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O ESTADO DE VARGAS

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O ESTADO DE VARGAS
1930-1945
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Períodos
1930-1934: Governo Provisório
1934-1937: Governo Constitucional (Vargas é eleito indiretamente pela Assembleia Constituinte)
1937-1945: Estado Novo
Contexto internacional
Período entre-guerras
Crise do capitalismo
Fascismo
Comunismo
Processos de urbanização e industrialização no mundo
Centralidade do papel do Estado
Governo Provisório
(1930-1934)
Dissolução do Congresso
Código dos Interventores: estados governados por interventores nomeados pelo presidente e retirada dos poderes conferidos pela Constituição de 1891 aos Estados (proibição de tomada de empréstimos externos e restrição do investimento em forças policiais próprias)
Parâmetros para a relação entre o Estado e a sociedade
Corporativismo 
Insulamento burocrático
Universalismo de Procedimentos
Corporativismo
Influência romena
Mihail Manoilescu: “O século do corporativismo” (Traduzido por Azevedo Amaral em 1938)
Sociedade organizada por setores da produção
No caso do Estado de Vargas, o Estado como organizador dessa sociedade – corporativismo estatal
Crítica às instituições clássicas da representação política liberal – crítica aos partidos
Insulamento burocrático
Com o rompimento da política dos estados vigente na Primeira República, houve a nacionalização da burocracia e, com isso, um maior distanciamento nas relações com a sociedade
Aspecto positivo: relações menos clientelistas, mais impessoais
Aspecto negativo: descolamento da burocracia em relação à sociedade
Universalismo de procedimentos
Com a nacionalização da burocracia, houve um esforço de tornar os procedimentos burocráticos universais no território nacional
Com o universalismo de procedimentos, buscou-se mais:
Racionalidade na administração;
Impessoalidade;
Igualdade na relação com o cidadão em todo o território nacional.
Criação de novos órgãos nacionais
1930: Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
1931: Conselho Nacional do Café, Instituto do Cacau (BA)
1932: Ministério da Educação e Saúde Pública
1933: Departamento Nacional do Café, Instituto do Açúcar e do Álcool
1934: Conselho Federal do Comércio Exterior; Instituto Nacional de Estatística; Código de Minas; Código de Águas
1934: Universidade de São Paulo
1937: Universidade do Brasil
Estado Social
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
Justiça do Trabalho (1939)
Ministério da Educação e Saúde Pública
A revolução paulista de 1932
Demanda constitucionalista
Exclusão do PD paulista da composição do governo
Apoio inicial de MG e RS, seguido do isolamento de SP
Derrota de SP 
Código Eleitoral de 1932
Voto das mulheres
Voto secreto
Voto do analfabeto:continuava proibido
Justiça eleitoral, com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Constituinte
Vitória dos segmentos regionais
Fraco desempenho dos candidatos ligados ao tenentismo
Uma mulher deputada: Carlota Pereira de Queirós (SP)
Liga Eleitoral Católica
Constituição de 1934
Federalismo
Intervenção do governo central na ordem econômica e na ordem social (inspiração na Constituição de Weimar (1919))
Capítulo exclusivo sobre a família – oficialização do casamento religioso
A primeira eleição para presidente seria feita na forma indireta (com vitória de Vargas).
Repressão à organização social 
e aos partidos
1935: Lei de Segurança Nacional – estabelecia um regime processual diferenciado para os crimes contra a segurança do Estado
As organizações políticas que se formaram nesse período foram reprimidas, sob a justificativa de ameaça do fascismo e do comunismo e tiveram ordenado seu fechamento.
