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1 - Analise de Ameaca, Riscos e Vulnerabilidades_final

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Análise de AmeAçAs, 
Riscos e VulneRAbilidAdes 
Elaboração
Luiz Henrique Horta Hargreaves
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO ............................................................... 9
CAPÍTULO 1
AMEAÇAS .............................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
VULNERABILIDADE ................................................................................................................. 26
CAPÍTULO 3
RISCOS ................................................................................................................................ 39
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 53
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
A disciplina de Ameaça, Risco e Vulnerabilidade foi propositalmente inserida no início 
do curso de Pós-graduação em Gerenciamento de Crises, por uma série de razões, mas 
a mais importante delas, é porque somente podemos nos preparar para enfrentar uma 
crise se soubermos e estivermos preparados para reconhecer os eventos que podem 
causá-la.
Muitos de vocês, possivelmente, já estudaram exaustivamente este tema, tanto em 
nível de graduação, como inserido em programas de pós-graduação, e até com mais 
profundidade. Contudo, é necessário que sigamos uma mesma doutrina e, por esta 
razão, devemos todos treinar juntos, já que depois jogaremos juntos e pretendemos 
vencer!
Como em todas as áreas, há diversas maneiras de avaliação de ameaças, riscos e 
vulnerabilidades. Não há, contudo, uma que seja melhor ou pior; apenas formas 
diferentes de se enxergar um problema. Estimulo, inclusive, que procurem aprender 
e estudar outras metodologias e sigam a que mais lhes convier, em suas carreiras 
profissionais, mas, por enquanto, utilizaremos a descrita neste Caderno.
Não pretendo indicar softwares ou matrizes prontas para estudo de ameaças, riscos e 
vulnerabilidades. Não que não sejam bons ou úteis, mas porque quero exercitar com 
vocês a fundamentação do tema, para que os conceitos fiquem claros e os permitam 
escolher as melhores alternativas no futuro, mas sem que desviem-se dos conceitos.
Este é um tema que interessa e diz respeito a todas as áreas do Gerenciamento de Crises, 
outra razão pela qual inserimos a disciplina no Caderno comum, mas posteriormente 
alguns tópicos serão mais estudados, de acordo com a especialização cursada.
Um abraço a todos e bom curso!
Objetivos
 » Compreender os conceitos de Ameaça, Risco e Vulnerabilidade.
 » Compreender a importância do tema no Gerenciamento de Crises.
 » Apresentar conceitos e instrumentos de análise de Ameaças, Riscos e 
Vulnerabilidade.
9
UNIDADE ÚNICA
CONCEITOS GERAIS 
DE AMEAÇA, 
VULNERABILIDADE 
E RISCO
CAPÍTULO 1
Ameaças
“Ameaças não funcionam para pessoas que não tem nada a perder”.
(Maduro Ash)
Nesse Capítulo, falaremos das ameaças e sua relação com as crises. Naturalmente, 
relacionamos ameaças com algo que pode nos atingir, que pode nos causar danos. Mas 
como definirmos ameaça? 
É conhecida uma pequena estória, em que uma minhoca adverte a seus filhotes que 
tomem muito cuidado com os animais mais perigosos da floresta, como os pássaros e as 
aves de um modo geral, mas que não se preocupassem com os animais como os leões, que 
eram bem tranquilos...Ou seja, o que pode ser ameaçador para alguns, para outros não 
é. Por quê? A resposta encontraremos quando estivermos falando de vulnerabilidade.
Da mesma forma, aprendemos que os tornados sãofenômenos meteorológicos intensos 
e causadores de grande destruição. Portanto uma grande ameaça, certo? Depende. Se 
ocorrem em uma área desabitada, deixaria de ser uma ameaça e passaria a ser um belo 
espetáculo da natureza.
Assim, o conceito de ameaça está intimamente relacionado ao poder de causar danos. 
Quando falamos de Gestão Estratégica, as ameaças são as situações externas às 
empresas, que diante da vulnerabilidade da instituição, podem causar danos ou gerar 
crises.
Nas Organizações de um modo geral, quando avaliamos o ambiente interno, no contexto 
do planejamento estratégico, trabalhamos com os conceitos de pontos fortes e pontos 
10
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
fracos. Os pontos fracos são as características desfavoráveis da instituição ou seja, na 
qual é possível e necessário, haver melhorias para que tais pontos sejam fortalecidos. 
Seria como estivéssemos reforçando os alicerces de uma casa, ou trocando a fiação 
defeituosa e, em um contexto institucional, otimizando o trabalho dos servidores, 
de tal forma que possam produzir com mais eficácia e eficiência, sem prejuízo da 
qualidade de vida no ambiente organizacional.
Os pontos fortes, são aqueles que devem ser mantidos e sempre monitorados e 
reavaliados para que não se tornem obsoletos ou apresentem “rachaduras”. São as 
características internas vantajosas da instituição. É o “carro-chefe” das organizações. 
Tanto os pontos fortes quanto os pontos fracos, são variáveis controláveis pela 
instituição, ao contrário das oportunidades e ameaças, que não são passíveis de controle, 
pois emergem do ambiente externo. As ameaças podem, no entanto, ser minimizadas e 
até mesmo neutralizadas, desde que precocemente identificadas e que haja medidas de 
gerenciamento eficazes.
A partir dos pontos fortes, as organizações buscarão oportunidades quando, então, 
terão condições de crescimento, de expansão nos negócios, enquanto as ameaças estão 
relacionadas aos pontos fracos de uma instituição e que poderão ocasionar crises. Os 
pontos fortes podem ser suficientes o bastante para evitar uma crise? Por algum tempo, 
é possível, pois a imagem institucional pode ser mantida às custas de pontos fortes, mas 
dependendo da crise e de quando os pontos fracos deixaram o “buraco” da instituição 
crescer, muitas vezes, será irremediável. Quanto mais tarde se preocupar com a ameaça, 
mais perto ela estará...
Imaginem um hotel lindo, maravilhoso e luxuoso. O dono deste hotel investe em excelentes 
cozinheiros, empregados de alto nível, mas deixa a cerca que isola as instalações com 
um grande buraco. Rapidamente animais começam a entrar no prédio onde aparecem 
roedores, e os empregados se limitam a matar os animais que encontram sem, no 
entanto, resolver o problema da cerca. É possível que hóspedes percebam e associem o 
local a um ambiente sujo e parem de frequentá-lo. Um dia, para piorar, de tão grande 
que está o buraco, ladrões aproveitam e assaltam o local. A notícia rapidamente se 
espalha, ganha as manchetes dos jornais, o hotel entra em crise e pode até mesmo fechar. 
Onde estava a ameaça? Na cerca aberta? Não. A cerca aberta permitiu que as ameaças 
externas atingissem a organização, que se mostrou vulnerável e então resultou em uma 
crise. E pontos fracos também podem resultar em crises? Sim. Quando os pontos fracos, 
no entanto, ocasionam crises, geralmente temos problemas estruturais ou gerenciais 
ocorrendo. Seja por problemas logísticos, de pessoal, por falta de planejamento. 
11
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Mas, então, o que é uma ameaça? 
O Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa define ameaça como “1. ação, gesto ou palavra 
que intimida; promessa de castigo ou malefício; 2. prenúncio ou indício de acontecimento 
mais ou menos perigoso ou maléfico; ameaço, sinal”. Desta forma, a definição do termo 
está diretamente relacionada com a ideia de sinal, de iminente e de perigo. Com estes 
conceitos trabalhamos a ameaça no gerenciamento de crises.
Uma vez que as ameaças possuem diferentes origens, podemos classificá-las 
didaticamente em:
 » naturais: ventos, terremotos, furacões, tornados, outros;
 » humanas: terrorismo, violência urbana, sabotagem;
 » mistas: em que há componentes humanos e naturais agindo de forma 
conjunta. Exemplo: Uma pessoa joga um cigarro aceso no mato. Dada 
às condições de baixa umidade do ar, no entanto, a vegetação pega 
fogo e transforma-se em um grande incêndio. A ação do homem só se 
transformou em um incêndio porque as condições naturais permitiram.
 » siderais: felizmente pouco frequentes, mas dizem respeito à queda de 
lixo espacial, bem como de asteroides.
Alguns sites, permitem a visualização de alertas meteorológicos:
<http://www.inmet.gov.br/>.
<http://www.cptec.inpe.br/tempo/>.
<http://www.defesacivil.gov.br/index.asp>.
Para os que quiserem ver alertas para tornados e furacões nos Estados 
Unidos (em inglês), acesse:
<http://www.spc.noaa.gov/products/wwa/>.
<http://www.nhc.noaa.gov/>.
Alguns filmes, apesar das críticas que possam ser feitas quanto a alguns 
exageros e ações típicas de ficção, podem ser úteis para observarmos 
12
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
a dinâmica da prevenção e da visualização precoce de ameaças e suas 
consequências.
Sugestão de filmes que tratam de ameaças:
 » Twister (1996) – Filme sobre tornados;
 » Mar em fúria (Perfect Storm, The, 2000) – Baseado em fatos reais, 
trata de uma grande tempestade ocorrida no Atlântico Norte em 
1991;
 » Nova York Sitiada (The Siege, 1998) – Filme sobre atentados 
terroristas na cidade de New York (feito em 1998, portanto antes 
do atentado às Torres Gêmeas);
 » Voo United 93 – Baseado em fatos reais, mostra a dinâmica da 
monitoração dos voos sequestrados em 11 de setembro de 2001 
nos Estados Unidos, com especial atenção ao da United Airlines, 
que tinha como possível alvo a Casa Branca ou o Congresso 
Americano.
