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ESUTES - SOCIOLOGIA 30

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PLANO DE AULA APOSTILADO 
Escola Superior de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SociologiaSociologiaSociologiaSociologia 
Estudo do homem e sua vida em sociedade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Escola Superior de Teologia do Espírito Santo – ESUTES, é amparada pelo disposto no 
parecer 241/99 da CES (Câmara de Ensino Superior) – MEC 
O ensino superior à distância é amparado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos 
mais avançados sistemas de ensino da atualidade. 
Sistema de ensino: Open University – Universidade aberta em Teologia 
O presente material apostilado é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria 
em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, 
segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, 
bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 3 
 __________ 
 SSSSSSSSuuuuuuuummmmmmmmáááááááárrrrrrrriiiiiiiioooooooo 
 ____________________________ 
 
 
 
 
 
 
O Que é Sociologia............................................................................................................................04 
Karl Marx............................................................................................................................................05 
Dialética - Há muito o que dizer e em que refletir sobre a Dialética; mencionamos apenas dois 
pontos...............................................................................................................................................05 
Durkheim e “As Regras”....................................................................................................................06 
Weber – A Jaula de Ferro do Capitalismo..........................................................................................06 
Georg Lukács.....................................................................................................................................06 
Escola de Frankfurt..... ......................................................................................................................06 
Teologia da Libertação.......................... ..........................................................................................06 
O Estudo da Sociedade.....................................................................................................................08 
Ciencias Sociais, História e Filosofia ................................................................................................14 
Estrutura Social, Sociedades e Civilizações .....................................................................................21 
Família e Parentesco.........................................................................................................................27 
Grupos e Classes Sociais .................................................................................................................33 
Religião e Moralidade........................................................................................................................38 
Educação...........................................................................................................................................42 
Fatores de Mudança Social ...............................................................................................................47 
A Natureza Biológica do Homem ......................................................................................................51 
A Família............................................................................................................................................52 
Bibliografia.........................................................................................................................................56 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 4 
 
 
 
OO QQuuee éé SSoocciioollooggiiaa 
 
 Europa, final da Idade Média, crise do Modo de Produção Feudal. Classicamente, se 
diz que o Modo de Produção entrou em contradição com os interesses das Forças Produtivas. 
Naquele caso, embora a densidade demográfica crescesse assustadoramente, de nada 
adiantava produzir mais porque o excedente não iria para aqueles deles necessitados; iria 
engordar ainda mais os cofres da Nobreza. 
 As pessoas começam a se rebelar, fogem dos feudos (a que eram “presas” por laços de 
honra) e passam a roubar ou com parcos recursos comprar bens baratos a grandes distâncias 
vendendo-os mais caro onde eram desejados – ressaltem-se as famosas “especiarias” , ou seja, 
na Europa. A prática do lucro era condenada pela Igreja Católica, a maior potência do mundo 
à época. Mas para os fugitivos dos feudos, fundadores de burgos, que serão mais tarde 
chamados de “burgueses”, não restava outra alternativa exceto a atividade comercial voltada 
ao lucro, tida como “desonesta” por praticamente todas as culturas e civilizações do mundo a 
partir de todos os pontos de vista éticos. 
 
 O capitalismo era como um pequenino câncer que surgiu no final da sociedade feudal. 
Foi crescendo, crescendo e hoje, a burguesia e seus interesses comerciais se sobrepõem ao ser 
humano numa infecção que contamina todo o planeta. Aquelas sociedades que buscam a cura 
para este mal são “reconvertidas” ao satanismo pagão de holocaustos ao deus-mercado 
através de diversas formas de pressão e, no limite, uso da força física, como ocorreu no Chile 
de Salvador Allende e, mais recentemente, no Afeganistão – um com proposta socialista, 
outro com proposta islâmica; ambos intoleráveis hereges dentro do fundamentalismo de 
mercado. 
 Era fundamental reorganizar a sociedade de maneira a que os novos donos da riqueza 
fossem também os donos do poder. Surge uma nova religião para reforçar uma ética mais 
consentânea com os tempos cambiantes: surge o protestantismo. Os padres diziam nas missas 
– embora sua prática fosse bem outra... – ser “mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma 
agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, reiterando serem pecaminosos aqueles que 
praticavam a cobrança de juros, lucros... “Usurários”, enfim, eram todos enfileirados no 
caminho que conduz ao fogo do inferno. Por outro lado começam a surgir ex-padres, agora 
pastores que passam a informar: “se a mão de Deus estiver sobre a sua cabeça, você 
prosperará imensamente nesta terra; nisso você verá um sinal de estar sendo por ele 
abençoado”... Se você tivesse enriquecido à beçana base do comércio lucrativo, ou do 
empréstimo a juros, preferiria o discurso do padre (vale repetir, em contradição com a sua 
prática) ou o do pastor? Assim cresceram as seitas protestantes pelo mundo afora. 
 Politicamente a burguesia endinheirada sentia-se lesada tendo de pagar tributos à 
antiga nobreza, agora praticamente falida. No início compravam títulos de nobres aos de 
antiga linhagem – que os discriminavam! – a seguir passaram a pensar em alternativas mais 
radicais (ser radical é ir à raiz e a burguesia foi radical no período de suas glórias 
revolucionárias!) como convocar os trabalhadores a uma aliança contra a nobreza e implantar 
um novo tipo de regime político, muito mais interessante e lucrativo para a burguesia, a 
“república”. Os burgueses convocaram seus empregados, desempregados e desesperados, 
superiores em número, para uma aliança contra a nobreza ou “antigo regime” e, após muitos 
percalços, saem-se vitoriosos. Agora, “duque”, “king” e “marquesa” passam a ser nomes de 
animais domésticos da burguesia! O passo seguinte foi agradecer e condecorar trabalhadores, 
desempregados e desesperados e mandá-los de volta a seus trabalhos, a seus desempregos e a 
seu desespero. 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 5 
 Estes, à medida que se conscientizavam de que foram usados para uma troca de poder 
que em absolutamente nada lhes beneficiou começam a organizar-se em sindicatos e outras 
agremiações classistas, por vezes secretas, maçônicas mesmo, por vezes aberta mas sempre e 
imediatamente proclamadas ilegais ou heréticas e perseguidas por todo o aparato estatal e 
religioso que a burguesia podia colocar em marcha! 
 
 Karl Marx 
 Um pedaço da enorme colcha de retalhos que mais tarde constituiria a Nação Alemã, 
filho de burgueses e educado no mais rigoroso protestantismo, incrivelmente perspicaz, cedo 
percebeu que enquanto houver neste mundo gente que se alimenta e gente que passa fome, 
enquanto houver opressores e oprimidos a espécie humana inteira estará refém da insânia. 
Chegou à conclusão de que somente a partir do ponto de vista de quem não tem 
absolutamente nada a perder se pode almejar a vislumbrar a verdade. Adotando o ponto de 
vista dos trabalhadores, criou uma ferramenta intelectual inédita e até hoje imbatível para a 
compreensão do Real. Com base no socialismo chamado “utópico” dos franceses, da filosofia 
clássica alemã (em particular o materialismo de Feuerbach e a dialética de Hegel) e a 
economia clássica inglesa construiu o MATERIALISMO DIALÉTICO, filosofia voltada não 
apenas à ascensão da classe trabalhadora ao poder, mas à libertação de toda a espécie humana 
de toda a classe de opressão e exploração. 
 
Dialética - Há muito o que dizer e em que refletir sobre a Dialética; mencionamos apenas dois pontos: 
Movimento: Tudo está em movimento, tudo se transforma, freqüentemente em seu contrário... É 
como as nuvens no céu: você olha, está de um jeito; olha novamente, a configuração já mudou 
completamente. 
 A essência é mais significativa que a aparência: Este postulado fez com que a Dialética ficasse 
conhecida como “Filosofia Negativa”, pois buscava a compreensão do que está para além da superfície, 
do “Positivo”, da mera aparência fenomênica de alguma coisa. 
 Evidentemente era necessário que a burguesia também produzisse uma teoria em 
defesa de seus pontos de vista e poucos foram tão brilhantes – e influenciaram tanto a nossa 
combalida Nação – quanto o positivismo. 
 Era necessário olvidar a essência e trabalhar com o que é perceptível aos sentidos 
físicos mais grosseiros e imediatos. Era necessário esquecer a “filosofia negativa” e, voltando 
ao reino das aparências criar uma filosofia capaz de compreender o social com tanta precisão 
quanto a matemática ou a física – que hoje sabemos também serem imprecisas... 
 Eivado de motivos nobres, impregnado de boas intenções, aquelas mesmas que 
pavimentam todas as estradas do inferno, Comte pregava a necessidade de “libertar o 
conhecimento social de toda a ingerência filosófica”, como se isso fosse possível... Mas... Se o 
fosse? Seria desejável? Se a filosofia responde a muitas questões que dizem respeito ao ser do 
homem no mundo, qualquer ciência que se volte a compreender o homem “afastando a 
ingerência filosófica” tende mais a falsear a compreensão do ser humano do que a 
compreendê-lo. Falando claramente: para que uma ciência humana mereça ser chamada de 
“científica”, tem de ser filosófica! O oposto disso é simplesmente fechar os olhos ao que 
constitui o SER do homem. 
 Mas Comte e seus discípulos criaram um sistema “científico” voltado a conciliar o 
inconciliável: a Luta de Classes. Olvidando totalmente a existência concreta de interesses 
antagônicos na Sociedade Burguesa, a Luta de Classes, busca integrar a todos em torno do 
ideal ou meta burguesa – “integralismo”, por sinal, tem esta raiz... –; crescendo por etapas ou 
degraus seria possível chegar-se a uma precisão “científica”, não filosófica, acerca da 
sociedade e do ser do homem. Os positivistas contemporâneos, que já percebem as falhas do 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 6 
positivismo clássico, mantêm suas mesmas raízes, suas mesmas motivações – “conciliar 
Capital e Trabalho”, “que os ricos sejam mais ricos para que, através deles os pobres sejam 
menos pobres”, e outras idiotices só críveis porque repetidas em altos brados e ad nauseam... 
Durkheim e “As Regras” 
 Discípulo genial de Comte, Émile Durkheim sistematizou algumas de suas idéias e foi 
o primeiro a usar efetivamente a expressão “Sociologia” para referir-se ao estudo em pauta, 
que seu mestre ainda chamava de “Física Social”. 
 
