da sociedade pelos mais velhos, pois eram os guardiães da experiência; - A aplicação do Direito era feita diretamente pela comunidade, sob a liderança do chefe, que exercia a autoridade jurídica e religiosa; - Aplicação da pena contra o infrator (“sanção”), era baseada na lógica do “olho por olho, dente por dente” (“Lei do Talião”). Era uma tentativa rudimentar de manter o equilíbrio. No início o ser humano era caçador-coletor e nômade; Por volta de 11.000 a.C., inicia a Revolução Agrícola (agricultura e pecuária); Surgem os primeiros assentamentos permanentes, principalmente perto de rios (Tigres, Eufrates e Nilo); Criação da propriedade privada; Grande crescimento populacional e necessidade de organização social; Com o aumento da concentração de pessoas e a complexidade das relações sociais, são criadas as primeiras “Cidades-Estado” entre os sumérios (Uruk e Ur) (cerca de 3.000 a.C); O governo era uma teocracia. Os poderes político (executivo, legislativo e judiciário) e religioso eram concentrados; A escrita passa a ser desenvolvida, primeiramente de maneira cuneiforme. Seu objetivo era auxiliar a organização da cidade; Formação dos primeiros exércitos e corpo de funcionários públicos, criados para ajudar na administração dos recursos e realização de registros; Surgimento de impérios (Acadiano, Babilônio, Egípcio); - Tipos de penas: pena de morte, banimento, castigos corporais e mutilações; O objetivo era reproduzir o mesmo mal causado, uma espécie de “vingança privada”. Como retratado na obra intitulada Antígona, a pior pena era o banimento. Bíblia, Velho Testamento, Levítico – 24:17 “Quem matar alguém será morto. Mas quem matar um animal o restituirá: igual por igual. Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará. Quem matar um animal restituirá outro; quem matar um homem será morto. Uma e a mesma lei havereis, tanto para o estrangeiro como para o natural; pois eu sou o SENHOR, vosso Deus”. Direito da Antiguidade Oriental - 2/4 Ser humano sedentário Agricultura - formação das Cidades-Estado na crescente fértil Primeiras experiências com direito escrito; As leis eram consideradas como divinas, reveladas ao teocrata; Código de Ur-Namu (2.100 a.C.): mais antigo encontrado; Código de Eshnunna (1.930 a.C.); Código de Lipt-Ishstar (1.870 a.C.); Código de Hamurabi (1.750 a.C.): o mais completo e mais famoso; Durante o reinado de Hamurabi (1.792 a.C – 1.750 a.C.), a cidade da Babilônia dominou toda a Mesopotâmia; Hamurabi criou um projeto de dominação cultural, que incluía a imposição da língua e suas leis em toda a Mesopotâmia; A sociedade babilônica: Previsão de punição de certas condutas, com base na Lei do Talião; Era uma forma rudimentar de resolução do conflito, buscando reestabelecer a ordem anterior por meio da vingança; Reforçava as diferenças entre homens livres e escravos, considerados como objetos; O direito na crescente fértil Primeiras compilações de leis O direito na babilônia de Hamurabi Awilum: homens livres; Muskenum: classe intermediária; Escravos; Código de Hamurabi - (cerca de 1.750 a.C) "Se alguém tirar o olho de outro, perderá o seu próprio olho” "Se alguém arranca o olho de um escravo alheio, deverá pagar metade de seu preço” “Se o arquiteto constrói uma casa e essa cai, matando o proprietário, ele deverá ser morto”. “Se morre o filho do proprietário, deverá ser morto o filho do arquiteto” (Penas aplicadas na família do infrator) “Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte” (Falso testemunho) O falso testemunho resultava em pena de morte, pois era a única forma de relatar um acontecimento na antiguidade. Logo, mentir à respeito feriria a justiça durante o julgamento. Direito na Grécia Antiga - 3/4 (12.000 a.C. – 600 d.C) As cidades-estados eram completamente independentes; As principais eram Atenas e Esparta; Cultura comum na Grécia Antiga Coletividade: não existia a noção de individualismo, os cidadãos viviam em prol da coletividade, no âmbito de sua família e da sua cidade (polis); Família: patriarcal, com o primogênito ocupando a posição do pai após a sua morte. No casamento, a mulher era “adotada” pela nova família; Religião: inicialmente com base no culto dos ancestrais, depois Deuses protetores da cidade; Escravidão: amplamente praticada com povos conquistados. O escravo era um objeto, não possuía direitos; Esparta Era uma diarquia, governada por dos reis hereditários; Funcionava como uma ditadura militar; O Direito era oral e flexível, de acordo com a vontade política; Gerousia: Conselho dos 28 mais velhos; Rito do Agoge: Aos 7 anos os meninos ingressavam no serviço militar e passavam a ser tutelados pelo Estado; aos 30 anos viravam cidadão. Classes Sociais: cidadãos, helotes e escravos; Como se tratava de uma sociedade militar, contribuíram pouco para formação da política e do direito ocidental. Atenas Divisão de Classes em Atenas: Aristoi (eupátridas): elite; Georgoi: agricultores; Andropon: Escravos; Experiências