Há muitos filmes que tratam de catástrofes e, de modo geral, todos 
começam com a ameaça e o monitoramento. Procure assisti-los com 
esse enfoque. Há também bons documentários exibidos em canais como 
National Geografic e Discovery Channel. O Youtube, também tem diversos 
vídeos.
Em artigo publicado em 9 de julho de 2008, por várias agências de notícia, dentre elas 
a renomada Agence France-Presse (AFP), a empresa de seguros alemã Munich Re, 
afirma que:
Os desastres naturais mataram ao menos 150 mil pessoas no primeiro 
semestre, mais que o número de mortos registrados no ano 2004, 
quando o sudeste asiático foi atingido por um Tsunami. Os especialistas 
da empresa alemã registraram cerca de 400 catástrofes naturais no 
primeiro semestre de 2008, com perdas estimadas em cerca de U$50 
bilhões de dólares. Em 2007, um total de 960 desastres causou cerca 
de U$82 bilhões de dólares em danos, dos quais U$30 bilhões foram 
cobertos por seguros.
Desta leitura podemos perguntar: o que está havendo? Um aumento no número de 
ameaças?
13
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Para facilitar o entendimento, vamos definir desastre ou catástrofe.
Segundo Gunn (1990), podemos conceituar desastre, como o “resultado de uma 
grande ruptura ecológica nas relações entre os homens e o meio ambiente, um evento 
sério e súbito (ou lento, como a seca) de tal magnitude que a comunidade atingida 
requer esforços extraordinários para oferecer resposta adequada e frequentemente 
necessita de auxílio externo ou ajuda internacional”. Tal definição é bastante ampla. 
Por essa mesma razão, poderia incluir uma série de eventos na categoria dos desastres, 
com pouco critério.
Por sua vez, Ciottone et al. (2006), seguindo uma linha de raciocínio em queavalia a 
capacidade de resposta, vinculando-a à magnitude do evento, afirma que: “desastre 
é qualquer evento que excede a capacidade de resposta da sociedade”. Afirma ainda 
que esta definição está próxima daquela utilizada pelo Programa de Treinamento no 
Manejo de Desastres das Nações Unidas (UNDMTP) que define desastre como “uma 
séria ruptura no funcionamento da sociedade, causando grandes perdas materiais, 
humanas ou do meio ambiente, de tal forma a exceder a capacidade da sociedade 
atingida em oferecer resposta adequada utilizando-se apenas de seus recursos”. A 
Organização Mundial de Saúde utiliza definição semelhante.
A palavra catástrofe tem o mesmo significado de desastre, a diferença está em sua 
origem etimológica, pois a primeira tem origem no grego e a segunda, no latim. A 
importância na definição de desastre deve-se ao fato de que, diante de situações assim 
declaradas, medidas excepcionais devem ser adotadas, inclusive a solicitação de ajuda 
externa e de liberação de fundos de emergência.
Uma vez definido desastre, voltamos à pergunta anterior: porque o número de vítimas 
em desastres naturais tem sido maior, ano após ano? O que você acha?
Há muitos cientistas que correlacionam o aquecimento global ao aumento de furacões, 
o que faz sentido, uma vez que a temperatura mais elevada do oceano é fundamental 
para que os furacões se formem. Mas, e os terremotos?
Uma explicação que talvez encontre mais respaldo é que, com o aumento da população 
mundial e as facilidades de comunicação global, diversas comunidades vêm se formando 
cada vez mais em locais de alto risco, seja pela beleza natural da região, seja pelos baixos 
custos de moradia. Fenômenos da natureza que ocorriam há décadas na mesma região 
e não faziam vítimas, pois os locais eram inabitados, passam a provocar desastres pela 
ocupação desordenada e sem condições mínimas de infraestrutura básica de moradia. 
É o que temos observado em regiões do interior de países subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento. Quanto menor o grau de desenvolvimento de um país, maior a chance 
da ocorrência de desastres (não pelo maior número de eventos da natureza, mas pela 
baixa capacidade de resposta).
14
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Assim, um terremoto de 6,2 na escala Richter, ocorrido em um país desenvolvido e 
com preparação para resposta a desastres, tende a ter menos vítimas e danos que em 
um subdesenvolvido. Isso não significa que os custos sejam menores, pois os recursos 
necessários para prevenção, resposta e reconstrução, incluindo-se a mobilização de 
equipes de resgate, são muito altos. No entanto, quando estes recursos são capazes de 
evitar um desastre, estamos falando de investimento, já que não há preço para o ganho 
social obtido com a diminuição da mortalidade. Em 2010, um terremoto de 8,8 na 
Escala Richter, provocou a morte de 723 pessoas, no Chile, país bastante preparado para 
terremotos. No mesmo ano, um terremoto de 7,7 na Escala Richter, no Haiti, provocou 
a morte de mais de 200.000 pessoas. A diferença fundamental nos dois terremotos, em 
número de vítimas, está diretamente relacionada com a prevenção, preparação e resposta.
Saiba mais sobre os dois terremotos em:
<http://noticias.r7.com/internacional/noticias/terremoto-haiti-1-ano.
html>
<http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1509993-5602,00 COBERT
URA+COMPLETA+TERREMOTO+NO+CHILE.html>
<http://www.cnn.com/2013/12/12/world/haiti-earthquake-fast-facts/>
<http://www.cnn.com/2010/WORLD/americas/02/27/chile.quake/>
Veja notícias sobre os terremotos no interior da China, ocorridos em 2008, 
acessando os sites:
<http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL711992-5602,00.html>.
<http://designinteligente.blogspot.com/2008/05/trerremotos-em-
sichuan-na-china-ver-no.html>.
<http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/05/16/enquanto_china_
enterra_vitimas_novo_terremoto_atinge_regiao_devastada-427411140.
asp>.
Um dos grandes dramas deste terremoto na China, além da região atingida ser muito 
pobre, foi a destruição quase completa da maioria das escolas, ocasionando a morte 
de mais de 1.000 adolescentes em um país com forte controle de natalidade, em que 
a maior parte das famílias tem apenas um filho. Além disso, a região foi atingida por 
um terremoto de 7,8 graus na escala Richter em maio de 2001, e por outro de 5,5, em 
agosto, provocando danos ainda incalculáveis.
15
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
O mesmo raciocínio é empregado nas organizações. Quanto mais se investe na prevenção 
de crises, o que inclui a elaboração de Planos de Contingência e principalmente a adoção 
de uma cultura para prevenção e gestão de crises, maiores são as chances de evitá-las 
ou gerenciá-las de forma eficaz. Não é por acaso que as empresas que enfrentam crises e 
saem praticamente ilesas, sobretudo com relação à sua imagem corporativa, são as que 
possuem planos de gerenciamento de crises.
Já definimos ameaça, e a classificamos quanto à natureza. Agora precisamos 
analisá-las.
A análise das ameaças deve ser cuidadosa e é, muitas vezes, baseada nas estatísticas e 
no histórico da região. Mas, cuidado! O fato de um determinado evento não ter ainda 
ocorrido, não significa que não ocorrerá. Um bom exemplo disso foi o furacão Catarina. 
Crescemos com a ideia de que furacões não ocorrem no Brasil, pois não há condições 
favoráveis à sua formação, entre elas a temperatura do oceano que deve ser mais elevada. 
No entanto, em 27 e 28 de março de 2004, o que inicialmente foi classificado como 
ciclone extratropical, acabou sendo reconhecido como o primeiro furacão registrado no 
Atlântico Sul. Os danos foram consideráveis, sobretudo na cidade de Torres (RS). Esse 
furação atingindo também cidades próximas no mesmo estado e em Santa Catarina, 
com prejuízos superiores a R$250 milhões de reais. A região não possuía – e ainda não 
possui – sistema de alarme, plano de evacuação da população, incluindo rotas de fuga, 
abrigos, entre outras providências. Possuir o que a população ainda não conhece e não 
foi treinada é a mesma coisa que não possuir.
Figura 1. Imagem do Furacão Catarina. 
Fonte: NASA, 2007.
16
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Figura 2. Mapa de intensidade dos danos causado pelo furacão Catarina na região sul catarinense. 
Fonte: Marcelino et al., 2005. 
O furacão Catarina é um bom exemplo de ameaça natural não imprevista 
e causadora de muitos danos. Para melhor conhecer o assunto, acesse os 
sites abaixo:
<http://www.inpe.br/crs/geodesastres/desastre2.php>.
<http://ciram.epagri.rct-sc.br:8080/cms/meteoro/noticias/furacao_
catarina_video.jsp>.
<http://www.youtube.com/watch?v=k7E3c1tT4Ik>.
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/ciclonecatarina/>.
O furacão Catarina traz lições também para o mundo corporativo? Em 
que podemos aprender com este caso na prevenção e gestão de crises?
1. Quais são as ameaças naturais para sua região? Quais as mais 
frequentes?