 O que é fato social? Tudo o que é coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo, em linhas 
gerais. Como compreender o fato social? Primeiro passo: “Afastar sistematicamente as pré-
noções”. Como se fosse possível ao ser humano estar acima de todos os sentimentos, emoções, 
e “juízos de valor”... Como se a própria colocação da questão – seja ela qual for – não traga 
nela embutidos os juízos ou as pré-noções... Posição hoje indefensável, Durkheim tem 
contudo enorme valor para a Sociologia contemporânea. 
Weber – a jaula de ferro do capitalismo 
 Max Weber, um dos maiores gênios do século XX, filho de pastor evangélico, lutou na 
Primeira Guerra Mundial como capitão do exército prussiano chegou à conclusão de que é 
necessário não tomar partido, separar o “lugar da teoria” do “lugar da prática” em ciência 
política. Segundo o capitão evangélico, a inteligência deve ser livre de vínculos (em alemão, 
Freischwebend Intelligenz). Sua posição de professor conservador, liberal, militar e evangélico 
talvez explique os motivos do “acidente de trabalho” que o conduziu a uma profundíssima 
crise depressiva que durou quatro longos anos em que até a alimentação era levada à sua boca 
pela esposa. Quatro anos em que, consta, não pronunciou uma única palavra, não escreveu uma 
única linha. De repente, o gênio adormecido desperta para o espanto de todos e compõe uma 
das mais geniais obras sociológicas do século XX – “A Ética Protestante e o Espírito do 
Capitalismo”. 
 
Georg Lukács 
 Húngaro, o mais notável discípulo de Weber, percebe-lhe as limitações e conduz os 
avanços sociológicos que esta corrente positivista havia logrado atingir ao marxismo, a que se 
alinha com muito maior conforto. O Clássico “História e Consciência de Classe” é um leitura 
obrigatória a todo aquele que queira compreender o ser humano vivendo em sociedade. O 
peso de sua erudição não tira o interesse do trabalho, ao contrário. Foium dos últimos brilhos 
a ir mais longe que Marx dentro do pensamento marxista. 
 Escola de Frankfurt 
 É fundamental citar o lugar dos teóricos de Frankfurt, particularmente Herbert 
Marcuse, que resgata a Dialética Materialista com grande ênfase à Dialética. Sua grande obra 
ainda é “Razão e Revolução”. É nela que se defende que o grande critério a submeter o Real é 
a Razão Humanista. O Capital é irracional: desiguala os semelhantes e equaliza os 
dessemelhantes. Você vale o quanto é capaz de produzir e é avaliado não pela grandeza de 
sua alma e de seus valores humanos, mas do quanto você tem em bens materiais. Isso é a 
Destruição da Razão (em alemão, “Zerstorung der Vernunft”). 
 
Teologia da Libertação 
 Segundo os grandes filósofos europeus contemporâneos, esta é a grande contribuição 
da América Latina em geral e do Brasil em particular ao Saber Universal. O revolucionário em 
busca de um mundo melhor, como Che Guevara ou o padre Camilo Torres é equiparado aos 
primeiros cristãos. O comunismo nascente comparado ao cristianismo também em processo 
de parturição no Império Romano. Assim como o Império Romano negou o cristianismo por 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 7 
quase 400 anos, proclamando-lhe extinto, acabado, morto e era aterrorizado pelo fantasma de 
seu cadáver insepulto o Capital proclama reiteradas e repetidas vezes a “morte do 
comunismo”. O que Weber chamava de “jaula de ferro” os Teólogos da Libertação chamam 
de “pessimismo defensivo” da burguesia. Em síntese, eles dizem: “não tem jeito”. “Sempre foi 
e sempre será assim” – preenchendo o futuro como se houvesse uma linha invisível a ligar 
todos os tempos, como se a Vontade humana não houvesse sido capaz de proezas 
memoráveis como a transformação do Império Romano num Império Cristão; a travessia do 
“Mar Tenebroso” que todos “sabiam” intransponível e a chegada ao Novo Mundo; os 
exemplos se multiplicam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 8 
 
 
 
OO EEssttuuddoo ddaa SSoocciieeddaaddee 
 
"Contemplar todos os homens do mundo, que se unem em sociedade para trabalhar, lutar e aperfeiçoar-
se, deve-lhe agradar mais do que qualquer outra coisa." 
 ANTÔNIO GRAMSCI, numa carta escrita da prisão ao seu filho Delio. 
 
