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AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS Isabela Miguel de Almeida Rio de Janeiro 2021 ISABELA MIGUEL DE ALMEIDA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS Trabalho de conclusão de curso, TCC, apresentado ao Curso de Graduação de Ciências Biológicas modalidade Biotecnologia e Produção da UEZO como parte dos requisitos para obtenção de grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Figueiró Rio de Janeiro Outubro de 2021 A447a Almeida Isabela Miguel de As mudanças climáticas e os efeitos em comunidades de peixes amazônicos Almeida Isabela Miguel de . 43 f.: il.; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Figueiró Trabalho de Conclusão de Curso do Ciências Biológicas modalidade Biotecnologia e Produção Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, 2021. Palavras-chaves: 1.Peixes Neotropicais, 2.Amazônia, 3.Desmatamento Amazônico, 4.poluição da Amazônia, 5.mudanças climáticas. AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS Elaborado por Isabela Miguel de Almeida Discente do Curso de Ciências Biológicas modalidade Biotecnologia e Produção da UEZO Este trabalho de Graduação foi aprovado com grau Rio de Janeiro, de de . Presidente Prof. Dr. Ronaldo Figueiró Portella Pereira, UEZO. Karina Carvalho Fernandes Ferreira, UFRJ. Drª Zoologia Fabiano Paschoal de Oliveira, UFRRJ Dr. Biologia Animal Thiago Fonseca de Barros, UFRJ. Msc. Ecologia Rio de janeiro Outubro de 2021 “Dedico este trabalho a minha família.” Agradecimentos Agradeço a Deus, pois sem ele não teria tido forças para chegar até aqui. Aos meus pais, por nunca terem desistido, sendo os meus maiores incentivadores e, em especial, à minha mãe, obrigada por tudo! Você foi fundamental neste processo e sem você nada teria sido possível! Eu amo vocês. Ao meu orientador Ronaldo Figueiró, por ter aceitado embarcar neste desafio, onde eu precisei me descobrir como pesquisadora literária, me fazendo enxergar a vocação do Ensino como profissão. Não tenho palavras para agradecer. Aos meus familiares por sempre perguntarem como estava a faculdade e me incentivarem a não desistir. Ao meu noivo Caio, por toda compreensão, apoio, ajuda e tudo mais. Obrigada por me incentivar e apoiar todos os dias, mesmo nos mais difíceis onde não achava a luz. Amo você. Aos meus amigos dessa longa jornada Alice, Camila, Jefferson, Millena. Obrigada pessoal, por cada momento de estudo, cada seminário elaborado, cada discussão pós prova. Não foi fácil, mas vocês fizeram o processo mais leve. Sentirei saudades, porém, sigo com a certeza de que fiz amigos para vida toda. Aos laboratórios onde estagiei, em especial, o LABECO peixes - UFRJ. Os ensinamentos que ali tive, levarei sempre comigo. Obrigada Prof.ª Erica, Karina, Thiago e demais por todo acolhimento. Aos professores da UEZO, por todo conhecimento e ensinamento passado. Obrigada a todos que passaram por minha jornada e que de alguma forma, somaram para que este trabalho fosse possível! LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Diminuição da precipitação em percentagem, estimado pelo IPCC para a Amazônia entre os anos de 2011 a 2100 .............................................. 22 Figura 2. Efeitos regionais na América do Sul do El Niño e La Niña, durante o verão (DJF) e inverno (JJA) .............................................................................. 24 Figura 3. Aumento da temperatura estimado pelo IPCC para a Amazônia em graus centigrados do período de 2011 a 2100.................................................. 28 Figura 4. Efeitos do aumento da temperatura nos peixes ................................ 30 Figura 5. Fluxograma dos principais efeitos que mudanças climáticas podem ocasionar a peixes amazônicos, considerando diferentes níveis de organização (indivíduo, população e assembleia) ................................................................ 31 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS °C – graus Celsius IPCC - Painel Internacional sobre Mudanças no Clima PCHs - Pequenas Centrais Hidrelétricas RESUMO Os peixes representam cerca de 50% do grupo dos vertebrados, englobando cerca de 24.000 espécies que ocupam os mais variados ambientes aquáticos; ocorrem desde grandes altitudes, onde o oxigênio é rarefeito e a temperatura atmosférica, muitas vezes, abaixo de zero, como no platô tibetano até as profundezas marinhas das fossas abissais. Seja qual for o tipo de ambiente aquático, o fator em comum é a presença da água. A água está sempre em movimento pelo planeta. A água que está na superfície do planeta é aquecida pelo Sol, evapora e vai ao ar. Na atmosfera, ao se misturar com o ar frio, o vapor da água se condensa e forma pequenas gotas ou cristais, que juntos dão origem às nuvens. À medida que esse processo vai ocorrendo, as nuvens vão crescendo e ficando mais carregadas, até que ocorre a precipitação: as gotas caem de volta à superfície, dando origem à chuva. Quando chove, a água rega plantações e, ao penetrar no solo, vai escorrendo até as nascentes de rios e lagos, onde poderá ser utilizada para diversos fins. De tal forma, fatores bióticos e abióticos, podem interferir no ciclo da água, afetando diretamente a população de peixes neotropicais. Nos últimos anos o equilíbrio dos ecossistemas naturais do planeta tem sido afetado pelas mudanças climáticas resultantes do aumento de gases do efeito estufa, especialmente dióxido de carbono. De acordo com o Painel Internacional sobre Mudanças no Clima, o IPCC, até o ano 2100 haverá aumento na temperatura média em todo o planeta, o que aumenta o risco de perda de biodiversidade em regiões mais vulneráveis como a Amazônia. Os peixes, assim como outros animais ectotérmicos, não possuem a capacidade de controlar sua temperatura corporal, ficando então sujeitos a variações ambientais que podem inviabilizar processos metabólicos vitais, levando o organismo à morte. Palavras-chaves: peixes neotropicais, Amazônia, desmatamento amazônico, poluição da Amazônia, mudanças climáticas. ABSTRACT Fish represent about 50% of the vertebrate group, comprising about 24,000 species that occupy the most varied aquatic environments; they occur from high altitudes, where oxygen is rare and the atmospheric temperature, often below zero, as in the Tibetan plateau, to the marine depths of the abyssal trenches. Whatever the type of aquatic environment, the common factor is the presence of water. Water is always moving across the planet. The water on the planet's surface is heated by the sun, evaporates and goes into the air. In the atmosphere, when mixing with cold air, water vapor condenses and forms small drops