17
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
2. Há um Plano de Desastres para sua região? Você já participou de 
algum treinamento?
3. O que fazer em casos de tornados? (Tornados podem ocorrer em 
qualquer local?).
4. Sua empresa possui um Plano de Continuação de Negócios em 
casos de crises, incluindo desastres naturais? 
5. Você possui um Plano de Desastres doméstico? Ou seja, como se 
proteger em sua casa, de ameaças naturais? Raios, chuvas fortes, 
alagamentos, inundações, ventos fortes? 
 Anote quais são as ameaças naturais que você identifica como possíveis 
e prováveis para sua região e que medidas devem ser tomadas para evitar 
ou minimizar a ocorrência de um desastre (não para evitar o fenômeno). 
Lembre-se que as ameaças são eventosnão controláveis, mas deve-se 
trabalhar visando a evitar que esta ameaça se transforme numa crise ou 
em um desastre que muitas vezes pode ser controlável.
Um outro ponto a ser levantado é com relação às ameaças secundárias. O furacão Katrina 
não foi o responsável direto pelas mais de 1.500 mortes em New Orleans (EUA), nem 
pela inundação sem precedentes na região. A causa direta foi o rompimento dos diques 
de contenção da cidade. Ou seja, a partir de uma ameaça primária, que é o furacão (sem 
ele, os diques não romperiam), temos uma ameaça secundária, que é a vulnerabilidade 
dos diques diante de um furacão com magnitude superior a 3. Assim, quando forem 
analisar as ameaças, é importante que o façam, com vistas à sucessão de acontecimentos 
que podem surgir, ou seja, ameaças secundárias, terciárias e assim por diante.
O Brasil vem sediando importantes eventos desportivos nos últimos anos, como os 
Jogos Mundiais Militares, os Jogos Panamericanos, a Copa das Confederações, a Copa 
do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, dentre outros. O mesmo pode ser dito 
com relação a grandes eventos na área musical e de entretenimento. Os responsáveis 
pela segurança desses eventos devem obrigatoriamente realizar uma análise rigorosa 
quanto às ameaças, riscos e vulnerabilidades. Um dos maiores erros ao se analisar 
uma ameaça, é buscar estatísticas para justificar ausência de ações. Ou seja, olhar 
para o passado e chegar a conclusão de que como nada de grave ocorreu em eventos 
passados, logo não ocorrerá em eventos futuros. Trata-se tão somente de uma premissa 
adivinhatória , ou seja sem qualquer respaldo científico e que com frequência resulta 
em tragédias ou desastres. Quantos furacões ocorreram antes de 2004 no Brasil? 
Quantos atentados ocorreram em Olimpíadas, antes de 1972, em Munique? Quantos 
18
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
circos haviam se incendiado antes de 1962 em Niterói? Quantas boates haviam sofrido 
graves incêndios no Brasil antes da boate Kiss em 2013? As ameaças entretanto nunca 
deixaram de existir e as vulnerabilidades são imensas, sobretudo quando não são 
enxergadas pelas autoridades ou pelos responsáveis em realizar o planejamento para o 
evento. O fato do Brasil não ter registro de incêndios graves em boates antes da tragédia 
de Santa Maria em 2013, não permite à qualquer profissional de segurança pública usar 
este dado como desculpa pela falta de fiscalização e socorro mal conduzido. Estatísticas 
de eventos anteriormente ocorridos podem servir de alerta para o futuro, mas a ausência 
desses eventos no passado, não permite a previsão de que não irão ocorrer no futuro.
Para analisarmos, então, as ameaças, devemos primeiro relacionar as mais conhecidas 
e frequentes. Destas partiremos para as que possuem maior poder de destruição. Cada 
ameaça relacionada será depois comparada a uma situação hipotética, em que serão 
apresentadas soluções de resposta e gerenciamento de crises, como também uma 
avaliação de risco.
Para facilitar, faça uma tabela em que as ameaças sejam descritas, da seguinte forma:
Ameaça Prioridade Hipótese
Nesse primeiro momento, em que estudamos apenas as ameaças, trabalharemos uma 
tabela com apenas as variáveis acima. Então, a título de exemplo, relacionaremos 
algumas ameaças e hipóteses para nossas casas.
Ameaça Prioridade Hipótese
Incêndio 1 Incêndio na casa
Raios 2 Ocorrência de raio atingindo a casa
Furto 3 Ocorrência de furtos na residência
Vendaval 4 Ocorrência de vendaval atingindo a residência 
Observe que, analisando desta forma, temos algumas ameaças, uma prioridade 
que elencamos segundo nossa percepção (mais tarde pode ser modificada segundo 
a avaliação de vulnerabilidade e risco), bem como a hipótese levantada. Isto é o 
suficiente? Certamente, não. No início de nossos estudos, há uma frase que relaciona 
a ameaça à perda de alguma coisa. A seguir, devemos relacionar o tipo de prejuízo que 
aquela ameaça poderá causar, para a enfrentarmos da forma mais correta. Assim, aos 
poucos, estaremos caminhando para o estudo da vulnerabilidade, assunto do próximo 
capítulo. Mas, vamos aproveitar nosso exercício e inserir mais uma coluna na qual 
descreveremos os possíveis danos, decorrentes da ameaça.
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Ameaça Prioridade Hipótese Possíveis danos
Incêndio 1 Incêndio na casa. Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastra para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Raios 2 Ocorrência de raio atingindo a casa. Raio provoca incêndio.
Queima de eletrodomésticos.
Ferimento ou mesmo morte nas pessoas expostas.
Furto 3 Ocorrência de furtos na residência. Perda de patrimônio.
Possibilidade de evolução para roubo (uso de violência), 
caso o ladrão seja surpreendido, com risco de ferimentos 
ou morte de pessoas.
Vendaval 4 Ocorrência de vendaval atingindo a 
residência.
Destruição de janelas e locais vulneráveis à ação do vento.
Risco de incêndio.
Agora está mais fácil visualizar a ameaça? Acredito que sim. Mas não o suficiente. 
Dissemos que um incêndio pode ocorrer. Onde começou este incêndio? Na própria 
casa? Na casa do vizinho? Ou foi decorrente de uma manifestação de rua? (Para quem 
mora em áreas tranquilas, esta não seria uma preocupação possível, mas é para quem 
mora no centro da cidade e, com frequência, assiste a manifestações que acabam em 
confrontos com a polícia).
Devemos, então, decompor as ameaças para que fiquem mais próximas ainda da realidade 
a ser estudada. Assim, utilizando apenas o exemplo do incêndio inserido em situações 
diversas, teríamos a seguinte tabela:
Ameaça Prioridade Hipótese Possíveis danos
Incêndio 1 Incêndio na casa, de origem elétrica. Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Incêndio 2 Incêndio na casa, por armazenamento de 
combustível em local inadequado (material 
de limpeza ao lado do fogão).
Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Incêndio 3 Incêndio na casa, por outra origem. Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Incêndio 4 Incêndio em casa vizinha, que alastra 
rapidamente.
Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
20
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Ameaça Prioridade Hipótese Possíveis danos
Incêndio 5 Incêndio na mata que fica ao lado da casa. Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Incêndio 6 Incêndio na casa, decorrente de 
manifestações e confronto ou atos de 
vandalismo.
Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastrado para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Poderíamos continuar relacionando diversas outras possibilidades de incêndio. 
Para não ficar muito extensa a lista, é importante adotarmos alguns parâmetros. No 
exemplo acima, o incêndio foi oriundo de parte elétrica. Por quê? Porque é uma grande 
possibilidade, sobretudo em casas antigas, com fiação desgastada, alto consumo de 
energia e, muitas vezes, com utilização de diversos equipamentos na mesma tomada. 
Diante de uma ameaça dessas, qual a primeira medida a ser adotada para se evitar um 
incêndio desta natureza? Revisaro sistema elétrico e garantir que não sejam utilizados 
mais equipamentos do que o recomendável para cada tomada. Dessa forma, estaremos 
facilitando o levantamento das vulnerabilidades e, ao mesmo tempo, elencando medidas 
de contingenciamento ou minimização de riscos. Seguindo o mesmo raciocínio, a 
elaboração da lista de danos, quanto mais detalhada melhor, sobretudo se há algum 
equipamento de alto valor que necessite de medidas especiais de proteção.
Se estivéssemos realizando um levantamento de ameaças para uma empresa, com 
diversos prédios ou com andares, deveríamos também elencar, como hipótese, o 
incêndio para cada um dos edifícios, pois sempre que trabalhamos com incêndios, 
temos de prever rotas de fuga, local para estacionamento das viaturas de socorro, entre 
outras medidas, que para cada edifício será diferente.
Essa matriz pode ser utilizada para qualquer tipo de ameaça? Sim. Naturalmente há 
matrizes muito mais complexas e, dependendo da análise a ser feita, há, inclusive, a 
possibilidade do uso de softwares, mas, no que pese a possibilidade de muitos já terem 
experiência com diferentes tipos de análise de ameaças nos mais variados ambientes, 
corporativos ou não, é importante saber elaborar a avaliação de riscos, vulnerabilidade 
e ameaças, de forma simples e artesanal, pois serve para disciplinar nosso pensamento 
e nossas atitudes diante de situações a serem avaliadas. Serve tanto para análise 
de situações macro, como em crises na área de Relações Internacionais, como para 
situações micro, dentro de uma decisão a ser tomada. Vejamos como ficaria um exemplo 
para a macrossituação:
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Ameaça Prioridade Hipótese Possíveis danos
Garimpeiros da cidade 
X localizada no estado 
Y, entram em reserva 
indígena W, para 
exploração de minério.