Durante milhares de anos, os homens observaram e refletiram sobre as sociedades e grupos 
nos quais vivem. Não obstante, a Sociologia é uma ciência moderna, que não tem muito mais 
de um século. Auguste Comte, em sua classificação das ciências, considerou-a, lógica e 
cronologicamente, posterior às demais ciências, como a menos geral e a mais complexa de 
todas. E um dos maiores antropólogos modernos observou que "a ciência da sociedade 
humana está ainda em sua primeira infância". 
É certo que podemos encontrar, nos escritos dos filósofos, pregadores religiosos e legisladores 
de todas as civilizações e épocas, observações e idéias relevantes para a Sociologia moderna. A 
Arthashâstra, de Kautilya, e a Política, de Aristóteles, analisam sistemas políticos de formas que 
ainda interessam ao sociólogo. Não obstante, há um sentido real no qual uma nova ciência da 
sociedade, e não apenas um nome novo, foi criado no século XIX. Vale a pena notar as 
circunstâncias em que isso ocorreu e examinar as características que distinguem a Sociologia 
do pensamento social anterior. 
As circunstâncias nas quais a Sociologia surgiu podem ser distinguidas como intelectuais e 
materiais, e examinarei separadamente cada uma delas. Naturalmente/estavam interligadas, 
e qualquer história sociológica da Sociologia — que ainda não foi escrita — teria de levar em 
conta essas ligações. Nesta rápida introdução, só posso mencionar alguns dos fatores mais 
importantes. 
Os principais antecedentes intelectuais da Sociologia não são difíceis de identificar. "De modo 
geral, podemos dizer que a Sociologia tem uma quádrupla origem: na Filosofia Política, na 
Filosofia da História, nas teorias biológicas da evolução e nos movimentos para a reforma 
social e política, que julgaram necessário empreender levantamentos das condições sociais." 
Duas dessas fontes, a Filosofia da História e o levantamento social, foram particularmente 
importantes, de início. Também elas haviam chegado tarde à história intelectual do homem. 
A Filosofia da História, como ramo distinto de especulação, é uma criação do século XVIII. 
Entre seus fundadores estão o Abade de Saint Pierre e Giambattista Viço. A idéia geral do 
progresso, que ajudaram a formular, influi profundamente na concepção que o homem tem 
da história e se reflete nas obras de Montesquieu e Voltaire na França, de Herder na 
Alemanha, e de um grupo de filósofos e historiadores escoceses de fins do século XVIII, 
Ferguson, Miliar, Robertson e outros. Essa nova atitude histórica se expressa claramente num 
trecho da "Memoir of Adam Smith", de Dugald Stewart: "Quando, num período da sociedade 
como este em que vivemos, comparamos nossas conquistas intelectuais, nossas opiniões, 
costumes e instituições, com os que predominaram entre as tribos selvagens, não podemos 
deixar de indagar uma questão interessante, a dos passos graduais Ia transição, desde os 
primeiros e mais simples esforços da natureza inculta até um estado de coisas tão 
maravilhosamente artificial e complicado." Stewart prossegue, dizendo que faltam 
informações sobre muitas fases desse progresso, e que seu lugar leve ser tomado pela 
especulação baseada nos "princípios conhecidos da natureza humana". "A essa espécie de 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 9 
investigação filosófica, que não tem nome adequado em nossa linguagem, tomarei a liberdade 
de dar o título de História Teórica ou Conatural, expressão que coincide aproximadamente, em 
sentido, com a de História Natural, tal como usada por Hume, e com que certos autores 
franceses chamaram de Histoire Raisonné." 
Em princípios do século XIX, a Filosofia da História exerceu importante influência intelectual, 
através dos escritos de Hegel ; Saint-Simon. Desses dois pensadores brotam as obras de Marx 
e Comte, e portanto algumas das correntes importantes da Sociologia moderna. Podemos 
avaliar rapidamente as contribuições da Filosofia da História à Sociologia considerando-as 
como tendo sido, no aspecto filosófico, as noções de desenvolvimento e progresso, e, no 
aspecto científico, os conceitos dos períodos históricos e tipos sociais. Foram os historiadores 
filosóficos que tiveram, em grande parte, a responsabilidade pela nova concepção da 
sociedade como algo mais do que a "sociedade política" ou Estado. Ocupavam-se de toda a 
gama das instituições sociais estabeleceram uma cuidadosa distinção entre o Estado e o que 
chamavam de "sociedade civil". O Essay on the History of Civil Society (1767), de Adam 
Ferguson, talvez seja o melhor exemplo dessa abordagem; em tradução alemã, essa obra 
parece ter proporcionado a Hegel a sua terminologia, e influenciado sua abordagem, nos 
primeiros trabalhos que escreveu sobre a sociedade. Ferguson, nesse ensaio e outros 
posteriores, discute a natureza da sociedade, população, família e parentesco, as distinções de 
posição hierárquica, propriedade, governo, costumes, modalidade e direito — ou seja, trata a 
sociedade como um sistema de instituições correlatas. Além disso, procura classificar as 
sociedades em tipos e distinguir as fases do desenvolvimento social. Características 
semelhantes encontram-seem muitos dos trabalhos dos autores a que chamei de historiadores 
filosóficos. Eles representam uma unanimidade notável e uma modificação abrupta do 
interesse dos homens pelos estudos da sociedade humana. Essas características reaparecem no 
século XIX, no trabalho dos primeiros sociólogos, Comte, Marx e Spencer. 
Um segundo elemento importante na Sociologia moderna é proporcionado pelo levantamento 
social, que em si mesmo teve duas fontes. Uma foi a crescente convicção de que os métodos 
das Ciências Naturais deviam e podiam ser estendidos ao estudo das questões humanas, que 
os fenômenos humanos podiam ser classificados e medidos. A outra foi a preocupação com a 
pobreza (o "problema social"), conseqüente da aceitação do fato de que, nas sociedades 
industriais, ela já não era um fenômeno natural um castigo da natureza ou da providência, 
mas o resultado da ignorância e da exploração humanas. Sob essas duas influências, o 
prestígio da ciência natural e os movimentos de reforma social, os levantamentos sociais 
passaram a ocupar lugar importante na nova ciência da sociedade. 
Esses movimentos intelectuais, a Filosofia da História e, o levantamento social não estavam 
isolados das circunstâncias sociais dos séculos XVII e XIX na Europa Ocidental. O novo 
interesse pela História e pelo desenvolvimento foi despertado pela rapidez e profundidade da 
transformação social, e pelo contraste das culturas, que as viagens dos descobrimentos 
revelaram atenção do homem. A Filosofia da História não foi apenas ilha do pensamento: 
nasceu também de duas revoluções, a revolução industrial na Inglaterra e a Revolução 
Francesa. Igualmente, o levantamento social não surgiu apenas da ambição de aplicar os 
métodos da ciência natural ao mundo humano, mas de :ma nova concepção dos males sociais, 
também influenciada pelas possibilidades materiais de uma sociedade industrial. Um 
levantamento social da pobreza, ou de qualquer outro problema social, o tem sentido se 
acreditarmos que algo poderá ser feito para remover ou minorar tais males. Creio ter sido a 
existência da pobreza generalizada em meio das grandes e crescentes forças produtivas a 
responsável pela modificação de perspectiva, segundo a qual ela deixou de ser um problema 
natural (ou uma condição natural) para tornar-se um problema social, sujeito a estudo e 
aperfeiçoamento. Essa modificação constituiu, pelo menos, um elemento importante na 
convicção de que o conhecimento exato poderia ser aplicado à reforma social; e, mais tarde, 
que, como o homem estabeleceu um controle cada vez mais completo sobre seu meio físico, 
também poderia controlar seu leio social. 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 10 
Anteriormente consideramos os elementos liberais e radicais no pensamento sociológico que 
vieram diretamente do Iluminismo da Revolução Francesa. Em alguns escritos recentes, 
entretanto, maior importância foi dada às idéias com as quais contribuíram para a Sociologia 
os pensadores da reação conservadora romântica, especialmente de Bonald e de Maistre, 
através da influência sobre Saint-Simon, Comte e de Tocqueville. Robert Nisbet, por exemplo, 
refere-se à reorientação do pensamento social, que permitiu o aparecimento da Sociologia 
como "... uma ação do tradicionalismo contra a razão analítica", e resume sua opinião da 
seguinte maneira: "O paradoxo da Sociologia... rede no fato de que embora se situe, pelos 
objetivos e valores científicos e políticos das suas principais figuras, na corrente do 
modernismo, seus conceitos essenciais e sua perspectiva implícita colocam-na mais próxima, 
em geral, do conservadorismo filosófico. Comunidade, autoridade, tradição, o sagrado, são 
preocupações conservadoras da época..." De acordo com Nisbet, constituem, também, 
importantes "idéias-unidade" da Sociologia. Um argumento semelhante foi proposto por 
Marcuse, o qual contrasta o conservadorismo do positivismo sociológico de Comte com o 
radicalismo da "razão crítica", que ele considera como característica essencial da teoria social 
de Hegel, encontrando sua plena expressão no pensamento marxista. 
A influência dos pensadores conservadores sobre a Sociologia é fora de dúvida, A distinção 
que Saint-Simon faz entre períodos "críticos" e "orgânicos" da História, e sua defesa de uma 
nova doutrina moral para unir os homens na sociedade industrial pós-revolucionária, 
refletem essa influência, e ao mesmo tempo preparam o caminho para a preocupação de 
Comte com o reestabelecimento da "ordem social". Mas Saint-Simon foi também fonte de 
outras idéias, relativas a classe e propriedade, que deram origem a diferentes escolas de 
pensamento no socialismo de seus seguidores e mais tarde de KarI Marx. Há uma dupla 
tradição no pensamento sociológico, e os diversos elementos que vieram a formá-la precisam 
ser cuidadosamente distinguidos. 
Assim, a pré-história da Sociologia pode ser localizada num período de cerca de cem anos, 
mais ou menos entre 1750 e 1850; ou, digamos, da publicação do Esprit dês Lois, de 
Montesquieu, até o trabalho de Comte e os primeiros escritos de Spencer e Marx. O período 
formativo da Sociologia como ciência distinta ocupa a segunda metade do século XIX e inícios 
do nosso século. Podemos ver, pelo breve exame de suas origens, algumas das características 
assumidas inicialmente pela Sociologia. Em primeiro lugar, era enciclopédica —ocupava-se da 
totalidade da vida social do homem e da totalidade da história. Em segundo lugar, sob a 
influência da Filosofia da História, reforçada pela teoria biológica da evolução, era 
evolucionista, procurando identificar e explicar as principais fases da evolução social. Em 
terceiro lugar, era concebida como uma ciência positiva, de caráter idêntico ao das Ciências 
Naturais. No século XVIII, as Ciências sociais eram consideradas, em geral, segundo o modelo 
da Física no século XIX, a Sociologia modelou-se pela Biologia. Isso se vidência pela 
concepção amplamente difundida da sociedade amo um organismo, e pelas tentativas de 
formular leis gerais e evolução social. Em quarto lugar, a despeito da sua pretensão de ser 
uma ciência geral, a Sociologia lidava, em particular, com os problemas sociais provenientes 
das revoluções econômicas e políticas do século XVIII; era, acima de tudo, uma ciência da nova 
sociedade industrial. Finalmente, tinha um caráter ideológico, bem como um caráter científico; 
idéias conservadoras e radicais entraram na sua formação, dando origem a teorias 
conflitantes, e provocando controvérsias que continuam até hoje. 
Essas amplas pretensões despertaram, naturalmente, oposição, em particular entre os que 
trabalhavam em campos mais circunscritos e mais especializados, entre os historiadores, 
economistas e cientistas políticos. É de duvidar que, até o presente, Sociologia tenha 
conseguido realizar totalmente suas pretensões iniciais. Mas devemos distinguir entre as 
diversas pretensões e entre os pretensos âmbitos do assunto e as pretensas descobertas da 
Sociologia. Ninguém acredita mais que Comte ou Spencer tenham descoberto as leis da 
evolução social (embora muitos acreditem que Marx as descobriu). 
A oposição à Sociologia em sua primeira fase foi provocada em grande parte pelo sentimento 