Ação Integralista Brasileira (AIB)
(1932-1937)
Plínio Salgado
Orientação fascista
Deus Pátria e Família
Chegou a ter mais de 600 mil filiados 
Ação Nacional Libertadora (ANL)
(1935)
Luís Carlos Prestes
Plataforma: 
suspensão do pagamento da dívida externa do país, 
a nacionalização das empresas estrangeiras, 
a reforma agrária e a proteção aos pequenos e médios proprietários, 
a garantia de amplas liberdades democráticas e a constituição de um governo popular
Ordenado o seu fechamento, com fundamento na Lei de Segurança Nacional
Levante Comunista (Intentona comunista)
Levante militar em torno da Aliança Nacional Libertadora
Novembro de 1935, em três cidades: Rio de Janeiro, Natal e Recife
Após o Levante, intensificação do discurso anticomunista
Plano Cohen
Sucessão de Vargas em 1938
Plano que previa a realização de greves gerais pelos trabalhadores e atentados contra as autoridades
Após a divulgação, foi desencadeada uma forte campanha anti-comunista. Em decorrência, foi decretado o estado de guerra e afastado o governador do RS (Flores da Cunha)
O documento do Plano foi forjado pelo próprio governo, para justificar o golpe do Estado Novo
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O Golpe do Estado Novo
Federalização das milícias estaduais
10 de novembro de 1937 – fechamento do Congresso
Anúncio por Vargas, pelo rádio, de uma nova era, com uma nova constituição elaborada por Francisco Campos
Decretação do Estado de Guerra
Intelectuais e 
interpretações do Brasil
Defensores do autoritarismo
Alberto Torres
A Organização Nacional (1914)
Oliveira Viana 
Populações Meridionais do Brasil (1920)
Instituições Políticas Brasileiras (1942)
Azevedo Amaral
O Estado Autoritário e a realidade nacional (1938)
Intelectuais e 
interpretações do Brasil
Pontos em comum
Especificidade da realidade brasileira
Descolamento entre as instituições “copiadas” e o contexto nacional – antiliberalismo
Descompasso entre o Brasil “legal” e o Brasil “real”
Necessidade de correspondência e adequação entre as formas jurídicas e as necessidades nacionais
Intelectuais e 
interpretações do Brasil
Gilberto Freyre
Casa Grande e Senzala (1933)
Sergio Buarque de Holanda
Raízes do Brasil (1936)
Caio Prado Júnior
Formação do Brasil Contemporâneo (1942)
O Estado novo
Características Gerais
Modernização pelo alto
Nacionalização do Estado: queima das bandeiras estaduais – Estado unitário
Racionalidade administrativa
Despolitização da vida social (administração x política)
Militarização do Estado
Valorização da técnica e do conhecimento científico em detrimento da política
Estado como formulador e antecipador dos interesses da sociedade
Cultura do trabalhismo
A Constituição de 1937
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ,
        ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;     
        ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente; 
        ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo; 
        Com o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas; 
        Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o Pais: 
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS 
        Art 175 - O primeiro período presidencial começará na data desta Constituição. O atual Presidente da República tem renovado o seu mandato até a realização do plebiscito a que se refere o art. 187, terminando o período presidencial fixado no art. 80, se o resultado do plebiscito forfavorável à Constituição. 
        Art 176 - O mandato dos atuais Governadores dos Estados, uma vez confirmado pelo Presidente da República dentro de trinta dias da data desta Constituição, se entende prorrogado para o primeiro período de governo a ser fixado nas Constituições estaduais. Esse período se contará da data desta Constituição, não podendo em caso algum exceder o aqui fixado ao Presidente da República. 
        
Art 177 - Dentro do prazo de sessenta dias, a contar da data desta Constituição, poderão ser aposentados ou reformados de acordo com a legislação em vigor os funcionários civis e militares cujo afastamento se impuser, a juízo exclusivo do Governo, no interesse do serviço público ou por conveniência do regime. 
        Art 178 - São dissolvidos nesta data a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as Assembléias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. As eleições ao Parlamento nacional serão marcadas pelo Presidente da República, depois de realizado o plebiscito a que se refere o art. 187. 
        Art 179 - O Conselho de Economia Nacional deverá ser constituído antes das eleições do Parlamento nacional. 
        Art 180 - Enquanto não se reunir o Parlamento nacional, o Presidente da República terá o poder de expedir decretos-leis sobre todas as matérias da competência legislativa da União. 
A Constituição de 1937
Elaborada pelo então Ministro da Justiça, Francisco Campos
Enorme centralização do poder nas mãos do presidente
Constituição de inspiração fascista
O presidente nomeava interventores para os estados, que por sua vez nomeavam interventores para os municípios
Estímulo à organização sindical em moldes corporativos
Constituição de 1937
Legislativo: Câmara dos Deputados e Conselho Federal 
Conselho da Economia Nacional (representação corporativa, que nunca foi instalado)
Constituição de 1937
“A Constituição Decretada de 1937
A Constituição de 1937 foi gerada no regime autoritário do Estado Novo. A proposta orçamentária seria elaborada por um Departamento Administrativo junto à Presidência da República e votada pela Câmara dos Deputados e pelo Conselho Federal (uma espécie de Senado com dez membros nomeados pelo Presidente da República). Na verdade, este último nunca foi instalado e o orçamento sempre foi elaborado e decretado pelo Executivo.
A competência é do DASP - Depto. Administrativo do Serviço Público. Seu Diretor passou a presidir a Comissão de Orçamento do Ministério da Fazenda. Após a conclusão do orçamento, este era encaminhado diretamente ao Presidente para aprovação.