1 Conflito entre índios e garimpeiros. Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Acirramento do conflito com possibilidade de 
envolvimento de outras etnias, bem como de 
fazendeiros.
Interrupção no trânsito das estradas da região, com 
consequentes prejuízos às empresas que utilizam 
transporte terrestre de mercadorias.
Destruição de patrimônio.
Crime ambiental.
Imagem negativa do País na imprensa internacional.
outros (elencar todos...).
Para que serviram essas tabelas? Na verdade, ao começar a desenvolvê-las, teve início 
um estudo de risco e, ao mesmo tempo, o início da construção do Plano de Desastres e do 
Plano de Contingenciamento de sua organização, fundamentais para o gerenciamento 
de crises.
Faça uma tabela tal qual o exemplo, relacionando as ameaças que você 
descreveu no exercício anterior.
Antes de concluirmos o assunto, mas não esgotá-lo, é importante termos em mente que 
não basta pensar na ameaça, classificá-la e colocá-la no papel. É necessário que haja 
elementos que permitam a identificação precoce, e que o alarme seja dado em tempo 
adequado.
Os furacões causam muitos danos, mas, com relação a perdas humanas, é possível 
minimizá-las se a meteorologia fizer o monitoramento do deslocamento dos ventos, 
categorizando o furacão com base em sua força e potencial de destruição e prevendo os 
locais a serem atingidos. Quando realizado de forma adequada, os serviços de emergência 
dispõem de tempo para realizar a evacuação dos pontos críticos e se preparam para o 
pior, evitando muitas vezes um desastre.
Com os tornados a situação é mais difícil, pois não há como saber se eles ocorrerão, nem 
onde ocorrerão, mas é possível prever que exista uma possibilidade de ocorrência em 
determinado local, com base nas correntes de ar e nas formações de nuvens e demais 
condições climáticas presentes. A população, então, é avisada do risco e, diante da 
ocorrência do tornado, sirenes são disparadas e medidas de emergência adotadas. Isso 
ocorre no Brasil? Infelizmente, não. O grande problema está justamente aí. Os alertas 
dados na internet têm baixíssima penetração e as cidades brasileiras não possuem 
sistemas de alarme nem treinamento de evacuação. Como somos um povo fatalista, 
22
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
quando os desastres ocorrem, a culpa vai toda para a ira divina, o que é no mínimo 
lamentável.
Sistemas de monitoração são a base de qualquer gerenciamento de crises e o primeiro 
nível de prevenção é identificar a ameaça. Contudo, se diante de um evento que requer 
resposta nada foi feito, para que então identificá-lo precocemente? É necessário que 
mecanismos de detecção precoce da ameaça existam e sejam operantes.
Na área Organizacional, que mecanismos de detecção de ameaças estão disponíveis? 
Depende da área de atuação da corporação. Uma empresa aérea, por exemplo, deve 
se planejar para períodos de férias e feriados prolongados, e também para épocas de 
clima ruim, com fechamentos constantes em alguns aeroportos; deve antecipar-se a 
movimentos grevistas; ter planos de contingência diante de desastres naturais ou de 
acidentes com suas aeronaves, de alta no petróleo, dentre muitas outras variáveis. É 
muito mais fácil, no entanto, pensar na ameaça quando ela ainda não está ao nosso 
lado, do que ter de pensar em como responder aos danos já causados. 
Na área de Gestão de Emergências e Desastres, o estado americano do Texas foi 
atingido pelo furacão Ike (12 de setembro de 2008), causando danos consideráveis. Sob o 
ponto de vista da ameaça, a cidade de Galveston, localizada no Golfo do México, é uma das 
primeiras a serem atingidas naquele estado, possui uma barreira de proteção contra o mar, 
porque no ano de 1900 um furacão atingiu a cidade, causou grande inundação e matou 6 
mil pessoas. Então, cabe perguntar: este paredão é o suficiente para enfrentar qualquer 
furacão? O Ike, desde o início, mostrou que as ondas por ele provocadas eram capazes de 
ultrapassar os 5 metros de barreira e assim causar inundações, portanto a ameaça não 
apenas dos ventos, mas também do mar, mostrou-se presente e de forma intensa. 
Os sites seguintes tratam deste tema.
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u444643.shtml>.
<http://www.foxnews.com/story/0,2933,416261,00.html>.
Na área de Relações Internacionais, uma crise interna na Bolívia culminou 
com a expulsão do embaixador americano daquele país, seguida da reciprocidade 
americana e de a relação diplomática entre os países ser rompida. Ao mesmo 
tempo, a Venezuela, em apoio à Bolívia, também expulsou o embaixador americano 
e as relações com os Estados Unidos foram “cortadas”. Quantas ameaças estão 
envolvidas neste episódio? Como avaliar cada uma delas? Sempre que possível, em 
crises internacionais, procurem ler em periódicos dos países envolvidos e também 
em noticiários tradicionais, como a BBC.
23
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Para melhor posicionamento sobre o assunto, acesse:
<http://www.abril.com.br/noticia/mundo/no_301457.shtml>
<http://www.noticiasbolivianas.com> (jornais bolivianos)
<http://www.prensaescrita.com/america/venezuela.php> ( jornais 
venezuelanos)
<http://www.externalharddrive.com/usa/usalinks/usa-newspapers.
html> (jornais americanos)
<http://www.onlinenewspapers.com/> (jornais de vários países)
Nos últimos anos, quantas crises surgiram no ambiente internacional, que requerem 
uma cuidadosa análise das ameaças e vulnerabilidades? Qualquer profissional sério 
que se apresente para atuar na mediação de conflitos internacionais deve conhecer 
profundamente todos aspectos e nuances que envolvem a situação a ser gerenciada, o que 
inclui as ameaças, vulnerabilidades e risco. As implicações de conflitos internacionais 
levam a diversas consequências e atingem muitas vezes países que não estão diretamente 
envolvidos. Por exemplo, em decorrênciados conflitos na Síria, diversos refugiados 
procuraram abrigo nos países vizinhos. O que dizer da questão da Criméia, na Ucrânia, 
anexada pela Rússia em 2014?
Na área de Comunicação Social, o pronunciamento do presidente da Federação Russa 
reconhecendo unilateralmente a Ossétia do Sul como nação independente representa 
uma ameaça. Que tipo de ameaça? A declaração dele foi adequada? Se vocês fossem 
assessorá-lo na elaboração da nota a ser divulgada na imprensa teriam procedido da 
mesma forma?
Consulte o site e saiba mais:
<http://br.noticias.yahoo.com/s/12082008/40/mundo-medvedev-
declara-luto-catastrofe-humanitaria-na-ossetia-sul.html>.
E o que dizer da anexação da Crimeia em 2014?
Problemas de comunicação com frequência atingem a imagem de corporações e do 
próprio governo com graves consequências.
Observe como, apesar de didaticamente ter separado por áreas as situações de crise 
anteriormente exemplificadas, na prática elas se relacionam. No caso do furacão Ike, 
apenas os gestores de crise em emergências deveriam se preocupar? E as corporações 
24
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
petrolíferas da região? Como elaborar planos de contingência para corporações que 
trabalham com exploração de petróleo em área propensa a furacão? No caso específico, 
diante da chegada de um furacão nível 3 ou 4, como agir? E com relação à comunicação 
social? Como orientar uma população de cerca de 5 milhões de habitantes na evacuação 
de cidades para procurar abrigos e ao mesmo tempo evitar o pânico, sem tirar a 
gravidade do quadro? Tratando-se de assuntos internacionais, como deve ser a relação 
de auxílio aos países do Caribe atingidos? Cuba foi duramente castigada. Seus dirigentes 
aceitariam a ajuda americana?
Vocês pode, então, perguntar: com tantas possibilidades de ocorrência de eventos, 
como pensar em todas as ameaças? Quem poderia imaginar o atentado ao World Trade 
Center, em 2001, da forma como foi feito? Os planejadores deveriam ter feito um plano 
pensando em ataque com duas aeronaves? Certamente que não. A grande vantagem do 
método de análises de ameaças é que se trabalha com a ameaça e o dano, mas a resposta 
para um evento serve para muitos outros. No caso do World Trade Center, a ameaça do 
incêndio de grandes proporções que exigisse a evacuação das torres de forma imediata, 
contemplaria de forma satisfatória as necessidades daquele socorro. Ou ainda atentado 
terrorista com explosão de grandes proporções. Cada sistema deve pensar na forma 
como otimizar suas respostas com base nas ameaças levantadas. Quanto mais as 
respostas forem parecidas e simplificadas, muito melhor e mais fácil será segui-las, mas 
devem ser sempre simuladas para que saiam do papel e se mostrem eficazes.