de que ela visava não à coordenação, mas à absorção das outras Ciências Sociais. No trabalho 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 11 
dos sociólogos posteriores, essas ambições são afastadas explicitamente. Hobhouse, por 
exemplo, concebia a Sociologia como ma ciência que tem a totalidade da vida social do 
homem como sua esfera", e não como outro especialismo. Via, porém, sua relação com as 
demais "Ciências Sociais como um intercâmbio e um estímulo mútuos. "... a Sociologia Geral 
não é umaciência separada, completa em si antes que o especialismo comece, nem uma 
simples síntese das Ciências Sociais, constituída da justaposição mecânica de seus resultados. 
É antes um princípio vitalizador que corre por toda a investigação social, alimentando-a e 
sendo por ela alimentado, estimulando a pesquisa, correlacionando resultados, exibindo a 
vida do todo nas partes e voltando do estudo das partes para uma maior compreensão do 
todo". 
Na Alemanha, como Raymond Aron observou, a Sociologia foi rejeitada a princípio, devido 
ao seu caráter enciclopédico. Ali, como em outros lugares, fez-se uma tentativa para definir e 
limitar seu campo, mas nesse caso pela construção de ma ciência abstraía das "formas" da vida 
social, em grande arte sob a influência de Georg Simmel, que formulou a sua concepção de 
uma ciência da sociedade nos seguintes termos: “separar, pela abstração científica, esses dois 
fatores de forma e conteúdo que estão na realidade inseparavelmente unidos; separar, pela 
análise, as formas de interação ou sociação dos seus conteúdos (somente através dos quais 
estas formas tornam-se armas sociais), e colocá-las juntas, sistematicamente, sob um ponto de 
vista científico coerente — esta parece-me a base para única possibilidade de uma ciência 
especial da sociedade como tal”. Mas, juntamente com essas tentativas, houve um interesse 
continuado na interpretação histórica e na Sociologia da cultura, estimulada pelo marxismo. 
Esses vários interesses uniram-se no escritos de Max Weber, em cuja obra, como na de 
Durkheim, vemos a mesma preocupação em promover uma interpretação sociológica dentro 
das disciplinas existentes: História, Direito, Economia, Política, Religião Comparada. 
Assim, os sociólogos clássicos pretendiam estabelecer o âmbito e os métodos da nova 
disciplina, mostrando a sua importância pela investigação e explicação dos fenômenos sociais 
mais importantes, e associá-la intimamente às outras Ciências Sociais. A Sociologia posterior 
divergiu, em certos aspectos, dessas pretensões. Durante as décadas de 1940 e 1950, 
desenvolveu-se, por um lado, uma preocupação com a construção de esquemas conceptuais 
bastante elaborados, exemplificada plenamente pelo trabalho de Talcott Parsons e seus 
seguidores; e, por outro lado. um deslumbramento com as técnicas de pesquisa sociológica 
aplicadas a problemas menores e às vezes triviais. Ao mesmo tempo, os sociólogos 
começaram a mostrar a preferência, nas suas pesquisas, por assuntos "residuais", que não 
estavam claramente dentro da esfera de outras Ciências Sociais e que poderiam, desta forma, 
ser considerados como estritamente sociológicos, num sentido bastante estreito. Um exame da 
Sociologia americana mostra que em 1953-4 os dois principais campos de pesquisa socioló-
gica, em termos do número de projetos, foram os estudos urbanos e de comunidade, e de 
matrimônio e família. A tendência em outros países tem sido semelhante. 
Durante a última década, entretanto, a Sociologia tomou novo rumo, largamente inspirado, no 
começo, pela obra de C. Wright Mills. Nos seus escritos sobre as classes sociais e o poder nos 
Estados Unidos, particularmente em White Collar (1951) e The Power Elite (1956), Mills mostrou 
o valor dos estudos, historicamente orientados, de elementos estruturais fundamentais numa 
sociedade industrial complexa; e em The Sociological imagination (1959) extraiu, da sua própria 
experiência, bem como da tradição sociológica de Marx e Weber, na Europa, de Veblen e 
Lynd, na América, elementos para criticar as tendências predominantes na Sociologia, e 
defender estudos mais ousados, mais imaginativos, dos problemas políticos e sociais do 
mundo de pós-guerra. Desde então, o tipo de Sociologia adotado por Mills renasceu, 
auxiliado pelo aparecimento de uma crítica social mais generalizada. Os sociólogos 
começaram a se interessar novamente pelos aspectos mais amplos da estrutura social e suas 
mudanças; a examinar as características básicas das sociedades industriais, a estudar as 
implicações sociais do rápido progresso, da ciência e da tecnologia, a investigar as origens e 
conseqüências de movimentos sociais e revoluções, a examinar os processos de 
industrialização e desenvolvimento econômico. Assim fazendo, adotaram uma atitude 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 12 
contestadora e polêmica em relação aos acontecimentos sociais, muito mais no espírito dos 
antigos sociólogos; eles não se satisfazem mais com as interpretações prontas das sociedades 
modernas, ou com a mera descrição è classificação de fenômenos sociais como aparecem num 
dado momento. Um indício dessa nova perspectiva é o renovado interesse por problemas 
relacionados ao desenvolvimento da sociedade. Um outro indício intimamente relacionado ao 
primeiro, é o renascimento do marxismo, de uma forma muito menos dogmática e mais 
elaborada, como teoria geral da sociedade. 
Esse desenvolvimento recente levou a uma maior difusão da abordagem sociológica para as 
outras Ciências Sociais. Em Ciência Política existia há muito tempo uma importante área de 
pesquisa sociológica, derivada dos trabalhos de Max Weber, Michels e Pareto, bem como dos 
escritos marxistas, mas ela foi grandemente ampliada por estudos mais intensivos de partidos 
políticos, elites, grupos de pressão, comportamento eleitoral e burocracia, e mais recentemente 
por estudos sobre movimentos sociais (particularmente os novos movimentos radicais da 
década de 60), e sobre mudanças políticas nos países em desenvolvimento. Na Economia, que 
possui o seu próprio sistema teórico altamente desenvolvido, a influência da Sociologia foi 
muito menos marcada após o eclipse da escolha histórica alemã de Economia, mais ou menos 
no fim do século XIX, exceto nos estudos inacabados de Max Weber sobre economia e 
sociedade, e na obra de alguns intelectuais excêntricos como Thorstein Veblen; mas esta 
situação começa a se modificar, à medida que os estudos sociológicos sobre a estrutura das 
sociedades industriais, trabalho e lazer, relações industriais, profissões e educação, 
administração de indústrias fazem importantes contribuições à discussão dos problemas 
econômicos. Além do mais, a extensão da planificação econômica, a preocupação com o 
desenvolvimento econômico e o reconhecimento dos novos problemas que o progresso 
tecnológico e a crescente prosperidade criam ressaltam os aspectos sociais da atividade 
econômica e a conseqüente necessidade de pesquisa sociológica. 
Esses exemplos são utilizados apenas para ilustrar a natureza da abordagem sociológica no 
estudo da sociedade e para auxiliar numa definição mais clara do lugar da Sociologia entre as 
Ciências Sociais. A Sociologia foi, juntamente com a Antropologia Social, a primeira ciência a 
se preocupar explicitamente com a vida social como uma totalidade, com a complexa rede de 
instituições sociais e grupos que constituem a sociedade, ao invés de estudar um aspecto 
particular desta. A concepção básica, ou idéias diretiva, da Sociologia é, portanto, a de 
estrutura social: a inter-relação sistemática de formas de comportamento ou ação em socie-
dades determinadas. Segue-se daí o interesse do sociólogo naqueles aspectos da vida social 
que foram anteriormente estudados superficialmente ou que foram objeto de reflexão filosó-
fica mais do que de pesquisa empírica: família e parentesco, religião e moral, estratificação 
social, vida urbana. Como apontei anteriormente, a preocupação com alguns desses assuntos 
"residuais" pode levar a excessos, mas o estudo de tais fenômenos é parte importante da 
Sociologia e, adequadamente considerados, não podem ser separados do estudo da Economia 
e das instituições políticas. 
Nesse aspecto, os antropólogos sociais têm usufruído de certas vantagens, devidas em parte 
ao caráter das sociedades por eles estudadas.Lidando com pequenas sociedades tribais, tor-
naram-se capazes de vê-las como totalidades e investigar todos os aspectos do 
comportamento, desde o econômico até o sexual, sem o temor de estar penetrando no 
domínio de outras disciplinas especializadas. Ao mesmo tempo, entretanto, sob a influência 
de novas concepções do método antropológico que predominaram uma geração atrás, 
tenderam a ignorar o desenvolvimento histórico das sociedades e rejeitar estudos 
comparativos a fim de se concentrar na descrição minuciosa da vida social de determinadas 
comunidades. Os sociólogos, por outro lado, levando avante os seus estudos, embora 
rodeados de disciplinas estabelecidas — Economia, Ciência Política, Direito, História da Re-
ligião — fizeram uma das maiores contribuições mostrando as ligações entre determinadas 
instituições ou áreas da vida social (por exemplo, entre religião e vida econômica, entre 
propriedade, classe e política), e acentuando a necessidade de estudos comparativos que 
revelassem a constância ou variabilidade dessas ligações em diferentes tipos de sociedades e 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 13 
diferentes períodos históricos. Mais recentemente, os sociólogos e antropólogos sociais têm 
colaborado mais estreitamente. Uma influência importante tem sido o aparecimento de novas 
nações, anteriormente impérios coloniais, e os esforços desses países economicamente 
subdesenvolvidos em atingir um rápido desenvolvimento econômico, o que coloca uma série 
de novos problemas, cujo estudo requer tanto o conhecimento das formas tradicionais da 
sociedade como uma perspectiva histórica e comparativa do processo social de 
industrialização. 
Essas mudanças na situação mundial trouxeram à luz um outro aspecto do estudo da 
sociedade humana. Os grandes sociólogos do século XIX têm sido freqüentemente criticados 
por suas concepções enciclopédicas e por demais ambiciosas da nova ciência. Mas isso tinha 
uma grande vantagem: exigia um amplo conhecimento de diferentes tipos de sociedades e de 
períodos históricos. Mesmo tendo a Sociologia se formado na Europa Ocidental, em grande 
parte como conseqüência do advento da sociedade capitalista industrial, esses intelectuais não 
restringiram o seu interesse às sociedades européias. Consideravam a totalidade das 
sociedades humanas como sendo o objeto de estudo da sua ciência. Em oposição a isto, a 
Sociologia recente tem-se caracterizado por um campo de interesse muito mais restrito. 
Durante as últimas duas ou três décadas, a maioria dos sociólogos tem-se preocupado 
intensamente em estudar pequeníssimos segmentos da sua própria sociedade, e durante esse 
tempo o assunto assumiu um caráter distintamente etnocêntrico, e por vezes mesmo bairrista. 
Houve um grande número de motivos para essa situação. A grande acumulação de 
conhecimento tornou, sem dúvida, mais difícil a vasta erudição demonstrada nas obras de 
Max Weber e Durkheim. 
O recente renascimento dos estudos históricos e comparativos que comentamos anteriormente 
neste capítulo foi em grande parte motivado pelo aparecimento das novas nações 
independentes do Terceiro Mundo. Assim como o historiador é obrigado a considerar a 
História como "História Mundial", à luz do aparecimento das nações asiáticas e africanas, 
também o sociólogo em que conceber agora o seu objeto de estudo em um contexto mais 
amplo. A formação de novas comunidades políticas, o desenvolvimento econômico, a 
urbanização, a transformação da estrutura de classe, nos países em desenvolvimento, 
mostram algumas semelhanças com os primeiros processos de mudança as sociedades 
ocidentais, mas possuem também muitas características próprias que devem ser levadas em 
conta em qualquer teoria geral da estrutura e da mudança social. A difusão de estudos 
sociológicos nos próprios países em desenvolvimento, em resposta à sua necessidade de uma 
visão geral das mudanças radicais através das quais estão passando, provê uma massa de 
material novo e novas idéias que podem contribuir para uma consideração de alguns dos 
problemas fundamentais da Sociologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 14 
 
