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Capítulo 10 • Tecnologia de DNA recombinante moderna 327 sempre degradavam esse DNA “estranho” que era introduzido nelas experimen- talmente. Uma procura pelo mecanismo responsável revelou uma nova classe de nucleases bacterianas que clivam o DNA em sequências nucleotídicas específi- cas. O próprio DNA bacteriano é protegido da clivagem pela modificação química dessas sequências específicas. Visto que essas enzimas funcionam para restrin- gir a transferência de DNA entre cepas de bactérias, elas foram chamadas de nucleases de restrição. O estudo desse aparente mistério biológico promoveu o desenvolvimento de tecnologias que mudaram para sempre a maneira como os biólogos celulares e moleculares estudam os seres vivos. Espécies bacterianas diferentes produzem nucleases de restrição distintas, cada uma cortando em uma sequência nucleotídica específica diferente (Figura 10-2). Como essas suas sequências-alvo são curtas – em geral 4 a 8 pares de nucleotídeos –, muitos sítios de clivagem ocorrerão, meramente por acaso, em qualquer molécula longa de DNA. A razão pela qual as nucleases de restrição são tão úteis no laboratório é que cada enzima cortará determinada molécula de DNA nos mesmos sítios. Assim, para determinada amostra de DNA, uma nu- clease de restrição em particular gerará confiavelmente o mesmo conjunto de fragmentos de DNA. O tamanho dos fragmentos resultantes depende das sequências-alvo das nucleases de restrição. Como mostrado na Figura 10-2, a enzima HaeIII corta em uma sequência de quatro pares de nucleotídeos; espera-se que uma sequência desse comprimento ocorra por acaso aproximadamente uma vez a cada 256 pa- res de nucleotídeos (1 em 44). Em comparação, seria esperado que uma nuclea- se de restrição com uma sequência-alvo que tem oito pares de nucleotídeos de comprimento clivasse o DNA uma vez a cada 65.536 pares de nucleotídeos (1 em 48), em média. Essa diferença na seletividade pela sequência torna possível clivar uma molécula longa de DNA em tamanhos de fragmentos que são mais apropria- dos para determinada aplicação. A eletroforese em gel separa fragmentos de DNA de diferentes tamanhos Depois que uma molécula grande de DNA é clivada em segmentos menores com uma nuclease de restrição, os fragmentos de DNA podem ser separados uns dos outros com base no seu comprimento por eletroforese em gel – o mesmo mé- todo utilizado para separar misturas de proteínas (ver Painel 4-5, p. 167). Uma mistura de fragmentos de DNA é aplicada a uma das extremidades de um bloco de gel de agarose ou de poliacrilamida, que contém uma rede microscópica de poros. Quando uma voltagem é aplicada em todo o gel, os fragmentos de DNA carregados negativamente migram em direção ao eletrodo positivo; os fragmen- tos maiores migram mais lentamente, pois seu progresso é impedido em grande parte pela matriz do gel. Após algumas horas, os fragmentos de DNA ficam dis- tribuídos ao longo do gel de acordo com o tamanho, formando uma escada de bandas individuais, cada uma composta por uma coleção de moléculas de DNA 5′ 3′ 5′ 3′ 5′ 3′ 5′ 3′ G C 5′ 3′ 5′ 3′ 5′ 3′ 5′ 3′ G C C G C G G C 5′ 3′ + + G C C G C G Sítio de clivagem HaeIII G C A T A T T A T A EcoRIC G G C A T A T T A T A C G + A T A T G C C G T A HindIIIT A A T A T G C C G T A T A Figura 10-2 Nucleases de restrição clivam o DNA em sequências nucleotí- dicas específicas. Frequentemente, as sequências-alvo são palindrômicas (i.e., a sequência nucleotídica é simétrica em torno de um ponto central). Aqui, ambas as fitas da dupla-hélice de DNA são cortadas em pontos específicos na sequência-alvo (laranja). Algumas enzimas, como HaeIII, cortam transversalmente dupla-hélice e dão origem a duas moléculas de DNA com extremidades cegas; com outras enzimas, como EcoRI e HindIII, os cortes em cada extremidade são assimétricos. Esses cortes assimétricos geram “extremidades coesi- vas”, curtas, projeções de fita simples que ajudam as moléculas cortadas a se unirem pelo pareamento das bases complemen- tares. Essa nova união das moléculas de DNA se torna importante para a clonagem de DNA, como discutimos adiante. As nu- cleases de restrição costumam ser obtidas de bactérias, e seus nomes refletem as suas origens: por exemplo, a enzima EcoRI vem de Escherichia coli. Alberts_10.indd 327Alberts_10.indd 327 16/01/2017 10:23:4816/01/2017 10:23:48
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