Mais recentemente o conceito de “All Hazards” tem sido bastante utilizado 
e significa que os Planos de Contingência devem estar voltados para 
responder a ameaças em geral. A ideia é de que quem está preparado para 
o pior, conseguirá gerenciar situações menos críticas. Este conceito surgiu 
principalmente após os eventos de 11/09. Foi uma situação tão difícil de 
ser prevista pelos profissionais de emergência, que ficou a dúvida, como 
nos prepararmos para eventos “inimagináveis”? 
Surgiram então treinamentos de “All Hazards” com temáticas que incluíam 
eventos inimagináveis, como um “apocalipse zumbi”. O CDC, um dos 
mais importantes órgãos de preparação e resposta para emergências 
e epidemias do mundo, assim como outras agências internacionais, 
aproveitando uma temática que atrai a atenção dos jovens, ávidos por 
filmes de terror e em especial os que envolvem “zumbis”, desenvolveram 
planos do tipo “All Hazards” com esta temática e o lema: Se você está 
preparado para enfrentar um apocalipse zumbi, então está preparado 
para qualquer emergência. E complementam: “Zumbis são assustadores, 
assim como Furacões, Tornados e Terremotos que podem acontecer de 
25
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
verdade. Esteja preparado”. Na verdade, utilizam de uma forma divertida e 
que atrai a atenção, para treinar os princípios de prevenção e preparação 
para emergências e desastres. Veja os links abaixo sobre este tipo de 
treinamento:
<http://emergency.cdc.gov/socialmedia/zombies.asp>
Para a preparação para “All Hazards” veja o link:
<http://emergency.cdc.gov/hazards-all.asp>
Para sintetizarmos este capítulo, podemos dizer que:
 » Ameaças estão intimamente relacionadas a perdas e a iminência 
desses acontecimentos, mas ao mesmo tempo podem e devem 
ser previstas e muitas vezes podem ser até mesmo neutralizadas
 » Há diversos tipos de ameaças e devemos nos preparar para 
enfrentá-las, mesmo que pareçam absurdas
 » O fato de um evento grave ainda não ter ocorrido, não significa 
que não ocorrerá.
 » O primeiro passo para se proteger das ameaças, é descrevê-las e 
o dano que elas podem provocar, diante de diferentes hipóteses.
 » Quanto mais tarde pensamos na ameaça, mais próxima de nós 
ela está.
26
CAPÍTULO 2
Vulnerabilidade
.
Porque se perdeu um prego, perdeu-se uma ferradura...
Porque se perdeu uma ferradura, perdeu-se um cavalo...
Porque se perdeu um cavalo, perdeu-se um cavaleiro...
Porque se perdeu um cavaleiro, perdeu-se a batalha...
Porque se perdeu uma batalha, perdeu-se um reino...
(Antigo provérbio)
Ricardo III
O provérbio acima foi reescrito por diversas vezes e de diferentes formas, 
até mesmo por Benjamin Franklin e, de certa forma, aplica-se bem à 
história de Ricardo III, na obra de Shakespeare. Na visão literária deste 
autor, o monarca inglês, durante a batalha de Bosworth, em 1485, na 
disputa pelo trono da Inglaterra contra Henrique, Conde de Richmond, 
pressionou seus cavalariços para que rapidamente aprontassem seu 
cavalo. O ferreiro da Corte teve de improvisar a colocação de uma das 
ferraduras do cavalo do rei devido à falta de material e à urgência imposta. Durante 
a batalha, o cavalo do rei perde a ferradura, perdendo também o equilíbrio e jogando 
Ricardo III ao chão. O rei caído não consegue segurar seu cavalo, que foge em disparada, 
momento em que vê também seus homens em debandada e o exército inimigo se 
aproximando. Ricardo então ergue sua espada ao ar e grita: “– Meu reino! – Meu reino 
por um cavalo!”. Mas já não havia nenhum por perto. A batalha estava acabada e o 
reino perdido.
Que tipo de correlação podemos fazer entre o provérbio, a obra de 
Shakespeare e o gerenciamento de crises?
Na verdade, as crises não aparecem do nada, mas são uma evolução de situações que 
podem inicialmente passar despercebidas ou mesmo aparentarem baixo poder de dano, 
como o “prego da ferradura”, mas com o desenvolvimento dos acontecimentos, o que 
era um pequeno problema se transforma em um conflito e em uma crise.
27
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Senão, vejamos alguns exemplos. Um acidente aeronáutico, não ocorre como evento 
único, mas geralmente é o resultado de uma sucessão de problemas, como mau tempo, 
pista escorregadia, equipamentos com problemas, pilotos sobrecarregados, orientação 
da Torre de Controle deficitária e outros, culminando em acidente. Da mesma forma, 
podemos estudar os acidentes automobilísticos. Em boa parte dos casos, há envolvimento 
de motorista alcoolizado, associado à alta velocidade, sonolência, cansaço, entre outras 
causas associadas.
Os sites a seguir mostram como acidentes provêm, normalmente, devido 
a uma sucessão de erros e não por um evento único.
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126635.shtml>.
<http://www.disaster-info.net/lideres/portugues/04/apresentacoes/
alunos/heraldo_silva/ANATOMIA.doc>.
<http://vejaonline.abril.com.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.Na
vigationServlet?publicationCode=1&pageCode=1268&textCode=83027&date=currentDate>.
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u83443.shtml>.
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6045>.
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/020128_esp_eronqa.
shtml>.
<http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,622972,00.html>.
Filmes sugeridos:
Hotel Ruanda (Hotel Rwanda ,2004)- Direção: Terry George 
Enron (Enron: The Smartest Guys In The Room, EUA, 2005)-Direção: Alex 
Gibney
Ônibus 174- 2002,Brasil- Direção:José Padilha
Já discutimos a questão da ameaça e sabemos que a identificação precoce do problema 
prevenirá acontecimentos graves futuros. Qual a ameaça não percebida por Ricardo III? 
A pressa levando à improvisação. Fato frequente com quem trabalha com emergências. 
Muitas vezes, na vontade de ajudar, é esquecido o princípio básico do socorro, a 
segurança do socorrista em primeiro lugar. De nada adianta uma fábrica de heróis 
mortos. Precisamos de profissionais vivos.
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
O dicionário Houaiss define vulnerável como: 1. o que pode ser fisicamente 
ferido; 2. sujeito a ser atacado, derrotado, prejudicado ou ofendido.
Etimologia: lat. vulnerabìlis, “que causa lesão”. 
Vulnerabilidade
O conceito de vulnerabilidade diz respeito, portanto, ao quanto podemos ser atingidos 
por determinada ameaça. Infelizmente tal entendimento, muitas vezes, é feito de forma 
intuitiva e quase sempre a intuição se mostra equivocada.
Um dos grandes problemas enfrentados diante de ameaças naturais como furacões, 
por exemplo, deve-se à crença no que está por vir. O monitoramento de tempestades 
tropicais que se transformam em furacões é feito muitos dias antes, e, por vezes, os 
avisos de evacuação de um determinado local são dados, enquanto o tempo ainda está 
bom, o que faz com que muitas pessoas não acreditem ou entendam que são fortes o 
suficiente para enfrentarem a ameaça que se aproxima. Quando resolvem sair do local, 
frequentemente não há mais tempo, ou as condições são as mais adversas possíveis, 
com longos engarrafamentos e falta de combustível nos postos.
Isso acontece por uma série de motivos e o principal deles é a negação. O trabalho 
de Kübler-Ross (1996) diz que o ser humano diante de uma doença grave, incurável, 
passa por diferentes fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Essas 
fases também podem ser aplicadas aqui. A diferença está em que quanto mais rápida a 
aceitação do fato, maiores as chances de sobrevivência e, diante de um desastre, nem 
sempre há uma fase de pré-impacto bem-definida, em que haja tempo de tais reações 
surgirem. Comumente, o que se vê é a fase da negação, sendo rapidamente sublimada 
para a ação (muitas vezes automatizada). Ocorre que, em alguns casos, a negação leva 
à imobilidade e, a falta de ação, à morte.
Acredito que muitos assistiram às imagens do Tsunami, em 2004, no Oceano Índico. 
Em uma delas, veem-se pessoas na praia andando calmamente, como se nada fosse 
acontecer a elas, apesar da aproximação das ondas. Tal comportamento foi também 
observado durante a evacuação do World Trade Center. Ambas situações estão bastante 
associadas à fase de negação. É como se o cérebro não quisesse registrar que a morte 
estava muito próxima.
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Figura 3. Tsunami, em 2004, no Oceano Índico
Fonte: <http://www.asiantsunamivideos.com/>.
Acesse os sites:
<http://ciencia.hsw.uol.com.br/tsunami2.htm>.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_de_K%C3%BCbler-Ross>.
<http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL727087-15605,00-
REACAO+DO+CEREBRO+A+DESASTRES+PODE+SALVAR+SUA+VIDA.
html>.
Sugestão de leitura:
Impensável – Amanda Ripley. Ed. Globo, 2008.
A vulnerabilidade é proporcionalmente maior na medida em que não são identificadas 
as ameaças, como também em uma fase anterior, os pontos fortes e fracos do que se 
pretende proteger (uma casa, um país, uma organização...), ainda utilizando os conceitos 
de planejamento estratégico, anteriormente descritos.