or crystals, which together give rise to clouds. As this process takes place, the clouds grow and become heavier, until precipitation occurs: the drops fall back to the surface, giving rise to rain. When it rains, the water irrigates crops and, when it penetrates the soil, it runs down to the sources of rivers and lakes, where it can be used for various purposes. Thus, biotic and abiotic factors can interfere with the water cycle, directly affecting the population of neotropical fish. In recent years, the balance of the planet's natural ecosystems has been affected by climate change resulting from the increase in greenhouse gases, especially carbon dioxide.According to the International Panel on Climate Change, the IPCC, by the year 2100 there will be an increase in the average temperature across the planet, which increases the risk of loss of biodiversity in more vulnerable regions such as the Amazon. Fish, as well as other ectothermic animals, do not have the ability to control their body temperature, thus being subject to environmental variations that can make vital metabolic processes unfeasible, leading the organism to death. Keywords: neotropical fish, Amazon, Amazon deforestation, pollution in Amazon, climate change SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 2 OBJETIVOS .................................................................................................. 15 2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 15 2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 15 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 16 4 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 17 4.1 Desmatamentos: fator chave para as mudanças climáticas ....................... 17 4.2 Barramentos ............................................................................................... 20 4.3 Poluição ..................................................................................................... 21 4.4 Condições de eventos hidrológicos extremos: El Niño e La Niña ............... 22 4.5 A problemática no aumento da temperatura e a fisiologia animal ............... 28 4.6 Panoramas do estado-da-arte atual e o efeito da exposição dos peixes às mudanças. ........................................................................................................ 31 4.6.1 do cenário global ..................................................................................... 31 4.6.2 Do cenário Amazônico ............................................................................ 34 5 CONCLUSÕES ............................................................................................. 35 6 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 36 12 1- INTRODUÇÃO De acordo com Reis (1992), a comunidade de peixes representam aproximadamente 50% das espécies de vertebrados, englobando cerca de 38.000 espécies que ocupam os mais diversos tipos de ambientes aquáticos. Isso se deve ao fato da flexibilidade fenotípica dos peixes, permitir a expressão de opções diferentes de ecomorfologia ao ambiente que está em constante mudança. O conjunto de peixes da região Sul-americana apresenta uma enorme quantidade de espécies, em torno de em 5000 espécies (REIS, 1992), podendo esse número atingir 8000, segundo Schaefer (1998), o que representa 25% da diversidade ictiofaunística mundial. Somente no Brasil, são 4475 espécies válidas (BUCKUP, et al. 2007). Em torno de 50% do total de espécies é formada por espécies de pequeno porte (menor que 15 centímetros), geralmente vivendo em riachos (CASTRO, 1999). Os motivos para tal diversidade parecem ser históricas e ecológicas, resultadas de milhões de anos de evolução desde a quebra do Gondwana até o presente (RIBEIRO, 2006). Entretanto, segundo Allison et al. (2009), inúmeras atividades realizadas pelo homem, ocorridas nos últimos anos, foram preponderantes para serem vistas como as principais causas de alterações climáticas no planeta, com variações possíveis em nível local, regional e global. Ações direcionadas ao aumento de gases poluentes, usos de aerossóis, mudanças na forma de usar o solo, entre outros têm implicado em variações extremas do clima, sendo observadas pela ocorrência de cheias e secas intensas, ondas de calor e de frio, e tempestades em ampla ocorrência (MARENGO, 2006). Segundo Machado (2005), a quantidade de gases poluentes na atmosfera, como o dióxido de carbono, metano e óxidos nitrosos estão entre os principais responsáveis pelas preocupantes condições do clima, quando se fala em níveis globais. A América do Sul é uma das regiões mais ameaçadas às mudanças climáticas, isso porque, é uma região que sofre especialmente no que diz respeito ao aumento da temperatura em virtudes de fatores naturais, como aquecimento dos oceanos Pacífico e Atlântico e El Niño, e pela ação do homem, através da queima de combustível fóssil, industrialização e queimadas (MARENGO, et al. 2007; MARENGO, et al., 2009). Dessa forma, será a região 13 do planeta que mais será afetada pelos efeitos de eventos climáticos extremos (GRIMM & NATORI, 2006; HIROTA.; OYAMA & NOBRE, 2011). No que diz respeito à região Amazônica brasileira e em todas as porções distribuídas pelos países como Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Fracesa e Suriname, as alterações climáticas têm sido causadas, sobretudo em virtude do desmatamento, das queimadas e da agricultura (BOJSEN & BARRIGA, 2002; MARENGO, 2006), que juntos, corroboram para a ocorrência de extremos eventos climáticos (MARENGO, 2007; AMBRIZZI et al., 2007), com efeitos tanto nos ecossistemas de água doce, quanto na floresta, resultado das rápidas expansões em infraestrutura e atividades econômicas (CASTELO et al., 2013). Para Ramos (2008), o desmatamento vem sendo apontado como principal causador desses efeitos a nível local, tornando-o responsável pela quarta posição do Brasil no ranking mundial de países que contribuem para o aquecimento do planeta. Diante deste fato, pesquisadores se reuniram para comprovar as consequências das variações climáticas nos ecossistemas que podem elevar a vulnerabilidade dos seres e acarretar a extinção de espécies do bioma de maior valência genética e endêmica que existe (IPCC, 2007; AMARAL& VALE, 2010). As mudanças, em relação às questões hidrológicas, geram complicações em todo o ecossistema e em especial, para os peixes, um grupo fortemente comprometido pelas mudanças climáticas que ocorrem em cada região. Para Reis, et al (2016), a Amazônia apresenta quase quatro mil espécies de peixes que podem ser afetadas da mais diversas formas, uma vez que se mostram vulneráveis às variações climáticas - elevação da temperatura, queda das taxas de oxigênio, entre outras - e sabendo-se que, nem todos conseguiriam se adaptar ao novo clima (VAL, 2011), pode ocorrer significativas mudanças em todos os níveis existentes, desde o individual, até o ecossistêmico. Já é sabido que os ecossistemas de água doce da Amazônia são os principais comprometidos pelas alterações do clima e tais implicações, podem levar a modificações na relação existente entre ar e água, com maior incidência de radiação ultravioleta na água; lixiviação de sais do solo; assoreamento; diminuição das áreas usadas para alimentação e reprodução, além da queda 14 da demanda de oxigênio e elevação da temperatura (VAL & ALMEIDA-VAL, 2008), contudo existem ainda poucas informações a respeito dos efeitos dessas mudanças nos peixes Amazônicos. A partir deste contexto, este trabalho tem por objetivo analisar de forma bibliográfica, como os efeitos das alterações climáticas interferem nas comunidades de peixes amazônicos. 