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Conteudista: Prof.ª M.ª Fernanda Mendes Revisão Textual: Esp. Laís Otero Fugaitti Objetivo da Unidade: Compreender conceitos e dispositivos da atenção primária à saúde constituídos no Sistema Único de Saúde. Material Teórico Material Complementar Referências Dispositivos da Atenção Primária à Saúde Introdução Nesta etapa de nossos estudos vamos identificar as principais atribuições da equipe de enfermagem na atenção básica e compreender conceitos relacionados à territorialização, bem como apresentar a caracterização da área de abrangência. Vale destacar que se faz necessário compreender o perfil sociodemográfico, sanitário e epidemiológico da população de abrangência. Bons estudos! Principais Atribuições da Equipe de Enfermagem na Atenção Básica Antes de apresentar quais são as principais atribuições da equipe de enfermagem atuante na atenção básica, vale retomar o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e relembrar como as equipes de enfermagem são constituídas no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen, 2017, p. 157): 1 / 3 Material Teórico “O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e teórico-filosófico; exerce suas Fica evidenciado pelo próprio Conselho de Classe que os profissionais deverão exercer suas atividades de trabalho com competências, que são divididas em categorias profissionais. São elas: Apesar de a função continuar a existir, não há mais cursos específicos para a formação de atendentes de enfermagem. São profissionais que compõem a equipe de enfermagem e executam atividades elementares de enfermagem; ofertam cuidados simples de saúde, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, não necessariamente enfermeiro. Enfermeiros; Técnicos de enfermagem; Auxiliares de enfermagem; Obstetrizes; Parteiras; e Atendentes de enfermagem. atividades com competência para promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentralização político-administrativa dos serviços de saúde.” Figura 1 – Equipe de enfermagem Fonte: Getty Images Tabela 1 – Categorias Profissionais que Compõem a Equipe de Enfermagem Equipe de Enfermagem Categoria Principais Características Equipe de Enfermagem Enfermeiros São os profissionais responsáveis por coordenar toda a equipe de enfermagem. Atuam nos casos que apresentam maior complexidade e gravidade clínica. É sob a sua orientação que os demais profissionais atuam, visando sempre à promoção da saúde e ao cuidado integral do paciente. Técnicos de enfermagem O técnico em enfermagem atua em parceria com a equipe, composta por enfermeiros e auxiliares de enfermagem. As principais funções envolvem prestar cuidados básicos aos pacientes, geralmente, sob a supervisão do enfermeiro, e pode também realizar procedimentos específicos de média a alta complexidade. Responsável por prestar auxílio ao enfermeiro em determinadas situações. Equipe de Enfermagem Auxiliares de enfermagem Ao auxiliar de enfermagem cabem tarefas básicas e indispensáveis ao cuidado com paciente. Realizam atividades como: verificação dos sinais vitais; realização de curativos; prestar cuidados de higiene; preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos; realizar cuidados de enfermagem prescritos; e coletar materiais para exames, entre outras tarefas. Obstetrizes Profissionais com graduação em Enfermagem e especialização em Assistência Obstétrica. Têm por principal função assistir a mulher durante o processo de parto e pós-parto, por exemplo, orientando a mãe na amamentação ou em dúvidas relacionas a todo o processo de gestação, parto e pós-parto. A equipe de enfermagem atua em parceria com outras equipes, como equipes médicas e administrativas, e com outros profissionais da saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentistas, psicólogos e assistentes sociais, entre outros. Após reconhecer a importância da enfermagem e identificar como é composta a equipe de enfermagem, vamos enfatizar as atribuições dos profissionais de enfermagem na atenção básica. A seguir serão apresentadas as atribuições de cada categoria segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Atribuições do enfermeiro na atenção básica: - Florence Nightingale Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias cadastrados nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade; Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços; Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde (ACS) em conjunto com os outros membros da equipe; Contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; “A enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus?” O