 
 
 
 CCiiêênncciiaass SSoocciiaaiiss,, HHiissttóórriiaa ee FFiilloossooffiiaa 
 
A SOCIOLOGIA, EMBORA NÃO pretenda ser mais a ciência capaz de incluir toda a sociedade, 
pretende ser sinóptica. Temos, portanto, de considerar um pouco mais detalhadamente de 
como se relaciona ela, ou se deveria relacionar, com as outras Ciências Sociais e com outras 
disciplinas que se preocupam com a vida social do homem. 
Antropologia Social 
Diz-se hoje com freqüência que, embora a Sociologia e a Antropologia Social tenham origens 
totalmente diferentes (uma na Filosofia da História, pensamento político e no levantamento 
social, a outra na Antropologia Física e, em última análise, na Biologia), elas são praticamente 
indistingüíveis. Essa afirmação expressa uma aspiração e não um fato. Se examinarmos os 
conceitos, métodos de investigação e análise, e as direções de interesse das duas disciplinas, 
torna-se logo evidente que estão ainda muito separadas. Não obstante, examinando a história 
de suas relações, podemos ver que depois de um primeiro período de íntima associação, 
quando não era fácil atribuir a uma ou a outra um determinado trabalho individual. As 
amplas diferenças entre a Sociologia e a Antropologia Social que surgiram durante o período 
de divergência devem ser facilmente relacionadas com as diferenças no objeto de estudo. 
Quando o trabalho prático tornou-se uma exigência fundamental, os antropólogos sociais 
deixaram-se envolver pelo estudo das pequenas sociedades, de caráter muito diverso daquilo 
e se notava em suas próprias sociedades, relativamente imutáveis e sem registros históricos. 
Os métodos foram determinados por essas condições; tais sociedades podiam ser observadas 
como todos em funcionamento, podiam ser descritas e analisadas em termos eticamente 
neutros, já que o antropólogo, sendo alheio elas, não estava relacionado com seus valores e 
aspirações, já que pouco mudavam, não havendo registros de mudanças passadas, a 
abordagem histórica era desnecessária e mais ou menos impossível. A situação modificou-se 
hoje radicalmente; muitas, talvez a maioria, das sociedades primitivas se estão modificando 
sob a influência das idéias e tecnologia ocidental, e os agrupamentos maiores estão 
começando a predominar sobre as sociedades tribais, e os movimentos sociais e políticos 
estão-se envolvendo e levando os antropólogos a enfrentarem os mesmos tipos de problemas 
de valor que os sociólogos enfrentaram estudarem a sua própria sociedade ou sociedades da 
mesma civilização. Em suma, podemos ver que o objeto de estudo, e, são as sociedades em 
processo de desenvolvimento econômico e mudança social, e, portanto, um objeto tanto para 
o sociólogo quanto para o antropólogo social, que trabalham, cada vez mais, na África e Ásia, 
nos mesmos tipos de problemas. Poderíamos acrescentar que como as sociedades primitivas, 
consideradas como terreno do antropólogo social, mais ou menos desapareceram, o mesmo 
ocorreu, até certo ponto, com as prerrogativas especiais do sociólogo no estudo das 
sociedades adiantadas. Há um número cada vez maior de estudos antropológicos nas 
sociedades avançadas; os estudos de "pequenas comunidades", de grupos de parentesco etc. A 
Sociologia e a Antropologia Social estão ainda separadas por diferenças de terminologia, 
abordagem e método (e as incursões mútuas que fazem em seus territórios são, por vezes, 
metodologicamente inadequadas); não obstante, há certa convergência e o desejo de 
intensificá-la. 
A pesquisa sociológica,na Índia, seja sobre o sistema de casta, as comunidades aldeãs, ou o 
processo de industrialização e seus efeitos, é e deve ser realizada pelos sociólogos e pelos 
antropólogos sociais. Há uma grande oportunidade nesses casos de que a tradicional divisão 
entre essas disciplinas seja vencida. É bem verdade que a formação dos sociólogos e 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 15 
antropólogos opõe-se a isso, uma vez que esta se faz, na maioria das vezes, em algum país 
ocidental, onde tal divisão persiste; mas o crescimento das Ciências Sociais nos países em 
desenvolvimento, e a decrescente dependência de instituições educacionais estrangeiras darão 
oportunidade para uma verdadeira integração dos métodos e conceitos dessas duas 
disciplinas, em termos dos problemas e pesquisas relevantes para tais sociedades. 
Psicologia 
O problema da relação entre a Psicologia e a Sociologia, e do status da Psicologia Social em 
relação a ambas, é difícil e não está resolvido. Há duas opiniões extremas. J. S. Mill acreditava 
que uma ciência social geral não poderia considerar-se firmemente estabelecida até que suas 
generalizações obtidas indutivamente tivessem conseguido provar sua capacidade de serem 
também deduzíveis logicamente das leis da mente. "Os seres humanos na sociedade não têm 
propriedades senão as derivadas das leis da natureza do homem individual, e que se podem 
realizar em termos destas." Durkheim, por sua vez, estabeleceu uma distinção radical entre os 
fenômenos estudados pela Psicologia e Sociologia, respectivamente. A Sociologia deveria 
estudar os fatos sociais, definidos como externos às mentes individuais e exercendo sobre elas 
uma ação coatora; a explicação os fatos sociais só se poderia fazer em termos de outros fatos 
leiais, e não em termos de fatos psicológicos. "A sociedade não um simples agregado de 
indivíduos; o sistema formado pela ia associação representa uma realidade específica, com 
características próprias... Em suma, há a mesma descontinuidade entre a Psicologia e a 
Sociologia que se observa entre a Biologia e as Ciências físico-químicas. Consequentemente, 
sempre que um fenômeno social for diretamente explicado por um fenômeno psicológico, 
podemos ter certeza de que a explicação não é válida." 
Apesar desse reconhecimento amplo de que a explicação sociológica e a psicológica se podem 
complementar, as duas disciplinas não estão, na prática, intimamente associadas, e o lugar da 
Psicologia Social, que deveria ser especialmente próximo da Sociologia, ainda é discutido. É 
fácil dizer que a Psicologia Social é a parte da Psicologia Geral que dá particular importância 
aos fenômenos sociais, ou que trata dos aspectos psicológicos da vida social. Na verdade, toda 
Psicologia pode ser considerada como "social" em proporções maiores ou menores, já que 
todos os fenômenos psíquicos ocorrem num contexto social que os afeta até certo ponto. E 
torna-se difícil determinar, mesmo imperfeitamente, os limites da Psicologia Social. Isso 
significa que os psicólogos sociais habitualmente experimentaram uma associação mais íntima 
com a Psicologia Geral do que com a Sociologia, limitaram-se a um método particular (dando 
ênfase à experiência, estudos quantitativos etc.) e com freqüência ignoraram as características 
estruturais do meio social no qual suas investigações são conduzidas. Essa divergência entre a 
Sociologia e a Psicologia Social pode ser ilustrada em muitos campos. No estudo do conflito e 
guerra, tem havido explicações sociológicas e psicológicas mutuamente exclusivas. Nos 
estudos de estratificação social, a abordagem psicológica parece ter produzido uma explicação 
de classe e status em termos subjetivos, que é contraposta pela explicação sociológica em 
termos de fatores objetivos, e não da investigação sistemática dos aspectos psicológicos de um 
elemento significativo na estrutura social. A "Psicologia da Política" nem merece ser 
mencionada, tão remota está das realidades mais óbvias da estrutura e do comportamento 
político. Em quase todo setor de investigação, podemos ver que a Psicologia e a Sociologia 
constituem, em sua maior parte, dois universos separados. 
Tem havido, decerto, muitas declarações a favor de uma maior associação entre as duas 
disciplinas e, o que é mais útil, houve um pequeno número de tentativas de reuni-las. Uma 
das mais valiosas é representada pelo trabalho de Gerth e Mills. Dizem os autores: "O 
psicólogo social procura descrever e explicar a conduta e as motivações do homem em vários 
tipos de sociedades. Também indaga como a conduta externa e a vida interior de uma pessoa 
influem e são influenciadas pelas dos outros. Procura descrever os tipos de pessoas 
habitualmente encontradas em diferentes tipos de sociedades e em seguida explicá-los 
estabelecendo suas inter-relações com as sociedades em que vivem." O campo de estudo da 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 16 
Psicologia Social é, assim, a influência mútua entre o caráter individual e a estrutura social e, 