15 2- OBJETIVOS DA PESQUISA 2.1 Objetivo Geral Realizar uma revisão da literatura sobre as mudanças climáticas e seus efeitos nas comunidades de peixes Amazônicos. 2.2 Objetivos específicos Identificar os tipos de agentes agressores ao meio ambiente; Analisar como tais agressores agem para que ocorram as mudanças climáticas; Entender como as mudanças climáticas afetam as comunidades de peixes Amazônicos. 163- METODOLOGIA O trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008, p.50) “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos.”. O material de fundamentação consta de artigos, teses de mestrado e doutorado, revistas, livros e documentos legais voltados para especificação do tema. Os materiais foram pesquisados no Google Acadêmico, tendo-se a base Scielo PUBMED, EcoEvoRxiv, publicados nos últimos 10 anos (2011 a 2021), como principal suporte em artigos científicos sobre a temática. Foram utilizados 4 artigos nacionais e 8 internacionais, 8 revistas de ecologia, 5 monografias de mestrado e 2 monografias de doutorado disponíveis online em texto completo. Os seguintes descritores foram aplicados: peixes neotropicais, Amazônia, desmatamento amazônico, poluição da Amazônia, mudanças climáticas. Em inglês: neotropical fish, Amazon, Amazon deforestation, pollution in Amazon, climate change. Foi realizada uma leitura preliminar dos materiais selecionados para verificação da aderência como a questão norteadora do estudo. A partir dessa filtragem, procedeu-se a escritura de resumos. Na sequência foi feita a escritura final e apresentação do texto para avaliação. 17 4- REVISÃO DA LITERATURA 4.1 Desmatamentos: fator chave para as mudanças climáticas As comunidades de peixes são resultados de um processo de reestruturação das populações de peixes que anteriormente ocupavam os rios (FERNANDO & HOLCÍK, 1991), com alterações na composição e na abundância de espécies. O nível do impacto dos represamentos sobre a fauna íctica é fortemente influenciado pelas características locais da biota e do próprio reservatório (AGOSTINHO et al., 1999). Esses conflitos podem ser deletérios em pequenos cursos d’água, podendo acarretar a extinção de espécies locais ou regionais, e, se forem espécies endêmicas, a extinção total de algumas. Cada região zoogeográfica possui uma ictiofauna diferente, que se formou ao longo da evolução e do isolamento por um período de tempo grande. Somado a isso, a fauna de peixes, ainda está sujeita a outras ações causadas pelo homem, de forma impactante, em escala local e regional, como, por exemplo, a pecuária extensiva, a agricultura com o emprego de produtos químicos, a precariedade das práticas de preservação do solo (ocasionando assoreamento), desmatamento, introduções de espécies exóticas e pesca impulsiva (AGOSTINHO et al., 1999). O fato do desmatamento da floresta Amazônica estar relacionado à queima da biomassa vegetal o torna responsável por disseminar uma grande quantidade de gases na atmosfera, sendo a causa preponderante das mudanças climáticas na região (NOBRE & NOBRE, 2002). Embora o desmatamento seja o responsável por causar mudanças climáticas, ele pode ainda apresentar efeitos diretos sobre diversos processos biológicos nos peixes, isso porque irá alterar a forma fisiológica deste grupo (HURD et al., 2016; WOODWARD et al., 2016). Neste sentido, alguns autores se dispuseram a debater sobre o assunto, ao passo que esses resultados são pouco indagados, qual a influência do desmatamento nos peixes, e dentre eles, podemos destacar: BOJSEN & BARRIGA (2002); VAL & ALMEIDA-VAL (2008), AMARAL & VALE (2010), VAL & ALMEIDA-VAL (2011), HURD et al. (2016) e ROPKE et al. (2017). As consequências do desmatamento somado ao aquecimento global são as problemáticas principais que assolam a sobrevivência e a ligação nas 18 comunidades de peixes uma vez que produzem a diminuição nas populações arbóreas e reduzem sua abundância, interferindo na produtividade das plantas (VAL & ALMEIDA-VAL, 2008). Tal situação afetam os peixes, já que acarretaria em uma redução de recursos oriundos de fontes alóctone (CASTELO et al., 2013; HURD et al., 2016) e somado ao fato de existirem muitas espécies dispersoras de sementes, o processo de ictiocoria (processo de dispersão de sementes através dos peixes) seria afetado (CASTELO et al., 2013). Para Val (2008), se forem mantidas as taxas atuais de desmatamento, entre 2 e 8% das espécies poderiam desaparecer nas próximas duas décadas. Ao analisar e comparar áreas de florestas com áreas desmatadas amazônicas, Bojsen & Barriga (2002), concordam que em áreas desmatadas a variedade alfa e beta de peixes diminuem e a formação das espécies é alterada, mostrando uma queda nas taxas de heterogeneidade nas áreas de desmatamento. Igualmente, nessas áreas, a população de peixes é maior e a classe trófica é alterada com dominância de peixes perifíticos, que se alimentam de perifíton, e nas regiões de florestas sobressaem as espécies onívoras e insetívoras. Já ao que diz respeito aos efeitos indiretos, a retirada da floresta acarreta uma maior incidência de radiação ultravioleta na água, fazendo com que a seja aquecida a superfície. Esta situação compromete os peixes em diferentes níveis de organização. Por exemplo, quando se trata em nível de indivíduo, aqueles que necessitam da água da superfície para respirar e se alimentar sentirão com mais amplitude os efeitos, causando danos na fisiologia além de alterações no material genético (VAL, 2011). A retirada da cobertura vegetal pode também levar a fotomodificação de membros do petróleo (alteração resultante da ação dos raios ultravioletas, formando dessa forma, compostos mais tóxicos); lixiviação de metais para os corpos d’água; fragmentação