enfermeiro que atua na atenção básica deve ter habilidade não apenas para desenvolver atividades técnicas, como também atividades administrativas e de gestão. É o responsável por construir ou seguir normas previamente estabelecidas, rotinas e protocolos, bem como estar apto para conduzir sua equipe frente a dúvidas ou atualizações advindas, por exemplo, das esferas federais e estaduais. É importante que o enfermeiro reconheça a importância de criar vínculo com a equipe e, principalmente, com os usuários, a fim de que a escuta qualificada, o acolhimento e o cuidado humanizado integral sejam ofertados. O enfermeiro precisa também ter habilidade de identificar as dimensões humanas, ou seja, reconhecer que todo ser humano é um ser biopsíquico social e espiritual. Essa habilidade é ponto essencial para uma consulta de enfermagem de excelência. Nesse caso, podemos ilustrar como exemplo uma consulta de enfermagem feita com um paciente hipertenso: se o profissional enfermeiro focar apenas na dimensão “bio” (biológica), vai ficar atento somente a valores de referências e medicações utilizadas, sendo que em alguns casos a descompensação do quadro clínico pode advir de uma questão psíquica (como estresse ou depressão), bem como de uma questão social (por exemplo, desemprego). Assim, vale ressaltar que as atribuições do enfermeiro que atua na atenção básica são complexas e exigem conhecimentos técnicos e políticos, mas acima de tudo precisam de uma postura ética e um olhar integral e humano. Atribuições do auxiliar e do técnico de enfermagem na atenção básica: Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da Unidade Básica de Saúde (UBS) (BRASIL, 2011a). Participar das atividades de atenção realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.); Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento da equipe; Mais uma vez, a postura ética e humanizada se demonstra inerente à prática profissional, visto que são valores primordiais ao se fazer atendimento domiciliar, por exemplo. Os profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem, como apresentado no Quadro 3 e de acordo com a PNAB, são fundamentais para o bom atendimento na atenção básica não apenas devido a suas contribuições técnicas, mas principalmente pelas informações coletadas durante a assistência, informações essas que vão impactar diretamente o planejamento das atividades e da assistência de toda a equipe. Figura 2 – Ética na enfermagem Fonte: Adaptada de Freepik Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS; Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS (BRASIL, 2011a). É importante compreender que, para que exista essa proximidade na relação enfermagem- paciente, a equipe deve de fato conhecer seus usuários. Para isso, algumas organizações são feitas para que a equipe atenda de maneira satisfatória e viável a seus usuários. A viabilidade desse modo de se fazer saúde se dá, entre outras estratégias, pelo processo de territorialização, que será apresentado a seguir. Processo de Territorialização Território Antes de explanar sobre o processo de territorialização, é importante compreender a visão ampliada e adequada na saúde do que se entende por território. Sabe-se que é comum definir território como um espaço geográfico delimitado por divisões físicas e administrativas; por meio dessas divisões surgem, então, países, estados, cidades e bairros. A ocupação de um território traz modificações de toda ordem, modificações que muitas vezes não são planejadas, o que resulta em inadequações sociais e de moradias, fazendo com que algumas ocupações não harmônicas prejudiquem grupos específicos nos tocantes sociais e econômicos. Aqueles que vão ocupando os territórios modificam não apenas a paisagem, mas também a vida das pessoas que ali habitam. Figura 3 – Territórios Fonte: Adaptada de Freepik Território em Saúde Pode ser definido como o lugar de entendimento do processo de adoecimento, em que as representações sociais do processo saúde-doença envolvem as relações sociais e as significações culturais (MINAYO, 2006). Assim, ao se pensar em território em saúde, as delimitações geométricas passam a não ter tanta importância em detrimento das características que compõem o perfil daquela população. Cada território tem as suas especificidades, que configuram diferentes perfis culturais, sociais, demográficos, epidemiológicos, políticos e econômicos. Assim, os profissionais que trabalham na atenção básica precisam conhecer as características do território de atuação para que, ao conhecer de fato a realidade das pessoas, consigam