como dizem Gerth e Mills, pode ser abordada pelo lado da Biologia ou pelo da Sociologia. No 
passado recente, o problema tem sido a ignorância em que cada um dos lados permanecia em 
relação ao que estava sendo feito no outro, e se achava em seu mundo de terminologia e 
método academicamente [provados. Gerth e Mills tentaram eliminar a distância, usando ) 
conceito de "papel" como termo-chave em sua definição da pessoa e em sua definição das 
instituições: 
"O papel social representa o ponto de encontro do organismo individual e da estrutura social, 
sendo usado como conceito central num esquema que possibilita uma análise de caráter e 
estrutura social nos mesmos termos." 
Esta é uma opinião semelhante à de Fromm, mencionada acima; e Gerth e Mills, tal como 
Fromm, retomam o problema fundamental da relação entre o indivíduo e a sociedade, e que 
foi anteriormente examinado por Ginsberg num estudo esclarecedor sobre a influência 
respectiva da razão e do instinto na ida social, com teorias de "mente grupai" e com problemas 
de opinião pública e comportamento de grupo organizado. A Psicologia Social posterior 
abandonou essa linha de estudo para as pesquisas estatísticas e experimentais, que na 
verdade se ocupam demasiado do indivíduo, ou dos simples agregados de indivíduos, e 
portanto perdem contato com a Sociologia. 
Economia 
Alfred Marshall, numa aula inaugural pronunciada em Cambridge, em 1885, referindo-se à 
idéias de Comte de uma ciência social geral, observou: "sem dúvida, se ela existisse, a 
Economia encontraria, satisfeita, proteção sob sua asa. Mas ela não existe; não há mostras de 
que venha a existir. Não há qualquer sentido em esperarmos, de braços cruzados, o seu 
aparecimento; devemos fazer o que pudermos com nossos atuais recursos". Seria tal 
julgamento ainda válido, hoje? Não creio. A Sociologia existe; os sociólogos examinaram 
criticamente as limitações da teoria econômica e fizeram contribuições para o estudo dos 
fenômenos econômicos. Por outro lado, os próprios economistas já se tornaram bastante 
conscientes da freqüência com que surge, na análise econômica, a frase "permanecendo 
idênticos os demais aspectos", e muitos procuraram ir além da descrição (que constitui uma 
grande parte da maioria dos livros didáticos de Economia) de um número reduzido de 
pressuposições sobre o comportamento humano. 
Podemos distinguir os numerosos estudos sociológicos que se ocuparam diretamente com os 
problemas da teoria econômica. Simiand, em Lê salaire, L'évolution sociale et Ia monnaie (Paris, 
1932, 3 vols.), examinou empiricamente a relação entre salário e níveis de preços, e apresentou 
uma teoria sociológica dos salários. Um livro recente sobre omesmo assunto é lhe Social 
foundations of Wage Policy (Londres, 1955), de Barbara Wootton, que analisa primeiro as 
impropriedades da teoria econômica clássica dos salários e em seguida apresenta uma análise 
sociológica dos determinantes dos diferenciais de salários e ordenados, baseada em dados da 
Grã-Bretanha. Numa parte final muito interessante, o livro examina os processos práticos e os 
argumentos das negociações sobre salários, na Grã-Bretanha moderna. Há muitos estudos 
sociológicos parecidos sobre os diferentes aspectos da teoria econômica, sendo talvez os mais 
interessantes os que se ocupam da teoria da firma. Temos, no assunto, o estudo clássico de 
Thorstein Veblen, The Theory of Business Enterprise (Nova York, 1904), e muitos estudos 
posteriores sobre a empresa comercial, especialmente The Modern Corporation and Private 
Property, de A. A. Berle e G. C. Means (Nova York, 1934). 
Temos, em terceiro lugar, os estudos sociológicos relacionados com as características gerais 
dos sistemas econômicos. É nesse setor que a literatura sociológica é mais abundante, e os 
sociólogos exploraram os aspectos do comportamento econômico negligenciados, ou tratados 
de passagem pelos economistas. Entre os estudos gerais que tratam dos sistemas econômicos 
como todos, e escritos por sociólogos e por economistas com preocupações sociológicas, estão 
O Capital, de Marx, grande parte da obra da escola histórica alemã. 
 
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Além de estudos gerais dos sistemas econômicos, os sociólogos contribuíram para o estudo de 
aspectos particulares da organização econômica como, por exemplo, o sistema de 
propriedade, a divisão do trabalho e das ocupações e a organização industrial. Algumas 
dessas contribuições serão analisadas noutro capítulo, dedicado às instituições econômicas da 
sociedade. 
Podemos argumentar que a Sociologia e a Economia, que em suas origens estavam 
intimamente relacionadas como, por exemplo, na obra de Quesnay e Adam Smith, mas que 
posteriormente e separaram, exceto no trabalho dos economistas históricos alemães, 
aproximaram-se novamente nos últimos anos. Isso ocorreu não só devido ao desenvolvimento 
da Sociologia e sua contribuição direta para os estudos econômicos, mas também devido às 
modificações dentro da própria Economia. Há dois aspectos particulares da Economia 
moderna que devem ser mencionados, no aso. O primeiro é o deslocamento de interesse do 
mecanismo de terçado para o produto nacional total e a renda nacional, que; vou os 
economistas a um exame dos fatores sociais que influem o desenvolvimento econômico. Essa 
mudança de ênfase é vidente em grande parte dos trabalhos recentes sobre problemas o 
desenvolvimento econômico em regiões subdesenvolvidas, onde economista tem de colaborar 
com o sociólogo, ou tornar-se, lê mesmo, um sociólogo. O segundo aspecto é a aplicação da 
teoria dos jogos aos fenômenos econômicos. Isso levou a estudos mais realistas do 
comportamento de firmas e, o que é mais importante, à construção de modelos de um tipo de 
ação social que poderia ser generalizado para aplicar-se a uma variedade de tipos de ação. Se 
isso fosse realizado, significaria que problemas especificamente econômicos, e problemas 
sociológicos mais gerais, seriam passíveis de análise em termos de um único esquema con-
ceptual. Dessa forma, pelo menos certas partes de qualquer teoria econômica e sociológica 
poderiam ser unificadas. 
Tais realizações estão, sem dúvida, ainda muito distantes, mas já houve tentativas 
interessantes de aplicar modelos econômicos à Sociologia e, por outro lado, usar descrições 
sociológicas do comportamento econômico, na teoria econômica, particularmente ao lidar com 
problemas de crescimento econômico. 
Ciência Política 
A Ciência Política tradicional tem três aspectos principais: descritivo (explica a organização 
formal do governo e da administração central e local, e estudos históricos do desenvolvimento 
de tais organizações), prático (estudo dos problemas práticos de organização, processo, etc.) e 
filosófico (fusão das exposições descritivas e avaliativas do que habitualmente se denomina, 
num sentido geral, teoria política). Na maioria dos trabalhos sobre Ciência Política pouco se 
procurou generalizar, além do necessário a uma classificação elementar dos tipos de 
governos, feita em grande parte em termos de características formais. 
A influência da Sociologia no campo dos estudos políticos foi a de dirigir a atenção para o 
comportamento político como um elemento num sistema social, e não apenas nos aspectos for-
mais de sistemas políticos considerados isoladamente, e encorajar tentativas de explicação e 
generalização científica. Esta influência começou a ser sentida nos primeiros estágios de 
desenvolvimento da Sociologia, devida em grande parte ao trabalho dos marxistas, já que, na 
teoria de Marx, as instituições políticas e o comportamento estão intimamente relacionados ao 
sistema econômico e às classes sociais, devendo ser analisados neste contexto social geral. Foi 
o pensamento marxista que originou, no final do século XIX, a Sociologia Política de Micheis, 
Max Weber e Pareto, e assim levou diretamente aos estudos modernos de partidos políticos, 
elites, comportamento eleitoral, burocracia e ideologias políticas. 
Outra influência da Sociologia, bastante diferente, pode ser vista no desenvolvimento do 
behaviorismo na Ciência Política americana. Pode ser datada aproximadamente a partir do 
comunicado do presidente Charles Merriam à Associação Americana de Ciência Política, em 
1925, no qual diz: "Algum dia examinaremos o assunto de um outro ângulo, não apenas do 
ponto de vista formal. .. e começaremos a dar atenção ao comportamento político." Depois 
disso, uma abordagem behaviorista desenvolveu-se rapidamente na Universidade de 
 