políticas em Atenas: monarquia; oligarquia; tirania e democracia (460 a.C.). Democracia: governo do povo. Era direta, onde participavam todos os cidadãos (sexo masculino, ateniense e livre). Ser ouvido (isegoria); Votar e exercer cargo público (isopoliteia); gualdade de tratamento (isonomia); Direitos políticos Estruturas Políticas Arconte: escolhidos ou sorteados entre os membros da elite. Inicialmente com mandato de 10 anos, depois passou para mandato de 1 ano, sem reeleição. Arconte Epônimo: chefe, função administrativa e judicial. Arconte Basileus: líder religioso. Arconte Polemarca: líder militar. Thesmothetai: auxiliares dos arcontes, na quantidade de seis. Com a evolução da democracia ateniense (pós séc. V a.C.), o poder dos arcontes diminuiu e os Conselhos ganharam força. O Polemarca foi substituído por 10 Strategoi. Eclésia: Assembleia Função: votar leis, escolher arcontes e strategoi e julgar seus mandatos, declarar guerra; Participação: todos os cidadãos atenienses (sexo masculino, livres, maior de 20 anos e nascidos em Atenas); Composição: cerca de 6.000 pessoas (entre 10 a 20% da população de Atenas); Reuniões: cerca de 40 por ano; Boulé: Conselho Função: Criada posteriormente à Eclésia. Administração da cidade, preparar as reuniões da Eclésia e executar as suas decisões; Participação: cidadãos voluntários com mais de 30 anos escolhidos por sorteio; Composição: 500 cidadãos; Reuniões: todos os dias; Aerópago: Tribunal Antigo Função: Antesda criação da Boulé. exercia a sua função e era um conselho vitalício dos mais velhos. Depois, tornou-se um tribunal para o julgamento de homicídio; O Direito em Atenas era exclusivamente oral e manipulado pela aristocracia; Drácon é designado para criar um código de leis escritas para serem expostas publicamente; Distingue o homicídio dolo e culposo e coloca o julgamento pelo Aerópago; Até os crimes mais leves implicava pena de morte; Sólon foi indicado Arconte para criar uma lei capaz de reduzir os conflitos políticos que aconteciam na época; Criou uma nova divisão de classes baseada na propriedade e produção, reduzindo o poder da antiga aristocracia e incluindo novos cidadãos; Organiza a Eclésia, Boulé e Heliaia; Propõe penas menos severas; Reformas econômicas; Participação: cidadãos voluntários com mais de 30 anos escolhidos por sorteio antes do julgamento; Composição: 150; Reuniões: quando havia julgamento; Heliaia: Tribunal Popular Função: julgar questões civis e criminais (exceto homicídio); Participação: cidadãos voluntários com mais de 30 anos escolhidos por sorteio; Composição: até 500, dependendo da causa; Reuniões: quando havia julgamento, diariamente; Legisladores Atenienses Constituição de Drácon - (620 a.C.) Constituição de Sólon - (593 a.C) Sistema de justiça em Atenas O interessado levava a questão aos oficiais do tribunal. Não havia advogados, promotores, magistrados de carreira ou polícia. O próprio interessado que possuía a responsabilidade de levar o réu se ele se recusasse a comparecer. Casos de homicídio eram levados pela família do falecido; O júri era escolhido (ou sorteado). Um ficava responsável por conduzir o julgamento; As duas partes eram ouvidas em igual tempo; As testemunhas eram ouvidas; Os jurados de maneira secreta por maioria simples; Patrícios: cidadãos, famílias fundadoras de Roma. Plebe: cidadãos com direitos políticos limitados de famílias que não pertenciam à aristocracia. Trabalhadores do campo, artesãos, comerciantes. Conquistaram maior poder político e econômico ao longo do tempo. Escravos: considerados como objetos. Capturados em guerra ou escravos por dívidas. Rei (Rex): detinha o poder político, militar e jurídico (imperium). Senado: sens significa ancião. Pessoas mais velhas da elite.Aconselhavam o Rei. Senado: tratavam de política externa, deliberavam sobre finanças e mantinham o poder em crises. Emitiam recomendações aos magistrados. Controlado pelos patrícios. Assembleia dos Centúrias (Comitia Curiata): os cidadãos romanos eram divididos em grupos (centúrias) de acordo com sua classe para votação. Decisão de acordo com o voto da maioria das centúrias. Na prática era controlada pelos patrícios que sempre votavam primeiro. Eram responsáveis pela eleição das magistraturas mais importantes (cônsules e pretores). Assembleia Tribal: participavam todos os cidadãos, decisões por maioria simples. Realizavam a eleição das magistraturas menores. Direito Romano - 4/4 Realeza (753 - 510 a.C.) República (510 – 27 a.C.) Império (27 – 476 d.C – fim do I.R. do Ocidente) Império Romano do Oriente (Bizantino) (395 d.C – 1453 d.C.) Sociedade Romana Sociedade patriarcal dividida em núcleos familiares, governados pelo pater familiae. Observação: as mulheres possuíam direitos limitados (ter propriedades, divorciar), mas sempre tuteladas por homens. Monarquia Romana A Monarquia era vitalícia e não hereditária. Era eleito entre os patrícios. República Romana Res + Publica: “coisa