de hábitat, levando aos peixes a queda da capacidade reprodutiva e de adaptação das espécies (VAL, 2011). Igualmente, para ROPKE, et al., (2017), a retirada da floresta provoca alterações na pluviosidade da bacia Amazônica, sendo capazes de ocasionar mudanças no padrão sazonal, ou seja, no regime de seca e de chuva. Essas mudanças afetam de forma direta a fauna de peixes, já que o regime hidrológico tem forte ligação sobre todos os processos ecológicos. Entretanto, 19 informações sobre efeito do desmatamento nos peixes Amazônicos são genéricas e até o momento há poucos estudos que tem se proposto a investigar profundamente esses efeitos, onde nenhum avaliou em longo prazo, sendo esses efeitos pouco conhecidos (HURD et al., 2016; ROPKE et al., 2017). Os autores finalizaram por meio de estimativas que, a não preservação da área florestal natural tem como consequências uma queda de 11% no volume das chuvas e um aumento de 4,4% na temperatura que somam para drásticas mudanças no clima amazônico até o final do século 21. De acordo com Menezes et al. (2007), existem 49 espécies que estão oficialmente ameaçadas de extinção em riachos amazônicos, tendo a destruição das florestas como uma das principais causas de sua eliminação. A mata ciliar exerce um papel fundamental para formação de hábitats, além de fornecer de abrigo, manutenção da qualidade de água e desenvolvimento de matéria orgânica (MONTAG et al. 1997), e ainda contam com a atuação de suas raízes para estabilizar as margens e evitar a erosão e o assoreamento. A remoção da mata ciliar, bem como da vegetação marginal, tem por consequência um maior fluxo de partículas para o leito dos rios que afetam diretamente as comunidades de peixes no que diz respeito a atividades das quais depende a visão, como por exemplo, a alimentação (MENEZES et al. 1990) e reprodução (cortejamento) (MENEZES et al. 2007). A mata ciliar reduz a iminência de luz e calor pela ação da irradiação solar, a qual regula as flutuações diárias de temperatura da água, sendo que o aumento nessas variações pode levar à morte larvas e formas jovens de muitas espécies (MENEZES et al. 2007). Apesar de certa tolerância a intensidade de variações de temperatura, Sabino e Castro (1990) afirmam que mudanças na floresta podem modificar drasticamente a composição das comunidades de peixes de pequenos riachos.Portanto, é de se espera que maior riqueza e abundância de espécies fossem observadas em áreas na qual a mata ciliar é mais bem estruturada e menos modificada. Segundo Faria e Marques (1999), o desmatamento tem gerado o desaparecimento de pequenos rios e córregos. Além disso, a perda de vegetação marginal também pode ser vista como importante fator na diminuição das abundâncias das espécies, uma vez que autores, como Costa ( 1987) e Teixeira ( 1989), falam sobre o importante papel da vegetação 20 marginal na distribuição de peixes de riachos tropicais, pois pode servir como área de abrigo e forrageamento, interferindo diretamente na reprodução e sobrevivência da espécie. 4.2 Barramentos A instalação de barragens para formação de reservatórios e geração de energia hidrelétrica é vista como uma forte ameaça à conservação da quantidade de espécies da região. Isso porque, recentemente no Brasil, houve um aumento no número de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), sendo uma forma de geração de energia em rios de pequeno e médio porte que, além dos baixos custos, apresenta menor tempo para construção e legislação mais acessível, tornando-se um tipo de construção favorável para as empresas (Kusma e Ferreira 2010). Contudo, a construção de PCHs altera a vegetação e desvia temporariamente o curso de rios para estabelecimento de barragens, podendo gerar diversos impactos na comunidade animal local e regional. A instalação destes empreendimentos pode comprometer os regimes hidrológicos de bacias hidrográficas, uma vez que modifica suas condições ambientais e impactam de muitas maneiras, sejam de forma direta ou indiretamente, as comunidades biológicas aquáticas. Para Araújo (1998), a ictiofauna é a porção mais vista e acessível dessas comunidades e pode ser considerada como um bom bioindicador da qualidade geral do ambiente aquático. Além disso, esse conjunto de peixes torna-se um recurso importante para as comunidades que fazem da pesca, uma atividade tanto para a subsistência quanto para lazer. De acordo com Carvalho e Silva (1999), os principais pontos negativos, resultantes das construções de barramentos sobre as comunidades de peixes, são as mudanças na sua composição e estrutura. A quantidade de peixes dos rios das áreas tropicais e subtropicais tem sido questionada por muitos pesquisadores, em relação às possíveis alterações na composição, suspensão dos ciclos migratórios alimentares e reprodutivos, redução da biodiversidade de espécies nativas e na atividade pesqueira (PETRERE Jr. 1996). A extinção de espécies, em especial as reofílicas (migradoras), é aceita na literatura, como um dos mais importantes efeitos do impacto dos represamentos para produção hidrelétrica, podendo ser extintos à montante 21 das barragens por não realizarem a piracema (período onde determinadas espécies de peixes sobem os rios para desova e alimentação). Além disso, outros fatores como oferta de alimento, qualidade da água e isolamento de populações podem comprometer a diversidade e abundância das espécies. 4.3 Poluição Existem muitos tipos de poluições, entretanto, destacam-se três fontes principais de poluição pontual e não pontual na Amazônia, embora seus impactos ainda não tenham sido quantificados. De acordo com Williams (et al 1997), a primeira fonte de poluição é o escoamento agrícola que carrega nitrogênio e fósforo de fertilizantes e produtos químicos tóxicos de pesticidas e herbicidas para os ecossistemas de água doce, onde essa carga, pode aumentar a produção primária de pequenos riachos, criando florações e infestações de algas, com condições hipóxicas, além de alterar as estruturas da cadeia alimentar (NEILL et al. 2001 ). Isso porque os pesticidas se bioacumulam nas redes alimentares, podendo prejudicar seriamente a saúde dos animais que os ingerem (ELLGEHAUSEN et al. 1980). O segundo poluente em destaque é o mercúrio, que pode ser liberado dos solos por desmatamento ou diretamente nas águas, sendo utilizado quando se quer extrair ouro (LACERD & PFEIFFER 1992). O mercúrio se torna muito prejudicial quando em condições anóxicas (condições de baixa oxigenação dos tecidos do corpo), transformam sua forma inorgânica em sua forma orgânica, o chamado metilmercúrio, que pode ser absorvido no tecido vivo e se bioacumular (MERGLER et al. 2007 ). Os peixes comerciais Amazônicos apresentam concentrações de metilmercúrio muito mais elevadas do que às que são permitidas pela lei sanitária brasileira (BELTRAN et al. 2011). Já Finer (et al. 2008), considera como terceira fonte de poluição, a exploração de petróleo, que vem se crescendo no oeste da Amazônia. Acredita-se que 114 milhões de toneladas de resíduos tóxicos e petróleo bruto tenham sido despejados somente na Amazônia. (JOCHNICK et al. 1994). As águas próximas aos campos de petróleo mostraram concentrações de toxinas relacionadas a hidrocarbonetos mais de 100 vezes maiores do que as permitidas pelas regulamentações norte 22 americanas ou europeias e estão correlacionadas a problemas de saúde humana (SEBÁSTIAN & HURTIG 2004 ). No entanto, não existem dados em toda a bacia sobre a poluição do ecossistema de água doce, exceto uma estimativa de 5000 toneladas de contaminação por mercúrio desde o início da mineração de ouro na bacia (LACERDA & PFEIFFER 1992; JUNK & PIEDADE 2005). 