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Chicago, e, embora auxiliada na década de 1930 pela afluência de intelectuais europeus com 
uma orientação sociológica própria, derivada de Micheis e Weber, tomou um rumo bem 
diferente do da Ciência Política européia, não sendo afetado, em grande parte, pelas idéias 
marxistas e tendo como objetivo a criação de uma disciplina estritamente "científica" (e, em 
certa extensão, quantitativa). 
Os estudos do desenvolvimento político das "novas nações", por causa da natureza dos 
problemas que levantam, ocasionaram um trabalho conjunto de sociólogos e cientistas 
políticos (bem como, freqüentemente, de antropólogos também). A força de trabalho e as 
mudanças que ocorrem numa sociedade camponesa, numa sociedade tribal ou numa 
sociedade organizada num sistema de castas pertencem mais à esfera de conhecimento do 
sociólogo ou do antropólogo do que à da maioria dos cientistas políticos; e o estudo dos 
processos políticos em tais sociedades demanda um auxílio dessas duas disciplinas. 
Finalmente, continuou-se e estendeu-se o trabalho aos campos mencionados anteriormente: 
partidos políticos e grupos de pressão, relações entre classe e política, elites, e os processos do 
governo e administração. Uma característica particular desses estudos é que eles levaram cada 
vez mais a comparações, com o intuito de estabelecer constatações gerais acerca de 
organizações políticas e ação política, pelo menos dentro dos limites de um tipo específico de 
sociedade (no caso, as sociedades industriais ocidentais). 
A orientação da teoria e da pesquisa da Ciência Política durante a década passada tornou cada 
vez mais difícil distingui-la da Sociologia Política. A abordagem behaviorista, que era ca-
racterística da Ciência Política americana, foi severamente criticada e em parte abandonada, 
mas outros esquemas gerais de pensamento da Sociologiaforam adotados — inclusive 
aqueles derivados do marxismo — e os objetos de pesquisa são cada vez mais de tipo 
sociológico. Entretanto, restam algumas diferenças. Os cientistas políticos continuam dando 
grande atenção à estrutura formal do governo, coisa que os sociólogos freqüentemente 
esquecem. A teoria política continua sendo vista por muitos como intimamente associada a 
idéias e problemas filosóficos, mas aqui, como argumentamos anteriormente, o caso da 
Sociologia é bem diferente; embora suas conexões filosóficas não tenham, talvez, sido 
completamente reconhecidas. De maneira geral, podemos dizer que a tendência da Ciência 
Política, diferentemente da Economia, tem sido a de uma fusão com a Sociologia em muitos 
dos seus campos de pesquisa mais importantes. 
História 
Num capítulo anterior, fizemos breve exposição da interpretação que atribui às Ciências 
Sociais ou Culturais o mesmo caráter geral da História, ou as considera como uma espécie de 
estudo histórico. Parece-me isso um erro. Sociologia e História podem confundir-se numa 
área, mas divergem acentuadamente noutra. Gostaria, aqui, de examinar rapidamente alguns 
aspectos da sua relação. 
O primeiro ponto, e o mais simples, é que o historiador freqüentemente fornece o material 
usado pelo sociólogo. O método comparativo exige, com freqüência, e a Sociologia histórica o 
exige sempre, dados que somente o historiador pode fornecer. É certo que o sociólogo deve, 
por vezes, ser seu próprio historiador, reunindo informações que não pareciam, antes, dignas 
de serem recolhidas, mas não pode fazê-lo sempre — o tempo não o permite. 
Em segundo lugar, o historiador também usa a Sociologia. Até recentemente, era talvez da 
Filosofia que ele tomava suas pistas para problemas importantes, bem como muitos de seus 
conceitos e idéias gerais; elas são agora tomadas, cada vez mais, da Sociologia. Na verdade, 
podemos ver que a Historiografia moderna e a Sociologia moderna foram, ambas, 
influenciadas de modo semelhante pela Filosofia da História, a qual estabeleceu a concepção 
dos períodos históricos e portanto deu à Historiografia idéias e preocupações teóricas que 
estavam totalmente ausentes da obra dos primeiros historiadores narradores, os cronistas e os 
autores de anais. Deu à Sociologia moderna a noção dos tipos históricos de sociedade, e com 
isso os primeiros elementos de uma classificação das sociedades. Em grande parte da 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 19 
Historiografia e Sociologia contemporâneas parece-me ser empregada a mesma moldura 
básica de referência aos tipos de sociedade. No campo histórico, a ligação é mais evidente 
onde está em jogo a história econômica e social (especialmente a última). Vale a pena notar, 
por exemplo, que os diretores de uma das principais publicações de história social, a 
international Review of Social History, assim definiram as pretensões da revista, no seu primeiro 
número; "A história social significa a história das propriedades, classes, grupos sociais, a 
despeito do nome, vistos tanto isoladamente como em unidades mutuamente dependentes." 
Com pequenas modificações de termos, isso poderia definir também o alcance da história 
sociológica. No momento há, em vários países, exemplos de cooperação e mesmo de pene-
tração no território do outro, por parte dos sociólogos e historiadores sociais. 
De que forma, portanto, diferem a Historiografia e a Sociologia? Costumava-se dizer que o 
historiador descreve feitos únicos, ao passo que o sociólogo generaliza. Isso não é verdade. O 
trabalho de qualquer historiador sério está cheio de generalizações, enquanto que muitos 
sociólogos se ocuparam com a descrição e análise de acontecimentos únicos, ou seqüências de 
acontecimentos. Talvez devêssemos dizer que, enquanto o historiador habitualmente parte 
para o exame de uma determinada seqüência de acontecimentos, o sociólogo quase sempre 
começa com uma generalização que pretende comprovar pelo exame de várias seqüências de 
acontecimentos semelhantes. Em suma, a intenção é diferente. Mas até essa distinção não é 
totalmente certa: depende muito do tipo de historiografia (por exemplo, aplica-se muito à 
história diplomática) e ao tipo de Sociologia (onde é mais válida para os estudos comparados). 
Estabelecendo uma distinção ainda mais fraca, poderíamos dizer, com H. R. Trevor Roper, 
que o historiador se ocupa da influência mútua entre a personalidade e as forças sociais de 
vulto e que o sociólogo está interessado principalmente nessas próprias forças sociais. 
Quanto mais procuramos aperfeiçoar a distinção, para levar em conta o trabalho prático dos 
historiadores e sociólogos, tanto mais claro se torna que a Historiografia e a Sociologia não 
podem ser separadas radicalmente. Tratam do mesmo assunto, os homens vivendo em 
sociedades, por vezes de pontos de vista diferentes, por vezes do mesmo ponto de vista. É da 
maior importância para o desenvolvimento das Ciências Sociais que os dois assuntos sejam 
intimamente relacionados, e que cada um deles use extensivamente o outro, tal como estão 
cada vez mais inclinados a fazer. 
Filosofia 
A Sociologia se originou em grande parte de uma ambição filosófica: explicar o 
desenvolvimento da história humana, explicar as crises sociais do século XIX na Europa e 
proporcionar uma doutrina social que orientasse a política social. Em sua evolução recente, a 
Sociologia abandonou, em grande parte, tais finalidades, e alguns até diriam que abandonou 
demais. 
Primeiro, pode haver, e há, uma filosofia da Sociologia no sentido de uma filosofia da ciência; 
ou seja, um exame dos métodos, conceitos e argumentos usados na Sociologia. E essa análise- 
filosófica é mais comum e mais necessária na Sociologia do que, por exemplo, nas Ciências 
Naturais, devido às dificuldades peculiares experimentadas com os conceitos e o raciocínio 
sociológicos. 
Segundo, há uma relação íntima entre a Sociologia e a Filosofia moral e social. O objeto da 
Sociologia é o comportamento social humano, orientado por valores, bem como por impulsos 
e interesses. Assim, o sociólogo estuda valores e as estimativas humanas dos valores como 
realidades. Mas deveria também ter certo conhecimento da discussão dos valores, em seu 
próprio contexto, na Filosofia moral e social. Ainda mais importante é que os sociólogos (e 
naturalmente outros cientistas sociais) deveriam ser capazes de distinguir entre questões de 
fato e questões de valor, e entre os tipos de discussão e análise apropriados a cada uma. 
Ocorre, porém, freqüentemente, nas Ciências Sociais, que questões e tipos de argumentação 
diferentes são confundidos: julgam-se resolvidos problemas de valores por afirmações 