articular a assistência prestada com as necessidades identificadas. Figura 4 – Territorialização em saúde Fonte: Reprodução É importante relembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) traz em seu bojo, ou seja, no cerne dos seus princípios a organização territorial de modo hierarquizada, descentralizada e integrada regionalmente. A estrutura está alicerçada nos princípios doutrinários da universalidade, equidade e integralidade. Assim, o que se evidencia e está assegurado na Constituição Federal é que não importa em qual local do território a pessoa habite, é um dever do Estado oferecer subsídios para que sua saúde seja assegurada. A atenção básica é o único nível da atenção que estará presente em todo o território nacional e, por meio dela, das pactuações intermunicipais e dos sistemas regionais, as pessoas poderão acessar os demais níveis do cuidado, assim designados secundário e terciário. Portanto, todo o projeto territorial do SUS depende da constituição de uma base que deve funcionar como porta de entrada e centro de comando do sistema. Ao município cabe a responsabilidade de desenhar a porta de entrada do SUS, tendo em vista os mesmos princípios constitucionalmente previstos (FARIA, 2020). Assim, faz-se necessário identificar e caracterizar a área de abrangência do território de atuação. Caracterização da Área de Abrangência: Perfil Sociodemográfico, Sanitário e Epidemiológico Conhecer o perfil dos usuários assistidos pelas unidades, bem como sua história clínica, é essencial para a organização dos serviços, pois possibilita direcionar como o serviço vai ser planejado e qual é a melhor forma de gerir a programação da assistência. Os dados sociodemográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas ao cálculo de prevalências e incidências de alterações de saúde. Compreendem dados relacionados a: Habitualmente, são aplicados questionários a fim de conseguir os dados. É fundamental que o profissional que vai aplicar o questionário esteja em ambiente tranquilo, atento às respostas e, principalmente, atento às respostas não verbais. Sexo; Idade; Estado civil; Nível de escolaridade; Atividade laboral; Religião; Endereço residencial; Renda e outros. Muitas vezes, o entrevistado pode sentir vergonha ou dificuldade em responder a alguns questionamentos; por esse motivo, é importante considerar as linguagens e o ambiente em que o questionário vai ser aplicado. Nesse caso, o ambiente deverá ser calmo e, de preferência, sem interrupções durante a aplicação. Figura 5 – Linguagem não verbal Fonte: Adaptada de Getty Images O perfil sanitário e o perfil epidemiológico retratam o perfil da saúde de determinada população. Assim, ambos são utilizados para identificar o quadro geral de saúde de uma população específica, por exemplo, a população que vive na área X, ou então a que faz parte da UBS Y. Os estudos acerca desses perfis podem ser considerados o primeiro passo para a criação de estratégias e programas que objetivam promover saúde e prevenir doenças, visto que por meio deles é possível identificar quais são os agravantes, fragilidades e problemas que vão impactar a vida de determinados grupos de usuários (por exemplo: professores, profissionais da área de construção, profissionais da saúde e assim por diante). Atenção Domiciliar (AD) É rotineiro para as equipes de saúde que atuam na AD depararem com situações complexas. Devido a condições socioeconômicas dos pacientes ou a características clínicas em que se encontram, muitos apresentam várias patologias; em consequência disso, fazem uso de diversos medicamentos e muitos apresentam patologias em estágios avançados. Essa característica do trabalho em saúde das equipes de AD, somada ao fato de que o seu contato com o paciente não se dá em estabelecimentos de saúde, e sim no domicílio, impõe o desenvolvimento de saberes e habilidades para facilitar o provimento e a disponibilização de tecnologias de saúde de acordo com as necessidades dos pacientes, isto é, de gerir o cuidado realizado. As equipes de AD, como já mencionado, não têm todas as condições necessárias para garantir de modo isolado o acesso do paciente a tecnologias de saúde, tornando necessário, assim, contar com outros pontos de atenção da rede do sistema público de saúde, mas isso não diminui a potência que essas equipes de AD têm na gestão do cuidado. Figura 6 – Equipes de AD Fonte: Getty Images É importante reconhecer que as equipes de AD atuam como facilitadoras no processo de trabalho, fazendo uso de ferramentas especificas para isso. Algumas dessas ferramentas serão apresentadas a