4.4 Condições de eventos hidrológicos extremos: El Niño e La Niña Eventos extremos na região Amazônica, como as secas de 1925-1926, 1982-1983 e 1997-1998 podem ter causas naturais correlacionadas aos fenômenos El Niño e La Niña. Tais fenômenos estão interligados com o esfriamento e o aquecimento das águas do oceano Pacífico que intervém no regime dos ventos acarretando no deslocamento das nuvens que normalmente produzem chuvas (Figura 1). Marengo e Silva-Dias, (2006) afirmam que, essas oscilações normais do sistema climático da Terra que são existentes há milhares de anos provocando intensas influências na variabilidade climática do Brasil atingindo em maior grau a região Amazônica, principalmente por meio de secas. Figura 1 Diminuição da precipitação em percentagem, estimado pelo IPCC para a Amazônia entre os anos de 2011 a 2100. Fonte: foto retirada da Revista Ciências da Sociedade (RCS), Vol. 2, n. 4, p.107-124, Jul/Dez 2018 23 A Figura 2 relata didaticamente os impactos observados do El Niño e La Niña na América do Sul, levando em vista, o histórico destes eventos durante os últimos 50 anos. É provável que durante alguns eventos do El Niño ou La Niña não aconteçam os impactos representados nos mapas. No Brasil, as regiões que apresentam sinais sólidos de El Niño são a Nordeste-Amazônia (tendencioso para secas) e o Sul do Brasil (mais chuvas). As outras regiões não apresentam um sinal claro de impactos na chuva, porém durante o El Niño todo o país tende a apresentar temperaturas atmosféricas mais elevadas, seja no verão ou no inverno. A região Sul apresenta os impactos do El Niño desde o inverno e primavera do ano anterior ao pico do fenômeno (que acontece no verão), e apresenta tendência a secas ou menos chuvas durante La Niña, no inverno e primavera. É notório que secas e enchentes podem também ter outras causas, além do El Niño ou La Niña. 24 Figura2 Efeitos regionais na América do Sul do El Niño e La Niña, durante o verão (DJF) e inverno (JJA). (Fonte: http://www.cptec.inpe.br/enos/) No entanto, Marengo (2008), afirma que os eventos intensos como as secas de 1963-1964 e 2005 podem ter como causas as mudanças climáticas de natureza antrópica pelo aquecimento global, embora necessite de mais estudos para confirmar a natureza de tais eventos extremos que estão cada vez mais frequentes na região Amazônica. Alguns pesquisadores têm estudado esses eventos, tais como as consequências da seca, o quepermite identificar os efeitos desses fenômenos para a biodiversidade, sobretudo, na população http://www.cptec.inpe.br/enos/) 25 de peixes em diferentes processos ecológicos, como reprodução (AMADIO; ROKPE & NEVES DOS SANTOS, 2012); ROKPE, 2016), abundância, alimentação e migração (FREITAS et al., 2013), riqueza (BARROS & ALBERNAZ, 2013) e estrutura da assembleia de peixes (ROKPE, 2016). Amadio et al. (2012), pesquisou os efeitos das modificações ambientais na reprodução de peixes do lago Catalão na Amazônia, com uma série de dados temporais de 10 anos (entre a seca de 1999 e a vazante de 2010), mostrando que no período de secas e cheias mais curtas e enchentes mais prolongadas (anos de 1999 a 2004) houve forte atividade reprodutiva dos peixes a qual foi diminuída drasticamente entre 2005 a 2009, já que, períodos de secas e cheias foram mais longos e de enchentes mais curtos, concluindo que os eventos climáticos podem influenciar na reprodução, no recrutamento e na manutenção dos estoques pesqueiros. Já Rokpe (2016) estudou os efeitos das mudanças hidrológicas na reprodução de três espécies de peixes (Acestrorhynchus falcirostris, Psectogaster rutiloides e Triportheus angulatus) na confluência dos rios Solimões e Negro. Os eventos extremos, tanto as secas quanto as inundações tiveram resultados negativos sob a fecundidade das fêmeas, a exemplo das fêmeas de A. falcirostris que tiveram a menor fecundidade em períodos de inundações intensas, já as fêmeas das espécies P. rutiloides e T. angulatus tiveram a fecundidade reduzida no período da seca. Além disso, a autora debate que as secas extremas de 2005 e 2010 resultaram no óbito de uma grande quantidade de peixes nos lagos da Amazônia Central contribuindo para a redução da riqueza de espécies locais afetando a estrutura da assembleia de peixes. Freitas et al. (2013), confirmaram que, para a região do rio Solimões, a seca de 2005 mudou o padrão da assembleia de peixes em lagos da planície de inundação entre os anos de 2004 a 2007, acarretando impacto reducional na diversidade dos lagos do ano de 2004 (pré-seca) para o ano de 2005 (durante a seca) com evidências de um pequeno aumento no ano de 2006 (pós- seca). Além disso, a seca de 2005 foi responsável pelas mudanças nas taxas de abundâncias de algumas espécies. Já com relação a abundâncias dos grupos tróficos, as alterações encontradas podem não ser influenciadas por eventos extremos, uma vez que essas variações não são persistentes. Entretanto, os autores sugerem que a 26 seca prolongada pode ter impacto na alimentação da assembleia de peixes, alterando a quantidade dos grupos tróficos. Os autores também concordaram que a seca de 2005 teve conflito no número das espécies migratórias que tiveram suas proporções aumentadas neste período em relação às espécies não migratórias (FREITAS et al., 2013). As secas intensas podem ocasionar queda no número de espécies como ocorreu durante o evento de seca em 2005. Esta discussão foi realizada por Barros & Albernaz (2013) argumentando que, primeiramente a redução da quantidade de chuvas faz com que o período de seca seja mais longo em relação aos outros períodos sazonais. Isso implica na queda da área alagada, o que pode facilitar a captura dos estoques