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Disciplina: Prática IV Aula 9: Crimes contra a administração ambiental Apresentação Nesta aula esclareceremos o bem jurídico tutelado nos crimes contra a administração ambiental previstos do artigo 66 ao artigo 69-A da Lei 9.605/98. Em seguida, estudaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos, reconhecendo os sujeitos do delito (sujeito ativo e sujeito passivo) e identificando o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Objetivos Esclarecer os elementos do tipo; Reconhecer os sujeitos do delito; Identificar o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Crime contra administração ambiental Os crimes contra a administração ambiental estão previstos nos arts. 66 a 69- A da Lei 9.605/98 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm> . Prado (2012), afirma que: A Administração Pública ambiental tem atribuições/poderes de gestão racional (conservação/prevenção/fomento) e de proteção dos interesses públicos, gerais e coletivos. Para o cumprimento de tal escopo, necessita operar em âmbitos específicos de controle, fiscalização e repressão, integrando como potestade administrativa sancionadora o direito de punir (poder de polícia). Diante do importante papel da administração pública na preservação e proteção do bem ambiental, o legislador criou seção própria na lei de crimes ambientais para os delitos contra a administração ambiental. Figuras típicas nos crimes contra a administração ambiental previstas na Lei de Crimes Ambientais Bem jurídico tutelado — A lei protege o meio ambiente. Falsidade – art. 66 Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. O crime somente pode ser praticado por funcionário público, logo trata-se de crime próprio. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade e mediatamente é o Estado. O objeto material do crime é a administração ambiental. O momento consumativo do delito com a prática do ato descrito no tipo penal. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. ⇩ Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm> ). Ê JURISPRUDÊNCIA COMENTADA RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 17.553 - STJ RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE. INQUÉRITO POLICIAL. TRANCAMENTO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA NÃO EVIDENCIADA DE PLANO. ANÁLISE SOBRE A MATERIALIDADE DOS DELITOS QUE NÃO PODE SER FEITA NA VIA ELEITA. PRECEDENTES DO STJ. 1. A concessão de todas as licenças ambientais necessárias ao empreendimento imobiliário não afasta a justa causa para a ação penal de crime contra o meio ambiente ou de outra natureza, quando, na realidade, o que se investiga no procedimento inquisitório é a regularidade da emissão das indigitadas licenças. 2. O reconhecimento que não houve envolvimento dos representantes da empresa imobiliária com os funcionários públicos estaduais e municipais que expediram os alvarás irregulares, demandaria, essencialmente, revolvimento do conjunto fático-probatório, impossível na via estreita do habeas corpus. 3. Ressalte-se, por fim, que o recorrente não possui o direito de impedir que as autoridades competentes apurem e investiguem a eventual existência de crimes, seja qual for a sua natureza, mormente se, como ocorre na hipótese, teve seu indiciamento afastado, momentaneamente, pelo Poder Judiciário, quando do julgamento do writ originário. 4. Recurso desprovido. Concessão de licença irregular – art. 67 Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. O crime somente pode ser praticado por funcionário público, logo trata-se de crime próprio. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade e mediatamente é o Estado. O objeto material do delito é a regularidade dos processos de licença, autorização ou permissão ambiental. O momento consumativo ocorre com a concessão da licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). JURISPRUDÊNCIA COMENTADA RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO Nº 2007.71.00.012897-0/RS - TRF 4 PENAL. PROCESSUAL PENAL. RSE. AMBIENTAL. LEI Nº 9.605/98, ARTIGO 67. LICENÇA AMBIENTAL. CONCESSÃO INDEVIDA. SERVIDOR PÚBLICO. CPP, ARTIGO 516. TIPICIDADE SUBJETIVA. DOLO OU CULPA. INDÍCIOS. DENÚNCIA. REJEIÇÃO LIMINAR. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. 1. O ato de conceder o servidor público licença ambiental em desacordo com as normas ambientais vigentes pode, em tese, refletir malferimento ao artigo 67 da Lei nº 9.605/98. Esse tipo, de natureza formal, ao eleger como elementos normativos licença, autorização ou permissão, indica não ser conditio para a consumação, o caráter provisório ou definitivo do ato concessivo. 2. A rejeição liminar da denúncia encontra amparo quando incontroverso não refletir a conduta fato criminoso, estar evidenciada a ilegitimidade da parte, ou, ainda, estar extinta a punibilidade. Materialidade e indícios de autoria autorizam, neste momento, o prosseguimento da persecução criminal. 