seguir. Acolhimento Alguns dicionários trazem por definição que o ato de acolher significa amparar, atender, receber, admitir, dar acolhida, aceitar, dar ouvidos, dar crédito, agasalhar. O acolhimento possibilita uma relação de aproximação, ou seja, faz com que essa atitude de inclusão deixe os profissionais perto dos usuários. É uma ferramenta que, devido à relação que se estabelece, proporciona a garantia da lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde, partindo dos seguintes princípios: garantir acessibilidade universal, reorganizar o processo de trabalho com base em uma equipe multiprofissional e qualificar a relação trabalhador-usuário. O acolhimento pode ser considerado uma diretriz ética, estética e política da Política Nacional de Humanização (PNH) do SUS (BRASIL, 2009). Ética no compromisso com as pessoas, na atitude de acolher com respeito, considerando suas particularidades, sua visão de mundo, suas crenças e sentimentos, como se sentem e se posicionam na vida. Estética porque traz estratégias de dignificação da vida e do viver as relações e, assim, a construção de nossa própria humanidade. Política porque implica o compromisso coletivo de se envolver nesse “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos diferentes encontros (BRASIL, 2009). No campo da saúde, o termo acolhimento é identificado como uma dimensão espacial, uma recepção formal com ambiente confortável, mas também uma ação de organização administrativa e repasse de encaminhamentos para serviços especializados. Há três formas de defini-lo: enquanto postura – a postura acolhedora da equipe, enquanto processo de trabalho –; diretriz reorganizadora do processo de trabalho; e ferramenta – instrumento para promover o vínculo, acessibilidade, universalidade e humanização em um espaço de recepção para a escuta qualificada (SAVASSI, 2011). O verdadeiro sentido do acolhimento como ferramenta de saúde está na compreensão de que ele é uma postura que a equipe deve adotar ao perceber a dor e o sofrimento em todas as suas facetas, com o conhecimento do espaço de vida do usuário. Entender essa postura como forma de promover a escuta das necessidades da pessoa e de seus familiares torna o processo de trabalho/cuidado mais humano, na medida em que centra seu foco nessas pessoas (ROA et al. 2009). A dimensão do acolhimento como ferramenta do acesso está intimamente ligada ao processo de trabalho em atenção primária, pois muitas demandas emergem desse processo, fazendo com que o acolhimento como tecnologia de trabalho se apresente como ponte necessária na rede de atenção à saúde (RAS). O ato de acolher exige, do profissional, capacidade de ampliar o seu olhar e atendimento para além da doença ou queixa principal, entender e captar as nuances na fala dos usuários de modo integral, possibilitando o estabelecimento de vínculos com o paciente e/ou com sua família. Figura 7 – Acolhimento no SUS Fonte: Adaptada de Getty Images Clínica Ampliada A clínica ampliada exige dos profissionais que atuam nas equipes de AD uma postura humanizada e responsabilidade ética com as pessoas que precisam do atendimento. Tem a perspectiva de se responsabilizar pelos usuários dos serviços de saúde, buscando apoio nas equipes interdisciplinares, como na resolução dos problemas, a fim de suavizar as fragilidades sociais e reconhecer os limites do conhecimento das tecnologias aplicadas e dos profissionais de saúde (BRASIL, 2004). A escuta qualificada é uma ferramenta que vai auxiliar a pessoa e a família a compreenderem o processo de saúde e doença, relacionando-o com a vida para evitar atitudes passivas diante do tratamento, responsabilizando-as e ampliando as possibilidades clínicas do profissional (BRASIL, 2004). Algumas outras virtudes são utilizadas como ferramentas para ajudar a pessoa a manter sua autonomia e compreender as facetas da sua doença. Assim, a criação do vínculo e o afeto também são importantes na relação entre profissional de saúde e paciente (BRASIL, 2004). Assim, pode-se dizer que a clínica ampliada é uma proposta que visa qualificar o modo de se fazer saúde, sendo ela uma das diretrizes da PNH. - BRASIL, 2004, p. 12 “Toda profissão faz um recorte de sintomas e informações, de acordo com seu núcleo profissional. Ampliar a clínica significa também ajustar os recortes teóricos de cada profissão às necessidades dos usuários. Na clínica ampliada, essa complexificação da compreensão provoca grande sensação de insegurança profissional e pessoal ao lidar com as incertezas do campo da Saúde. Essas dificuldades fazem parte do desafio da clínica ampliada e não devem