produzidos por inundações anteriores, porém com o tempo, essa redução da área alagada poderia resultar na morte dos peixes e diminuir as taxas de crescimento, interferindo no recrutamento e consequentemente levando ao declínio do estoque pesqueiro. Essa situação poderá agravar a pesca na região amazônica nos próximos anos caso estes eventos extremos forem constantes. Woodward, et al., (2016), dizem que flutuações hidrológicas extremas podem ainda afetar o metabolismo individual que determina os traços de desempenho dos peixes e com o metabolismo afetado, o tamanho do corpo das espécies de grande porte é reduzido. Essas mudanças não ocorrerão somente no tamanho dos indivíduos, mas também nas quantidades das espécies. Fabré et al., (2017) verificaram que no período de seca extrema indivíduos de tamanhos corporais maiores (> que 80 cm) como Psedoplatystoma tigrinum e Sorubimichthys planiceps tiveram suas abundâncias reduzidas e indivíduos de menor tamanho corporal (entre 20-30 cm) como Prochilodus nigricans, Bryconamazonicus, Plagioscion spp. e Hypophthalmus spp., tiveram suas abundâncias elevadas, isso observado para a assembleia de peixes dos rios Amazonas, Madeira e Purus. Tais mudanças relativas na biomassa dos peixes têm o potencial de interferir na dinâmica trófica e as funções ecossistêmicas associadas. Em nível de interações ecológicas, as secas extremas ao fragmentar e restringir os ambientes interfere no recrutamento da população de peixes e nas áreas de refúgios, além de aumentar a densidade dos peixes e intensificar as interações bióticas, como predação, competição e parasitismo. Já as 27 inundações atípicas expandem e homogeneízam os habitats, podendo os peixes se favorecer ou não nessas relações. Diante desses dois cenários, a recuperação das comunidades locais é afetada, já que os peixes necessitam restabelecer as interações já existentes ou estabelecer novas interações ao longo do tempo (WOODWARD; PERKINS & BROWN, 2010; WOODWARD et al., 2016). O efeito das cheias extremas sobre as comunidades de peixes amazônicos tem sido pouco estudado, mas Zuanon (2008) baseado em seus conhecimentos e experiências acumuladas, hipotetiza que cheias extremas podem levar a efeitos mais leves na região amazônica. A princípio, as cheias podem oferecer benefícios momentâneos para os peixes ao aumentar a taxa de sobrevivência dos juvenis já que nas áreas alagadas, eles possuem maior tempo disponível para crescimento. Além disso, Zuanon (2008), ainda afirma que as situações de águas altas conferem maior proteção contra predadores - em função da maior área alagada disponível - e contra os efeitos da pesca comercial. Entretanto, por consequência, cheias extremas de dois ou mais anos seguidos, ou períodos de cheias muito prolongadas com pequenos intervalos de secas, podem provocar morte das plantas com impactos negativos para os peixes frugívoros com a redução da oferta de alimentos oriundos da floresta alagada. Eventos de cheias podem ainda provocar a morte de áreas de igapós por afogamento das raízes das árvores levando a perda de abrigos, áreas de desova e crescimento para as espécies com aumento da mortalidade dos peixes e predação. Os eventos extremos (secas e inundações anormais) na Amazônia têm sido pouco estudados diante do contexto das mudanças climáticas em relação a outros fenômenos. Diante disso, seus efeitos precisam ser mais bem investigados, uma vez que a região Amazônica é quase totalmente marcada pelo regime hidrológico e desde que já se tem previsões de que os efeitos das alterações hidrológicas podem impactar profundamente os peixes, as implicações para toda a bacia Amazônica não podem ser descuidadas. 28 4.5 A problemática no aumento da temperatura e a fisiologia animal De acordo com o Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC, 2007) a elevação na taxa de temperatura amazônica pode se de 3°C até o final do século 21 (Figura 3), contribuindo para um clima mais seco e com graves problemáticas para a biodiversidade local (MARENGO, 2008). Já se sabe que, nos últimos anos, o aquecimento global foi causador de alterações na temperatura e flutuações nas taxas de oxigênio, gerando uma resposta biológica negativa para peixes (IPCC, 2000; 2007). A fisiologia desses organismos está diretamente ligada à temperatura, que apresenta uma relação inversa com a quantidade de oxigênio dissolvido implicando em sua disponibilidade no meio aquático (FICKE; MYRICK & HANSEN, 2007; LIMA et al., 2016). Dessa forma, com a elevação da temperaturae a redução das taxas de oxigênio foi gerada uma série de efeitos biológicos como, elevação da taxa metabólica, gasto fisiológico, aumento do estresse fisiológico, alterações no funcionamento de funções bioquímicas em função da temperatura corporal, e aumento na taxa de mortalidade de ovos, larvas e peixes adultos, comprometendo a estrutura, formação e dinâmica populacional das espécies (FREITAS et al., 2013; BARROS & ALBERNAZ, 2013; ROPKE, 2016). Figura 3 Aumento da temperatura estimado pelo IPCC para a Amazônia em graus centigrados do período de 2011 a 2100. Fonte: foto retirada da Revista Ciências da Sociedade (RCS), Vol. 2, n. 4, p.107-124, Jul/Dez 2018 29 Segundo Woodeard (2016), o aumento das taxas metabólicas dos indivíduos diz respeito à elevação da temperatura. Isso pode ser visto quando, em temperaturas mais altas, é possível que os organismos de menor porte tenham vantagens sobre as espécies de maior porte devido à escala alométrica do metabolismo. Sendo assim, os peixes maiores sofrem de forma não proporcional, em razão de sua maior taxa metabólica levando as espécies de grande porte, vida longa e com ciclos de vida mais lentos a serem mais propensas a enfrentar a extinção local. Diante do exposto, espécies em níveis tróficos posteriores podem ser beneficiados pela queda de espécies predatórias (efeito top-down) (WOODWARD et al. 2016) (Figura 4). De extrema importância, a temperatura exerce papel fundamental para os processos biológicos e ecológicos nos peixes tais como crescimento, reprodução e desenvolvimento. Isso pode ser analisado, quando em níveis fisiológicos, o aumento da temperatura modifica o funcionamento de diversas proteínas responsáveis pela sinalização celular, homeostase, osmorregulação, defesas das células e transcrição gênica nos peixes, além da diminuição da taxa de crescimento e elevação nos níveis de cortisol (LIMA, 2016; OLIVEIRA & VAL, 2017). Entretanto, o efeito da temperatura sobre a fisiologia dos peixes só pode ser analisada mediante a alguns fatores, dentre os quais estão a capacidade adaptativa, da biologia de cada espécie e de como elas ocorrem e estão espalhadas no ambiente (VAL & ALMEIDA-VAL, 2008). Quando se fala em nível de população, a elevação de temperatura terá resultado negativo para os processos migratórios de algumas espécies de peixes amazônicos. Isso porque os peixes vivem em condições ambientais ótimas para realizar suas atividades vitais e, com a elevação da temperatura, muitas espécies tendem a mudar-se para regiões cuja temperatura seja ideal para seu desenvolvimento (VAL & ALMEIDA-VAL, 2008). Sendo assim, é esperado que a distribuição entre as espécies classificadas como tolerantes às mudanças nas taxas de temperatura, tenha maiores distribuições pela bacia Amazônica. 