pública”. Os Romanos verificaram que a concentração de poder nas mãos de poucos eram ruim. Conselho da Plebe: decidiam questões da plebe e indicavam o Tribuno da Plebe. Magistrados: substituíram as funções reais. Eram diversos cargos públicos com mandato temporário, geralmente um ano. Cidadãos com experiência, geralmente patrícios. Força da cultura romana no Ocidente; Deixou vários registros escritos; Magistraturas Romanas na República Cônsules: geralmente eram apenas dois, o cargo mais importante. Comandavam o exército e presidiam o Senado. Tratavam de questões religiosas e administrativas. Dividiam-se por área ou se revezavam. Pretores: Função principal de administrar a justiça. Dependendo do período, exerceram uma série outras funções, como líder militar e governador de províncias. Edis: função de cuidar da cidade, segurança pública, tráfico urbano, fiscalização do comércio, conservação de edifícios e organização de jogos públicos. Questores: cuidavam do dinheiro público. Censores: realizavam o censo da população. Tribuno da Plebe: representante da plebe no Senado, criado após reformas. Império Romano Concentração de poder nas mãos do Imperador, o princeps (primeiro cidadão de Roma). O Senado escolhia, mas prática quem indicava era o Imperador. Os poderes do Senado, das Assembleias e das Magistraturas diminuíram consideravelmente. A importância do Direito Romano Os romanos desenvolveram uma sociedade complexa no campo familiar, econômico e político. Seu sistema jurídico era voltado principalmente para regular as relações familiares, os contratos, o uso e venda da propriedade rural, a responsabilidade por dano, etc. Influenciou a formação do Direito de diversos países ao longo da história por várias razões: 8 Desenvolveram a “atividade jurídica” dotada de uma estrutura burocrática e profissional capaz de manter a ordem, resolver conflitos e criar o Direito. Maior separação entre Direito e religião. Criação de profissões jurídicas (como juiz, jurisconsultos, advogados) Lex publica: criadas pelo Estado. Leges privatae: eram o próprio contrato entre as partes Criada em 451 a.C. após conflitos com a plebe, descontente com o autoritarismo na interpretação do Direito pelos patrícios. O objetivo é codificar os antigos costumes romanos e conceder maior certeza às relações jurídicas. Sabe-se apenas de fragmentos, por meio de referências posteriores. O Direito Romano no Direito Brasileiro Contratos; Direitos Reais: ação reivindicatória, interdito proibitório, usucapião, direito de vizinhança; Direito de Família: casamento, poder familiar, direito de herança, tutela e curatela, adoção; Responsabilidade civil: indenização de um dano; Fontes do Direito Romano Costumes: também chamados de consuetudo e mores. Ex: pátrio poder, fides (presunção de veracidade sobre o juramento realizado), dignitas (representação da dignidade para exercer cargo público). Leis (Lex) Éditos dos magistrados: todos os cargos públicos poderiam criar instrumentos jurídicos obrigatórios. Lei das 12 tábuas Tábua VII Permitia cortar o galho das árvores se a sombra invadisse o quintal da propriedade vizinha. O proprietário tinha o direito de colher os frutos das árvores vizinhas que chegassem ao seu quintal. Código Civil Brasileiro de 2002: Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram,se este for de propriedade particular. Pretor: cargo público temporário responsável pela administração da justiça entre outras funções. Ouvia os casos, podia indicar juízes/jurados (judex) para decidirem a questão. Não precisava ter conhecimentos jurídicos. Jurisconsulto: especialistas em Direito, eram ouvidos pelos pretores e partes sobre as questões jurídicas, emitindo seu parecer. Era considerada uma atividade de grande prestígio. Advocatus: inicialmente, eram as próprias partes que apresentavam a questão nos tribunais. Quando o Direito tornou-se mais complexo, facultou-se a possibilidade de ser representado por outras pessoa. Significa “aquele que foi chamado”. Aos poucos, virou uma profissão, mas não tinha o mesmo prestígio dos jurisconsultos. Outras leis e normas Lex Canuleia (445 a.C): permitiu o casamento entre patrícios e plebeus. Lex Ogulnia (300 a.C): plebeus em cargos religiosos. Lex Hortensia(287 a.C.): obrigatoriedade de cumprimento das decisões tomadas nas assembleias de plebeus. Lex Aquilia (286 a.C.): obrigado o pagamento por danos causados à propriedade imóvel, escravos ou animais. O objetivo é impedir o furto, vandalismo e destruição da propriedade. Profissionais jurídicos Corpus Juris Civiles Elaborado em 527 d.C. pelo Imperador Justiniano I do Império Romano do Oriente. Foi a maior obra de compilação do Direito Romano (tiveram outras), resgatou muito do que foi produzido de importante. Divisão Codex: constituições imperiais. Digesto ou Pandectas: pareceres importantes dos jurisconsultos. Institutas: Manual para os estudantes de Direito. Novelas: novas leis do próprio Imperador Justiniano I.