3. Debate sobre dolo ou culpa é tema reservado à instrução (CPP, artigo 43). O artigo 41 do CPP é orientado pelo princípio in dubio pro societate. 4. Recurso ministerial provido, denúncia recebida. Omissão de dever legal – art. 68 Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade e mediatamente é o Poder Público. O objeto material do delito é a obrigação interesse ambiental. O momento consumativo ocorre com a simples omissão, trata-se de crime omissivo próprio. A tentativa não é inadmissível. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). O Parágrafo Único do art. 68 prevê a modalidade culposa. Como se trata de crime omissivo, a única possibilidade de inobservância do dever objetivo de cuidado é pela negligência. Não cabe tentativa de delito culposo e, como a pena máxima é de 1 (um) ano, a competência para o processo e julgamento é do Juizado Especial Criminal. JURISPRUDÊNCIA COMENTADA RECURSO ESPECIAL Nº 1.032.651 - SC - STJ RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL. ART. 68 DA LEI N.º 9.605/98. CRIME COMUM QUE PODE SER PRATICADO POR QUALQUER PESSOA INCUMBIDA DO DEVER LEGAL OU CONTRATUAL DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO DE RELEVANTE INTERESSE AMBIENTAL. DENÚNCIA QUE DESCREVE, SATISFATORIAMENTE, AS CONDUTAS, EM TESE, DELITUOSAS. RECURSO PROVIDO. 1. O delito previsto no art. 68 da Lei dos Crimes Ambientais, isto é, "deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental", está inserido no rol dos crimes contra a administração pública ambiental, classificando-se como crime omissivo impróprio em que o agente deixa de praticar o ato, contrariando o dever de fazê-lo para evitar o resultado lesivo ao meio ambiente. 2. Com relação ao sujeitoativo, verifica-se que a melhor exegese conduz no sentido de que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa incumbida desse dever legal ou contratual, não sendo exigido, como fizeram as instâncias ordinárias, tratar-se de funcionário público. 3. Recurso especial provido para determinar o recebimento da exordial acusatória, nos termos do verbete sumular n.º 709 do Supremo Tribunal Federal. JURISPRUDÊNCIA COMENTADA RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO Nº 0004346- 42.2006.404.7208/SC - TRF 4 PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME AMBIENTAL. ARTIGO 68 DA LEI Nº 9.605/97. TRANSAÇÃO PENAL. DESCUMPRIMENTO. EFEITOS. A previsão constitucional de reparação do meio ambiente degradado (CF, artigo 225, §§ 2º e 3º) não significa que toda a reparação possua o caráter de "obrigação de relevante interesse ambiental". Interpretação nesse sentido conduziria à conclusão de que o descumprimento da obrigação de reparar o dano ambiental, por dever legal ou contratual, estaria invariavelmente enquadrada no crime previsto no artigo 68 da Lei nº 9.605/97, independente de sua relevância. Para imputar ao acusado a prática do crime previsto no artigo 68 da Lei 9.605/98, em face do não cumprimento de obrigação constante no termo de audiência de "transação penal", a peça acusatória deve indicar as razões pelas quais considera "de relevante interesse ambiental" a obrigação assumida pelo recorrido junto ao IBAMA. A sanção pelo descumprimento das obrigações assumidas na transação penal é a revogação da transação e o prosseguimento do processo criminal. Incabível a pretensão de que o descumprimento de obrigações dessa natureza seja tratado como crime, ainda quando a obrigação diga respeito a encaminhamento e cumprimento de Projeto de Recuperação de Área Degradada - PRAD, sob pena, inclusive, de bis in idem reflexo. Impedir fiscalização – art. 69 Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade e mediatamente é o Poder Público. O objeto material do delito é a ação fiscalizatória do Estado. O momento consumativo ocorre com a simples ação de obstar ou dificultar a ação fiscalizadora. A tentativa para parte da doutrina é perfeitamente possível, já para outra parte da doutrina é inadmissível. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). JURISPRUDÊNCIA COMENTADA HABEAS CORPUS Nº 2007.04.00.009258-2/RS - TRF 4 HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL. ARTIGO 69 DA LEI 9.605/98. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE DOLO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O habeas corpus não se presta ao exame do conjunto fático probatório, o que não implica em dizer que a prova pré-constituída fique ao desabrigo da avaliação objetiva do julgador acerca da ocorrência do constrangimento ilegal que se pretende combalir. Entendimento diverso enseja a invalidação da cláusula constitucional (artigo 5º, inciso LXVIII) protetiva da liberdade de ir e vir do indivíduo. 2. Conquanto detenha a função de gerente de compra de perecíveis da pessoa jurídica, verifica-se que a notificação destinada à apresentação da declaração de estoque, referente à Piracema 2004/2005 não contém a assinatura do paciente, não se podendo imputar a este o descumprimento da norma ambiental. 