30 Figura 4. Efeitos do aumento da temperatura nos peixes Aumento da temperatura leva ao incremento da taxa metabólica, reduzindo o tamanho do corpo nos peixes aumentando a abundância dos níveis tróficos inferiores. Fonte: Modificado de National Geographic, 2014. (foto retirada da Revista Ciências da Sociedade (RCS), Vol. 2, n. 4, p.107-124, Jul/Dez 2018) Foi criada por Ramos (2016) uma situação onde a elevação da temperatura e as condições de hipóxia comprometiam a produção dos estoques pesqueiros de jaraquis, peixe mais pescado, comercializado e consumido da região amazônica (Semaprochilodus spp.) confirmando que, nessas condições as espécies terão suas taxas respiratórias alteradas. Contudo, este estudo foi feito de forma experimental e por falta de bibliografias que pudessem ser usadas como material comparativo, entre a situação real e a imposta, os autores finalizaram dizendo que não se sabe de fato, como as mudanças climáticas podem afetar tais populações. Ramos (2010) ainda diz que, pescadores do Pará afirmam com alto estado de certeza que nos últimos 10 anos e, para os anos seguintes, a elevação da temperatura foi e continuará sendo a responsável pela redução nas capturas de piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii), peixe nativo da região. Isso porque existe uma relação inversa entre o aumento da temperatura e a queda nos níveis de oxigênio que contribuem com as reduções nas taxas de crescimento nos peixes, interferindo de forma direta no sucesso reprodutivo das espécies, diminuindo as abundâncias e o tamanho das populações de peixes 31 amazônicos, prejudicando os estoques adultos (FREITAS et al., 2012; BARROS & ALBERNAZ, 2013; FREITAS et al., 2013). A imagem 5, representa de forma didática, os efeitos que o aumento da temperatura aliados as alterações hidrológicas, causam nas comunidades de peixes amazônicos. Figura 5 Fluxograma dos principais efeitos que mudanças climáticas podem ocasionar a peixes amazônicos, considerando diferentes níveis de organização (indivíduo, população e assembleia). Fonte: foto retirada da Revista Ciências da Sociedade (RCS), Vol. 2, n. 4, p.107- 124, Jul/Dez 2018 4.6 Panoramas do estado-da-arte atual e o efeito da exposição dos peixes às mudanças. 4.6.1 do cenário global Para o Painel Intergovenamental sobre Mudanças Climáticas (2014) o acúmulo de gases, principalmente aqueles que contribuem para o aumento do efeito estufa (dióxido de carbono, metano e os óxidos nitrosos), são os grandes responsáveis pelo aquecimento global, o qual representa uma grande ameaça ao planeta. Diversos estudos relatam que as alterações climáticas já em andamento são resultados das alterações nos padrões globais da vegetação e mudanças no uso da terra (HIROTA et al. 2011; LAPOLA et al. 2014), queda da biodiversidade em escala mundial (FICKE et al. 2007; CHOWN et al. 2010) e 32 mudanças na composição atmosférica (WALKER & STEFFEN1997) em diversas regiões do planeta, inclusive no Brasil (LAPOLA et al. 2014). Lima (et al. 2011) diz que as primeiras evidências de modificações no clima do planeta começaram a dar sinais ainda na década de 1980 e, desde então, vêm despertando de forma evolutiva maiores interesses e preocupações, seja da comunidade científica quanto da população em geral. Devido ao desconhecimento sobre os impactos de alterações na estabilidade climática mundial, em 1988 a Organização das Nações Unidas, por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e a Organização Meteorológica Mundial, criaram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernamental Panel on Climate Change - IPCC) com o objetivo de avaliar as informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para entender os riscos induzidos pelas mudanças climáticas na população humana, bem como propor cenários de mudanças climáticas para o futuro (MARENGO 2007). A parte organizacional do IPCC, tal como seus cinco relatórios publicados em 1990, 1995, 2001, 2007 e 2014, baseia-se em três eixos principais: 1) compreender como fatores humanos e naturais causam as mudanças do clima; 2) o impacto social e ambiental das mudanças do clima, adaptação e vulnerabilidade; 3) busca de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Os cientistas do IPCC se baseiam em modelos matemáticos para conseguirem simular os impactos e os possíveis das mudanças climáticas no clima e nos ecossistemas em nível global e regional, especialmente relacionados a alterações na concentração de GEE na atmosfera (STÉFONN et al. 2015). Dessa forma, Viner (et al. 1995) e Moss (et al. 2010) acreditam que foi dado ao IPCC o importante papel de criar e analisar os mais diferentes cenários climáticos cientificamente embasados, utilizando indicadores de áreas como meteorologia, climatologia, paleontologia, hidrologia, biologia e áreas comuns para prever possíveis trajetórias de desenvolvimento global a partir da emissão de diferentes níveis de GEE na atmosfera. 33 O crescenteaumento nas emissões de GEE, principalmente CO2, registrado nas últimas décadas, relacionado à queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra, tem sido o fator decisivo para o aquecimento global. Entre os anos de 1906 e 2005 houve um aumento de 0,74°C na temperatura média do planeta, esse aumento pode, no entanto, chegar a 4,5°C até o ano de 2100. Outras consequências decorrentes do aquecimento global têm sido registradas com maior frequência nos últimos anos, como mudanças nos padrões de vento e chuvas, alterações de correntes marítimas e intensificação da desertificação em determinadas regiões (IPCC 2007). Desde a revolução industrial até o ano de 2005, a concentração de CO2 na atmosfera cresceu 33%, passando de 280 para 379 ppm, ritmo muito acima do que foi registrado nos últimos 800 mil anos (180 a 300 ppm) (Brundtland et al. 2012; IPCC 2007). De acordo com AR4, entre 1995 e 2005 o aumento médio de CO2 na atmosfera foi de 1,9 ppm, podendo chegar entre 730 a 1020 ppm até 2100 (IPCC 2007). Caso os níveis atuais de emissões de CO2 continuem a crescer, a temperatura no planeta pode ficar 4°C