ser consideradas exceções, mas parte do processo de mudança e qualificação no processo de trabalho em saúde.” “A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si” (BRASIL, 2013). Ampliar a clínica permite maior integração das equipes de saúde de diferentes áreas, que visam ao cuidado humano e integral com o paciente, possibilitando maior respeito à autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. Figura 8 – Clínica ampliada Fonte: Getty Images Figura 9 – Clínica ampliada A clínica ampliada é realizada por meio da escuta do usuário, bem como a consideração do respeito á autonomia e da valorização da singularidade de cada pessoa. Apoio Matricial - BRASIL, 2011b “O matriciamento ou apoio matricial é um modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica.” O ato de cuidar e assistir em saúde contempla formas diferentes de organizar o processo de trabalho e como as equipes vão propor diálogos entre si. O matriciamento pode ser entendido como um novo arranjo para organizar os serviços de saúde por meio da desfragmentação do cuidado, proporcionando assim cuidado contínuo e integral das pessoas e da coletividade. Esses novos arranjos devem, então, possibilitar a troca de informações e, consequentemente, a transversalidade das ações, de modo a promover a responsabilização dos trabalhadores com a produção de saúde (BRASIL, 2004). É importante compreender que o método de apoio matricial deve ser pautado de acordo com a relação com a área temática de aplicação, pois é fundamental reconhecer que as interações e sínteses entre os participantes produzem tanto efeitos de rede quanto contraditórios, podendo ser construídas novas linhas de cuidado ou novas contradições. Assim, é importante que todas as pessoas envolvidas no processo reconheçam os conflitos e as potencialidades desse novo arranjo de trabalho, visto que os movimentos de composição e contradição implicam diretamente as transformações advindas dessas relações e estas vão implicar a vida dos usuários. Figura 10 – Apoio matricial Fonte: Adaptada de Getty Images Em Síntese Chegamos ao final dessa etapa de nossos estudos. A leitura e a compressão do conteúdo, além da exploração dos materiais complementares disponíveis, são importantes para maior compreensão dos temas discutidos. Bons estudos! Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeo Motivacional – Trabalho em Equipe – Juntos Fazemos Mais e Melhor! 2 / 3 Material Complementar Motivacional - Trabalho em equipe - Juntos fazemos mais e melh… Leitura As Atribuições da Enfermagem e a Importância do Acolhimento do Enfermeiro na Atenção Básica: uma Revisão Bibliográfica Integrativa Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A Importância do Matriciamento na Atenção Primária à Saúde Artigo de Larissa Batista Canovas e colaboradores para a Recisatec – Revista Científica Saúde e Tecnologia. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Municípios Apresentam Estratégias para APS se Conectar com a Comunidade na Resposta à Pandemia Reportagem publicada pelo Conselho Nacional de Secretários em Saúde. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE AZEREDO, T. Soberania dos territórios e Estados-nação. Globo, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://educacao.globo.com/artigo/soberania-dos-territorios-e-estados-nacao.html>. Acesso em: 02/06/2022. BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: a clínica. Brasília, 2004. 18 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). ________. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS: acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde). ________. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União, Brasília, 2011a. Disponível em: <https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/bvsms-saude-gov-br-bvs- saudelegis-gm-2011-prt2488_21_10_2011-html.pdf>. Acesso em: 02/06/2022. ________. Ministério da Saúde. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Brasília: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011b. ________. Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2013 Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto. pdf>. Disponível em: 02/06/2022. 3 / 3 Referências CONSELHO Federal de Enfermagem. Resolução Cofen nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Diário Oficial da União, Brasília, n. 233, p. 157, 2017. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no- 5642017_59145.html>. Acesso em: 02/06/2022. FARIA, R. M. A territorialização da atenção básica à saúde do Sistema Único de Saúde do Brasil. 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