3. Se, tão logo recebida a advertência, restou providenciada a resposta ao órgão ambiental, com a apresentação de notas fiscais correspondentes a todo pescado de toda a rede, no período de 24 de maio de 2004 até 24 de janeiro de 2005. E, relativamente às notificações para apresentação de declaração de estoque da piracema, a pessoa jurídica consignou não haver estoque do produto (fls.32/33), impõe-se o reconhecimento de que não se tem presente na espécie o imprescindível dolo consistente na obstaculização ou impedimento da atividade fiscalizatória estatal. 4. Aplicabilidade do princípio da intervenção mínima, assentado no pressuposto de que o Direito Penal somente deve intervir na vida social em ocasiões estritamente necessárias, atuando como ultima ratio do ordenamento jurídico. Desta forma, se alguma reprovabilidade existe na conduta do paciente, certo é que tal questão deve ser resolvida no âmbito administrativo. 5. Ordem concedida. Falsidade e laudo, estudo ou relatório ambiental – art. 69-A Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1° Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2° A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. Esse crime foi incluído pela Lei n. 11.284, de 02 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável e dá outras providências. O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade e mediatamente é o Poder Público. O objeto material do delito é o órgão fiscalizador ambiental. O momento consumativo ocorre com a simples elaboração ou apresentação do estudo, laudo ou relatório ambiental. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado, porém somente na modalidade dolosa. Tendo em vista que a pena mínima é de 3 (três) anos, não cabe suspensão condicional do processo. § 1º do art. 69 A prevê a modalidade culposa. Não cabe tentativa de delito culposo e como a pena mínima é de 1 (um) ano cabe suspensão condicional do processo. § 2º do art. 69 A dispõe sobre hipótese de causa de aumento de pena. Atividade 1 - Leia a notícia Operação Erythrina investiga crimes contra a administração ambiental em Sapucaia do Sul. “Na manhã desta sexta-feira (12), a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção e Defesa do Meio Ambiente (DEMA/DEIC) deflagrou a Operação Erythrina em combate aos crimes contra a administração ambiental no âmbito da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Sapucaia do Sul. Foram cumpridos 11 mandados judiciais, sendo apreendidos processos de licenciamento ambiental e documentos relacionados aos licenciamentos ambientais questionados. Segundo a delegada Marina Goltz, a investigação teve início em setembro de 2016 a partir de denúncias de irregularidades envolvendo licenciamentos ambientais concedidos pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Município, sendo corroborada em novembro com o recebimento de Requisição do Ministério Público para a instauração de investigação dos fatos. Conforme o diretor de Investigações do DEIC, delegado Sander Cajal, a concessão das licenças ambientais para construção de um loteamento residencial com 141 unidades para cerca de 564 habitantes em uma área de 79.000m² ocorreram em desacordo com as normas ambientais, englobando afirmação falsa ou enganosa, omissão de verdade e sonegação de informações e dados técnico-científicos em procedimentos de licenciamento ambiental. Foram apresentados, no licenciamento, laudos e relatórios ambientais parcialmente enganosos”. Qual delito contra a administração ambiental os funcionários públicos cometeram na caso acima? 2 - Analise a Jurisprudência e comente: HABEAS CORPUS Nº 84.498 - MT (2007/0131144-9) - STJ EMENTA HABEAS CORPUS PREVENTIVO. CRIME AMBIENTAL. ART. 68 DA LEI 6.905/98. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. PRESCRIÇÃO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO, NOS AUTOS, DO NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. CRIME PRÓPRIO NÃO EXCLUSIVO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO. OFENSA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. CONDUTA QUE SE AMOLDARIA AO TIPO PREVISTO NO ART. 50-A DA REFERIDA LEI, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.284/06.AUSÊNCIA DE LESÃO EFETIVA AO MEIO AMBIENTE: QUESTÕES QUE DEMANDAM INCURSÃO NO ACERVO FÁTICO- PROBATÓRIO DA CAUSA. IMPROPRIEDADE DO MANDAMUS. ORDEM DENEGADA. 1. Não há como acolher a preliminar de prescrição, porquanto o writ não está instruído com informação que confirme a assertiva de não oferecimento da denúncia, bem como do enquadramento típico definitivo dado à conduta do paciente pelo representante do MPF. 2. De qualquer forma, a questão não foi submetida à apreciação do Tribunal a quo, sendo defesa a análise do tema por esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância, mormente em face da ausência de comprovação das alegações da impetração. 