Tomando por exemplo uma casa construída seguindo os padrões de construção do 
local, com boa fundação, sabe-se que ela tem como ponto forte, sua estrutura (que será 
suficiente para resistir aos ventos da região). Se as telhas foram mal colocadas, o ponto 
fraco será esta situação. Diante da ameaça de chuvas e ventos, provavelmente as telhas 
serão arrancadas e seus moradores estarão vulneráveis à ação de tempestades. 
Quando se diz que vai chover, qual é a ameaça? A chuva. É uma ameaça forte? Depende 
da vulnerabilidade. Se eu moro em um local à prova de chuvas, então não sou vulnerável 
à chuva, que deixa de ser uma ameaça. A ameaça está intimamente relacionada a nossos 
30
UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
pontos fracos, como também à vulnerabilidade. Então a vulnerabilidade é o estado em 
que ficamos por ação de nossos pontos fracos, diante de uma ameaça.
Imaginemos uma situação corporativa. Você não se preocupa com a segurança de seu 
sistema de informática e comunica a todos seus empregados que a senha deles será 
1234. O que acontecerá? Qual o ponto fraco presente? A segurança do sistema de redes. 
Se o sistema é frágil, ele estará vulnerável a uma grande ameaça. Qual? O ataque de 
hackers ou crackers. 
Um dos ataques mais comuns e bastante estudado por profissionais de 
informática e de inteligência, é a chamada Engenharia Social. Trata-se de 
um termo utilizado por Kevin Mitnick, um conhecido hacker americano, 
que, ao ser perguntado como conseguia suas informações, afirmou que na 
maioria das vezes apenas pedia os dados e as pessoas informavam, com 
grande ingenuidade. Aquele que pratica Engenharia Social, em muitos 
casos, apenas por telefone, faz-se passar por outra pessoa e consegue 
dados de acesso a computadores e outras informações sigilosas. Hoje, 
após ter sido preso e cumprido sua pena, Mitnick atua como consultor 
na área de segurança. Engenharia Social não ocorre, contudo, apenas em 
organizações. Quem não conhece casos de pessoas que caíram em golpes 
ao fornecer seus dados pessoais a desconhecidos, pensando tratar-se de 
um sequestro ou mesmo de ter sido sorteado em alguma promoção?
Saiba mais sobre Engenharia Social e outras vulnerabilidades e ameaças 
da informática:
<http://www.fraudes.org/showpage1.asp?pg=7>.
<http://www.fraudes.org/showpage1.asp?pg=68>.
<http://www.espacoacademico.com.br/043/43amsf.htm>.
<http://cartilha.cert.br/fraudes/sec1.html>.
<http://info.abril.com.br/aberto/infonews/092002/05092002-18.shl>.
O próprio Kevin Mitnick escreveu dois livros sobre o assunto:
MITNICK, Kevin D.; SIMON, Willian L. A arte de enganar. São Paulo: Makron, 
2006.
______;______. A arte de invadir. São Paulo: Financial Times Br, 2005.
31
CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
Na área de Comunicação, um gerente de comunicação de crise orienta seu Diretor ou 
C.E.O. de uma empresa, diante de uma crise, a seguir um determinado procedimento 
durante uma entrevista coletiva. Ocorre que ele resolve falar de improviso, da forma 
que acha mais correta. Qual vulnerabilidade surge? A de ter sua imagem ou o pior da 
corporação atingida. Qual foi a ameaça? Destruição da imagem corporativa. Causada 
por quê? Pela vulnerabilidade surgida diante do ponto fraco gerado pelo dirigente da 
corporação. A empresa já estava em uma crise, que foi agravada pelo pronunciamento 
de seu dirigente maior. 
Para quem é responsável pela segurança de grandes eventos, onde estão as 
vulnerabilidades dos locais a serem utilizados? Muitas vezes a preocupação de um 
organizador de evento ou das autoridades, está restrita ao local do evento em si e mais 
nada. Mas o queaconteceria se houvesse um blackout (“apagão”) em toda a região que 
abriga um estádio? Ainda que o estádio não seja atingido (pior ainda se for), como 
proceder o fluxo de saída de milhares de pessoas no escuro? E se nas imediações do 
estádio houver um grave acidente automobilístico, com várias vítimas, de tal forma 
a bloquear a principal via de socorro do evento? E se o hospital de referência estiver 
lotado no dia do evento em virtude de um grave acidente? E se no dia do evento, o 
helicóptero destinado a realizar a evacuação de emergência de autoridades, conforme 
previsto no plano, não puder ser utilizado em virtude das más condições meteorológicas? 
E se houver um atentado químico em via pública, mas a fumaça se desloca para dentro 
e cima do estádio? Percebam quantas vulnerabilidades podem existir.
Na área de Segurança Pública, podemos ainda acrescentar situações como as vividas 
em junho de 2013 por ocasião das manifestações em todo o Brasil. Havia milhares de 
pessoas em frente ao Congresso Nacional e centenas conseguiram escalar o edifício. 
O que teria acontecido se tivessem entrado e provocado um incêndio por exemplo, 
como ocorreu no Itamaraty poucos dias depois? Havia um esquema de proteção e 
planejamento de contingência que pudesse fazer frente a esta ameaça ou o sistema 
estava todo vulnerável?
No campo das Relações Internacionais, um país, ao criar um incidente diplomático 
na fronteira com outro, fica vulnerável à ação da ONU, da mídia e até da retaliação do 
país vizinho. No recente conflito da Ossétia do Sul com a Russia e a Geórgia, em agosto 
de 2008, diante da vulnerabilidade da Ossétia do Sul, a Geórgia surge como ameaça 
e ataca a região, que é prontamente defendida não pela Ossétia, mas pelos russos. 
A Geórgia não identificou a Rússia como ameaça, ou imaginou que seria defendida 
por seus aliados? O fato é que diante da Rússia, a Geórgia mostrou-se vulnerável e 
teve de se retirar. A Rússia então ocupou a região e declarou de forma unilateral o 
reconhecimento da independência da Ossétia do Sul. Vejam como um país, em um 
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
conflito, pode ser uma ameaça e no momento seguinte se mostrar vulnerável por outras 
nações mais poderosas. O que faltou nesta pequena análise? O estudo de risco, que 
faremos no capítulo seguinte.
Figura 4. Localização da Ossétia do Sul
Fonte: Folha Online
Entenda o conflito na região:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u431537.shtml>.
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080808_
ossetiaanalise.shtml>.
Ao reconhecermos uma ameaça, indiretamente estamos também identificando uma 
vulnerabilidade, caso contrário não seria ameaça. Com este raciocínio, como diminuir 
a chance de nos vermos atingidos por uma crise? Atuando sobre as ameaças ou sobre 
a vulnerabilidade.Um grande erro de muitas corporações é acreditar que os pontos 
fortes são o suficiente para se defenderem das ameaças e neutralizar os pontos fracos. 
Nada mais equivocado. Imaginem uma grande corporação multinacional que tem, em 
sua imagem, seu maior patrimônio e seu ponto forte mais identificável; uma empresa 
bem-conceituada que está em primeiro lugar quando as pessoas são questionadas sobre 
qual é a mais representativa do setor. Ocorre que esta empresa não se preocupa com a 
segurança interna da instituição nem possui política de contrainteligência competitiva, 
mas surge um escândalo de espionagem envolvendo seus principais dirigentes. A 
imagem da corporação ao invés de ajudar a neutralizar o escândalo irá ampliá-lo, pois 
a notícia de uma grande empresa envolvida em espionagem é de interesse da maior 
parte da população que tem acesso à mídia. 
O mesmo ocorre com grandes personalidades. O caso do cantor Michael Jackson1 
exemplifica isso: trata-se de um cantor com uma legião enorme de fãs em todo o 
1 <http://exclusivo.terra.com.br/interna/0,,OI551452-EI4687,00.html>
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
mundo, que se viu diante de uma denúncia de pedofilia. A sua imagem foi suficiente 
para neutralizar os danos à sua imagem? Não. Ao contrário, ampliaram a crise, pois 
se tratava de alguém que todo mundo conhecia. Mesmo sendo absolvido, o dano já foi 
feito, daí porque a crise de imagem é de fato uma situação extremamente séria, já que 
nem todos leem a retratação ou a absolvição, geralmente divulgada e comentada, com 
menos destaque que a denúncia.
Quando falamos de crise de imagem, quanto menos conhecida a marca, menor o dano 
à imagem? Depende. Um dos casos mais emblemáticos conhecidos na área de dano à 
imagem ocorreu em 1994, em São Paulo. À época os donos de uma escola, chamada 
Escola Base, bem como funcionários e um casal de pais foram denunciados por assédio 
sexual contra alunos. Até então, a escola era pouco conhecida por quem não morava na 
região em que estava localizada. Foi dado grande destaque ao fato, a partir de declarações 
do delegado encarregado do caso, sem que ele tivesse concluído suas investigações. Os 
donos chegaram a ser presos e a escola foi depredada e fechada. Posteriormente, o caso 
foi encerrado por falta de provas, mas o dano à imagem já estava estabelecido.
Percebam que a crise de imagem é sempre muito complexa e que toda empresa é 
vulnerável a este tipo de ameaça.
Há duas formas de diminuirmos o dano: neutralizando a ameaça ou diminuindo a 
vulnerabilidade.
