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Capítulo 7 • Do DNA à proteína: como as células leem o genoma 233 é ligado à extremidade 5’ do RNA de uma forma não habitual (Figura 7-16). Esse capeamento ocorre após a RNA-polimerase II ter sintetizado cerca de 25 nucleotídeos do RNA, muito antes de completar a transcrição de todo o gene. 2. A poliadenilação insere uma estrutura especial na extremidade 3’ do mRNA recentemente transcrito. Em contraste com as bactérias, em que a extremi- dade 3’ de um mRNA é simplesmente o final da cadeia sintetizada pela RNA- -polimerase, a extremidade 3’ de um mRNA eucarioto é inicialmente clivada por uma enzima que corta a cadeia de RNA em uma sequência determinada de nucleotídeos. O transcrito é então modificado por uma segunda enzima que adiciona uma série de repetições de nucleotídeos adenina (A) à extre- midade cortada. Essa cauda poli-A geralmente possui um comprimento de algumas centenas de nucleotídeos (ver Figura 7-16A). Estas duas modificações – capeamento e poliadenilação – aumentam a estabilida- de de uma molécula de mRNA eucariótico, facilitando a sua exportação do núcleo para o citoplasma, e geralmente identificam a molécula de RNA como um mRNA. Elas também são utilizadas pela maquinaria de síntese de proteínas, antes do iní- cio da síntese, como um indicador de que ambas as extremidades do mRNA estão presentes e, consequentemente, de que essa mensagem está completa. Em eucariotos, genes codificadores de proteínas são interrompidos por sequências não codificadoras denominadas íntrons A maioria dos pré-mRNAs eucarióticos passa por uma etapa adicional de proces- samento antes de se tornar mRNA funcional. Essa etapa envolve uma modificação muito mais radical do transcrito de pré-mRNA do que simplesmente o capeamen- to e a poliadenilação, e é a consequência de uma característica surpreendente da maioria dos genes eucarióticos. Em bactérias, a maioria das proteínas é codifica- da por um segmento ininterrupto da sequência de DNA que é transcrito para um mRNA e que, sem qualquer processamento adicional, pode ser traduzido em pro- teína. A maioria dos genes eucarióticos que codificam proteínas, ao contrário, tem suas sequências codificadoras interrompidas por sequências intervenientes longas e não codificadoras, chamadas de íntrons (do inglês, intervening sequences). As porções codificadoras dispersas − chamadas de sequências expressas ou éxons (do inglês, expressed sequences) − são geralmente mais curtas do que os íntrons, e muitas vezes representam apenas uma pequena fração do comprimento total do gene (Figura 7-17). Os íntrons variam em comprimento de um único nucleotídeo a mais de 10.000 nucleotídeos. Alguns genes eucarióticos que codificam proteínas não possuem íntrons, e alguns têm apenas poucos íntrons; mas a maioria desses genes possui numerosos íntrons (Figura 7-18). Observe que os termos “éxon” e “íntron” aplicam-se tanto ao DNA quanto às sequências correspondentes no RNA. G CH3 3′ 5′+ AAAAA150–250 Sequência codificadora Sequência não codificadora Proteína RNA Quepe 5′ (A) (B) Capeamento e poliadenilação do RNA OH CH2 OH CH2 OH CH2 CH2 5′ 5′ CH3 7-metilguanosina Extremidade 5′ do transcrito de RNA inicial Ligação de trifosfato 5′-5′ Cauda poli-A HO OH N + PPP P P P P P Quepe 5′ PPPP mRNA RNA-polimerase II Fatores de capeamento Fatores de splicing Fatores de poliadenilação INÍCIO DO PROCESSAMENTO DO RNA PPPP DNA Figura 7-15 A fosforilação da cauda da RNA-polimerase II permite o arranjo das proteínas de processamento do RNA. Observe que os fosfatos aqui ilus- trados são suplementares aos necessários para a iniciação da transcrição (ver Figura 7-12). Capeamento, poliadenilação e spli- cing são modificações que ocorrem durante o processamento do RNA no núcleo. Figura 7-16 As moléculas do pré-mRNA eucariótico são modifica- das pelo capeamento e pela poliadenilação. (A) Um mRNA eucarióti- co possui um quepe na extremidade 5’ e uma cauda poli-A na extremi- dade 3’. Lembre-se de que nem todos os transcritos de RNA codificam proteínas. (B) A estrutura do quepe 5´. Diversos quepes de mRNAs eucarióticos apresentam uma modificação adicional: a metilação de um grupo 2’- hidroxila do segundo açúcar ribose no mRNA (não ilustrada). Alberts_07.indd 233Alberts_07.indd 233 16/01/2017 09:57:1816/01/2017 09:57:18
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