3. Da leitura do tipo legal em questão, denota-se que, apesar de se tratar de crime próprio, a posição de sujeito ativo não é exclusiva do funcionário público, pois o delito pode ser cometido por todo aquele que tiver o dever legal ou contratual de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental. 4. O trancamento de Ação Penal por meio de Habeas Corpus , conquanto possível, é medida de todo excepcional, somente admitida nas hipóteses em que se mostrar evidente, de plano, a ausência de justa causa, a inexistência de elementos indiciários demonstrativos da autoria e da materialidade do delito ou, ainda, a presença de alguma causa excludente de punibilidade, circunstâncias que não se verificam na hipótese em análise. 5. O mandamus não admite digressões sobre eventual erro na tipificação da conduta do paciente, a menos que tal erro se mostre perceptível sem a necessidade de exame aprofundado do quadro fático da causa, o que não é o caso dos autos; assim, compete à defesa, no decorrer da Ação Penal, demonstrar que aquela se subsume ao artigo 50-A da Lei de Crimes Ambientes com a redação dada pela Lei 11.284/06, para fins de aplicação do princípio da anterioridade penal e consequente declaração de atipicidade da conduta. Documento: 787133 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/06/2008 Página 1 de 11 Superior Tribunal de Justiça. 6. A conduta do art. 68 da Lei 9.605/98 não exige resultado naturalístico para a sua consumação, ou seja, não necessita de ser respaldada pela efetiva lesão ao meio ambiente, razão pela qual desimporta, a priori, qualquer assertiva de ausência de prejuízo concreto, bem como o fato de o paciente ter pago a multa imposta pelo IBAMA. 7. Parecer do MPF pela denegação da ordem. 8. Ordem denegada. 3 - No que concerne ao crime do art. 67 da Lei 9.605/98 "Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público" é correto afirmar que: a) Trata-se de crime comum, pois não necessita de condição especial do sujeito ativo. b) Trata-se de crime próprio, uma vez que necessita de condição especial do sujeito ativo. c) Trata-se de crime próprio, pois é necessária condição especial do sujeito passivo. d) Trata-se de crime comum, uma vez que necessita de condição especial do sujeito passivo. e) Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser cometido de forma culposa. 4 - O delito do art. 68 da Lei 9.605/98 "Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental" é crime: a) Omissivo próprio e cabe tentativa. b) Omissivo impróprio e cabe tentativa. c) Omissivo próprio e não cabe tentativa. d) Omissivo impróprio e não cabe tentativa. e) Omissivo próprio e omissivo impróprio. 5 - Na infração penal do art. 69-A da Lei 9.605/98 "Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão", quando há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa a pena é aumentada de: a) 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). b) 1/4 (um quarto) a 2/3 (dois terços). c) 1/3 (um terço) a 1/6 (um sexto). d) 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). e) 1/3 (um terço) a 3/5 (três quintos). 6 - No que concerne a classificação doutrinária dos crimes a infração penal prevista no art. 67 da Lei 9.605/98 "Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público" é crime quanto ao sujeito ativo: a) Comum. b) Preterdoloso. c) Próprio. d) Comissivo. e) Vago. 7 - Qual a consequência jurídica do funcionário público que faz afirmação falsa em procedimento de licenciamento ambiental? a) Comete contravenção penal. b) Trata-se de fato atípico. c) É causa de diminuição de pena. d) É causa de aumento de pena. e) Comete crime ambiental. 8 - Assinale o crime contra a administração ambiental. a) Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente. b) Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais. c) Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente. d) Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes. e) Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida. Referências CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 4, 2017. DELMANTO, Roberto. Leis Penais Especiais Comentadas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente. 4. ed. São Paulo: RT, 2012. Próximos Passos • Crimes com reflexos ambientais no Código Penal e em leis extravagantes. Explore mais • Leia a jurispridência dos tribunais. STJ. AÇÃO PENAL Nº 561 - MS (2009/0020676-4) <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=ITA&sequencial=933611&num_registro=200900206764&data =20100422&formato=PDF> . Acesso em: 21 ago. 2018. STJ. HABEAS CORPUS Nº 54.211 - MT (2006/0028612-9) <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=ITA&sequencial=720535&num_registro=200600286129&data =20071022&formato=PDF> . Acesso em: 21 ago. 2018. STJ. RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 17.553 - SP (2005/0054330-9) <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=ITA&sequencial=603530&num_registro=200500543309&data =20060320&formato=PDF> . Acesso em: 21 ago. 2018.
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