Neutralização da ameaça
As ameaças por definição são eventos não controláveis, o que dificulta, portanto, a sua 
neutralização, mas em alguns casos isso é possível. A temporada de furacões no Caribe 
ocorre entre julho e novembro. Assim, organizar uma viagem para a região, sobretudo 
de navio, nesse período, seria desconsiderar a informação e passar a trabalhar com uma 
ameaça sem necessidade. Da mesma forma, ir para o Rússia no inverno é ter a certeza 
de que enfrentará neve e isso pode ser uma ameaça natural, quando se tem o tempo 
contado para reuniões de negócios. Se a viagem puder ser marcada em outro período, 
a ameaça deixa de existir (não há neve no verão). Não podemos impedir a ocorrência 
de furacões ou de neve, mas podemos escolher períodos, em que tais ameaças não 
ocorrem ou pelo menos são menos frequentes. Os jornais divulgaram em 19/8/2008 
que turistas tiveram de abandonar a Jamaica, às pressas, por causa do furacão Dean a 
caminho da região. O mês de agosto é o período de furacões no Caribe, portanto, tais 
turistas deveriam, se não o fizeram, ter um plano de contingência próprio estabelecido 
para esta eventualidade. 
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Veja esta matéria em: 
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u321205.shtml>.
A situação dos moradores dessa região é diferente visto que terão de conviver com essas 
ameaças e trabalhar para diminuir suas vulnerabilidades. 
As reuniões políticas em que se encontram presidentes de diversos países são sempre 
realizadas levando-se tudo isso em consideração: o clima, as condições de segurança, a 
alimentação, a proximidade, entre outros. 
E as ameaças provocadas pelo homem? São ainda mais imprevisíveis porque envolvem 
violência urbana, terrorismo, incêndios, sabotagem, espionagem e uma série de 
possibilidades que podem ser conhecidas previamente quando a corporação ou o Estado 
possuem um bom serviço de contrainteligência, indispensável a qualquer estrutura de 
tomada de decisão, mas nem sempre suficiente, como no atentado ao World Trade 
Center, em 2001, em Oklahoma City, em 1995, e muitos outros. Quando, no entanto, 
uma célula terrorista é descoberta e seus integrantes presos, estamos diante de uma 
situação que uma ameaça foi neutralizada.
Diminuição da vulnerabilidade
Já que não podemos eliminar todasas ameaças e, muitas vezes, sequer podemos evitá-las, 
outra possibilidade de redução de danos é por meio da diminuição da vulnerabilidade. Nos 
exemplos anteriores, recomendamos evitar a região do Caribe na temporada de furacões, 
mas como deve agir a população local? Nesses casos, a ameaça ocorrerá e tudo o que poderá 
ser feito é diminuir a vulnerabilidade. Como fazer isso? Acompanhando o sistema de 
monitoramento das tempestades tropicais, pela imprensa e pela internet, preparando-se 
para a temporada de furacões (algo comum entre os habitantes da região, que já possuem 
lanternas com baterias extras, alimentos não perecíveis e água para no mínimo três dias, 
rádio, entre outros suprimentos) e atendendo aos avisos de evacuação da região tão logo 
sejam emitidos. Certamente que tais medidas são incômodas, mas diminuem a chance de 
danos, ou seja, deixam as pessoas menos vulneráveis. O mesmo se aplica no caso da neve. 
Quem mora nessas regiões sujeitas à queda de neve deve-se preparar para o frio, para a 
possível falta de alimentos, dificuldades de transporte e assim por diante.
No caso das ameaças provocadas pelo homem, como já foi dito, é fundamental que 
medidas de contrainteligência sejam adotadas e incluam a segurança de áreas e instalações, 
segurança de comunicação e informática, segurança de pessoal e arquivos e ações pró-ativas 
de contraespionagem, contrassabotagem, contraterrorismo, contrapropaganda.
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
É importante, contudo, termos em mente que o maior bem a ser protegido é a vida, 
e infelizmente somos todos mortais, o que significa que a ameaça da morte algum 
dia vencerá, independentemente de quanto nos protejamos. É importante, também, 
reconhecermos que chega um momento em que apesar de toda diminuição possível 
de vulnerabilidade e de reconhecimento precoce das ameaças, haverá uma crise ou 
um desastre em que muitas pessoas morrerão ou haverá danos graves, sem que haja 
qualquer tipo de culpa do gestor de crise. O que não é aceitável é que tais situações 
ocorram em um cenário previsível, cujas mortes poderiam ter sido evitadas, bem como 
situações potenciais de crise resolvidas e, mesmo assim desencadearem um desastre 
por ações culposas ou até mesmo dolosas do gestor de crises. Mais grave ainda é 
quando o gestor de crises pressente o que está para ocorrer, comunica aos dirigentes e 
é negligenciado, para, no final, ser ainda culpado pelas mesmas autoridades. Já viram 
isso acontecer? Infelizmente acontece todos os dias e é da natureza dos incompetentes 
arrumarem desculpas e culpados por seus erros e omissões. Cabe a nós trabalharmos 
de forma profissional, com eficiência e eficácia!
Há algumas ameaças em nosso país que são endêmicas, ou seja, ocorrem com frequência 
em determinadas áreas e chegam a ser típicas da região. É o caso das secas no Nordeste 
e Norte de Minas, das queimadas no Centro-Oeste, das chuvas e dos desabamentos 
no Sudeste. Sabendo disso, é fundamental que haja planos de contingência para essas 
situações, que podem incluir a proibição de férias de profissionais de emergência, 
sobretudo bombeiros, nos meses mais críticos. Mas esta é uma avaliação a ser feita por 
quem tem a obrigação de fazê-la ou seja, os responsáveis pelo planejamento operacional, 
não importa a que insituição pertençam. O fato é que alguém deve ser responsável 
legalmente por esta missão.No capítulo anterior, mostramos as ameaças em uma tabela 
para identificá-las e visualizarmos o potencial de danos. Essa tabela agora será expandida 
com mais uma coluna, a da vulnerabilidade.
Exemplo de uma casa, tal qual nos referimos no início do capítulo
Pontos fortes Pontos fracos Vulnerabilidade
Estrutura da casa, paredes e fundação Telhas soltas e quebradas Exposição à ação do tempo
Exemplo de uma cidade.
Pontos fortes Pontos fracos Vulnerabilidade
Sistema de monitoramento de tempestades 
sofisticado
Sistema de alerta inexistente
Situações identificadas como críticas não podem 
ser informadas à população
Vamos agora colocar tudo em uma só tabela?
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Exemplo de incêndio em casa, de origem elétrica.
Prioridade 1
Ameaça Incêndio.
Hipótese Incêndio na casa, de origem elétrica.
Danos Destruição total do patrimônio.
Ferimento nas pessoas, podendo até causar morte.
Fogo alastra para outras residências.
Automóveis atingidos pelo fogo.
Pontos Fortes Casa de um pavimento com várias saídas.
Seguro-residencial com cobertura dos danos estruturais.
Corpo de Bombeiros próximo ao local.
Muro de concreto separando a casa das demais.
Carros segurados contraincêndio.
Prioridade 1
Pontos Fracos Sistema elétrico da casa é antigo.
Muitos equipamentos são ligados na mesma tomada.
Inexistência de sistema de extinção para incêndio classe C (elétrico) na residência.
Crianças em casa.
Vulnerabilidade Casa com alta vulnerabilidade para incêndios de origem elétrica com elevado potencial de danos.
Correção Revisar sistema elétrico e corrigir deficiências.
Aumentar pontos de eletricidade e não utilizar equipamentos sobrecarregando o ponto de energia.
Instalar equipamento de combate a incêndio de classe C e treinar os moradores para utilizá-lo.
Treinar os moradores na localização de saídas em situações de emergência, bem como no acionamento do 
Corpo de Bombeiros.
Nunca deixar as crianças desacompanhadas de adulto responsável.
Instalar detector de fumaça com sistema de alarme.
Uma forma de avaliar a prioridade das ameaças é multiplicando a frequência com que 
o evento ocorre pelo impacto de sua ocorrência, em uma escala de 1 a 5. Por exemplo, 
um furacão pode ser pouco frequente em sua região e receber uma avaliação 2, mas se 
ocorrer terá um impacto muito grande e recebe avaliação 5. Ao multiplicarmos, teremos 
o número 10. Por outro lado, chuvas fortes pode ser uma situação muito frequente 
em sua região, recebendo então o número 5 (alta frequência) e que dada as condições 
geográficas e intensidade do fenômeno, se ocorrem, podem ter um impacto de 3 em 
sua escala. Assim, ao multiplicarmos, temos o número 15. Isso significa que o seu plano 
para chuvas fortes e minimização de riscos tem prioridade sobre o de furacões.
Ao observar o quadro acima, você pode achar um exagero a instalação de detectores 
de fumaça em casa e resolver não fazê-lo. Aí temos duas situações. Uma é a de você, 
especialista em análise de ameaças, vulnerabilidades e riscos, fazendo uma avaliação 
da casa (que no exemplo não está completa). Outra situação é você morador da casa, 
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CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO │ UNIDADE ÚNICA
decidindo se irá acatar a sugestão do especialista. No primeiro caso, você deve relacionar 
todas as possibilidades de ameaça e vulnerabilidade, indicando possíveis correções. 