Em 1939 foi instituído o Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento da Defesa Nacional, cujas despesas eram cobertas por créditos paralelos ao orçamento geral da União. Em 1943, o Plano Especial foi transformado em Plano de Obras e Equipamentos, configurando-se, assim, um orçamento paralelo de capital, ou seja, o Princípio da Unidade foi para o espaço. Observe-se, portanto, que os orçamentos de 1944 e 1945 continham apenas despesas de custeio. Em 1947, com a redução dos recursos provenientes das fontes especiais, o Plano de Obras foi incorporado ao Orçamento”
(extraído de: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/cidadao/entenda/cursopo/HistoricoBrasil)
 
DASP
(Departamento Administrativo do Serviço Público)
Criado para racionalizar a administração e universalizar os procedimentos
Representava a modernização da administração
Como órgão de concepção do regime autoritário, promoveu o insulamento burocrático
Daspinhos – Dasps nos estados
Comissões de Eficiência nos Ministérios
Paralelamente: criação da função de orçamentação como parte do planejamento
Órgãos criados no período
1937: Conselho Brasileiro de Geografia, Conselho Técnico de Economia e Finanças
1938: Conselho Nacional do Petróleo; DASP; IBGE
1939: Plano de Obras Públicas e Aparelhamento de Defesa
1941: Companhia Siderúrgica Nacional;
1942: Missão Cooke; SENAI;
1943: CLT; SESI
1945: Superintendência da Moeda e Crédito (Sumoc), Decreto-Lei n.o 7.666, sobre atos contrários à ordem moral e econômica
1933 a 1945: Criação dos IAPs (Marítimos, Industriários, Transportadores de Carga, Bancários, Comerciários, Estiva e Servidores do Estado)
Propaganda 
1931: Departamento Oficial de Publicidade;
1934: Departamento de Propaganda e Difusão Cultural
Dezembro/1939: Criação do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda
Cinema, rádio, teatro, imprensa
Programa “Hora do Brasil”
Política Trabalhista
1939: Começa a ser comemorado o 1.o de maio
1940: Primeiro Decreto-Lei definindo o salário-mínimo, que já era previsto desde a Constituição de 1934
1940: criação do imposto sindical
1943: CLT
Ideologia Trabalhista
Marcos na estrutura estatal
Complexificação e especialização de estruturas estatais
Sofisticação do aparelho burocrático
Aparência de racionalidade e impessoalidade nos processos administrativos
Surgimento do assessor técnico
Estrutura institucional 
Relação entre poder central e Estados
Interventorias: significavam o poder central nos Estados
DASP e “daspinhos”: forma institucional da “nação organizada”
o DASP se constituiu em um super ministério e o presidente do daspinho muitas vezes tinha poder maior que o do interventor
Forças Armadas
Institutos, autarquias e grupos técnicos
Nacionalismo
Ideologia nacionalista como norteadora da política econômica e social do país
Conteúdo anti-liberal
Enfraquecimento dos partidos
Estado como principal ator econômico (capitalismo de Estado)
Populismo
Vargas exercia um tipo de liderança que pode ser considerada populista
Populismo: tipo de relação entre o Estado e a sociedade, em que o chefe de Estado e/ou de governo se relaciona diretamente com a população, enfraquecendo as instituições representativas, como os partidos, dirigindo-se normalmente às “massas”, aos “oprimidos” etc.
Em nossa história líderes como Vargas, João Goulart, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Ademar de Barros, Leonel Brizola e Lula, entre outros, foram chamados de "populistas".
Política externa
Assinatura de acordos econômicos com os Estados Unidos e com a Alemanha;
Colaboração com a polícia nazista 
1942: envio de cerca de 20 mil soldados da FEB para lutar ao lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial
Declínio do Estado Novo
Contradições entre a política externa (vitória dos Aliados e declínio da ideologia nazi-fascista) com a ditadura vigente no país
Movimento Constituinte com Getúlio (Queremismo)
1943 - Manifesto dos Mineiros – oposição a Getúlio Vargas – associado ao surgimento da UDN
Afastamento dos militares – o excessivo trabalhismo de GV o aproximava do comunismo, ameaça maior para generais como Góis Monteiro e Dutra
Declínio do Estado Novo
Decretos-leis inconstitucionais prevendo a convocação de eleições
28 de maio de 1945 – Código Eleitoral, prevendo eleições para presidente e para uma nova constituinte em 2 de dezembro de 1945
29 de outubro de 1945 – deposição de Vargas, liderada por Góis Monteiro – assume a presidência da república – José Linhares – presidente do STF
Partidos e candidatos 
nas eleições de 1945
UDN – União Democrática Nacional: Eduardo Gomes
PSD – Partido Social Democrático: Eurico Gaspar Dutra
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro: getulista, apoiou o PSD
PCB – Partido Comunista Brasileiro: Yedo Fiúza
PAN – Partido Agrário Nacional: Mário Rolim Teles 
Eleições de 1945
Consideradas as primeiras eleições democráticas
Vitória de Dutra: indicando a vitória de Getúlio
Getúlio eleito senador por dois estados: RS e SP, pelo PTB
A vitória do PSD indicou o grau de influência que tinha a partir da capilarização burocrática possibilitada pela estrutura estatal criada no seu governo
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Características da população, segundo sexo e atividade
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Questões
Qual o padrão de relacionamento entre o governo nacional e os estados durante o período 1930-1945?
Quais as transformações nas condições de cidadania política ocorridas durante o governoVargas?
Quais as mudanças na relação entre Estado e sociedade durante o governo Vargas?

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