acima da registrada antes da revolução industrial (Rockström et al. 2014). Diversos estudos que analisaram os efeitos das mudanças climáticas indicam que seus efeitos não serão homogêneos em diferentes regiões do planeta (Döll e Zhang 2010; Stéfanon et al. 2015). Em decorrência da Cordilheira dos Andes e de uma grande heterogeneidade climática, a América do Sul é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas (Grimm e Natori 2006; Hirota et al. 2011). De acordo com o IPCC, depois da Polinésia, África, parte da Ásia e Caribe, a América do Sul é considerada a parte do planeta que mais sofrerá com os efeitos das mudanças no clima, que poderão resultar no aumento de eventos climáticos extremos como alterações significativas da disponibilidade hídrica, salinização e desertificação de áreas utilizadas para agricultura, riscos de inundação em áreas costeiras baixas e deslocamento dos estoques pesqueiros (IPCC 2007). A temperatura média da América do Sul sofrerá um aumento que poderá chegar a 6°C produzindo efeitos catastróficos em diversas regiões do continente, porém o Brasil sofrerá as alterações mais severas, especialmente nas regiões mais sensíveis às 34 mudanças climáticas como a Amazônia e a região Nordeste (Nobre et al. 2007 Hirota et al. 2010). 4.6.2 Do cenário Amazônico Responsável por quase 20% de toda água doce do planeta, a bacia amazônica abrange índices pluviométricos elevados. Isso porque no período chuvoso calcula-se que até 29% da área amazônica fique coberto por água em razão de seus muitos rios, lagos e igarapés atuarem como uma fonte formadora de calor e umidade, necessárias para que se regule regime de chuvas em ambos os hemisférios, sendo percussora de um papel vital no clima global (CASTELLO et al. 2013; CHENG et al. 2013). Dessa forma, as mudanças climáticas podem afetar diretamente a região amazônica e, consequentemente, alterar o clima global (NOBRE et al. 2005; CASTELLO et al. 2013). Nobre (et al. 2007) relata que região vem acumulando, nas últimas décadas, uma crescente pressão causada por agressões oriundas do homem que tem provocado a queda na cobertura vegetal e como consequência do desmatamento e de incêndios florestais que, somados ao aquecimento global, ameaçam o equilíbrio climático, ecológico e ambiental da região. A incessante ruptura de habitats e ecossistemas, como consequência do desmatamento, consistem não apenas em um fator somatório ao impacto das mudanças climáticas, mas sim em um dado multiplicador quando se levam em consideração o estresse associado a essas mudanças (MARENGO 2007). Sendo assim, é difícil dizer com precisão qual índice de vulnerabilidade que espécies representam, frente às mudanças climáticas e devido à escassez de informações cientificamente embasadas (CANHOS et al. 2007). De acordo com vários cenários impostos pelo IPCC, acredita-se que até o ano de 2100 a temperatura média na Amazônia terá um aumento acima de 3°C, o que aumentaria a chance de perda da cobertura florestal em 40% em algumas regiões, elevando o risco de perda de biodiversidade e aumentando a ocorrência de eventos climáticos extremos, como a seca de 2005 (IPCC 2007; NOBRE et al. 2007). A assombrosa velocidade com que as mudanças no clima do planeta vêm ocorrendo nas últimas décadas, quando comparadas àquelas 35 dos processos naturais, consiste em uma ameaça real para espécies da flora e da fauna amazônicas, colocando em situação de perigo a região que possui a maior biodiversidade do mundo, tendo como consequência um provável “empobrecimento biológico” na região (NOBRE et al. 2005; 2007). Quando, além das florestas, se é questionado a respeito das comunidades de peixes amazônicos, o clima mais seco que o atual em parte da Amazônia, afetará também o ambiente aquático que sofrerá profundas alterações, tanto pelas mudanças na dinâmica do sistema hidrológico, quanto por alterações pontuais que aos poucos, vão modificar o cenário da região. Isso porque com a elevação da temperatura, os índices de chuvas caem, de forma a afetar todo o ecossistema aquático, uma vez que são reduzidas as disponibilidades de alimentos e queda nas chances reprodutivas, já que a temperatura da água afeta diretamente a formação de indivíduos machos e fêmeas. 5- CONCLUSÕES Diante das pesquisas realizadas sobre as mudanças climáticas na Amazônia, pode-se concluir que o cenário para a região, principalmente para os próximos 80 anos, preocupa no que diz respeito aos efeitos que essas mudanças terão sobre a ictiofauna da região e como elas afetarão os peixes amazônicos. A somatória desses efeitos coopera para alterações na biodiversidade que vai desde o indivíduo a sérias implicações ecossistêmicas ao afetar a estrutura das populações de peixes, principalmente sua ecomorfologia. Embora ainda existam incertezas sobre os reais efeitos futuros das mudanças climáticas na Amazônia, as pesquisas existentes apontam que esses efeitos são de grande impacto, com severos danos em todo o planeta. 36 6- REFERÊNCIAS AGOSTINHO, A.A. et al. Ecologia de comunidades de peixes da área de influência do reservatório de Segredo. In: AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C. (Ed.). Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá: Eduem, 1997. cap. 6, p. 97-111. ALLISON, E.H. et al. Vulnerability of national economies to the impacts of climate change on fisheries. Fish and Fisheries, v. 10, n.2, p. 173-196. 2009. AMARAL, M. T. & VALE, R. C. S. Biodiversidade e mudanças climáticas: um olhar sobre a Amazônia. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v. 6, n. 11, p. 1-14. 2010. ARAÚJO FG (1998) Adaptação do índice de integridade biótica usando a comunidade de peixes para o rio Paraíba do Sul. Revista Brasileira de Biologia 58: 547-558. BARROS, D. F. & ALBERNAZ, A. L. M. 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AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS Rio de Janeiro Outubro de 2021 AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS EFEITOS EM COMUNIDADES DE PEIXES AMAZÔNICOS Agradecimentos LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS RESUMO ABSTRACT SUMÁRIO 3 METODOLOGIA 16 6 REFERÊNCIAS 36 2- OBJETIVOS DA PESQUISA 2.2 Objetivos específicos 3- METODOLOGIA 4- REVISÃO DA LITERATURA 4.2 Barramentos 4.4 Condições de eventos hidrológicos extremos: El Niño e La Niña 4.5 A problemática no aumento da temperatura e a fisiologia animal 4.6 Panoramas do estado-da-arte atual e o efeito da exposição dos peixes às mudanças. 4.6.2 Do cenário Amazônico 5- CONCLUSÕES 6- REFERÊNCIAS Change 2014: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Geneva, Switzerland. MARENGO, J.A. 2007. 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