No segundo, você, como morador, assumirá o risco de tomar decisão no sentido de 
discordar do especialista. No final das contas, você é quem saberá se sua decisão foi 
sábia ou não. Discutiremos risco no próximo capítulo.
É comum encontrarmos relatos de moradores em áreas de desabamentos e furacões 
que resolvem não abandonar seus lares, diante da ordem de evacuação da região. Por 
que agem assim? Por medo, pela confiança de que nunca tiveram problemas antes, na 
“certeza” de que as coisas ruins só acontecem com os outros, na ideia de que é um exagero 
a evacuação, entre outras possibilidades. Como fato, no entanto, temos especialistas que 
estão acompanhando de perto os últimos acontecimentos e classificam como grande a 
possibilidade de danos físicos e materiais. Desprezar tais conselhos tem levado muitas 
pessoas a perderem suas vidas.
Analizaremos um exemplo no campo organizacional. Recentemente, discutiu-se aquestão de faculdades com baixo rendimento e avaliação, sobretudo na área de Direito, 
e diversos cursos tiveram reduzidas suas vagas. Isso gera uma crise não apenas para o 
curso de Direito da instituição, que apresentou resultados insatisfatórios, mas para a 
universidade como um todo, pois haveria sempre o risco de as pessoas associarem o 
desempenho sofrível de um curso com os demais, de forma generalizada.
 » Quais são os pontos fracos? A grade curricular do curso, associada ao 
corpo docente deficiente, e o baixo índice de aprovação na prova da OAB. 
 » Qual é a vulnerabilidade? A instituição (e não apenas o curso de direito) 
passam a ser alvo de críticas. 
 » E a ameaça? Descredenciamento do curso de Direito e crise de imagem 
da instituição que pode ver reduzidas as inscrições para outros cursos. 
É possível que essa Universidade tenha excelentes cursos em outras áreas, que seriam 
pontos fortes. Ela deveria, então, divulgar estes cursos como estratégia para reduzir a 
ameaça e evitar a crise? Há aqui duas questões a serem consideradas. A divulgação da 
avaliação excelente de outros cursos, certamente é necessária e fundamental para que 
as pessoas não correlacionem o curso deficitário com os demais, e desta forma, diminua 
a procura pelos cursos bons. Com esta medida, é possível que a instituição tenha 
diminuída a chance de uma crise de imagem maior, mas não resolve a questão do curso 
de Direito. Como o Direito é uma área tradicional e, frequentemente, é o carro-chefe dos 
cursos em muitas Instituições de Ensino, é importante, para a imagem da Universidade, 
que as deficiências (pontos fracos) sejam sanadas e que medidas de contingência sejam 
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
imediatamente adotadas, até mesmo para, diante da opinião pública, ficar claro, que 
a instituição se preocupa em corrigir seus pontos fracos. Perceberam que os pontos 
fortes podem ajudar no controle da disseminação da crise (caso dos outros cursos que 
seriam contaminados), mas não são o suficiente para corrigir os pontos fracos que 
estão gerando vulnerabilidades e, diante de uma grande ameaça, podem ser traduzidos 
em crise?
Viram como não é difícil relacionarmos as ameaças, as vulnerabilidades, os pontos 
fracos e fortes e propormos correções? 
Nos sites abaixo, vocês poderão assistir a casos reais de ameaças que, ao 
encontrar vulnerabilidades, acabaram por se transformar em desastres ou 
em em acidentes de grandes proporções.
Tsunami:
<http://br.youtube.com/watch?v=0NfKZAiWRoE>.
<http://br.youtube.com/watch?v=nLaZjOJpdJA>.
<http://br.youtube.com/watch?v=a0uxDQYYsC0>.
Terremoto:
<http://br.youtube.com/watch?v=4Y-62Ti5_6s>.
<http://br.youtube.com/watch?v=A2YC6D9W9Kc>.
Furacão Catarina:
<http://br.youtube.com/watch?v=vZJCGej9FXk&feature=related>.
<http://br.youtube.com/watch?v=zdOd4Fjnr50&feature=related>.
<http://br.youtube.com/watch?v=zWO3ooEIPG4&feature=related>.
Tornados no Brasil:
<http://br.youtube.com/watch?v=v-8m6vYkSFk>.
<http://br.youtube.com/watch?v=gHopN0SuTMU&feature=related>.
<http://br.youtube.com/watch?v=qdCiOL7EOko&feature=related>.
Para praticar, faça uma tabela tal qual o exemplo, relacionando as ameaças 
que você descreveu no exercício anterior.
39
CAPÍTULO 3
Riscos
.
Há custos e riscos na realização de um programa de ações, mas certamente 
são bem menores que os de uma confortável inatividade. 
(John F. Kennedy, 1917-1963)
Em nosso dia a dia, com frequência encontramos situações em que são utilizadas a 
palavra “risco”. Sabemos que se alguém resolve dirigir sob efeito do álcool, há um risco 
aumentado de acidentes e, se o motorista estiver sem o cinto de segurança, terá um 
risco aumentado de lesões. Mas o que é risco?
Graças aos relatos de Homero, encontramos na obra Odisseia, sequência de Ilíada, a 
história de Ulisses, que, após ter participado da Guerra de Troia (a ideia do Cavalo de 
Troia foi dele), voltava para casa ao encontro de sua amada esposa, Penélope. Por ira dos 
deuses no entanto, que não se conformaram com a destruição de Troia, Ulisses passou por 
muitas dificuldades em sua viagem, enfrentando seres mitológicos. Um de seus desafios 
era não cair na tentação de sereias, que eram lindas e atraiam os homens com seu canto, 
para próximo da costa onde os barcos então encalhavam, afundavam e os náufragos eram 
devorados por elas.
Diante dessa ameaça e ciente de que era vulnerável, assim como seus homens, ordenou-
lhes que colocassem cera em seus ouvidos, exceto em si, de forma que não ouvissem o 
canto das sereias (diminuindo a vulnerabilidade da tripulação). Também ordenou que 
fosse amarrado em um poste, pois estaria sem a cera, e que em hipótese alguma deveria 
ser desamarrado. Assim, poderia saber quando a ameaça havia acabado, (diminuindo a 
sua vulnerabilidade). Tudo isso para quê? Para diminuir o risco de um naufrágio.
Vejam, que temos um exemplo típico de estudo de ameaça, vulnerabilidade e riscos em 
uma obra escrita no berço da civilização ocidental.
Figura 5 – Odisseia: Ulisses é tentado pelas sereias
Fonte: <www.anossaescola.com>.
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UNIDADE ÚNICA │CONCEITOS GERAIS DE AMEAÇA, VULNERABILIDADE E RISCO
Como podemos definir risco? Intuitivamente podemos perceber que o risco faz parte de 
uma relação entre ameaça e vulnerabilidade. Se esta relação não existe, o risco também 
deixa de existir, pois não há como falarmos em situações arriscadas, quando não existem 
vulnerabilidades. Como se dá essa relação? Uma vez que exista uma ameaça definida 
e a vulnerabilidade reconhecida, o risco medirá o quanto é provável que a ameaça se 
traduza em danos. Esta medida é precisa? Depende de como você classifica os riscos, 
mas não há uma fórmula matemática que se aplique a todos os casos. 
A percepção do risco é sempre uma situação que permite uma alternativa, ou seja, aceitar 
ou não, determinada possibilidade. Quando tal opção deixa de existir, não estamos 
falando de riscos, mas de certezas. Por exemplo: se os homens são mortais, então há 
uma certeza (e não risco) de que todos um dia morrerão. Outro exemplo: se sabemos 
que uma pessoa não suporta a temperatura de 1.000°C, então é certo (e não risco) 
que em um acidente aeronáutico, onde haja incêndio que atinja tais temperaturas, não 
haverá sobreviventes.
No mundo corporativo, também temos exemplos. Se uma corporação gasta mais do 
que recebe, é certo que ela será devedora (e não risco). Ela irá à falência? Não sabemos. 
Aí podemos falar em risco. Há uma ameaça presente (dívidas altas), diante de uma 
vulnerabilidade (gasta-se mais do que se recebe) e uma situação que permite opções 
(não é uma certeza, exceto, se a empresa já se utilizou de todas alternativas possíveis e, 
em poucos dias, será decretada a falência).
Na área de comunicação, uma autoridade que faça uma declaração desastrada para 
um canal de mídia conhecido e com grande penetração tem a certeza (e não o risco) de 
que suas declarações serão objeto de comentários e de danos à sua imagem. Ele será 
demitido? Novamente estaremos falando de riscos. Há uma ameaça (pressão da mídia 
e da opinião pública), uma vulnerabilidade (declarações desastrosas realizadas pela 
autoridade) e, portanto, um risco de demissão. 
Na área de relações internacionais, quando falamos anteriormente a respeito da 
crise na Geórgia, existia dúvida de que haveria algum tipo de protesto por parte da 
Rússia, diante da ação da Geórgia na Ossétia do Sul? Não. Então não havia risco da 
Rússia protestar, isso era uma certeza. Mas de que forma tal protesto seria realizado? 
Havia o risco de que tal protesto fosse não apenas diplomático, mas militar.Assim, a 
Geórgia correu o risco, ao agir contra a Ossétia, da mesma forma que a Rússia o fez, ao 
declarar a independência da região, de forma unilateral.

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