relacionadas com questões de fato, ao passo que a discussão dessas questões é com freqüência 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 20 
complicada, ou se torna estéril, pela aplicação dos expositores a questões de valores 
particulares, ou opiniões filosóficas gerais. Somente pelo conhecimento da Filosofia Social 
pode o sociólogo tornar-se competente para distinguir os problemas diferentes e, ao mesmo 
tempo, ver as relações que entre eles existem. 
Terceiro, podemos afirmar que a Sociologia leva diretamente ao pensamento filosófico. Essa é, 
por exemplo, a opinião de Durkheim. Escreveu ele, no ensaio sobre "Sociologie religieuse et 
théorie de Ia connaissance": "Acredito que a Sociologia, mais do que qualquer outra ciência, 
tem uma contribuição a fazer à renovação das questões filosóficas... ... A reflexão 
sociológica está destinada a prolongar-se por um progresso natural na forma da reflexão 
filosófica." Np próprio estudo que Durkheim fez da religião, esse prolongamento é visto, na 
transição deuma discussão das influências sociais sobre as categorias de pensamento, para a 
discussão epistemológica. Outros sociólogos adotaram uma opinião semelhante e se 
ocuparam de problemas semelhantes. Kari Mannheim, por exemplo, pensava que sua 
Sociologia do Conhecimento tinha implicações para a Epistemologia e realmente as 
apresentou detalhadamente. Tanto Durkheim como Mannheim pareciam acreditar que a 
Sociologia possa fazer uma contribuição direta para a Filosofia, no sentido de solucionar 
questões filosóficas. Mas isso é um erro; assim, a epistemologia é a base de uma Sociologia do 
Conhecimento, e não o inverso. Tudo o que pretendemos aqui é sugerir que a Sociologia 
suscita, em proporções maiores do que as outras ciências, problemas filosóficos e, 
consequentemente, que o sociólogo que se interessa pelos aspectos mais amplos do seu 
assunto é [evado a considerar os problemas filosóficos que estão sempre no pano-de-fundo da 
reflexão sociológica. Em minha opinião, não há nenhuma desvantagem para a teoria ou a 
pesquisa sociológica que o sociólogo se interesse por esses problemas e busque adquirir um 
conhecimento filosófico que lhe permita examiná-los, 3ois grande parte das fraquezas da 
teoria sociológica se deve à ingenuidade filosófica e grande parte de sua trivialidade vem do 
desconhecimento dos problemas maiores envolvidos em qualquer estudo do homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EEssttrruuttuurraa SSoocciiaall,, SSoocciieeddaaddeess ee CCiivviilliizzaaççõõeess 
 “ESTRUTURA SOCIAL" é um dos conceitos centrais da Sociologia, mas não é empregado com 
coerência ou sem ambigüidade. Herbert Spencer, um dos primeiros a usar a expressão, estava 
demasiado fascinado pelas suas analogias biológicas (estrutura orgânica e evolução) para 
deixar claro o que entendia por estrutura de uma sociedade. Durkheim também deixou o 
termo vago. Muitos sociólogos e antropólogos sociais posteriores tentaram dar-lhe um sentido 
mais preciso, mas suas concepções de estrutura social divergem muito. Assim é que Radcliffe 
Brown considera "como parte da estrutura social todas as relações sociais de pessoa a pessoa... 
No estudo da estrutura social, a realidade concreta de que nos ocupamos é o conjunto de 
relações realmente existentes, num determinado momento de tempo, que unem certos seres 
humanos". Porém, diz, ainda, que o objeto que procuramos descrever e analisar é a forma 
estrutural, ou seja, as relações gerais, a despeito de pequenas variações e dos indivíduos 
diferentes que dela participam. É a essa forma estrutural que a maioria dos autores chamou 
de estrutura social. Mas a definição de Radcliffe Brown é muito ampla, como Firth assinalou; 
"Não estabelece nenhuma distinção entre os elementos efêmeros e os mais duradouros na 
atividade social, e torna quase impossível distinguir a idéias de estrutura de uma sociedade 
da idéias de totalidade da própria sociedade." 
Outros autores limitaram o termo às relações mais permanentes e organizadas na sociedade. 
Assim, M. Ginsberg considera a estrutura social como o complexo dos principais grupos e 
instituições que constituem as sociedades. Essa concepção também é importante para a 
conexão, que acentua, entre as relações sociais abstraías e os grupos sociais que dão origem ou 
estão envolvidos nelas. Desse ponto de vista, o estudo da estrutura social pode ser 
empreendido em termos de disposições institucionais, ou das relações entre grupos sociais, ou 
de ambos juntamente. Se limitarmos, assim, a expressão "estrutura social" a essas relações e a 
grupos mais permanentes e importantes, talvez nos seja necessária outra expressão para nos 
referirmos às demais atividades que se desenrolam numa sociedade e que freqüentemente 
representam variações das formas estruturais. R. Firth propôs a expressão "organização 
social", que define como "a ordenação sistemática das relações sociais, por atos de escolha e 
decisão". "No aspecto da estrutura social, encontramos o princípio de continuidade da 
sociedade; no aspecto da organização, encontramos o princípio de variação ou mudança — 
permitindo as avaliações de situações e o aparecimento da escolha individual." 
Uma terceira abordagem, que define a estrutura social de forma ainda mais limitada, é a que 
faz uso da noção de papel social; está exemplificada em dois livros, The Theory of Social Structwe, 
de S. F. Nadei, e Character and Social Structure, de H. Gerth e C. W. Mills. Nadei diz que 
"chegamos à estrutura de uma sociedade pela abstração da população concreta e seu 
comportamento, o padrão ou rede (ou 'sistema') de relações predominando entre afores, em 
sua capacidade de desempenharem os papéis relativos um ao outro". Da mesma forma, Gerth 
e Mills dizem que o conceito de papel é "... a expressão chave em nossa definição de 
instituição", e "tal como o papel é a unidade com a qual construímos nossa concepção de 
instituição, assim a instituição é a unidade com a qual construímos a concepção de estrutura 
social". Essa explicação deixa claro, como está implícito em Nadei, que a análise da estrutura 
social em termos dos papéis sociais não é fundamentalmente diferente de ima análise em 
termos das instituições sociais; pois uma instituição é um complexo ou reunião de papéis. Não 
obstante, há alguma diferença, que me parece ser de ênfase. Há certas vantagens em 
adotarmos o conceito do papel, já que, como observam Serth e Mills, forma um elo importante 
entre o caráter e a estrutura social. Facilita a cooperação necessária entre a Psicologia a 
Sociologia, no estudo do comportamento social. Não obstante, há ênfase sobre os afores 
individuais que desempenham papéis também tem desvantagens. Tende a provocar uma 
concepção demasiado individualista do comportamento social, na qual a sociedade é vista 
como um agregado de indivíduos relacionados penas através do complexo sistema de papéis 
da sociedade como em todo, enquanto os grupos sociais dentro da sociedade são 
negligenciados. Veremos, mais adiante, como isso ocorre em aIgumas teorias mais recentes da 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 22 
estratificação social, em termos e papel e status, e nas quais a existência de grupos sociais 
nítidos (por exemplo, classes sociais) e as relações de competição conflito entre eles recebem 
pouca atenção. Talvez valha a pena notar que o conceito de papel parece ter sido aceito mais 
prontamente pelos psicólogos interessados principalmente no comportamento individual e 
pelos antropólogos sociais que estudam soledades nas quais há pequena diversidade de 
grupos sociais. 
Das diferentes concepções, a mais útil parece-me a relacionada com a estrutura social como o 
complexo das principais instituições e grupos na sociedade. Não há grande dificuldade em 
identificar essas instituições e grupos. Podemos mostrar que a existência da sociedade 
humana exige certas disposições ou processos; ou, como já se disse, que há "pré-requisitos 
funcionais da sociedade". As necessidades mínimas parecem ser; (I) um sistema de 
comunicação; (II) um sistema econômico, tratando da produção e distribuição de mercadorias; 
(III) disposições para a socialização das novas gerações (inclusive disposições de família e 
educação); (IV) um sistema de autoridade e de distribuição de poder; e talvez (V) um sistema 
de ritual, servindo para manter ou aumentar a coesão social e dar reconhecimento social a 
acontecimentos pessoais significativos, como, por exemplo, nascimento, puberdade, namoro, 
casamento e morte. As principais instituições e grupos são os relacionados com tais exigências 
básicas. Delas podem surgir outras, como a estratificação social, que por sua vez

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